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AION ESTUDOS SOBRE 0 SIMBOLISMO DO SI-MESMO ‘Obras Complelas de C.G. Jung Wel. ‘Aion ~ Estudos sobre o simbolisma de smesme ‘on 6 uma variate pars designar a 01a creta que enesrtta sou termina na pa Je Cristo eno aparecinens (Jung, setvindo-se.cos sim 'Semeesno 0 racionéfe com at isto come siroale ca totale: istess de wm arqudipo. A a de Jing te Concentra doubina laolgies Ha primo Bont ea mal nla bern, mas une dnnuigio desi, Exculnda & potinea malgns, coresporde Srisia apenas a ume dis mtadas do erauston, ra metede epareea no Anvensta. Lima nagegas ea realiede ds mel corse ‘onirio do bern tem que leva a um issaniag ‘Sever aos exaerinadae ava incinada a negra realidie do mia NA aperae & exp Sérn de Simbolos da Hsia Fala conta a exclusso Ga petrcia malign: rose ampiros.Analisande o simbalo do pee ‘elem cedo Tada a Cietaa, por aul, desempanbexum pape ‘op opoeigéo, demonstra Jung que a ropresséo do duplo azpacie do bem & 32 mal o tunes EDITORA. Sav great see a. Wii com oe gIFaEsseleusrsel EDITORA Meza} VC) Te ESTUDOS SOBRE | ORE DO SI-MESMO eT} a J OBRAS COMPLETAS DE C.G. JUNG Volume (X/2 ‘Gomisita responsive) pelt onganizagda de Langansenta das obras ‘ompleias de CG. Jung em partagues De Léon Bonaventure Br Leonardo Boll ‘Bora Mariana Ribeiro Fersteada Silva De, Jetie Bamavearure Ae ee = eieepacraee Heness inl enero ts aries Peas ry Hdd dezatsue yes spe tate Dados Internactonais de Catslogacde na Publicacaa ¢CiP) (Caniitra Brasileira do Livro, SP, Brasil) Jung, Carl Gustav, 1875-1961 AION, estudos sobre 0 simbolismo de st-mésino / CG. Jung ; traducdo de Dom Mateus Ramatho Rocha. 7, ed.—Petrdpolis, RJ + Vozes, 2008 Titulo original: ALON — Beitrage zur Spmbolik des Selbst. Bibliogtatia, 1. Ego (Psicologia) 2. Psicologia rellgiosa 3. Stmbolismo LTiculo, 09-06367 pp-155.2 frdices para catalogo sistemiticn 1. Simbolisma ; Psicologia individual 155.2 C.G. Jung AION Estudos sobre o simbolismo do si-mesmo Tradugao: Pe. Dom Mateus Ramaiho Rocha, 0.5.8, Teyoe SE raGne, gnoty, Ive amapzah ‘Tic pvhopwrioews pEvetoR nV ouyxexouEve 6 "Ineots “Isto aconteceu,sfninam eles, para que Jesus se tornasse & primetea vitina da processa de diferenciacio das cotsas que foram misturadas", Doutrine ce Basifies HIPOLITO, Elenchos, VIL, 27.8 % EDITORA VOZES Pelrépatis © 1976, Walter-Verlag, AG, Olten ‘Tul de origina alemato: AFON— Betrage sur Syimbolih des Selbst Sumario Dirsitas de publieagio er kingua portuguesa no Brasil Editors Vozes Lida ua Eres Luts, 100 25689-900 Pecropolis,&] Atemet.huypdvrarwxozes.com. br Brasil ‘Toilos os dirctas reservados. New unna parce desta obra podent ser reproduzida ow transmitida por qualquer forma evon quaisquer meios- Nota dos editores, 7 ‘eletrOnieo ou mectnio, inetuindo fotocopiaegravacso) on ‘ sarguivada em qualquer sistema ou bonen de dadas setn permisssio paste, 2 cscrit da Eon, Low 13 ALA sembra, 20 Revisao Elena: Don M. Ferrera dt Sa “kevivi teenia Jette Honavertune Sagas ree alas, 2 Capa: Joto-Lowwo WW. Ost-mesino, 39 -¥. Crista, simbolo do si-mesmo, 56 ISBN 978-85-326-0373-9 (edicao brasileira} é a ISHN 3-530-40796-4 (edicao alema) P20 signa de primes, 102 ‘VIL, Profecias de Nostradamus, 132 “VIIL Sobre a significacaa historiea do peixe, 143 ‘ IX. Aambivaléncia do simbolo dé peixes, 162 XO peixe na Alquimia, 