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450 HISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA Carvaiho, A. Farinha de: Diogo do Couto, «0 Soldado Pratico» o a India, Veg, Lise boa, 1979. Queirés Veloso, om Estudos Histricos do Século XVI, Lisboa, 1950, demonstrou ‘que 2 cidnica atsibuida por Alexandre Herculano @ A. A. Costa Paiva a Bernardo do Cruz {ed. 1837. reeditada em 1903) nao pode ser deste autor, ¢atribaiw-a a Anténio do Voor, Francisco Rodrigues, in «Brotéria», 1926, vo. Il, fase. IV, pp. 193-198, mostrou a incon: sisténcia da atibuigdo desta obra a Amador Rebelo, feita por Femeira Serpa na ed. incor rocta de 1925, Porto. Queirés Voloso descobriu capitulos que continuam esta crénica, ficando a saberse, deste modo, que ela abrangia provavelmente todo 0 reinado de D. Hemique. A Retacdo da vido de ElRei 0. Sobastido de Amador Rebelo, ms. do Tore {do Tombo, o6dice 1745 da Livraria, foi ed. em 1978, Jodo Palma-Ferroira, em O «Bid- sratov de Luis de Canes, Podo de Marz, como auior da «Crdpica do fie! D. Sobas ido», in «Arquivos do Centro Cultural Portugubs», vol. 7, 1973, pp. 471-484, prova, de acordo com a c6pia ms. 436 da Biblioteca Geral da Universidade de Salamanca, sor odo Matiz 0 autor da erénica em questi. Alves, Francisco Manuel abade do Bagal) 0 etéssico Frei tule de Sousa, Tragédias Marttimas. Notas inéditas, «Portucalo», vols. V-VI, Porto, 1933, Pontes, Maria @ 0s livos, 1971. Ricard, i estedo sobre Frei Luts de Sousa, in Etudes sur Fhistoire morale et ref ‘leuse du Portogal, Paris, 1971 Seirdo, Joaquim Verissimo: Historiogratia Portuguesa, vol. | (S6es. XI-XVI © (Séc. XVI), ed. Vorbo, Lisboa, 1972-73; D. Frei Bartolome dos Mértiros e a Sucessio do 1580, in wAutqositze 2ur Portugiosischen Kulturgoschichte», Munster, Bond 4, 1964; 0 Reinado de D. Anténio Prior do Crato (1580-82), Atlantida Editora, Coimbra, 1958; IMinerdnios do D. Sebastido, tl, 1963-64; A Crénica de D. Jodo Wi, de Amténio de Cost ‘ho, «Arquivos do Centro Cultural Portugués, Paris, I, pp. 319-326. 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VI das PublicacBes do Congresso do Mundo Portuguts, 1940, Lourdes Betchior: estudo sobre Frei Luls de Sousa in Os homens EPOCA EPOCA BARROCA Capitulo I INTRODUGAO jolanda Enquamto os don ppamento defensive e fe Espanta wndial da Espanha qu n 4 aristocracia pen torno da Coroa, mantendo na soviedade ¢ na cultura de Portugal se tinge o apogeu sob Filipe I (1556-98), e se proton Anos (1618-48) — em alguns tal, mo sujeitos ao seu dominio, a estrutura soe Ldesfecho da Guerra dos Tri ops (4531), contro do coméreio continental das do Sul, pri wias indivicuais,tinhamn exercido 0 shes, F que, afinal, a Bolsa cle Antusepi indores cespciarias porta alas C real conte ss, © 08 banquciros da Aleman 0 da nova economia mundial recéim-nascda, Os recursos das reinos de P Logall¢ Espanta esgotavanse ino século XVI, cada ver mais incapares de ocorrer aos ji ai horio da -Conquista, Navepagio © Comércio da E fadiae, em ple buncarrota,tenta de nove aaventn ‘em Aledcer Quibir (1578); a Ca © im ‘doninins, mas em 1588 v8 nvencivel Armada» bata polos Ingleses. O sée XVI vai assistir ao triunfo de wm grande capitalise mercantile cativa e mniitar ¢ de satisfazer os juros de dividas astione: Spin, Arabia, Persia e savaleiresca cn Marracos © fase inicas. O se a de Austria aerese jo portugués aos sous ina ‘jase aconistas part pertencem, indiferentememt, a virios eredos ou mages fe que utili al como garantia do seu monopslio, io parte dos Holandeses,eujos cionais (em geande parte das Marranos, ou Cristios-Novos expulsos dF & pair dle 1592, as eSlebres Companhias das f corso 86 feos fl nas, ¢ depois para desalajar o inmpério habsburg dos se \ nia, Attica do ‘enrepostos da Idan 1), América do Sul e Cental. A exp. 454 UISTORLA DA LITERATURA PORTUGUESA Jesa € focilitada por um tolerantismo comercialista, proprio de wm Estado fede rativo, descentralizado, dir-se-ia que ele proprio imagens de io (1611) toxna-se 0 centro do eapitalisn ma empresa por ages, o imemacional. O ealvi ‘ juro ea especulagio hn primeira metade da século estante grate ‘com pra para as heresias que minam os estados res, dos dissidents ineses, Giordane Brun, Galileu, Deseattes editan li as obra nica cel res holundeses, como os Elzevir, et ais: refigio dos jude lees fugidos aos Swarts, clos hugenotes informagies bolsistas a impr profonga-se ali, Nao se trata apenas do culto da eignei (Hluyghens), que através da pti ‘experimental e algebrica da criag0 do mierosedipio Langa a microbiologi ‘com aN; ‘quieo, concebe a liberdae moral como nio pussand de uma conseig usalidade universal, considerando eomportamento ético apenas aque que s6 obe doce a razies — depois de armado com 0 conhecimento das causas, Grécio furdament ‘ direito internacional em regras que julga exstirem, no por decreto sobrenatua, was na natureza hunsans (dieito natural) A escola hokadesa de pintura, inovatoramente ralista, subst ios por retratas, intriores burgueses e puisigens (Fx Hals, Hooch ii algo pa a icomogratia re Vermeer, Hobby alga desse mat laterra 0 capitaisme comereial ¢ a cultura b nam nas, por vias n No segundo destes paises, 0 absolutisme dos Tudors clin np sua influsnia desde Hens vu mus a nobreza que aseende com as secular: ‘9808 (geniry) © a burguesia, mais ou menos , expresso dencia, principalmente impulsiona pelos Fesuftas, para a supremacia absolute do pap sobre os bispos © alé sobte as autoridades civis, A apotogétiea eatstica, don Figura de Bossuct¢ slid 2 contra-ofensiva absolutista de Luis XIV, no apogeu do rei halo, consegue fazer fremt as cartesiana¢ jansenista, mas sacri Ligio dos J As ideologt pas de que Pas nant, Noteios que o Jansenismo tem a mais ampla reper 10, como ideologia 1 de independéncia da o.0 pres ese ede oratéria sacra neds iio inspirar-se em Locks xo, sburguesando os métedos de exe reyolucionsirias do séealo XVI fr ula ido 0 Jansen Aase Cinna, 1640), em que se apres io do absolutism etn F nga eorresponde o teatro de Corneille (Horie, a autodiseiplina ciview do protago: es. Con Racine, os conflitos da tr nista sobre as paixies pessoais mais ven i isonjeiam mais as paisdes, ¢a nog de dover desloca-se do climaefvieo para clima iar (Fedra, 1677), Ua e outro leva ro classic fr w das 12s uniades jor perfeicdo 0 esque nto, a comédia ce earacteres de Molere, fundinde 0 rico. coligicae ideolsgica, Entel ‘conv a experiéncia de paleo da Commedia dei’ Aut, critica penetrate 1 hipocrsia nalismo f ment 4 fatuidade do sister feudal remodelado sel o absolutism, a caga ao her, on 9 prazer e varias dotormagdes psicol6g Ino 56 da nobreze mas também 16s idedlogos burgueses pene ciosas Ridiculas, 1659; D. Joo, 965; Tartuto, 1669; As Sabichonas, 1672, ete). bourguesia dirigente, com um poder de le no scv propagandismo revolucionsiio (Pre (0s sintomas de dissolugio ileolSgica do regime de Luis XIV eomegam por se fe istocracin tory inglesa, desenvolverse & galunte dos libertines, que transvasa para as obras de um estilo seco € eine cepticisino Livimas de Rochefoucaul, 1665, Caracteres de La Bruyere, 1688, Fabul de Lat Fon ne, 1668); os espittos volvemse para as peque cortespondéneia Titeriria, mantém 0 para o mundo psicolsgien ou pa coisas, regstam efemérides dies, redigem memo nas vital ‘uma perspectiva pessimista do muao social (Mens: Ass HISTORIA DA LITERATURA PORTU “ 4." POCA BPOCA BaRNOCA 459 ras do candeal de Retz © do duque de Saint-Simon; Carus de M.