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» Ve EL, Ceanre , ph phe SLO pe pe spohes Paste eee pays Pade PloIon $Ee , $952 t.. 5m Cpoitolo A ENTRUSTA (W1ERL / a 7 Caractetizamos a entrevista inicial como entrevista semidirigida. Uma revista é semidirigida quando o paciente tem liberdade para expor seus roblemas comegando por onde preferir ¢ incluindo o que descjar. Isto é, quando permite que o campo psicolégico configurado pelo entrevistador 0 pacicnte se estruture em fungi de vetores assinalados p ferindo da técnica de entrev fim de: a) assinalar alguns vetores quando o entrevistado nao sabe como co- ‘mecar ou continuar. Estas perguntas so é claro, da maneira mais ampla possivel; 6) ass ‘mento da angistia para assegurar 0 cumprimento dos objetivos da entrevista; ©) indagar acerca de aspectos da conduta do entrevistado, aos quais este nfo se referiu espontaneamente, acerca de “Iacunas” na informagio do paciente © que so consideradas de especial importéncia, ou acerea de contradiges, am- bes “obscura”. Em termos gerais, recomendamos gomegar com uma técnica diretiva no primeiro momento da entrevis © para que o pacients tenlha oportunidade de expressar livremente 0 motivo de sua consulta. Finalmente, no iltimo mo- it , devemos, forgosamente, adotar uma técnica reencher” nossas “lacunas”. Esta ordem recomendada funciona como um guia, e cada psiedlogo deve aprender qual 6, em cada caso, ‘© momento oportuno em que deve manter a stitude adotade ou mudé-ta, para falar ou calar e escutar. — O processo psicodiagnésticae as técnica projetivas Para recomendar esta técnica de entrevista semidirigida levamos em conta duas razdes: a primeira é que devemos conhecer exaust ciente, ¢ a segunda responde & necessidade de extrair da entrevista certos da. dos que nos permitam formular hipéteses, planejer a bateria de testes e, pos- teriormente, interpretar com maior preciso os dados dos te codiagn6stico, mas os testes (e nos referimos particularmente aos testes pro- Jetivos) apresentam certas vantagens que 0s tornarn insul cindliveis, Mencionaremos entre elas sua padronizaco, caract ‘20 diagnéstico uma maior margem de seguranga, a exploragio de outros ti. os de conduta que néo podem ser investigadas na entrevista exemplo, a conduta gréfica) e que podem muito bem co: aspectos mais patolbgicos do paciente, ocultos airés de um de verbalizacto. Em sintese, os testes constituem, para nés, instrumentos fundamentais, J4 esclarecemos que nos referimos aos testes projetivos. Estes apresentam esti Jos ambiguos mas definidos (pranchas, perguntas, etc.). Operam de acordo com instrugBes que sdo verbalizagdes controladas ¢ dfinidas que transmitem ao pa- ciente 0 tipo de conduta que esperamos dele neste momento ante este estimt. lo. A maioria dos testes inchui um interrogatério. Fazer perguntas e receber res. postas é um trabalho em que colaboram ambos os integrantes do proceso, numa tarefa igualmente comum, Também a entrevista se inclui neste contexto, Estd enquadrada dentro destas mesmas linhas, jé que nfo incluimos em nossa tenia a interpretagio. Quando nos achames diante de uma situago de blo- gueio, ndo nos limitamos a assinalé-la como tinico indicador néstico, j& que restringir-nos a isso ocasiona séries conseq} brecimento de nosso diagnéstico se soma a total jgnoréncia em relacZo ao que tal bloqueio encobre. Necessitamos mais informagées e as obtemos fazendo indicagdes para mobilizar 0 paciente durante a entrevista clinica e aplicando testes apropria- mos marca uma diferenca entre a eatrevista, G80 de testes, ditemos que a primeira oferece w gua, semelhante & prancha em branco do T.A.T. ou do Pi extral uma amostra de conduta de tipo diferente da que se tira na aplicagio e testes. Os critérios gerais que utilizamos para interpretar a entrevista ini A entrevista inal. cial coincidem com os que aplicamos para os testes, Al in 0 tipo de | iente estabelecs com o psieblogo, a transferéacia v a com, | tutransferéacia, a classe de vinculo que estabelece com outros em suas rele: | ges interpesoais, as ansiedades predominantes, as condutas dofewsines lizadas habitualmente, os aspectos patoldgicos e adaptativos, o diagnos Nos? rognéstico, \ Para obter toda esta informagto devemos precisar quais s4o os objetivos iN entrevista inicial 12) Rerceber a primeira impressio que nos desperta o pacignte e verse ela se mantém ao longo de tode-a entrevista ou mud, ¢ em que seutida, Si0 aspec- tos importantes: sua linguagem corporal, suas roupas, scus gestos, sua maneira peculiar de ficar quieto ou de mover-se, seu semblante, etc, 2°) Considerar 0 0 que, como © quando Yerbaliza e com _aue ritmo, Comparar insmite através de sua manei- de fal ita. a consilta (geralmente por telefone). Avaliar s de sua linguagem: a clareza ou confusdo com que se expres- sa, a preferéncia por termos equivocos, imprecisos ou ambiguios, a utilizagio do tom de voz que pode entorpecer a comunicagio a ponto de no se enten- der o que diz, ainda quando fale com uma linguagem precisa e adequada, Quanto ao contetido das verbalizagées é importante levar em conta quais os aspectos de sua vida que escothe para comegar a falas, quais os aspectos a que se refere preferencialmente, quais os que provocam bloqueios, ansiedades, el é, tudo que indica um desvio em relagio ao clima reinante anter mente, Aquilo que expressa como motivo manifesto de sua consulta pode Iiatiter-se, anolar-se, ampliat-se ou restringir-se durante o resto desta primei- 14 entrevista ou do processo ¢ constitui outro dado importante, Por outro lado, © paciente inclui em sua verbalizagio os trés tempos de sua vida: passado, Presente ¢ futuro, dados que serdo depois coitfrontados com sua produsao, ‘por exempl de Phillipson. 