173 4A wieduisi, 173 2,0 peixe, 188 O siimbolo do peixe entre os eataras, 200 Xi, A interpretagao do peixe na Alquimia, 212 AIL, Consideragdes gerais subte 4 Psicologia do simbolismo “alquimico-eristao, 238 iin Homans ee RU, Simbolos gndsticos do si-mesmo, 252 XIV, Estruaura ¢ dinamica do si-mesmo, 306 XV, Palavras finais, 363 Apéndice, 369 Bibliografia, 371 Indice de pessoas, 396 Indice analttico, +04 NOTA DOS EDITORES © volume IX das Obras Campletas € dedicado a estudos sobre os arquétipos especificos. A primeira parte do volume, amiitulada: Os arquetipos ¢ © inconsciemte coletive, € composta de enssias mais breves;a segunda parte, denominada Aion, € ‘uma extensa manogralia sobre 0 arquétipo da si-mesmo. O antigo subuiwlo; “Estudos sobre historia do simbolo" se e- feria a segunda parte da edicto de 1951, isto é, 10 tabalho de MARIE-LOUISE VON FRANZ sobre A Passio Perpetuae (Mar- tirio de Santa Perpetua). Com o consentimento do Autor, utilizamas, no presente ‘volume, o subuitlo que figura no indice das materias: “Estu- dos sobre o simbolisiio do simesmo". Devemos o indice das pessoas e dos assuntos, mais una vez, Adedicacao da Senhora Magda Kerenyi que, messe entse- “tempo, foi nomeada sécla inserta da Saciety of London Inde- -xers, Londres. Inicio de 1976 z Oseditores PROLOGO Neste citavo volume de meus Tratados de Psicologia pu- blico dois tabalhos que, apesar das diferengas externas, estao Jnter-felaeionados,na medida em que tratam do grande tema deste livro, ou stja, a idéta do éon (em grego: ion}. Enquanto. aontribuiggo de minha colaboradora, Dra. Marie-Louise von. Franz, desereve, na andlise da Passio Perpetuac, « transicdo psicologica da Antignidade Classica para o eristianismo, mi- toha pesquisa procurr ilusirar a transformacao da situacto pstquica operada no interior do “éon eristao” , recorrendo aos ‘simbolos cristaos, gnésticos © alquimistas do si-mesmo, 4 tradicio erista se acha impregnada da idéia primariamente ppersio-judaica da fixagio dos limites das eras, mas também pelo pressentimenio de uma reversio, em certo sentide enan- todromica, das dominantes, Refiro-me ao dies Cristo-Anti- eristo, Por certo, 2 maior parte das especulacOes historicas so~ bre as conjunturas ¢ as eireunstincias le tempo, come ja se pode ver no Apocalipse, foram influenciadas sempre por con- ‘cepotes astrolégicas, Por isso, nada mais natural que o acento ide minhas reflexes recaia sobre o simbolo do peixe, mas nao deixa de ser verdadeiro que 0 éon [era] dos peines fol a mani- festacdo concomitante ¢ sincronica do desenvolvimenta milenar do pensumento cristao, Nese periodo, a figura do _Anthropos (do “Filho do Homem”) amption-se naa s6-de for- ma progressivamente simbélica « foi, consecutivamente, te eebida psicologleamente, como também acarretou transfor acOes na atitucle € no comportamento Irurnanos, ja anteci- ppados pela expectativa do Anticristo das Escrituras primiti- ‘yas. O lata de estas ultimas sitmarem a manifestacao do Amti= etisto no tempo final autortew-nos a falar de um "eon eristaa! © qual, pressupde-se, se encerrari com a parusia. E camo se esta expectativa coineldisse com atdéia astrolégica do grande rts dos peixes. ‘O motive deste mew propdsito de abordar tais questdes historieas se deve a.que a imagem arquetipica da totalidade, {que surge com tanta frequéncia