Você está na página 1de 12
JORGE LUIS BORGES Esse Oficio do Verso Calin-Andrei Mibaitesea | oe | | sobre a metéfora, sobre a misica da palavra, sobre a pos sSibilidade ou impossibilidade da tradugio’podtica¢ 0- Dre o narzar wma histéria — ou sea, sobre poesia épica, ‘o mais antigo ¢ talver o mais admirivel ginero de por sia, Bencercarsio ciclo com alge que nem posto divi har agora. Encerrarei com wma conferéncia insitulada ““O cred de um poeta”, na qual tentare ustificar minke propria vide e a confianga que alguns de vocés talvex ‘tonham em mini, apesar dessa minha primeira palestra ‘um tanto eashestea eceubeante, 2 A Metafora See eee “(sia do Cada — “os dex mil seres”. a eee Se se ee Se en ei ee || Por 9999. multiplicado por 9998 ¢ assim por diante, Claro | fee cooma de prince ate int slo [Assm, podemos ser levados & pen (ear: por que dlabos 32 poetes pelo inundo afore, e-peloa a zadas quando i tantas combinagées possveis? ” ~ a Seager . e ro chamad Lunar ittiental',que cada palevra uns metdfora morta Ese delargio, claro € wma me- ‘fore, Mas acho que todos sentiios a diferenga entre ‘metiforas moras viva. Se pagarmoe qualquer bom di tonto etimolgic estou pensando er meu velho ami- 0 ignorado, dz tea?) e se procurarmos uma palavra «uslque, a cetaencontraremos uma methoraenfurna- daem alguma pare Por exemplo—e voods podem encontrar is jf nas Brimeirs Linas do Beowulf-—a plavr peat significa ‘ua horde em iri, mas agora palaveé dada ao feito e nto & caus. Temes anda a palavea “king” [ei “King” era originalmentecyning, qu sgnificava “um hhomem que zepresenta a parentsla—o povo”. Assim, eximologicamente, "king", “kineman” [prente] gen Aleman” [cavalier] sto mesma palaves, Mass eu dis fer, “0 rei esava em sue sla, contande dinhelr", no penstmos na palavra “ei” como uma metifors lis, se formos dadosao penssmento abstrato, emoe de exquecer que as palavaseram methforas. Teno de eequecer, por) ‘exemplo, que na pslvra “consider” [onsiderar)hé wma “consider” significa origina mente ‘estar com as eatelas, fazer horécopo" {O imporante sobre a mecifora, eu dia, Seer seni} as (Ginter ou pol uve come uma meters ‘metiforas que edo sentidas como metfra plo eto. No a plavras ome “king” “thee” —e pdesamion posed tiles pra sempre imei, gonaia de tomar alguns medelas ure dos de metres. Us alive “modelo™pergue sme ‘lorsque ota sina que bem ciferenes guano imagine fo quse a mas pra 0 penser igico Dana red oe (emmor Somparsio bata compaq consgreda pel tem pos de oles com exes 0, inverse de etree cam olboe|O primi exemple de que me lembro vem du Antolgia Greg, pent ter sido Plato quem oe coves. verso (eos reqs) diem mais on ence assim: "Ba queria er noite de mda poder velar a sono com clhos mil”. Aqui, ¢ claro, 0 que sentimos & a terara do amant; etimos se desjo de er caps de veraamada de visio pont so mesmo temp Sentimos 2 era po ts aves vere Agora tomemor outro exempo, meac lustre: “As excelarltam dol" Selerarmar a pensamente High co sig eon aq a mesa mettre Porm feo em nous imainagto é bem diverin “As eel oa Ao als” os fs lmbrar de tenure ene, psn ida de gerbes gerages de homens Ibutano ea ceucasalando do aio com uma expcie de info renga at _[ Beis a in emi ino a ah (ctf que maine impresionanf repo ode poema de Chateron chamado"% soondchittnour [Uma segunda infancia): But Ista at grow too old see enormous night arise, ‘Acloud that i lager than the wold ‘And a moniter made of eyes [Mas no cheyace a idade de ver surgi a nite enorme, ‘Uma nuvem que é maior que o mundo um monsteo feito de olhos) Nao um monstro chlo de olhos (conhécemos