2 importante que nem o paciente nemo psicélogo tentem restringir-se a um ou dois destes momentos vitais. Isto é util ara apreciar a capacidade de insight do paciente com referéncia a unir seu pasado com seu presente e seu futuro. Promovido pelo psicdlogo (que, por ‘exemplo, recorre persistentement> a perguntas do tipo: 0 que aconteceu an- tes? Aconteceu-Ihe algo similar quando era pequeito? De que vocé gostava de brincar quando era crianga?) ou trazido espontaneamente pelo paciente, a (‘Persisténcia na evocagiio do passado pode converter-se em uma fuga defensi- \ va que evita ter insight com o que esté ocorrendo no “aqui e agora com [Podemos diagnosticar da mesma fornia a fuga em direg&o 20 futuro, A atitu- ‘de mais produtiva & centrat-se ro presente ¢ a partir dai procurar integrar 0 ‘ f ton 5 16 0 processo psicodiagndstco eas téenices projetivas : z pasado ¢ 0 futuro do paciente. Deste modo poderemos também apreciar a plasticidade com que conta para entrar e sair de cada seqiténcia temporal sem angustiar-se demais. Isto 6 por si s6 um elemento indicador de boa capacida- de de integragao e, como tal, de bom progndstico. Na entrevista inicial deve~ mos extrair certs hip. © ser 0 te, Uma vez confrontadas com 0 que foi extraido dos testes e da entre- ie devolugao, serio ratificadas, ou ndo, nudo 0 que captamos através de sue linguagem nao-vecbal (rou- as, gestos, etc.). O que expressa ndo verbalmente é algo real mas muito re | bre a coeréneia ou discrepancia entre o que & apresentado como motivo ma- nifesto da consulta e o que percebemos como motivo subjacente. Poderlamos exemplificar isto do seguinte modo: um paciente pode estar nos.explicando que esta preocupado com seus fracass0s it mentérios com gestos claramente afetados. de a primeira entrevista a discrepincia entre 0 que ¢ paciente pensa que est acontecendo com ele e 0 que nds pensamos. O diagnéstico ser baseado no rau de coeréncia ou discrepincia entre os dados obtidos na primeira entee- nos testes ¢ na entrevista de devolugao. E interessante comparar as ca- icas das verbalizagdes do paciente nestas tr8s oportunidades to dife- a bateria de testes mais adequada qt qualidade dos testes escolhido: € ¢) ritmo (niimero de entrevistas que cal 3s testes escothidos). fabelecer um bom rapport com o paciente para reduzir ac minimo @ possibilidade de bloqueios ou patalisagdes e criar um clima preparatério fa- vordvel & aplicacao de testes. to a: a) elementos a seqiiéncia (orden ilamos para a apli- gif xb 68) Ao longo de toda a entrevista ¢ importante captar 0 que o paciente gf erates eae Sees Referimo-nos aqui aos aspectos trans- . ferenciais e contratransferenciais do vinculo. E importante também poder lo objetal que opera como modelo interno inconsciente no paciente. ou discrepincia entre tudo.0 que foi ! Lenape TiN ng consciences tenmmeninacasccatngiy ly \in(0D _ 72) Na entrevista inicial com os pais do paciente & importante detectar também qual é 0 v ¥ 010th, © de cada um deles com 0 filho, o deste awe ep sulo que une o casal, o vinculo entre eles como casal € 0 10 com cada um deles © ‘com 0 casal, 0 do casal com o psicélogo. Outro vinculo & 0 que procuram in- duzir-nos a estabelecer com o fitho ausente e ainda desconhecido (0 que di- zem dele), que pode faciliter ou perturbar a tarefa posterior. Por isso pode ser lhar com a técnica de Meltzer, que vé primeiro 0 8°) Avaliar a capacidade dos pais de eleboracto da situaglo diagnéstica atual © potencial. £ interessante observar se ambos ~ ou um ¢, nesse 250, qual deles — podem promover, colaborar ou, pelo menos, acetar as experién: ias de mudanga do filho caso este comece uma terapia. B importante detec. tar a capacidade dos pais de accité-tas na medida, qualidade e momento em que se déem, pois disso depende muitas vezes o comego e, especialmente, a continuidade de um tretamente. ‘Hi que nos referimos & entrevista com os pais, queremos esclarecer que a presenga de ambos ¢ imprescindivel, Consideramos a crianga como emer- gente de um grupo familiar € podemos entendé-la melhor se vemos 0 casal parental, Entendemos que & mais produtivo romper o esteredtipo segundo o qual a entrevista com a mic se impée somente pelo estrito vinculo que se la o Filho. Isto & certo e plenamente vido nos primeiros ‘meses de vida da erianga. Mas, na histéria do filho, 0 pai desempenha fre- ‘qUentemente um papel téo importante quanto 0 da mée, mesmo quando & 2 praticamente ausente da vida familiar. O filho introjetou algum ecessidade de sua presenca. Pe- Ihe que venta e criat condigées para tal é valoriz4-lo, colocando-o no se papel correspondente. E evidente que trabalhamos com o conceito de que 0 filho € 0 produto de um casal (ado somente da mae) e que ambos devem as entrevistas, a menos que se trate de uma situacd6. anormal (pai que viaja constantemente, doente, internado por longo tempo, pais separados, etc.). Quardo chamamos s6 2 mie, parece que a estamos destacando do resto do (grupo fem atribulmos unicamente a ela iio garantir a presenga do pai Dado que o pai nao foi includo em nenhum momento prévio do proceso que fe caret 8 0 processo psicodiagnéeticoe as téenicas projetivas culmina com tal informagao (por exemplo, necessidade de terapia), no esti preparado para recebé-la e, contudo, ele pode ser o responsével por um ele- mento muito importante para sua concretizagZo, tal como sua aceitagio, 0 pagamento dos honorérios ¢ a continuidade do tratamento. De acordo com 0 ~4 maiores ou menores dificul- dades. Pode acontecer que 0 aspecio dissociado ¢ depositado no ausente seja o de uma séria resisténcia em relagZo ao tratamento. A mie se mostraté, por exemplo, receptiva, colaboradora ¢ complacente, mas, em seguida, poderé : “Meu marido no quer”. Deste modo no marido atua urn aspec- cia A mudanga que parece caractorizar este grupo familiar sem que o psicélogo posse ter oportunidade de traballar com esse aspecto inclui- do nas entrevistas, provocar uma tomada de consciéncia da sua dindmica. Em ncia diante da manipulagdo da culpa dizemos: entrevistar so- | ta a admissio de toda a culpa pela doenge do filho; a prev senga de ambos permite dividi-ta e, portanto, diminui-la. Por outr ( pensamos que a devolucto de informago procura certos benefi gicos, por que dé-los somente & mie © nao ao casal? FB freqi que, devido a uma consulta pelos filhos, 0s pais acabem reconhecendo a pré- pria necessidade de um tratamento e o procurem, situar no ponto de vista do psi- e6logo. Entendemos que a presenga do pai e da mie lhe é utile indispensé- vel por varias razées. A incluso de ambos implica a observagio in situ de como so, que papéis desempenha cada um deles em relagao ao outro, em re- 20 psicélogo, o que cada um traz, que aspectos do filho mostram res- Pectivamente, como vivenciam o psicodiagndstico e a possibilidade de ume psicoterapia, Muitas vezes um desempenha o papel de corretor do que o outro Hz. Se a atitude de um é de muita desconfianca ¢ inveja, 0 outro pode equi- a com sinais de maior agradecimento e confianga. Se excluimos um dos membros do casal das entrevistas, perdemos um destes dois aspectos do vineulo com 0 psicélogo, Como produto do interjogo de emergentes que exis- tem, b4 maiores possibilidades de detectar ‘a presenca de ambos evita o perigo de accitar o ausente como “bode expiaté- 110", isto é, como depositario de todo 0 mal do vi presentante do que é born e bem-sucedido. Nao inc terceiro excluldo ¢, deste modo, negar 0 complexo e sicos da compreensio de cade caso. Isto estimula citimes e rivali- dade no excluido. Hé pais que nio reagem em protesto por sua nio-inclusto, mas depois, de uma forma ou de outra, atacam 0 psicodiagnéstico ow a tera 5ep2> N pia (interrompem, negam-se a pagar o estipulado, interferem constantemen- te, ete.). Acabamos de nos referir a um aspecto do enquadramento, 0 econé- ico, que & outra razio para a inclusto do pai. Hele que geralmente paga os © significado monetério mas de quem se recede algo A entreviea inital. ¢ como reparador do filho e do psicdlogo, e néo como alguém que deve assumit uma mera obrigago comercial. Se i vel a presenga do pai, esté exc! itamente, mostrando assim um aspecto regressivo proprio, pois situagiio de ficar ransformado em terceiro excluido ante um casal uni tre” o psicblogo-filho. A visualizagao de um casal muito unido, seja a sa 8 ou patolégica, pode mobilizar inveja e desejos de dest cia em ver somente a mae ou a ambos'0s pais, porém separados, é uma vvés de seus aspectos infantis, nfio suporta funcionar como terceiro excluido com a fantasia de ser espectadot obrigatério da cena primitiva invejeda, Seno ‘curso da entrevista comegam as discussbes © as reprovagées, 0 psicélogo ‘enfrenta uma cena primitiva sédica, que reativa nele a fantasia de ter conse separar 0 casal. Em tais casos pode acontecer que um dos pais ~ ou os \damente — 0 procure como aliado para transformar 0 outro em ter- iro exclufdo. Se o psicélogo nko esté alerta, pode estabelecer diferentes a8 perigosas para o filho, para os pais e para ele mesmo. Isto & vilido para 0s pais de criangas ¢ de adolescentes. *— Queremos nos deter em outro tema que pode provocar diividas em rela- 20 ao seu manejo téenico: 0 caso de filhos de pais separados. O psicélogo Sddeve aceitar os fatos consumados pelo casal. Se este casal jé nfo existe como tal, suas tentativas de voltar a uni-lo, além de infrutiferas, poderiam resultar ‘numa séria interferéncia em seu trabalho. Podemos dizer que se contra-iden- tentativas efetuadas diretamente por ele ou transferidas a outros (neste €280, © psicélogo). Se desejam vir juntos as entrevistas, teremos un caso em que @ técnica ndo serd diferente do que foi dito anteriormente, Se, pelo contritio, desejam vir separadamente, temos de respeitilos. Pode acontecer também que desejem virgeparadas com seus resp novos companheirés. Neste aso, a realidade se mostra mediante esses dois casais atuais que representarn Go per 20 processo pricosiagnéstico eas téenicas projeivas (cada um dos pais da crianga) dois aspectos irreve dissociados. Devernos também advertir 0 psicdlogo a respeito de seus impulsos contrarios 20s de unir o casal. Referimo-nos a0s casos em que, te, sente que no “'sintoniza” bem com 0 casal, que esse homem" ou vice-versa. Se atua* 0 que eles Ih conseguir uma separagio pedindo, explicitamente, que venhiam separados, ov ‘manipulando a dinamica de entrevista de tal maneira que se acentuem 0s pon- tos de divergéacia entre o casal, em vez de efetuar um balango justo dos as- ‘pectos divergentes e convergentes que realmente existern. Outro tema a ser considerado ¢ que mereceria um desenvolvimento mui to mais amplo do que podemos realizar aqui é 0 dos filhos adotivos. Segundo cia, geralmente so as maes que estio dispostas a pedir a consul- tae iniciar 0 processo, transmitindo a sensagao de que tudo deve transparecer ‘o minimo possivel. O psicdlogo deve procurar fazer com que veniam ambos 10s pais pelas razdes jé expostas e, além disso, porque necesita investigar el ments essenciais, tais como as fantasias de cada uin a respeito da adogio (néo se sentir inferior aos outros por nao ter fillos, ndo estar s6 agora ou no dia de amanhi, ter a quem deixar uma heranga, etc., podem aparecer como motivos ‘manifestos da adogio, além das motivagdes inconscientes que também devem ser investigadas). Outros dados que devem ser levados em conta so: como =) tem atualmente a situagao de pais adotivos, se estéo de acordo com a decisio, tomada, se puderam comunicé-la ao filho e a outros. Quando a adogo no cesclarecida, centeamos 0 fato da adogao como motivo real e subjacente da con- sulta, sem desvalorizar 0 que tragani como motivo da mesma. Todos os demais motivos que aparegam, sejam mais ou menos graves, Gependem, pare sua solu: 520, da elaboragiio prévia, por parts dos pais, ée sua condigao de pais de filhog adotivos. Por isso, recomendamos que, no momento em que surgi Gio de que o filho é adoti Lurgéncia com os pais. Deverd esclarecé-los sobre o fato de qui 0 filho deve saber a verdade porque tem direito a ela, que dizé-lo no constitui, como eles rem, um dano, mas, pelo contrério, um bem que 2 prépria crjanga pode estar reclamando inconscientemente através de outros conflites (roubos, enurese, problemas de aprendizagem, problemas de cdnduta, etc). Pensamos que & si tuagdo do filho adotivo constitui um fendmeno que é fonte de possiveis confl. tos, que pode cheger a ser em si mesma un conflito, de acordo com a form * Otermo atuagio seri ullizado no sentido dep dos atuar camo 0 verbo correspondents: passar imediatamente& ago sem intermediagéo do pensamento eritieo, segunde defingao de M. L. S. de Ocampo. (. do E.) © psicdlogo se dedique a elaborar este ponto de] gem 20 ato (acting out empregan~ Acennovisa eee _ 2 ‘com que 0s pais manipulam ¢ elaboram esta situagio. Geralmente, é indispen- vel ter algumas entrevistas do tipo operativo* nas quais se veja, o melhor pos- que esta impedindo os izer a verdade ou fazendo com que se opooham terminantemente a esta idéia, Freqiientemente, pensam que o psicé~ Jogo quer destruir as fantasias que alimentaram durante anos, tirar-lhes 0 fem suma, castigé-los. Mas tudo isso esté relacionado com as fantasias antcrio- res, concomitantes ¢ postetiores & adogio. O fato de o filho ser ou niio adotivo 6 tio essencial d identidade que a solugio de todos os conflitos em torno dessa apesat da intervengio terapéutica, ainda resistem a esclatecer a crianga (cles, |devem assumir esta responsebilidade), devernos adverti-los a respeito das difi- culdades que surgitdio no trabalho psicodiagnéstico com a crianga, nao tanto durante a aplicagdo dos testes, mas na entrevista de devolugao, Nesse momen to deveremos dar nossa opiniao verdadeira a respeito do que ocorre com ela. Se aceitamos previamente o limite imposto pelos pais no sentido de no incluir a verdade (a adogdo), deixaremos de lado ou omitiremos por completo uma te- ‘Se aceitamos a ‘engeno e na impostura, enganamos e decepeionamos a crianga e podemos até transmiti-the a sensag3o de que € um doente que descontit do-Ihe que, inconscientemente, ela percebeu algo real e objetivo (sua adogio) © 0 conflito surge por causa dessa realidade, Entrac no jogo dos pais si também dar-Ihes um pseudo-alivio, j& que perceberam cerios sintomas do fitho e consultaram © psicélogo. Aparentemente, eles cumpriram seu dever e nés ‘cumprimos 0 nosso. Mas o filho & duplamente enganado, ¢, por isso, nfo seria estranho que sua sintomatologia se agravasse. oO we E interessante registrar em que momento os pais comunicam esta infor- SE oe ue opment a ee eb ta micas quando se pergunta a respeito da gravidez e do par- que permitem suspeitar) ou se a escondem até o iltimo momento e ela surge * Btrevista na qual sb adota & téeniea operat propesta por Pichon Riviere; vec José BBleger, Temas de psicalogia, Séo Paulo, Macins Fontes, 1980. (N. do E.) eT _ 9%) Outco ponto importante que deve ser investigado na pi ‘OMGATS outro trabalho nosso’. MOTO Mat 2 0 processopsicodiagndstco as téenicas projetivas ss6nna entrevista de devolugdo, Neste caso pode acontecer que o digam em um momento de insight devido a alguma coisa que o psic6logo thes esta exp! cando. Podemos tomé-lo entéo como um dedo de bom prognéstico porque implica uma maior abertura em relagdo @ atitude Estavam ocultando a verdade ao psicélogo até o momento em que o sentiram como um bom con tinente com quem se pode compartilhar a verdade. E a expresso de um im- pulso reparador, Em outros casos, os pais esperam que o psicélogo faga uma pergunta direta. Esta pode surgir gragas a uma certa percepgio inconsciente do psicé= logo ou de dados claramente expressos pelo filho no material que fomeceu. Lembramos, por exemplo, 0 caso em que uma menina tinha desenhado uma casa € duas arvores de cada lado. Como apareciam outros elementos recor- rentes & alusio de ter d grande, formu- lou-se aos pais uma pergunta direta e estes responderem que, de fato, a meni- na era filha adotiva, Em situagdes como estas, em que os pais escondem a verdade até o final, no podemos deixar de inclui-la de form: vista € o motivo da consulta. Retomamos aqui os conceitos expressos em ‘No motivo da consulta deve-se dist toma que preocupa a quem solicit de alarma, Isto é, algo 0 preocupou, inho e resolve pedir ajuda. Em alguns casos 0 receptor do iro (parente, amigo, pediatra, ete.), que & quem so u mobiliza o paciente a fazé-lo. Est dado nos indica por si s6 um grau menor de insight com referéncia & pr doenga. Na maioria dos casos 0 motivo manifesto é, dentro de um numero ‘mais ou menos extenso de sintomas que afligem o paciente, ou aqueles que convivem com ele, o menos ansiégeno, o mais inécuo, o mais facil e conve- niente de ser dito ao psicélogo, a quem, geralmente, acaba de conhecer. Este, {por seu lado, enquanto escuta ¢ pensa sobre o caso, pode elaborar alguma: \péteses a respeito do verdadeiro motivo que traz o paciente (ou seus pais) A ‘consulta. Geralmente 0 motivo é outro, mais sério e mais relevante do que 0 invocado em primeiro lugar, Denominamo-lo motivo latente, subjacente