% de Sévignés Prin ceesse de Cléves, romance de M." de Lafayette, 1678). Entre 1680 € 1715 decorte 0 periodo que Paul Hazard denomina de «crise da conscién firma o deserédito das insttwigdes e formas cul em perfeito sineronismo com reforge da autoridade papal da disciph ccat6lica, faz-se sentir, por exempta, na arquitectura: muitos edficios so planeads no séealo XVI para produzirem gem circundante, abrangendo espagos ajatdinados, busca te impressies na onilulagio de saligneias e reentraneias, na simetria radia, no dish IMO Barroco das linhas estruturais retilneas pela profuse ornamental, ou pela mxlulagaio em curva wo. Amnesia rapeia, no qual se eon poca de Ls XIV, iplos efeitos de eanjunto, tendo em consideragao a pais: is da wt convergéncia ‘eseultra polierém ie, aspect representa, o verso, yeentragin conduz stmt ine 8 mais eras neamento, com pomipa eprandiosidade, de too o exterior da vida ofc is, Esta designaglo tornou-te A dpera, gneve novo de arte que integra 0 de srt f instrumental, soist e coral, o bullet, a pintura cenogrfica, « mecani Generalizou-se 6 uso do nome Barroco para designar as car assumem a ate € até a neu, porque, oft se ref or ura seiscentistas ocide um conjunto de tendéne centes durante o século XVIT nos dominios da Casa da Austria, ¢ portato condicionadas ores, ¢ quarda-roupa € un noxo tipo de arquitectura para edificios de especticulo, pela esiratra especial que o absoluismo ai reveste, nomeadamente a sua organica liga Linmicno-nos apora i perspectiva hispdniea, convém ter presente a ditingo modems «io coma Contra Reforma trientina; ora abrange at artisticase cultura que entre 6 Barroco © o Maneirismo, Este sparece-nos como a expresso artista ¢ litera acompanhiam 0 absolutismo em toda a Europa ocidental; ora pretende cobsir a de generalidade, txa a vid cultural europeia da época, inclunxlo as manifestagses tipiea dla Pe mente burguesas que aaInglaterra, E ainda feequente desig cas estticas formas que, aparenten tno gético Namejante, na séeulo XVI dle bavroco era Jas imperfei ame sentimento de desequilibri, de frustragio € instabilidade relacionsivets, dentro cra sujet qualquer ideologia burguesa que desse Holanda e, em menor grat, noutros parses, como ltermatva optinista a um estado de coists jd abalaco deve a derrota da Invenetvel AF teria cat 1388, O estilo dominante no impéria dos Habsburgos & se peli exagero paté emergent en certs épocas, corn no helenism, tico, pel iscetismno macerado ou de um exaltado misticismo, pela opo- 10 omantismo e no decadentismo, A qulitieayao ‘da sublimidade espiritual no groteseo da carne, do iMdeatismo puro ao plaro bor Driginariamente depreciativa (parece ter de inicio desigaado certas péro- leseo, pela alteraincia entre «biz osto dos ), © passou a aplicar-se a determin depois lteriria, ‘extremias patéticos ou decorativamente festivas, sublimes ou impulsivos, panegiricas ou ‘euja reabilitagio data de finais do séeulo XIX (Walifin, 1888). Saredsicos, tenebrosos, contritamente penitencais ou endo Iuminosos, celestiais —~ No seu sentido histirieo n inalogias entre dados heterogeneos ou rere de estruturas fo uar-se de barroco umm certo eonjunt de eat acter cexpressio de a fdalga © 0 pitoresco folebitico, pelo Jo estilo phisticn malo, Burzoco designa um certo mais ligalas com inovaigdes téenicas e ciemtticns te essencal {que descobye tans-racionatinente 0s finite iwosa, de formas cidéncin dos opostos ou, em ferminologia ji de H ent de um opasto para 6 seu contrapolo (tempo e eternidade, realidaade ¢ idealidad), ariamente ao Maneirismo, o Bartoco earacteriza-se pelo abjectivismo, pela po do poder e da f. Na re tendencias coexis Aeristieas fazem se pequenos empreenimentos ‘de egies rurais portuguests ou brasileiras até onde nao chega isténcia ¢ interdependenei profundamente diferentes na Europa; tal a renova da pintura que permite, tanto a Rubens como.a Vekisquer, criat senundo geadagies de cor ow segundo linhas de mov 0.4 Rembrandt como a Zurbarin, rec sensagio da atmosfers or yenlo aparente; ou que permite polo exibicionismo mater tal tem, Algunas desta mifestagoes esti anizando 0 espace pintado a sensagiio de espago pelo ¢ nite, primeira a Vitra © P lade, scgundo os esquemas polifinicos & pompa das corte, i ae rts, 0 barroco lite a: tala passagem de una concep fintsae esiien do rian paces de req ‘ wie ie rs inpirar no bucolismo anifiioso at Diana de Montemor, do drama pastoil de Tasso € muétiea e dindmica, com Giordano Bruno, Pascal, P hells Vegi’ nte formalista e mundo a wim fuenciamn escrtores tio diferentes como Cervantes, Li Nowton. A hist feral, da cultura tende, nos uiltimos trinta anos, aac Guarini, que jd ; dentar a evolugio geral desde o gosto renascentista, reconhecendo certos perfodos eich Luis de ste timo tomase © modo a bade do estilo posi doe, cs de esequiibrio e equilbrio aparente, nomeadiente @ Meneirismo (2. metade do cxf en gongtico, mau, deur mod carat, pedomina ses por ins séeulo XV), Barroco(1.