Você está na página 1de 203
CASSIO SCARPINELLA BUENO Mestre, Doutor ¢ Livre-Docente em Direito Processual Civil pela Pontificia Universidade Catblica de Sao Paulo. Professor dos cursos de Graduacio, Especializacio, Mestrado e Doutorado da Pontificia Universidade Cat6lica de Sio Paulo. Membro do Instituto Brasileiro de Diteito Processual. Membro do Instituto Ibero-Americano de Direito Processual. Advogado em Sio Paulo. O Poder Pudblico em Juizo 4 edicdo, revista, atualizada e ampliada 2008 Eattora Saraiva ISBN 978-85-02-06681-6 Dados Internacionsie de Catelogayio na Publicagae (CIP) (Camara Bracilera do Livro, SP, Brasil , Cassio Scarpinela ‘© poder pilice em juize / Cassio Scarpinolla Bueno, — 4, Gd rev, atual, © mpl. ~ SAo Paulo : Saraiva, 2008. a 1. Dirato civil - Leis @ legislagdo - Brasil 2. Poder piblico - Brasil 3. Procasso civil Leis ¢ legistacdo ~ Gres PTitat, 07-6547 ‘epU-347.9:35081), Tadices para catélogo sistomatico: 7 4, Brasil: Poder pubic e processo civil: DIGITALIZAG Dire 347-6:35 2, Brasil: Processo chil Direito 347.9:3 Data de fechamento da edigéo: 19-9-2007 CB Sreive Ac, Marquts de Sio Vicente, 1697 — CEP 0 ‘Woven 269-2048 Ql (1) 11-3256 fan GAG: (11 9015210 (Gande GP} BDN867EEE (curas ooadedes)~ Coral sraliuedtraserava com br — Aceae: wo sahaluccom, Fonte Pa, 49 ~ taco ose econ Fn) 39-000 ‘suzonnsmonoonwnonamnncnt —Sarirzare fiatgona tame 3- oor Panda, Fonw eilaesoct?~racee 96004702 Taree, 18 — One Capon Kone Foray east 324 008 Barsanawe face szevovte ean Ronn Ores, 22 — Bets, ay once eS Fe Goaunero aca 25 — rage Vero Soe. Enis CB romencon Ser cas maui Exemiosiism, egmti eatin Boecmmonicnny 042513 © poder publico em juizo ‘Re Ror Gran 670 sacar Four sev aes santo Fee ast Farmer Disto repenn. Slabs 6 Lak 7 — Sar nda Geto Fae, jeneiee tan soeeans Reject bat Soetenmacttaaigooe ‘Fout@a) 3224-3076 Goria tire areas so sno anoso Foe aera Far 208 0112 Cares Gense 347.51:942.2 BezBp 2008 BUENO, CASSIO. SCARPINELLA HN [BIBLIOTECA } THER, Este trabalho, dedico-o a meus pais, Leda e José Paulo, por cocasido de seus trinta e cinco anos de casamento. Foram eles que me ensinaram a sorrir no dia de chuva ¢ a aguardar o amanhecer que segue a noite escura, sem lua: “— 0 sol sempre brilha atrés da mais densa nuvem ¢ irradia calor mesmo durante a mais fria noite, Sempre". Outro dia, andei de avitio ¢ vi o sol lé de cima. Como € bonito... “La notte & trascorsa, il giorno & venuto, Gettiamo percid via le opere delle tenebre + e indossiamo le armi della luce, prendiamo le armi della luce!” Num outro dia, mais recentemente, quando meus pais jé tinham. completos seus mais de trinta e nove anos de casados, perguntei a eles: “— Entre este e aquele, qual devo escother?” Os dois, afinadissimos, responderam a uma 86 vor: “— Escolha aquele que tem mais sol; aquele que fica mais perto do so!” E me deram, para que ew lesse, uma pequenaestrofe extrafda da ‘obra de Blake. Li, reli € ndo quero mais esquecer dela. Nunca mais. Lembrei-me daquele dia e da sua poesia agora mesmo, indo, uma vez ‘mais, para o alto, para bem perto do sol: “To see a World in a grain of sand. ‘And a Heaven in a wild flower, Hold Infinity in the palm of your hand And Eternity in an hour”. INDICE Apresentagao da 2* edigiio Nota prévia a 4 edigao Nota prévia a 3 edi¢do Nota a 2*edigdo ustficativa (nota introduoria 8 edi) Cartru.o I — BREVE HISTORICO DA MEDIDA PRO- ‘VISORIA N. 2.180-35, DE 24 DE AGOSTO DE 2001 Capfruco Il — O NOVO REGIME JUR{DICO DO PEDI- DO DE SUSPENSAO ... 1, Consideragées iniciais..... 2.0 § 4° do art. 19 da Lei n. 8.437/92: otimizagao da atuago administrativa ...0.cmnntsnnnennninnn 3. 0 § 2?do art. 4° da Lei n. 8.437/92: 0 contradit6rio no pedido de suspens40 .ur.scnn 4, 0§ 38 do art. 4 da Lei n, 8.437/92: eames pre- mente do agravo interno 5.0 § 4¢do art. 4 da Lei n. 8437/92: 0 novo pedido de suspensio — o pedido de suspensio da nifo-suspensao, S.L. A necessidade de fundamentagdo espectca pare ‘© novo pedido de suspensto .. 5.2. 0 prazo para o novo pedido de suspensdo 5.3. O Tribunal competente para apreciago do novo pedido de suspensio .. 54. O legiimado para a formulagso do nowo pedido de suspensio xi xv XVI xxv 15 15 a 26 29 36 44 4B 52 55 10, 12. 5.5. Onovo pedido de suspensio ¢ 0 art, 25 da Lei n. 8.038/90 .. 5.6. A inconsttucionalidade do novo pedido de sus- pensio por auséncia de competéncia dos Tribu- rais Superiores para seu processamento rene 0 §5*do art. da Lei n. 8.437/92: 0 pedido de suspen- sto a partir do improvimento do agravo de instrumento O§ 6 do art, 4° da Lei n, 8.437/92: concomitancia do agravo de instrumento e do pedido de suspensio . § 7? do art. 4 da Lei n. 8.437/92: efeito suspensi- vo do pedido de suspensio .. 08 8° do art. 4° da Lei n, 8.437/92: camo ‘de pedi- dos de suspensio 0)§ 9%do a. d8da Leia 843792 a“ultaatividade” do pedido de suspens80 nn. sa 0 pedlido de suspensio da ndo-suspensto e o manda- do de seguranga L1.L.O § I® do art. 4 da Len, 4,348/64: um atalho (ainda) mais curto para o “novo” pedido de sus- pensio 11.1.1. cancelamento das Simulas 506 do Su- premo Tribunal Federal ¢ 217 do Superior ‘Taibunal de Sustiga€ 0 ant. 4, § 1, da Lein, 4.348/64 ... 11.2. 0 §28do ar. 48 da Lein.4.348/64:liminar em mandado de seguranga e agravo de instrumento 11.3. Aindao§ 2°do art. 4° da Lei n. 4.348/64: a “ltra- atividade” do pedido de suspensio .. Consideragdes finds en reseinee Cariruco Ul — AS ACOES COLETIVAS E 0 PODER PUBLICO .. io das ages coletivas pela coisa julgada 7 38 n 16 9 85 87 95 10 103, 1 ul 12 3, Abrangéncia do art, 2%-A da Lei n. 9.49497 rose 3.1. Competéncia e coisa gad duas faces de uma mesma MOCMA? wnenennnneetenn 4, Especificamente 0 pardgrafo tinico € as ages coet- vvas dirigidas contra 0 Poder PAbLCO .....nn 4,1. Eccaso de substituigdo processual ou de represen- tagdo processual? ... 5. O esfalecimento da agdo civil piblica 5.1. A quase-revogagio da ago civil pablica para a tutela de interesses € direitos difusos e coletivos . 6. Aplicagio imediata dos dispositivos ... 7. Consideragoes finais, ete Capiruto TV — CONEXAO ENTRE ACOES CIVIS PU- BLICAS E ENTRE ACOES DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA 1. Relaglo dos novos dispostivos com o sistema do C6- digo de Processo Civil... 2. Um novo regime jurfdico para a conexo entre causas © S02 FEUMIEO? arene 2.1. Conclusdes parciais : ft 3, Algumas dificuldades decorrentes da aplicag! eae varegra « f 4. A incidénciaimediata da nova regra Carfrovo V — A (IN)EFETIVIDADE DO PROCESSO E O PODER PUBLICO «0. ses 1. Uma repetigho de regras ind0s9€1 wen 2. Viabilidade da execugao proviséria? Nao mais! 3, Efetividade da tutela de urgéncia? Nao mais! ... 4, Dispensa do reexame necessétio .... 5. O poder geral de cautela e as agdes rescisérias 118 119 126 130 143, 154 155 157 161 161 165 174 176 193 197 197 200 205 219 222 x Captruco VI— COMPENSACAO DE CREDITOS TRIBU- TARIOS E PREVIDENCIARIOS POR LIMINAR .. 1. Ampliagio da Simula 212 do Superior Tribunal de Iustiiga? arson 2. A incidéncia do dispositivo ..... 3. Inconstitucionalidade da inovagao. A tutela oe urgén- cia pode satisfazer .. ‘ 4, O fantasma do trinsito em julgado .. 5. O fantasma das medidas provis6rias .. Carfruto VI — ALTERACOES ESPARSAS L. Introdugii ...... an at 2. A dispensa de depésito prévio recursal para as pessoas de direito piblico . 2.1. Opardgrafo inico do art. 24-AdaLein. 9.028/95: isengdo de custas € 0 FGTS ....s.sseseeese . O novo prazo para apresentagio dos embargos nas exe- ccugdes contra a Fazenda POHICA ne 4. Prazo prescricional de ages indenizatorias contra a | ‘Administragio 5, Honoririos de advogado e execugdes alo embargadas 6. Revisio de precatérios .. 7. Jar08 de MO eenrensennr 8 Inexigibildade de ttulos executives core, an. 741, i pardgrafo tnic0) «sun Captruo VIII — REFLEXOES FINAIS Bibliografia ... Sites consultados. ANEXOS I-—Medida Provis6ria n, 2.180-35, de 24 de agosto de 2001 Il — Acdo Direta de Inconstitucionalidade n. 1.753-2/DF — Acérdio . 229 29 231 233 247 249 253 253 253 265 25 282 288 293 297 307 325 340 341 363 APRESENTAGAO DA 2 EDICAO Renovam-se as esperangas. Dia a dia, reafirmam-se novos va- lores na busea do constante aprimoramento humano. O autor desta refinada obra, unindo o magistério & advocacia, revela a preocupa- do com © embate, por vezes desequilibrado, entre 0 cidadio ¢ 0 Estado. Assim € que, ante a dualidade interesse pablico primério e interesse pablico secundério, procede a critica ao excepcional pedi- do de suspensao de tutela antecipada, de liminar e de seguranca. No tocante as agbes coletivas, examina aspectos ligados a jurisdigo como Predicado da soberani, afastando a 6ptica que a igualiza & compe- t€ncia, esta sim, a delimitar, sob 0 Angulo do valor, da matéria terri- torial, a atuagio judicante, O autor mostra-se atento ao principio da razoabilidade, colocando em patamar privilegiado a garantia consti- tucional do acesso ao Judiciério, Ao refutar a vedagio do uso da agio civil pablica para se questionar a legitimidade da exigéncia de tribu- tos, consigna, com desassobro, a impropriedade de algar-se a vonta- de do Poder Executivo Federal & categoria de verdadeiro dogma sa- cerossanto. A mitigagdo desse meio racional de tomar prevalecente a ordem juridica, mediante a atuagao do Ministério Pablico — defen- sor maior da sociedade —, € ressaltada em titulo que traz. embutido inegével adverténcia — “A quase revogago da agio civil pablica ara a tutela de interesses ¢ direitos difusos e coletivos”. Com razio, © autor aponta a agao civil ptiblica como responsavel pela efetivago 4a cidadania brasileira e do proprio Estado de Direito, consagrados pela Constituigéo Federal de 1988 — uma carta popular na qual ga- nhou destaque 0 trato dos direitos sociais e, portanto, a dignidade do homem. Sim, faga-se coro com 0 autor, porque, de fato, para que servem textos introduzidos por via que deveria ser estreita, como é a dda medida proviséria, sendo a atender & politica governamental em ‘curso, sempre balizada no tempo, enquanto os principios assegu- radores de uma vida gregéria estavel mostram-se perenes ¢ situados em patamar insuplantavel? Reina, na disciplina da matéria, a visio XI miope, equivocada, pois alicergada em simples interesse administra- tivo dos dirigentes de plantio. Ao discorrer sobre 0 valor maior da probidade no setor pablico, ressalta 0 jovem professor a feigao ins- trumental das agées, a liberdade no sentido alargado, presente na disciplina processual. Volta a frisar também 0 caréter vinculante da atividade jurisdicional, afirmando ser 0 juiz servidor piblico incum- bido de corporificar o Estado, donde a obrigagio de praticar deter- miinados atos com o objetivo especifico de alcangar a finalidade da ‘norma a ser aplicada. Nesta obra tdo consistente quanto perspicaz, a efetividade da prestagao jurisdicional, a abranger 0 Poder Piblico, é apreciada com énfase ao principio constitucional da defesa de direi- tos, razao pela qual serdo rechagadas com veeméncia as normas que ‘acabam por obstaculizar atos judiciais contra o Estado, tomando este, como € desejavel, com a qualificagao de parte, de componente, sim- ples componente da relagao processual, Realmente, o primado do Judicidrio hd de ser defendido e man- tido, sob pena de nao se ter preservada a democracia. O Estado, cuja existéncia visa ao bem comum, a seguranga juridica, tudo pode — le- isla, executa as leis ¢ julga os contflitos de interesses. Que 0 faca, no entanto, com apego ao figurino constitucional, Sentengas € acérdios — cnfim, decisées — devemn vir ao mundo juridico com a eficécia propria, sem que se distingam as partes litigantes. Ameaga a direito merece ser afastada, contando-se com as medidas acauteladoras ine~ rentes & jurisdi¢ao, Envolvido 0 Estado, cuja postura precisa ser exemplar, mais se justifica a incontinenti atuacdo do magistrado. ‘Muitos outros capitulos deste inteligente texto poderiam ser pingados, a guisa de comentérios, como, por exemplo, o da compensago no campo tributério. Cabe to-somente, entretanto, a apresentacao da obra, a qual, jé em segunda edigao, firma-se, a cada dia, como leitu- ra obrigat6ria, honrando o autor a formagao profissional, que, aliada a coragem ~~ sintese de todas as virtudes —, 0 credencia como um ccientista do Direito. Mestre doutor pela Universidade Catélica de ‘Sao Paulo, esgrime a arte de proceder com percuciéncia, de modo a chegar-se & supremacia do arcabougo normativo substancial. Ministro Marco Aurélio Presidente do Supremo Tribunal Federal xi $$$ sll NOTA PREVIA A 4*EDICAO. Seguindo a mesma diretriz da edigao anterior, evei em conside- ragio, para a preparacio da presente, as diversas (¢ profundas) altera- (0es experimentadas pelo sistema processual civil