esos ‘monstros do Apocalipse de sioJoko), mas—e isso tai- to mais aterrador — um monstro feito de olhos, como se estes thos fossem oseu tcido vive. ‘Vimos trés imagens que podem todas ser recondu- las 20 mesimo modelo. Mas a questio gue gostatia de salientar—e essa ¢ realmente uma das duas questdes {importantes da conferéncia—é que, embora o modelo ‘sein essencialmente o mesmo, no primeiro cao, o exer. lo grogo “Eu queria sera noite", 0 que © poeta os far sentir 350s termura, a sua ansiedade, no segundo, sent- ‘mos uma espécie de indiferenga divina a coisas hummans, ‘©mo terceiro, a noite farniliarvira um pesadelo. [ Tomeron agra wa male eens mem) Ta do wmpo Buindo —Qulnde como um raf fer ‘mero exemple ver en pera que Tennyson etreve tos wet ou ators ans, ent eu Ele o deta; ma, Ssiment par nts, vers screviveAche gue vel " oencontram na biografia de Tennyson escrita por Andrew Lang! O verso & “Time owing in the middle of the night” [0 tempo Auindo no meio da note]. Acho que Tennyson eiolheu seu tempo com muita bedi. Na | noite todas as coisas estho silencioss, as pessoas dormem, | porte o tempo fui sem ruidos. ive & um exemplo Hi também‘um romance (tenho oertera de que vocts esto pensando sle)chamado simplesmente Of time andthe rivers A mera conju das dn pales sages arnt: tempo «ooo din equa finda, [Ei ainda a famon entenga do ilo grego: *Nenttm bomen erbanba dots vere no mewao a", Teron tga ‘9 inicio do terror, porque a prinelpio pensamos no rio ‘ome algo que flu, nas gotas de Agua endo diversas. B ‘entio somor levados a sentir que nds soros.o tio, que somos fugdios como ori, "Temos também estes versos de Manrique: [Naestras vides son lo i (que van a dar on la mar gues mori, Our lives are the rivers "at Mow ito thst sa which is deh ssa declaragio ni imipressiona muito en inglés; {ostaria de poder lembrar come Longfellow a tradusi fem suas “Coplas de Manrique”®, Mas, é claro (eentrare ‘mos nessa questio em outra palestra), por tris da bat! ‘metifora temos a grave misica das palavras [Noestas vids son los rag ‘quevane deren le mar Wesel morn, al van Lee sefoior Aerechos ase acbar Porém a metéfora éexatamente a mesma em todos esses {gore pasaremos a igo bom baal algo que el aga vocésrirem: a comparagio de mulhtres com flo- 785, € também de flores com mulheres (aqui, é claro, ha ‘exemplos de sobra, todos muito fieis. Mas hd um que ostaria de lembrar (alver néo seja familiar a vocts), ddaquela obra-prima inaesbads, 0 Weir of Hermiston de Robert Louis Stevenson. © heréi de Stevenson vi 71 _{eSee pastemos «outro dos modelos esencias | [+ (ttfora'e modelo da vids serdo um sonho—a sen) ‘greja, na Escécia, onde vé uma garota—uma garota adorivel, pressontimos: B sentimos que ele esta prestes a se apsixonar por ela. Porque olha para ela ¢entio se per ‘punta se bf uma alma imortal dentro daquela bela mol ura, ou sf ela é um mero animal da cor das lores. Fa Drotaidade da polavza “animal” & destrulda, claro, por "da cor das Mores"; Nao acho que precisamos de mais ‘exemplos deste mdele, que pode ser encontrado em todas as épocas, em todas as linguas, em iodas es literatures. {exam Plo evkdente que nbs cope ch tutto reams are made on” [Semon aquela mati de que ot sono st ett)”, Or, ito pode soar cam até leu amo demas Shakespeare para me imporar —, ‘mas penso que aqui, se olharmos bem (e ndo acho que Asvemes oar mito de prt; overs, io sm, gr Acer Shakespeare pre nats outran da), tum lgur contredgto entre fate de que now vides so como um sonko oo tim dentro de sume etna nlc, ew dclraglo um tants indieriminade de que “Sonat