* metade do século XVID, © Acadeinisno (ins do século XVI) zens € por efcitosfono-sinacticos sobre a expresso d iualquer forma texposigio conceptual, ‘Todavia com o cultismo conjugamse, contraditoriamente, © gosto nplicidade pastoril e a reabilitagio de cestas tradigdes Foleiricas peninsulares: a rudos estio na mexda, sobretudo vs de picaresea renasee com © Rovocd (século XVI, cujas ea ologia so muito oscitantes ou dis: ° cutis das redondilha mai tema mourisco; os prosadores fazen ‘08 romances populares nela va Na medida em que se considere © Barroce come li alo 30 absol ‘ommo define-se mai claramente, Com efeito, a centalizagio x smo, © seu eon ala no aclagisrios a novel eval ange, ede resto denuneianlo através de sucessivos » Guzinin de Alfarache (1599) de Mateo Alem 460 [HISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA cisco de Quevedo, as torpezas hipacrisias do feudalism ibéricn retar= io, 4 pretexto ow 2 luz de um pessimist No teatro, Lope de Vepa (1562-1635) eria a comédia de capa e espia ripida baseada no ponto de honra eavaleiresco ¢ no humorisimo do gracias, onteapsie; mas, a0 evolugdo, que sezuiremos oportunamiente, st in, e vida converte-se em te Tar que impo a rwisiea «lo palicio real) ‘Corvanies, het de Lepanto eex-c ‘oaventurisme gloriose ov de acgio we se The e Cale do, alegoria teoldgiea, dle um gosto espeetac astrumemal e vocal (Zarzueks, ou conxidia de Zarzucla bo dew ivo de Argel, que eonheveu por experigneia todo icaro do tempo, depois de cultivar o teatro patritieo, a novela sentimental ex picaresea, € 0 bucolisio covencional, ino D. Quinote (1, parte, 1605) um simbolo universal nascide do préprio atraso feuda esta caricatura dos ide de Espanha, Mas le alegria de iver e tem cert ln hose de visio ¢ estilo mais ou menos eomuns aes seus contemporiineos Lope, o pit tor Velisquez © certo Gengora, A medida que avanga 0 século XVII, 0 estilo torns-se, ‘contratoriamente, mais intelectual ¢ jnesoos wi ress iis sensual, mas porposo & mis patétien, No verso, ao huxo dt imagem acrescemta-s, ou opiese, 0 rebussue de €0 esti no Adone (1623) do italiano Marino tos, cu pai donde 6 estilo designado de conceptismo ‘4 marinismo, © conceptisino sentencioso, rechealo de proverbios, carte 1 traigdo moralista € pessimista de Sabistio, Técito, «8 prosa torturada de Francisco de Quevedo ¢, eombinando-s slo Felesiastes, prose ‘con uns teoria dt fora como método de revelaro lado insélito € reednito das coisas, ncontra o seu dou \windrio em Baltasar Gracin (Agudeza y Arte de Ingenio, W642, rev. 1648). MB Condigdes da Restauragiio portugue Em Portugal, como em Espanta, passe «p de incipiente Renaseenga p 8, como jd vimos. No se Inensivelmente de un) ambiente mbiente de Contra Reforms e part 0 estilo ‘ds burguesia durante © séeslo XVI sob 0 estimulo dio relorge do absolutism ¢ do feualisme decadente, sil sob D, Joo V, justi sa 0s a des 1 9 periodo dle imtensa crise politica, sociale cultural que se pro: cess entre a Restanragii e as eforinas de Pom no uroxtus0, realidad portugues Ws antes da Resta Com efeito, a colonizagio br slo paucbrasil, a africanos pa Jo contraband da pr 4 EPOCA ~ EROCA BARKOCA 461 na rede mundial de comércio constitwid, como una solu ano Antio em volveram a burguesia comercial, i vimos, por , em geande parte for dos seus bens confisedveis (erras¢ chit 1 4 emigragio © a liquidagiio 0 transfer ovia para oestean giro de parte dos seus capitais, a burguesia portuguesa tere a ser exelusivamente mee ceamil. Com a ajuda dos Jesu e interessar a Coroa na formagie de grandes ‘companhis semelhamtes 4s holandesas que haviam expulsad misses € f /endeicos por lugueses do Maranhdo ¢ do Oriente, Bnssioy de econ ja, tais os le Luis Mendes de Vasconcelos (1608), Severim de Faria (1655) ¢ Ribeiro de Macedo (1675), que defen diam uma politica de fomento em moldes industria burgueses © mercantlistas, 96 se ‘raduzem em diplomas legais quando a concorréncia creseente das Antillas atecta seria 4 EPOCA — EPOCA BARROCA 463 wil, cerea de 1670, Entio & que a burguesia, pelos nsamento, mente cio agucareiro do Bi semtantes do Porto is ltinas cortes, as de 1697-98, fz onvit © Seu p eps ccondenando as extorsies € atbitrariedades do funcionalismo eda justi, a concentragio o escoamento de moeda Ps Pedro II, publicam entio pr stro de o estrangeiro, O margués de ronteira eo terceito conde de Exiceia niticas a favor das indhstrias nacional em 1677, 1688, © 1698; 0 4.° conde de Ericeira, sugestionado pelo francés Bluteau, promove as Conte: rénciasdiscretas ¢ eraitas (4696) €remodela a Acaderni dos Ge 11718, nun tic, que se pronde com a necessidale de wma sentido de interesse pedagsgico © ci miethor preparagiio da noloreza e com os problemas t vlerna, Ena talvez o esbogo da dupla revolugio inglesa da enclosure da industrializagao, que n na as dowtrias paralelas dos fisio~ ‘dos plutocraras, ou industrialists Mas. (es do Brasil, o incremento das exportagies de vinhos (estabilizadas polo tratado de Methuen em 1708) adiam de novo © problema tecondmico e social, propiciany © prolongamento ¢ reajuste das formas barrocas em Por= gal. No tempo de D. Joao V, comm efeito, 0 oure brasileiro repote os efeitos das espe ciarias de Quinhentos: a incistria, ainda mesteiral, definha (excepto em certos ramos ‘sumptudrios), no movimento comercial externo destaca-se a exportago Vi ‘eon mioeda eunhada ou por imerpote (cont gram massas enotmes dle art Fices e camponeses, sobretudo nortenhos; & burguesia pret ‘49s contratosfiseas, a0 comé sino € &s profissbesliberais; ‘orgutho de classe da aristoer cease 0,0 que relana dle sexpostose (enjetados), € as pottarias co ‘on do cals & escobistiea jesuita repele ra cednica, ¢ torma-se sebenteira. Ha orgia do espectaculoso, dos efeitos artisticns redundantes ¢ cur de Metastisio, profust de coros, bastidores ¢ stramdiase; a arg lagem, tarde origi cratas, ou ageitios, lescoberta do ouro e dos dian el do our, bando); re deulicat-se ao contraband, Jo extern, a funcio Sendo os conventos de mulheres sem ce niundaniza a diseiplina monéstica enchem:se as ras ‘entuais ou senhoriais nos dias de esmola va tina em 1630 com a gencias que a recleada inteiransente de talha ou mrmores variegados; procissbes espave cipalmente as de Corpus Chest, em que fignramt inelusi porias mitobdgicas dle embaixadores ou de prekidos; autos-de-f6 eopior touradas intr cextenso cancioneito do barroguismo verse ntologizada e atualizaa sob o titulo de Postlhiio de Apolo, 1720 eria'se & Academia Real historiogratia seiseentst, V hierdow de recepsdes solenes, faustosis sos, om & pompa traicio Publica-se ent Renascila, que depois sera (Os titulos dos liveos sio muito fongos © pomposos. alas Cigncias, que, pelo culto da documentagio, progride jedade do monumental que D. Joi a Fen nas reprodus. na eruigdo a mestn Lis XIV. No entanto, © quadvo s6 fieari completo se tomnarmios em conta um progesso Tatente boaistica, na engenha a medicina jue vai gerara caractorfsticas da época se ave va 464 ‘HISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA ria, na cartografia, na asteo na pintura, na mnisien orquest ng mineragdo, na ped aia, D. Jodo V preci uzciros, de conultar postugueses estamgeirados(incluindo cristo ‘como na arquiteetura, nesm de enviar portugeses a industriar-se no estrangeito, Orator ' cont 0 expitito cientficw das sockedkades entio aburguesaas, quebram ‘© monopstio do ensino jesuta, Pelas fendas que se abrem nas necessiades ma rosas, penetra o