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FATA 4] , (ALOURA ora fi POPS HSHHHSHSHEHOHHHHOHHESEHEHOOHLEHHESOLE®D CALOURA, BEM-VINDA A UNIVERSIDADE FEDERAL. 00 RIO DE JAVEIROI Todo mundo sabe que a chuva de informagées nessa entrada é enorme, mas queriamos um instante da sua atengdo, em especial vocé, que se identifica enquanto mulher. E rapidinho! Nés construimos 0 Coletivo FemmeRI - coletivo de mulheres do curso de RI na UFRJ. Assim como vocés, nés, ao entrarmos, nos deparamos com diversos desafios: se aproximar de gente nova, tentar se integrar 4 dindmica do trote, morrer de ansiedade antes da primeira aula, quase ter um piripaque com tanta coisa pra ler... Calma! Tudo isso faz parte de uma fase que pode ser muito enriquecedora pra todas nés. Além das coisas boas, muitas vezes também tivemos que lidar com coisas chatas como os tao famosos trotes constrangedores e, muitas vezes, machistas. O FemmeR] surgiu de uma destas ocasides, hé mais ou menos 1 ano. Indignadas com comportamento machista de veteranos durante o trote, nos unimos acreditando que nao haveria saida para debater esse problema sendo juntando mulheres para discutir e pensar criticamente as desigualdades de género dentro do ambiente da universidade, bem como dentro do nosso campo de estudo, as Relagées friternacionaia’ Mabilieadas, excrevernoa sama cata de deseulpasiaa calouraa:que passaram pelo constrangimento ¢ também exigimos posicionamento do Centro Académico Suely Souza de Almeida (CASUAL, 0 nosso CA) a respeito. Além de um espaco de integrag3o, o coletive FemmeRI & também um espago de aprendizado que se encontra dentro da Academia. Dessa forma, em agosto de 2014 © coletivo promoveu o | Encontro FemmeRI, um evento aberto com 0 objetivo de cada vez mais construirmos e fortalecermos nosso feminismo, afirmando e reafirmando nosso espaco dentro da universidade. Assim, acreditamos que 0 espaco do Coletivo FemmeRI seja fundamental para reunir ¢ integrar mulheres de diferentes periodos com 0 intuito de discutir nosso papel na sociedade e no ambiente das Relagdes Internacionais, e também desconstruir e transformar nossas realidades de forma que nos sintamos empoderadas por onde circularmos, seja fisica ou politicamente. Por isso, convidamos vocé, mulher, para trocar ideia com a gente, seja nas reunides ‘ou mesmo online. Acreditamos que esse seja um espaco de constru¢ao de conhecimento e, principalmente, de troca de experiéncia, de vivéncia, de informagdes. Seja bem-vindal Cocos evvsseesevosessereeeeseeeT OTE EESES TCORIAS TEMINISTAS DE RELAGOES INTERNACIONAIS O inicio da estruturagao das teorias feministas de RI se da a partir da nocdo de género. Enquanto ao falarmos de sexo, apontamos para uma questo bioldgica, o género vem das relages sociais e do poder. Sao esses fatores que acabam por ditar o que ¢ a feminilidade e a masculinidade. Ao tratar o género de forma bindria, ele nao sé deixa de contemplar uma série de manifestagées da sexualidade, mas também oferece papéis limitadores e estereotipados com base nessa dicotomia. A construgao de género, tao frequentemente esquecida pela tradicional academia Ocidental, branca e masculina, é inserida nas Relacdes Internacionais pelo feminismo como critica 3 desigualdade de género e a uma suposta neutralidade da academia, que na verdade possui representatividade muito limitada. Além disso, o feminismo apresenta suas ideias como um caminho para a construg3o de uma visio politica mais inclusiva e justa. Assim, uma das pautas centrais do Coletivo é 0 estimulo a discussao sobre os rumos da produeso académica e 0 questionamento critico dos discursos dominantes na area. Acreditamos que o estudo e o debate sobre as Rel Internacionais devem ser mais plurais, inclusivos e vanguardistas NA ECONOMIA INTERNACIONAL. 1. A divisdo sexual do trabalho: o trabalho doméstico é taxado como feminino, nao compoe nenhum indice de desenvolvimento econémico nacional e por muitas décadas nao teve qualquer tipo de regulacao; 2. Critica 4 naturalizacao da racionalidade e do individualismo, propagados pelo liberalismo: a maternidade é um fenémeno que confronta diretamente essa ldgica. 