aque matcia de que osonhos softs” Poe. ues vmon rei om sonic, ou somes meraente sonhadores de anos ent me pergunto se podem {scr this declares indivcriminadas. Esa fase de s2glo que nos invade de que a 96 ease ote 90 vente Shakespeare std mai para font ou para metatsca 40 que par a poesia —embor,¢ claro, ena sealgaa, ‘tej clevad 8 poesia, pelo contexte ‘Outs exemple do mesmo modelo vem de um gran de porta alemio— um poeta menor ao lado de Shake, ‘pere (mas pho que todos os poeta aria meneres 40 lad del, salvo dois ou ts). Tratase de won poome Sasantefmoso de Walther von der Vogeweid.Inagne auea promincia seja ets ato sei quio bom é meumig, somo — por faver, me perdoem); "Ist mit min Isbeo etroumet, oer ist es war?” “Teri sonhado mina vido 1 foi la verdaceira?”™. Peso que ine aprxime sin o que poeta esl remtando dizer, porque em vez do ne Mirmagto indiscriminada, temo umn pergunt, O poela indag consigo mesmo, Is acontecq com townie nas ‘oo formalamee em plavza como Walther von der Yo vind, Hlse perguta “Ist iris eben pesoumnel, cer ist x wat", eu meu ver eta hestagio nee conere auelaessincia da vide como um sono Nao lembro se em minha dltima palostra (porque sta ¢ uma frase que costume citar com fequénem va Citek durante toda a msinba vida) thes fates do flésote chins Chuan teu Ue soon que era uma borbolete 20 acorda, ne sbia se era um homem que sonhara ion tuma borbolet ott uma borbileta que agora sunhere ‘ser ur homem. Essa metforaa meu verb mai sat de wd. Primeiro porque comega com wm sono, sai tarde, mde ele acorda, ava wide ind guard alge dos sonhon E segundo porque, com una eapcie de felcdade quae mireculosa, le esaleno animal er to, Tivene dito “Chuan Tea sonhow que era wm igre" io seria nad, Urn borboleta tem algo de delieado evanescent, Se somos sonhos, 0 verdadsiro modo de suger-lo 4 com uma borbolts, nfo com um tigre Se Chan Teu tivene dnhado que era uma méquina de ceerever, nfo valeria nada, Tampouco Ihe valeria wm baleia. Creo que encontrou a palavra exata para aquilo aque entava diner. _ "Tentemos segir outro modelo —am muito comm) i encaden a dina de dormir e mores (E uma mest Tora bastante corsiqueira também na fala do din-a-diay ras ge busearmos exemplos, vamos descabrir que sho rouito diveriosentce si. Ceeio que mama passagem de Homero ele fala do “sono férreo da morte", Agu ele tow dae tins opetas a marie 6 ume expcie de sono, poréin esa espécie de sono & feta de um metal rj Implacbvel eervel—o fero. Claro, ha tamblm Heine: “Der ‘Tod dal it de fruhe Nacht” [A morte boca da noite). Ej que entamos ao norte de Boron, acho que cabe recordar aqueles versot de Robert Front tlve co nhecidos \ exautio: “descansa ‘The woods ae lovely dark nd deep, But Ihave promises to keep, And niles ogo before T leap, And miles ogo before Tleop (Os bogues sto adores escron Fandos, "Mas eho promeseas a cumprz, mmilhas tila antes de dormit, E mith tithar antes de dormir) Sinn wis jo tio porfeitos que mal pensamos ‘in eruque. Porém, infeliamente, toda aliterarura 6 feita 4 truques,e esses truques—a longo. ido desve Se aaa nies tas in po es pols sone) Paes ne tenonag age ene unde Temora nena woe Fis por por piony davon eres soe | {ot diera "Embers wibar sede totes)? cern re has tone onan f ‘Nova Inglaterra, ¢ “dormir” significa “ir dormir”. A se- |” gunda vez—"E milhas a trilhar antes de dormir” — nl ten qpecs nar aus ctomness po eee eae ifn “more” | Tien o pot doo ramen, si so bem menos eficax/ Porque, no meu enendsy, qual” ‘quer coisa sugerida & beni mais efiear do que qualquer coisa apregosda, Talvéz a mente humana