ou profundo da consulta. y su relacion con batho apresertado 68, re del proceso ps no | Congresso Argentino de Psicopstologie Infénto-Iu A entrevista inital, eyein ty Li * Outro elemento diagné: | aue 0 paciente toma con: 6 faz durante 0 processo psico: esclarecer se é po Jug. Caso ela seja incluida, a reagao do paciente seré outro elemento iin Portante: se recebe a informagio e a aceita como possivel, o prognéstico é melhor. Se se nega totalmente a reconhecé-la como prépri, cabe pensar que as resisténcias so muito fortes e, portanto, o prognéstico néo & muito favo. vel Esta discfepancia surge como conseqiéncia de um processo de dissociae iquica que ocorreu no paciente. E ir trapsiquicamente pelo pac adiante, esta & uma das razSes pelas quais nos parece imprescindivel a devo- ugdo de informagio: & a oportunidade que se dé eo paciente para que integre ‘que aparece dissociado entre o manifesto e o latente, Em certos grupos fa- miliares, 0 grau de dissociagio ¢ tal que o membro que trazem & consulta é 0 © verdadeizo foco do probl que o psicélogo possa detectar e-esclarecer esta situagdo, Por isso, ¢ impor, ante saber se 0 sintoma trazido & egossint6nico ou egodisténico para 0 par » iente e seu grupo familiar. Saber primeiro se 0 paciente trazido & consulta) (ou 0 que veio por sua conta) sente que softe pelo sintoma ou se este nio | preocupa nem o faz sofrer, Caso nao softa, deve-se investigar se ¢ devido sus patologia especial (projegio do conflito e dos sentimentos dolorosos em outro membro do grupo que os assume) ou se 0 que acontece & que ele se converteu no depositirio dos contlitos de outro ou outros membros do grupo familiar que néo vieram se consultar ou que vieram como pai, mée, cdnjuge, tc, O grau de dissociagto, o aspecto mais doente do paciente (ou de seu gru logo é,a de escutar o paciente, mas io ficar, ingenuamente, com a verso que ele Ihe transmite. O paciente conta sua histria como pode. Centra o ponto de urgéncia de seus problemas onde Ihe parece menos ansidgeno, Esta atitude ingénua, ¢ no fundo de prejulgamen- ‘o, impediu inuitas vezes 0 psicélogo de escutare julgar com liberdade, Diante de um dado que “nio encaixa” com 0 esquema inicial do caso, surpreendeu- 24 0 processo psicadlagrésico «as técnlas projetivas se muites vezes pela aparente incoerénci. E muito sinistra, esforgar-se-4 para achar tod certo que ficou uma grave seqtiela. Perecer festa crianga apresenta un grau de satide mental aceitivel, ape males que padeceu. Pode também acontecer 0 contratio, caso apcesentado como um simples problema de aprendizagem, wuldade pedagogica, eliminando a possibilidade de ‘srios. Tomemos como exemplo © caso ‘porque nao podia estudar sozinhos formagio: ele gostave de passear hue de se encostar na mae cada vez que 0 fazia. Se 0 psicdlogo nao centra ¢s- tes tltimos dados como ponto de maior gravidade ¢ urgéncia do caso e se res- jmeiro problema, cei na mesma atitude negadora dos pais ¢ reduz ‘iente, As vezes, so 0s pais| uo paciente que dissociam e negam importancia ao que é inais grave. O pro- prio psicélogo, influenciado pela primeira apronimagio do paciente ou de seus pais, se.fecha a qualquer outra informagdo que no coinci fo dz entrevista e minimiza ou nega francamente a relevancia dos dados que ‘Vio surgindo & medida que o processo avanca. O momento e @ forma como femergem os aspectos mais doentes fazem parte da dinamica do caso, ¢ dever se prestar muita atengio @ eles. "Analisaremos em seguida outro aspecto relacionado ao motivo da te funciona como terceiro exclutdo 6 ou incluido em relagao 20 motivo do inicio do processo psicodiagnéstico, B ie uma crianga ou de um adolescente no es- Jo qual o levam a um psicélogo, Neste ca- Se Ihe esclarecem 0 motivo, 5 preciso observar até que ponto os pais (ou quem intervém como encal fazem participar dest Tnacdo, Em alguns casos comunicam-lhe um motivo real, mas nfo aquele que mais os preocupa, Para que tenham tomado esta decislo, devem ext ‘certas fantasias a respeito do que ocorre: Diriamos, ento, que estes pais transmitiram 20 filho © motivo manifesto mas ocultaram o motivo profundo, Em outros casos, em face da recomenda~ {Gio do psicblogo de que esclarecam o paciente sobre © motivo real de sua presenga no consultério, aceitam eo fazem, mas nem sempre conseguem tor se a verdade, Surgem entio distorgBes, negagées, etc., que na realidade ‘confundem o paciente e aumentarn os seus conflitos ainda mais que 0 conhe~ timento da verdade, Exernplificaremos isto com um caso. Trata-se de urna i ease a oe eee EEE 25 crianga de sete anos, com um irmo gémeo, um irmio maior, de nove anos, fe uma irmazinha de trés afios. Desde 0 primeiro momento os pais disseram que estavam consultando porque este filho gostava de disfargar-se de espa- hola, de dangar, rejeitava 0s esportes masculinos como o futeb menos que seu irmao gémeo era muito apegado & mie. No resis- tiram a dizer-the a verdade e Ihe falaram que 0 estavarn trazendo porque co- ‘mia pouco. A fantasia que atuava como inibidora do motivo real da consul- ta procedia especialmente do pai e consistia em que dizer a verdade @ crian- ‘ga “podia criar-lhe um trauma”. Analisaremos, @ partir deste exemplo, as conseqtiéncias que sobrevém se 0 psicélogo nfo modifica isto e segue 0 pro- * cesso sem retificagdes. ‘Em primeiro lugar, 0 processo se inicia com um enquadramento em que se deslocou o verdadeiro ponto de urgéncia. No exemplo, deveriamos nos centrar na investigagio de um caso de perturbacao da identidade sexual infan- til, mas o destaque recaiu na oralidade do paciente. ‘Em segundo lugar, complica-se a tarefa de estudo do material recolhido na hora de jogo e nos testes. O paciente controla