na mais recente etapa de Reformas do Codigo de Processo Civil, em especial as rela- tivas aos temas aqui versados e suas diversas inter-relagoes com a Lei 1n, 11.187/2005 (“recurso de agravo”); a Lein. 11.232/2005 (“cumpri- mento de sentenga’)a Lei n. 11.280/2006 (“prevencio” e “suspensio «da eficdcia da decisao sujeita a agao rescisoria”) ea Lei n. 11.448/2007 (“legitimidade da Defensoria Publica para agées civis piblicas”). ‘Também senti necessidade de dar destaque a jurisprudéncia mais recente do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Jus- tiga que se formou ¢ que se vem formando a respeito dos diversos dispositivos da Medida Proviséria n, 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, € de outros tantos diplomas normativos examinados 40 longo da exposigao e que se relacionam, mais ou menos intensamente, com 0s temas aqui versados. Fago questo de deixar consignado o meu sincero agradecimen- to 20 piblico leitor que, desde a 1* edico deste trabalho, acolheu-o ‘Zo bem, o que tem justificado as suas Constantes reedigées, sempre revistas, atualizadas e ampliadas: falar hoje em “Poder Piblico em Juizo” ou em “direito processual paiblico” jé faz, por si s6, sentido, E quanto hé para se tratar sobre este indispensavel “corte metodolé- ‘gico” do direito processual civil! Por fim, um renovado agradecimento muito especial, para reite- Tar, sempre uma Vez mais, nunca o suficiente, a dedicatéria e a minha homenagem, as mais carinhosas, aos meus pais, Leda e José Paulo, «em diregao aos seus quarenta e trés anos de casados. Ligio de sempre, devidamente aprendida, vivida e repetida: “T'll follow the sun”. Cassio Scarpinella Bueno julho de 2007 XU NOTA PREVIA A 3" EDICAO Desde a apresentagio da 2* edigao deste trabalho, varios livros ¢ artigos foram editados buscando recolher aquilo que, hé algum tempo, venho denominando “direito processual piblico” ou “Poder Pablico em Juizo”, Também varios cursos, palestras, seminérios © eventos juridicos vém sendo divulgados para a discussio destes temas. ‘Com ou sem variantes de nomes, o que me parece relevante destacar E que, decididamente, o tema “pegou”. Esté sendo discutido, pensa- doe sistematizado. Eo que me bastaria para manter aceso 0 fogo que, de minha parte, acendi ha mais de cinco anos ¢ que levou & digo deste livro. Uma outra razio, no menos importante, que me motivou @ preparar esta 3* edigto, foi o advento das diversas novas Siimulas do Supremo Tribunal Federal editadas nos meses de setembro e dezem- bro de 2003. Se, é certo, apenas algumas destas Siimulas tém inci- déncia nos temas aqui versados, nfo é menos correta a afirmagao de {que sua aplicago merece sistematizago. Quando menos, uma pro- posta de sistematizago que busque, como aqui busquei desde 0 infcio, equacionar os diversos problemas que decorrem da convivén- cia de leis, medidas provis6rias que nio so provisérias e estas Su- ‘mulas que, muitas vezes, acabaram por retratar estégios da doutrina eda jurisprudéncia sobre determinadas questées anteriores & conso- lidagao da Medida Provis6ria n. 2.180/01. De outro lado, a revogagio das Siimulas 506 do Supremo Tri- bunal Federal e 217 do Superior Tribunal de Justiga acabaram porter ‘ condao de convidar a uma nova reflexao sobre determinadas ques- tes do pedido de suspensio da ndo-suspensto relative a0 mandado de seguranga. Atinal, revogadas aquelas Stimulas, ¢ nevessério, ou ‘do, & pessoa que requereu a primeira suspensio agravar antes de ‘ater 8s portas do Supremo Tribunal Federal e/ou do Superior Tribunal xv de Iustiga por intermédio do novo instituto? Em que medida a idéia ‘de que o acesso aqueles Tribunais Superiores depende do prévio “esgotamento” das vias recursais ordindrias foi (ou deve ser) afetado 4 f k ‘em virtude da insubsisténcia daqueles enunciados? ‘A estas e a outras questdes que Ihe séo derivadas € que se volta NOTA A 2* EDICAO. este trabalho, a partir desta 3 edigo, Como nas edigoes anteriores, criticas e comentérios serdo sempre muito bem-vindos. ‘Uma vez mais agradego, de paiblico, 0 empenho da advogada ! Esgotada a I* edigdo—leitores amigos e gentis—, arevisitagdo Maria Cecilia Paiva Cury, que me ajudou na separagdo do novo ma do trabalho pée-se quase como um dever, considerando a estabiliza- terial doutrinério e jurisprudencial doravante indicado, ‘¢do daquele direito que vi, més a més (8s vezes, mais de uma vez por més), ser criado sem quase nenhuma espécie de critica ou reagao + (positiva ou negativa, friso) da comunidade juridica. Cassio Scarpinella Bueno jlho de 2004 Assim, o trabalho de revistio, atualizagdo e ampliagdo deste meu 0 Poder Piiblico em juizo justifica-se, quase que decorre, a bem da verdade, em virtude daquilo que me levou a escrevé-lo em meio & criagdo das tegras que comentei pelas sucessivas, exaustivas ¢, acre- ditem, cadticas reedigdes das Medidas Provisérias n. 1.798, 1.906, 1.984, 2.102 e, finalmente, 2.180. ‘A estabilizagdo dessas regras, contudo, é fruto de uma violencia jurfdica que, como tantas outras, passou despercebida ou, se se pre- ferir, chamoa muito pouca atencio. Ao mesmo tempo em que o art. 1° da Emenda Constitucional n. 32/2001 limitou a possibilidade de cedigao de medidas provis6rias pelo Presidente da Repsiblica, seu art. 2% manteve intactas e vigentes todas as que, até a data de sua promul- 0GG0, tinham sido editadas'. A de nimero 2,180-35, de 24 de agos- to de 2001, objeto de meu exame, nio foi exces, fato concreto é que aquela medida provis6ria vige, no orde- ‘namento juridico nacional, como se fosse lei mesmo sem ser. B, merce do referido art. 2°da Emenda Constitucional n. 32/2001, uma “medida ndo proviséria’”. E “ndo provisdria” porque definitiva enquanto 0 Congresso Nacional dela nao tratar para acolhé-ta ou rejeité-la, 1. "Art 2, As medidas provisérias edtadas em dsta anterior & da publicaglo desta emenda continuam em vigor até que medida proviséia ulterior as evogue \ explicitamente ov até delibecagio definitive do Congresso Nacional’. XVI XVI Certa vez ouvi que ndo era 0 caso de dar atenco a medidas pro- visérias. Que todas elas, sem excepHo, eram inconstitucionals e que, por isso mesmo, ngo deveriam merecer qualquer forma de estudo ou de sistematizago, Até porque elas eram, 0 proprio nome revela, pro- visdrias, Mais dia, menos dia, nfo seriam reeditadas, seriam esque- ‘idas ou, simplesmente, declaradas inconstitucionais de uma vez por todas pelo Supremo Tribunal Federal em agdo direta de inconstitu- cionalidade ajuizada por alguém. Afinal, 0 rol dos legitimados para ‘essa iniciativa ampliou-se bastante com a Constituigao de 1988. 'At6 acho que muitas dessas medidas provis6rias sio inconsttu- cionais. Mas, como acentuei desde a ¥ edigio e agora repito, alguém tem de estudé-las, entendé-las. Porque, enquanto ninguém as declarar inconstitucionais — nao é s6 0 Supremo Tribunal Federal que pode faz@-lo, sabemos todos —, elas tém de ser aplicadas. F esse o meu intuito aqui, sobretudo, repito, em virtude do (inconstitucional!) art 2 da Emenda Constitucionsl n. 32/2001 ¢ sua regra de “eongelamen- to”, seu “direito adquirido” as reedig&es, livres e soltas, de medidas provis6rias. Mais do que nunca as medidas provisGrias sio “ndo pro- visérias” e tém de set levadas em conta pelo intérprete € pelo aplica- dor do direito. Nem que seja para, fundamentadamente, recusar sua aplicago em cada caso concreto que se lhe apresente para exame. Estabilizado 0 objeto de estudo, pretendi conservar nesta 2 ‘edigio a mesma linha critica da que Ihe precedeu. Estou absoluta- mente convencido de que a Medida Provisorian. 2.180-35/2001 é um ‘bom “campo de provas” do que tenho denominado “direito proces- sual piblico” ou “fazenda pablica em juizo”. As diversas oportuni dads que tive para me manifestar sobre o assunto desde a I* edicio rmostraram-me 0 acerto dessa afirmagao. Mais ainda: essas mesmas oportunidades — aulas, palestras, ‘cursos, conferéncias, conversas com amigos, professores, juizes, membros do Ministério Piblico, advogados pablicos e privados —, rnovas reflexdes e meu estudo, em tempo real, de cada uma das te- ‘edigdes da referida medida provis6ria ao longo dos quinze meses ue se seguiram ao langamento da I* edigo acabaram me conven- cendo de que é possivel falar em uma “contra-reforma” do proces- so civil. xvull ———_—_—_—__—— Convenei-me disso, Ao contrério das chamadas “reformas” € das “novas reformas” do Cédigo de Processo Civil — exemplarmen- te comandadas por dois dos melhores processualistas brasileiros (os Ministros Athos Gusmiio Carneiro e Salvio de Figueiredo Teixeira), que, 40 lado do Instituto Brasileiro de Direito Processual, dao inega- ‘vel exemplo de democracia pela ampla possibilidade de participagao no processo legislativo reformador —, as “inovagoes” da Medida Provisoria n. 2.180-35/2001 foram postas ¢ imposias & sociedade civil sem maiores explicagées e, é certo, sem nenhuma participagio efetiva de qualquer segmento social. No entanto, ndo obstante a ine~ xisténcia de qualquer arremedo de processo legislativo para sua criagfo, ela afeta, do mesmo modo que as mais recentes Leis n. 10.352/2001, 10:358/2001 € 10.444/2002, 0 processo civil. Mais ainda: a medida proviséria sobre a qual me debrugo a0 longo deste trabalho vai na contramio das novidades trazidas pelo ‘movimento de reforma do processo civil brasileiro, Em determinados pontos, suas regras representam, inegavelmente, verdadeira “contra- reforma” processual. Porque colocam no préprio Codigo de Proces- 0 Civil eemdiversas leis extravagantes dispositivos que representam, ‘em altima andlise, sua predisposigao a negar efeito aos avangos que, 40 sistema processual civil, tém chegado mais recentemente. Se a ténica do “novo processo civil brasileiro” é, 20 menos do ponto de vista daquele que pleiteia algo em jutzo, a “efetividade”, vale dizer, 1a produgdo de resultados concretos e répidos para aquele que, com alguma boa dose de razio, busca amparo no Poder Judiciério, a do “direito processual puiblico” é a da inefetividade. Inefetividade pela criagiio de obstculos, dificuldades e ébices das mais variadas espé- ccies para o particular. Inefetividade pela eliminagio, pura e simples, ide determinadas categorias e institutos processuais para quando 0 Poder Pablico esti em juizo. Regras processuiais, de resto, que so “criadas” para uma s6 das partes da relago processual, ferindo de ‘morte o ptinefpio do devido processo legal. Tudo para que proces so demore mais do que as precitadas leis da “Reforma”, atendendo ‘0 reclamo da sociedade brasileira, querem tolerar. E demora inécua ‘a maior parte das vezes porque, sein instrumentos adequados, 0 tem: ‘po do contraditério consome © direito, mesmo quando declarado ‘solenemente existente. xix Mantive, paraa elaboragao desta 2edigto, a sistemstica anterior, dando mais énfase, mas ndo exclusivamente, & exposicdo, sistemati- zagio ¢ problematizagio das “novidades” afinal consolidadas pela Medida Provis6ria n. 2.180-35/2001 do que & andlise de sua consti- tucionalidade ou inconstitucionalidade, ‘Como anexos do trabalho esto o texto integral (e definitivo) da referida medida proviséria € 0 acérddo integral da Ago Direta de Tnconstitucionalidade n, 1.753/DF. que ainda reputo itil para reflexdes, ‘nos termos do que jé havia escrito, ¢ mantenho, na “Justificativa”. ‘Outras ages ditetas de inconstitucionalidade so mencionadas 20 Tongo do texto mas, infelizmente, no me foi possivel obter seus acérdios para integrarem 0 livro. Todos os “adendos” da I* edigao, isto é, as atualizagdes via In~ temet que se deveram pelas reedigdes mensais da Medida Provisdria 1 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, podem ser consultados no site www scarpinellabueno.com br, para onde eriticas, sugestées © co- ‘mentarios podem ser enviados, evidentemente, Aqueles textos repre- sentam —e como! — 0 momento exato € 0 comtexto da criagdo € recriagdo destas normas de “direito processual pablico” aqui comen- tadas, Dai que os disponibilizo para os intetessados. Foi, para mim, uma experiéncia bastante proveitosa essa. de escrever éatualizarum livro em tempo teal, Deixo, aqui, registrados meus agradecimentos & Maria Cecilia Paiva Cury e a0 Diogo Leonardo Machado de Melo, que me ajudaram no recolhimento do material de pesquisa para esta 2 edigto. ‘Ao Prof. Marcelo Abelha Rodrigues — abelha lindamente co- raja diante do Guilherme ¢ da Dominique —, reitero meus agrade- ‘cimentos pablicos da 1* edigfio por toda a “forrrga” que ele me deu, desde entio, na divulgagdo das idéias entao expressadas ¢ aqui reno- ‘vadas ¢ sprofundadas. Vale, Marrrcelao! Quero, por fim, homenagear, com esta 2 ediglio, 0s meus ex- alunos da Turma “MB 5”, que completaram seu curso na Faculdade