3. O trabalho limitado 3 logica da mais-valia:o trabalho feminino, que ocorre constantemente fora da area formal do mercado (sem carteira assinada, salario fixo e impostos) é desvalorizado 4 medida em que ele nao é contemplado pela légica liberal acerca ja economia. IN GUERRA as raroncnsinsioensaonsniassa 1, A seguranca: diferentemente do propagado pela academia classica, a seguranca do Estado deveria significar mais seguranca para os individuos que 0 compéem, fugindo da dicotomia artificial entre "interno e “externo’; 2. A figura classica do homem soldado que protege mulheres e criangas ¢ apontada como uma construgdo social de género que coloca em duivida a capacidade das mulheres de zelarem pela sua propria protecdo. HAS DOMINACOES ENTRE ESTABOS. ---- 1. A importéncia da perspectiva interseccional: questdes como racismo, colonialismo, imperialismo e capitalismo sao determinantes para a participacao ou auséncia de_ Patticipaedo de mulheres no modo como,a historia ¢ contada, Mulheres de Terceiro Mundo sofrem formas especificas de opressao e frequentemente s6 sao incluidas na Historia e na “Pome, miséria, violéncia sexual, doenca. literatura académica no contexto de guerra, NO Nelo AMBIENTE 1. O ecofeminismo defende a substituigao do ideal cldssico de autonomia para o de interdependéncia. Essa definigdo definiria a relagao entre homens e mulheres e, sendo a opressio as mulheres uma opressdo primordial que se astra em nivel global, o ideal de interdependéncia também afetaria a forma com que o uso dos recurso naturais e a vida do planeta sao encarados. UCBTTOBIA A entrada na universidade é, para muitas mulheres, um momento repleto de descobertas, especialmente no que tange a sexualidade. O ambiente mais diverso que encontramos na UFR] e os grupos de articulagdo LGBTs que nele se desenvolvem tém sido fundamentais para identificagdo e 0 combate a A lesbo/homo/transfobia no espaco universitario, além de oferecer uma rede de acolhimento aquelas/es que s4o discriminadas/os. No entanto, ainda encontramos, mesmo dentro do nosso curso, manifestagdes preconceituosas em direcdo Aquelas/es que fogem do padrao cis-heteronormativo. Mulheres lésbicas, bissexuais e transsexuais ainda sdo vistas como objetos exdticos que servem para satisfazer os fetiches sexuais alheio: ainda sio alvos de piadas jocosas; e, de forma ainda mais brutal, sao vitimas de violéncia fisica e psicolégica dentro e fora dos campi. O FemmeRI tem atuado desde sua formagao no combate as opressées dentro da universidade. Dessa forma, estaremos juntas na luta contra a ldgica patriarcal que dirime nossas possibilidades de vivéncia de nossa prépria sexualidade. Além disso, buscaremos eliminar, juntas, as outras nuances da opressiio as mulheres - associadas ndo somente a orientagdo sexual, mas também a cor e classe social -, valorizando sempre as experiéncias e vozes femininas na construgio de uma universidade plural. Nao podemos distanciar a idealizada faculdade do ambito social, entdo se vocé pensou que iria entrar num ambiente diferente e mais ‘iluminado’ daquele do colégio, vocé pode se decepcionar um pouco. Ela reflete a nossa sociedade em todas suas coisas boas e ruins, e 0 racismo é uma dessas coisas, Nao é porque estamos em um ambiente letrado, com pessoas que tecnicamente tém pensamento critico, com cultura que ndo vamos viver com o preconceito e nem senti-lo na pele. Na maioria da vezes 0 racismo vem mascarado, disfargado de ‘opniao’, de senso comum, de piada, de ‘ ah mas eu to sé zuando, nao to falando sério’ e ai a gente nao percebe ou deixa passar. 