nas produtas da inconscien- te, tem seus predenessores na histor, Estes foram idenuifica- dos desde tiesto cedo com a figura de Cristo, como mostrei detalhadamente, por exemplo, em meu liveo Psicologia e al- Guimia. O incentivo queme leven a tratar da relacao entre afi gura tradicional de Crisio-e os simbolos naturais da totalida- de, isto ¢, do siemesina, surgiu esponianeamente e com tal frequencia da parte de mex publico, que decid alinal consa- ‘grar-me a esta tarels, Tal decisao nao fox nada facil, dante das imensas dificuldades de urn empreendimento dessa natureza, pois, para dominar todos as empecithos e possibilidades de ferro, ser-me-a necessario. um eonhecimento ¢ ula ciecuns- peegan cuja posse infelizmente naa me fol dada senao em grau limitado, Par certa que me sinto bastante seguro et Ee Jago ts abservacdes que fiz em torne do material empirico colhido em minhas experiéneias, mas percebo bem, assith rei, a isco a que me exponho, incluindo o testemunbo da historia nessas consideragoes, Creio estar iguslmente conscio da esponsabilidade quezssumo, dando de algum modo con- linuidade ao processp historien da recepedio, x0 acrescentar uma ampliagio psicoldgica de ambito maior em relacao as ‘minhas ampliacoes simbolicas da figura de Cristo, ex mesmo as reduzir, como podetta parecer, o'simbolo de Cristo uma Jagem psiquica da totalidade. Peco ao Jeitor que nunca se cesquega de que nfo faco nenhumra profissio de fe, nem redijo dabras tendenciosas, mas tefllta sobre 9 mode pelo qual seria possivel compreender certas coisas a luz da consciencia mo derma; coisas que considers dignas de serem compreendidase que, manifestamente, correm 0 petigo de ser tragadas pelo abismo da incompreensiv e da esquecitnento, coisas, afinal, cuja compreensio muito conteibuiria para remediar o des- norteamento na que respeita a concepgao das catsas, nando o3 desvios ¢ subsolos de nosso mundo pstquico. A es- sencia da presemte obra foi-se constitainde pouco a pouco ‘has canversas que mantive com pessoas de todasas faixas eti- rias e de todos os graus de instrugde, com pessoas que, em meio a confusto ¢ ao desenraizamento de nossa sociedad, ‘ram se ameagadas de perder todos os lagos com o sentido da evolucio do espirito europeu e, conseqientemente, expostas asucumbir aquele estado de sugestionabilidade que ¢ a razto a cavisa primeira das psicoses utopicas de massa E como medico e por forca de minba responsabilidade de ‘médica que eserevo, ¢ no come partidario de um credo reli gioso. Também nao escrevo como erudito, sendo estaria me enirincheiranda prudentemente por detras dos sélidos mu- ras do campo de minha especialidade e nfo ofereeeria os flan cos abertos aos mtaques da critica, com os meus insuficientes conkiccimentos de histéria, colocande assim em risco a mi- nnha reputacao cientifica. Por certa que me empenho, na me- dida de minha capacidade produtiva, em si reduzida pela en- fermidacie bem como pela idade, em elaborar 0 mais seria- ‘mente possivel meu material comprobalva, apoiando o exa- me de meus resuliados com indicagdes das fontes. Ter-me-la sido quase impossivel levara cabo este proposito, se 0 figo- 0 trabalho de consulta de biblioteca nao fosse reuirado de meus ombros, em grande parte, pela Dra, L. Frey-Roln, pel Dra. M-L, von Franze pela Dra, Rt Scharf, A todas elas gosta- ria