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onte Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D. Administrativo POS cONCURSOS Aule 01-Organizagte da Administraggo Publica Prof. Fablano Pereira ENTE Fete Pree Cece aac) Ola! Hoje iremos conhecer a organizagao e estruturagéo da Administracéo Publica brasileira, tema muito frequente em provas de concursos. Tentei ser o mais sucinto possivel, mas 0 tépico é muito abrangente, o que fez com que a aula ficasse um “pouquinho” grande. Sei que vocé nao esta preocupado com isso, pois é melhor sobrar do que faltar conhecimento, mas, por via das duividas, prometo que as outras aulas seréo um pouco menos extensas. No mais, se vocé possui alguma sugesto ou critica que possam aumentar a qualidade do curso, nao deixe de envid-las para o e-mail fabianopereira@pontodosconcursos.com.br ou diretamente para o forum. Lembre-se sempre de que 0 curso esta sendo desenvolvide para que vocé possa ter um excelente desempenho na prova de Direito Administrativo. 0 meu grande desejo é que vocé também possa sentir a gratificante sensagao de ser um servidor ptiblico, assim como sinto, todos os dias, ao exercer as minhas fung6es no Tribunal Regional Eleitoral do Estado de Minas Gerais. Conte comigo nesta bela jornada! Bons estudos! Fabiano Pereira. FACEBOOK: (www.facebook.com.br/professorfabianopereira) Preparatétio para Anal. Jud. ¢ Oficial de Justisa (TPA) ~D. Administrativo Aule Gi-Organizecto da Administrio Publica rok Fabien Perera SUMARIO O03 1. Conceito de Administragao Publica. 2. Orgdos Publicos 2.1. Teorias que buscam justificar a natureza juridica da relagdo entre Estado e agentes publicos 2.1.1. Teoria do mandato 2.1.2. Teoria da representasao 2.1.3. Teoria do érgio 2.2. Conceito de érgao publico. 2.3. CriagSo e extingo dos érgaos publico: 2.4. Capacidade processual 2.5. Principais caracteristicas dos érgdos publicos 2.6. Classificagao .. 3. Centralizagao e descentralizagao 3.1. Centralizacgdo e descentralizacao politi 3.2, Centralizacao e descentralizagao administrativas 3.2.1. Descentralizagéo Admi 3.2.2. Descentralizagao administrativa por servicos ou outorga 20 rativa Territorial 4. Administracao Publica Direta e Indireta istragdo Publica Direta.. istragdo Publica Indireta 4.3. Criaaio das entidades da Administragio Indireta 5. Revisdo de Véspera de Prova - RVP. 6. Entidades Administrativas em espé 7. Agéncias Reguladoras e Executivas 8. Questées comentadas. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira ©) Preparatério para Anal. Jud. ¢ Oficial de lustica (T/A) ~D. Administrativo 30 da Adm Prof. Fabiono Pereira Istrago Publica 1. Conceito de Admi A expresso “Administragdo Publica” no apresenta um sentido Unico, pois pode ser estudada e analisada sob vérios enfoques diferentes. Dentre os varios sentidos que podem ser atribuidos a referida expresso, encontram-se 0 sentido objetivo, material ou funcional e, ainda, o sentido subietivo, formal ou organico. Em sentido subjetivo, a Administragéo Publica pode ser entendida como © conjunto de érgéos, pessoas juridicas (entidades politicas e entidades administrativasje agentes pUblicos encarregados do exercicio da fungSo administrativa. Esse é um sentido que as bancas examinadoras gostam muito de exigir em suas provas, inclusive a VUNESP, portanto, é necessério ficar atento. Ao utilizar a expressdo “Administracéo Publica” em sentido subjetivo, a VUNESP estard se referindo & composicio e organizacdo das entidades e érgéios que integram a sua estrutura, a exemplo das autarquias, empresas publicas, entidades politicas (Unio, Estados, Municipios e Distrito Federal) etc. De outro lado, em sentido objetivo, material ou funcional, a expresséo administrac&o publica (que deve ser grafada com as iniciais minusculas), consiste na propria fungaéo administrativa exercida pelos érgaos, entidades e agentes que integram a Administragao Publica em sentido subjetivo. Nesse caso, estudaremos as atividades finalisticas exercidas pela administrag&o, a exemplo do fomento, servico publico, policia administrativa e interveng&o administrativa, e ndo a sua composigio e estruturacao. A partir de agora, utilizarei a expresso Administrac&o Publica somente em seu sentido subjetivo, pois iremos restringir 0 nosso estudo, neste momento, aos grades ¢ entidades que a integram. E os agentes publicos, sero esquecidos? E claro que no, iremos estuda-los posteriormente, em uma aula especifica, ja que também integram a Administracéo Publica em sentido subjetivo. 2. Orgdos publicos Todos aqueles capazes de contrair direitos e obrigacdes so conhecidos como pessoas ou sujeitos de direito, podendo estabelecer relagdes juridicas com outras pessoas ou sujeitos de direito, pois ¢ a existéncia de uma personalidade que possibilita o estabelecimento de relaées juridicas. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo io da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira O Estado é considerado um ente personalizado, ou seja, é dotado de bersonalidade juridica. Entretanto, ndo possui vontade prépria, ndo consegue se expressar diretamente para estabelecer relagdes juridicas com outras pessoas ou sujeitos de direito. Sendo assim, ¢ obrigado a manifestar a sua vontade através da atuagdo de seus agentes piblicos, cujos atos praticados Ihe séo diretamente imputados (quando o agente publico pratica um ato no exercicio da fungéo publica é como se 0 préprio Estado o tivesse praticado e, portanto, ¢ 0 ente estatal que inicialmente deveré ser responsabilizado pelos prejuizos que eventualmente forem causados a terceiros). Diversas teorias foram criadas para tentar justificar a possibilidade de se atribuir a uma pessoa juridica (Estado) atos praticados por pessoas fisicas (agentes ptblicos). E, como n&o poderia ser diferente, s&o frequentes as questdes em provas sobre o tema. 2.1, Teorias que buscam justificar a natureza juridica da relacao entre Estado e agentes publicos 2.1.1. Teoria do mandato Essa teoria considerava o agente, pessoa fisica, como mandatario da pessoa juridica. Tem origem no direito civil, sendo a mais antiga das teorias criadas para explicar a ligacdo do Estado (que é uma pessoa juridica) a uma pessoa natural (agente piiblico). Alegavam os seus defensores que os agentes publics atuavam em nome do Estado em virtude de uma “suposta” procuragio ficticia que Ihes havia sido outorgada. Varias criticas surgiram em oposig’o a teoria do mandato. A principal delas afirma que, como o Estado nao tem vontade prépria, nao poderia outorgar uma procuracéo a alguém. Assim, ateoria restou superada e vocé precisa saber de sua existéncia apenas para fins de concurso publico. 2.1.2. Teoria da representagdo Se comparada com a teoria anterior, possui critérios mais sensatos e razodveis, pois afirma que a atuacdo dos agentes publicos expressaria a vontade do Estado em decorréncia de lei. 0 agente publico seria equiparado a um tutor ou curador e o Estado seria um “incapaz”. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 4 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo io da Administragaio Publica Prof. Fablano Pereira Essa teoria também foi muito criticada, tendo sido descartada doutrinariamente, pois apresentava a ideia de que o Estado estaria escolhendo os seus préprios representantes, o que nao acontece na tutela ou curatela. Ademais, se o representante ultrapassasse os poderes de representacdo e causasse prejuizo a terceiros, 0 Estado nao poderia ser responsabilizado, 0 que é inadmissivel. 2.1.3. Teoria do érgio Criada pelo jurista alem3o Otto Gierke, a teoria do érg3o declara que o Estado manifesta a sua vontade através de seus 6rgdos ptiblicos, que séo titularizados por agentes pUblicos. Os atos praticados pelos érgaos séo imputados 8 pessoa juridica a cuja estrutura estdo integrados, o que se convencionou denominar de imputago volitiva. A teoria do 6rg&o distingue a entidade, que possui personalidade juridica, do 6rg&o ptiblico, que é desprovido de personalidade juridica. ‘importante! A TEORIA DO ORGAO TEVE GRANDE ACEITAGAO DOUTRINARIA E JURISPRUDENCIAL NO BRASIL, PORTANTO, E IMPORTANTE QUE VOCE SE LEMBRE DE QUE 0 ESTADO. MANIFESTA A SUA VONTADE ATRAVES DE SEUS ORGAOS PUBLICOS, QUE SAO. “OCUPADOS” POR AGENTES PUBLICOS E NAO POSSUEM PERSONALIDADE JUR{DICA. ne 2.2, Conceito de érgao publico A conceituagéo de érgio ptiblico mais explorada pela VUNESP é a do professor Hely Lopes Meirelles, que os conceitua como “centros de competéncia instituidos para o desempenho de fungées estatais, através de seus agentes, cuja atuacao é imputada a pessoa juridica a que pertencem”. Uma das principais caracteristicas do érgao publico, que nada mais é do que uma unidade organizacional (diviséo administrativa) dentro de determinada entidade, é 0 fato de no possuir personalidade juridica prépria, j4 que os seus atos sdo atribuidos (imputados) a pessoa juridica a qual pertencem. Antes de analisarmos as suas principais caracteristicas, é necessério que vocé saiba que os érg&os puiblicos so consequéncia da desconcentracado administrativa. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo 0 da Administragdio Publica Prof. Fablano Pereira Pergunta: Professor, o que significa desconcentragao administrativa? A desconcentragéo nada mais é que a distribuicio interna de competéncias dentro de uma mesma pessoa juridica. Trata-se da criaciio de Srados plblicos que fazem parte de uma mesma estrutura, hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais agil e eficientea execugao das finalidades administrativas previstas em lei. A desconcentracio pode ser efetuada tanto pelos entes que compéem a Administragao Direta (Unido, Estados, Municipios ou Distrito Federal), quanto pelos entes que integram a Administragdo Indireta (autarquias, fundacdes pUblicas, sociedades de economia mista e empresas publicas). Em provas da VUNESP, é mais comum vocé encontrar questées afirmando que a desconcentrag&o ocorre no aémbito de uma entidade pertencente & Administrago Direta, 0 que n&o est4 errado. Contudo, lembre-se de que também poderd ocorrer a criagéio de drgéos dentro das entidades administrativas, ou seja, aquelas que integram a Administracao Indireta. Essa é a informac&o prevista expressamente no § 22, artigo 19, da Lei 9.784/1099 (Lei de processo administrativo federal): § 2° Para os fins desta Lei, consideram-se: I - 6rgSo - a unidade de atuago integrante da estrutura da Administragao direta e da estrutura da Administragao indireta; A UNIAO é pessoa juridica regida pelo Di Publico, portanto, possui personalidade juridica prépria, podendo contrair direitos e obrigagdes. E, para facilitar a persecugio de seus objetivos, tanto o texto constitucional quanto a lei criaram varios érgaos dentro de sua estrutura (desconcentracio), encarregando cada um deles de fungées especificas. Todavia, os atos praticados pelos érgéos ptiblicos federais (da Uniao) serio imputados 4 prépria Unido, pois eles nfo detém personalidade juridica e, portanto, néo podem contrair direitos e obrigagdes. Dificilmente vocé encontraré uma questo em prova afirmando que a Unido criou uma lei “X", a Unido julgou 0 processo "W" ou a Unido criou 0 Programa de Acelerag3o do Crescimento (PAC). Mas, por qué? E simples. Porque a Unido possui em sua estrutura varios érgdos especializados e cada um deles é responsdvel por uma fungao especifica. Exemplo: No 4mbito da Unio, a Constituigéo Federal criou alguns orgaos publicos, denominados independentes, que assumiram a responsabilidade de criar leis (Congresso Nacional, Camara dos Deputados e Senado Federal), de julgar (Tribunais Regionais Federais, Superior Tribunal de Justica, Juizes Federais, etc.) e de administrar a maquina estatal (Presidéncia da Republica). www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 6 ©) Preparatério para Anal. Jud. ¢ Oficial de Justica (T1/PA) - D. Administrativo Administragéo Publica Prof. Fabiono Pereira Assim, deve ficar bem claro que a Unido resolveu criar centros especializados de competéncias (érgdos publicos) para facilitar o alcance de seus objetivos, estabelecidos expressamente no artigo 2° da CF/1988. Jy. sque atento: Todos esses érgaos a que me referi e que estao previstos diretamente no texto constitucional nao possuem personalidade iuridica, Assim, os atos que Ppraticam sao imputados diretamente 4 Uniao, que possui personalidade juridica e pode contrair direitos e obrigacées. Caso um servidor do Senado Federal no exercicio de suas fungées ptiblicas, por exemplo, pratique ato que cause prejuizos a um particular, este deverd acionar judicialmente a Uniao, caso queira pleitear uma indenizasao por danos materiais e/ou morais, e nao 9 Senado Federal. Mas, por qué? Porque o Senado Federal é um 6rgdo e, portanto, néo possui personalidade juridica, fato que impede a sua responsabilizacdo pelos supostos danos materiais e/ou morais. A desconcentragéo nao ocorre somente no ambito da Administragdo Direta da Uniao, mas também nas esferas estadual, municipal e distrital. Ademais, também pode ocorrer no ambito das entidades da Administracéo Publica Indireta. Exemplos: Uma Secretaria Estadual de Fazenda, assim como todas as demais secretarias de governo de um Estado, so érgdos publicos estaduais. O mesmo ocorre na esfera municipal, em relag&o as secretarias municipais de governo, que também so érgaos. Nos mesmos moldes, como consequéncia da necessidade de especializacéio técnica e respeito ao principio constitucional da eficiéncia, os érg&os também podem ser criados na estrutura de entidades integrantes da Administracao Publica Indireta. Exemplo: © IBAMA, autarquia pertencente a Administracéo Publica Federal Indireta e detentora de personalidade juridica de Direito Publico, possui em sua estrutura diversos drgéios, cada um deles com atribuigées e competéncias préprias. Como née possuem personalidade juridica, esses érgdos no atuam em nome proprio, mas sim em nome do IBAMA. Portanto, todas as atividades administrativas executadas pelos érgdos que integram a estrutura do IBAMA consideram-se praticados pela prépria autarquia, o que & muito légico. Preparatério para Anal. Jud. ¢ Oficial de Justice (T1/PA)—D. Administrativa 0 da Administracéo Publica Prof. Fablano Pereira Para ficar ainda mais facil 0 entendimento, vamos analisar rapidamente a organizacao da Presidéncia da Republica e dos Ministérios, que esta prevista na Lei Federal 10.683/03. A Presidéncia da Reptblica € 0 drggo mais importante dentro da organizacéo administrativa do Poder Executive Federal. Nos termos da Lei 10.683/03, a Presidéncia da Republica possui, dentro de sua propria estrutura, diversos outros 6rados, que Ihe so suberdinados. Peraunta: Professor, dentro da estrutura de um érgdo independente (Presidéncia da Republica, por exemplo), seria possivel a criagéo de outros 6rgiios, subordinados ao primeiro? Com certeza! Em conformidade com o artigo 1° da citada lei, a Presidéncia da Republica é constituida, essencialmente, pela Casa Civil; pela Secretaria-Geral; pela Secretaria de Relacées Institucionais; pela Secretaria de Comunicag& Social; pelo Gabinete Pessoal; pelo Gabinete de Seguranca Institucional; pela Secretaria de Assuntos Estratégicos; pela Secretaria de Politicas para as Mulheres; pela Secretaria de Direitos Humanos; pela Secretaria de Politicas de Promog&o da Igualdade Racial; pela Secretaria de Portos; e pela Secretaria de Aviacao Civil, além de varios outros érgios de assessoramento. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 8 Onte Pos coNcunso® ule 01-Organ Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D. Administrativo da Adm Prof. Fabiono Pereira tragd0 Publica Ademais, é importante destacar que os Ministérios também sdo érgaos diretamente subordinados a outro érgdo: a Presidéncia da Repiiblica (0 Ministério da Previdéncia, por exemplo, é subordinado a Presidéncia da Republica). E bom que vocé conhega os nomes dos Ministérios que atualmente integram a estrutura da Unido, pois, se vocé se deparar com a questao abaixo (aplicada no concurso ptblico para o cargo de Atendente Judiciério, em 2002), € sé computar os pontos da questéo e comemorar! (Atendente Judicidrio - TJ CE/2002) Constitui exemplo de érgéo da Administra¢ao Publica Federal: a) O Ministério da Justica b) Uma empresa publica ©) Uma sociedade de economia mista d) Uma fundagao publica e) Uma autarquia. Resposta: letra “a”. Aprofundando um pouquinho mais, é vélido destacar que os Ministérios também podem desconcentrar a sua estrutura administrativa, criando outros 6rgaos internos. ; © inciso XII, artigo 29, da Lei 10.683/03, declara que o MINISTERIO DA FAZENDA possui em sua estrutura varios outros orgaos, que lhe séo subordinados. Entre eles, podemos citar o Conselho Monetério Nacional, 0 Conselho Nacional de Politica Fazenddria, 0 Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional, 0 Conselho Nacional de Seguros Privados, o Conselho de Recursos do Sistema Nacional de Seguros Privados, de Previdéncia Privada Aberta e de Capitalizac&o, 0 Conselho de Controle de Atividades Financeiras, a Camara Superior de Recursos Fiscais, 0s 10, 20 e 30 Conselhos de Contribuintes, 0 Conselho Diretor do Fundo de Garantia a Exportagao - CFGE, 0 Comité Brasileiro de Nomenclatura, 0 Comité de Avaliag&o de Créditos ao Exterior, a Secretaria da Receita Federal do Brasil, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, a Escola de Administracio Fazendaria (ESAF) e até 05 (cinco) secretarias. Nao se desespere! Vocé nao precisa ficar decorando todos esses érgaos, pois apenas estou explicando como é que se constitui a estruturago de um érgao ptiblico. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D, Administrativo Aula 01-Orga fo Publica Prof. Fablano Pereira Para conseguir visualizar 0 que estou escrevendo, observe bem o seguinte organograma do Ministério da Fazenda, que indica perfeitamente como estéo dispostos os drgéios que integram a sua estrutura administrativa: Atencio: No organograma do Ministério da Fazenda estdo presentes todos os 6érg4os e também entidades que fazem parte de sua estruturacdo. Todavia, lembre-se de que entidade ne é orgdo publico, pois possui personalidade juridica prépria (a exemplo do BNB, SUSEP, CEF, Banco Central etc.). Apesar de estarem inseridas em seu organograma, as entidades administrativas nao estéo subordinadas ao Ministério, mas somente vinculadas, conforme estudaremos posteriormente www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 10 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo 0 da Administragdio Publica Prof. Fablano Pereira Aprofundando novamente no assunto, é valido esclarecer que todos os 6rg&os que integram a estrutura do Ministério da Fazenda também podem desconcentrar as suas atividades administrativas, como acontece com a ESAE. Observe que, na estrutura da ESAF, iremos encontrar diversos outros 6rgos, tais como diretorias, centros regionais, geréncias e chefias e, sendo assim, todos eles sao fruto da desconcentragao. E para no ficar muito cansativo, gostaria apenas de ressaltar que todos os 6rgaos citados abaixo também podem se desconcentrar, dando origem a novos érg&os em suas respectivas estruturas. Na sequéncia, os novos érgéios criados também poder&o se desconcentrar e assim por diante. Bem, vai chegar um determinado momento em que a desconcentracio nao mais sera possivel, por questo de légica. De qualquer forma, lembre-se de que, independentemente do nivel ou do numero de érgaos que foram criados, sempre estaremos nos referindo a uma Manica pessoa juridica. Sendo assim, os atos praticados por todos os érgaos que apresentei devero ser imputados a Unido, que deu origem a toda essa desconcentragao. 2.3. Criagdo e extingao dos érgaos publicos Nos termos do artigo 61, § 19, II, “e", combinado com o artigo 48, XI, da Constituig&o Federal, os érgdos publicos somente podem ser criados ou extintos através de lei No momento da desconcentracéio, podem ser levados em conta o critério territorial ou material. Quando os érgdos ptiblicos séo criados em fung&o de sua localizagao territorial, a exemplo da Superintendéncia Regional da Policia Federal em Minas Gerais, em Sao Paulo, na Bahia, no Amazonas e em outros Estados, ocorre a desconcentracéo territorial. Por outro lado, a desconcentracéo pode ocorrer em razdo da natureza das atividades a serem exercidas pelo érgo pliblico, a exemplo do Ministério da Satde, Ministério da Educag3o, Ministério dos Transportes, Ministério da Previdéncia, entre outros. Neste caso, estaremos diante da denominada desconcentracdo material. Apesar de a criago de érgaos ptiblicos depender de instrumento legal, importante esclarecer que a organizagio e o funcionamento desses érgaos pode ocorrer mediante a edicéo dedecreto auténomo, quando n&o implicar Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justice (T1/PA)~D. Administrativa 0 da Administragdo Publica Prof. Fablano Pereira aumento de despesa nem criagdo ou extingao de érgos publicos (artigo 84, VI, 'a”, da CF/88). Sendo assim, deve ficar bem claro que o Presidente da Republica nao pode criar ou extinguir érgéos plblicos, mas pode expedir decreto para organizar 0 funcionamento desses érgaos na Administragdo Publica Federal, desde que nao implique aumento de despesas. Por simetria, tal prerrogativa também deve ser estendida aos demais Chefes do Executivo em ambito estadual, distrital e municipal. 2.4, Capacidade processual ou judicidria Segundo o entendimento majoritério da doutrina, é possivel definir a capacidade processual como a capacidade de estar em juizo, ou seja, a aptidéo para atuar pessoalmente na defesa de direitos e obrigaées, de exercer, por si $6, 0s atos da vida civil. O artigo 7° do Cédigo de Processo Civil declara expressamente que "toda pessoa que se acha no exercicio dos seus direitos tem capacidade para estar em juizo". Pergunta: Professor, como os érgaéos publicos néo s&o pessoas (fisicas ou juridicas), existe a possibilidade de figurarem no polo ativo ou passivo de uma relag3o processual (uma acéio judicial)? Em regra, nao. Entretanto, em caraéter excepcional, existem algumas situagdes nas quais os érg&os puiblicos, mesmo n&o possuindo personalidade juridica, poderiam integrar uma relag&o processual: 1) Para a defesa de suas prerrogativas funcionais: nesse caso, é assegurada capacidade processual aos denominados érgaos independentes e auténomos para ingressarem com mandado de seguranca para a defesa de suas competéncias, quando violada por outros érgdos. Exemplo: Imaginemos que o Poder Executivo deixe de repassar ao Tribunal de Contas as verbas orgamentérias que Ihes so devidas, no prazo previsto no texto constitucional, desrespeitando a sua autonomia financeira. Nesse caso, o préprio Tribunal podera propor um mandado de seguranga com © objetivo de defender as suas prerrogativas constitucionais (direito ao recebimento dos repasses orcamentérios, pois, sem esses recursos, o Tribunal de Contas n&o consegue sequer arcar com as suas despesas basicas de funcionamento). www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira a2 ©) Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule Gi-OrgantzegSo da Administra Publica Prof. Fabieno Pereira 24) Na defesa dos interesses e direitos dos consumidores: nos termos do inciso III, artigo 82, do Cédigo de Defesa do Consumidor, alguns 6rgdos piblicos (mesmo no possuindo personalidade juridica) so legitimados a ingressarem com aco judicial na defesa dos interesses e direitos dos consumidores, individualmente ou a titulo coletivo. Exemplo: apesar de ser um érgao ptiblico, 0 PROCON tem importante atuagéo em favor dos consumidores. O Superior Tribunal de Justica, no julgamento do Recurso Especial 200827/SP, reconheceu a sua capacidade processual para ingressar com agao judicial: “Acao civil publica. Direitos individuais homogéneos. Cobranca de taxas indevidas, Candidatos a inquilinos, Administradoras de iméveis. Legitimidade ativa do PROCON - Coordenadoria de Protecao e Defesa do Consumidor, por meio da Procuradoria Geral do Estado para ajuizar acéo coletiva para protecao de direitos individuais homogéneos. Prescrigdo. Multa do art. 84, § 4°, do Cédigo de Defesa do Consumidor. Repeticio em dobro. Multa do art. 538, paragrafo Unico, do Cédigo de Processo Civil. Smula n° 07. 1. © PROCON - Coordenadoria de Protecéo e Defesa do Consumidor, por meio da Procuradoria Geral do Estado, tem legitimidade ativa para ajuizar acéo coletiva em defesa de interesses individuais homogéneos, assim considerados aqueles direitos com origem comum, divisiveis na sua extensdo, variéveis individualmente, com relac3o 20 dano ou 4 responsabilidade. Séo direitos ou interesses individuais que se identificam em funcdo da origem comum, a recomendar a defesa coletiva, isto é, a defesa de todos os que esto presos pela mesma origem. No caso, o liame esté evidenciado, alcangando os candidatos a inquilinos que so cobrados de taxas indevidas (STJ, Resp 200827/SP, relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, 37 T., j. 26/08/2002, DJ 09/12/2002, p. 339). No concurso ptblico para o cargo de Advogado do Instituto de Resseguros do Brasil — IRB, realizado em 2004, a ESAF elaborou questo sobre o tema “capacidade judiciari seguintes termo: dos 6rgaos publicos, nos (ESAF/Advogado IRB/2004) Orgaos e entidades compoem a Administragéo Publica brasileira. Assinale no rol abaixo a prerrogativa que todas as entidades possuem, mas que se faz presente somente em alguns érgaos, de natureza constitucional, para a defesa de suas atribuigées institucionais: a) autonomia funcional b) orcamento préprio ¢) patriménio préprio. d) capacidade judiciéria €) titularidade de servicos publicos Gabarito: Letra Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ule 0 io da Administragéo Publica Prof. Fablano Pereira No julgamento do Recurso Especial n° 1.164.017/PI, de relatoria do Ministro Castro Meira, cujo acérdo foi publicado em 06/04/2010, a Primeira Secdo do Superior Tribunal de Justiga decidiu que “a Camara de Vereadores nao possui personalidade juridica, mas apenas personalidade judiciéria (capacidade judiciéria), de modo que somente pode demandar em juizo para defender os seus direitos institucionais, entendidos esses como sendo os relacionados ao funcionamento, autonomia e independéncia do érgao. Para se aferir a legitimacao ativa dos érgaos legislativos, & necessério qualificar a pretenséo em anélise para se concluir se esté, ou no, relacionada a interesses e prerrogativas institucionais". 2.5, Principais caracteristicas dos érgdos publicos Os professores Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo sintetizaram muito bem as principais caracteristicas dos érgaos publicos, que estdo presentes na maioria deles (ndo em todos): 12) Integram a estrutura de uma pessoa juridica; 22) Nao possuem personalidade juridica; 34) So resultado da desconcentracéo; 42) Alguns possuem autonomia gerencial, orgamentéria e financeira; 5) Podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestéo com outros érgdos ou com pessoas juridicas (CF, art. 37, § 8°.); 64) Nao tém capacidade para representar em juizo a pessoa juridica que integram; 78) Alguns tém capacidade processual para a defesa em juizo de suas prerrogativas funcionais; 82) N&o possuem patriménio préprio. 2.6, Classificagao So vérias as classificagées de érgdos publicos elaboradas pelos doutrinadores brasileiros, contudo, nas provas da VUNESP, a do professor Hely Lopes Meirelles ainda é a mais utilizada. 1°) Quanto a posicéo ocupada na escala governamental ou administrativa (quanto a posicéo estatal): érgé0s independentes, auténomos, superiores e subalternos. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 14 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo itrago Publica Prof. Fablano Pereira Independentes sio os érgéos previstos diretamente no texto constitucional, representativos dos Poderes Legislativo (Congresso Nacional, Senado, Camara dos Deputados, Assembleias Legislativas e Camara de Vereadores), Executivo (Presidéncia da Republica, Governadoria dos Estados, DF ¢ Prefeituras) e Judicidrio (com todos os seus érgaos). E possivel incluir nessa classificacéio também o Ministério Publico os Tribunais de Contas. Destaca-se que esses érgdos no est&o subordinados a quaisquer outros € sdio ocupados por agentes politicos. Auténomos séo os érgaos que se encontram diretamente subordinados aos érgos independentes, apesar de figurarem no topo da hierarquia administrativa. Detém autonomia técnica, administrativa e financeira. Dentre eles, podemos citar os Ministérios, os érgaos integrantes da estrutura administrativa da Presidéncia da Reptiblica (Casa Civil, Secretaria- Geral, Secretaria de Relacées Institucionais, etc), entre outros. Os $rados superiores so aqueles que detém poder de direcdo, controle, decisio ¢ comando dos assuntos de sua competéncia especifica, mas sempre sujeitos a subordinag&o e ao controle hierérquico de uma chefia mais alta. Nessa categoria, podemos incluir os érgos que estéo diretamente subordinados aos érgdos auténomos e, em alguns casos, até mesmo aos érgdos independentes, tais como as geréncias, as coordenadorias, as procuradorias, os departamentos, as secretarias-gerais etc. Os $ra#os subalternos so aqueles que tém reduzido poder decisério, responsdveis por atribuigdes meramente executivas. Segundo o professor Hely Lopes Meirelles, esses érgdos “destinam-se 4 realizag&o de servicos de rotina, tarefas de formalizagéo de atos administrativos, cumprimento de decisées superiores e primeiras decisSes em casos individuais, tais como os que, nas reparties publicas, executam as atividades-meio e atendem ao publico, prestando-lhes informagées e encaminhando os requerimentos, como as portarias e as segdes de expediente". 2°) Quanto a estrutura: simples e compostos, Podemos entender como grades simples aqueles constituidos por um Unico centro de competéncia. Sao érgdos que néo possuem em sua estrutura outros érgos que Ihe sejam subordinados, atuando de forma isolada. Nao possuem subdivisdes internas. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T/A) — D, Administrativo Aule 01-Organizacéo da Administragéo Publica Prof. Fablano Pereira © numero de agentes publicos que compéem o érgo no é relevante para essa definig&o, 0 que interessa é a inexisténcia de outros érgdos em sua estrutura, sendo possivel citar como exemplo uma portaria ou uma secio de cépias de documentos. Os Srgiies compostos sao fruto da desconcentracéio administrativa e retinem, em sua estrutura, diversos outros érgaos, que Ihes séo subordinados. Podemos citar como exemplo o Ministério da Fazenda, que possui em sua estrutura diversos outros 6rgéos, como a Receita Federal do Brasil, Secretaria do Tesouro Nacional, ESAF, entre outros. 3°) Quanto a atuacdo funcional: érqdos singulares ou _unipessoais e , " ‘ Org4os singulares_ou unipessoais sdo aqueles cujas atuagdes e decisées mais importantes est&o centralizadas em um Unico agente, que é 0 seu titular. Isso no quer dizer que o érg&o tenha que ser formado por um Unico agente (na maioria das vezes, 0 érg3o é formado por diversos agentes), mas sim que as decisdes sejam tomadas pelo seu representante maximo. Como exemplo, podemos citar as chefias do Poder Executivo (Presidéncia da Republica, Governadoria dos Estados e do DF e Prefeituras), pois, nesses casos, as decisdes so centralizadas na autoridade maxima (Chefe do Executivo), independentemente da quantidade de agentes ptiblicos que trabalhem no érgao. Colegiados ou pluripessoais so aqueles que atuam mediante a manifestagéo obrigatéria e conjunta de seus principais membros, mediante votagéio, sendo necessdria a observancia das regras previstas nos respectivos regimentos internos. Podemos citar como exemplo as casas legislativas, os tribunais integrantes do Poder Judiciario (0 plendrio do STF é um caso tipico) e os érg&os que tém a denominag&o de comissao, conselho, turma, etc. 4°) Quanto as fungées exercidas: ativos, consultivos e de controle. Orgaos ativos séo aqueles que editam atos administrativos com o objetivo de materializar as atividades administrativas, como acontece com os Ministérios, por exemplo. Org&os consultivos sao aqueles que elaboram pareceres com o objetivo de subsidiar as decisdes de outros érgos ptiblicos, a exemplo do Conselho de Defesa Nacional. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 16 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizacdo da Administragéo Publica Prof. Fablano Pereira Orgaos de controle so aqueles que exercem atribuigies de fiscalizagdo e controle em relag&o a outros érgéios, a exemplo do Tribunal de Contas da Unido. 3. Centralizacéo e descentralizagao 3.1. Centralizaco e descentralizagao politica As expressées “centralizacgéo" e “descentralizagéo" podem ser estudadas tanto no &mbito do Direito Constitucional quanto no a4mbito do Direito Administrativo. Analisando-as sob o 4mbito constitucional, a expressdo “gentralizacio" refere-se & manutengo do poder politico (poder de legisiar) em um unico nucleo. Nesse caso, a funcéio legislativa nao é repartida entre varios entes, mas centralizada em um ente central, que é 0 Unico responsavel pela edicdo de leis, que so de ambito nacional. E 0 que ocorre nos denominados Estados Unitérios, sendo possivel citar como exemplos o Uruguai, a Franca, a Italia, dentre outros. Na “descentralizacio” ocorre justamente o contrério, pois 0 poder de legislar (poder politico) é repartido entre varias pessoas juridicas, como acontece no Brasil. Nesse caso, além da Unido (através do Congresso Nacional), também podem criar leis os Estados, Distrito Federal e os Municipios, através de suas respectivas casas legislativas. A descentralizac&o politica & caracteristica marcante nos paises que adotam a Federacéo como forma de estado, como ocorre no Brasil e nos Estados Unidos. 3.2. Centralizac&o e descentralizacao administrativas Sob 0 enfoque do Direito Administrativo, a “centralizagao” ocorre quando a Unido, Estados, Distrito Federal e Municipios exercem diretamente, em face dos beneficidrios, as atividades administrativas que estSo em suas respectivas competéncias, sem interferéncia de outras pessoas fisicas ou juridicas. Nesse caso, além de o ente estatal ser o titular da func’o administrativa, ainda sera o responsavel pela execuciio de tal atividade, que ocorrera através de seus respectivos érgaos e agentes puiblicos. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizagte da Adm istrago Publica Prof. Fablano Pereira Exemplo: Na esfera municipal, 0 servigo de ensino fundamental é& exercido diretamente pelo Municipio, através das escolas publicas, que sao 6rgaos publicos. Pergunta: Diante do que acabei de afirmar, suponhamos que um estudante sofra graves lesées corporais no interior da escola, causadas por um professor. Caso 0 pai decida ajuizar uma ago de reparagao pelos respectivos danos morais e materiais sofridos pelo filho, quem responderd judicialmente? O Municipio, a Secretaria Municipal de Educaco ou a prépria escola? Pense bem... Tem certeza? E claro que seré 0 Municipio, pois, dentre as alternativas apresentadas, é © tinico que possui personalidade juridica. A Secretaria Municipal de Educacéo & apenas um érgao inserido na estrutura administrativa do Municipio, assim como a escola publica também é um érgao, nesse caso, inserido na estrutura da Secretaria Municipal. Por outro lado, ocorre a “descentralizago administrativa” quando um ente estatal (Uniao, Estados, DF e Municipios) transfere a outra pessoa, ptiblica ou privada, 0 exercicio de uma determinada atividade administrativa. Nesse caso, a fungéo administrativa n&o sera executada por érgdos piiblicos, mas por gutra pessoa juridica, com personalidade juridica distinta do ente estatal que transferiu a execucio da fungdo administrativa. Conforme declara o professor Celso Anténio Bandeira de Mello, na “descentralizac&o, o Estado atua indiretamente, pois o faz através de outras pessoas, seres juridicamente distintos dele, ainda quando sejam criaturas suas e por isso mesmo se constituam, como ao diante se verd, em parcelas personalizadas da totalidade do aparelho administrativo estatal”. Na descentralizagdo administrativa, existiré uma pessoa interposta entre 0 Estado e o beneficiério da atuacio estatal, que seré denominada entidade descentralizada. Esta seré responsével por desempenhar a atividade administrativa, ou seja, prestar o servico publico, exercer 0 poder de policia administrativa ou praticar atividades de fomento publico. A doutrina majoritaria apresenta trés espécies de descentralizacio administrativa: a descentralizagéo territorial (ou geogréfica); a descentralizagéo por servicos ou outorga (descentralizagdo funcional ou técnica); descentralizagao por colaboracao ou delegacao. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 18 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo io da Administragdo Publica Prof. Fablano Pereira 3.2.1. Descentralizacgéo Administrativa Territorial Antes de a Constituigéo Federal de 1988 determinar a extingdo dos territérios, existia, no Brasil, a denominada descentralizacéo territorial ou geografica. Nessa espécie de descentralizacdo, cria-se um territério (que tera personalidade juridica de Direito Publico interno) e a ele é concedida capacidade administrativa genérica. A descentralizagao territorial ocorre tipicamente nos Estados Unitérios, como é 0 exemplo da Franga. No Brasil, atualmente, nBo_temos esse tipo de descentralizacéo, pois a Constituigfo Federal de 1988 determinou a transformac&o dos antigos territérios de Roraima e do Amapé em Estados da Federac&o (artigo 14 do ADCT da CF/88). Da mesma forma, o antigo territério de Fernando de Noronha foi incorporado ao Estado de Pernambuco, nos moldes do artigo 15 do ADCT da CF/88. Apesar de néo existirem territérios no Brasil, lembre-se de que 0 artigo 18 da CF/88 afirma que “os Territérios Federais integram a Uni&o, e sua griacso, transformagéo em Estado ou reintegragao ao Estado de origem serao reguladas em lei complementar”. Sendo assim, caso posteriormente 0 Congresso Nacional decida pela criaglo de um novo territério, este sera fruto de uma descentralizacéo administrativa da Unido, integrando a sua estrutura. 3.2.2. Descentralizacgao administrativa por servicos ou outorga Na descentralizagao por outorga, uma entidade politica (Unido, Estados, DF e Municipios) cria ou autoriza a criac&o,em ambos os casos através de lei especifica, de entidades administrativas (autarquias, fundacées ptiblicas, empresas ptiblicas e sociedades de economia mista) que receberaio a titularidade e a responsabilidade pela execug&o de uma determinada atividade administrativa. Exempla: 0 inciso VI, artigo 23, da CF/1988, declara expressamente que “é competéncia comum da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios protegerem o meio ambiente e combaterem a poluigé0 em qualquer de suas formas". Sendo assim, na esfera federal, a Unido poderia exercer etamente essa atribuicéio administrativa de proteger o meio ambiente, criando um érgao ptiblico especifico para tal. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizagto da Adm istrago Publica Prof. Fablano Pereira Entretanto, com o objetivo de diminuir o excesso de atividades administrativas que est&o sob a sua responsabilidade e, ainda, em respeito ao principio constitucional da eficiéncia, a Unio decidiu descentralizar_essa atividade, criando o IBAMA. O IBAMA foi criado sob a forma de uma autarquia e recebeu, através de lei especifica, a titularidade ¢ a execucdo, em todo o territério nacional, do poder de policia administrativa na area ambiental, por prazo indeterminado. E valido destacar que, por ser uma autarquia, o IBAMA seré uma pessoa juridica de Direito Publico, ou seja, teré personalidade juridica prépria e, portanto, estaré apto a contrair direitos e obrigagdes em seu préprio nome. 3.2.3. Descentralizagao por delegagdo ou colaboraggo Na descentralizagio por delegacdo, uma entidade politica (Unido, Estados, DF e Municipios) ou administrativa, através de contrato administrativo ou ato unilateral, transfere o exercicio de determinada atividade administrativa a uma pessoa fisica ou juridica, que ja atuava anteriormente no mercado. Algumas diferencas existentes na descentralizagio por outorga e delegacio s&o muito cobradas em concursos e, portanto, vejamos as principais: 18) Na outorga ocorre a transferéncia da titularidade e da execucio do servigo, enquanto na delegacio ocorre apenas a transferéncia da execucto, ou seja, a titularidade do servico permanece com o ente estatal. Exemplo: Em ambito municipal, 6 muito comum a contratagdo de empresas privadas para a prestac&o do servico publico de transporte coletivo urbano, apesar de esta atividade ser prevista no inciso V do artigo 30 da CF/88 como de competéncia do Municipio. Isso ocorre em virtude da descentralizagéo por delegacdo, que possibilita ao ente estatal firmar um contrato administrativo de concesséo de servigo ptiblico, através do qual sera transferida ao particular apenas a execugio do servigo ¢ ngo a titularidade. Apesar da delegacéio do servico, compete ao Municipio exercer uma ampla fiscalizagéo dos servigos que esto sendo prestados pela concessionéria, garantindo-se, assim, a qualidade, a eficiéncia e a satisfaco dos usuarios. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 20 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Istrago Publica Prof. Fablano Pereira 20) Na outorga, a transferéncia da titularidade e da execugéio dos servicos ocorre através de lei, enquanto, na delegac&o, ocorre através de contrato administrativo ou ato unilateral (nos casos das autorizagées de servicos publicos, por exemplo). 30) Em regra, a outorga ocorre por prazo indeterminado, enquanto a delegacao tem prazo determinado em contrato. 40) Na outorga, a transferéncia da titularidade e da execugio do servigo é feita apenas por uma entidade politica (Unido, Estados, DF e Municipios). Por outro lado, na delegagdo € possivel que tenhamos no pélo ativo da transferéncia da execuc&o do servico tanto uma entidade politica quanto uma entidade administrativa, apesar de esta Ultima hipstese n&o ser muito comum. No setor de telecomunicacdes, temos um bom exemplo de delegacéo efetuada por uma entidade administrativa: a ANATEL, que é uma autarquia, transferiu para os particulares apenas a execugéio dos servicos de telecomunicagdes, permanecendo com a titularidade. 4. Administragdo Publica Direta e Indireta S80 muito comuns as questdes em provas da VUNESP diferenciando Administrac&io Publica Direta e Indireta. Entretanto, tenho certeza de que vocé jamais erraré esse tipo de questo em prova, pois iremos estudar profundamente o tema, analisando todas as espécies de entidades que integram a Administrag&o Publica, principalmente a indireta. 4.1, Administragao Publica Direta © Decreto-Lei n°. 200/67, em seu artigo 4°, inciso I, declara expressamente que a Administracio Publica Federal compreende a “Administrag&o Direta, que se constitui dos servigos integrados na estrutura administrativa da Presidéncia da Republica e dos ministérios" e ainda a Administrag&o Indireta. Como é possivel perceber, 0 conceito de Administracéo Publica Direta est previsto diretamente no texto legal, n3o comportando maiores duvidas ou discussées. Na esfera federal, € composta pela Unido (que detém personalidade juridica de direito publico) e de todos os érgdos que integram a estrutura da Presidéncia da Republica, previstos na Lei 10.683/03: Ministérios, Casa Civil, Secretaria-Geral, Secretaria de Relacdes Institucionais, Secretaria de Comunicagao Social, entre outros. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrative da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira Da mesma forma que ocorre na esfera federal, os Estados, Distrito Federal e Municfpios possuem autonomia politica para se auto-organizarem. Entretanto, 0 que se observa na pratica é que todos os entes politicos estaduais e municipais tém seguido a estrutura administrativa estabelecida no ambito da Unido. 4.2. Admi stracdo Publica Indireta Além de apresentar expressamente 0 conceito de Administracdo Direta, o Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 4°, II, “a”, declara ainda que a Administrac&io Publica Federal Indireta compreende as autarquias, empresas Diblicas, sociedades de economia mista e fundacées piiblicas, todas dotadas de personalidade juridica prépria. Todavia, é importante destacar que a Lei 11.107/05, que dispde sobre os consércios ptiblicos, estabelece expressamente em seu artigo 6°, § 1°, que “o consércio ptiblico com personalidade juridica de Direito Publico integra a administragao indireta de todos os entes da Federac&o consorciados". Atencio: No conceito de Administraciéo descentralizada, anteriormente estudado, estéo inclufdas todas as entidades que integram a Administrac&o Indireta, ou seja, as autarquias, empresas publicas, sociedades de economia mista e fundagées piiblicas, que recebem a incumbéncia de executarem uma determinada fungao administrativa mediante outorga. Além disso, é vélido lembrar que também se incluem nesse conceito as pessoas fisicas ou juridicas privadas que executam atividades administrativas mediante delegac#e, a exemplo dos concessiondrios, permissiondrios e autorizatérios de servicos publicos. tome nota! As expressées “Administracdo Descentralizada” e "Administraco Indireta” nao sao sinénimas. Nesta Ultima, no se incluem os concessiondrios, permissiondrios e autorizatarios de services ptiblicos. 4.3. Criagéo das entidades integrantes da Administracdo Indireta As regras constitucionais para a criagéo das entidades integrantes da Administrac&o Publica Indireta esto previstas no inciso XIX, artigo 37, da Constituic&o Federal de 1988: www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 2 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo amener ale Gl-Oreanzeglo da Adminstragao ables Prof. Fablano Perel "XIX - somente por lei especifica poderé ser griada autarquia e autorizadaa instituicio de empresa publica, de sociedade de economia mista e de fundagéo, cabendo & lei complementar, neste Ultimo caso, definir as dreas de sua atuagao". Como é possivel observar, algumas entidades ser&o criadas diretamente por lei especifica (autarquias e fundacées puiblicas de direito puiblico) e outras terdo a sua criacéo autorizada por lei especifica (fundacdes publicas de Direito Privado, empresas piblicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois essas peculiaridades s4o muito cobradas nas provas da VUNESP. Caso a entidade seja criada diretamente por lei especifica, sera instituida com personalidade juridica de direito piblico. Entretanto, se a criagdo for apenas autorizada por lei especifica, sera regida pelo direito privado. Uma questéio que anteriormente gerou bastante polémica, mas que parece ter sido pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, refere-se a existéncia de duas espécies de fundacées piblicas: de Direito Publico e de Direito Privado. A polémica foi criada porque até a promulgacao da emenda constitucional 19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundagées ptblicas no podiam ter a criag&o autorizada por lei especifica, somente podiam ser criadas por lei especifica. O texto anterior era o seguinte: “XIX - somente por lei especifica poderéo ser criadas empresas publicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundagées publicas”. O Supremo Tribunal Federal j4 se manifestou por varias vezes no sentido de que existem duas espécies de fundacées ptblicas: as de Direito Pablico e as de Direito Privado. As primeiras séo criadas por lei especifica, nos mesmos moldes das autarquias e, portanto, so regidas pelo Direito Publico. A segunda espécie ter a criacéo autorizada por lei especifica e, portanto, sera regida pelo Direito Privado. Além disso, independentemente do regime adotado (ptiblico ou privado), as fundagées ptiblicas somente poderéo atuar em dreas definidas em lei complementar, que, até o momento, ainda n&o foi criada. No processo de criagdo de autarquias e fundacées publicas de Direito Piiblico, a prépria lei especifica seré responsdvel por conceder personalidade juridica a essas entidades, independentemente de registro posterior de seus atos constitutivos nos érgéos competentes (Cartério de Registro de Pessoas Juridicas ou Junta Comercial, por exemplo). Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Orgenizagio da Administragao Publica Prof. Fablano Pereira Em relacéo as entidades que tém a criacdo apenas autorizada em lei especifica (fundagdes plblicas de Direito Privado, empresas piiblicas e sociedades de economia mista), a personalidade juridica somente sera assegurada com a edic&o de decreto pelo chefe do Poder Executivo (que sera responsavel pela organizagao e estruturagéo da entidade) e o respectivo registro de seus atos constitutivos na Junta Comercial ou no Cartério de Registro Civil das Pessoas Juridicas. Nas pessoas juridicas de Direito Publico, a prépria lei eriadora concede “existéncia juridica" & entidade, ou seja, personalidade juridica que culmina na possibilidade de contrair direitos e obrigacdes em nome préprio. Em relag&o as entidades regidas pelo Direito Privado, essa possibilidade de contrair direitos e obrigacées somente ocorrerd com a publicagao da lei especifica autorizando a criagdo e, na sequéncia, com a elaborac&o e registro do ato constitutive (decreto do Chefe do Executivo) nos érgéios competentes. Outro dispositive que merece destaque € 0 inciso XX, do artigo 37, da Constituigo Federal de 1988, que apresenta as regras gerais sobre a criago de subsididrias de empresas pubblicas e sociedades de economia mista: “XX - depende de autorizagao legislativa, em cada caso, a criago de subsididrias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participagéo de qualquer delas em empresa privada”. Inicialmente, é valido esclarecer que, para a criaco de subsididrias, n&o existe a necessidade de lei especifica, mas somente autorizagio legislativa (qualquer espécie legislativa). Além disso, nos termes constitucionais, a autorizacéo legislativa tem que ser concedida em cada caso, ou seja, a cada criagéio de uma nova subsidia Contudo, apesar de o texto constitucional ser expresso ao afirmar a necessidade de autorizacéo legislativa para cada case, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorizaco legislativa especifica para a criac&o de empresas subsidiérias ¢ dispensdvel nos casos em que a lei autorizativa de criagio da sociedade de economia mista ou empresa publica matriz também previu a eventual formacao das subsidiarias. "ADI 1649 / DF. EMENTA: ACAO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LET 9478/97. AUTORIZAGAO A PETROBRAS PARA CONSTITUIR SUBSIDIARIAS. OFENSA AOS ARTIGOS 2° E 37, XIX E XX, DA CONSTITUICAO FEDERAL. INEXISTENCIA. ALEGACAO IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 nao autorizou a instituicéo de empresa de economia mista, mas sim a criagéo de subsidiérias distintas da sociedade-matriz, em consonancia com o inciso XX, e ndo com o XIX do artigo 37 da Constituicéo Federal. 