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JOS DE MESQUITA

Jos de Mesquita
Da Academia Matogrossense de Letras

Sonetos
(para minha me e, para minha mulher)

Jos Barnab de Mesquita


(*10/03/1892 22/06/1961)
Cuiab - Mato Grosso

Biblioteca Virtual Jos de Mesquita


http://www.jmesquita.brtdata.com.br/bvjmesquita.htm
Revista de Cultura
Ano XV Volume 29, Janeiro Junho 1941
Pgs. 264 e 304
Diretor: Pe. Thomas Fontes
Redao: Rua da Assemblia, 35 Rio de Janeiro

SONETOS

JOS DE MESQUITA

Soneto para minha me

(No dia das nossas bodas de prata)

Soneto para minha mulher

Muito sofreste no correr da vida,


Foi-te o existir longo padecimento,
Queimando, num cadinho, a fogo lento,
Tua alma pura, para o cu nascida.
Teu filho tambm sofre. Violento,
O mal me abre no seio esta ferida,
A alma sangra, ulcera-se, dorida,
Parte-se o corao, num duro acento.
A diferena que eras santa e ba,
E, sofrendo, das mos do Cristo amado
De espinhos recebias a coroa.
E eu, ai de mim! na frgua spera e dura,
Sofro a certeza que me traz maguado
De merecer a dr que me tortura.
Jos de Mesquita

Juntos viemos pela vida afora.


Juntos gozamos; juntos padecemos,
Vimos raiar muita radiosa aurora
E muito pr de sol triste tivemos.
A mesma angstia que em teus olhos rora
Dos meus fez irrorar prantos extremos,
E o mesmo eflvio de prazer, outrora,
Nos fez chegar aos xtases supremos.
Vinte e cinco anos . . . Lembras-te? Parece
Que foi ontem! Assim, tambm mansinha,
Vem a noite. Paisagem escurece.
E, ao ver que envelhecemos juntamente,
A dr me faz mais teu, e te faz mais minha,
Pois ele o im que une mais a gente!
X-IV-MCMXL
Jos de Mesquita

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