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222 : stag Oh ‘ CRIM ii . 4 CE ob i402 ag OFICIO n° 1863/2013 - SEJUR @ Brasilia /de fevereiro de 2013. Exmo. Sr. Presidente da Comisséo de direitos e Prersggativas da Ordem dos Advogados do Brasil - Segéio sao Paulo Dr. Ricardo Toledo Santos Filho tvs OHO Praga da Sé, 385 — 3° andar — So Paulo/SP no presente dota CEP 0101-902 26 Fev. 00 Ref.: Oficio n° 1345/12-csf, Presenga de advogado em exame pericial a pedido do periciando. 1. Em razao do oficio n® 1345/12-csf, oriundo do Presidente em exercicio da Comiss8o de Direitos Perrogativas, da Ordem dos Advogados do Brasil, Seco S40 Paulo, datado de 23/07/2012, dirigido a este Conselno Federal de Medicina, pelo qual comunicou @ concluséo do Procedimento Intemo n° R-15732 no sentido de que impedir 0 advogado de acompanhar seu cliente em pericia médica judicial caracteriza violag&o &s prerrogativas profissionais, conforme dispée o artigo 7°, incisos I, Ile VII, letras "c” & do EOAB, Lei 8.906/84; temos a honra de nos dirigitmos a V. Ex* para informa-lo do seguinte, 2 Em reuniéo de Diretoria realizada no dia 06/02/2013 foi aprovada a anexa Nota Técnica n° 044/12, cuja conclusao € a seguinte: “Conclusao. Pelas razées juridicas acimas expendidas, entendemos que 0 advogado, no exercicio de sua profissio, tem direito assegurado pelo art. 7°, inc. I, Ill e VI, letras “c” e “d” do EOAB, Lei 8906/94 de fazer-se acompanhar de seu cliente, quando solicitado, nos exames periciais em Ambito judicial ou administrativo. Todavia, a atuagGo do advogado, nestes casos, limitar-se-A a dar conforto e seguranga juridica ao periciando com sua presenga, no podendo interferir no ato médico-pericial a ser realizado, que é de competéncia exclusiva do médico-perito designado para o mister. Continua. SGAS915 Lote 72 | CEP: 70360-150 | Brasita-DF | FONE: (61) 3445 5900 | FAX: (61) 3346 0231) Mp: portalmedico org br 'SGAS 915 Late 72| CEP. 70000-160 | Brasia DF | FONE (1) 3445 6800 | FAX (61) 8348 025%] pllwuw portalmedio org br 2 we CFM ] Consignamos, também, que 0 exame pericial ¢ um ato médico. Assim, na hipdtese do médico-perito sentir-se, de alguma forma, pressionado por advogado que por ventura esteja acompanhando o periciando, assiste-Ihe 0 direito — com fundamento em sua autonomia profissional' -, de decidir acerca da presenga do profissional da advocacia no recinto em que a pericia for realizada, mediante explicitagao por escrito de seus motivos, sob pena de recusa da realizagao da pericia B 0 que nos parece, s.mj Brasilia-DF, 24 de janeiro de 2013.” 3 Diante dessa decisdo, esta Presidéncia espera ter colocado a matéria relativa a presenga de advogado no ato da pericia em seus devidos contornos constitucionais e legais. 4 Sendo 0 que tinhamos para a oportunidade, renovamos nossos votos de estima e consideragao. Atenciosamente, (Oicio_OAB_ Sep Sto Paulo Partipagto do advogado em pric no * CEM/09, Principios Fundamentais: Vil - O médico exercerd sua profisso com autonomis, ndo sendo obrigado a prestar servigos que contrariem os ditames de sua consciéncia ou 2 quem néo desele, excetuadas as situagées de ‘auséncia de outro médico, em caso de urgéncla ou emergéncia, ou quando sua recusa possa trazer danos & salide do paciente. Vill - © médico no pode, em nenhuma circunsténcia ou sob nenhum pretexto, renunciar 8 sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restricBes ou imposicdes que possam prejudicar a eficiéncia e a corresdo de seu trabalho, ‘SGAS O15 Lot 72 | CEP: 70300-180 | Brasita-DF | FONE: (61) 3445 5000 | FAK [61) 3346 0231] hipilwwn pariammodea og be 224 or EMENTA: EXAME MEDICO-PERICIAL. PRESENGA DE ADVOGADO A_ PEDIDO DO _PERICIANDO. POSSIBILIDADE. MERO CONFORTO PSICOLOGICO. SIGILO PROFISSIONAL PRESERVADO. AUTONOMIA PROFISSIONAL DO PERITO. GARANTIA DIANTE DA NAO INTERVENCAO NO ATO PERICIAL PELO ADVOGADO. DIREITO DO MEDICO-PERITO DECIDIR A RESPEITO DA PRESENGA DO ADVOGADO CASO SE SINTA PRESSIONADO. NECESSIDADE DE JUSTIFICAGAO POR ESCRITO, Nota Técnica de Expediente n° 044/2012, do SEJUR. Expedientes n° 7091/2012; 7624/2012; 8456/2012; 10299/2012. Relatério. Cuidam-se de expedientes oriundos da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB e do CREMESP, pelos quais em sintese, solicitam as providéncias cabiveis em razao da conclusao tirada dos autos do Procedimento Intemo n° R- 15732, que teve por objeto a anilise de reclamagao que apontara violagao de prerrogativas de profissional da advocacia, na medida em que o advogado reclamante teve vedada a sua participagdo, como mero assistente, de pericia médica judicial em acompanhamento a sua cliente. Colhem-se da petigao do advogado reclamante que as vedagdes a participagao do profissional de advocacia em pericias também ocorrem no ambito das agées previdencidrias na Justica Federal e nas agdes acidentarias que tramitam na Justiga Estadual Alega 0 advogado reclamante que tais vedagdes decorrem do fato de