2. E dispensdvel a autorizacao legislativa para a criagéo de empresas subsididrias, desde que haja previséo para esse fim www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 24 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ule 01-0: io da Administrag&o Publica Prof. Fablano Pereira na propria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a propria medida autorizadora. Acao direta de inconstitucionalidade julgada improcedente." Assim, 0 entendimento que deve prevalecer para concursos publics é 0 de que a autorizag3o para a criagdo de subsididrias pode ser genérica (conforme o entendimento do STF), ou, ainda, que deve ser concedida autorizac&o legislativa em cada caso (quando a questao cobrar o texto literal do inciso XX, do artigo 37, da CF/1988). Fique atento ao modelo de questo, pois podem ser cobrados os dois entendimentos. Todavia, vocé saberé identificar a resposta facilmente, pois a VUNESP nao apresentard as duas possibilidades na mesma questo (pelo menos eu ainda no vi!). Ultrapassada esta parte “introdutéria” sobre a Administragio Publica, comegaremos a estudar, a partir de agora, cada uma das entidades que integram a Administraggo Publica Indireta, com as suas _respectivas peculiaridades. Por serem varias as entidades (autarquias, fundagées publicas, empresas piiblicas e sociedades de economia mista), procurarei ser bastante objetivo, restringindo-me as informacdes que séio realmente importantes para as provas da VUNESP. A propésito, lembre-se de que os consércios ptiblicos nao foram mencionados no edital, portanto, no vamos estuda-los! ©) Pos coNcumso® ule 0. Preparatério para Anal. Jud. ¢ Oficial de lusica (T/A) ~D. Administrative 30 da Administragso Publica Prof. Febiono Per RESUMO DE VESPERA DE PROVA - RVP va _resumindo! | 1. Criada pelo jurista alemao Otto Gierke, a teoria do érgdo declara que a o Estado manifesta a sua vontade através de seus érgaios, que sao compostos de agentes publicos. Sendo assim, a vontade do érgdo é imputada a pessoa juridica a cuja estrutura esta integrado, o que se convencionou denominar de imputacéo volitiva; 2. Nao confunda desconcentracgdo e descentralizagdo. A primeira nada mais & que a distribuigéo interna de competéncias dentro de uma mesma pessoa juridica, ou seja, a criagéo de drgdos pblicos que fazem parte de uma estrutura hierarquizada, criada com o objetivo de tornar mais eficiente a execugao das finalidades administrativas previstas em lei. A segunda ocorre quando a Unido, DF, Estados ou Municipios desempenham algumas de suas fungdes por meio de outras pessoas juridicas. A descentralizagdo pressupde a existéncia de duas pessoas juridicas distintas: 0 Estado e a entidade que executard o servigo, por ter recebido do Estado essa atribuicao; 3. As principais caracteristicas dos érgaos publicos, que est&o presentes na maioria deles (ndo em todos), so: integram a estrutura de uma pessoa juridica; n&o possuem personalidade juridica; so resultado da desconcentraco; alguns possuem autonomia gerencial, orcamentaria e financeira; podem firmar, por meio de seus administradores, contratos de gestdo com outros érgéios ou com pessoas juridicas (CF, art. 37, § 8°.); néo tem capacidade para representar em juizo a pessoa juridica que integram; alguns tem capacidade processual para a defesa em juizo de suas prerrogativas funcionais e néo possuem patriménio préprio. 4. Independentes s&o os érgaos previstos diretamente no texto constitucional, representatives dos Poderes Legislative (Congresso Nacional, Senado, Camara dos Deputados, AssembléiasLegilativas e Camara de Vereadores) Executivo (Presidéncia da Republica, Governadoria dos Estados, DF e Prefeituras) e Judiciério (com todos os seus érgdos). E possivel incluir nesta classificacéo também o Ministério Publico e os Tribunais de Contas; 5. Fique atento para n&o confundir descentralizacéo por outorga e descentralizagéo por delegacdo. Na outorga ocorre a transferéncia da titularidade e da execugéio do servigo, enquanto na delegagao ocorre apenas a www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 26 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica(T1/PA)—D. Administrativa io da Administragdo Publica Prof. Fabiano Pereira transferéncia da execu¢&o, ou seja, a titularidade do servico permanece com o ente estatal; 6. Algumas entidades administrativas serdo criadas diretamente por lei especifica (autarquias e fundagdes publicas de direito pUblico) e outras terdo a sua criagéo autorizada por lei especifica (fundagées publicas de direito privado, empresas puiblicas e sociedades de economia mista). Fique atento, pois essas peculiaridades so muito cobradas em provas; 7. © Supremo Tribunal Federal pacificou o entendimento de que existem duas espécies de fundacées pliblicas, as de direito publico e as de direito privado. As primeiras so criadas por lei, nos mesmos moldes das autarquias e, portanto, sero regidas pelo direito piblico. As segundas terdo a criac&o autorizada por lei e, sendo assim, serdo regidas pelo direito privado. 8. & vdlido esclarecer que para a criagdo de subsididrias ndo existe a necessidade de lei especifica, mas somente autorizacio legislativa (qualquer espécie legislativa). Além disso, a autorizagio legislativa tem que ser concedida em cada caso, ou seja, a cada criagdo de uma nova subsidiéria. Contudo, apesar do texto constitucional ser expresso ao afirmar a necessidade de autorizaggo legislativa para cada caso, em 2004 o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorizacdo legislativa especifica para a ctiagSo de empresas subsididrias € dispensdvel nos casos em que a lei autorizativa de criagéo da empresa de economia mista ou empresa publica matriz também previu a eventual formacdo das subsididrias. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D, Administrativo 30 de Adm Prof. Fabiono Pereira Pos coNcumso® ule 01-Organi trago Publica Pent) Geet eset iar 1. Consideragées iniciais ... 2. Espécies de entidades integrantes da administracdo publica indireta 2.1, Autarquia: 2.1.2. Autarquias em regime especial. 2.1.3. Autarquias profissionais. 2.2. Fundagées piblicas 2.3. Empresas publicas e sociedades de economia mista. 2.4. Consércios ptiblicos.. 3. Revisiio de véspera de prova - “RVP”. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 28 oni Preparatério para Anal. Jud. ¢ Oficial de Justica (T1/PA) ~ D. Administrativo tragso Piblica Prof. Fabiono Pereira Creer et ear i) 1. Consideracées i De inicio, é importante que vocé saiba diferenciar algumas expressdes que s&o muito comuns em provas de concursos: “entidades, entes ou pessoas politicas", “entidades ou entes estatais" e “entidades ou entes administrativos”. is As expressdes “entidades, entes ou pessoas politicas”, bem como “entidades ou entes estatais", sio expressées sinénimas, utilizadas para se referir & Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal. De outro lado, as expressdes “entidades ou entes administrativos” s&o utilizadas para designar as autarquias, fundacées publicas, empresas publicas, sociedades de economia mista e consércios pblicos de Direito Publico. Os entes politicos ou estatais sempre serao pessoas juridicas de Direito Puiblico interno. Por outro lado, as entidades administrativas podem ser instituidas sob a forma de pessoas juridicas de Direito Publico (autarquias, fundagdes de direito publico e consércios ptiblicos) ou de Direito Privado (fundagdes pUblicas de direito privado, empresas pliblicas e sociedades de economia mista). 2. Espécies de entidades integrantes da Administragao Publica indireta 2.1. Autarquias Conforme nos informa o saudoso professor Diégenes Gasparini, 0 vocdbulo autarquia, de origem helénica, significa comando _préprio, autogoverno. Entretanto, conforme veremos mais adiante, néo é conveniente que se faga uma estrita ligacio entre o vocdbulo “autarquia” e “governo préprio", pois outras entidades administrativas também possuem essas caracteristicas e, nem por isso, so denominadas autarquias. Cuidado! N&o é correto afirmar que as autarquias possuem autonomia politica (autonomia de governo), pois essa é uma caracteristica inerente as entidades estatais (Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal). As autarquias possuem capacidades exclusivamente administrativase, para exercé-las com maior eficiéncia, possuem autoadministracao. A principal caracteristica das autarquias esté relacionada @ natureza das atividades que desenvolvem: atividades tipicas de Estado, em regra. Estado incluidas no Ambito das atividades tipicas de Estado seguranga publica, Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo io da Administrag&o Publica Prof. Fablano Pereira diplomacia, arrecadagéo e fiscalizagéo de tributos e — contribuigées previdencidrias, vigilancia sanitéria, fiscalizacdo e protecéo ao meio ambiente, entre outras. Apesar do que acabei de afirmar, é importante esclarecer que nem sempre as autarquias exercerao atividades tipicas de Estado, a exemplo da UFMG (autarquia federal), que desempenha atividades de pesquisa, ensino e extensdo universitérios, que no so tipicas de Estado, ja que também séo realizadas por particulares. ‘© caiu na prova! No concurso ptiblico para Titular de Servicos de Nota e Oficios do TI/SP, realizado em 2011, a VUNESP considerou correto 0 seguinte enunciado: “autarquia é pessoa juridica de direito puiblico, criada por lei, com capacidade de autoadministracSo, para o desempenho de servico piiblico descentralizado, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei”. 2.1.1. Conceito As autarquias possuem personalidade juridica de Direito PGblico e integram a Administracgao Indireta ¢ Descentralizada, sendo criadas por lei especifica para o exercicio de fungdes administrativas tipicas de Estado, tais como previdéncia e assisténcia social (INSS), policia administrativa (IBAMA), regulago de determinados setores da economia (Banco Central e Comisséo de Valores Mobilidrios - CVM), assisténcia social (INCRA) e até mesmo atuacéio na drea de satide, em situagdes excepcionais. © Decreto-Lei 200/67, em seu artigo 5°, I, conceitua autarquia como “o servigo auténomo, criado por lei, com personalidade juridica, patriménio e receita préprios, para executar atividades tipicas da administracao publica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gest&o administrativa e financeira descentralizada". Doutrinariamente, € interessante 0 conceito formulado pela professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem autarquia é uma “pessoa juridica de Direito Publico, criada por lei, com capacidade de autoadministragéo, para o desempenho de servico publico descentralizade, mediante controle administrativo exercido nos limites da lei". As autarquias se caracterizam como um “braco" do préprio Estado, sendo as primeiras entidades administrativas a quem foram transferidas a titularidade e a execugao de atividades administrativas especificas. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 30 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D. Administrativo Prof. Fablano Pereira Pos coNcuREO® itrago Publica Caso vocé encontre as express6es "fungao ou atividade tipica de Estado” ou “fungao ou atividade tipica do Poder Publico” em uma questao de prova sobre Administracao Indireta, provavelmente a resposta estard relacionada com a autarquia. Moleza! 2.1.2, Natureza juridica As autarquias possuem personalidade juridica de Direito Publico, podendo contrair direitos e obrigagdes em nome préprio, pois sdo entidades distintas daquelas responsdveis pela sua criacio. Exemplo: © IBAMA, que é uma autarquia federal, foi criado pela Unido, mediante lei especifica, para o exercicio do poder de policia administrativa na area ambiental. Entretanto, 0 IBAMA possui personalidade juridica prépria, distinta da Unio e, portanto, deve atuar de maneira auténoma no exercicio de suas funges administrativas. O mesmo ocorre com 0 BANCO CENTRAL, que também é uma autarquia federal e, portanto, possui personalidade juridica distinta da Unigio. A personalidade juridica de Direito Piblico, atribuida as autarquias, & consequéncia direta dos fins e atividades administrativas que ficam sob a sua responsabilidade. Em regra, como exercem fungées tipicas de Estado, nada mais coerente do que atribuir as autarquias todas as “prerrogativas” provenientes do regime juridico-administrativo, assim como acontece com as entidades estatais (que também sao regidas pelo Direito Puiblico). No mesmo sentido, como consequéncia da autonomia e independéncia autarquica, € perfeitamente possivel que a Unido, por exemplo, ajuize uma aco judicial em face do IBAMA, ou vice e versa, pois ambas as entidades tam personalidade juridica prépria. 2.1.3. Criagao e extingao Nos termos do inciso XIX, artigo 37, da Constituicéo Federal de 1988, somente por lei especifica, podera ser criada uma autarquia, seja ela federal, estadual, municipal ou distrital. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justice (T1/PA)—D. Administrativa amenee gto crag Pubee Prof. Fabiano Pereira A personalidade juridica de uma autarquia tem inicio com a vigéncia da lei responsdvel pela sua criag&o, contrariamente ao que ocorre em relacéio as pessoas juridicas de Direito Privado, que sdo regidas pelas regras constantes no artigo 42 do Cédigo Civil Brasileiro, que assim disp Art. 45. Comega a existéncia legal das pessoas juridicas de Direito Privado com a inscrigéo do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessério, de autorizagéo ou aprovacéo do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alteragées por que passar 0 ato constitutivo. A capacidade da autarquia para contrair direitos e obrigagées em nome préprio independe do registro de seus atos constitutivos perante os érgaos competentes. A sua existéncia legaltera inicio com a publicagao do texto da lei criadora no Diario Oficial, que assegurara 0 inicio de sua vigéncia e, ainda, da personalidade juridica da autarquia. Em regra, a iniciativa legislativa para a criacdo de autarquias & privativa do Chefe do Executivo (artigo 61, § 1°, II, “e", da CF/88), em todos 0s niveis federativos (Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal). Depois de criada por lei, esta autorizado 0 Chefe do Poder Executivo a editar decretos que tenham por objetivo organizar e estruturar o funcionamento da autarquia. O Presidente da Republica, por exemplo, podera editar um decreto com a finalidade de aprovar o regimento interno ou o estatuto de uma autarquia recém-criada. Analisando-se 0 texto do artigo 37, caput, da CF/88, conclui-se ser possivel a criagéo de autarquias vinculadas ao Poder Judiciério e, ainda, ao Poder Legislativo. Nesses casos, a apresentaco do projeto de lei de criagio dependeria de cada Poder especifico, e no do Chefe do Executivo. Art. 37. A administragéo publica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unido, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municipios obedeceré 20s principios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiéncia [...] Como exemplo de autarquia vinculada ao Poder Judicidrio, podemos citar o Instituto Pedro Ribeiro de Administrag&o Judiciéria - IPRAJ, criada junto ao Tribunal de Justiga do Estado da Bahia (através da Lei Estadual n° 4.348/84), com o objetivo de “planejar, coordenar, dirigir, executar e controlar as atividades de apoio administrativo em matéria financeira, de pessoal, de suprimento, de desenvolvimento de recursos humanos e organizacionais, assisténcia e previdéncia social do Tribunal”. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 32 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ul io da Administrag&o Publica Prof. Fablano Pereira Assim, apesar de o Conselho Nacional de Justiga - CNJ, em deciséo proferida no processo administrativo n° 337.015, ter sido contrario a existéncia de autarquia vinculada ao Poder Judicidrio, constata-se que, em tese, é possivel a criagdo de tais entidades vinculadas ao Poder Judicidrio e Legislativo (andlise extraida do artigo 37 da CF/88). Em respeito ao principio do paralelismo das formas, como se exige lei especifica para criag&o de autarquia, da mesma forma, exige-se lei especifica para a sua extingao. Desse modo, uma autarquia jamais podera ser extinta por Decreto editado pelo Chefe do Executivo, pois n&o foi criada por Decreto, mas sim por lei especifica. Para que vocé consiga visualizar 0 processo de criagio de uma autarquia, basta efetuar uma leitura do artigo 2° da Lei 7,735/89, alterado pela lei 11.516/07, que criou o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis — IBAMA: “Art. 2° E eriado o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis - IBAMA, autarquia federal dotada de personalidade Juridica de Direito Publico, autonomia administrativa e financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, com a finalidade de: I - exercer o poder de policia ambiental; II - executar agées das politicas nacionais de meio ambiente, referentes as atribuigdes federais, relativas ao licenciamento ambiental, ao controle da qualidade ambiental, 4 autorizacdo de uso dos recursos naturais e 4 fiscalizacao, a0 monitoramento e ao controle ambiental, observadas as diretrizes emanadas do Ministério do Meio Ambiente; e (Incluido pela Lei n°. 11.516, 2007). III - executar as agées supletivas de competéncia da Unio, de conformidade com a legisiago ambiental vigente”. 