ar de uma mentalidade aniescokistica ¢ antibarroea. Pe-se © probl mul mals tla classe drigente. A baixa ma ext «do ouro ¢ noutros produtos colonia, que se acemtuard it 1,* motile do séeulo XVI orn urgente um programa de fomento mercaatitista. iy aetualizados, como Martinho de Mendonga dre de Gusin W teinado de D. Joio V 0 pro Ribeiro San A que © marquis MMBIBLIOGRAFIA PARTE GERAL EUROPEIA Braudel, F.: La Mechtorrande ot fo Monde Méditorranéen a Vépoque do Philippe l, 2 |. Colin, Paris, 3." ed. 1976, trad, port. om 2 vols,,_Dom Quixote, 1983-84; ivi zag Material e Copitalismo, wad. por, Cosmes, Lisboa, 1967 Lobrun, Frangois: Le XVI Sidclo, 4," ed., A. Colin, Pats, 1977. Hauser, Henri: La Propondérance Espagnole (1559: 1660), col, «Pexples ot Civils tions», Presses Universitaires, Paris, Davies, R. Trevor: Spain in Oectine (1621-17001, Nova lorque, 1957. Mousnier, Roland: tes XV/ et XVI sites, col, uHtistoive Géndale des Civiisations», Paris, 1956, Dolumeau, Jean: Le Cothoticisme entre Luther ot Voltaire, PLU.F., Paris, 1971 Kriedke, P.: Foudalismo tardio y capitaksmo mercontil, Barcelona, 1982 Tonenti, A ta formacién del mondo moderne ~ Siglos XIV-XVH, Borcolona, 198 Hespanha, A. M.: Histiria das Institwicdes (@pocas modioval e moderns). Almedina, Coimbra, 1982; As Vésparas de Leviathan. 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Diaz, Emilio Orozco: Manvovizmo y Barroco, Catedta, Madd, Carll, E,: Manievismo y Barroco en las fteraturas hispénicas, Gredos, Madii. PARTE GERAL PORTUGUESA Cortwsio, Jaime: A Economia ¢ a Geogratia da festauracio, comunicagao feita ao Congrosso do Mundo Portuguds, © editada em Lisboa, 1940; Alexandre de Gusmio & © Tratado do Madiid, Parte |, Tomo |, Rio de Janeiro, 1952, Veloso, J, M. Queirés: A Domsinagdo Filipina, in «Biblose, v. VI (1930), pp. 385-410, Slo ara de grande importincia os lwros de Jodo Licio de Azevedo, sobretudlo Epocns do Portugel Econdmico, Lisivoa, 1928, 4." ed. 1978, Histdra dos Cristios-Novos Posty ‘queses nos séculos XVI @ XVI, 1860-71, de Rebelo daSilva, 2." ed., 1971. IN-CM, ‘com intro. de J. Borges de Macedo, Tadavia conwém actualzé-tos, nip apen livros de Jaime Cortesio, mas com outios teabalhos de investigadores mais recentes, ‘de que 86 pode ler uma bow sintese nos artigos de Vitodng Magulhdes Godino swe Capitulo VI P.° ANTONIO VIEIRA Se procurarmos nas Letras uma figura representativa de certas formas ores da nossa mentalidade seiscentista, se quisermos personificar a situa- supe 10 de um homem de formacao religiosa ainda medieval mas com a eons mpirica das novas condigdes socias € europeias © econdémieca por lidade soci nte solugdes para as con- ia e a mentalidade tradicional — 0 non politico e profético utopista, Anténio Vieira (1. 1608-02-06 — f 1697-07-18) WBA vida Nascido em Lisboa, & ado aos onde 0 pa val exercer we anos para a Bi angio de secretério da Governagio, Pstuda no colGgio ;essar na Companhia ee Je ré5 anos depois, fino o noviciado, cra ele © encarregado de red ‘dos trabalhos provineiais da Comp Em 1635 recebe ordens ¢ inivia a sua carrera de prega se tinharn apoderado durante alguns meses da Baia, ent capital brasil 1638, Uma ria das nossas armas, proferide no mone 1 carte dimua ¢ ji reyia uma cadeira de Revsri dor. Os Holandeses, que em 1624 so Pel vit » patecia desesperada para las mais famosas pogas oratirias de Vieira foi 0 sen polpe 10s Portugueses, oy 1641, i Kamente com o filha do governador, vem trazer a Lisboa a adesio da ols pregador da corte, Usiliza estas 11a D, Jodo LV. Depressa sugestionao dnimo do n s posigies como poderosas haterias politicas, apon: 40 LMISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA tando-as a favor de ago que, embora dei de vingar, era imposta pelas ci Com efeito, « Ps Ams Vicira recomendou uma politica funda no poder ceo Novos, C © organizagio comereial deste geupo, que abrangia uma tede in co da burguesia mercantl, consti mos capitas| es hacionsal, inte rra da Indepetloneia, Mas para isso era necessivio moderae 4 poi oral de reps a Vieira Financia trai Sano Oe, qe aio epeentavapens mata de tls religiosa, mas também una rede extensa de oi IV tlds Compania rela da Ainda assim Vieira obleve le D. Joi urvio do Bi massa pop al do Co olandesas, gozava de monopdlia eanterciale eujo capi wil (1649), que, as Thang das se munteve, Alurante varios anos, fora dos coniscos ingusitorias, Vieira fi, deste mado, uns prceur sor da politica econsinica pombalina, antes de Colbert. Esta politica tina um reverse religiove: Vieira discutiu com ov rabinos portugueses de Amesterdie, secretamiente, a Sgivo prevendo um «Terceiro Estado da lpteja, apis Ui segundo Advento do Cristo © 0 regresso dos Judleus dispersos & Patest By IN misses relaci lament, © armamento © 0 diplomacia da guerra da Restauragao, junto de Mazarino, ddo governy holandes e dos judews ¢ Holanda ainda em Roma Nestas mis ses, conheceu alguns fracassos, resltantes nie apenas dis temtendas dicullades ¢ op sigies a vencer, mas também talver da desproporcie entre os meius « a retammo, encarregouse de Vitis e dlica dus com o finan: ‘A su fotidade a D, Joiv IV va até av ponto de tomar o partido dele conra a pr pia Compania de Jesus. Na ining inde ser expulso dk Con ranho, exiio que sous tan ccecismos, A tute mais ria, poréim, era a que opunha os vo problema da mvio-de-obra. Aspirando. trinios dentro do sew prdiprio « posigio de detensores dla libeedade dos nat: acaba Visita por sages os eons qe substtsen amoeba era india pela africana, importada de Angola, & semeltuanga do que sucedia wo resto dk r relhanga do que sucedia no resto do Bi sil, de forma que os Indios na sta mnaioria ou toalidde fie sem reservados &§ Compa: hia, Mas a oposigio dos calonos, apoiados pelas outa orden rligiosas do Mi condi finalien 661 Ora em 1656 morrera D. Joao LV, seu principal artim politico; © conde de Castelo Melhor imprinyia 20 governo uma orientagio desfavorivel aos Jesuitas (1662-67). Esta sitwagio permitin ao Santo Offeio processar Vie v-lo por opinies expulsio de Vieira ¢ dos outros jesus . il 4." EPOCA ~ BPOCA BARROCA sn ndo-o8 In seu liven Esperangas de Portugal, quimo hereticas expostas, s Jimpério do mondo, prima e segunti vidis de EL-Rei D, Jaio IV, n0 qual 0 acusao imerpeeta 1-€ textos biblieos como profecias da ressurreiga de D. Joo IV, futuro imperador do Quinto Impétio, o Jxlew-Cristio, Amaistindo depois dda deposigao de D. Afonso VI parte emt 1669 para Roma, onde novos éxitos como pre: ador (agora em kingua italiana, junto do pontifice¢ da exiladarainha Cristina da Suée 1 protectora de Descattes) Ihe servemt pata seteditar 0s seus esforgos no