XX EE PEE EEE eae de Direito da PUCSP em 2002 ¢ que, por extrema bondade, resolve- ram homenagear-me em sua formatura, que se realizou no dia 12 de fevereiro de 2003, Naquele dia, escrevi uma breve carta, que melhor chamei de *pequena homenagem”. Uma pequena homenagem minha acada um eles, Quero compartilhar aquele momento com os leitores deste meu trabalho e, permitam-me, ainda uma vez, com meus ex-alunos. Ei-la, na integra: ‘Meus carissimos alunos, Desde quando soube da homenagem que vooés me drigitiam nna Formatura, emudeci. S6 consegui falar que ndo tinha palavras para Ihes agradecer 0 gest. Justzmente porque foi um gesto que ne tocou bastante, Quero, com estas poucas Fina, que escrevo propositalmente no dia de sua formatura, povcas horas antes de fos encontrarmos, drigir-Ihes @s palavras que, em um primciro momento, fltaram a mim. E uma forme que encontei para pensar bastante em voots no dia de hoje, para thes desejarfelicidade, sorte, sucesso ¢ 0 encontro e a realizagdo de seus sonbos a partir deste dia tao importante nas suas vidas. Leiam-na e recebam-na ‘como uma pequena homenagem para cada um de voces. Foi com vocés, com os componentes da Turma “MB 5 de 2002, que consegui, pela primeira vez na minha vida académica, realizar um sonho antigo. Ministrar, para uma mesma turms, falas de “Fundamentos de Dircito Pablico” ede “Direito Proces~ Sual Civil”, ambicionando, com isso, demonstrar 0 quao estreita a relagio entre 0 estudo do funcionamento do Estado (¢ seus ‘desdobramentos) ¢ 0 estudo do direito processual civil. Talvez» Sté mesmo, para demonstrar que processo civil nao € s6 técnica, nas muito mais do que isso. Que ele ¢ forma de realizacdo do lireito material ¢ do proprio Direito Pablo, da definigdo e ‘coneretizagao diutuma dos contomos do préprio modelo de Es- tado assumido por una nagio. E elemento indissociavel, pois, da “uta pelo Direito”, Da “tuta” que voeés, mais do que nunca, sfo co-tesponsiveis, verdadeiros soldados, alistados hf cinco anos, e que, agora, s80 convacados. 'A formatura € um momento i ter acabado, mesmo que — Iéna frente, vooés vlo ver com mais Clareza, acreditem— nem sequer tenha comegado. E-se bacharel ressante. Nela tudo parece XXI ‘mas se quer ser algo diferente, algo que talvez sce como mais do aque bacharel: juiz, promotor, advogado puiblico ou privado, de- legado de polica, professor de Direito;tantas possibilidades... ‘um momento, por isso mesmo, que no deixa de ter muito de inconformismo, Porque se quer ser algo que ainda nio se & e, rmuitas vezes, nfo se pode, ainda, ser. Como ser cada uma daque- las coisas sem que um concurso declare a nossa aptidio © a nossa vocagio? ‘Mas, pensando bem, quanto do nosso curso também nfo é € no foi feito de inconformismo? Quanto do que vemos aconte- ceendo no cotidiano também com 0 “Direito” nfo nos causa cconformismo? Nao € esse mesmo inconformismo 0 sentimento que temos quando vernos 0 “ser” no cortesponder aquilo que “deveria-ser”, aquilo que querfamos que fosse, pelo menos na nossa concepeiio de “Justiga”? “Madar as coisas, transformar mundo, as pessoas; trans formar tudo pelo Direito. Vivemos um bom momento para isso. (O bacharel em Direito acredita isso e tem toda a razto de acre dlitare perseguiressa vontade. Nao a abandonem, Nao deixem de acreditar que voces podem madras coisas. Vocés podem e o gran de bacharel, por si 6, declara e auroriza isso. Transformem seus sonbos em re A sotenidade de colagdo de grau também & um instante em ‘que vocés podem parar (ou, quando menos, suspender um pouco) 0 frenético ritmo do vitimo ano da Faculdade. Deixar de lado 0 fantasma da prova da Ordem € 0 infcio, para muitos, da maratona ds concursos para as careiras piblicas: sempre e sempre a per~ Sseguigdo dos nossos sonhos. Olhar para os lados, respiraralivia damente e gritar para quem quiser ouvir: “Venci!”. E, em se tratando de um curso de Direito da PUCSP, definitivamente no bhi como deixar de acentuar a qualidade dessa vitria. Chegar até este momento € um privilégio; chegar até aqui € algo que merece toda a feticitagdo possfvel. Basta ter chegado para comemorar. [Nao se esquegam de comemorere de lembrare de se orgulhar de suas conquistas, de suas vit6rias, Sempre. A lembranga traré conforto a voeés, sobretudo nos momentos mais dfceis. Princi- palmente quando o sont parecer mais distante do que nunca Nao terei oportunidade de discursar na Formatura hoje & noite, Este privilégio nfo € dado aos professores homenageados —«, chentre nés, ainda bem, Caso contririo, a formatura nunca, acabaria e seriam $6 0s discursos. H muita coisa Id. Sobretudo a emocio, pura emogio, que muito dificiimente, se resume erm palavras alheias. Nao quero discursar para voces por escrito também, Conforto-me em escrever estas poucas linhas, pensando ‘muito em vocts, no seu futuro e, tenho certeza, na sua felicidade sucesso. Eserever hoje, justo hoje, no sew dia para extern, para ‘voces, minha gratidio — a mais sincera —., pelo seu gesto, pelo gesto de cada um de voeés. Pela confianga no meu trabalho, nas, ‘minha aulas, nas minhas idéias. Sobretudo naquelas mais crticas, até mesmo —, que, no fndo, s6 querem fazer com que todos, vocés ¢ eu, pensemos um pouco mais. Aquelas idéias que parecem soar inconformadas, que voeés tantas vezes ouviram para se inconformar também ou buscar uma solucio para vencet © inconformismo. Pera transformar, para mudar. Nao deixem de se inconformar, Nao deixem de se indignar. Nao deixem, ago questio de repetir, de perseguir seus sonhos. © que me fascina na carrera jurdica € que ela €repleta de ccaminhos, de opedes, a serem seguidos, tragados e construides. (0 “see” bacharel é, ou pode ser, apenas 0 comego e tanto patra fazer a partir dai, Quanto bé para sonhar. Escolhi ser professor. ‘Complete dez anos desta escolha com vocés, justamente no ano em que voces se formaram e me homenagearam. E dela nfo me arrependo um minuto sequer. Vocés ¢ sta homenagem sf0 prova, vivado acerto da minha escolha, que vive em mime, mais do que nnunea, em cada um de voc€s. por menos que gostemou gostassem de direito plblico ou de processo civil. Voces tém a sta frente, ‘agora mesmo, nesta mesma noite, tantas opyGes para tomar. Po- ‘dem escolher ser juizes, membros do Ministéio Publico, advo- sgados, delegadios de policia, professores, ou “apenas” bachardis ‘em Direito, O que néo podemos ser, nunca, jamais, € conformis- tas. O que nto podemos ¢ desprezaro que estudamos, aprendemos ‘¢ ensinamos juntos; desprezar 0 que vivenciamos juntos: 0 que voces vivenciaram como classe nestes ditimos anos. Ea unio ‘que vocés tém um pelo outro, tio forte ¢ tio visivel,ndo pode ser desfeita, Preservem-na, Valham-se dela para mudar. Valham-se dela para se fortalecer, para se inconformare lutar por seas ideais, Valham-se dela quando se sentirem s6s: vooés nio estarBo, acre item. “Sonho que se sonha junto ¢ realidade”. Uma bela cangéo do Raul Seixas em forma d¢ poesia, no acham? XXII Dircito é muita coisa, Mas ¢ instrumento de realizagao ede transformagio também. Hoje, dia da sua formatura, vooés, pes- soalmente, se realizam e sc transformam pelo eno Direito. Meus parabéns. Meus renovados agradecimentos pela homenagem. ‘Minhas sinceras homenagens a cada um de voc8s, por favor a recebam. A minha amizade e a minha admiragdo woods jé as tém. desde quando, hi cinco anos, entrei na sua sala de aula pela pri- meira vez e nos conhecemos. Viram como passe tudo rapido? Sejam felizes e usem o que sabem para tomar as pessoas ¢ ‘nosso mundo mais feliz. Transformem-no em um lugar melhor para vivermos. Transformem seus sonhos em realidade, Obrigado, Adriana, Alberto, Alexandre, Aline, Ana Caroli- zna Crepaldi, Ana Carolina Monteiro, Ana Luiza, André, Andrea, ‘Anne, Bianca, Cécia, Camilla, Camille, Carina, Carlos Alberto, Cecilia, Celina, Ciara, Cléudia, Cristina, Daniel, Daniela, Diana, Diego, Elton, Femando, Flavia Helena, Flévia Torino, Flévio, Guilherme, Gustavo, Julia, Luiz Eduardo, Marcos, Mariana, Mauricio, Mauro, Mayra, Milena, Nahana, Patria, Renata, Renato, Ricardo, Rodrigo Pagani, Rodrigo Pittas, Selma, Simo- nesky, Sumaya, Suzi, Sylvana, Taciana, Tatiana € Thafs. Obriga- do a.cada um de voces. Cassio Scarpinella Bueno JUSTIFICATIVA (nota introdutéria a 1? ediciio) Jé hé algum tempo venho reunindo elementos para me dedicar ‘com um pouco mais de folego &s modificagies que, pouco a pouco, vyém sendo introduzidas no cenério jurfdico nacional pelo que hoje € a Medida Proviséria n. 1.984-17, de 4 de maio de 2000'. Em janeiro deste ano assustou-me a nova disciplina relativa a0 pedido de suspensdio (art. 4® da Lei n. 8.437/92). Dei inicio a elabo- ragdo de um artigo que remeteria & publicagao. artigo estava pronto no final de margo, e, como se tratasse da aquisigio de algum destes fasciculos mensais nas bancas de jomal, aguardei a edigao de abril da medida proviséria. Pretendia deixé-to (© mais atualizado possivel, o que, na minha visio, limitar-se-ia a digitar um novo digito c a data da recdi¢ao do ato comentado. Publi- cago cancelada, Meu artigo havia perdido sensivelmente a razlo de sere seu objeto. ‘Nunca vi, confesso, um trabalho meu ser consumido de manei- ra to voraz quanto se deu no inicio do iltimo més de abril. O artigo, calcado na décima quinta reedi¢ao da medida, de margo de 2000, nao passou de uma pequena parte das modificagées que vieram a ser impostas pela e desde a reedigao de abril de 2000. Neste quadro, vi-me diante de duas alternativas. De um lado, desistir, pura ¢ simplesmente, da empreitada. E possivel competir com a yelocidade da modificagio do direito positive? E possivel acompanhar estas alteragdes diariamente? £ possivel manter um 1. As wemissGes & Medlda Provisérian.1.984-17, de 4 de maio de 2000, devem serentendidas como send feitas 8 Medida Proviseian, 2.1805, de 24 de agosto ae 2001. xxv trabalho juridico atualizado nos dias de hoje? De outro, prosseguir na tarefé, entdo bem mais drdua, de procurar interpretar todas as modificagSes impostas pela nova reedigao ao direito processual pii- blico ¢ torcer para que uma nova reedigéo da medida proviséria trouxesse uma certa dose de estabilidade. Sim, estabilidade e segu- ranga juridica, vetores da prépria razdo de ser do Direito. Optei pela segunda via. Até mesmo como forma de me expres sar com relagao a todos os problemas de sistematizagio e de inter- pretacdo derivados destas medidas provisérias. A esta altura, dois esclarecimentos necessérios com relagio a0 corte metodolégico que marca este trabalho. ‘A medida proviséria em tela, desde seu nascedouro, ocupou-se ‘em modificar em alguma medida 0 regime jurfdico da Advocacia- Geral da Unido. Estas alteragées chegaram ao ponto culminante na sua décima sexta reedigao, de abril de 2000, 0 que, particularmente, foi bastante divulgado pela imprensa. A exceco de uma ou outra observagdo passageira e que diga respeito, intrinsecamente, a0 direi- 10 processual ptiblico, este trabalho no se volta & andlise das diversas ¢ imimeras modificagSes trazidas & Advocacia-Geral da Unido ¢ & assungdo, por esta, do controle da assessoria juridica de diversas autarquias e fundagdes piiblicas federais. que me preocupa equi — uma proposta bem mais modesta, portanto — é decifrar os enigmas que a medida provis6ria impos Aquelas agGes (civis) em que o Estado, direta ou indiretamente, € parte. Assim, apenas para ilustrar, 0 pedido de suspensio; as agdes coletivas; a negagio da cautelar, da liminar e da execugao provisoria. De qualquer maneira, entendi pertinente trazer o texto integral da referida medida proviséria para que o leitor tire suas proprias con- clusdes a partir de sua leitura, bem assim para que chegue a suas priprias propostas de sistematizagio de todo aquele diploma com ‘Jorca de lei. A transcrigio de seu texto ocupa o Anexo I. De outra sorte, alguém poderd perguntar qual a relevancia e qual ‘aurgéncia destas alteragées? Estdo presentes os pressupostos legiti- ‘madores da edigéo da medida proviséria delineados no art. 62 da Constituigdo Federal? Sao constitucionais as alteragSes impostas por estes atos quando criam vantagens, beneficios e figuras processuais XXVI somente em prol do Poder Piblico? Estas figuras representam prer- rogativas ou inofensivos privilégios da Fazenda Pablica em juizo’ ertinentes as indagagées. Até porque a medida proviséria de que me ocupo é apenas wm excmplo do que ocorre todos os dias: a assistematica alterago do direito positive por “legisladores de plan- {do”, como jé teve oportunidade de acentuar 0 Ministro Marco Auré- lio do Supremo Tribunal Federal. No me furtei de oferecer premissas para conclusées ¢ respostas a todas estas questdes a0 longo do trabalho. Tinha que fazé-lo. Afinal, festa comecando a soar como