2.1.4, Responsabilidade perante terceiros As autarquias respondero gbietivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsavel nos casos de dolo ou culpa, nos termos do § 6°, artigo 37, da Constituicéo Federal de 1988. Como as autarquias possuem personalidade juridica prépria, respondem civilmente pelos danos que seus agentes, no exercicio de fungéo publica, causarem a terceiros. O ente estatal responsavel pela criacéo da autarquia somente seré acionado para cumprir a obrigag3o quando a autarquia tornar-se inadimplente. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ule 0 io da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira Entende a doutrina majoritdria que os entes estatais respondem Subsidiariamente pelos danos a terceiros causados em virtude de acdes ou omissdes de agentes das autarquias. O ente criador (Unido, Estados, Municipios DF) somente pode ser acionado apés a exaustio dos recursos financeiros da autarquia e, portanto, nao é correto falar-se em responsabilidade solidaria, mas sim subsidiaria, j4 que as autarquias possuem personalidade juridi patriménio proprios, Somente se a autarquia néo possuir recursos financeiros suficientes para cobrir os prejuizos causados a terceiros é que o ente estatal poderd ser acionado, subsidiariamente. 2.1.5, Patriménio O patriménio de uma autarquia é constituido por bens méveis e iméveis, que so considerados integralmente bens publicos, nao existindo participacéo da iniciativa privada em sua constituigo. Nos termos do artigo 98 do Cédigo Civil, “sao publicos os bens do dominio nacional pertencentes as pessoas juridicas de Direito Publico interno; todos os outros so particulares, seja qual for a pessoa a que pertencem’. Pergunta: Professor, como esses bens méveis e iméveis passam a integrar 0 patriménio de uma autarquia? Esses bens podem ser transferidos através da prépria lei responsdvel pela criagéo da autarquia ou, ainda, através de lei posterior, que iré agregar novos bens ao patriménio original. Exemplo: No momento da criag&o do IBAMA, a prépria Lei 7.735/89, em seu artigo 4°, declarou expressamente que os bens que iriam integrar o patriménio inicial da entidade seriam provenientes de outras entidades extintas. “art. 4° © patriménio, os recursos orcamentérios, extra-orcamentérios e financeiros, a competéncia, as atribuigées, 0 pessoal, inclusive inativos e pensionistas, os cargos, funcdes e empregos da Superintendéncia da Borracha - SUDHEVEA e do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, extintos pela Lei n°. 7.732, de 14 de fevereiro de 1989, bem assim os da Superintendéncia do Desenvolvimento da Pesca - SUDEPE e da Secretaria Especial do Meio Ambiente - SEMA séo transferidos para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovaveis, que os sucederd, ainda, nos direitos, créditos e obrigagdes, decorrentes de lei, ato administrativo ou contrato, inclusive nas respectivas receitas”. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 34 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) - D. Administrative aomenee Tighe du Admittragdo Poin Prof. Fablano Pereira Como os bens integrantes do patriménio das autarquias so considerados Rublicos, gozam das mesmas prerrogativas asseguradas aos bens pertencentes as entidades da Administragdo Direta: a imprescritibilidade (nao podem ser objeto de agdes de usucapido apresentadas por terceiros), a alienabilidade condicionada (apenas os bens dominicais podem ser alienados © desde que cumpridas todas as exigéncias legais) e a impenhorabilidade (no podem ser penhorados para garantir o pagamento de créditos de terceiros). 2.1.6. Regime de pessoal Ao analisarmos o regime de pessoal das autarquias, é necessdrio e imprescindivel diferenciarmos duas espécies de agentes: os servidores piiblicos ¢ os seus dirigentes. a) Servidores Publicos 0 texto original do artigo 39 da Constituigéo Federal de 1988 estabelecia que a Uni&o, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios deveriam estabelecer, no Ambito de sua competéncia, reqime juridico Unico (apenas estatutério, celetista ou outro regime legal) para os servidores da administracao publica direta, das autarquias e das fundacdes publicas. Na esfera federal, decidiu-se adotar o regime estatutario (Lei 8.112/90) para todos os servidores ptblicos federais vinculados & Unido, seus respectivos 6rgaos, autarquias e fundagdes publicas de Direito Publico. Entretanto, em 04 de junho de 1998, foi promulgada a emenda constitucional n°. 19, que acabou com a obrigatoriedade de um regime juridico Unico para todos os servidores ptiblicos. A partir de entéo, 0 regime juridico das referidas entidades e drgdos ptiblicos poderia ser estatutario ou celetista (nos termos da CLT), ou, ainda, qualquer outro previsto em lei. Em tese, seria possivel entéo que uma autarquia federal, por exemplo, tivesse em seu quadro uma parte de servidores regidos por estatuto (Lei 8.112/90) e outra parte regida pela CLT. Todavia, no dia 02 de agosto de 2007, o Plendrio do Supremo Tribunal Federal deferiu medida cautelar na ADIn n°. 2.135, para declarar inconstitucional a nova redaco dada pela EC n°. 19/98 ao caput do artigo 39 da CF, sob a alegagdo de que a alteracdo do referido artigo n&o teria sido aprovada pelo processo legislativo previsto no texto constitucional (quérum favordvel de, no minimo, 3/5 dos membros das duas Casas do Congresso Nacional, em dois turnos de votagiio, como exige o art. 60, §2°, da CF/88). Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ule 01-Organizagto da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira Segundo os partidos que apresentaram a ADIn 2.135 (PT, PDT, PCdoB e PSB), a alteragao do texto do artigo 39 da CF somente teria sido aprovada no Senado, sem a manifestac&o obrigatéria da Camara dos Deputados. Sendo assim, com a suspensao, pelo STF, da alteragéo que havia sido efetuada pela emenda constitucional n° 19, voltou a vigorar no Brasil o famoso regime juridico nico. A alteraco efetuada pela EC n°. 19/98 (fim do regime juridico Unico) no artigo 39 da CF/88 foi suspensa liminarmente pelo Supremo Tribunal Federal e, portanto, as autarquias federais atualmente sé podem contratar servidores piiblicos pelo regime estatutario (Lei 8.112/90), pelo menos até a deciséo final de mérito na ADIn 2.135. Atencgo: As sociedades de economia mista e as empresas pUblicas no foram afetadas pelas modificagées citadas neste tépico, pois os seus empregados sempre foram regidos exclusivamente pelo regime celetista, conforme veremos adiante. b) Dirigentes Além dos servidores publicos, ainda fazem parte do quadro de pessoal das autarquias os seus respectivos dirigentes, que serao escolhidos na forma da lei instituidora ou dos respectivos estatutos. Em regra, os dirigentes das autarquias ocupam cargos em comissdo (também denominados cargos de confianga), nos termos do inciso II, artigo 37, da CF/1988, e a competéncia para efetuar tanto a nomeaggo quanto a exoneragao é do Presidente da Republica (artigo 84, XXV, da CF/1988). Da mesma forma e em respeito ao principio da simetria (que determina que as entidades federativas estaduais, municipais e distrital, ao organizarem suas constituigdes estaduais e leis orgdnicas, devem obediéncia as normas de organizag&o previstas na Constituicio Federal), tal competéncia também sera assegurada aos Governadores dos Estados, do DF e aos Prefeitos, em suas respectivas esferas de atuacdo. Existem casos especificos em que a prépria Constituigao Federal afastou a discricionariedade do Presidente da Reptiblica para a nomeag&o dos dirigentes de autarquias, como acontece, por exemplo, no inciso XIV, do artigo 84, que condiciona a nomeagao dos diretores e presidente do Banco Central (autarquia federal) & aprovagdo prévia do Senado Federal www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 36 ©) Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule Gl-Organizecio da Administra Publica Prof. Fabiono Pereira © Supremo Tribunal Federal jé declarou ser constitucional a exigéncia legal que condiciona a nomeacgéo de dirigentes de autarquias e demais entidades administrativas regidas pelo Direito PUblico, pelo Chefe do Executivo, prévia aprovago do Poder Legislativo respectivo. Todavia, € inconstitucional a lei que estabeleca a necessidade de aprovagio prévia pelo Legislative das nomeacdes de dirigentes para as empresas publicas e sociedades de economia mista efetuadas pelo Chefe do Poder Executive (ADI 1.642/MG). ¢ tome Apesar de ser possivel a exigéncia legal de aprovagao prévia do Legislativo para a nomeagio de dirigentes das autarquias e fundacées piiblicas, o Supremo Tribunal Federal considera inconstitucional qualquer tipo de lei que condicione a exoneracao dos dirigentes das autarquias, pelo chefe de Poder Executivo, 4 prévia aprovagao do poder Legislativo, pois caracterizaria uma violagao ao pri da separagaio dos Poderes. 2.1.7. Pri Em fungio de serem regidas pelo direito publico, as autarquias gozaréo dos mesmos “privilégios” processuais outorgados a Fazenda Publica (entidades da Administrag&o Direta). Dentre eles podemos citar: légios processuais 1) Prazo em qudédruplo para contestar uma acdo em dobro para recorrer, nos termos do artigo 188 do Cédigo de Processo Civil. 2) Dispensa de apresentacdo, por seus procuradores, do instrumento de mandato (procuragao) para atuar em juizo, nos termos da Sumula 644 do Supremo Tribunal Federal: Stimula 644 - Ao procurador autérquico néo é exigivel a apresentacéo de instrumento de mandato para representé-lo em juizo. 3) Nao sujeigéo ao concurso de credores ou & habilitagdo de crédito em faléncia, concordata ou inventério, para cobranga de seus créditos, salvo para estabelecimento de preferéncia entre as diversas Fazendas Publicas; 4) Pagamento de custas judiciais apenas ao término da ago judicial, quando vencidas, nos termos do artigo 27 do Cédigo de Processo Civil; Preparatério para Anal. Jud. ¢ Oficial de Justiga(T1/PA)—D. Administrativa Prot Fabiene Perera 5) A sentenca proferida contra tais entidades, ou a que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos & execucdo de divida ativa, estd sujeita ao duplo grau de jurisdicio obrigatério ¢, portanto, somente produziré efeitos juridicos apés ter sido confirmada pelo tribunal, nos termos dos incisos I e II do artigo 475 do CPC, salvo: a) quando a deciso contraria @ Autarquia for de valor igual ou inferior a 60 (sessenta) salérios minimos; b) quando a sentenca for fundamentada em jurisprudéncia do plenario do Supremo Tribunal Federal ou em stimula deste Tribunal ou de Tribunal Superior. 2.1.8. Imunidade tributaria Nos termos do artigo 150, VI, “a”, da Constituigéo Federal de 1988, “é vedado 4 Unido, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municipios instituir impostos sobre o patriménio, renda ou servicos, uns dos outros” e, por forga do § 2° do mesmo artigo 150, a vedacdo se estende “as autarquias e as fundacées instituidas e mantidas pelo poder publico, no que se refere ao patriménio, & renda e aos servicosvinculados 4s suas finalidades essenciais ou 4s delas decorrentes’. E importante esclarecer que a imunidade tributaria, prevista no artigo 150, VI, “a”, da CF/88, nao se aplica de forma plena as autarquias. A imunidade tributaria somente ira incidir sobre o patriménio, a renda e os servigos das autarquias que estejam vinculados as suas finalidades essenciais ou as que delas decorram. Exemplo: O IBAMA, que é autarquia federal, néo esta obrigado a pagar IPTU relativo a imével integrante de seu patriménio e que é utilizado como sede de suas atividades administrativas (finalidade essencial). Todavia, se © IBAMA possui imdvel que esteja desocupado e decide aluga-lo, sera exigido © pagamento do IPTU, pois, nesse caso, 0 bem nao estara sendo utilizado para a satisfacdo de suas finalidades essenciais. Para que vocé ndo seja surpreendido nas provas, lembre-se sempre de que a imunidade tributéria n&o alcanga todas as espécies de tributo, como as taxas e as contribuigdes de melhoria, mas apenas os impostos, que séo espécies do género tributo. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 38 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo istrago Publica Prof. Fablano Pereira © caiu na prova! No concurso piiblico para 0 cargo de Advogado da CESP, realizado em 2009, a VUNESP considerou correto o seguinte enunciado: "No tocante 20 regime juridico das autarquias, é correto afirmar que s&o pessoas juridicas de direito publico de capacidade exclusivamente administrativa; so protegidas pela imunidade reciproca tributéria”. 2.1.9. Prescri¢do quinquenal Todos aqueles que possuem créditos a receber de autarquias deverdo promover a cobranca no prazo maximo de 05 (cinco) anos, sob pena de prescrig&o (nao poder mais exigi-lo). O referido prazo consta expressamente no Decreto Federal 20.910/32, que foi estendido as autarquias pelo Decreto-Lei 4.597/42. 2.1.10. Foro judicial Nos termos do ine. I, artigo 109, da Constituigso Federal de 1988, as. causas em que entidade autarquica federal for interessada na condicaéo de autora, ré, assistente ou oponente, exceto as de faléncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas a Justica Eleitoral e a Justiga do Trabalho, tramitarao na justica federal. Entretanto, nos casos de autarquias estaduais ou municipais, as causas deverao tramitar na justica estadual. Da mesma forma, nos termos do inciso VIII, artigo 109, da CF/1988, os mandados de seguranga e os habeas data contra ato de autoridade federal (dirigentes de autarquias, por exemplo), excetuados os casos de competéncia dos tribunais federais, também seréio propostos na justiga federal de 14 instancia. No momento, os servidores das autarquias somente podem vincular-se a entidade pelo regime juridico ¢statutério, pois o Supremo Tribunal Federal restabeleceu a obrigatoriedade do regime juridico Gnico. Contudo, entre 04 de junho de 1998 (promulgacao da EC 19) e 02 de agosto de 2007 (data na qual o STF concedeu medida cautelar para restituir o regime juridico tnico), as autarquias puderam contratar agentes publicos tanto pelo regime estatutario quanto celetista. Assim, caso os servidores estatutérios de uma autarquia federal necessitem recorrer ao judicidrio para exigir 0 pagamento de alguma verba remuneratéria (horas extraordinérias, por exemplo), deverdo acionar a justica Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizacéo da Administragéo Publica Prof. Fablano Pereira federal. Por outro lado, caso os agentes autérquicos sejam regidos pela CLT (contratados no periodo em que havia sido extinto o regime juridico tnico) e desejam exigir 0 pagamento de horas extraordindrias n&o recebidas, deveréio acionar 2 justica trabalhista. Deve ficar bem claro que a competéncia judicial para processamento e julgamento das ages propostas pelos servidores pliblicos, em face da Administracéo, esta intimamente relacionada com o regime juridico adotado. Caso o regime juridico adotado seja o celetista (empregados publicos), a acéo judicial pleiteando adicional de insalubridade, por exemplo, deverd ser proposta na justiga trabalhista. Do contrario, caso o regime seja estatutério (Lei 8.112/90, por exemplo), a aco deverd ser proposta na justica federal comum de 1? instancia. 2.1.11. Controle finalistico As entidades autarquicas néo estéo subordinadas as entidades politicas responsaveis pela respectiva criaco, mas apenas yinculadas. As entidades criadoras, da Administracéio Direta, exercem sobre as autarquias apenas o denominado “controle finalistico" ou “superviséo ministerial” (essa. Ultima denominaséo ¢ utilizada apenas no ambito federal, jé que n&o temos Ministérios no Ambito estadual e municipal, mas apenas Secretarias). Peraunta: Professor, o que seria essa tal de supervisdo ministerial? Primeiramente, 6 necessdrio esclarecer que as autarquias possuem autonomia administrativa, ou seja, capacidade de autoadministragéo segundo as regras constantes da lei responsdvel pela sua criagdo. Em virtude dessa autonomia administrativa, as autarquias nao estao subordinadas as entidades da Administracgo Direta, mas somente vinculadas a um Ministério (na esfera federal) responsavel pela sua area de atuagao. Nos termos do artigo 26 do Decreto-Lei 200/67, os Ministérios ficar’o responsdveis por exercer uma supervisdo, um controle finalistico sobre as autarquias, visando assegurar, essencialmente, a realizagdo dos objetivos fixados nos atos de constituico da entidade. Trata-se de uma superviséo (fiscalizac&io) geral com o objetivo de verificar se as autarquias realmente esto cumprindo as suas respectivas finalidades legais. Exemplo: 0 INSS estd vinculado, mas n&o subordinado ao Ministétio da Previdéncia Social; 0 IBAMA esté vinculado ao Ministério do Meio Ambiente; 0 Banco Central e a CVM estdo vinculados ao Ministério da Fazenda; o INCRA esta vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Agrario, ete. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizacéo da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira © caiu na prova! No concurso publico para o cargo de Analista Administrative do SAP/SP, realizado em 2011, a VUNESP considerou correto 0 seguinte enunciado: “as autarquias estéo sujeitas a controle exercido pela entidade a que se vinculam”. 