que “alguns peritos judiciais, nao concordam que advogados das partes possam acompanhar seus clientes durante a realizagdo de Pericia Médica Judicial, sob argumento de Sigilo Profissional assegurado na Resolucao n° 1246/98 do Conselho Federal de Medicina’. Afirmou também que a parte que iria se submeter & pericia médica “requereu expressamente ao Juizo” autorizagéo para que seu patrono a Ayevsdoen Reid de Dios fn 1 ‘SGAS a15 Lote 72| CEP: 70590-160 | Bracla-OF | FONE. (61) S445 5800 | FAK: (Bt) 3346 0294] Hp fww perttmecicn xa br @ CFM 3 acompanhasse durante a realizagdo de pericia designada. Isso porque nao teria condigdes financeiras para arcar com as despesas necessdrias para a contratagao de um assistente técnico. E que, por outro lado, j4 estava com traumas fisicos e psiquicos advindos de outras pericias realizadas por peritos do INSS, no tocante ao tratamento descortés, incivil, indelicado por parte de tais peritos; bem como diante de abusos que se consubstanciaram em obrigar a pericianda fazer movimentos fisicos causadores de fortes dores, com o objetivo de comprovar que ela nao era portadora de lesdes incapacitantes. Que inicialmente o magistrado(a) deferiu @ sua participagdo, como advogado, da pericia que iria se realizar; mas, posteriormente o magistrado(a) voltou atras para vedar a sua participagao na referida pericia médica, tendo em vista que o Sr. Perito cancelou a realizacao da pericia, sob alegaeao de que ndo.a executaria, caso _a ant Se _ St ;ompanhad lo_seu patrono. (9. n.) A petiggo reclamatéria aponta também que 0 impedimento de participar das pericias parte de apenas alguns peritos, uma vez que outros peritos até enaltecem a presenga do advogado, pois, neste momento, procuram esclarecer fatos importantes e imprescindiveis para a conclusao da pericia. Consta ainda que o papel do advogado na pericia é de mero coadjuvante, acompanhante, ndo se confundindo com o papel do assistente tecnico JA que 0 advogado nao tem qualificagao profissional para tanto. De modo que a conclusdo contida na peti¢ao reclamatéria para afastar © argumento de sigilo profissional apontado por alguns peritos para impedir a presenga do advogado, patrono da pericianda, sao as seguintes: a) © sigilo profissional do médico, tanto quanto o direito de defesa deste mediante advogado constituido foi regrado pelo legislador visando 0 beneficio do paciente ou da parte, enquanto cidadao, e néo em beneficio do médico, ou do advogado, ou para ser usado em prejuizo deste, por qualquer de ambos os profissionais; b) As informagées sigilosas do prontuario médico do paciente s4o de propriedade “SGAS O16 Late 72 | CEP; 7090-150 | Brest OF | FONE: (61) TERS Ton) 3806 02511 heptwwneportatmedien.org.br @ CFM : ©) _O sigilo profissional néo pode funcionar em prejuizo do paciente impedindo-o ter acesso a tais informagées seja por parte deste, ou de pessoas de sua confianga, desde que devidamente autorizadas; d) Viola as prerrogativas do advogado asseguradas no art. 7°, incisos | e Vi, alineas “c” e “d’, da Lei n° 8.906/94, no tocante ao direito profissional de acompanhar seu cliente em qualquer lugar privado ou ptiblico em que este se encontre, também objetiva preservar o direito de DEFESA do cidadéo assegurado na CF/88 sendo imprescindivel para tal, 0 contraditério e a ampla defesa, e n&o o advogado, uma vez que este no Instituto da REPRESENTACAO atua na defesa do representado; e) Arealizagao de pericia médica judicial constitui parte do processo e extensao da audiéncia, sendo de natureza publica, com excegao dos casos de segredo de justiga, que visa preservar a vida privada do cidadao do ptiblico e nao das partes e seus patronos; sendo certo que a prética de atos em julzo com a parte sem estar assistida por advogado resulta em NULIDADE por incidir em violagao do principio do contraditério e da ampla defesa. A questo posta em consulta, primeiramente foi apreciada pela Comissao de Direitos e Prerrogativas da OAB/SP, que a considerou impertinente determinando o seu arquivamento. Colhemos, para fins de melhor compreensao do tema, a principais passagens desta deciso: "(..) Em que pesem os pareceres bem fundamentados de ilustres integrantes da Comissio de Prerrogativas em abono da posigo de que o advogado teria o direito ora reclamado, tenho para mim que este entendimento encontra ébices intransponiveis que, mesmo assim, nfio afetam o livre exercicio da advocacia, Néo creio que a prerrogativa estampada no art. 7°, VI, “e”, do nosso Estatuto, confira tal direito, isto porque hé, para confronté-la, prescrigfio do Cédigo de itica Médica: “(..) VII - O médico nio pode, em nenhuma circunstincia ou sob nenhum ptetexto, renunciar sua liberdade profissional, nem permitir quaisquer restrigdes ou imposigdes que possam prejudicar a eficiéncia e a corregao de seu trabalho (...) Agree em Reno d ita em. 242 ‘Ademais, em razlo do dever de sigilo, é vedado a0 médica: gaa 70590160 | Bras DF | FONE: (61) 3445 6900 | FAC (67) 3948 0231) napwwrw poralmedice.O°g br @ @cm # “(..) Art. 76 ~ Revelar informagdes confidenciais obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por exigéncia dos dirigentes de empresas ou de instituigdes, salvo se o siléncio puser em risco a saiide dos empregados ou de comunidade (...)” O exame médico, salvo melhor juizo, é ato privativo entre médico e paciente, de maneira que a presenga ou interveng&o de terceiras pessoas est a critério do profissional da medicina ante 0 caso concreto, ressalvada, obviamente, a atuago de assistente técnico. Assim, parece-me que, a oposigiio do médico sobre a presenga de pessoa estranha a0 servigo a ser praticado no ambito exclusivo da medicina, no ofende outros principios e, muito menos, pode ser considerada (essa oposigdo) infringéncia a premrogativa profissional de advogado, E tal restrigiio faz todo 0 sentido, pois qual poderia ser a atuago do advogado em relagdo ao procedimento do médico? Poderia o advogado imiscuir-se na avaliago ou na conclusiio do médico sobre o paciente, ainda que fosse em prol de direitos e interesses de seu cliente? Seria razodvel permitir-se ao advogedo alguma interferéncia no momento do exame para apontar necessidades ¢ falhas? Ainda, o depoimento do advogado, apontando alguma deficiéncia do exame, seria Util como prova processual? ‘Veja-se que as respostas a tais questdes apontam para a deficiéncia de se obrigar a possibilidade da presenga do advogado no momento do exame médico, ainda que para fins juridico-periciais.” Ocorre, porém, que em um segundo momento, por forga de recurso interposto pelo advogado representante, a 2* Camara Recursal da OAB/SP modificou o entendimento retro citado para dar provimento a representagao, nos seguintes termos: “A questo central desta representagio consiste na insurgéncia do d. advogado, Dr. Pedro Lopes de Vasconcelos, em face de proibigio de acompanhamento de constituinte a pericia médica judicial Agrovado em Reig Dora en OG 1 Oey 13 his clei ais Pea Go Wad 'SGAS 815 Lote 72 | GEP: 70390-180| Srasia-DF | FONE: (61) 9445 S000 FAX: (61) 3346 029] NipJAanvporaimodica og 228 Oh Sustenta ser direito do advogado acompanhar o cliente na colheita de prova de fundamental importincia para 0 deslinde do proceso. E a atuagio do advogado no se confunde com a atuagio do Assistente Técnico. Em que pese as judiciosas conclusdes do d. Presidente da Comissio de Direitos Prerrogativas da OAB/SP, Dr. Antonio Ruiz Filho, entendo que a presenga do advogado na pericia médica, em momento algum pée em risco a liberdade profissional do médico ou possa provocar restri¢&es ou imposigGes que venham a prejudicar a eficiéncia e a correg4o de seu trabalho. E quanto ao dever do sigilo profissional, de fato nfo pode o médico revelar fatos decorrentes de sua atuagao profissional a terceiros ou pessoas estranhas. Todavia, 0 advogado nao pode assim ser considerado, pois ¢ o legitimo representante da parte, tendo ciéneia de todos os fatos que dizem respcito ao patrocinio assumido e, portanto tem interesse ¢ dever de acompanhar todas as fases processuais, principalmente a colheita de provas, especialmente a pericial. Ademais, a regra do sigilo profissional deve ser interpretada em favor do paciente/cliente, ¢ nfo em favor do médico/advogado. O instituto do sigilo tem como destinatirio final o cidadao. © Cédigo de Etica Médica, ressalta reiteradamente a importdncia do representante legal do paciente, bem como, deve 0 médico respeitar a vontade ¢ interesse do paciente € no o seu interesse (Art. 31, 34, 24, 28, 88 € 41). Portanto, caracterizadas violagdes as prerrogativas profissionais, conforme se verifica do Art. 7%, inc. I, II ¢ VI, letras “c” e “d” do EOAB, Lei 8.906/94.” Cumpre registrar que ha nos autos deste expediente manifestacdo judicial que determina o seguinte: “As partes, seus patronos e assistentes poderdo acompanhar a pericia devendo oa) Sr(a). Perito(a) informar, diretamente aos patronos das partes, a data para a sua realizagao com antecedéneia minima de 05 dias.” Areva em Rant de Dia em CL 1 O25 | Rate 'SGAS S16 Lote 72 CEP; 70990-160| Braslia-DF | FONE: (61) 3445 5000 | FAX (61) 3846 0251] ipimww.poriaimedan.org.br @ CFM a “O Sr. Perito esté autorizado a realizar a pericia nas dependéncias da tomadora de servigos ou em qualquer outro lugar que sc faga necessério, assim como partes advogados ficam autorizados a acompanhar a diligéncia.” “O(A) Sr(a). Perito(a) deverd informar a data da diligéncia, para que as partes & advogados possam acompanhé-la, Desde logo, fica consignado que nfo ser admitida qualquer restrigGio quanto a presenga do reclamante e/ou seus advogados, visto se tratar de ato processual para o qual tem que ser assegurado o prine{pio do contraditério.” O expediente em andlise também tras copia do Parecer n° 09/2006, da lavra do Conselheiro Federal Dr. Roberto Luiz d’ Avila, sobre o tema, cujos principais pontos, pedimos