melhor o motivo aprese1 tado por quem o trouxe, mas, inconscientemente, percebe a incongruéncia ‘ou 0 engano e o transmite ou projeta no material que nos comunica. Nesta crianga doente surgiram sentimentos de surpresa, j& que sua recusa a comer ‘preocupava os pais mais do que todos os seus amaneiramentos e demais tra- ue provocavam reagdes negativas em todos, especial- tude dos pais também mobilizou sentimentos de esta~ logo aceita tudo isto, entra neste jogo pe) rigoso, no qual finge est igando uma coisa mas, sorrateiramente, ex} plora outra socialmente rejeitada e sancionada. Quando trabalha, por exem- plo, com o material dos testes, deve, por um lado, estudar como aparece @ motivo apresentado pelos pais (oralidade), pois teré de falar sobre isso com ‘2 crianga e com os pais na entrevista final. Por outro lado, deverd inv 6 que realmente preocupa os pais e também a erianga. Esta situagto novas variéveis, torna o panorama confuso ¢ produz uma sensagiio de estar} trabalhando “em duas pontes”. Se os pais aceitam e reconhecem 0 motivo real da consulta ¢ o transmitem fielmente ao psicblogo e ao filho, 0 panora-| ‘ma que se abre 20 psicélogo é mais coerente. Em terceiro lugar, criam-se dificuldades muito sérias quando o psi {g0 deve der sua opiniao profissional ne entrevista de devoluedo, Neste mo- ‘mento pode optar por nfo falar, entrando assim em cumplicidade com os pais ‘em iiltima instncia, com a patologia; pode manter uma atitude ambigua, O pracesso psicotiagnistico eas éenicas projetvas claro, ou dizer a verdade, na medida em que! a forga egéica dos pais e do paciente o permitam, Em quarto lugar, o destino de uma possivel terapia futura, caso seja ne- caliar com 0 psicélogo que realizou a tarefa. Na medida em que este vincwlo esteja viciado, predispBe o paciente a trabelher com a fantasia de que ames. se repetiré com o futuro terapeuta. Em muitos dos casos em. Por todas estas razées recomendamos especificamente detectar a coinciy| déncia ou discrepancia entre o motivo manifesto ¢ o motivo latente da cons ‘a, o grau de aceitagao, por parte dos pais e do paciente, daquele que se reve. insight. Sem divida, esta dinémica surge porque 0 a consulta & 0 elemento gerador da ansiedade que emerge na primei- ‘2 entrevista (ou mais adiante). Em outro trabalho referimo-nos & importéncia a instrumentago desta ansiedade dentro do provesse { Em geral, aquilo que os pais (ou mesmo o paciente) dissociam, adiam 2. Ocampo, MLS. de Garcia Areno, M.& de contuty su relacin con a devoocién de nformacén entered ers rabalho spresentado no 1 Congr Ps Ponta del se, Unig noverbro de 1963" manejo de la ansieded en et sso Latinoamericano de Psigulatss A centrovista incl 7 7 Alguns pais relatam com muita ansiedade um sintoma que, ao psicélogo, parece pouco relevante, Nestes casos pode-se pensar que a carga de-ansieda- de foi deslocada para um sintoma leve mas que, no entanto, provém de outro mais sério do qual 08 pais no tomaram consciéncia ou que ndo se atrevem a encarar, e cuja transcendéncia se expressa através da qu de deslocada ao sintoma que chegam a verbalizar. Relataremos um caso para mostrar isso mais detalhadat ‘uma crianga de nove anos, que é levada por sua mie a0 Hos ‘porque tem certas dificuldades na escola: confuunde 0 “M” & one consulta durante a adi a mae. Antes de prosseguir com a supervis ¢ da crianga, detivemo-nos em algumas questdes: F este? Por que no recorreu a uma professora particular? O que haveri por tds desta dificuldade escolar que justifique a mobilizagio da mae ¢ da crianga para aceitar o processo psicodiagnéstico, geralmente desconhecido «, portanto, ensiégeno? Como resposta cabe pensar na e de algum outro probl mais sério quanto mais minimizado foi o motivo da consulta ¢ mai jcamente negado, para manter afastada a intensa ansiedade persecut que sua emergéncia mobilizaria, Continuando com a, supervisio do caso, descobrimos que a crianga havia softido uma cranioestenose, em razio da qual foi operada aos seis meses e esteve hos; da durante um ano ¢ i . Nessas oportunidades, nada Ihe foi explicado, nem antes, nem durante, nem de isto somava-se a intensa ansiedade da mae por fant Ita como expresso do géncia e a margem de erro minima permitida pela mie ao filho (eram erros de ortografia bastante comuns) ante sew constante temor da realizaglo de tis fantasias de castragao em todos os niveis, ao mesmo tempo que uma espécie de necessidade permanente de reasseguramento de qite sua cabega funcionava bem. Pedia-nos, indiretamente, que revisdssemos a cabega do filho e a sua e tiréssemos suas incégnitas, Esta tétioa obedeceu, pois, do 28. 0 procesto psieodiagnéstico e as tenicesprojeiar ponto de vista d 60, por miedo dl Tarlo, doente, wim ocultamento do que era mais patoldgi- ‘em pinico. Do ponto de ‘A acomodagao do paciente e/ou de seus pais ao sintoma faz com qu rminua o nivel de ansiedade (qualquer que seja a sua natureza) e fique f taco 6 seu depésito macigo no psi gré-la com maiores dificuldades na entrevista de devolugdo, Pelo conti uma conduta cujos elementos latentes alarmam o ego do paciente, e funda- ‘mentalmente seus pais, poderia mobilizar outro tipo de ansiedade e culpa, 0 ‘que, por sua vez, condicionaria outro tipo de manejo téenico desde o come- 0 do processo ¢ uma devolugao de informagio mais fa Os primeiros sinais de ansiedade aparecem, no% , quando os pais comegam a relatat @ historia do logo néo adota uma atitude ingénua, néo pode esperar registrar urna historia ordenada e comp! rla que querem e podem dat. Por seu lado, 0 psi que pode entender, Na primeira entrevista é como e quando o dizem, o que lembram e como o fazem, 0 que esquecem, de mancira a po- der reconstruir posteriormente, com