2.1.12. Licitagdo e concurso piiblico Apenas para que n&o reste qualquer duvida, as autarquias estdo obrigadas a [icitar_previamente a contratacdo de obras, servigos, compras e alienagées, nos termos do inciso XXI, do artigo 37, da CF/1988. Nos mesmos moldes, as autarquias também esto obrigadas a realizar concurso piiblico para a seleg&o de novos servidores para o seu quadro de pessoal, nos termos do inciso II, artigo 37, da CF/1988. 2.1.13. Autarquias em regime especial Em nosso ordenamente juridico, algumas autarquias passaram a receber um tratamento especial do legislador em virtude de possuirem prerrogativas peculiares e, portanto, passaram a ser denominadas “autarquias especiais”. Como exemplos dessas autarquias em regime especial, podemos citar as Universidades Publicas Federais que, em razéo de o artigo 207 da CF/88 assegurar-Ihes autonomia didédtica, cientifica, administrativa e de gestao financeira e patrimonial, acabaram recebendo o titulo de “especiais”. As agéncias reguladoras também séo exemplos de autarquias em regime especial e, por sinal, as bancas adoram cobrar questdes sobre o tema. Todavia, somente no préximo médulo iremos conhecer as caracteristicas basicas das agéncias reguladoras ¢ outras espécies de autarquias, como as agéncias executivas. 2.1.14. Autarquias profissionais Apesar de ndo serem comuns questées em provas sobre o tema, é importante que vocé saiba que os conselhos profissionais (Conselho Federal de Farmdcia, Conselho Regional de Enfermagem, Conselho Federal de Contabilidade, entre outros) possuem a natureza juridica de autarquias e, portanto, s&o regidos pelo Direito Pul Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo a mcner xo dendminiragsoPoblca Prof. Fabiano Pereira Esse foi o entendimento do Supremo Tribunal Federal no julgamento da ADI 1.717-DF, em 22/09/1999, ao reconhecer que 0 servico de fiscalizagao de profissées constitui atividade tipica de Estado, fundamentando 0 exercicio do poder de policia e a aplicacio de penalidades aos profissionais que desrespeitarem os preceitos legais normatizadores de cada profissao. Nos termos do § 3°, artigo 58, da Lei 9.649/98, os empregados dos conselhos de fiscalizagéo de profissées regulamentadas séo regidos pela legislagao trabalhista, sendo necessdria a realizagéo de concurso publico para o provimento de seu quadro de pessoal. Outro ponto importante e que merece destaque é a natureza juridica sui generis da Ordem dos Advogados do Brasil, que no pode ser confundida com os demais conselhos profissionais (assim se manifestou o Superior Tribunal de Justiga no julgamento do EREsp n° 503.252/SC, em 25/08/2004). No julgamento da ADI n° 3.026-4/DF, 0 Supremo Tribunal Federal declarou, entre outros, que: 19) a OAB néo se sujeita aos ditames impostos pela Administracao Publica Direta e Indireta; 20) a OAB no integra a Administrag&o Indireta da Uniéo; 3°) a OAB é um servico publico independente; 40) a OAB nao é uma autarquia em regime especial; 5°) a OAB no esta sujeita ao controle da Administragao Publica; 6°) @ OAB nao precisa realizar concurso publico para a contratacéo de seus empregados; 7) a OAB é uma categoria impar no elenco das personalidades juridicas do Direito brasileiro. 2.1.15. Autarquias interestaduais © professor José dos Santos Carvalho Filho, com a clareza que lhe é& peculiar, afirma que “em virtude da autonomia de que sao titulares, na forma do art. 18, da CF, cada uma das pessoas federativas tem competéncia para instituir suas préprias autarquias, que ficaréio vinculadas a respectiva Administragéo Direta. Todavia, naéo s&o admissiveis autarquias interestaduais e intermunicipais. Se ha interesse de Estados e de Municipios para executar servicos comuns, devem os interessados, por si mesmos ou por pessoas descentralizadas, como é 0 caso de autarquias, celebrar convénios ou consorcios administrativos, constituindo essa forma de cooperacéo a gestéo www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 42 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo o da Administragdio Publica Prof. Fablano Pereira associada prevista no art. 241 da Constituicéio, tudo, é dbvio, dentro do ambito das respectivas competéncias constitucionais. Esta é que deve ser a solucéo, e n&o a criagdo de autarquia Unica (ou outra pessoa descentralizada) para interesse de diversos entes. Semelhante hipétese provocaria deformac&o no sistema de administracéo direta e indireta, segundo o qual cada pessoa descentralizada € vinculada apenas ao ente federativo responsdvel por sua instituigéo, e n&o simultaneamente a varias pessoas federativas. Inexiste, por conseguinte, vinculagao pluripessoal. Com esse correto entendimento, o STF julgou injuridica a criagéo de entidade considerada autarquia interestadual de desenvolvimento porque ‘nao hd a possibilidade de criagéo de autarquias interestadual mediante a convergéncia de diversas unidades federadas’, além do fato de que a matéria relacionada a desenvolvimento, planejamento e fomento regional se insere na competéncia da Unido Federal”. 2.2. Fundagées Publicas 2.2.1. Aspectos gerais Para fins de concursos ptblicos, é possivel citar trés espécies basicas de fundacdes: fundacées privadas; fundacées piblicas de Direito Privado e fundacées publicas de Direito Publico. As fundagées s&o figuras juridicas originarias do Direito Privado, constituidas pela atribuiggo de personalidade juridica a um patriménio preordenado a um fim social. tao grande a importancia do patriménio em uma fundag&o que, frequentemente, vocé encontra questées de concursos “apelidando-as" de patrimSnio personificado. Nos termos do Cédigo Civil, para criar uma fundagao privada o seu instituidor faré, por escritura publica ou testamento, dotagdo especial de bens livres, especificando 0 fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administra-la. A fundacao privada somente podera constituir-se para fins religiosos, morais, culturais ou de assistancia. Tornando-se ilicita, impossivel ou inutil & finalidade a que visa a fundago ou, vencido 0 prazo de sua existéncia, 0 érgao do Ministério Puiblico (que é 0 responsdvel por zelar pelas fundacdes privadas) ou qualquer interessado Ihe promoverd a exting&o, incorporando-se o seu patriménio, salvo disposic&o em contrario no ato constitutivo, ou no estatuto, a outra fundagdo, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. ©) Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D, Administrativo da Adm Prof. Fabieno Pereira istraggo Publica Como exemplos de fundagdes privadas, podemos citar a Fundacéo Roberto Marinho, Fundagéo Bradesco, Fundacéo Ayrton Senna, Fundacdo Abring, entre outras. Entretanto, para concursos publicos, 0 nosso foco sero as fundagées publicas. 2.2.2. Natureza juridica Fundacées Publicas so entidades dotadas de personalidade juridica de Direito PUblico ou Priyado, sem fins lucrativos, criadas por lei (Direito Publico) ou em virtude de autorizagao legislativa (Direito Privado) para o desenvolvimento de atividades de interesse pliblico, como educagéo, cultura, salide e pesquisa, sendo regulamentadas por decreto do Chefe do Executivo. J. sque atento! Para responder as questées elaboradas pela VUNESP, é necessério que vocé saiba que as fundagées publicas podem ser regidas pelo Direito Puiblico ou pelo Direito Privado, bem como as consequéncias da adocao de cada regime. Apesar de 0 tema ser constante em provas de concursos piiblicos e de o préprio Supremo Tribunal Federal jé ter se manifestado pela existéncia das duas espécies de fundagées publicas (julgamento do recurso extraordinario n°, 101,126/R3), ainda é grande a divergéncia na doutrina. Entretanto, como o nosso objetivo é ingressar no servico publico, vamos adotar o posicionamento do STF. Até a promulgagao da emenda constitucional n°. 19, que alterou o artigo 37, XIX, da CF/1988, as fundagdes publicas no podiam ter a criagdo autorizada por lei especifica, somente podiam ser griadas por lei especifica. 0 texto anterior era o seguinte: “XIX - somente por lei especifica poderao ser criadas empresas publicas, sociedades de economia mista, autarquias ou fundagées publicas”. Entretanto, com a promulgag&o da EC n°.19/98, 0 inciso XIX do artigo 37 passou a vigorar com seguinte teor: XIX - somente por lei especifica poderé ser criada autarquia e auterizada a instituiggéo de empresa publica, de sociedade de economia mista e de fundacio, cabendo a lei complementar, neste Ultimo caso, definir as dreas de sua atuagao. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 44 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) - D, Administrativo aomenee fale Gl-Oreanizaglo da Adminstragao Pablee Prof. Fablano Pereira Nesse contexto, é possivel concluir que as fundacdes publicas de Direito Publico séo gtiadas por lei especifica e, segundo o entendimento do Supremo Tribunal Federal, seriam uma espécie de autarquia, gozando de todas as prerrogativas atribuidas a essa entidade administrativa. Quando regidas pelo Direito PUblico, as fundagdes ptiblicas séo usualmente denominadas de “autarquia fundacional” ou “fundagdo autarquica”. Por outro lado, as fundacées ptiblicas de Direito Privado tém a criagéo autorizada_por lei e, portanto, ndéo podem ser consideradas espécies de autarquias (pelo menos esse é 0 entendimento da doutrina majoritaria). As fundag&es puiblicas de Direito Privado s&o criadas nos moldes do art. 37, XIX, da CF, por decreto do Chefe do Poder Executivo apds autorizacaéo concedida por lei especifica, que deverd ser registrada nos érgéos competentes para que se tenha inicio a personalidade juridica. Como exemplos de fundacées publicas de Direito Puiblico, podemos citar a Fundag&o Nacional de Satide (FUNASA), a Fundag&o Nacional do indio (FUNAI), © Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), a Fundagdo Universidade de Brasilia (UNB), a FundagSo Oswaldo Cruz, entre outras. Em relac&o as fundagdes puiblicas de Direito Privado, podemos citar o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico (CNPq), a Fundagao Joaquim Nabuco (FUNDAJ) e a Fundagao Cultural Palmares. 2.2.3 Caracteristicas das fundagées puiblicas de Direito Privado © regime de Direito Privado 6 a regra para as fundacées puiblicas de Direito Privado, sejam elas federais, estaduais, municipais ou distritais. Entretanto, também é correto afirmar que so regidas por um regime juridico hibrido, pois a elas se aplicam também alguns preceitos do Direito Publico, como passaremos a elencar: 14)Controle Finalistico: est&o sujeitas ao controle, fiscalizagéo e gestao financeira pelos Tribunais de Contas (artigo 71, II e III, da CF/88) e ainda, nos termos do inciso X, artigo 49, da CF/1988, & fiscalizag3o do Congresso Nacional. Ademais, é valido esclarecer ainda que as fundacdes publicas de Direito Privado est&o sujeitas ao controle finalistico, também denominado de supervisao ministerial; 2°)Licitac4o: independentemente da natureza juridica da fundag3o governamental, seja de Direito Publico ou de Direito Privado, existe a obrigatoriedade de submisséo as regras licitatorias previstas no inciso XXI, artigo 37, da CF/1988; Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ule 0 0 da Administracéo Publica Prof. Fabiano Pereira 3°)Responsabilidade civil: se estiver incumbida da prestacéo de servicos pUblicos responderdo objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros; 4°)Patriménie: é constituido por bens méveis, iméveis, valores e direitos adquiridos em raz&o de doacées terceiros, receitas da prépria entidade ou, ainda, em razéio de cessdo gratuita de bens publicos, mediante lei. O entendimento doutrindrio majoritério é no sentido de que os bens integrantes do patriménio das fundagdes publicas de Direito Privado nfo podem ser considerados bens ptblicos e, portanto, so penhordveis e suscetiveis de usucapiao. 5°)Regime de pessoal: apesar de serem regidas pelo Direito Privado, existe consenso entre os doutrinadores de que seré necesséria a realizacdo de concurso ptiblico para a contratagao de seus agentes ptiblicos, Entretanto, os seus agentes sero regidos pelo regime contratual, ou seja, celetista. 6°)Foro judicial: como o inciso I, do artigo 109, da Constituigdo Federal, n&o diferenciou as fundagdes publicas regidas pelo Direito Publico das fundagées publicas regidas pelo Direito Privado, predomina o entendimento de que ambas possuem prerrogativa de foro na Justica Federal, quando forem instituidas pela Unido. Esse pelo menos € 0 posicionamento do Superior Tribunal de Justica, que j4 se pronunciou nesses termos no julgamento do Conflito de Competéncia 37681/SC e 39431/PE. 7°)Imunidade tributaria reciproca: aplicam-se as fundagdes ptiblicas regidas pelo Direito Privado as regras estabelecidas no § 2°, artigo 150, da CF/1988, gozando de imunidade em relag&o ao pagamento de impostos sobre os seus bens, servigos e rendas, quando vinculados as atividades fins. Assim, para responder as questées de concursos piiblicos, tenha sempre em mente que as fundagdes ptiblicas de Direito Publico sao espécies de autarquias, e, portanto, gozam das mesmas prerrogativas destas. Por outro lado, as fundagdes publicas de Direito Privadondo gozam de todas as prerrogativas das autarquias, mas somente aquelas que foram elencadas acima. No julgamento do recurso extraordindrio n® 215.741/SE, de relatoria do Ministro Mauricio Corréa, 0 Supremo Tribunal Federal decidiu que “a Fundagéo Nacional de Satide, que é mantida por recursos orgamentarios oficiais da Uniao e por ela instituida, é entidade de direito publico. Nesses termos, compete a Justica Federal processar € julgar aco em que figura como parte fundagao piiblica, tendo em vista sua situacdo juridica conceitual assemelhar- se, em sua origem, a5 autarquias. Ainda que o artigo 109, I da Constituicao Federal, nao se refira expressamente as fundagées, 0 entendimento desta Corte é o de que a finalidade, a origem dos recursos e 0 regime administrative de tutela absoluta a que, por lei, esto sujeitas, fazem delas espécie do género autarquia”. ‘www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 46 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo io da Administragdio Publica Prof. Fablano Pereira 2.2.4. Controle do Ministério Publico Ainda existe divergéncia doutrindria em relagéo a possibilidade de o Ministério Publico fiscalizar as atividades finalisticas das fundagdes publicas. Alguns autores afirmam que o Ministério Publico deve exercer esse controle, assim como ocorre em relagéo as fundagdes privadas instituidas por particulares. Outros afirmam que nao existe a necessidade de qualquer tipo de controle por parte do Ministério Publico, pois a “supervisio ministerial” (também denominada de controle finalistico) exercida pela Administracéo Direta seria suficiente para controlar a realizado dos objetivos fixados nos atos de constituigéio da entidade. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que “a fiscalizacéio pelo Ministério Publico, com relag&o as fundagdes governamentais, mesmo a de direito privado, é totalmente desnecesséria, pois somente serve para sobrecarregar a entidade com duplicidade de controles que tem 0 mesmo objetivo”. ‘© caiu na prova! No concurso publico para Titular de Servicos de Nota e Oficios do T/SP, realizado em 2011, a VUNESP considerou jgcerrete o seguinte enunciado: “a fundagao, por desempenhar atividade no 4mbito social, no esté sujeita a0 controle administrative ou tutela por parte da administracéo direta, sendo, por isso, dotada de autoadministracao”. 2.3. Empresas publicas ¢ sociedades de economia mista 2.3.1. Nogdes gerais Apesar de as empresas publicas e sociedades de economia mista possuirem algumas caracteristicas distintas, estudaremos as duas conjuntamente, 0 que facilitard bastante a assimilagéo das informacdes. De inicio, analisaremos as caracteristicas comuns e, posteriormente, os tépicos que as distinguem. Primeiramente, é valido esclarecer que séo varias as expressées utilizadas pelas bancas examinadoras ao se referirem as empresas publicas e sociedades de economia mista, a exemplo de “empresas governamentais”, “empresas estatais”, entre outras. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo istra¢o Publica Prof. Fablano Pereira Diante disso, fique atento para n&o confundir as expressées “empresas governamentais" e “empresas estatais” com a expressio “entidade paraestatal”, pois esta ultima é utilizada para se referir as pessoas juridicas de direito privado, sem fins lucrativos, que colaboram com o Estado na execugao de atividades de interesse coletivo, a exemplo das Organizagdes Sociais, OSCIP’s e Servigos Sociais Auténomos. 