respeitosas vénias para transcrever: “I- DOS FATOS Em 8/3/2006, o Presidente da Associagdo Nacional dos Médicos Peritos da Previdéncia Social (ANMD), (...), encaminhou a este Conselho o oficio (...), solicitando “parecer dessa autarquia com relago a questo relevante para toda a categoria, em ambito nacional”, e tecendo profundas consideragées a respeito da inadequada presenga de pessoas estranhas ao exame miédico-pericial, tais como parentes, advogados, representantes sindicais, ete. Tnicialmente, rclata ser diversa a relagdo médico-paciente assistencial da relagio médico perito-paciente periciando, por esta ser, ao contrério da primeira, ‘baseada na escolha involuntéria, na desconfianga mitua, na incerteza da preservagtio do sigilo ¢ na eventualidade da perda de beneficios’. Contextualiza a pericia médica previdencistia como uma atividade essencialmente médico-legal que juilga se as situages féticas dos segurados do INSS Ihes garantem direitos previdencidrios, sendo, por dbvio, conflituosa, porquanto as decis6es emanadas envolvem interesses diversos, como imbréglios sindicais, patronais, pliblicos ¢ trabalhistas ¢, teleologicamente, a recuperagto da saiide’. Explica que ‘os conflitos so fiequentes ¢ os médicos peritos acabam sendo expostos & violéncia e ameagas, Séo dezenas de queixas nas delegacias da Policia Federal por médicos peritos’. Cita exemplos de lesées corporais graves e até de desaparecimento do perito, com depredagtio do patriménio piiblico, bem como que ‘so frequentes as queixas dos examinados quem, em geral, alegam: ndo terem sido examinados; serem alvos de racismo Agrorage om Reurio de Dictons En, "SGAS 816 Lote 72 | CEP. 70990-180 | Bras: OF | FONE: (61) 2446 5000 | ported. org or @ CFM a € assédio; desrespeito ao Cédigo do Idoso, dentre outras acusagdes de dificil contestagao’, Argumenta que ‘é certo que a presenga do acompanhante, por um lado, conforta o doente inseguro ¢ fragilizado, bem como representa fonte importante de informagio adicional. Porém, por outro lado, também acaba trazendo a presenga coercitiva de advogados, procuradores ¢ sindicalistas que interferem no bom andamento do trabalho do perito’. Finaliza dizendo ser ‘necessirio que os médicos peritos tenham a prerrogativa de deseutotizar a presenga de pessoas que nao sejam parentes diretos ou médicos do examinado ¢ que possam representar risco adicional & integridade fisiea do médico influéncia danosa ao bom exercicio profissional, de modo a possibilitar o exercicio integro do servigo piiblico que se presta, em fiel obedigneia & supremacia do interesse piblico sobre o privado.” ( O conselheiro Gerson Zafalon Martins respondeu a consulta em 17/3/06, pot meio de correio eletrénico, com o seguinte teor: “(... informamos a V. S* que, quando da pericia judicial, as partes envolvidas tém o direito de indicar assistente téenico, os quais também respondertio aos quesitos formulados ¢, assim sendo, podem acompanhar o exame a ser realizado no periciando pelo expert indicado pelo juiz, no podendo, todavia, interferirem na tealizagdo do ato, Portanto, por bvio, familiares, sindicalistas ¢ advogados das partes no podem acompanhar a pericia, ainda que nfo tenham indicado perito assistente técnico. B correto que os peritos médicos do INSS apenas permitam a presenga de médico assistente. No caso, 0 assistente téenico, quando este se propuser a comparecer a0 exame. Os procuradores de empresas que intermediam beneficios sto proibidos de acompanbar o periciado, pois podem, inclusive, tentar influenciar, direta ou indiretamente, a conduta pericial. Da mesma forma, deve-se impedir a entrada de acompanhante parente, salvo em casos de menores ou incapacitados, No mesmo sentido, deve ser vedado o acompanhamento de médico estranho @ pericia, desde que nfo seja assistente técnico. Ressalte-se haver infrago ética na interferéncia na conduta médica por outro profissional, parente ou nfo. Deve-se impedir a entrada de advogados, uma vez que so estranhos & conduta médica’. Esses so os fatos. I-DISCUSSAO 0 médico perito deve obedecer algumas regras bésicas, visando evitar a arguigzo de nulidade pericial ou de questionamento quanto A exatido do seu laudo, O exame deve prado om Rene Detar OG 1 o2! 