sentido de levar Santa $6 ido contra a Inguisicdo, Ae mesmo tempo tenta fazer vingar constitu Companhia portugwest de comércio eos a fodia, mais uma vez com capitais +€ apoiar, mediante influgneia por ins result os uma efiew campanha sito Offein, que chegou a ser suspenso pelo Paps as Trovas do Band jstiox-novosee destinada e, Destas dil agit jesuita no Ori aimento do Tribunal do dle desmasca ‘embora conseauisse depois restabelecer-se, ji com o seu presifgio niuito abalado, Em 1681 Vieira regressa definitivamente 8 Bahia, Aqui exereew as fungdes de superior das stgdo dos todo 6 Brasil e Maranhio, ¢ 90s altimas anos weupou-se mies e eartas, ¢ de dara ulkima demi a unt livro de eseatologia, Clivis Prophetarum, 1 do Quinto Inpério, Ter 0 90) desenvolvimento « justifieagao tealgiew dai « ceieo Estalo da Igreja 00 no de Cristo consumado ma Terra, Morrew com 4 anos, no Coléyio da Bahia, onde fizert os seus esto, s gerais da obra de Vi mC ra © legado literairio de Vieira & enorme, pois compreende cerca de duzen ios, repre tos sermées, mais de meio milhar de cartas, numerosos relaté sceres € outros documentos de natureza politica ou diplony josos ou de exegese profética, ¢ de defesa pera sentagdes, p tica, além de opiisculos rel 1 Inquisigao. te ntranhada ligagio reside na sua A primeira [eigio caracteristica desta obra piiblica: 0 escritor ¢ © homem de ac s seus escritos deriva just Vieira, ¢ 0 mi 8 pes has questies mais candentes da po vente disso, s profiundo interesse de ni sas de oratéria sa de vam, com frequenei ica brasileira ou metropotitana. por isso que a cloquéneia mais persuasiva e 0 recheio mais denso da sua obra se vio encontrar nos pussos mais directos dos seus sermées, nas cartas mais is em polémica, ow oferecendo documentos adm Mesmo Tongas ¢ empenhad n com as suas grandes campanhas contra o como aqueles que se relacion cstifo brutal da Inquisigio portuguesa e contra a eseravizacao ou arbitririo tratamento dos Amerindios. 5a HISTORIA DA LITERATURA PorTUauESA Por exemplo, a Proposta feita a El-Rei D. Jodo TV, em que se Ihe repre semtava 0 miser, F estado do reino & a nee sidade que: tinhar de aulmitir (8 judeus mercadores que andavam por diversos pontos da Europa (1643) € quase toda ela uma obra-prima de clarividéneia © de solider expe Vieira as Maquiavel: «nen isto [Vii » seu raciocinio sobre pr ssas de um realismo digno de um Segue mais leis que as da convenieneia prépriae; «tudo Se aos instrumentos ¢ elementos da gu a] se reds a dinkei- Fos»: «al conservagiio que se unde no poder, no par bem se vé quiio arriscada é, e quéio mal fundada»; «os homens de nezécio [...] nunca foram to ricos nem tio poderosos como hoje esto no mundo: Destas constatagdes de fact que denotam um dle precony P i. O pin- cipal modelo apontado para tal politica, a Holanda, euja prosperidade, como a de Portugal, s6 se poderia fiandar na «mercancia», deve ter dado a Vieira esta ligio de eapitalismo, com os éxitos que obteve durante m Pernambuco © nia luta defensiva ¢ ofensiva contra o império espanhol No entanto, 0 espitito do nosso jesuita movia-se dentro de pe que nem sempre tinham em conta um tal Aquela mesma Proposta a D. Joao IV re vaticinando itos, 6 que o jesuita deduz a necessida le de toleriinei ra com os Judews, de ios anos no pectivas alisino ou actu at em tom religioso e profitivo, da gemte hebraica em nome das © explicando o desastre de des inlligidas pouco antes dele a «gente dle a explica, diver ger Trovas do Bandarra sobre 0 «Rei Encobe! Aledcer Quibir pelas perseg nagiio». (Noutro escrito, Vie igo das responsabilidades portugues: quanto a eseravatura moder E, sob este is ofensiva do que de siva ispecto, impression de const textos que usit na defesa do seu profetismo perante os inguisidores do Santo Oficio, defesi 96 em 1957 publicada na Bahia. adigdes andilog: cionam com os problemas regiona a larga mobilizagao de autores Con F nos documentos ¢ eartas que se r brasileiros. Vieira dk’, em geral, um qu Jismo, de bom senso pritico ¢ hum: dos indigenas, Impoe-se-nos Fisica, a tau: dro cheio de rei realidade das suas desctigdes da geopratia it, modo de vid, relagdes entre indigenss e civilizados (por exemplo, a descrigio da Bahia na versio port ta dua de 1626; 08 esa da ¢ sia 4.4 ROCA — EROCA BARROCA tas, que se referem a misses ou entradas palmente & or descer os indigenas dt A aero cat so provi dorsi 1650, nbn G0 pose det jessar a discussiio das condigdes de resgate ow aldeamento 1 o objective de garantir 0 predominio do missionsrio sobre vitar, inelusivamente, a extin= 4 noutras regides b , nia as aldeias dirigidas por missio~ pode d dos indigenas, c 0 colono, dla servidio sobre a escravidio, io da mao-de-obra que a brutalidade eseravista sileiras, Mas este realismo ¢ humanismo nie chegam n _ por outro kido, compativeis com as pro: fos africanos para o Maranhiio, sem 1s vibrantissimas sobre 09 sol 16 uma condenagaio do pro: prio principio de escravatura; © fio de escravos ne} £20 de o proprio Vie ter escrito pa emt m ntos desses mesmos negros, Mldes Estas ¢ outras contradigdes do idedirio de Vieira resolvem-se formal mente, por via de uma di c ismo burgués, en com a tendén ° fase brilhante de desenvolvimento na Holanda, Inglaterra ¢ Franga, O estilo , inuito, inclusivamente, da ora &s, como Bossuet, de pensar e de expor do raci de pensamento e expresso de Vieira div vor Péncton, Bourdaloue, etc, jé profundamente inluenciads py que tinham de combater, filosofia racio- nialista dos Cartesianos © dos Jans Na ssiosa estavam na experimentagao € na ilgebra, oso, «lo providencial, do apocaliptico ou profét da Cabala e das scigncias ocultase. Bossuet, principal : Ieteja francesa ~ 0 thie doutor dt fgrejar ~ substi, quanto post vel a alegoria biblica ou a subtileza escolistica por uma oratéria que se dirige a0 senso comum do piblico geral contempor wrio, © que est muito mais préxima da cloquéncia ciceroniana do que da pregagio 1 oratéria sacra ¢ « apologética reli- :nropa Ocider somodar-se ao reco que as m impondo a zona obscura do mi medieva, Em contraste, a oratoria de Vieira seg 10, tal como os forjou a Idade Média, a pat c os modes ¢ os processos tradi- F da heranga su LISSTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA 4." EPOCA — EROCA RARROCA 545 dos primeiros Padres da Igreja, que por sua ver estavann na tradigao do comen: «le Maria, Mae de Deus, onde residem toda: 6 homégrato do de ra biblica, Sob o ponto de vista da estrutur o das dguas. Por geral ‘maria (nominativo plural de sare), vem a ser, © ajuntamen por exemplo, entre um sermio de Vie n sermiio de Santo outro lado, no Velho Testamento a