lugar-comum a afirmagio de que as diversas alteragées trazidas a lei processual civil extravagante € 20 Cédigo de Processo Civil por medidas proviséries so inconst. tucionais. Ha argumentos de sobejo para tanto, Por todos, 0 acérdio que o Supremo Tribunal Federal, relator 0 Ministro Sepilveda Per- tence, proferiu na Medida Cautelar da Ago Direta de Inconstitucio- rnalidade n. 1.753-2/DF convida para uma reflexto profunda € espe- tifica sobre 0 tema. Daf seu texto integral corporificar o Anexo IT deste trabalho. ae ‘Mas minha proposta nfo reside af, Néo, a0 menos, em primeira plano. Minha iniciativa é a de oferecer aquele que se interessar por fa leitura uma visdo sistemdtica das consequéncias derivadas destas abruptas modificagdes do direito positivo; uma proposta de sistema- tizagio e de interpretagdo de todas estas alteragoes. ‘Ecerto, todavia, tem alguns momentos, nao pude deixar de suscitar teses relativas & inconstitucionalidade de mais de um dos dispositivos comentados. Se para o Executivo federal € relevante e urgente aregulagio do direito processual piblico para curar seus interesses secundarios por intermédio de medidas provisSrias, qual aplicador ou operador do Fto diré que nao € relevante e urgente buscar uma sistematizag30 destas mesmas alteragSes”” Justifico-me, destarte, pela escolha da segunda opedo @ que me referi acima. Hi necessidade inarredével de debrugarmo-nos, todos, sobre estae tantas outras medidas provis6ries. Seja para oferecer argumen- tos para a declaragao de inconstitucionalidade pela via concentrada cou difusa, seja para, enquanto isto no ocorre ou caso assim ndo se XXVII entenda, 20 menos procurar entender o que ¢ em que condigles esta acontecendo, Em que medida, afinal, 0 direito positivo tem sido al- terado. Aqui, minha premissade pensamento e reflexdo repousa no que venho chamando de direito processual pablico. Aqucla parte do di- reito voltada ao estudo sistemético das ages judiciais em que o Poder Publico apresenta-se em juizo como autor ou como réu. E Poder Publico nesta sede quer significar o Estado enquanto regido pelo direito paiblico, desempenhando funcao publica Nao me preocupo neste trabalho em demonstrar a utilidade da andlise separada destas ages em que o Estado & parte, Tampouco em estabelecer premissas para a fundagdo de um novo ramo do direito. (0 que € de relevo por ora é verificar que uma proposta de sistemati- ago de modificagGes relativas & atuago do Estado em jutzo de um prisma de andlise unitério ¢ capaz de revelar, de maneira cristalina, a minimizagdo ou a neutralizagao da tao necesséria efetividade do processo, O desequilibrio que existe entre o Estado (o Poder Piblico) © 0 particular nas agGes judiciais em que ambos se encontram em polos contrapostos € claro. ‘Meu intento estaré alcangado se despertar no prezado leitor alguma forma de indignagao, alguma forma de se manifestar a este respeito ov, quando menos, seu interesse pela leitura das minhas consideragies, dos meus desdobramentos ¢ das minhas reflexes. Nio pego que o prezado leitor concorde com minhas idéias. Nem poderia fazé-lo. Como toda pretensdo, elas estio sujcitas 20 contra~ ditdrio, a visGes e a interpretagdes diversas que no me ocorreram or qualquer motivo. Sei também que para cada questo aqui tratada ha ingmeras Juzes diversas que podem ser langadas ¢ focadas. Ficarei satisfeito se puder também me aquecer com scu calor ¢ puder enxergar mais lon- ze, onde ainda nao vejo, e corrigir aquilo que, hoje, parece-me fora de foco, Para esta tarefa parto certo do seguinte: através dos reflexos gerados por estas outras luzes, terei condigées de iluminar minhas roprias outras ¢ futuras reflexes e aprender sempre mais um pouco. Nem que seja para corrigir meus préprios erros, O que mais pode pretender um professor de Dircito? XXVIII Fea Deixo consignados a Milene Louise Renée Coscione, aluna da Escola de Formagao da Sociedade Brasileira de Direito Pablico, ‘meus agradecimentos pela ajuda segura na pesquisa de diversos dos julgados e artigos doutrinérios citados ao longo do trabalho. Na sua pessoa homenageio todo 0 MA |, t4o importante na minha vida académica. ‘Ao Moisés Limonad, meu muito obrigado. Pelo passado e por todo 0 apoio, o incentivo e a confianga desde os tempos em que, ainda estudante de primeiro ano, freqiientava sua livraria e conversé- vamos sobre o que, um dia, poderia vir. Pelo futuro e por seu empe- nho, presteza e profissionalismo. Se tivessem faltado, este livro nd veria a luz do dia, subjugado pelas constantes reedigdes da medida provissria que € seu objeto. Ao Professor Marcelo Abelha Rodrigues, no s6 minhas home- nagens, mas também meu mais pessoal e sincero agradecimento. Quando menos como retribuigio a diversos Elementos de Direito Processual Civil. Mais do que nunca, indispensaveis. Cassio Scarpinella Bueno ‘maio de 2000 XXIX Cariruto I BREVE HISTORICO DA MEDIDA PROVISORIA N. 2.180-35, DE 24 DE AGOSTO DE 2001 Util para o inicio do trabalho descrever, da maneira mais siste- ‘atica possivel, o aparecimento das diversas modificagdes no que venho denominando “direito processual piblico” sobre as quais meus comentérios recaem. Por “direito processual piblico” quero evidenciar que determi- nadas regras de processo dizem respeito de forma mais aguda —~ se- no exclusivamente — As agdes em que uma das partes é o Poder Publico. Poder Publico, para mim, corresponde as pessoas admini trativas regidas, pelo menos de forma “preponderante”, pelo direito piblico'. Assim, a Unido, os Estados, 0s Municfpios, 0 Distrito Fe- deral, suas autarquias fundagdes ptblicas. Em diversos de seus dispositivos, a pr6pria Medida Provis6ria n. 2,180 vale-se desse cri- tério, nominando, especificamente, tais pessoas administrativas como destinatérias das regras que estabelece” 1. Sobre © assunto, v. meu “A emergéncia do dieito processual piblico",e, e Carlos Ari Sundfeld, “O direto processual e 0 dreito administrativo", ambos publicados na coletinea Direito processualpubico — a Fazenda Publica em juzo, de nossa coordenagio, nas p. 31-44 e 15-30, respectivamente 2. Una questo que me parece interessanissima € saber seas empresas pabices ‘cas vociedades de economia mista, quando prestadoras de servigo piblic, podem ser ‘Ghamadas de “poder pli” para ins de incidéncia de determinadssregras de “dircito processual publica". Assimos precatrios,o reexame necestérioe, também, por ident- ‘ade de motivos, as regras comentalas a longo deste trabalho. Porque esta anise iia ‘além da proposta deste trabalho, tomo aiberdade de enviar oer para uso texto med, ‘emaue me debrice’ sobre ela mas demoradamente: "Execugdo por quanta certacontra ‘a Fazenda Pablica: uma proposta sual desstematizago", ep. p. 121-4 Ao contrério do que se poderia pensar, ¢ como ja deixei entrever nna Justificativa, a criago dos dispositivos de lei de que me ocupo aqui nfo fo linear, Muito pelo contrério. Praticamente em todas as 35 re- ‘edigées da Medida Proviséria n. 2.180 houve alteragGes significativas para “corte metodolégico” de que trata este trabalho, Evidentemen- te que minha preocupacdo se volta para a sua “forma final”, a uhima de suas reedicbes, devidamente congelada pelo art. 2° da Emenda Constitucional n. 32, de 11 de setembro de 2001. De qualquer sorte, reputo importante descrever 0 histérico das sucessivas ediges € ree- digdes desse ato normativo, quando menos porque ele é provade como ‘0“processo legislativo” de um perfodo do fortalecimento das institui- ees brasileiras se manifestou. O exame especifico de um ou outro Aispositivo que vigew mas que, por qualquer razio, jé nao vige mais, simplesmente por ndo constar da gitima reedigdo da Medida Provis6- ria n, 2.180, de 24 de agosto de 2001, ocupa os comentarios respecti- vos de cada um dos temas desenvolvidos a0 longo do livro. A medida proviséria em andlise foi editada pela primeira vez no dia 13 de janeiro de 1999, sob o niimero 1.798. Foi quando tudo comegou, Lé-se na sua ementa de entio o seguinte: “Acrescenta disposi- tivos & Lei n. 9.028, de 12 de abril de 1995, que dispbe sobre o exer- ‘cfcio das atribuigGes institucionais da Advocacia-Geral da Unido, ¢ 44 outras providéncias”. Nao me volto, pelas razSes que jé escrevi, as alteragGes intro- duzidas na Advocacia-Geral da Unido. Verdadeiro convite, destarte, anem sequer ter lido aguela medida provis6ria. Sua ementa é clara. Ela ndo diz respeito ao objeto do meu estudo. Uma passada de olhos que se dé naquele texto normativo, no entanto, revela o que estava por detrés das “outras providéncias”: um novo art. 1%-A na Lei n. 9.494/97, dispensandoas pessoas jurfdicas de direito piblico federais, estaduais e municipais de depésito prévio para interposi so (art. 3°), A primeira reedigéo da medida, n. 1.798-1, de 11 de Fevereiro de 1999, manteve as mesmas modificagses ¢ foi além. Alterou 0 Cédigo de Processo Civil (especificamente 0 regime da agao resciséria, arts. 485 188), acrescentou novo art. 4*-A a Lei n. 8.437/92 para admitir 0 2 cabimento, a qualquer tempo, de ago cautelar em agto resciséria proposta pelo Poder Piblico desde que caracterizada a plausibilidade juridica da pretensio e introduziu dois novos artigos (22-A €2®-B) na Lein, 9.494/97, disciplinando as ages coletivas eas que tenham como objeto liberagao de recursos, incluso em folhas de pagamento ¢ situ- ‘ag6es afins quando propostas contra o Poder Pablico. ‘Sua ementa, € verdade, também foi alterada, alertando para as novidades. Nenhum outro aviso, entretanto, de que a “reedigao” da medida proviséria era, em verdade, um novo ato, que trazia em seu corpo dispositivos até entio inéditos no ordenamento processual brasileiro. Tanto assim que sua numeragSo conservou-se intacta. Essa “versio” da medida provis6ria manteve-se durante as trés reedigdes que se seguiram, até a de niimero 1.798-5, de 2 de junho de 1999, Nesta, talvez em fungao da Agdo Direta de Inconstitucionalida- den. 1.753-2/DF e, especificamente, da n. 1.910-1/DF (v.notas 1 e3, infra), a8 modificagoes do Cédigo de Processo Civil relativamente & ‘ago resciséria nlio foram repetidas, Destaco que, no obstante tena sido modificado o texto da medida proviséria (subtraido o art. 1% in- troduzido desde sua I* reedi¢ao), a mesma numeracdo foi mantida, Em 29 de junho de 1999 — dentro do mesmo més de vigéncia da versio anterior ~~, a medida provis6ria foi reeditada, dessa vez sob ondmero 1.906-6. Ntimero diverso, texto e ementa rigorosamen- te iguais. Diante disso, alguém perguntaré 0 porqué da alteragio do niimero do ato presidencial. Subscrevo a questéio no aguardo de uma resposta®. Essa situagio se manteve até o més de novembro de 1999 (Medida Provisoria n, 1.906-11, de 25-11-1999). 3. Pode ser coincidéncia, mas fo justamente na alera;do do “aime da séele” ‘que ago direta de inconsttucionalidade proposta contra essa medida fi julgada pre Judie. Com efeito, desde sua 2 reedigio, em margo de 1999, © Partido dos Traba- Tadores haviaajuizado, contra a medida a Agfo Dieta de Inconsiucionalidade |L9T4/DF, distibuida ae Ministro Mauricio Cortés. Desde a terccira edigfo,o autor da ‘ago aditouainicial para “adequé-a” ao preceito mais reveme, como sempre fol ex- ldo pela jursprud2ncia do Supremo Tribunal Federal (¥. note 2.60 Capitulo V). No ‘entanto, 08 aditamentos foram suspensos com & “altereefo" do nimero da série para 1.906, 0 que fez com que a acto perdesse seu objeto, tendo sido julgada estinta em 16 de agosto de 1999 (DIU, 23 ago, 1999, p. 21). Contra 2 primeira reedigdo 3 a SS ‘A cdigdo do més de dezembro de 1999 (Medida Proviséria n. 1,984-12, de 10-12-1999) foi a tinica da série, desde o inicio de sua publicagdo, em que ha uma “coincidéncia” entre a alterago da nu- ‘meraco, de set texto e de sua ementa. Com efcito, na edigio do més de dezembro daquele ano, a me- dida trouxe uma inovagao com relagao as demais, acrescentando um § 320 ant. 19 da Lei. 9.028/95, que ata da ee da Inigo, e nao apenas um art. 19-A ao mesmo diploma legal, a exem- mo do que se Verificou com todas as anteriores (art. 3* da Medida Proviséria n. 1.984-12, de 10-12-1999). Em janeiro de 2000, uma vez mais sem qualquer alteragio da numeragdo da medida exceso do digito indicativo da reedicao, foram acrescentados dois novos pardgrafos (8§ 4° ¢ 5*) a0 art. 4° da Lei n. 8437/92, tratando do pedido de suspensao (em verdade, do novo pedido de suspensio ou do pedido de “suspensto da niio-sus- pensio”). Isso se repetiu na 14* ediglo, de 10 de fevereiro de 2000. ‘Um comentario: como as novas regras foram introduzidas na Lei n. £8.437/92 (a exemplo do que j4 vinha ocorrendo, desde fevereiro de 1999, a respeito da aco cautelar em resciséria proposta pelo Poder Piblico), acabou sendo mantida a mesma ementa, designativa da alteragio de dada lei e ndo do conteddo da alteragio. ‘A Medida Proviséria n. 1.984-15, de 9 de marco de 2000, com ‘o-mesmo miimero da “série” inaugurada em dezembro de 1999, acres- ccentou mais um dispositivo, até entdo inédito, & Lei n. 8437/92: 0 § 4 doart. 