tenha uma ten: deslaragber{Lambrem 0 que dia Emer fon: argumentos ni convencem ninguém. Nio conven-| com ninguém porque sao apresentadés como | 5 enti ox contemplamos, «refleimes sobre els € of onderamon, eacibameos deciindo contra eles | ia quando algo ésimplesmente dito ou —melbor sinds —iosinado, Mima epic de horitalidade em nose imaginagSo Estos disp aceit-la, Lenabro terlido,hi uns rina anot, as obras de Marin Buber — «que considerei poerhas exraordintrios. Eno, quando fui para Buenos Aires, abo lve de um amigo me, Dajownel «deicbri em use pigs, pra grande es ‘nto que Martin Buber era un filsofo equ toda sua flooiaetva contd nos lvoe que es como poa- si. Tver eu tena ovitado aquees ios porque che gram a mim pela poesia, pla sogeto, pla misicn da poesia, © nfo como argumentos Creio que em alguma | passage de Wal: Whitman a mesma iin pode ser en- conta: ida de rates erm inconvincents, Creio | queclo diz em slguma pare scha oa nota, 3 pos | ‘cas estrelas gratidas, bem mais convincentes que meros angumentos Podemos pensar em outros modelos de metiforas. ionamat agar o oanpl (ea Wo srcaueagrgio Tenn nema Sn yng b heesdePioctrgt Rast geese Saeco tm dn entre der eper Dis ena oantr eae eee ee Fansrteenarene eee eat pas | “tome‘ompetvin since seneteoaiege does Trecongetope certiorari, *7 polertmos encore ane mis Sisia fe elon¢ | fe Slee east aie Ts pa tome | Deena tgee emp | Ee aeons Seige ane eee ee eet cee porconmln Racoria raha" cedte overt "Gin mans de ato ou Arenal ‘huts po pn pe gs ks loo ookaliss em aise mld eovdos orpose eee eee eatin een er rngetinn ee ie aes ee meters fo mero pasnenposaritrvio Is redun- tara na doclarepo de que, entre at "de i coisas” da Aefiigh chines, samente mas doe afinidadeseoen- | eiais podem ser encontradas. Porque, ¢ caro, podem-se en- | concurs sfindades questo opens surpeendentey tr vores difiiimente dora mai que ur inmante ‘Lembro que exquee um exemple bastante bom da quigio tonho-e vide. Mas acho que posto evoct-lo afore: do poeta americane cummings. SHo ato ver- toe Pogo decalpes pelo primeire, Usidentamente fi ‘toi por um jovem, pars joven, eo paso male Slater al privlgig —estou velho demas para esse Tipo dt jogo, Mas a este deve ser ita na integra. O priv verso & god's terrible face, brighter than & tpoon” [a tenrivel fe de deus, mais sent que uma Shnes. Lamento bosante ps calher, ois se sent, Shar, que ele pensou pimiro nama espada, ou ume ‘ida, ou no sol ou nam escudo, 04 em algo que tad Sionalmente bil; ¢ enti dive: “Nto—afinal sou Trofernn vou meter aga uns colber™ assim teve a ane euler Mas palemosperdso pelo que ver depois gu ere face, brighter than a speon/ollocs the stage of one fatal war” rll face de des, mais Iusente que uma colher /eothe a imagem de wma pa- tavea fatal], Esse vegundo verso é melhor, » meu ver. como me disse meu amigo Murchison, muna colhermub- tas verescolhemos virias imagens. Nunca pensara nsso, pois cra para tris com a colher edesitira de pensar & respeito god's terrible face, brighter shana spoon, celles the image of one fatal word, s0 that my life (which liked the sun and the moon) ‘esembles something that has not occurred Ln erie few du, mae Lnente que wm eather, che a imagers de uma palera fatal, de mode que minha vid (gue gostava do sa eds fa) parece algo que nto ecorreu] ““Resembles something that has not occurred": esse ‘verso earroga uma eipécie de esranha simplicidade. Creio que ele noe confre a exsénciaoniria da vida melhor do que aqueles Famosos poeta, Shakespeare e Walther von Ber Vogelweide. Garo, escolhi somente ns poueos