maternidade de Maria é prefigurada na Ant6nio de Lisbox, Mas Vieira enfrentava uma realidade que mio era ji a Nau, ¢ 0 Lenho onde morreu Cristo & prefigurado na Area de Nog. Nada medieval; os processos demonstrativos do pasado continuavam em vigor, mais evidente que esta outra semeltianga entre «Nau e «Nog. Explicagio mas as moti de utilizar todas. (apoinda em textos biblicos): em Maria, como numa nau, foi transportado 6 Pao divino que nos stlvou (o Deas filho): © na Cruz, como na Area de a0 senso Nog, 0 » humane foi salvo do dikivio do pecado. Assim, as a faz da ora de Maria so 0 mar, em que navega a nau da sua maternidade; e sio 0 dili- sveruz, que foi ada sua dor, Naturalmente Vieira, 1 lingua de Adi ilagar se no texto biblico ices dos homens eram outras. Vieira te tr tempo, Esta conjugagao de un as possibilidades do sern licion: para convencer os homens do seu arte de discorrer ja inadequax comum dominante com uma or vio, em que navi cembora diga algures mente a essénn das expressoes mis consumadas, is tensas, mais desen: >, sexprime mais, que volvidas ¢ explicitas das formas culturais que estdo na base da tradigio ser- © ao mesmo tempo uma dais manifestagdes mais tipicas da arte nan aren nents were eu ence oiginal ti alguna coincidéneia entre maria e Mar : Ficamos sem saber qual € a parte do fingimento (no sentido que deu F nando Pessoa a esta pakavra) e at parte da erenga ingénua, nesta utilizagae 9 entre Maria maria ¥ nto Vi 41 famosa updstrofe sobre 1 das coisas», mio se dete ‘ow entre nau © Nog, niio dese volve-se, como hoje, a partir de um to biblico que de acordo €or tem teses que 0 orador se propde desen- volver. 0 texto, palavra de Deus, contém miitiplos mist como se diz na terminologia do tempo, a «desempenhi das palavras, Notemos que tal aproximag: Santo Alberto Magno, ¢ isto mostra até que p digi medieval, Outro exemplo bem conhecido & ‘a palavra Non em que se pondera que, lida de tras pa ira, como uma serpente ios a decifrar, ow, ». As cinco pedras de David desempenhadis: eis 0 titulo de uma série de sermoes, Ora este npenho: bom senso, tomando. continua uma tras Jiamte ou de diame i consistiat nu n comentério moral ¢ doutrinal apoindo no. vel p » soa da mesma 1 ates, es! mi conta 0 conjunto do epissdio a que pertenee 0 texto, 1 ambas as extremidades. que mordesse ‘Outro pressuposto desta forma de discurso & que a esséneia de todas as pois, em (ornar exp ‘© seu contetide preceptivo, ete., mas sim em considerar isoladamente unt termo, em forjar uma pretensa posigao, as repetigdes, os signifi jologia das palavras, em atender & su coisas deriva de definigoes reais, A reflexio consiste, ributos nessa definigdo contidos. Assim, a naturez lidade a conhecer progressivamente através da experigncia, mas si (0 de esséncias inerentes aos conceitos, consistindo o conhe palavras, um pregador como, liticos © nao por juizos sintéti jo € uma rest citos os imerpre- ica, ete. O primeiro trabalho do orador era lev um con, ado aleg yento na far 08 «mistérios» contidos nestas pa sua Agude ages misteriosas» Quanto mais difieil cra o mistério, tanto maior @ mérito do «desempenhor tc n da Cab I, ndo convencionall, entre a p icularidades, ea isto cham anilise « explicagio desses conceitos, Por outr Arte de Ingenio, fazer «pond /os pretensamente cos, se usarmos a classifieagiio de Kant cexemplificar: todo o sermao sobre as ligrimas de $, Pedro que tem amavit na de discurso, 1 + PressUpOe qu to predicivel — illus, et conversus. Dominus respexit Fazendo seu um dito de S. Jodo Criséstomo, Vieira pondera que os nomes Peirum, et egressus foras Mlevit amare (Cantou o galo, 0 Senhor voltou-s constantes do Liber generationis Jesu Christ’ nao foram ali postos por acaso, © olhou para Pedro; este yeio para fora © chorou anva antes com grande causa e mistério, que 86 Deus conhece, ¢ aqueles a quem numa anélise do coneeito de ofhios, através da qual se explica 0 texto b mandou eserevé-los. Esta observagiio aplicar-se-ia a todo © género de Os olhos tém dois oficios: ver e chorar, Ponderagao misteriosa: porque & palavras, Umi exemplo ji usado de des Wolvimento etimolégico: 0 nome Nature Fe este chorar? Porque juntou no mesino instrumento este a mmm 546 LWISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA © pecado entra pelos olhos, e portanto a peniténcia deve sair pelos mesmos olhos, Sobre este ver e chorar, sobre este entrar € sair, © sobre este dentro € fora constr6i Vieira todo © seu sermao ¢ inclusivamente a context Frase, O con ito de olhos, definidos como drga do ver e chorar, & anali- sundo as quatro categorias dt Naturezat, da Ju sao, no passo seguinte, si tiga, da Razao ¢ da Gi Vede quia misteriosam umn a6 Kigrimas 10s ollos & Ni 1 Ravio ¢ a Graga: a Nawreza para remédio, a Justica para castigo, a Razao para are pendimento, « Graga para triunfo, Como pelos olhos se conhece s micula do pecado, nds a Nature7a nos ollos as higrimas para que come ‘Como pelos ols se admite a eulp vvesse © suplicio no mesmo pis a Justiga nos olhos as ligrimas para que esti ar do delito, Com pelos olhos se concebe a ofenst, pos 1 Razio aos olbios as lige nas para que por onde se fund @ ingratio se dlesfizesse nemto, E coma pela alls a ligrimas para que pela mesina brech por onde enteavam vencedore ‘ouarrepend iam a inimigas alma, pos a Graga nos olhos, 08 fizesse ito consiste em procurar a sua essé dentro de wm sistema de nogbes tidas como dados in que era nado, tempo, ugar, aS NOgG lise descobria aesséncia mesma das coisas no pensamento divino (a0 a dor), sendo a dese (0 fisica do Universo — quer a exposta por Plinio ow Prolomeu, quer a deseaberta por Copérnico — mera aparéne pouco adiantava ao conhecimento, Pouco importava a Vieir © diz — que fosse verdadei fosse 0 Sol que girasse ou que no fundo ele mesmo © importante € 16s com a Terra, Fosse o Sol que se pusesse ou nds qule nos puséssemos para o Sol, tudo v Go simbolo de outra verdade: que & nossa morte individual eo fim do mundo pesmi coisa, porque tanto faz que o mundo acabe para mis con ado. 9 que eu acabe para om Se, pois, at frase € as palivras devem ser interpretadas como invétuctos também os seres e movimentos niio passam dh ius misteriosa ia réncias atris das quais se escondem esséncias. A Natureza & um grande livro escrito por Deus em que cada forma serve de sinal: eis © pensamento pres- suposto por todo o discurso 0, que tanto se encontra nos sermoes de Vieira como em toda a prosa © poesia eengenhosa», utilizando o terme predilecto de G 1 EPOCA — EPOCA BARROCA sa Para cess@neias, Vieira r primir est lem rigorosamente ldgicos & que na \lo por ver Cabala para a interpretagao de ‘orre processos que se preten- salidade sao etimolégicos, gramati analégicos, embora ut 1 forma do silogismo. Claro que nie ras biblicas (Sermo into Inicio), O discurso tem 2s vezes & aparéneia da mais rigorosa dedu- ninhos arbitrarios € multiplos de uma fan- sa aaj dispel des ho, ti texto, cada pakavra pode dar [ugar a muiltiplas associagdes — wo realidad sey ni prodigiosa, que et certos casos sugere uma densidade postica. C: pera como as de um texto surteatista, S6 que essas associagdes se ligam por pontes ‘que aparentan toda a solide de um infalivel. O que trdrio: nem fant Vo pritico que o orador tem em vista: para ‘convencer o ouvinte, rece gen sta 6 0 obj :todlos os meios de pressio e de enredo, dando- 1 verdade demo « coneatenagio ligica, nem a uma order Ihes a aparéneia dos eaminhos certos de un Nao obedecendo a tiva ou narrativa demar Ja no emocional, os sermbes de Viel i |. como os de toda a pros: roca, ordenam:se segundo uma disposigao a que poderi metria decorativa. Podem talve7 di © movimento do «mistério-e-desempenho», da perg Hes mais ou menos simetric: 19s chamar de geo 1c dois movimentos nesta prosa 4 © resposta por um lado, € um movimento de analogias © oposi por outro. O texto € 0 de S. Pedro & um bom ex ontetria, ao nivel da frase, O proprio Vieira desereve 0 process, na parte que respeita as aposigdes, embora criticanddo-o tado do ser plo desta lores farem 0 se Nio fe Dous o e6u em xadrez de estrelay come o prey ‘oem 103 $6 de wi uz, da outa biio-te xadree de palavras, Se de una branco, da ou parte esti dia, da ouira hi-de estar ‘ger sombre Se de ua p hhavemos de ver num ser Ho es ie: se de um parte di ‘tizem descet, da ouira horde dizer subia, Bast has Além deste abuso das oposigdes, criticon Vieira 0 excesso do estilo cul Lista nos oradores seus contempor taut € muito polidar, comegam: neos, Os pregadores, scom vor. mite «a motivar desvelos, a acreditar empenhos, a requintar fins, a iso cos, a brihar auroras, a derreter cris 1 mil indigaidades des sis HISTORIA D4 LITERATURA PORTUGUESA Como se explica esta critica, nao eseapando o proprio Vieira ao defeito? O que der & que os oradores por ele censurados buscam ef puramente estéticos, © nao funcionais. Bsquecidos da fungi ovem-se no mundo do especticulo gratuito, O Vieira a esquecen, ¢ daf resulta que todas as suas subtil bem co -zas pseudoligicas, no a construgaio fantasista dos seus sermoes, nunca nos parecem de pli adlesao ou a nossa repro: ss de intengao, de forga vaciio, apesar da sua evidente falia de racionalidade, Este efeito, que era certamente muito maior junto dos contemporiineos, resulta porventura da que Viei s suas palavras, da solicitude sedutor com que persegue o leitor para the impor a verdade da 0 1 ji ponder tifiea com a demonstragio l6gica vez coubesse gdes rar se iden- azem, las como I6gicas, Talvez que 0 discutso de Vieira seja uma linguagem como outea qu no deva ser aferido apenas pela va que o incutir de motiv mbora que, na crenga comum, obedece a regras tid nha de recorrer 2 lis quer cujo sentido ica dos nexos que © 08 sentimentos que © orador pretende inculcar-nos. E sendo sim, umat ise dos sermées de Vieira como seri a de Verney, mostrando os seus nos, seria tio pouco aplicsivel este caso como o € a um texto poe comet do set encadeamento f oso, encontramos nestes sobre as Verda- 44s, oU sobre a condigio «los eseravos em vii moes verdades que de algum modo nos tocam, como 0 que alicnagao humana através da mi deiras © as Falsas Riques E € facto também que, em cet sermoe: 10s sermbes onde a sua imaginagio paira mais livre de propésitos priticos imediatos, encontr éntica poesia, como no famoso texto sobre Ron mos paginas de ‘dade antiga e moderna, ps ‘ubsiste no entanto o problema de saber em que m ida este método de encadear razées, ou pseudo-razde: assim como os pressupostos subjacen- tes, nao vi Imente 0 pensamento de Vieira e nao possibili- laram certas construgdes totalmente irrealistas, Tal problema poe-se sobre tudo em relag as congemtina m Quinto Império portug, mente a conversiio universal ao eatolicismo romano eo advento final do R O mito de lem que se realizaria pr 1.1 EROCA ~ EPOCA BARROCA S19 de Cristo na terra (0 «Império Consumado de Cristo»), tem uma origem antiga fora jd desenvolvido por Joaquim da Fiore ¢ pelos «Espirituais», suspeitos do do messianismo nacional de heresia, FB uma paradoxal combinak popu: nari forma de sebastianismo e de bandarrismo —, do missio- caracteristico da Companhia, © ainda do mes: dos cristaos-novos. Mas foi possivel mo sem fronteiras, 120 sianismo judaico transmitido através das, ragas ap 0 do método alegérico ¢ escolistico da interpret liberdade tais que p Eserituras, levado até um ponto € com ut em riseo a ortodoxia, Manifesta-se aqui uma das feigdes que mais: nos impres: espa sionam em Vieira: a cora m do paradoxo — paradoxo que é u icista bu leva até a autodestruigao as convengdes da ideologia peninsu a época do autor, Com tal coragem., AntGnio Vieira deu o flanco a perse- siderar de dois gumes, porque t dominante guigaio dos Inquisidores, que a co ¢ puderam, a pretexto disso, vingar-se dos desaires sofridos anti-inguisitoria a ortodoxi ‘em consequéneia da eampanh pal animador © tratamento a que Vieira su m D. Joio IV 0 «Rei Encobertor; para demonstrar a sua futura ressurrel ‘Gio, um ver que morreu sem se cumprir 6 Quinto Inpério: para transferir depois 0 Quinto Império para D. Afonso VI, para D. Pedro Il, para 0 seu gorado primogénito ¢ finalmente para seu filho segundo, — poem, & certo, ‘ problema da sua sinceridade, Mas levemos talvez rekicionslo com a crengat ceabalistica la entre os Judleus da paca Além disso, b senso da de que Vivira fora o prinei- ita as Trovas do Bandarra para apontar io, ou metempsicose, muito difundid o-novo Mi a reencarn: que ja fora expressa pelo erista o da ndo-contr das. Ao parece que simplesmente sabemos como 0 principio Logi eolag surdo pouco afveta a ndsticos dos cometas de 1618 e 1695, Vieir dita no em que também acreditava entao todo um sector de espiritos cultos ‘em Portugal, Bandarra, 8. Frei Gil, o Beato Amador, 0 Cartuxo, S. Meté dio gozavam do mesmo crédito que os profetas hebreus ou 6 Apocalipse Mas talver. que a interpretagao se deva complicar. Também em Fernando Pessoa vamos encontrar © mito do Quinto Império, em condigdes culturais guielas em que viveu Vieira, © neste caso e £08 pl inteiramente diferentes ds © conccito de «fingimento», que problematiza o da sinceridade, Eh talvez da crengat e deserenga r lum problema mais fundo que & 0 da dial ee 350 [HISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA barroca, Em que medida 0 objecto da renga se convertia em matéria dle puro jogo, sem que isso equivalesse uma deserenga bem consciente ¢ categsriea’? A este propeisito Woe au 44 propdsito do sebastianismo, Hi um ser- iio em que Vieira se prope demonstrar que os méritos de Mai itos de Cristo; e outro em que pretende provar a existéncin de uma 4.