a as, que concepgio da vide, ; 0 conhecimento destes es- | quemas referenciais permit elhor 0 caso € evitar a emergén-| Agia de ansiedades con! rias, Conhecendo estes esquemas, ppoderemos, por exemplo, entender melhor por que estes pais pensaram que 0 filho esté doente, como deveria estar para que eles 0 considerassem curado € ‘© que deveria fazer o terapeuta pare consegui-lo, Muitas vezes esses dados permitem prever interrupgées do tratamento (confusto por parte dos pais en- fre uma “fuga” na saiide ou um estado manizco ¢ a verdadeira satide mental, ou crenga de que um acesso de fiiria é um maior indicador de doenga do que ‘© acesso de asma anterior ao tratament ‘Ao mesmo tempo, o esclarecimento destes pontos permite ao psicslogo nar se os proprios pais necessitarao de assisténcia psicol6gica ou nzo, a D oO pes NS efoteestaralterativas dstntas: um mostra os aspectos sadios do A entrevista inital, 29 , caso a necessitem, qual a técnica mais apropriada (terapia profunda indivi- oh SPO técnica de entrevi 6 segiténcia de aspectos do filho.que-os pais vio )) on (\ymostrando ou dos aspectos-de-sique o paciente adulto vai mostrando. Quan do se tata de pais que vieram por sew filho (crianga ow adotescente) podemos outro os mais doentes, todo o processo. Os paptis se alternam, e quando um dos dois mostra algo sa- dio o outro mostra um especto doente. Ambos mostram 0 mesmo, s6 0 sadio AG ou 86 0 doente, Le E possivel, também, que a énfase va passando, ao longo da enitrevi doente ou vice-versa, Como, neste sentido, o psi ‘outorga aos pais a mais ampla liberdade, tem diceito a considerar tal seqiién- cia como significativa ‘Consideremos em ptimeiro lugar 0 caso de pais que comegam pelos as- ppectos mais sadios e gratificantes do filho, incluindo pavlatinamente o mais doente, Se esta é a seqiigncia escolhida, pensarnos que se trata de pais que se preparam ¢ preparam 0 psicélogo para teceber graduelmente o mais ansiége- no. Além disso, pode-se dizer que adotam uma atitude mais protetora e me- ‘nos devastadora em relacio ao filho externo e em relagio a seus prprios as- ppectos infantis. Isto leva a diagnosticar a possibilidade de uma boa elabora- ‘lo depressiva da ansiedade, com o que se pode prever também uma colabo- te 0 processo psicodiagnéstico e com 0 a crianga necessitar mento. Pode ocorrer que os pais mostrem exclusivamente os aspectos positivos do filho, até um ponto em que o psicélogo se pergunte a razio da consulta © ‘Alguns necessitam que 0 psicélogo thes mostre de que algo anda mal, que se deve encarar 0 que tude nao pressupie a invalidego do que funciona ara © psicdlogo diante de casos como estes € con- que ele parte do prin esti falhando e que es! ima entrevista, Comio é evidente, estes pais necessitam idealizar o filho, n¢ | Dear maniacamente a doenga porque a sentem como algo muito ansiégeno € a, deverdo arcar com uma dose excessiva de cul- pa persecut6ria. B justamente essa probabilidade de cair alternativamente em ambos os estados de fimo que torna dificil o contato com os pais e a conse- cugo de um dos principais objetivos do psicadiagnéstico: mostrar-lhes uma imagem mais completa passivel do filko. \y MASE A COMPLETA 30 joctile 2 SAD 5 aspectos mais doentes e dep« continente da doenga do célogo, que se vé, desde o comero, fre dinémica podemos prever dificuldades na entrevista de devolugao, jé I 0 processo psicodiagndstico ¢ as tenicas projelivas Em outros casos, a seqiiéncia escolhida é a inversa: aparecem primeiro ovasionalmente, incluem o adap: , como umn indicador do desajo de dep 3, de forma répida e maciga, o mais an: curso evacuative serve pe ado por relatos muito angustiados, que estes pais dificilmente poderdo tolerar o insight dos aspectos mais doen- e8 do filho. ‘Assim como nos referimos antes ao caso dos pais que idealizamo filho, encontramos também 0 caso oposto, o daqueles que nfo conseguem resgatat nada de positivo ¢ tratam-no como a caixa de residuos que Ihes serve para niio assumir seus préprios aspectos doentes.¢ a culpa pela doenga do filho. Nestes casos a devolugao de informagao também é dificil pois os pais nio toleram a ‘lust de aspectos sadios e adaptativos do filho devido & culpa que isto thes suscitaria, A culpa e a ansiedade concomitantes seriam de tipo depressivo, sentimentos esses que estes pais ndo suportam. E muito frustrante trabalhar ‘com pais assim em psicodiagnéstico ou em psicoterapia, j4 qu recebem a assisténcia terapéutica para que haja uma mudanga pc ‘a melhora € os progressos do filho. O psicdlogo espera que ambos os pais, indistintamente, tragam, asso- ciando livremente, aspectos positivos ¢ negativos, que formem uma imagem ¢o filho, que se completa a medida que a entrevista vai transcorrendo. Esta expectativa nem sempre se realiza, Dé-se 0 caso de pais com papéis franca- mente contrérios (néo complementares, que sio os mais préximos a normali- dade). Um dos pais assume o papel de advogado de defesa e 0 outro de acu- sedor do filho, Um relate algo positivo e 0 outro imediatamente associa algo jgamos, por exemplo, que @ im, mas ontem deixou tudo casos, cada um destes é fixo © desempenhado pot um dos pais ao longo de toda a pri- sive, de todo 0 processo, Em outros casos o que ve- ‘mos é que so papéis intercambidveis ¢ que 0 que esses pais necessitam no € 8 fungio que determinado papel thes confere e sim a existéncia de ambos 08 papéis, nfo importando quem os desempenhe. Néo toleram estar de acor- do, no suportam que o filho seja alguém que mostra coerentemente a mesma coisa a todos, nfo podem concordar com o que veer e, &s vezes, o que véem fentio pelo psic6logo aliado com o outro, Por esta razio é to, A entrevista inital. ‘ado term muito