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QUADRILHAS JUNINAS:

Resignificao ou
Expropriao Cultural??? p.
22-25
Maria das Graas de Oliveira Costa Ribeiro , IMAGINAR, Revista da Associao de

Professores de Expresso e Comunicao Visual N 47, Dezembro de 2006.


Disponvel em: http://apecv.pt/revista/imaginar47web.pdf
Diante de uma apresentao de um grupo de quadrilha junina trazendo as
novidades um pouco fora do que tido como tradicional, traz alguns contextos
sobre as mudanas nos desenvolvimentos dos temas e questionamentos sobre o
que originalidade ou tradicionalidade no contexto dos grupos de quadrilhas
juninas.

Nas proximidades das festas juninas, deparamos com


alguns discursos contrrios s quadrilhas atuais.
Revestidos de uma nova roupagem, tais grupos de
danas se apresentam, no mais com aquele aspecto
tradicional, que restringiam suas performances
coreogrficas na repetio de frmulas francesas, sem
mencionar outras nuances, que nada mais faziam
que seguir esteretipos estrangeiros, perpetuados em
nossa cultura.
O que constatamos, hoje, so as quadrilhas
obedecendo a uma lgica temtica, que vai desde o
figurino, passando pela dana e entrelaando com a
linguagem teatral, numa verdadeira fuso do velho
com o novo. Este ltimo reelaborado e relido. p.22

Original em
relao a qu? Pois, se reportssemos
ao passado histrico de nossas quadrilhas,
constataremos a sua origem l na Inglaterra por volta
dos sculos XII e XV. No entanto, a Guerra dos Cem
Anos entre Frana e Inglaterra serviu tambm para
promover uma transferncia cultural entre esses
pases.A Frana adotou a quadrilha e levou para os
palcios, tornando-a, assim, uma dana nobre. Da
ela se popularizou, surgindo inmeros variantes
traos coreogrficos e marcaes.p.24

Aqui no Brasil, a quadrilha chegou no sculo XIX,


com a vinda da corte Real portuguesa. Rapidamente

essa dana de salo tpica da nobreza, caiu nas graas


do nosso povo animado e festeiro. Diante de tal
afirmao, podemos observar que essa dana foi se
moldando ao gosto e a cada contexto cultural,
portanto resignificada. Simplesmente por tratar-se de
uma manifestao cultural e como tal, sujeita
dinmica social a ela subjacente. Dessa forma, o
conceito de originalidade perde todo seu poder
expressivo, culturalmente falando. p.24

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