de deixar reistrado aqui o meu agradecido reconhect- ‘mento por io grandee compreensivaajuda. Particular divida, de gratidao tenho para com a Dra, Lena Hurwits-Eisner, pela conscieniciosa elaboracao do indice deste volume, como tam 2 hem para com iodos aqueles que me ajudaram de varios mo- dos na leitura cities do. manuserto € dis comreedes, e a este respeitonao quero esquever o grande merecimemto de minha dlesvelada secretira, Marie-Jeanne Schmid. Maio de 1950 CG Jung OE A circunstineia ce lidar com a psielogia do inconsciente fez-me deparar com fatos que exigem a elaboracao de novos ‘conccitos, Un destes conceltas é0 da si-mesmo (Setbst). Refi- Forme, com isto, no auuma grandeza que venha ocupar 0 la- gar daquela até o momento designada pélo termio eu, mas 8 ‘ama grandeza mais abrangente, que ineluaa eu. Entendemos por “cu! aquele fator complexe com o qual todos os conten- dios conscientes se selacionam. E este fator que constitu co mo que o centro do campo da conscitneia, © dado que este campo inelul tzmbem a personslidade empirica, 0 €u€ o sujei- tp de todos os atns conscientes da pessoa, Esta rolacio de qualquer contetida psiquiico eam oen funciona como critério para saber se cste ultimo € cansciente, pois nao ha cantetido consciente que dates nao se tenha apresentado av sujeito, Esta delinicdo descreve ¢ estabelece, antes de tudo, os l- ‘mites do sujeito, Teoricamente, € impossivel dizer até onde. ‘yao os limites do campo ca constiéncia, porque este pode sestender-se de modo indeterminado, Empiricamente, porem, ele alcanca sempre o seu limite, todas as vezes que toot ambit do desconhecido, Este deseonheeido € constituido por tudo quanto ignoramos, por tudo aquilo que nao possul ‘qualquer relagio com o eu enguanto centre da conseincia ‘Odesconhecido se divide em dois grupos: 0 concemente aos favos exteriotes que podlemos atingir por melo dos sentides, B £9 que conceme 20 mundo interior que pode see objeto de toss experiencia imediata, © primeira grapo representa 0 aesconhecide do mundo ambiente, ¢ 0 segundo, o desco- hecido do-mundo interior, Chamamos de inconscicnte a este ultiate campo. ‘eu considerade como contetdo consciente em sini € zm ator simples, elemeniar, mas complexo: € um lator que, como tal ¢ impossivel descrever com exatidlto, Sabemos pela experiencia que ele € constituido por dus bases aparentemen. (e diversas; uma base sumitica e uma base psiguica, Conhece- 08 a base somstiea, partindo da totalidade das sensacoes de ‘aturéza endossomaticas,as quais, por sua ver, sto de carder Psiquico ¢ ligadas ao eu e, conseiguenterente, também consc- fetes, Estas sensigies decornem de estimulos endassomaticos que s6 em parte ranspoem a limiar ds conscienela. Parte con. Siderivel desies esttnurlos se processs cle modo inconsciente, ‘sto ¢, subliminar. Esie earster subliminar nao implica necessa. Namente um estado meramente fisiologico, 0 mesmo aconte- ‘cendo com retagao a um conteitda psiquico, Fles podem, ever ‘walmente, tornar-se supraliminmes, isto é, podem tanslor- ‘mul-se em sensacdes. Nio hd dhivida de que parte considenivel dos estinulos endossomstieas ¢ toealinente ineapaz de se tor har consciente, € sey cardver ¢ wo clementar, que nao ha razko para conferitThe uma natureza psiquiea, a menos que se partic {he a apiniad filosofica segundo a qual os pracesses