2.3.2. Classificagéo As empresas pliblicas e sociedades de economia mista séo pessoas juridicas de Direito Privado, instituidas pelo Estado para a exploragéio de atividade econémica ou prestacdo de servicos ptblicos, sendo possivel classifica-las sob dois critérios: 1°)Dependéncia financeira: a Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar 101/00) utiliza-se do critério da dependéncia financeira para diferenciar as entidades integrantes da Administrag&o Indireta. Nos termos do inciso III do artigo 2°, empresa estatal dependenteé aquela que recebe do ente controlador (Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal) recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, excluidos, no dltimo caso, aqueles provenientes de aumento de participag&o acionéria. Por outro lado, empresa estatal independente é aquela que consegue se manter com recursos préprios e, portanto, n&o se sujeita integralmente a Lei de Responsabilidade Fiscal, ao contrario das empresas estatais dependentes. Esse critério também € utilizado para submeter ou ndo os empregados das empresas estatais ao teto geral remuneratério previsto no inciso XI, artigo 37, da CF/1988, que dispde que o teto aplica-se somente "as empresas publicas e ds sociedades de economia mista e suas subsididrias, que receberem recursos da Unido, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municipios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral!” 29) Obieto de atuacéo (prestagéo de servicos ptiblicos ou exploragéo de atividade econémica): apesar de o texto constitucional referir-se apenas as empresas estatais exploradoras de atividades econémicas (§ 1° do artigo 173), é pacifico na doutrina o entendimento de que também podem prestar servicos publicos. a) Empresas estatais exploradoras de atividades econémicas: nos termos do artigo 173 da CF/1988, o Estado somente esta autorizado a explorar atividades econédmicas em duas situagdes excepcionais: quando necesséria aos imperativos de seguranga nacional ou existir relevante interesse coletivo. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 48 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo itrago Publica Prof. Fablano Pereira Em regra, a exploracéio de atividades econémicas deve ficar sob a responsabilidade das empresas particulares e o Estado somente iré intervir nessa seara supletivamente. Como exemplos de entidades estatais exploradoras de atividades econémicas, podemos citar o Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econémico e Social — BNDES (empresa publica federal), a Caixa Econémica Federal (empresa publica federal), o Banco do Nordeste do Brasil (sociedade de economia mista federal) e a Petrobras (sociedade de economia mista federal). Ainda sobre 0 tema, outro ponto que merece destaque é a distinc&o entre atividade econdmica de “produgéo ou comercializacéo de bens” ou de “prestacdo de servicos"’. O § 19, art. 173, da Constituigéo Federal de 1988, afirma claramente que a exploragéio de atividade econémica poderé ocorrer através da “producéo ou comercializagéo de bens” ou ainda através da “prestagéo de servigos”. Em relacéo a primeira hipétese, podemos citar como exemplo 0 caso da Petrobras (sociedade de economia mista federal), que realiza a producio e a comercializagdo de produtos derivados do petréleo. Em relacéo a segunda hipdtese, podemos citar como exemplo a Caixa Econémica Federal (empresa ptiblica federal) e 0 Banco do Brasil (sociedade de economia mista federal), que realizam a prestacdo de servicosbancarios. AtencSo: O § 1°, art. 173, da Constituicéo Federal, refere-se aos servigos que n&o s&o publicos, ou seja, aqueles que so explorados pelas empresas privadas e que, somente quando estiver em risco aseguranga nacional ou existir relevante interesse coletivo, serao explorados pelo Estado. O servigo bancdrio n&o é considerado um servigo publico, muito pelo contrario, caracteriza-se como atividade econémica. b) Empresas estatais prestadoras de servicos pitiblicos: além de explorarem atividades econémicas, as empresas estatais também exercem fungées tipicas de Estado, ou seja, prestam determinados servicos Pliblicos que sd da competéncia das entidades integrantes da Administraco direta. Como exemplo de empresas estatais prestadoras de servicos publicos, podemos citar a INFRAERO (empresa piiblica federal), os CORREIOS (empresa ptiblica federal), a Companhia Brasileira de Trens Urbanos - CBTU (sociedade de economia mista federal), a Cia Energética de Minas Gerais - CEMIG (sociedade de economia mista estadual), a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do Sao Francisco e do Parnaiba - CODEVASF (empresa publica federal), entre outras. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Orgenizagio da Adminlstragao Publica Prof. Fablano Pereira 2.3.3. Regime juridico Independentemente da atividade que exercerem (exploragdo de atividade econémica ou prestagdo de services ptblicos) as empresas estatais seréo predominantemente regidas pelo Direito Privado. Entretanto, nao é correto afirmar que essas entidades séio regidas exclusivamente pelo direito privado, pois a elas também se aplicam regras do Direito Publico, tais como a obrigatoriedade de licitag&o para a contracao de obras, bens e servigos e ainda a necessidade de realizacéo de concurso pliblico para a contratagdo de seus empregados. © inc. Il, § 19, do artigo 173, da Constituic&io Federal, estabelece que quando as empresas estatais explorarem atividades econémicas estaréo sujeitas ao regime préprio das empresas privadas, submetendo-se as mesmas obrigagées civis, comerciais, trabalhistas e tributérias. Determina ainda § 2° do mesmo artigo que as referidas entidades nfo poderdo gozar de privilégios fiscais no extensivos as empresas privadas de sua area de atuacéio, evitando-se, assim, uma possivel concorréncia desleal entre as empresas governamentais e privadas. Vocé consegue imaginar o tamanho do prejuizo que poderia ser causado aos bancos privados caso a imunidade tributdria reciproca também se estendesse ao Banco do Brasil e 4 Caixa Econdmica Federal? Esses bancos simplesmente engoliriam o restante do mercado. 2.3.4. Criagao e extingdo As empresas estatais sdo criadas apés autorizacse concedida em lei especifica, nos termos do inciso XIX, artigo 37, da Constituigéo Federal, que assim disp6e: Art. 37. [...] XIX - somente por lei especifica poderé ser criada autarquia © autorizada a instituico de empresa publica, de sociedade de economia mista e de fundacéo, cabendo 4 lei complementar, neste ultimo caso, definir as dreas de sua atuagao. Além de autorizagéo legal, para que a empresa estatal adquira personalidade juridica, seré necesséria ainda a edigéo de decreto pelo Chefe do Executivo e o respectivo registro perante a Junta Comercial ou Cartério de Registro de Pessoas Juridicas, dependendo da forma juridica adotada. N&o é a lei que confere existéncia juridica as empresas estatais. Nos termos do artigo 45 do Cédigo Civil brasileiro, “a existéncia legal das pessoas juridicas de Direito Privado comega com a inscrigéo do ato constitutivo no www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 50 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo amcnee , Drganizagio da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira respectivo registro, precedida, quando necessério, de autorizagSo ou aprovacéo do Poder Executive, averbando-se no registro todas as alteragées por que passar 0 ato constitutivo". Em respeito ao principio da simetria, se foi exigida autorizacao legal para a criag&o das empresas estatais, também sera exigida autorizagdo legal para a respectiva extingao. a) Criacdo de subsidiarias Nos termos do inciso XX, artigo 37, da Constituicéo Federal, depende de autorizacao legislativa, em cada caso, a criacéo de subsididrias das empresas estatais, assim como a participacéio de qualquer delas em empresa privada. Para a criagaio de subsidiarias, nao existe a necessidade de lei especifica, mas somente autorizacao legislativa (qualquer espécie legislativa). Além disso, nos termos constitucionais, a autorizagao legislativa tem que ser concedida em cada caso, ou seja, a cada criagéo de uma nova subsidiéria. Contudo, apesar de o texto constitucional ser expresso ao afirmar a necessidade de autorizacdo legislativa para cada caso, o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 1649, decidiu que a autorizacao legislativa especifica para a criag&o de empresas subsidirias é dispensAvel nos casos em que a lei autorizativa de criagéo da sociedade de economia mista ou empresa publica matriz também previu a eventual formagao das subsidiarias. "ADI 1649 4 DF. EMENTA: ACAo DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI 9478/97. AUTORIZACAO A PETROBRAS PARA CONSTITUIR SUBSIDIARIAS. OFENSA AOS ARTIGOS 2° E 37, XIX E XX, DA CONSTITUIGAO FEDERAL. INEXISTENCIA. ALEGAGAO IMPROCEDENTE. 1. A Lei 9478/97 nao autorizou a instituigé0 de empresa de economia mista, mas sim a criagéo de subsidiérias distintas da sociedade-matriz, em consondncia com o inciso XX, e n&o com 0 XIX do artigo 37 da Constituigéo Federal. 2. E dispensével a autorizagéo legislativa para a criagao de empresas subsididrias, desde que haja previséo para esse fim na prépria lei que instituiu a empresa de economia mista matriz, tendo em vista que a lei criadora é a prépria medida autorizadora. Ag&o direta de inconstitucionalidade julgada improcedente." Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo istrago Publica Prof. Fablano Pereira Be © ENTENDIMENTO QUE DEVE PREVALECER £ 0 DE QUE A AUTORIZACAO PARA A CRIAGAO DE SUBSIDIARIAS PODE SER GENERICA (CONFORME 0 STF) OU, AINDA, QUE DEVE SER CONCEDIDA AUTORIZACAO LEGISLATIVA EM CADA CASO (QUANDO A QUESTAO COBRAR O TEXTO LITERAL DO INC XX, ART. 37, DA CF/1988). 2.3.5. Regime de pessoal O quadro de pessoal encarregado de executar as atividades desenvolvidas pelas empresas ptiblicas e sociedades de economia mista seré regido pela CLT (regime celetista). O inciso II, § 1°, do artigo 173, da Constituicdo Federal, estabelece que as empresas estatais que explorarem atividades econémicas estarSo sujeitas ao regime préprio das empresas privadas, inclusive na esfera trabalhista. © quadro de pessoal da Petrobrés (sociedade de economia mista), por exemplo, sera regido pela CLT, assim como acontece com os empregados das demais empresas privadas que atuam no mesmo setor econémico (Ipiranga, Texaco etc.). Como os empregados das empresas estatais so regidos pela CLT, é da competéncia da justica trabalhista decidir os conflitos relativos a relagao de emprego. Caso um empregado ptiblico do Banco do Brasil, por exemplo, queira exigir judicialmente o pagamento de horas extraordindrias realizadas e néo recebidas, devera acionar a Justig¢a do Trabalho, nos termos do artigo 114 da Constituigéo Federal de 1988. Apesar de ser adotado o regime celetista nas relacdes entre as empresas estatais e os seus empregados, também incidem sobre essa relacao diversas normas provenientes do Direito Publico, por isso as bancas costumam afirmar que sobre essas entidades incide um regime hibrido: 1°) A obrigatoriedade de realizagio de concurso publico para a contratac&o de empregados pelas empresas estatais; 2°) A proibigao da acumulagao de cargos e empregos publicos, nos termos do inciso XVI, artigo 37, da CF/88; 3°) A submisso dos salérios dos empregados publicos 20 teto geral remuneratério previsto no inciso XI, artigo 37, da CF/88, desde que as empresas estatais recebam da entidade politica criadora (Unio, Estados, Municipios e Distrito Federal) recursos para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral (§ 9°, artigo 37, da CF/88). www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 52 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizacdo da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira Apesar da exigéncia de aprovacéio em concurso ptiblico para ingresso nas empresas estatais, 6 vdlido esclarecer que os empregados pUblicos néo possuem estabilidade, que é privativa dos servidores titulares de cargos efetivos, nos termos do artigo 41 da Constituigdo Federal de 1988. NO JULGAMENTO DO RECURSO EXTRAORDINARIO N° 589.998, QUE OCORREU EM 21/03/2013, O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL DECLAROU QUE “E OBRIGATORIA A MOTIVACAO DA DISPENSA UNILATERAL DE EMPREGADO POR EMPRESA ESTATAL E ‘SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA TANTO DA UNIAO, QUANTO DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS MUNICIPIOS”. NESSES TERMOS, DEVE FICAR CLARO QUE APESAR DE OS EMPREGADOS DE EMPRESAS ESTATAIS NAO POSSUIREM ESTABILIDADE NO EMPREGO PUBLICO, SOMENTE PODEM SER DEMITIDOS MEDIANTE ATO MOTIVADO, ISTO E, QUE APRESENTE OS FUNDAMENTOS DE FATO E DE DIREITO QUE JUSTIFICARAM A RESPECTIVA DISPENSA. 2.3.6. aco © inciso III, § 19, artigo 173, da CF/88, afirma expressamente que a Ieiestabeleceré 0 estatute juridico da empresa publica, da sociedade de economia mista e de suas subsididrias que explorem atividade econémica de produco ou comercializagdo de bens ou de prestacdo de servicos, dispondo sobre licitaciio e contratacéo de obras, servicos, compras e alienacées, observados os principios da administrag&o publica. Analisando-se 0 referido dispositive, conclui-se que o préprio texto constitucional estabelece a necessidade de criacéo de um regime licitatério especifico para as empresas estatais exploradoras de atividade econémica, que se daré nos termos da lei. A criagéo desse novo regime certamente tornaré mais simplificado o processo licitatério, aumentando @ competitividade e a eficiéncia das empresas publicas e sociedades de economia mista. E importante destacar que o citado dispositivo constitucional nao se refere as empresas estatais prestadoras de servicos ptiblicos, mas somente aquelas que exploram atividades econémicas. Diante desse contexto, surge a seguinte diivida: as empresas estatais prestadoras de servicos ptiblicos esto obrigadas a realizar licitagéo para a contratagdo de obras, bens e servicos? Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ‘Orgonizacio da Administragao Publica Prof. Fablano Pereira Certamente. Apesar de o texto constitucional nao mencioné-las, é valido esclarecer que as empresas estatais prestadoras de servicos ptiblicos exercem atividades tipicas de Estado, assim como os érgdos da Administragéio Direta federal, estadual, municipal e distrital, bem como as autarquias e fundacées ptiblicas. Assim, também se submetem as regras do inciso XXI, artigo 37, da CF/1988, que apresenta como obrigatéria a realizagao de licitagao. Diante de tudo o que foi apresentado, é possivel concluir que a lei deverd criar um estatuto licitatério préprio para as empresas estatais exploradoras de atividade econémica. Todavia, enquanto o referido estatuto n&o for criado, aplicam-se a essas entidades as regras da lei geral de Licitagdes (Lei 8.666/93). Peraunta: As empresas estatais prestadoras de servicos publicos também se submetem & Lei 8.66/93? Sim, pois exercem atividades tipicamente estatais. 2.3.7, Imunidade tributaria Empresa estatal que explora atividade econémica atua no mercado competindo diretamente com empresas privadas e, portanto, néo pode gozar de privilégios tributérios que n&o sejam assegurados também aos particulares, sob pena de caracterizagdo de concorréncia desleal. O § 2°, artigo 150, da CF/1988, estende a imunidade de pagamento de impostos sobre os seus bens, rendas e servicos somente as autarquias e fundagées instituidas e mantidas pelo Poder Publico, além, ¢ claro, das entidades politicas criadoras (Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal). Em relagéo as empresas estatais prestadoras de servicos pul entendimento é um pouco diferente. Para fins de concursos pliblicos, é& conveniente que adotemos o entendimento do professor José dos Santos Carvalho Filho, segundo o qual as empresas publicas e as sociedades de economia mista, que executam "servico publico monopolizado", poderao gozar de privilégios fiscais nao extensivos as empresas do setor privado. Esse entendimento encontra amparo em decisdo proferida pelo Supremo Tribunal Federal, mais precisamente no recurso extraordinario n° 407.099/RS, através do qual se considerou inconstitucional a cobranga de IPVA (imposto estadual) dos veiculos integrantes do patriménio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 54 oni Pos coNcumso® Aule Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D, Administrativo 30 da Administragdo Piblica Prof. Fabiono Pereira No julgamento ficou assentado que a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é executora de, no minimo, dois servigos de manutengdo obrigatéria para a Unido (servicos postais € correio aéreo nacional, conforme o artigo 21, X, da CF/1988). Assim, nos mesmos moldes que a Unido, também goza de Jégios fiscais. fique atento! © Supremo Tribunal Federal reconheceu as empresas estatais que prestam servicos publicos em regime de exclusividade, como é 0 caso dos Correios, a imunidade em relacéo ao pagamento de impostos. Além disso, assegurou ainda as demais prerrogativas inerentes as entidades regidas pelo Direito Publico (entes estatais, autarquias e fundacdes publicas de Direito Publico), a exemplo da impenhorabilidade e imprescritibilidade dos bens, pagamento de através do regime de precatérios, entre outros. 2.3.8. Faléncia Consta expressamente no inciso I, artigo 2°, da Lei 11.101/2005 (que regula a recuperagio judicial, a extrajudicial e a faléncia do empresdrio e da sociedade empreséria), que n&o se aplicam as empresas publicas e as sociedades de economia mista as regras gerais sobre a faléncia, independentemente de explorarem atividade econémica ou prestarem servicos ptiblicos. O regime de responsabilizacéo civil da empresa estatal dependera da atividade exercida. Se a empresa ptiblica ou sociedade de economia mista prestar servigos piiblicos, é incontestavel que se submeterdo as regras do § 69, artigo 37, da CF/1988, ou seja, responderéo gbietivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. 