6 que ndo podemos deixar passar, nenhuma forma de opressao na verdade. Para nés mulheres negras o problema é mais sério. Somos 44% da populagdo feminina brasileira e no entanto somos menos que 3% das mulheres na universidade publica. Nossa participagdo na universidade é bem pequena e¢ isso é um fato de que tem ser combatido. Devemos nos sentir muito vitoriosas por essa conquista de estarmos aqui, e exatamente por isso resistir a esse sistema que tanto tenta nos silenciar. Claro que muito vem mudando com as cotas, mas ainda ha muito caminho pela frente, muita luta e muita resisténcia. E por isso © FemmeRI é um espaco tio importante. Nele nao precisamos ocultar nossas diferengas, mas sim passamos a conhecer e reafirmar nossa identidade. Cada uma com a sua, mas todas uma s6, pois juntas somos uma! NACISMO C1 VENTS DA TACULDAD | Em breve, vocé vai perceber que a universidade é lotada de eventos de todos os tipos. Seminarios, rodas de conversa, debates, jogos, trotes e as famosas chopadas e churrascos. Esses ultimos eventos, os mais festivos, podem ser dtimos espacos pra conhecer pessoas de todas as formas, seja conversando, beijando, transando, diversas formas. No entanto, ha também a violéncia, Seja um beijo forgado, seja a insisténcia em realizar algo que nao se deseja (e sendo ofendida por negar), seja recebendo ouvindo ofensas em misicas de torcidas, etc. Agressdes verbais, fisicas e psicoldgicas: tudo isso sio violéncias que sofremos ao longo da vida e no ambiente universitario nao estamos livres desses 7 constrangimentos e situagdes degradantes. Mesmo que coisas desse género nao acontecam em todos os eventos festivos promovidos no ambiente universitdrio, é sempre importante estarmos alertas, Nés acreditamos que "brincadeiras" que ofendam moral e fisicamente em festas precisam e devem ser rechacadas e problematizadas, seja na UFR] ou em quaisquer outras universidades. Assim, acreditamos que através do Coletivo e das mulheres que constroem e buscam um espago livre de opressdo, podemos lutar e garantir um ambiente seguro e confortavel para todas e todos que fazem parte dos ambientes em que circulamos, em especial o universitario. Eventos e festas machistas e opressoras nao passarao! A Assédio sexual - Constranger ou forgar outra pessoa a praticar qualquer ato sexual prevalecendo-se 0 agente de sua condigao de superior hierarquico ou ascendéncia no ambiente do trabalho/estagio. A vitima nao precisa praticar o ato sexual, a simples investida configura crime (Lei n°10.224/01). B Binarismo - Estabelecimento da identificagao compulséria como homem ou mulher. Body shaming - Vergonha do corpo. Consiste em ridicularizar 0 corpo de outrem, por causa de imposigées da chamada "ditadura da beleza’. Cc Cissexismo - Atitudes, comportamentos, discursos e expressées que beneficiam e normalizam pessoas cissexuais, excluindo e inferiorizando pessoas trans e invalidando sua existéncia e/ou identidade. Culpabilizacdo da vitima - Culpar mulheres e criangas pela violéncia cometida contra elas, cabeande false responsabilidade pelo que sofreram. Cultura do Estupro - Termo usado para se referir 4 cultura social de que estupro é aceitavel e que a vitima deve ser culpabilizada por ele. E Elitismo - Sistema opressivo em que pessoas privilegiadas que fazem parte de qualquer elite discriminam quem nao esta na mesma posigao. Empoderamento - Acio coletiva desenvolvida por individuos quando participam de espacos privilegiados de decisées, de consciéncia social dos direitos sociais. Possibilita a aquisigao da emancipagao individual e também de consciéncia coletiva. Equidade - Respeito pelo direito de cada um, adequando a norma ao caso concreto e ao justo. Estupro - "Constranger alguém, mediante violéncia ou grave ameaga, a ter conjungdo carnal ow a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso". Nao ¢ apenas a penetracao vaginal que caracteriza estupro, F Falsa simetria - Quando numa discusséo sobre determinada opresséo uma pessoa que nao a sofre a compara com algum tipo de ofensa que nao pode ser caracterizada como opressio. G Gordofobia - Discriminagdo ou édio dirigide a pessoas gordas. Forma de opressao. H Heteronormatividade - Estabelecimento obrigatério da heterossexualidade como tinico modo de vida normal, aceitavel ou bom. Identidade sexual — a auto definigio do comportamento sexual. Etiquetas como assexual, heterossexual, homossexual, gay, lésbica, bissexual, pansexual, queer, indeciso entre outros. Interseccional - Vertente feminista que busca fazer recortes (como de