vitais sig de fundo psiquico. Contra uma tal hipetese, que difcilmente ser comprovada, deve-se argu, sobretuddo, que ela estende @ conceito de psique alémn de qualquer limite vilido, tomanda 0 Proeesso vital deste modo, num sentido que nem sempre tem © apoio dos fatos reais, Conceitas demasiado amplos reve- Jaen-se ein geral instrumentos inadequadtes de trabalho, por se- em vagos e-nebuloses. Por isso propus que o coneeita de pst- squica 0 fosse aplicado aquela esfera et que exista wma vontac dle comprovadamente capae de alterar 0 proceso rellexiva ou " instintivo, Sobre este ponto, sou obrigado.a remeter alleitor a0. meu artigo Der Geist der Psychologie (O Espirito da. psicolo- gla"), onde trato detalhadamente desta definicao da psiquico. A base somatica do ewe constieuida, coma jt apontel, por futores conscientes.e ineonscientes. Otro tanto se pode dizer da base psiquice:o eu se assenta, de um lado, sobre o campo da consciencia global, e, do outeo, sabre a totalicade dos conten. los inconselentes. Estes whiimas se dividem em tres grpos: (1) 0 dos contevidos temporariamemte subliminares, isto 6, voluntariamente reproduztveis; (2) o dos contetidos que nto podem ser reproducidos yoluntariamente, ¢(3) odos contew- dos totalmente ineapazes de se tornarem eonseientes, Po- de-se deducit a existtncia do grupo mimero 2, dada a ocor- rencia de irrupcbes espontaneas na consciencia de contesidas sublininares. © grapo mimero 3 ¢ hipotético, iste ¢, uma de- Corténcia logica dos fatos que estio na arigem do segundo grupa quer dizer, este grupo encerrs contedidos que ainda Ho irromperam ou jamals ircomperao na consciencia ‘Ag alirmar acima gue o eu se apéia sobre © campo global @a consciencia, nao estou, de mado algun, querendo dizer (ue seja constituido por ele. Se isto acontecesse realmente, se- ra impossivel distingui-lo do campa da conscleneia, E ape nas o-ponto central, fundado edelimitado peta lator somatico ‘cima descrit. A despeito do cariter telativamente desconhecido e in- consciente destias bases, o eu éum Fator canseiente por exce Jeneia, Constitul, inclusive, uma aquisigao emptrica da exis tencia individual. Parece que resulta, ema primeiro lugar, do entrechoque de fator somtico com o mundo exterior, e, uma Vez Que existe como sujeito real, desenvalve-se em decorrén- “Franas Jahrbuch 1940 (Posteriormente inialado Theoretische Uber lngen gums Wasen dos Puucktehen [Considerscdestetnicas be a male 2a do-palguico), cla deentrechoques pastertores, tanto com o mundo exterior como com @ mando interior Apesar de desconhecermos os limites de sus bases, o eu munca é mais ou menos amplo do que a cansciducia como ta. ‘Como fator consciente, o en pode ser perfeitamente descrito, pelo menos elo panto de vista tearies. Mas isto nada mais nos Proporcionaria do que uma ictagem da personalidade cons- sieitic & qual faltariam todos os tracos que 0 sujeita desconhe- c¢ ourde que 140 tem consciencis. Mas &ishajem global da per~ sonalidade deveria incluir também esses iracos. E absolats- ‘mente impossivel fazer uma descrigao completa da personali- dade, mesmo sob 9 ponto de vista tedvieo, porque uma parcela do inconseiente no pode ser captada. Esta parcela nao €, de modo algum. irrelevante, como a experiencia nos tem mastea- do at€ t sariedade, Pelo conirério: ni qualidades perfeiiamene