2.3.9. Responsabilidade cir Entretanto, caso a empresa pliblica ou sociedade de economia mista explorem atividades econémicas, a responsabilidade seré subjetiva, regulada pela legislacao civil. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Au ieganizagao da Administragdio Publica Prof. Fablano Pereira 2.3.10. Patriménio 0 patriménio da empresa publica e da sociedade de economia mista é constituido, inicialmente, mediante transferéncia efetuada pelo ente politico criador (Uniao, Estados, Municipios e Distrito Federal). Enquanto integravam o patriménio das citadas entidades politicas, os bens eram considerados ptiblicos. Todavia, a partir do momento que séo transferidos para o patriménio das empresas estatais assumem a caracteristica de bens privados e, portanto, ni@ gozam dos atributos da imprescritibilidade, impenhorabilidade e alienabilidade condicionada. Todavia, é necessario ficar atento ao entendimento do Supremo Tribunal Federal quanto as empresas ptblicas e sociedades de economia mista que prestam servicos publicos em regime de exclusividade. Nesse caso, os respectivos bens das entidades seréo considerados publicos, conforme se constata em decisao do STF: No julgamento do recurso extraordinério n° 230051/SP, de relatoria do Ministro Mauricio Corréa, 0 Supremo Tribunal Federal decidiu que & empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, pessoa juridica equiparada @ Fazenda Publica, é aplicdvel o privilégio da impenhorabilidade de seus bens, rendas e servicos. Na oportunidade, o tribunal assegurou a observancia ao regime de precatério, sob pena de vulneracao do disposto no artigo 100 da Constituicgo Federal. .11. Fiscalizacao pelo Tribunal de Contas Nao restam duvidas de que as empresas publicas e sociedades de economia mistas se submetem a fiscalizagdo realizada pelo Tribunal de Contas da Unido, nos termos do art. 71, II, da Constituig&o Federal: Art, 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, serd exercido com 0 auxilio do Tribunal de Contas da Unido, ao qual compete: [...] If - julgar as contas dos administradores e demais responsdveis por dinheiros, bens e valores plblicos da administragao direta e indireta, incluidas as fundagdes e sociedades instituidas e mantidas pelo Poder Publico federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuizo ao erario publico; www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 56 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Aule 01-Organizacéo da Administragéo Publica Prof. Fablano Pereira No julgamento do Mandado de Seguranga n° 25.092/DF, de relatoria do Ministro Carlos Velloso, 0 Supremo Tribunal Federal ratificou esse entendimento ao afirmar que “a0 Tribunal de Contas da Unio compete julgar as contas dos administradores e demais responséveis por dinheiros, bens e valores publicos da Administragdo Direta e indireta, incluidas as fundagGes e sociedades instituidas e mantidas pelo poder publico federal, as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte preju(zo ao erdrio (CF, art. 71, II; Lei 8.443, de 1992, art, 19, I). As empresas publicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administracao indireta, esto sujeitas 4 fiscalizacao do Tribunal de Contas, nao obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime celetista”. 2.3.12. Diferengas entre as empresas publicas e so economia mista ‘dades de Nos itens anteriores foram apresentadas as caracteristicas comuns entre as empresas pliblicas e as sociedades de economia mista. Entretanto, para responder as questdes da, 6 VUNESP imprescindivel conhecer as principais diferengas entre as duas entidades, a saber: a) Foro judicial Nos termos do inciso I, artigo 109, da Constituico Federal de 1988, as causas em que a empresa ptiblica federal for interessada na condigéo de autora, ré, assistente ou oponente, exceto as de faléncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas a Justica Eleitoral e a Justiga do Trabalho, tramitarao na justiga federal comum. Entretanto, nos casos de empresas publicas estaduais ou municipais, as causas deverao tramitar na justiga estadual As sociedades de economia mista n&o gozam dessa prerrogativa e, portanto, todas as acdes judiciais em que for autora, ré, assistente ou oponente, exceto as de faléncia, as de acidentes de trabalho e as sujeitas a Justia Eleitoral e a Justica do Trabalho, tramitarao na justica estadual, independentemente de serem entidades federais, estaduais ou municipais. Nos termos da Stmula n° 517 do Supremo Tribunal Federal “as sociedades de economia mista sé tém foro na Justica Federal quando a Unio intervém, como assistente ou opoente”. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo istrago Publica Prof. Fablano Pereira © caiu na prova! No concurso piiblico para Titular de Servicos de Nota e Oficios do TI/SP, realizado em 2011, a VUNESP considerou jincorreta o seguinte enunciado: “as causas civeis em que é parte a sociedade de economia mista so de competéncia da Justica Federal”. b) Forma juridica As sociedades de economia mista somente podem ser constituidas sob a forma de sociedade anénima (S.A.), sejam elas federais, estaduais, municipais ou distritais. Por outro lado, as empresas ptblicas podem ser constituidas sob qualquer forma juridica prevista em lei (sociedade anénima, sociedade limitada ou sociedade em comandita por acées). Na esfera federal, as empresas pblicas ainda podem ser constituidas sob uma forma juridica inédita, que ainda nao existia e foi criada apenas para aquela determinada empresa publica. Isso se deve ao fato de que compete a Unido legislar sobre direito comercial, nos termos do inciso I, artigo 22, da Constituicéio Federal de 1988. As empresas estatais estaduais e municipais somente podem ser instituidas sob uma forma juridica ja existente, j4 que os Estados e Municipios no podem legislar sobre Direito Comercial. ‘© caiu na provat No concurso ptiblico para o cargo de Analista Administrative do SAP/SP, realizado em 2011, a VUNESP considerou correto 0 seguinte enunciado: “A respeito das Empresas Publicas, é correto afirmar que no tocante 4 organizagao societaria, adotam qualquer forma admitida em direito”. ¢) Capital As empresas puiblicas sao constituidas por capital exclusivamente estatal (ptiblico). O capital deve pertencer integralmente a entidades da Administragéo Direta (Unido, Estados, Municipios e Distrito Federal) ou Indireta (outras empresas ptiblicas, autarquias, fundagdes publicas e sociedades de economia mista), sendo vedada a participacgado de particulares na integralizac&o do capital. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 5B Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo ule 0 io da Administragdio Publica Prof. Fablano Pereira Para que uma empresa ptiblica seja considerada federal, 6 necessédrio que a maioria do capital votante esteja sob o dominio da Unido. Nesses termos, podemos considerar como federal uma empresa ptiblica em que 60% do capital votante pertenca a Unido (mais da metade), 20% a um Estado, 10% auma sociedade de economia mista e 10% a um Municipio. Por outro lado, as sociedades de economia mista sao instituidas mediante a integralizacéo de capital proveniente do Poder Publico e iniciativa privada (particulares), E 0 denominado “capital misto”. Q inciso III, artigo 5°, do Decreto-Lei 200/67, estabelece que, para ser configurada como federal, a maioria das agdes com direito a voto da sociedade de economia mista deve pertencer a Unido. Nos termos do conceito previsto no Decreto 200/1967, uma empresa com maioria do capital votante pertencente 4 Unido, e o restante do capital atribuido a outras pessoas Juridicas de direito ptiblico interno, bem como a entidades da Administrag&o Indireta da Unio, dos Estados, Distrito Federal e Municipios, é dita empresa piiblica. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D. Administrativo da Adm Prof. Fablano Pereira RESUMO DE VESPERA DE PROVA - RVP s _Fesumindo! 1. As autarquias exercem fungées tipicas de Estado e sdo apelidadas de “servigos ptiblicos personificados”; 2. Somente por lei especifica poderd ser criada uma autarquia, seja ela federal, estadual, municipal ou distrital; 3. Em regra, a iniciativa legislativa para a criagdo de autarquias é privativa do Chefe do Executivo; 4. As autarquias responderéo objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros; 5. O patriménio de uma autarquia é constituido por bens ptiblicos e, portanto, imprescritiveis e impenhordveis; 6. As autarquias possuem prazo em quadruplo para contestar uma aco em dobro para recorrer, nos termos do artigo 188 do Cédigo de Processo Civil; 7. As autarquias $80 abrangidas pela imunidade tributéria reciproca; 8. As autarquias federais possuem prerrogativa de foro na justiga federal; 9. As entidades da Administrac&o n&o esto subordinadas 4 Administracao Direta, mas somente vinculadas; 10. As fundacées publicas de Direito Publico sio criadas por lei e as fundagdes publicas de Direito Privado tem a sua criacdo autorizada por lei; 11. As empresas piiblicas e sociedades de economia mista podem explorar atividade econémica ou prestar servicos publicos, mas, em ambos os casos, sero regidas pelo Direito Privado; 12. As empresas estatais tém a sua criagéo autorizada por lei; 13. O entendimento que deve prevalecer para concursos publicos 6 0 de que a autorizagéo para a criagdo de subsididrias pode ser genérica (conforme o entendimento do STF) ou ainda que deve ser concedida autorizagdo legislativa em cada caso (quando a questao cobrar 0 texto literal_do inciso XX do artigo 37 da CF/88); 14. Os empregados das empresas ptiblicas e sociedades de economia mista sio regidos pela CLT, portanto, nao possuem estabilidade; www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 60 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo Orgenizagio da Administragao Publica Prof. Fabiano Pereira 15. O préprio texto constitucional estabelece a necessidade de criacdo de um regime licitatério especifico para as empresas estatais exploradoras de atividade econémica, que se dard nos termos da lei; 16. Empresa estatal que explora atividade econémica atua no mercado competindo diretamente com empresas privadas e, portanto, ndo pode gozar de privilégios tributérios que n&o sejam assegurados também aos particulares, sob pena de caracterizaciio de concorréncia desleal; 17. As empresas publicas e sociedades de economia mista no estdo sujeitas & lei de faléncia; 18. Se a empresa piiblica ou sociedade de economia mista prestarem servicos publicos, é incontestavel que se submeterdo as regras do § 6° do artigo 37 da CF/88, ou seja, responderao objetivamente pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Entretanto, caso a empresa publica ou sociedade de economia mista explorarem atividades econémicas, a responsabilidade ser subjetiva, regulada pela legislacao civil; 19. As sociedades de economia mista somente podem ser constituidas sob a forma de sociedade anénima (S.A.), enquanto as empresas publicas podem ser constituidas sob qualquer forma existente no Direito; 20. O capital das sociedades de economia mista é formado pela conjugagéo de recursos piblicos e de recursos privados. As empresas publicas, por sua vez, possuem capital integralmente publico, ou seja, proveniente de entidades da Administrac&o Publica Direta ou Indireta. COnnte Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D. ‘Administrative Ms cOnCURSOE Aula O1-Organizagéo de Adny Prot Fabiena Pereira OR Rie eRe TRC aot 1. Consideracées iniciais ... 2. Espécies de entidades integrantes da administracao publica indireta 2.1. Autarqui 2.1.2. Autarquias em regime especial... 2.1.3. Autarquias profissionais. 2.2, Fundagées publicas... 2.3. Empresas piblicas e sociedades de economia mista. 3. Revisiio de véspera de prova - “RVP”. 4. Questées comentadas.. www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira 62 Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (TI/PA) — D, Administrativo itrago Publica Prof. Fablano Pereira 1. Consideracées iniciais No médulo anterior, estudamos detalhadamente cada uma das entidades administrativas que integram a Administragdo Publica Indireta (autarquias, fundagdes puiblicas de direito puiblico e de direito privade, empresas publicas, sociedades de economia mista e os consércios publicos), oportunidade em que conhecemos as suas principais peculiaridades para fins de concursos publicos. Entretanto, é importante esclarecer que existem outras entidades administrativas, também integrantes da Administracéio Indireta, que somente iremos estudar agora, a exemplo das agéncias executivas e das agéncias reguladoras. Professor, mas por que no estudamos essas entidades anteriormente? — simples a resposta. Nao estudamos anteriormente porque sao entidades que possuem caracteristicas especiais, apesar de serem autarquias (nos casos das agéncias reguladoras), ou autarquias ou fundacées piiblicas (no caso das agéncias executivas). Optei por apresentd-las separadamente para que vocé possa assimilar com mais facilidade 0 contetido, pois as agéncias reguladoras e as agéncias executivas s&o figuras recentes, provenientes das reformas administrativas instituidas no 4mbito da Administragéo Publica nas ultimas duas décadas. Para responder as questées de prova, lembre-se sempre de que as agéncias executivas e as agéncias reguladoras nde representam uma nova categoria de entidades integrantes da Administracio Indireta. As agéncias reguladoras nada mais séo que autarquias em regime especial. Por outro lado, as agéncias executivas séo autarquias ou fundagées publicas que, apés receberem uma qualificacdo_proveniente de decreto expedido pelo Presidente da Reptiblica, passam a receber essa denominagéo. 2. Contrato de gestéo O contrato de gest&o tem origem na Franga e foi muito utilizado por diversos paises europeus, apés a Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de introduzir na Administragéo Publica uma atuaggo visando @ busca por resultados. © contrato de gestéo, também denominado acordo-programa, esta intimamente relacionade com o principio da eficiéncia, que deve servir de parametro para toda a Administracao Publica. Preparatério para Anal. Jud. e Oficial de Justica (T1/PA) — D, Administrativo io da Administrago Publica Prof. Fablano Pereira Segundo Peter Drucker, 0 contrato de gestéo é um método de planejamento e avaliago baseado em fatores quantitativos, pelo qual superiores e subordinados elegem éreas prioritdrias, estabelecem resultados a serem alcancados, dimensionam as respectivas contribuigdes (metas) e procedem ao acompanhamento sistemético do desempenho. Restringindo-nos ao contrato de gestio no 4mbito da Administragao Pablica, mais precisamente a brasileira, € possivel defini-lo, nas palavras de Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino como [...] um ajuste firmado entre a Administragao Direta Centralizada e entidades da Administrac&o Indireta, ou entre érgaos da prépria Administracéo Direta, em decorréncia do qual estes drgaos ou entidades assumem 0 compromisso de cumprir determinadas metas e, em contrapartida, ganham maior liberdade em sua atuagao administrativa, passando a sujeitar-se, basicamente, ao controle relativo ao atingimento dos resultados pactuados. Sendo assim, deve ficar bem claro que o principal objetivo do contrato de gestéo é aumentar a autonomia gerencial, orcamentaria e financeira de érgdos e entidades publicos, facilitando assim o alcance de suas finalidades previstas em lei. Pergunta: Professor, até agora no consegui entender como a assinatura de um contrato de gest3o pode ampliar a autonomia de uma entidade ou érgdo publico, seria possivel explicar melhor? Claro! Irei citar dois exemplos apresentados pelos professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino que destacam a ampliacdo da autonomia dos érgaos e entidades que firmam um contrato de gesto: 12) A ampliagéo dos limites de valor de contratagdes até os quais a licitagéo € dispensdvel. Para a Administrag&o em geral, é dispensdvel a licitagéio quando o valor de contrato é de até 10% do valor maximo admitido para a utilizagéo da modalidade convite. Para as agéncias executivas, esse limite até 0 qual a licitagao & dispensavel é 0 dobro, ou seja, 20% do valor maximo admitido para a utilizagéo da modalidade convite (Lei 8.666/93, artigo 24, paragrafo Unico). Registramos que esse limite de 20% também é aplicdvel aos consércios publicos e a todas as empresas piblicas e sociedades de economia mista, por estarem incluidos na regra do mesmo parégrafo Unico do art. 24 da Lei Geral de Licitagdes e Contratos; nesse caso, porém, néo hd nenhuma relag&o com celebragao de contratos de gestéo. 2°) A Lei n°. 9.962/2000, que regula a contratacéo de empregados publicos celetistas pela Administragéo Direta, autarquias e fundacées publicas federais, enumera, em seu art. 3° as hipéteses em que poderd a www.pontodosconcursos.com.br | Prof. Fabiano Pereira

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