12 Cots 'SGAS 815 Lale 72] CEP; 70380-150| Sraolia DF | FONE: (61) 3445 6 ‘ponalmedica org or @ CFM 4 set realizado reservadamente, com privacidade, em ambiente adequado, somente em consultério, sendo permitida a presenga, além do segurado a ser examinado e dos peritos, do representante legal, quando menor ou incapaz, ou de quem o médico perito decidir, parente ou outrem, dependendo do caso, buscando seu esclarecimento. ( De plano, a intimidade do ser humano deve ser sempre respeitada, O pudor também, Se a presenga de outras pessoas, aqui incluidos os procuradores, sindicalistas, representantes patronais, puder, de qualquer forma, constranger a pessoa a ser submetida a exame, ¢ dever inaliendvel do médico perito exigir a privacidade do ato. Além disso, tal como relatado pelo presidente da ANMP, dr. E.H., hé um risco inerente & integridade fisica dos médicos peritos quando da presenga de pessoas estranhas, como jd ocorreu tantas vezes. Ill-CONCLUSAO Diante do exposto, salvo melhor juizo, consideramos que: 1. As atribuig6es do médico perito nfo podem ser confundidas com as de qualquer agente da autoridade policial ou judiciéria, que pode determinar a seu agente que proceda diligéncia determinando exatamente como agir. Devido as particularidades contidas em qualquer exame médico, nenhuma norma administrativa pode determinar a0 médico perito como se conduzir durante a pericia ou determinar quem deve estar presente a0 exame pericial. O médico perito deve obedecer as regras técnica indicadas para 0 caso, Iendo 0 Jaudo encaminhado pelo médico assistente, confrontando-o com 0 exame fisico ¢ determinando a capacidade laborativa do segurado, no pleno exereicio de sua autonomia € sempre compromissado com a verdade; 2. 0 exame médico-pericial € um ato médico. Como tal, por envolver a interagdo entre 0 médico ¢ 0 periciando, deve o médico perito agir com plena autonomia, decidindo pela presenga ou nio de pessoas estranhas ao atendimento efetuado, sendo obrigatérias a preservagaio da intimidade do paciente ¢ a garantia do sigilo profissional, nilo podendo, em nenhuma hipétese, qualquer norma, quer seja administrativa, estatutéria ou regimental, violar este prinefpio ético fundamental. vt un Rnd ro Este ¢ 0 parecer, SMI. ae Ae comma ata Pera 'SGAS O15 Lole 72 | CEP; 70390-150 | Broall-OF | FONE: (67) 5445 6900] FAX: (61) 3546 0251] hip/Annu portamedlea org br CFM Brasilia-DF, 12 de maio de 2006. ROBERTO LUIZ DAVILA — Conselheiro Relator.” Antes de encerrar este relatério citamos um Ultimo Parecer-Consulta (n° 125.633/05), da lavra do conselheiro regional, Dr. Renato Frangoso Filho, cuja ementa € a seguinte: “EMENTA: © médico deve ter autonomia de decidir pela nfo realizagao da pericia se sentir-se de alguma forma pressionado na realizag&o deste ato, 0 que poderd influenciar na sua conclusio. Por outro lado, é direito do paciente apresentar-se acompanhado para a realizagdo da pericia, bem como de qualquer outra consulta médica, assumindo com isso a responsabilidade do segredo médico, nada tendo a reclamar.” Citamos também, 0 entendimento do INSS a respeito do tema contido no Memorando-Circular n° 10', de 23 de margo de 2011, litteris: “Aos Superintendentes Regionais, Gerentes-Executivos, Gerentes das Agéncias da Previdéncia Social-APS e Chefes de Servigo/Segao de Satide do Trabalhador. Assunto: Solicitagdo de acompanhante durante o ato da pericia médica. 1. Orientamos aos Gerentes-Executivos e das Agéncias da Previdéncia Social que garantam aos segurados o direito de solicitar a presenga de um acompanhante durante o ato da pericia médica, ressalvados 0s casos em que o perito médico entenda, fundamentadamente, que sua presenga possa interferir no ato pericial. 2. No ato da solicitagio de acompanhante, o segurado deverd realizar a identificagio com os dados constantes no Anexo. *o texte deste memorando-circular fol extraido da Obra A Pericia Médica e a Presenca do Advogado, 2 visio de ‘um magistrado; escrita por José Augusto do Nascimento e publicada pela Editora Jus Forum. Aprovado om Reunite de Oetonia en OG ‘SGAS 615 Lote 72] CEP. 70890-160 | Brasta-DF | FONE: (61) 3448 53 ortamedion org. OF mB ah 3. A solicitagdo de acompanhante deverd ser juntada ao processo de concessio do beneficio. 4, Fica assegurado, de pleno direito, 0 acompanhamento do médico assistente indicado pelo segurado, desde que devidamente identificado, nos termos do item 2. Atenciosamente, ALESSANDRO ANTONIO STEFANUTTO Procurador-Chefe Nacional da PFE/INSS MAURO LUCIANO HAUSCHILD Presidente do INSS” Este é 0 relatério, longo, porém, necessério para a exata compreensao da tematica sobre a qual passa-se a examinar. Prefacialmente, gostariamos de delimitar a matéria. ‘A questéo central objeto da presente manifestagdo é responder a seguinte indagagdo: 0(a) advogado(a) pode, no exercicio de sua profisséo, acompanhar cliente seu quando da realizagdo de exame médico-pericial? Posta a matéria nestes termos iniclamos a nossa manifestacao juridica. O advogado indispensavel administragao da Justiga, diz o art. 133° da Constituigao Federal. Nesse contexto, a Lei n° 8.906, de 04 de julho de 1994, que dispde sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil, em seu art. 7° diz o seguinte, verbis: Art. 7° Sao direitos do advogado: I- exercer, com liberdade, a profisso em todo 0 territério nacional; 2 art, 133, 0 advogado ¢ indispensével & administragdo da justica, sendo inviol4vel por seus atos e manifestagdes no exercicio da profisso, nos limites da lel. 