classe, de cor, de identidade de género) além do de género para entender as desigualdades de opressoes dentre as mulheres, tomando as todas, desde o principio, como oprimidas. SPOSHCHHOSHSHSHSHHESHEHOHHESSOHHOSOHECSHHOOHESE M Misandria - Odio aos homens. Importante lembrar que é um comportamento dirigido a uma classe ¢ nao a um individuo, frequentemente tendo origem em experiéncias traumdaticas. Nao existe como sistema opressor e nao representa ameaga. Misoginia - Odio, desprezo ou repulsa ao género feminino e as caracteristicas a ele associadas. oO Opressao ~ Efeito negativo experimentado por pessoas que sao alvo do exercicio cruel do poder numa sociedade ou grupo social. A opressao se perpetua através de sistemas culturais/econémicos/sociais/educacionais. RB Patriarcado - Manifestacdo e institucionalizagao da dominagao masculina sobre mulheres e criangas na familia e a extensdo da dominagao masculina sobre mulheres na sociedade em geral. Isso implica que homens detém poder em todas as instituigdes importantes da sociedade e que as mulheres sao destituidas de direitos, influéncia e recursos, além de estarem sujeitas a terrorismo psicolégico e violénci Pornografia de Vinganga (Revenge Porn) - Contetido pornografico divulgado por uma das pessoas envolvidas sem o consentimento da outra com o intuito de humilhar publicamente a mulher. Protagonismo - Lideranca dos movimentos sociais. E necessdrio que apenas os oprimidos sejam protagonistas das préprias lutas, nunca o opressor. R Representatividade - E a presenga de certa minoria no mundo social, desde as passarelas até ‘os cinemas. E entendida como uma forma de validacao da identidade do ser perante a sociedade. Reprodugao do discurso opressor - Quando o oprimido reproduz o discurso ou as ateades tipicas do opressor sem perceber que aquilo também oprime a ele proprio. s Sexismo - Opressao e discriminagio baseadas em sexo/género. Silenciamento - Silenciar minorias ou individuos que ja sofreram qualquer tipo de violéncia, tentativa de refutar a vivéncia da vitima. Slutshamming - Humilhar, envergonhar, constranger, difamar, (ou ment) por sua conduta sexual, vestimentas e/ou personalidade. . Sororidade - Alianga feminista entre mulheres que se reconhecem como irmas. E uma limensao ética, politica ¢ pratica do feminismo contemporanco. E uma experiéncia subjetiva entre mulheres na busca por relagées positivas e saudaveis, na construcao de aliancas existencial e politica com outras mulheres, para contribuir com a eliminacao social de todas as ‘formas de opressdo e ao apoio miituo para alcangar o empoderamento vital de cada mulher. criminar, etc. uma mulher T Transfobia - Preconceito ou conduta discriminatéria para/com pessoas transgéneras ou transexuais - aquelas que nao se identificam com o género com que foram designados. SPOSHCHHOSHSHSHSHHESHEHOHHESSOHHOSOHECSHHOOHESE : TICKNER, J. Ann. Gendering World Politics. i REFERENCIAS Audios do 1 Encontro FemmeRI: http://goo.gl/IXOhkT Blogueiras Feministas http://blogueirasfeministas.com/ Blogueiras Negras http://blogueirasnegras.org/ Casa da Mulher Trabalhadora http://www.camtra.org.br/ Escreva Lola Escreva http://escrevalolaescreva.blogspot.com.br/ Geledés http://www.geledes.org.br/ SOS Corpo http://www.soscorpo.org.br/ : AUTORAS FEMINISTAS DE fl € SUAS PRINCIPALS OBRAS. ENLOE, Cynthia. Bananas, Beaches, and Bases: Making Feminist Sense of International Politics. : HOOKS, Bell. (sobre ela: www.egs.edu/library/bell-hooks/biography) i Em nosso grupo do Facebook temos um arquivo sé com sugestées de leitural :) Lembramos que esse manual estd em constante atualizagao, j4 que o feminismo é um trabalho incessante de construgdo e edesconstrucao de ideias. Sintam-se a vontade para falarem sobre criticas, sugestdes ou diividas! QUERENDO SABER MAIS DA GENTE? CONVERSAR, PERCUNTAR, TROCAR IDEIA? St LIGA All eae ~ f BLOG. http:/femmeri.wordpress.com/ &) ENAIL. femmeriufrj@gmail.com FACEDOUK, treepsatwoefacebookcom/ecletivefanmen GRUPO, https://www.facebook.com/groups/534735723292462/ AC me a

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