12 desse diploma legal, que se refere &s providéncias a serem tomadas quando da concessao de liminar contra 0 Poder Public. ‘Adianto que nao tenho diividas de que esse novo § 4 relaciona- se intrinsecamente comos novos §§ 4#¢ 5#do.art. 4#daLein, 8437/92, que, desde a edigao do més de janeiro de 2000, passaram a incor- porar 0 texto da medida proviséria em exame. No entanto —¢ é esta a énfase que quero fazer agora —, set aparecimento, somente na 15* edigdo da medida, € inexplicdvel. Do nada — literalmente — uma ‘Ga medida fol ajuizada a ADI 2.092-T/DF pela Confederagéo dos Servidores PAbli- ‘0s do Brasil, também distribuida a0 Ministto Mauricio Cortéa, e que nfo foi co- shecida. 4 das reedigdes da medida provis6ria criou novo dispositive com forga de lei sem nem sequer haver distingdo quanto a sua numeracao. A 16" edigio, de 6 de abril de 2000, nao 6 trouxe diversas al- teragGes a0 quadro da Advocacia-Geral da Unifio e de seu relaciona- ‘mento com diversos 6rgaos da Administragdo indireta— no particu- Jar, bastante difundidas pela imprensa, & época ~ mas, também, acabou inovando de forma radical com relago as quinze edigées anteriores no que diz. respeito ao “direito processual publica”. Foram, com efeito, diversos os novos dispositivos incorporados a Lei n, 8.437/92, incluindo tés outros novos pardgrafos em seu art 4%, ¢ prevista a possibilidade de efeito suspensivo ao agravo de que trata 0 § 3° desse mesmo dispositive legal, tudo com relagao a0 pe- ido de suspensao. Mas as modificagées determinadas pela Medida Proviséria n. 1.984-16, de 6 de abril de 2000, foram muito além. Introduziu-se um. novo § 5? no art, I? da mesma Lei n. 8.437/92 (liminares e compen- ssacdo de tributos) e se acrescentaram novos parigrafos a Lei da Acao Civil Publica (Lei n. 7.347/85) ¢ & Lei de Improbidade Administra- tiva (Lei n, 8.429/92) regulando a reunido dessas agdes nas condigbes que disciplina. Nem sequer 0 Cédigo de Processo Civil permaneceu 0 mesmo com a nova reedi¢ao. A medida proviséria acrescentou um art. 1B a Lein. 9.494/97, que dilata o prazo para apresentagao dos embargos a execugo (por quantia certa) contra a Fazenda Publica (CPC, art. 730). Mais: estabeleceu prazo prescricional de cinco anos nas condi- 0es do novo art. 1°-C da Lei n. 9.494/97 e até acrescentou um pard- grafo Unico ao art. 467 da Consolidagao das Leis do Trabalho, ‘Tratou-se, em suma, de nova medida provisdria, substancial- ‘mente diversa de todas as que a precederam. Mas —e aqui o proble- ‘ma— sem nenhuma alteragdo formal ou externa; sem nenhuma in- dicagdo de que se tratava de ato diverso dos demais. Nem sequer seu rimero, friso este ponto, foi alterado a titulo, senio de alerta, 20 ‘menos de aviso. No que me interessa para este trabalho, outrossim, a ementa ¢ idéntica: como as novas regras foram introduzidas em diplomas legais que jé estavam sendo alterados anteriormente, ne- nhuma modificagdo extema péde ser constatada. & bastante oportuno, no particular, o exame dessa reedicio, Como o despretensioso histérico desenvolvido até aqui é capaz de demonstrar, a excegtio da Medida Provis6ria n. 1.984-12, de 10 de dezembro de 1999, que inaugurou uma “nova” série em fungao de alteragGes de conteido, em todas as demais tais mudangas substanciais, do coincidiram e ndo foram designadas ou apontadas por novas numeragdes, 0 que, evidentemente, s6 serve para criar maior dificul- dade no manuscio, na interpretagdo e, mesmo, na assimilagio desses textos com forca de lei. ‘A proxima reedigio da medida proviséria — a de némero 17, de4 de maio de 2000 — trouxe mais uma modificagio 20 Cédigo de Proceso Civil (um novo pardgrafo Gnico no art. 741), norma que estava sendo veiculada por outa série de medidas provis6rias, ento com o ntimero 1.997-37, de 11 de abril de 2000, ¢ que foi “congela- da” com 0 niimero 2.183-56, de 24 de agosto de 2001. No mais, manteve, consolidando, as substanciais alteragbes da edigo anterior, Aquela reedicao, destarte, manteve 0 némero da série, a0 mesmo tempo em que trouxe modificagdo para o Estatuto Processual (que ‘nem sequer diz respeito, especificamente, ao Poder Pablico em juizo, ‘a0 contrario das demais — v. item 8 do Capftulo VII), embora, € certo, stia ementa indique isso. Foi com base nessa reedigio, a Medida Proviséria n. 1.984-17, de 4 de maio de 2000, que a 1¥ edigao deste trabalho veio a piblico. ‘A reedigio seguinte, a Medida Proviséria n, 1.984-18, de I" de junho de 2000, alterou bastante as versdes anteriores. Sobretudo naquilo que diz respeito ao pedido de suspenséo. ‘Aquela reedigao introduziu trés alteragées significativas na disciplina do instituto, Modificou a redagao dos §§ 3#¢ 4°—e incluiu umnovo § 5#no art 4° da Lei n. 8.437/92, que criou o que denominei, a época, “novissimo pedido de suspensio”. Interessante destacar que a redago entio dada ao precitado § 4° dava azo a interpretago de que particular poderia também valer-se do novo pedido de suspen- io para algar-se &s Cortes Superiores. Por razSes evidentes, isso no {foi repetido nas reedigbes subseqlentes da medida proviséria (v., a respeito, 0 item 5.4 do Capitulo Il). 6 Outras modificagées foram experimentadas também. O art, 24-A da Lei n. 9.028/95 ganhou um novo pardgrafo tnico a respeito daisengio de custas em casos que versassem sobre o FGTS. Também © art. 2A da Lei n, 9.494/97 (agbes coletivas e o Poder Piblico) ganhou nova redaglo, embora, parega-me, de cunho mais redacional do que substancial A 18*reedigdo da medida provisoria, outrossim, veio com dois, novos artigos. De acordo com sewart. 11,0 Advogado-Geral da Unio passou a ter competéncia para dirimir controvérsias em sede admi- nistrativa. O art. 12, por scu tumo, passou a dispensar o reexame necessério em algumas hipSteses que enumera. A Medida Provis6rian, 1.984-19, de 29 de junho de 2000 (note- se que ela foi publicada em plena vigéncia da reedigo anterior), trouxe duas outras novidades para o pedido de suspensio: nova re- dagdo para o § 2° do art. 4* da Lei n, 8,437/92 (oitiva do Ministério Pablico em 72 horas) ¢ nova redacdo para o § 4° do mesmo disposi tivo de lei, impedindo que 0 “segundo” ou “novo” pedido de suspen- so pudesse ser formulado por quem despido de legitimidade para formular 0 “primeiro” pedido de suspensio. __ Arteedicdo seguinte, Medida Proviséria n. 1.98420, de 30 de julho de 2000, trouxe trés novidades para a série. Suprimiu o pardgra- fo nico do ar. 2°-B da Lei n. 9.494/97 (uma verdadeira aberragao)’, deu nova redagio ao pardgrafo Gnico an. 741 do Cédigo de Processo Civile acrescentou texto ao § 4 do art. 11-A da Lei n. 9.028/95, que diz respeito & estruturago da Advocacia-Geral da Uniao. A Medida Provis6ria n. 1.984-21, de 28 de agosto de 2000, nfo trouxe, ao contrério das que Ihe precederam, qualquer novidade & série até entio existente. Tratou-se, verdadeiramente, de copia da ‘versdo imediatamente anterior. A reedigio seguinte, Medida Provisoria n. 1.984-22, de 27 de setembro de 2000, foi responsdvel pela unificagao dos regimes dos “novos” pedidos de suspensio. Incorporando a Medida Proviséria ____ 4. Aredagio do dispositive era a seguint: “Parigrafo Unico, A sentenga profe- sida em ago cautelar 56 poders ter carte stisfativo quando transitada em juga a semtenga proferida na agao principal". Sobre o assunto, v0 item I do Capitulo V. 7 el 1. 2,059, publicada no dia 8 de setembro daquele ano, ela estabeleceu que as regras do “novo” pedido de suspensio deveriam ser aplicadas iambém ao mandado de seguranga ¢ nao apenas as ages cautelares ou pedidos de tutela antecipada formulados contra a Fazenda Pabli- cca. Fez isso criando os §§ 18 ¢ 2° do art. 4 da Lei n, 4.348/64. ‘Também subtraiu da nova edigao os dispositivos considerados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento da liminar da Agdo Direta de Inconstitucionalidade n. 2.251/DF (0 ori- ginal art. 42, § 79, ¢ 0 art, 4®-A, ambos da Lei n. 8.437/92). No mais, introduziu o art. 8%-D na Lei n, 9.028/95, que diz respeito & estrutu- ragdo da Advocacia-Geral da Unio, e veio com um art. 15, que dispde aplicar-se & agdo rescis6ria 0 poder geral de cautela de que trata 0 art. 798 do Cédigo de Processo Civil, a meu ver uma afronta ‘velada 20 julgamento do Supremo Tribunal Federal na referida agao direta de inconstitucionalidade (v. item 5 do Capitulo V). ‘A Medida Provisoria n. 1,984-23, de 26 de outubro de 2000, era idéntica & que lhe antecedeu. A reedigdo seguinte, n. 1,984-24, de 23 de noverbro de 2000, publicada no Didrio Oficial da Unido do dia 24 de novembro de 2000, no trouxe qualquer novidade relevante para este estudo, Suas rengas se comparada com a reedigao imediatamente anterior dizem respeito, apenas, a questdes de direito transitério, em especial a ab- sorgao da Medida Proviséria n. 2.059/00 pela Medida Proviséria n. 1.984-22/00. O miss de dezembro de 2000 viu a série da medida proviséria de que me ocupo ser reeditada duas vezes sem maiores explicagbes. A.25t edict, de 21 de dezembro de 2000, trouxe umas poucas novi- dades com relago & estruturagao da Advocacia-Geral da Unido ¢ & Consolidagao das Leis do Trabalho. A reedigao que se seguiu seis dias depois, em 27 de dezembro de 2000, conservou o mesmo texto ‘mas ganhou um novo nimero. Desde eto, a Medida Provis6ria n. 1.984 passou a ser Medida Proviséria n. 2.102. Ninguém sabe off- cialmente por que. A Medida Provis6ria n, 2.102-27, de 26 de janeiro de 2001, que se seguiu, Veiculou alteragGes impertinentes para 0 corte metodol6gi- co deste trabalho. Essa situagdo de calmaria legislativa durou por mais 8 trés meses, em que foram editadas a Medida Provis6ria n. 2.102-28, de 23 de fevereiro de 2001, a Medida Provis6ria n, 2.102-29, de 27 de margo de 2001, ¢ a Medida Proviséria n, 2.102-30, de 26 de abril de 2001. A 3l*edigao (datada de 24-5-2001) estabilizou, porassim dizer, ‘0 “novo” pedido de suspensto, dando aos §§ 4*e 5° do art. 4? da Lei 1. 8.437/92 sua atual redacdo. No mais, ela impbs pequenas alteracSes na Lei n, 9.028/95, que trata da Advocacia-Geral da Unido. No primeiro aniversério dos “adendos” a I" edigao deste trabalho, a Medida Provis6ria n. 2.102-32, de 21 de junho de 2001, limitou-se a criar treze novos cargos em comissio na Advocacia-Geral da Unio nos termos dos pardgrafos do entio recém-incluido art. 13, A reedigo seguinte manteveintacto otextoda versio de21 de junho de 2001. Por razdes que no se explicaram — talvez alguma causa rela- tiva & “logistica” das reedigdes das medidas provissrias — a medida provistria trocou de mimero. Foi em 29 de junho de 2001 (sim, apenas oito dias depois) que ela ganhou sua numeragao definitiva, 2.180. Em 28 de julho de 2001 foi publicada a pendiltima reediga0 do ato (Medida Provis6ria n. 2.180-34), que veio com um novo art. 16, disciplinando cargos da Advocacia-Geral da Unido e corrigindo um erro de ortografia do art. 12, que se referia, até entio, a duplo grau de jurisdigao abrigatério. ‘A Media Provis6ria n, 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, como cera previsto a época, trouxe uma série de novidades. Previsivel porque se avizinhava 0 dia em que se promulgaria 0 que veio a ser a Emen- da Constitucional n. 32, de 11 de setembro de 2001 ¢ é era certo que haveria uma norma de transigao infame, que “conservaria” como leis, todas as medidas provis6rias até entdo editadas. Tratou-se, inequivo- camente, de se estabelecer um “direito adquirido” as medidas provi- sdrias até entSo criadas. Transformaram-se “medidas provis6rias” em. medidas “nao provis6rias” ou, de forma mais dircta mais incisiva, ‘em medidas permanentes. Fazia tempo, com efeito, que uma reedigao da Medida ProvisGria 12.180 nao vinha acompanhada de tantas novidades; de tantos “casos de urgéncia ¢ de relevlncia”, nos termos do art. 62 da Constituicéo Federal entio vigente. Nao havia como deixar de imaginar que, quando 9 See el se avizinhava a limitagio expressa das edigoes de medida proviséria — que se concretizou pouco tempo depois, com a promulgagio da Emenda Constitucional n, 32, de 11 de setembro de 2001 —, 0 Exe. cutivo preocupou-se em editar tantas quantas péde. Sabedor, nio tenho a menor diivida, do real (€ nico) conteido do art. 2° daquela {que veio a se tornar a Emenda Constitucional n. 32, verbis: “Art. 2° As medidas provis6rias editadas em data an. terior & da publicagio desta emenda continuam em vigor até que medida proviséria ulterior as revogue explicitamen. te ou até deliberagao definitiva do Congresso Nacional”, A