'SGAS 975 Lale 72 | CEP: 70360-150| Braslie-OF | FONE (61) 3448 6900 | FAX: (61) 3348 02311 tpslweew poraimadico og. 234 St VI- ingressar livremente: ©) em qualquer edificio ou recinto em que funcione repartiggo judicial ou outro servigo piblico onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informago litil ao exercicio da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, ¢ ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; 4) em qualquer assembléia ou reunitio de que participe ou possa participar 0 seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais; Portanto, da leitura dos dispositivos legais supra citados é possivel chegar a compreensdo de que o advogado, no exercicio da sua profissao, pode estar junto ao seu cliente onde quer que ele esteja, na hipétese de ser esta a soberana vontade deste (cliente). Nesse sentido, concordamos com o Presidente da Comisséo de Direitos e Prerragativas da OABYSP, Dr. Antonio Ruiz Filho, que afirmou: “(...) entendo que a presenga do advogado na pericia médica, em momento algum pde em risco a liberdade profissional do médico ou possa provocar restrig6es ou imposigdes que venham a prejudicar a eficiéncia ¢ a corregdo de seu trabalho. E quanto ao dever do sigilo profissional, de fato no pode o médico revelar fatos decorrentes de sua atuagfo profissional a terceiros ou pessoas estranhas. Todavia, 0 advogado nao pode assim ser considerado, pois é 0 legftimo representante da parte, tendo ciéncia de todos os fatos que dizem respeito ao patrocinio assumido e, portanto tem interesse e dever de acompanhar todas as fases processuais, principalmente a colheita de provas, especialmente a pericial. Ademais, a regra do sigilo profissional deve ser interpretada em favor do paciente/cliente, ¢ no em favor do médico/advogado. O instituto do sigilo tem como destinatirio final o cidadao.” Concordamos com a posigao da OAB/SP, porque, em sua esséncia, ‘esta conforme o texto da Constituigéio Federal, que tem por fundamento e vetor interpretativo a dignidade da pessoa humana (art. 1°, III). Aprovado om Rano de Detra fm 92 'SGAS S15 Late 72 | CEP: 70390-180|BrasiieDF | FONE: (61) 9445 5900 | FAX: (61) 3946 0291] Niiliwn ported org BF 235 FN : Assim, “A dignidade da pessoa humana nfo é vista pela maioria dos autores como um direito, pois cla ndo é conferida pelo ordenamento juridico. Trata-se de um atributo que todo ser humano possui independentemente de qualquer requisito ou condigao, seja ele de nacionalidade, sexo, religitio, posigo social etc. E considerada como o nosso valor constitucional supremo, 0 niicleo axiolégico da constituiga0.*” Falar em dignidade da pessoa humana na relagéo médico/paciente é respeitar a vontade deste ao expressar que deseja ter ao seu lado um advogado quando tiver que participar de reuniées, assembleias, audiéncias (judiciais e extrajudiciais), pericias (judiciais e extrajudiciais), etc. No 6 por outra razéio, pensamos, que 0 Cédigo de Etica Profissional (Res. CFM n° 1.931/09) enuncia em seus Principios Fundamentais que: "Mil = © médico guardaré absoluto respeito pelo ser humano e atuard sempre em seu beneficio. (destacamos) XX - No processo de tomada de decisées profissionais, de acordo com seus ditames de consciéncia e as previsdes legais, 0 médico acejtard as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnésticos ¢ terapéuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas. (destacamos) Mais adiante 0 CEM/09, em seu corpo deontolégico, tras algumas regras que devem ser respeitadas por toda a classe Médica, cujas orientagdes seguem os mesmos prismas éticos contidos nos Principios Fundamentais citados, quais sejam: E vedado ao médico: Art, 24. Delxar de garantir ao paciente o exercicio do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como exercer sua autoridade para limité-lo. {destacamos) # jp DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA € OS DIREITOS FUNDAMENTAIS: PRINCIPIO OU DIREITO ABSOLUTO? Fonte disponivel em: tp://wwwalfg.com.br/artigos/Slog/dignidade.direlto_absoluto.pcf Aprovady em Resnlo de Digtoria En, b "SGAS 016 Late 72] CEP: 70380-180 | Brasiia‘OF | FON (61) OO} Twn potalmadica org be D3 & CFM “ Como visto, o respeito 4 dignidade e a autonomia da pessoa humana esta presente nas diretrizes ética postas no novo cddigo de condutas dos médicos. Recordamos que o Conselheiro Federal, Dr. Roberto Luiz d’Avila‘, ao apresentar a sociedade brasileira este novo Cédigo de ética, assim se pronunciou: “(..) Com isso, 0 Cédigo de Etica Médica se estabelece como indutor de transformagées no campo da politica, sem, contudo, negar sua principal contribuigdo para a sociedade: 0 refor¢o & autonomia do paciente. Ou seja, aquele que recebe atencdio e cuidado passa a ter o direito de recusar ou escolher seu tratamento. Tal aperfeigoamento corrige a Jatha histérica que deu ao médico um papel paternalista e autoritério nessa relagdo, fazendo-a progredir rumo & cooperagao — abordagem sempre preocupada em assegurar a beneficéncia das agdes profissionais em acordo com o interesse do paciente." Com efeito, com