* pessoa da Santissima Trindade, que € a Virgem Maria. M o texto do Cintico dos Cimicos, tradicionalmente interpretado como lalvez significative 0 gosto do paradoxo jf apo rio se manifes 4 unicament prefigurativo da Virgem Maia, € aplicado por Vieira ao easamento escan: sxitima — dor neisea de Sabdia, Se esas «lemonstr: daloso — que comegou por ser u unio i D. Pedro com @ cunhada, rainha Fr ss» fossem 10 iadas a sério pelos contempor heresiarcas; mas nao deixa de ser estranho que se possa pregar deste modo numa poe 1e0s, OS at n consideradlos como que © povo aysistia jubilosamente aos autos-de-Fé onde se queim am réus que, segundo o mesmo Vieira ¢ varias perso les a par dos segredos de Estado, estavam pro ntes. Tudo se li tanto oy autos-de-fé como os paradoxos dos pregadores exprimem, porven- mesma decomposigdo ideoldgica que caracteriza o final da época bar te complexa. mnle muito tempo como umn dos paradigmas dda prosa port modelo. A propriedade vocabular, a economia dos ceerta forga miseula de sedu lesa, e ainda moxlernamente Iii quem a ten uljcetivos, « precisio, uma constante elegineia e simplicichde de perfil tornam esta prosa ineon fundivel. Ne 5 uma I ccobdgica que essa experigneia apuro; 0 poste do ma certa grandeza de visio que impede 0 orador de {queiro; © uma premente urgéncia prtica nos efeitos ma prosa emiinentemente (e entio) funcional, sem deixar de se n se all io escokistica ¢ retsrica das est ma educ mvencer; uma grande intuigao psi alucimos: onseguir. Daqui resulta er ao toda a obra de arte perdurivel. Nao & apenas nos sermodes que encontramos tais qu tam- Grios sobre matérias tio variadas como narrativas de nivel de universalidade necessiria lidades, ma bém nas eartas er politicos, alegagiees juridicas. Alguns destes textos, como vimos, exprimem com relevo admirivel 0 extraordinario realismo que coa- bita em Vieira com as quimeras ou fingimentos sebastianistas € outros. 4." EPOCA — BFOCA RARROCA ss MWY BIBLIOGRAFTA 1, Toxtos 0s Sermdes comegaram a ser editados ainda em vida do Autor (falecido om 1687), por cle compilados ¢ evistos, saindo 13 tomos ou Partes deles entew 1679 e 1699. Pos teriormente sairam outros tomos de sormdes, na continuidade da mesma colecro [XIV 1710: XV. 1748) Durante séc. XVI crite, ou de autoria diseutive, out Livre ante-primeito, Lisboa, 1718; 2.° od. 1755, 1735 (1.° 0 2.°) a 1746 13.°). Aibuidas a Ant6nio Vieita so, além de outas, a Arte do Furtar (174), mas sem raz (voja-se adiante), ¢ as Noticias Recénditas do modo de Procedor da inquisicao Pos ruguosa, cuja autora parece ser de Pedro de Lupina Freire, mas com colaboragio prové velde Vicia, Esta dtima obra foi pola 1.* ver editada em Londres, 1654, e vérias durante ‘osée, XVI Baseada nestas ed. ¢ em numerosos manuscritosinéditos fez-se em Lisboa, de 1854 2 1858, uma ed, das obras completas, em 27 vois.: 18 de Sormoes, 4 de Cartas, 3 de Obras Inéditas, 2 de Varia, 0 da Historia do Futero 0 0 da Arte do Furtar,ottibuida a ier. Esta 6 ainda a ed. mais completa da obra vieriana, embora deixe inéditos impor {antes textos e contonha numero roecdes, Veja-se no Diciondio Biblogrico de Inoctncio da Silva naticia de outtas ed. patcelares antigas. ne do Vieta diversas obras, umas op6 Estas vitimas sto Historia do Futuro, Cartas, 3 tomos, d Eis a8 odigdes modornos mais importantes: Sormées, om 15 vols., Porto, 1908-1909, Outta ed. Porto, 1959. Em papel bili, 8 vols., Lello Porto, sid as pot Tito de Noronha, Porto-Beaga, 1871, 1 vol 4, Rio de Jancit 1885, Cartas, eoordenadas ¢ anotadas por J. Lic de Azevedo, 3 vols. Coimbra, 1925, 1926, 1928, 2.* ed. 1970. Onze Cartas indditas, 1 vol., Coimbra, 1927. Cartas, 2 vol. Histério do Futuro, 1718, Lisboa, pouco fidedigna, om que se baseiam as do 1785, Lisboa, 1838, Bahia, od. de J, Lio de Azevedo, Coimbra, 1918, 1865, Lisboa, 1937, so Paulo, 1983, Lishoa (wClas, Sa da Costa, 019. por Hernan Cklade). Oa mesma obra, fo, citiea profaciada © anatada por José van don Bossoloar, ? vols. (aendo 0 sogunde ‘do comentario), Munster, Westfalen, 1976, reed. minor, Bibloteca Nacional de Lisboa, 1983. Ed. com intod., actalizaco e notas de M. Leonor Carvalho Buoseu, IN-CM, 19 ‘baseada na ed. eitica do Livro Anteprimoiro de Bossolaar ena de Licio de Azevedo quanto ‘0 Liveo Primeiro © Segundo, efesa poranto 0 Tribunal do Santo Oficio, 2 tomo, «Publieaedes do Universidade {da Babiao, intiod, © notas de Hornani Cidade, 1957. Para melhor conhecimento da bibligratia de Vieira consuitar Leite, Serafin: Histérir «da Companhia de Jesus no Brasil womos IV @ 1X, Rio, 1943, 1949, o, mais ethica eactua Uieadamente, Bauer, Helga: Die Editionen der Werk Antonio Viiras in Spanien, Mins tor, 1976-77, 111978 (sap, de «Autsautze zur Portugiasischen Kullurgeschichtes, 15) 618 HISTORIA DA LITERATURA PORTUGUESA Joo Mendes, 2.* ed., Verbo, 1982, ¢ sobre ease autor e Xavior de Matos em Hospital das Letras, David Mourdo Foreira Lisboa, 1966. Ver ainds 0 vol. de Homenagem Nacio. ‘nal a Bocage, Setdbal, 1965, com conferdncias de Vitorino Nemésio, Horn Cidade outros autores, Fibeiro, Aqulino: Anasticio da Cunha, o Lonte Panitenciado (Vida Obra, com biblio- srafia, Lisboa, s/ Pret. © bibliogratia na ed. das Notiolas Litordrins de Portugal, por Joo! Sorc. Elogio histerico de Anastécio da Cunta por Gomes Teixsia,transcrito no Suplemanto Cultural do »Didvion, 1987-11-14 Cootho, Jacinto do Prada: © Amor em J. Anasticio da Cunha, in «Problemética da Historia Literérias, 2. od, rov., 1961, pp. 127-131 Vol, Em Homenagem a J. Anasticio da Cunha, Univ, de Coimbra, 1986, espe 10, Anibal Pinto de: J. Anasticio da Cunha, Heterodoxia e poosia, pp. 38.6%, Ferro, Jodo Pedro: 0 Processo de Anastacio da Cunha, Palas Editores, 1987. Baena, Visconde Sanches de: Memérias do Tolentino, Lisbos, 1886, Serato, Antonio: Notule sobre Nicolau Tolentino, in Enssios V. Curt, Nely Pereira Pinto: A reatidade sécio-poltica nas Minos em tins do se. XVIt (Andlise ideot6gica da produgdo iterdria do grupo mineito, in «Povista de Historiae, 33, n.* G7, Jul-Set, 1966, Palma Ferreira, Jobo: Acacomias titerdias dos Séculos XVW e XVI, Biblioteca Navio ral, 1982, Machado, A, Manuel: As Origens do Pré-Romantismo om Portugal, «ibioweca Brove», ICALP, 1979, Cas EPOCA 0 ROMANTISMO

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