leitura desse dispositivo & clara o suficiente para atestar que todas as medidas provisérias editadas até a publicagio da Emenda Constitucional n, 32 (12-9-2001) ficaram “congeladas” — mantidas, feitas “permanentes” — até ulterior deliberagio normativa. Inviéve] {que matéria processual — ou, de forma mais ampla, que diga respei- to a cidadania — seja veiculada por medida provisdria desde a atual redagio do art. 62 da Constituigao Federal (cf.0 $ 1°, Lae), aMe- dida Provis6ria n. 2.180 — a exemplo de tantas outras — esti, desde centio, estabilicada até ulterior deliberagio legislativa. Como toda e qualquer lei, portanto, que s6 vige até que lei posterior a revogue, cexpressa ou tacitamente (Lei de Introdugdo ao Cédigo Civil. art. 28), Assim sendo, por forga do art. 2® da Emenda Constitucional n, 32, de 11 de setembro de 2001, todas as medidas provisdrias entio pendentes de deliberagdo no Congresso Nacional ficaram instanta. neamente transformadas numa espécie legislativa sui generis, que nao consta do art. 59 da Constituigao Federal. Embora formalmente medidas provisérias, sua vigéncia e eficécia independem de qualquer prazo ou de qualquer manifestagéo imediata do Congreso porque passaram a ser permanentes. Se e quando o Congreso Nacional se manifestar, elas podem vir a ser revogadas. Mas — ¢ este € © ponto {que est claro no art. 2® da emenda, basta Ié-1o — qual lei sobrevive a deliberaco congressual em sentido contrério? ‘As novidades que s6 foram criadas para o ordenamento juridico nacional com a dltima reedigao desta série de medidas provis6rias foram as seguintes: O art. 4 da Lei n. 8437/92 ganhou um § 9 sobre a “ultra. atividade” do pedido de suspensio: a Lei n. 9.494/97 ganhou trés 10 heehee {I detras“b, "© “F) a respeito de varias assun- cmbargean Ament, honeririos de advogado em execugSes nio precast ela Fazenda, possibilidade de revislo oficiosa de GBee de, oe limitagdo de juros de mora a 6% a0 ano em condena ca Fazenda Publica. O art. 6%, de seu tumo, tratou de corrigir reiterate foi um desastre no ordenamento infraconstitucional ressee ag eno Bago da. ago civil pablica para a tutta dos inte- demai 80s ¢ coletivos pelo art. $3 do Estauto da Cidade. As renuuls alteragbes da Medida ProvisGria n, 2.180-35 nfo dizem Peito ao objeto deste estudo. Qual a finalidade desse despretensioso hist6rico? ct Apenas ‘evidenciar 0 que foi —e espero mesmo que tenha sido, Fedentnce de retomo — pritica coriqueira do nosso Executivo eres ttoduzir novos dispositivos em reedigdes (constantes¢, Proving sficadas pelo decurso de exiguos prazos) de medidas corn ala due trata de assuntos diversos, sem preocupasdo sequer fol intanatgto da numeragto respectva.E verificar qual dispostivo oe Moduzido por qual medida proviséria é pertinente, quando me Para saber a partir de quando esta ou aquela regra tem aptidao Pata ser aplicada a casos concretos. Outro dado justifica um hist6rico nestes moldes. nos, tOUve casos em que um mesmo dispositive — ou, quando me- uma mesma idéia legislativa — ocupava, simultaneamente, mais uma “série” de medidas provisérias. Assim, por exemplo, o que © art. 4-A na Lei n, 8.437/92%, que chegou a ocupar 0 corpo de foi a ne re [Nas aces rescis6rias propostas pela Unido, Estados, Distrito ara Maniipcs,bemcomo pels atargis undies intuiss poi Poder penn: trzade «pase jute da eter, poder bal + eee inPo. Concedes medida cautelar para suspend os efeitos de sentence ean” ive opomunide de cer algunas comideriges espe dese ‘50 meu Eeosseense ne. — Proviséria n. 1.798-3, de 8 de: aa de 1999, a rovsSria eantelpagae da tuela—dindmicado eet suspen. 7 ea cael eda execu provisria: -conserto para a efetividade do proceso, 341, pra onde oro Iherdade de veneer eos neesudo Mais Woeddamente, luz doa. 15 da Medida Proviséria n. 2.180 % oom lids Proviséria n. 2.180-35/2001, v0 tem 5 u outras medidas provisorias. Essas outras séries, diversas da sucesso 1,798-1.906-1.984-2.102-2.180, chegaram até as portas do Supremo Tribunal Federal por intermédio de agdes diretas de inconstituciona- lidade fundamentadas néo $6 na inexisténcia dos pressupostos auto- rizadores da edigao desses atos presidenciais mas, também, na vio- Jago aos princfpios da isonomia e do devido proceso legal, ambos constitucionalmente garantidos* ‘As liminares concedidas nas Ages Diretas de Inconstitucionali- dade n. 1.753-2/DF e n. 1.910-1/DF, acatando esses argumentos, suspenderam a vigéncia das modificagées do regime da agao resci- s6ria do Cédigo de Processo Civil no que dizia respeito & dilagao de prazo para ingresso daquela ago quando proposta pela Fazenda Paiblica, e quanto & nova hipétese entao criada para a rescisio do julgado: a super ou a subavaliagdo de éreas desapropriadas’. Certo que aquele dispositive, oart. 4%-A da Lei n, 8.437/92, foi declarado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (ADIn 2.251/DF), ¢, em seu lugar, veio 0 art. 15 da Medida Proviséria n. 1.984-22, de 27 de setembro de 2000. De qualquer sorte, ¢ relevante acentuar que & muito provavel que uma das finalidades da verdadei- ra confusdo de edigdes, reedigdes, alteragao de mimeros, desobedién- 6. Refiro-me, aqui, & Medida Proviséria n. 1.577-6, de 27 de novembro de 1997, reditads, posteriormente, sob o n.1.632-11, de 9 de abril de 1998, e que fi ‘objet da ADL 1.753-2. 7..De acordo coma Medida Proviséria n. 1.798-1, de 11 de Fevereiro de 1999, Medida Proviséria a, 1.798-4, de 6 de maio de 1999 (antecedidss, no particular, pela sétie de n, 1.$77-1.632-1.658-1.703-1.774), 0s arts. 18 ¢ 485, X, do Codigo 4e Processo Civil tiveram a seguinte redasto: "Art 188. O Ministéio Publico, a Unito, os Estados, o Distrito Federal, os Municipio, bem como suas autarquias € fundagbes, gozario do prazo: | — em dobro para recomer e sjuizar ago rescisSria;, ¢ I —em qusdruplo para contestar”e Art 485 (..) X —a indenizaséo fixada em agio de desapropriagio direts ou indireta for manifestamente superior ov inferior 20 prego de mercado objeto da agdo judicial. Essesdispostivos foram objeto da ADL 1.910-1, proposta pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil el. Min. Sepilveda Pertence, « ambos dveram sua vigéncia eutpensa I Interessante destacar, tedavie, que, a0 contrisio do que se verificou na ADI 1.753- 2IDF (¥. aeSrdo integral no Anexo ID), aqui a votagSo quanto & criagfo de nova hipstese de rescindbilidade nfo foi uniime. 2 cia de prazos de vigéncia e tudo 0 mais — da qual a série da Medi- da Provis6ria n, 2.180 € apenas wm exemplo — foi “evitar” ou “protelar” o acatamento (que se supée, evidentemente, imediato) de decisdes proferidas pela mais alta Corte brasileira. Por “coincidén- cia”, de decisbes que declaravam inconstitucionais determinadas ccriages legislativas que s6 beneficiavam o Poder Pablico em jufzo, jamais o particular. Volto ao assunto no Capitulo Y, item V. Estas consideragdes quanto as constantes reedigées das medidas e, como nunca deixei de acentuar desde a I* edigo do livro, um ra- zodvel confronto entre 0s Poderes Execativo e Judiciério (observado pela total omissdo do Legislativo) tém a aptiddo de conduzir este trabalho a caminhos diversos. Relevantes e urgentes, nfo nego. Mas ainda aqui nao € este o meu intuito® E que, como jé me justifiquei, nfo pretendo discutir a inconstitu- cionalidade das reedigdes dessas medidas provisorias e, também por esse motivo (vicio de origem, inconvalidével), da derradeira delas, a Medida Provis6ria n. 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, e de seu congelamento pelo art. 2° da Emenda Constitucional n. 32/2001 ‘Tampouco pretendo tratar, em primeiro plano, a0 longo da exposigéo (reservando-me, contudo, uma proposta de aproximagdo em minhas 8. 0 Minisuo Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.799. 2UDE.ciente de que a medida proviscria havia sido reeditada, nfo obstante a deciséo tundnime do Plenério daquela Corte quanto a sva inconsitucionalidade, essim se pronunciou: “Em primeiro lugar, nfo vejo no eto de Sua Exeeléncia o Presidente da Repiblica, Fernando Henrique Cardoso, desrespeito a decisio desta Corte Frente ao principlo da rezoabilidade, conducente a presumir-se 0 que normalmen- te ocorte e no o excepcional,oextraordindrio, obsurdo, oteratol6gico, enho que passou despercebido & Sua Exceléncia, quem sabe por falha da assessora,arecen- te decisio do Plenério deste Tribunal, por sinal prolstada a ums s6 vor. No julga- mento do pedido de concessio de liminar na Agio Direta de Inconsttucionalidade 1. 1.117-1/DF, 0 Pleno desta Suprema Corceassentou que, ocorrendo a reedicao da medida provisora, mepetindo-se, por isto ou aquilo, 0 preceito que howvera sido suspenso, cabe ao proprio relator a antomética extensto da medida acauteladora ante do requerimento do Governador do Estado do Amazonas ¢ cotstatando-se que Se repetu, sem alteragio de vegule, a norma que o Plenéio, em exame preli ‘minarconsiderou conflitante coma Carta da Republica, procedo i extensto cabivel” G. 16-4-1998), reflexdes finais), do relevante tema relativo & inconstitucionalidade estes ¢ tantos outros atos presidenciais pela (patente) inexisténcia dos pressupostos constitucionais autorizadores de sua edicfo a luz do art. 62 da Constituigao Federal na sua redagao primitiva. Hi farto e preciso material doutrindrio a respeito do tema, des- necesséria a mengio de qualquer um nesta sede. Do ponto de vista jurisprudencial, a leitura do acérdao que deferiu a medida cautelar na Agio Direta de Inconstitucionalidade n. 1.753-2/DF, j4 0 referi, é imprescindivel. Daf, repito, sua transcrigao integral como anexo deste trabalho. que me interessa neste trabalho, pois, nao é a discussio cen- tral da inconstitucionalidade da medida proviséria, de suas reedigées, de sua “estabilizagio” com 0 advento do art. 2° da Emenda Consti- tucional n, 32/2001 ou de qualquer outro vicio deste jaez. Até porque minha opinido sobre a constitucionalidade ou nao dessa medida é, para mim, menos importante do que minha tentativa de interpreté-la (desvendé-la) e sistematizé-la, considerando que ela & um fato jurt- dico, Relevante e urgente, para mim, sempre foi, ¢ continua sendo, (tentar) decifrar todas as modificagdes relacionadas & atuagao do Poder Pablico em jufzo que se tomaram leis —~ inegavelmente leis —com a promulgacao da Emenda Constitucional n. 32/2001. Com essas consideragées, dou inicio a minha empreitada ana lisando o novo regime do pedido de suspenso criado pelas diversas ‘modificagdes introduzidas na Lei n. 8.437/92, desde janeiro de 1999, , a partir de setembro de 2000, também na Lei n. 4.348/64. Nos capttulos que seguem abordo as demais modificagoes trazidas pela medida provis6ria no ambito do direito processual publico, tratando de cada um dos temas em capitulos separados, designados pelas novidades respectivas. 4 Cartruco IL O NOVO REGIME JURIDICO DO PEDIDO DE SUSPENSAO 1. CONSIDERAGOES INICIAIS Feitas as consideragoes preambulares que me ocuparam até aqui, ¢ tempo de dar inicio minha proposta de sistematizagdo das novidades trazidas ao direito processual piiblico pela Medida Proviséria n. 2.180- 35, de 24 de agosto de 2001, e estabilizadas pelo art. 2° da Emenda Constitucional n. 32, de 11 de setembro daquele mesmo ano, Uma primeira preocupagdo que me ocupou na I* edigéo do trabalho dizia respeito ao Ambito de aplicagao dos novos dispositives incorporados ao art. 4° da Lei n. 8.437/92 o pedido de suspensio Id regulado. Seriam eles aplicaveis em qualquer caso de “liminar” ou de “sentenga” concedida contra o Poder Paiblico? A questiio ée continua sendo pertinente, porque a Lei n. 8.437/92 trata de medidas cautelares contra 0 Poder Pablico, 0 que nao pode ser tratado indistintamente on confundido com a liminar (ou senten- ga) em mandado de seguranga, tampouco (e por definigao) com © instituto da antecipagdo da tutela, mesmo a luz do novo § 72 do art. 273 do Cédigo de Processo Civil, af inclufdo pela Lei n. 10.444, de 8 de maio de 2002, que criow uma espécie de fungibilidade entre essas duas medidas. Ademais, 0 § 18 do ant. 4* da Lei n. 8437/92 —que no sofren qualquer alterao pela Medida Provis6ria n. 2.180- 35/2001 —refere-Se 8 aplicagio do regime de suspensio as sentengas proferidas em ages cautelares inominadas, ages civis puiblicas ¢ agbes populares. ‘Tive a oportunidade de sustentar que as inovagdes introduzidas no art, 4° da Lei n, 8.437/92 até o advento da Medida Provis6ria n 2.059, de 8 de setembro de 2000, no tinham eplicabilidade as 15 liminares (e sentengas) proferidas em mandado de seguranga. Isso por uma ra2io sistematica e simples. A Lei n. 8.437/92 ndo trata e nunca tratou do mandado de seguranga, e, nessas condigdes, invi- vel entender a nova disciplina nela incorporada para aquela outra ago sem expressa e inequtvoca temissao legislativa e, mesmo assim, desconsiderada a evidente’pecha de inconstitucionalidade de uma tal iniciativa. Diferentemente, as novidades entio incorpo- radas 4 Lei n. 8.437/92 aplicavam-se aos pedidos de antecipacio de tutela formulados contra o Poder Publico com fundamento nos arts, 273 e 461, § 34, do Cédigo de Processo Civil, mereé do art. 18 da Lei n. 9.494/97, que, expressamente, cria um todo sistemati- co entre aqueles dois diplomas legislativos. Reputo oportuno, a respeito, transcrever o texto original da 1* edigdo, que bem reflete as razGes de meu convencimento, com as notas que lancei na ocasitio: “Embora a epigrafe deste diploma legal refira-se, ex- pressamente, a cautelares, seu art. 1° trata especificamente de ‘medida liminar contra atos do Poder Publica, no proce- dimento cautelar, ou em quaisquer outras ages de natureza ‘cautelar ou preventiva’. Lé-se no art, 4° da mesma Lei, por ‘sua Vez, ‘liminar nas ages movidas contra o Poder PAblico’, ‘sem qualquer outra delimitaco de aplicagéo material. Diante disto, ¢ aplicével o regime criado pela Medida Proviséria em comento a medidas liminares (e, por identi- dade de razdes a medidas antecipat6rias) em quaisquer ages propostas contra o Poder Pablico, af incluidos 0 mandado de seguranga e antecipagio da tutela? Sio diversos, embora minoritérios, os autores que negam natureza juridica cautelar liminar cabivel em man- dado de seguranga (Lei n. 1.533/51, art. 7%, Il). Estes auto- res sustentam ser antecipatéria aquela providéncia, na medida em que representa a prépria antecipagao do pedido formulado naquela agao'. 