o advento da Constituigao Federal e do Novo Cédigo de Etica Médica fica evidenciado que o respeito a dignidade da pessoa humana e a sua autonomia devem nortear a solugao da questéo em toro da presencga do advogado no ato do exame médico-pericial. Nao podemos perder de vista que o caso sob analise parte da seguinte e fundamental base fatica: o paciente autorizou o advogado a participar do exame médico-pericial. Ora, os principais argumentos daqueles que pensam ser proibido ao advogado fazer-se acompanhar de seu cliente (paciente), por solicitagao deste, quando da realizacdo de exame pericial sdo: a) violacdo do sigilo profissional e, b) pratica de atos atentatérios a integridade fisica e moral dos médicos peritos. Esses argumentos, no entanto, nao resistem aos seguintes contra- argumentos: primeiro, 0 advogado também tem o dever ético de preservar o sigilo profissional, tal qual o médico. Depois, se 0 proprio paciente autorizar a presenca do advogado nao hé se falar em quebra do sigilo profissional, pois o direito ao sigilo pertence ao paciente nao ao médico ou ao advogado. Por outro lado, trata-se de um direito disponivel do paciente. Segundo, nao se tem noticias de que algum profissional da advocacia, no pleno exercicio de sua profissdo, tenha cometido * Roberto Luiz d’Avila é o atual Presidente do CFM. O texto esté publicado na pagina 22/23 da versio de bolso {fisico} do CEM/09 publicado em 2010. porn em Reuse de Dios mG 12! 1. aaa ioNedk 3 'SGAS 976 Lote 72 CEP: 70300-160 | Brosia-OF | FONE: (61) 2445 6900] FAX: (61) 3046 O20 Rpm srtaimadica.ory br 2 Ol & CFM algum ato atentatério a integridade fisica ou moral de médico perito. De toda sorte, se alguns poucos casos existirem nao podem ser encarados como regra geral, mas excegao. Mas a relevancia do tema nao recomenda que a solugéo seja dada levando-se em conta hipdteses excepcionais. f de se destacar que o Poder Judiciario®, peta caneta de seus julzes, tem autorizado a presenga do advogado ao ato médico-pericial, quando o jurisdicionado faz solicitagao nesse sentido. Também n&o podemos olvidar que o Instituto Nacional de Seguridade Social — INSS posicionou-se favoravel Citamos também, 0 entendimento do INSS a respeito do tema contido no Memorando-Circular n° 10/2011, j4 citado no relatério acima, verbis: “ed Assunto: Solicitagdo de acompanhante durante o ato da pericia médica. 5. Orientamos aos Gerentes-Executivos e das Agéncias da Previdéncia Social que arantam aos sei fireito de soli resenca de_um_acompanhante durante o ato da pericia médica, ressalvados os casos em que 0 perito médico ‘entenda, fundamentadamente, que sua presenca possa interferir no ato pericial.” (destacamos) No intuito de acrescentar mais um reforgo na argumentagao juridica deste Parecer fomos pesquisar a jurisprudéncia portuguesa, onde encontramos a seguinte deciséo (Acérd&o n° 4540/2003) emanada pelo Tribunal da Relacao de Lisboa®, em 24/09/2003, cujas principais passagens sao as seguintes: “Meio Processual: APELACAO. Deciséo: ALTERADA A SENTENCA. 5 No relatério deste Parecer apontamos pelos menos trés processos em que a autorizagao judicial por concedida, Joyo dpsicot/itehnsf/33182fe7 6 endo cument: Ultimo acesso em 24/01/2013. ipaue Em Piha Zeta SGAS 915 Lote 72 | CEP; 70390-150 | Brastlia-DF | FONE: (81) 3445 5900 | FAX: (61) 3946 0231] hitpuwww.portalmedico.org-br ‘SOAS 915 Lote 72| CEP; 7020-180 | Srasiie-DF | FONE: (61) 3445 5000 | FAX (61) 3346 0231 NopAvuw.portamoaeo org br ae ok @ CF “ Sumario: 10 cardcter secreto dos exames médicos realizados em processual judicial emergente de acidentes de trabalho ndo obsta a que o examinande se faca acompanhar de advogado, se assim o requerer. (grifo nosso) Ml - © advogado tem o direito de acompanhar 0 patrocinado e este pode ser acompanhado pelo advogado perante todas as autoridades publicas ou privadas. M=(d. Decisdo Texto integral: Acordam na secco social do Tribunal da Relacao de Lisboa: () Ml - Fundamentag3o de direito fo) Recurso de agravo. ‘As questes que emergem das conclusdes deste recurso so as de saber se 0 advogado, mandatério constituido do sinistrado, devia ser admitido a estar presente na junta médica e se as respostas dos peritos médicos intervenientes na junta médica esto devidamente fundamentadas. Quanto & questo de saber se o advogado constituido pelo sinistrado deveria ser admitido a estar presente na junta médica, a decisio recorrida entendeu negativamente fundamentando-se no disposto no art. 139° n® 1 do CPT onde se refere que o exame por junta médica é secreto. E, de facto, 0 cardcter secreto da junta médica est expressamente afirmado pelo actual CPT, aprovado pelo Declei 480/99 de 9.11, na medida em que prevé expressamente que quer 0 exame médico singular, quer 0 exame por junta médica so secretos (art. 1052 n°4 @ 1392 n2 1), como, alids jd se acontecia no CPT/81 (art. 1088 n? 3). ‘Mas, a nosso ver, o cardcter secreto atribuido aos exames médicos