Inconscientes que 50 podem ser observadas a partir do munda exterior, ou para se chegar as quais ¢ necessirio muita ladiga, ou recorrende até mesmo a meios artificiais. Ecevidente que o fenomeno global da personalidade nao coincide com o eu, isto é, com a persunalidade consciente; pelo contnirio, consticul uma grandeza que ¢ precise distia. guir do eu, Tal exigencia, naturalmente, sd'se yerifica numa Psicologia que se delromta.com a realidade do ineansciente Mas uma diferenciaeto desta especie ¢ da aniixima relevancia ppara essa psicologia, Até mesmo para a aplicagae ts justiga & iinportante saber se determinados fatos sto de natureza cons Gienfe ou incensciente, como, por exempl, quando se (rata dc julgar a respeito da imputabilidade ow no de um ata, For isso propus qné.a petsonalidade global que existe re- ahnemte, mas que nao poste ser captada em sua totalidade, fosse denominada s1-mesmo. Por delinicio, o.eu esta subordi nado ao sé-mesmo ¢ esta paraele, assim come qualquer parte esti para o todo. O ex possul e livre-arbitrie ~ como se aferia ~ mas dentro dos limites do campo da conseiéncia. Emypre- gando este conceito, nao estou me referind a algo de psicalo- 6 ico, mnas sim a0 combeeidissims fate palcologico da assim chamada decisto livre, ou s¢ja, 20 Semtimento subjetiva de I~ hierclade. Da mesma forma que nosso livre-arbitrie se choca com a presenga inelu vel do mundo exterior, assim também os 5eus Limits se situam na mundo subjetiva interior, mito alem do ambito da conseiéncia, ou Id onde entra em canflito 60m 05 fatos do si-mesmo, Do mesmo que as circunstineias xteriores acomieceme nos limitam, assim taniabém o si-mes- no se comporta, ei canfronte do-eu,,como uma recttdade ob- _jetivana qual a liberdade de nossa vontade ¢ ineapaz de mu- daro-que quer que sea. E inclusive notdria quee eu nao és0- mente incapaz de qualquer eotsa-contra-o sismesmo, como também ¢ assimilado ¢ modifieado, eventualinente, em gran- dle proporcdo, pelas parcelas inconscientes da persoualidade aque se acham em vias de desenvolvimento, Ede essencia das coisas a tmpossibilidade de apresentar fume definicao gerat do-eu que nao seja de carater formal. ‘Qualquer outro moo de .. tai moti ieago est, non ad tracginm ( 25 € a sagem, © nto 8 nage) 13, Barrons Pte XLVI, germo the, PL 36, cl. 361: mo Det ins, x, nom eat in compre ies elects, bi est mens, ub ratio vee _gutdae veri. 1 Aubre Deus tneagnem suum. Tambem op. cit, t XE, 6 ‘PL 36, col. 4801; Ergo tellus habere mes alga ut imago De est, men fart cle etc roiooo (Por iso campreendemes que txpos alguna cl 0 onde esis mage de Deas, isto €, a mene (espn) « ¢racio). Sermo. XC. 10,7130, col 300): Veritas quacrtr in Det imagine (A verdadee proc ‘ada na imagem de Dees! be de vera religion pelo coateito, diz: in inte "ore homine haba erat (@ no bomnem inurior que habita a verdade). Ve- es agul a codneidencia entre fags Det "homer interior A. hare in Ps LIV, 3 [PL36, col. 8281: Porro autem, charissm, mement se dcbemas ad napnem Bei nes ese facts, nev ab guaran ipso ttelects ‘ln slam disso, caissimos, devemos recardat-nos de que fomos fitos 8 ‘imogem de Bets, emia ex extra parte, senio no propre incelecto) ab sxe honsaad imaginem Det jactun se not, abiguidinseegnoscc amps se quam datem es pecaribus. so n

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