1. ¥. meu Liminar em mandado de seguranca: un tema com variagBes, p. 84.5, notas 15 a 18, 16 No meu Liminar em mandado de seguranga: um tema com variagdes, sustentei inexistir uma natureza juridica xa para a liminar em mandado de sepuranga, Sua verdadeira natureza juridica s6 € passfvel de verificagao a partir da com paragio, em cada caso concreto, do pedido formulado a titu- Jo de liminar com o pedido formulado a titulo final (0 mérito da ago, portanto). Em havendo identidade entre ambos, prevalece a natureza antecipatéria da medida. Em havendo mera referibilidade entre os dois, a natureza da medida limi- nat, ao menos preponderantemente, 96 pode ser cautelar’. Dentre as diversas conseqiiéncias da identificagao des- ta natureza casuistica da liminar em mandado de seguranca acabei por afasté-la do Ambito de aplicagio da Lei n. 8437/92. Coerente com esta conclusdo outrastantas se seguiram como, por exemplo, a ilegitimidade do Ministério Pablico para formular 0 pedido de suspensdo de liminar proferida naque- Ja ago nos termos do art. 4°, caput, daquela le? Por identi- dade de raciocinio sustentei que 0 prazo para 0 agrava inter: ‘no do ato que concede a suspensio da liminar em mandado de seguranca é de dez dias € no de cinco como disciplina 0 § 38 do art. 4°da mesma Lei n. 8.437/92, prevalecendo, assim, ‘em sua integralidade, o regime juridico da Lei n. 4348/64 para os pedidos de suspensfo de liminar ou sentenga em ‘mandado de seguranga enderecados aos Tribunais dos Esta- dos ou aos Tribunais Regionais Federais*, Em suma, sempre me pareceu acertado 0 entendimen- to de que a Lei n. 4.348/64 (que estabelece normas proces- suas relativas ao mandado de seguranga) ¢ a Lei n. 8.437/ 92 (que estabelece normas processuais relativas &s ages 7b ex inna manda de seuranga tn tema cn rigs, $850 5. ¥. mew Lininar em mandedo desegaranga: um tea om vaittes. 2s46 bret en do ao et eo Pride Gea Sapem ibn federal com fundamen no a. 25. caput, aL n 8.03890 {me Lninarem manda de segura um tena comsarigies, 9.282 253, alerand posiioarento constant da Peg 7 et nn a a pee eee eee reece ee ee ene reba rete ee eeee eae ene Heee eee eee ene eee Erbe eee ene eSeeEe cautelares contra o Poder Pablico) no se comunicam, ‘mantendo, cada uma delas, seu campo de incidéncia restri- to, leis especificas que sao. Se corretas, estas observagées, agora tomadas como premissa, conduzem, necessariamente, & conclusio de que as mais recentes modificagies trazidas & Lei n. 8.437/92 rndo alteram o regime juridico da suspensto de liminar ou de sentenga (ou acérdio, em se tratando de impetracao originéria) relativa a0 mandado de seguranga. Seu campo de aplicagao € restritoas ages regidas ou passtveis de serem regidas por aquela lei espectfica, que diz. respeito, tecnica- mente, as agbes cautelares propostas contra 0 Poder Pabli- co, af exclufdo, sistematicamente, omandado de seguranga, diante da Lei n. 4.348/64, exaustiva neste particular. Reconhego que a natureza jurfdica da tutela antecipa- da € inconfundivel com a natureza juridica da cautelar’ ‘Mesmo assim, nao posso deixar de admitir que as inovagoes trazidas a0 pedido de suspensdo comunicam-se as decisdes antecipatérias de tutela proferidas contra o Poder Piblico, com esteio nos arts. 273 ou 461 do Cédigo de Processo Civil, e aos pedidos de sua suspensto daf decorrentes. Com efeito, a Lei n. 9.494/97 (que adotou a Medida Proviséria n. 1.570/97), ao ‘regular’ (rectius, restringir) 0 cabimento da antecipacio da tutela contra o Poder Paiblico limitou-se a invocar, expressamente, a aplicabilidade da Lei 1. 8.437/92 ao instituto da antecipagao da tutela. Situagdo bastante diferente, destarte, se comparada com a Lei n. 4.348/64 a disciplina do mandado de seguranga Desta forma, os novos parégrafos introduzidos no at. Venoart 4° desta Lei n. 8.437/92 sao aplicéveis 2 anteci pagdo da tutela proferida contra o Poder Péblico, por forga do art. 1®da Lei n. 9.494/97. 5.¥. Luiz Guilherme Marinoni, A antecipagdo da tutta, p. 86 s.,e Tatela antecipada nd € tutelacautelar, em Revista de Processo, v.74, p. 98-101, So Pau- To, Revista dos Tribunals, 1994, i fo &naturezajuridica Nao porquehaja identidade quanto? dda tuts qauteac ou dattelaanecipatria, Mas porae 5 ten entendeu que 0 esto rezime uti destinado Mes canclres contra o Poder Pablico poder 5 2s gto para os cass de anteipaytods ttle diiigos Frenne Publics e asim odeterinot ees Tolar a tuela antecipatsria, ; earn sendo tratadas como diferentes esésis &¢ UO : as em cosni nero (tutelas urgentes baseadas et de presigind cout”. Tetamer’o “Strum este que, de ee frend, poseriaaté eV eTE cde medidas liminares em eseguran- Snes we Tege lata, inaplicdve, pels razbes que 38 ne : eno entend que ets novos cspsivs 266 ios wal cn, 8 437/92 aplicams¢ ao pedido de supensio ce edo I¥doat, 12 daLein.7 347185 Lei da gio Gout Publica. A here da Le a. 8437/92 evidencia Ue © ee agdo civil pblice no foi posto 8 seu arg 98+ ar ae naa. utlizado apenas etio-somente como Pa saan movelo, acontrério do que se deu com relagio 20 met alo de seguranga. Desta forma, a ag civil pabies ae flidade de concessao de liminares desfavordve a pospgjo ex vi doar, 12 de sualei de regencia incisive eon der Pablico) nfo éavessa is diretrizes dae! n- Seeyi792, senda ela aplicéveis as novas disposigdes este artigo. ; aerator raz80, nfo pode haver qualquer duvide quant Binidencia do novo regime em foro 8 senenga = panne omentum Teens ec cose” ose Re ei ive de teratn0),®22) oe 19 proferida em agio civil publica contra o Poder Piblico. Me- ros por forga da incidéncia sistemitica dos dispositivos da Medida Provis6ria & Lei n. 8.437/92, na linha do que escrevi no pardgrafo anterior e mais diante do que, expressamente, dispoe 0 § 1 do art 48 da Lei n, 8.437/92: ‘Aplica-se o dis- ‘posto neste artigo & sentenga proferida em proceso de aco cautelar inominada, no processo de ago popular ¢ na avo civil piblica, enquanto nao transitada em julgado’. Por identidade de razées e & mingua de disciplina es- pecifica (a0 contrério do que se verifica, repito, com relago a0 mandado de seguranga), todo o sistema do pedido de suspensio, inclusive as modificagées de que me ocupo, & aplicével & aco popular. Seja para a possibilidade de con- cessio de liminar em seu bojo (Lei n. 4.717/65, art. 5*, § 48) — até porque o dispositivo vincula a possibilidade de limi- nar a defesa do ‘patrimOnio piblico’ —, seja para a senten- ga que a julga procedente (Lei n. 8.437/92, art. 4%, § 19)*. ‘Assim, com a ressalva do mandado de seguranca, a nova disciplina do pedido de suspensio, tal qual constante dos novos pardgrafos do art. 4# da Lei n. 8.437/92, tem incidéncia plena em se tratando de concessdo de liminares ou proferimento de sentencas em desfavor dos legitimados, a requererem a suspensio nos termos deste diploma legal (act. 4, caput)”. Estava correto. Realmente as novidades incorporadas na Lei n. 8.437/92 nao afetavam, necessdria e automaticamente, o mandado de seguranga e seu pedido de suspenséo. Tanto que, num belo domingo, logo depois do feriado nacional de 7 de setembro, editou-se a Medi- da Provisdria n, 2,059, de 8 de setembro de 2000, rapidamente ab- 8. Considerando, de qualquer sorte, que a sentenca que julgar 350 popular procedenteestésujita recurso de apelagio munido de efeto suspensivo (Lei a. 4717165, art. 19. caput), a tlidade do pedido de suspensto nestes casos é minlmi- ‘ada A respeito dessa relaso, v. meu Liminar em mandado de seguranga: um tema ‘com variagBes,p. 241 242. 9. 0 Pader Pibico em juzo,p. 27-31 20 sorvida na integra pelo art. 14 da Medida ProvisGria n. 1.984-22, de 27 de setembro de 2000. A fungao da Medida Proviséria n. 2.059/2000 do novel dispositivo da série de medidas provisérias de que aqui me ocupo era uma s6: estender ao mandado de seguranca as “novi- dades” relativas ao pedido de suspensio das ages cautelares ¢ aos pedidos de tutela antecipada contra o Poder Publico. O procedimen- to adotado foi simples: introduziram-se dois novos pardgrafos no art 4° da Lei n, 4.348/64"°. A Medida Proviséria n. 2.180-35/2001 con- servou esses dispositivos, na forma em que eles foram criados. Feitas as considerag6es introdutdrias, passo, nos itens seguintes, 1a me referir, invariavelmente, ao pedido de suspenso em agdes pro ppostas contra o Poder Publico, assim entendido, de um lado, a possi- bilidade de suspensdo de liminares proferidas em agdes cautelares, ages civis pablicas, agGes populares, decis6es antecipatérias da tute- Ia em desfavor do Poder Piiblico ¢ também mandados de seguranca. De outro, a todo aquele que detenha legitimidade para formular o pe- dido de suspensio. Qualquer comentirio que se desvie desse parime- to de exposigdo esté acompanhado de ressalva especifica. 2. O § 4* DO ART. 1* DA LEIN. 8.437/92: OTIMIZAGAO DA. ATUAGAO ADMINISTRATIVA O art. 1°, com seu novo § 4°, da Lei n, 8437/92, tem a seguinte redagio: “Art. I Nao serd cabfvel medida liminar contra atos do Poder Publico, no procedimento cautelar ou em quaisquer 10, O contexto ¢ 2s coincidncias(infeizes) que acompanharam 2 edigo da fei Proviséra n, 2.059/2000 me inspiraram a escrever um trabalho, que denomine| “Dependéncia e morte”, em fungo da data, que fo pubicado no Informative do Int ‘tuto dos Advogados de Sao Paulo, . 47 de outubro de 2000, Uma outa vers, com 0 nome “Inconsitucionalidade das novas regras da suspensio de iminar em mandado de seguranga’, foi publicada no v.64 da Revista do Advogado,publiasio da Associagzo dos Advogades de Sio Paulo, p. 20-33 e republicada na I edigs0 de mes Mandado de seguranca,p. 391-420, € uma derradeira versio, com tulo "As novasregas da sus- pensic de liminar em mandado de seguranc’ foi veiculada na obra coletiva Aspecias ppolémicos earuais do mandado de seguranca— SI anos depis, p. 188-219. 21 outras ages de natureza cautelar ou preventiva, toda vez que providéncia semelhante tio puder ser concedida em ages de mandado de seguranga, em virtude de vedacao legal. § 4° Nos casos em que cabjvel medida liminar, sem prejutzo da comunicagéo 2o dirigente do Srgio ou entidade, orespectivo representante judicial dela seré imediatamente intimado”, : 0 dispositive menciona “6rg0” ou entidade jurfdica. E-correto co emprego desses termos? ‘Como se sabe, “6rgio”, por definigdo, nao tem personatidade juridica para figurar em juizo, desmembramento burocrético que € da Administragio"”. Dessa forma, réu da aco proposta é a pessoa juridica ou a entidade a que se refere o dispositivo em comento. “Entidade”, reconheco, deve ser tomado como termo sinénimo, a0 menos no contexto desse novo pardgrafo, ao de pessoa juridica, eque, portanto, pode ser ré de qualquer ago. Nunca, entretanto, “6rgio”. Se dentro da pessoa juridica, em atengao a sua estruturagao intema, determinado assunto pertence a este ou aquele “6rgéo” tal questio € indiferente & correta formagio da relacdo processual em jufzo, €, portanto, ndo pode ser oposta ao Poder Judicidcio. ‘Apesar dessa considerag6es, nao considero errado o emprego do termo, Pelo contrétio, quero entendé-1o proposital e indicative do real 11, “Orgs so unidades abstratas que sntetizam os vis circulos de atr- buiges do Estado Pore aay, tal como o proprio Estado, de entdades eis, porém absatas (res de razto), no tm vomade nem ago, no seatid de vida psiquica co antnica prbprias que estas, 5605 Stes bioligios podem possut-las. De fata, 0s gos no passam de sinples epartgges de aubuigées, € nada mais" ..) "OS exis no passam de simples parties interas da pessos eu ntimidade esata- sal inteprany, isto 6, slo tem personaliade juridical” (Celso Antonio Bandeira de Mello, Curso de direto administrativo,p. 122), "Na cetrlzagio, 0 Estado atva dlretamente por meio dos seus dros, sto é, das uidades que so simples repat- es imeriores de sua pesson e que por isto dele no se distinguem. Consister, Portanto, em merasdistibuigbesintemas de pesos de competncia ou sea, emt “desconcentapbes' sminiseativas.” (Celso Artbaio Bandera de Mello, Curso de direto adninistativo,p. 131). 