e, nomeadamente, & junta médica significa apenas que tais exames no so piiblicos, como é proprio dos actos judicial Com efeito, a razio de ser desta cautela da lei, tem de encontrar-se na preservagao da intimidade e do pudor do préprio sinistrado e obtém-se através da sua realizacdo em dependéncia do tribunal que permita esse recato e com a exclusiva presenca das pessoas que ao acto tém de assistir por dever de oficio. Acontece que 0 advogado constituido & uma dessas pessoas que pode acompanhar 0 sinistrado, se este 0 deseiar, inclusive a junta médica, até porque o carécter secreto iligencia 6 estabelecido em favor do proprio sinistrado. (grifo nosso) ee te ore me bege : tn CO) G BA Por outro lado, de acordo com os Estatutos da Ordem dos Advogados - art, 54° e 782-0 advogado tem 0 direlto de acompanhar o patrocinado e este de ser acompanhado por advogado perante todas as autoridades publicas ou privadas. ‘Assim, a nosso ver, o despacho que no admitiu o mandatério a comparecer 0 sinistrado ‘na junta médica ofendeu o art. 202 n2 2 do Constituigo Portuguesa e os art. 542 ou 782 do Estatuto da Ordem dos Advogados, sendo um acto nulo. Anulidade deste acto, porém, deve considerar-se sanada, uma vez que, no s6 nao fol arguida durante a diligéncia e enquanto esta ndo terminou, nos termos do art. 2058 n@ 1 do CPC, como, nessa mesma diligéncia, o préprio sini ir da Presenca do seu mandatério, quando isso Ihe foi perguntado pela Mt Juiz, conforme consta da acta. rado declarou presci Por outro lado, a a_do_mandatéric junta_médica traduz-se num acto de simples presenca, de conforto e acompanhamento do sinistrado, j4 que nfo pode intervir_activamente_na_diligéncia, pols a junta médica consiste na observagio do sinistrado pelos peritos médicos, na discussio entre estes e nas respostas 20s quesitos que foram previamente formulados pelas partes, sendo certo que qualquer esclarecimento ou diivida sobre o laudo dos peritos médicos podera ser questionada pelo mandatério, apés a notificacao do resultado do exame, devendo o Juiz obter dos peritos os esclarecimentos pretendidos, nos termos do n® 3 do art. 5872 do CPC, pelo que, a nosso ver, a nao presenca do mandatario do sinistrado na junta médica nao podia ter influéncia no exame ou na decisdo da causa, razdo pela qual nao constitui nulidade, de acordo com o dispasto no art. 201% n° 1 do CPC: Assim, embora no se aceitem os fundamentos do despacho recorrido, considera-se sanada a eventual nulidade cometida pelo mesmo despacho. No mesmo sentido encontramos a decisto (Acérdao n° 284/04.5) proferida pelo Tribunal da Relagao de Evora’, Portugal, em 15/03/2011. Veja! i) O carécter secreto do exame por junta médica, a que alude 0 n.2 1 do artigo 139. do Cédigo de Processo do Trabalho de 1999, destina-se a proteger a intimidade da(s) pessoa(s) sujeita(s) a exame; htto://www. dst pti -3f05300300a1¢6180256849005cd5t scument:ditimo acesso em 24/01/2013. Coa en OG a Ze "SGAS 815 Lote 72 | GEP: 70380-150 | BrastEa-OF | FONE: (61) 3448 6900 | FAX: (1) 3345 0234] hpi portalmedio.org.br acter “Secreto” do exame, tendo ©, imp6e-se concluir que o referido € Piiblico, ou se se quiser, que sistir 20 mesmo, mas ndo significa ue 0 examinando nao se possa fazer acompanhar por Avogado, se assim o entender; Junta médica, a omissio dessa formalidade s6 produz nulidade se influir no exame ou na ‘decisio da causa; Pela mesma ~ nem resultando dos autos ~ que a presenca do seu patrono Poderia conduzir 4 atribuiggo de diferente 'ncapacidade, conclui-se que a referida Omissio, por nao influir no ‘Sxame ou na decisio da causa, nia determina a fulidade do acto.” Ile VI, letras “o” € “d” do EOAB, Lei 8.906/94 de fazer-se acompanher de seu cliente, quando solicitado, nos exames periciais em Ambito judicial ou administrativo, Todavia, a atuagdo do advogado, nestes casos, limitar-se-4 a dar conforto e Seguranca juridica ao Periciando com sua Presenga, no podendo interferir no ato Médico-pericial a ser realizado, que 6 de competéncia exclusiva do médico-perito designado para o mister. G ee portaimersoo OG oF ee ee yaaa 'SGAS 016 Late 72 CEP, 70360-180 | Brasll-DF | FONE: (63) 2446 ay © @ CFM - do profissional da advocacia no recinto em que a pericia for realizada, mediante explicitagdo por escrito de seus motives, sob pena de recusa da realizagdo da pericia. E 0 que nos parece, s. Brasilia-DF, 24 de janeiro de 2013. TE 0412 Panos Parla de sega Psat pote ausincla de outro médica, em caso de urgéncia ou emergéncia, ou quando sua recusa possa trazer danos & sade do paciente, Vil - © médico no pode, em nenhuma circunstincia ou sob nenhum pretexto, renunclar & sua liberdade profissional, nem permitic qualsquer restrigBes ou Imposigtes que possam prejudicar a eficiéncia e a correco de seu trabalho. SEAS bis Lane 731 CEP 70000.150 | Becaln BF [FONE (et) 4446 5900 | FAX. (6) 9446 0231] Ripa portamedin oT

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