valor para el empenhados numa luta permanente, direta ow ta, Na entrevista, o psicélogo se sente como o filho do easel, como es- pectadot obrigado das brigas continuas e com dificuldades para entender as ‘mensagens, pois estas séo permanentemente contradité gam & entrevista final com a fantasia de que, por fim, saber-se-& qual dos dois tinha azo. Quando pereebem que o psicdlogo nfo toma partido de ninguém, ‘mas que compreende os dois, costumam aliviar-se ou irritar-se, de acordo com © caso. O alivio surge quando conseguem um insight do tipo de casal que constituem, quando no se sentem recriminados por isso, quando co! dem que entender-se um com 0 outro lhes permite entender melhor 0 Nio hi divida de que nestes pais hé uma reserva de se iz como uma reprovacio ou las lutas continuas, O castigo consiste em sentir-se tratado como que recebe as admoestagdes do casal parent portante abs- terse de entrar na atitude de tomar partido ou de desautorizar francamente ‘um dos pais do paciente. O mais saudivel € mostrar aquilo em que cada um esté certo © os efeitos que os erros de cada um produzem no filho. Portanto, no & recomendével entrar no jogo de trés que, inconscientemente, propdem, ‘a0 psicélogo, mas sim mostrar-Ihes que eles constituemn ceiro € 0 filho, a quem se deve dar énfase em tudo 0 qu Outra.dificuldade que pode se apresentar ja desde a primeira entrevista deriva da semelhanga entre a patologia do filho e a de um de seu: juma reagdo defensiva comum pode ser a de diminuir a it motivo manifesto ou nko se Ihes da primazia, fo psicélogo erguntar mais exaustivamente sobre isso e unit 08 dados do filho com o material verbal e pré-verbal do pai, da mie ou de ambos (ges- tos de contrariedade, nervosismo, desejos de ir embora, verborr ou moderacto extrema ¢ todo tipo de tentativas de convencer o psicdlogo de que é melhor nao perguntar mais a respeito-daquilo). muito importante, entéo, que o psicélogo nio se submeta a tais imposigdes para poder obter to do o material necessitio, , arcando, 8 que nio podem set esgota- ieas psicodindmices do paciente ou 32 0 procesto pticadingnésticn e as técnicasprojeivas do grupo fami ooupas, dead 0 primeiro mony das do proprio psieblogo. Este deve se criminar identidades dentro do portante que estabeleca quais ¢ de as que cada pai faz com lades que mais 3é- Aue tipo © intensidade s&o as i 0 filho ¢ este com eles, Deve estudar, babilidades de fazer um bom diagnéstico e prever com correglo 0 progné co do caso, assim como de planificar uma terapia adequada para cle: Quanto ‘menos experiéneia tiver e quanto menos elaborados estiverem seus conflitos, ais exposto o psicélogo estaré ao mecanismo de contra-identifica Gio projetiva. Esta pode se dar com um dos pais, com ambos como ca iminui acentuadamente a compreensio do caso ¢ as possil dades reparatérias da devolugio. ‘A ansiedade desempenha um papel importante em tudo isso, assim como também o grau de maturidade alcangado pelos aspectos infantis do iedlogo e dos pais do paciente. Se o psicélogo mantém uma submissio fantil em relagio a seus pais internos, pode permitir-se pouca liberdade Tenderd a crer no impossivel colocar-lhes limites se for necessétio, pensar de forma ade ‘© caso, Também surge ansiedade no psicélogo ¢ nem sempre ele pode ins- trumenté-(a em seu beneficio. A ansiedade funciona nele como um sinal de alarme ante um emergente num determinado momento da entrevi entio, puder instrumenté-le, conseguira um melhor insight. Se, 20 co! rio, o ego observador do psicélogo se deixa capacidade de discriminaglo, se confuunde, deixa-se manipul atuagées, ete. Sua capacidade de penetragio no rumo que nada tem a ver com o ponto de urgéncia que detert mento do alarma. A ansiedade pode favorecer ou inibir as pos logo de perguntar, escutar, reter, elaborar hipéteses, integrar dados e cfetuar uma boa sintese e posterior devolugto. Por isso consideramos opor- tuno destacar a importancia da qualidade do raundo interior do psicélogo, suas possibilidades reparatérias em relagao a seus proprios aspectos infan- tis © a seus pai ‘este aspecto é favoravel, é bem possivel que posse tomar ume dis tthcio, se co atacando os A entrevista bndobat 8 imo & mais bem controlado do que um tom de voz cortant indiferente. nos pais ¢ no pacicnte quanto no psicélogo. Quanto maior é a ansiedade que detectamos na entrevista, maior & também a culpa subjacente, Em alguns casos 05 pais verbalizam-na dizendo: "Que terei feito de errado?” Indepen- lade da culpa, quase sempre aparece nos pais e fantasia de irreperabilidade, quando se enfrentam com uma histéria ‘mais real que inclui seus aspectos amorosos ¢ destrutivos. Enfrentar-se com sua qualidade de pais ndo perfeitos déi, e se o psicélogo ndo o compreende, pode aparecer como figura censora que 05 castigaré como a filhos surpreen- didos em falta, Esta dor nem sempre é elaborada favoravelmente; para alguns pais 0 fracasso de sua onipoténcia é algo to intoleravel que preferem evitat ‘ou suspender a consulta. Se a ansiedade e a culpa forem encaradas adequada- ‘aente desde a primeica entrevista, assegurar-se-4 uma maior garantia da qua~ lidade do trabalho diagnéstico do psicdlogo e, sobretudo, deixar-se-d 0 terre- no bem preparado para a entrevista devolutiva e para e elaboragio de um plano terapéutico correto, se necessirio. Bibliogratia ry, Arminde, Teoria y téonica del psicoandilisis de nifios. Buenos Aires, Paidés, J. Clin. Paychol, 5, 1988. apreventada na Asoc. Peicoanal, Argen- entrevista psicoldgica”, cad. n? 4, Dpto, de Psicol, Univ. Nec. de res, Eudeba, caps. [a XIV. 199), Obras completas,t XI ‘Obras completas,t. XIV. bras completas, t. XIV. 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