2 | | | | significado do novo § 4*. Tanto que ele se afina com as definigdes que art. 1%, § 2%, I, da Lei n, 9.784, de 29 de janeiro de 1999, que regula o rocesso administrative no ambito federal, dé Aespécie. De acordo com © dispositivo, “érgio” é “a unidade de atuagdo integrante da estrutura da Administragio direta ¢ da estrutura da Administracao indireta”. De outro lado, o inciso TIdo mesmo § Ido art. I¢define “entidade” como “aunidade de atuagdo dotada de personalidade jurfdica”. Nessas condigées, estou convencido de que os termos emprega- dos pelo § 4° do art. 1° da Lei n. 8.437/92 querem se referir ao pro- possfvel de atvidades processuais. TipicaaplicagSo desse principio enconta-se em institutos como ani de processos em casos de conexidade ou continéncia (CPC, ‘art. 105),aprépriareconvengio, ao declaratériaincidente, iiscons6r ‘casos, a veunigo de duas ou mais eausas ou demandas num processo 86 nlo sf ‘apenas com vistas 8 economia, mas também para evitar decisdes contraditéras” (An- tnio Carlos de Aradjo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Candido Rangel Dinamarco, ‘Teoria geral do processo,p. 67).V.,larbém,a visio de Rosemito Pereira Lel acerca esse principio, em que enslice o persegnimento da isonomia na otimizagao da pres tagdo jurisdiional (Teoria geral do processo — primeiros estos, p, 93.4). ‘64, Este € um ponto que me ocupou anterormente no meu Liminar em man: dado de seguranga: um tema com variagdes, V1 112, quando acentuei qu. 0 16 Existe, entretanto, uma contrapartida & otimizagdo ou a canali- zagdo do processamento desses diversos pedidos de suspenstio em uma 56 decisio. As decisses passiveis de suspensio, bem assim a deciséo do Presidente do Tribunal, passam a assumir, nessa visio conjunta, peso social diverso do que se fossem tratadas como tnicas ou dissociadas de um contexto mais amplo. Em fungto do que consta desse § 8°, € impossivel deixar de considerar que, ao menos para fins de economia processual, tais pretensGes € situagdes meramente individuais acabam devendo ser tratadas de forma coletiva, a exemplo do que o sistema processual brasileiro prestigia com a Lei n. 8.078/90 (0 Cédigo de Protegio © Defesa do Consumidor) e a disciplina lé estabelecida para os direitos ou interesses individuais homogéneos®. Nessas condigtes até mesmo a necessidade do contraditério ‘que fiz eferéncia nos itens 3 € 8, supra, ganha dimensio ainda maior «¢ importancia fundamental para a devida aquilatacao e sopesamento dos diversos interesses em conflito, De um lado, 0 interesse publico a que se refere o caput do art. 48 da Lei n. 8.437/92, que em geral ‘vem Corporificado na pessoa que formula o pedido de suspenséo; de outro, o interesse piiblico subjetivado na decisio ou nas diversas, decisbes que reconhecem um direito a cada envolvido naquele con- texto, homogeneamente, e em fungdo do préprio sistema do proces- 80 civil brasileiro, coletivamente Sistema brasileiro, 0 nimero de decistes discrepantes sobre dada tese juridica € dliretamente proporcional 20 mimero de jufaes competentes para decidir a seu tes- pet. V, também, as consideragSes de Rodolfo de Camargo Mancuso (Divergéncia furispradencial e simula vinculante,p. 9-119), anaisando o principio da sonoma ‘partir da necessdria uniformiza;a0 de entendmentos dos Tribunais. 65, Ellen Gracie Norhflet (“Suspensio de sentenca ede liminar”,p. 191), a propésito do “velho” pedido de suspensio, no deixa de reconhecer, pertinentemen- te a essa nova disciplna, que, “Mesmo que presente o isco de dano & economia piblica, tal dano hi de ser significativo, Por vezes terse evado em consideraglo a reiteraglo de pedidos semelhantes, que no somatsrio representariam tal lesto de vulto, como exigea legislacso de reve 16. De cera forma, 0 mesmo ocorr nas hipdteses da suspensio de linrinar Proferida em sede de agdo civil pablica (Lei n. 7.347785, at 12, § 14, justamente n ‘Mesmo o tao propalado prinefpio nuclear do direto administra- tivo —a primazia do interesse piiblico sobre o interesse privado —, que eu mesmo fiz questio de enaltecer na busca de elementos que constitucionalizassem 0 pedido de suspensao diante da grandeza constitucional da liminar em mandado de seguranga, assume feigbes, inéditas neste contexto, a exigir, destarte, comrelata, fundamentada e Tegltima resposta do Presidente do Tribunal®” Esse novo dispositive, em suma, nfo pode ser tratado como mero instrumento de eliminagéo ou otimizagdo da burocracia inerente 20 desempenho da funcio publica. Trata-se, sim, de buscar otimizar a ppr6pria prestagao jurisdicional & luz de elementos que, numericamen- fe, acabam se equivalendo: as duas facetas do interesse pablico (0 subjetivado no pedido) ¢ © que deriva de cada uma das decistes que se pretende suspender, quando coletivamente tratadas e que assumem feigio, pesos ¢ valores prdprios nessas condigées. E este o desafio Que esti por detras deste parégrafo porque os direitos interesses retratados naquela ag20 sfo, por definigto, mete in- dividuais. Sobre o peso da suspensio de seguranga em hip6teses de aco civil pul 2, v. Rodolfo de Camargo Mancuso, Acéo civil pablica, p. 128-30, ¢ Luiz Orone Neto, Fratado das liminares,p. 329, 67 Ainds aqul, v. meu Liminar em mandado de seguranca: um tema com variagdes, p.221 © 222 ¢ 369-71, referindo-me& andlise da liminar em mandado de seguranga coletivo. Anda € fundamental a reflex4o& partir das consideragdes lan- ‘das por Carlos Albert de Salles sobre a necesséra alleragdo do enfoque do exame do processo civil quando este passa a ser veiculo, cada vez mais freqlene, de causes de interesse pablico, tipico exemplo das agdes coletivas (v, seu Execupdo judicial ‘em matéria ambiental, p. 55-84, ¢ “Process civil de interesse pablice: uma nova, perspectiva metadolégica”,p. 45-65) e por Elion Venturi, Suspensio de liminares€ sentencas contrérias ao Poder Piblico, p. 264-15. 658. Nestas condiqdes, espero que o dispositivo nto seja utilizado como sub: tecfigio de mero feito vinelante estabelecido pele primeira suspensio, afastando- se do necessérlo sopesamento de valores ¢ iterestes a que me refer’ no texto, cre fo a que aponts, convincentemente, Ménica Nicida Garcia, em seu “Sobre a Me- ida Provis6rian.1.984-16", p. 16 ¢ 17. As crfticas de Marcelo Abelha Rodrigues, Suspensdo de seguranca, p.230 ¢ 231, também so pestinentes a respeit. Oque se tem verficado mais recentemente € a constatagio do que vem seado chamado de “efeito multiplicador” de dterminadss decisbes contra o Poder Publico como fitor importante para a concessio de pedides de suspenso com fundamento no disposi- B 10. 0 § 9° DO ART, 4° DA LEIN. 8.437/92: A “ULTRA-ATIVI- DADE” DO PEDIDO DE SUSPENSAO As vésperas do “congelamento” das medidas provis6rias pelo art, 28 da Emenda Constitucional n, 32/2001 (wv. item 7, supra). a ‘ltima reedigdo da Medida Proviséria n, 2.180-35, de 24 de agosto de 2001, ousou criar ainda uma nova regra relativa ao pedido de suspensio. E a fez com um novo § 9 no art. 48 da Lei n. 8437/92 ‘com a seguinte redagao: “A suspensao deferida pelo Presidente do ‘Tribunal vigorard até o transito em julgado da decistio de mérito na agio principal”. (0 tema enfrentado pelo novo dispositivo diz respeito a0 que a doutrina sempre chamou de “ultra-atividade” do pedido de suspenszo. E dizer: 0 prazo de duragdo da suspensdo. A nova regra inclina-se claramente para o entendimento de que, uma vez declarada a suspen- . ela perdurard até 0 trinsito em julgado da “aco principal”, seja ela uma ago cautelar, um mandado de seguranga ou um pedido de tutela formulado contra o Poder Piblico. Imediata a percepedo de qual alcance se pretendeu dar & nova norma: uma vez suspensa, pelo Presidente do Tribunal, a eficdcia de decisio liminar concedida em agao cautelar contra o Poder Péiblico ou em sede de antecipagao de tutela, esse estado de ineficacia perdu ra até 0 transito em julgado da sentenga que julgar a agao. E dizer por outras palavras:trata-se de aniquilar, vez por todas, o que a tutela de urgéncia tem de mais importante: produzir efeitos iiteis, necessérios ¢ imediatos aquele que se apresenta munido de maior probabilidade de éxito no desfecho da ago. A ética da tutela da urgéncia , inega- velmente, esta: proteger quem aparenta ser 0 verdadeiro titular de situagdes juridicas subjetivas mesmo antes de 0 contraditério— ea respectiva cognicdo jurisdicional a ele inerente — ter-se desenvolvi- tivo aqui examinado. A este respeito, valem o destaque dos seguines precedentes STE, Pleno, SS-AgR 2.978/AM, rel. Min. Ellen Gracie, js, 6-6-2007, DJ, 29 jun, 2007, p. 23: STR, Pleno, S5-AgR 2 9R4/AM, rel. Min. Ellen Grace, jun. 6-6-2007, ‘DJ, 29 jun. 2001, p. 23; STE, Pleno, SS-AgR 2.678/MA, rel. Min. Ellen Gracie, jm. 23-8-2006, Di, 29 set. 2006, p. 33, e STE, Pleno,SS-AgR 1.492/MA, re Carlos Vlloso, jun. 183-2001, DJ, 11 out. 2001, p. 7. 79 do plenamente. Deixar de proteger imediatamente quem aparenta ter mais razio é negar o que a tutela de urgéncia — expressamente re~ conhecida, declarada e garantida pelo art. 5, XXXY, da Constituigo Federal de 1988 — tem de mais importante ** Nessas condig6es, esta “iltima” novidade da Medida Proviséria 1, 2.180-35/2001 — uma verdadeira surpresa, ninguém podera negar — nao deixa de ser o reflexo fantasmag6rico, uma repentina reapari- ‘¢d0, do que jé a havia habitado, o parégrafo nico do art, 2°-B da Lei 1, 9,494/97, e sua propensio a ndo admitir eficécia da cautelar sengo ‘depois do transito em julgado da sentenga da “agdo principal” (a res- peito, v.ositens 1 3 do Capitulo V). Comefeito, dizer que a suspen- sio de uma liminar dura até o transito em julgado da decisdo que a confirmar 0 mesmo que nao admitir que uma liminar sejaconcedida 0u, oque dé rigorasamente no mesmo, que surta seus regulares efeitos, ‘mesmo que satisfativos, sendo depois do transito em julgado da deci- so que a confirmar. Definitivamente, 0 § 9° doart. 48 da Lein. 8.437192 60 fantasma do parégrafo tinico do art. 22-B da Lei n. 9.494/97. E verdade, sempre se discutiu muito acerca da duragdo do pe- dido de suspensdo. Debrucei-me sobre o assunto em outros estudos, ‘aos quais remeto 0 interessado", Emm todos eles inclinei-me ao enten- gundo grau de jurisdiglo, isto é, os pedidos de suspensso caleados eo art, 4°, § 4®, da Lei n, 8.43792. Reputo ser essa a melhor respo% te até como forma de evitar ou reduzi, ao maximo, a “sobreposicio de instancias” ¢ de jufzos a que fiz alusio. , de resto, esta a melhor Snterpretagao da Sula 626 do Supremo Tribunal Federal a que i me refer a “ultra-atividade” nela revonhecida s6 tem alguma raz50 (uriica) de ser quando aplicada aos pedidos de suspensio analisados pelos Tribunais Superiores a partir de liminares ou acGrios proferi- os pelos Tribunais estaduais ou regionais (v. trabalho a que me ne fori na nota 72, supra). Nunca, entretanto, criando um manto de ineficécia —- uum verdadero limbo — da decisto proferida em des- favor do Poder Pablico em primeira ‘Tribunais de segunda instancia (Tribunais e que os Tribunais Superiores manifestem-se, dindrio e especial, sobre 0 caso. De qualquer sorte — e almitindo, para fins de exposi¢do, que « cispostivo & constitucional «que a let pode criar 0 il6gico ¢ 0 1 sional (a sabrepasigdo de juizos cognitivos diversos com aptidao de gerarem seus tespectivos efeitos concomitantemente) — nio nt fue, uma vez que o Presidente de Tribunal Superior conceda 0 “pee ditt de suspensio da ndo-suspenséo”, assegura-se a “ineficcia tot) fe completa” de tudo quanto for decidido em primeira e em segunda instancia Guizo singular) pelos staduais ou regionais) até pelos recursos extraor- was até ulterior e final deliberacao em sede de recurso extraor- dindrio ou especial pelo mesmo Tribunal. Pelo menos € esse, incEa- velmente, 0 intuito da norma. 3 a

Você também pode gostar