exemplos, Teno certens de que a meméria de vootsestérepleta de met- {oras entesouradas — metiforas que talver esperem ser cluddas. Sei que depois desta palestrasereiinvadido pelo emorso, pensando nas belas metiforas, muitas, que tere Aeitado escapar Recaro que vocts me dro, a meia-vox “Mae por que & que 0 senhor omits esse metifora ma ravithora de falano deta" tere enti de gnguear © pi decalpa ‘Mas agora, acredito, podemos passar a metiforas que parecer estas sos dntigoe modelos Ekg fei da tsa tmare aoa matfra porta qus i em gum tresho da bistdri de tgratura pean de Brown, Digenon que seja de Farid al-Din Ata ou de Omar Khayyém, ou de abe, ode outro dot grandes poeta prea poeta fala ala, chamando- “ ep 2 tempo”, Suponho ave do poo de vida asronomia a dia de que alan sen um espe apropsinda— nan ino un ato ee- Iovate do pont de vista poiic. Se de fat a un & um ape onto crece dota imports, que a pos- si fala imaginagfo Olhemes ua como a eps do teopo,Creio qu ei ms metifrs outa sil —~pr- riz, psu iia de um exelbo noe ranamie obi tho ea fragilidade de ha segundo, porque ida do verapo nos ft lembrar de repente que ese pri csiaalina para a qual tharos € ite antign, 6 chia de posi emiclogin €antign como o tempo Te qo une a erento “antiga con o tmp old ax time}, devo tar outro vera0— um qe ave tea fervilhando na meméria de vote No exo lem- trade do nome do autor Acheie cade por Kipling mm livre seu nko muito remorive,chaniado From se to stew A need cy hal sold ot Time” (Una ade ™ ribro-isea, coma metade da idee do Tempo}! ive 30.0 poeta escrito "A roveted city se old as Time", no tera seit abgolutamente nada, Mas “half ay old ag Time* empresa uma expécie de precisto mgica a ‘mesma espicie de pressto magica obtida por aquela estranha e coriquera express inglesa “I wil love ou forever and a day” (Vou te amar para sempre e ur dia) “Para sempre” significa “por um tempo into longo", sas éabsrato deme para empolga a teaginagto “Tomosa mesma erpéie de traque (peo deseuljas pelo ute dessa palavza) no tla daguele liv famosa at Mile wna noites|Pois “es mil noltes” signifi para a iemginagio “as muitas nites, tl como “quarenta” com fear “mites” no seula xv" When fey winters sal besiege thy brow” (Quando quarens iver nos asediarem teu semblante)escreve Shakespesre'¢ penso na trivial expresso inglesa "forty winks” expr, mindo “uma sonees", Pois “quarenta” significa “ma tos". E temos gui as “mil notes e uma noite” —tal como “a rosered city” e fabulosa preciso de “half ax la as Time”, que fzem o tempo, é claro, parecer inde sais longo. A fim de considera diferentes metforas, ezomareh sgora — inevtavelmnt, detoveots —meus angle, es Recorda aqielehenning bastante usual que chama ‘omar de “caminho da bleia”,Pergunto-me se osaxko.! 45 artrone _ anGrimo:que pitneir cunhou ese honing sabia domo cle era engenliofa, Pergunto-me e ele sent (embora ito nem precise not preocupar) que a imensii da be lei suger e enfatizava a mens do mar _, SH outra methfora — uma nérdica, sobre o sangue. 0 henning usual para singue & "a Agua da serpents” esa metifora,temosa nogfo— que encontramostam- bm entre os suxSet— de uma eapada commo urn sr 8 eeralmente maldfico, um ver que srvia osangue dot | homens como ne fae gua. “Temos ainda ee metSforas para tatalha, Algummas delassfo bern banais—por exemplo, “encanto de ho- mens”, Aqui aver, ba algo bartante aut: a iia de omen efetinindo para matar uns sot outro (como 4 niko houvese outrot “encontron” potsivel). M também “enconto de expadas”,"danga de epadas", “embate de armaduras" “embatedeecador. Toda las podem ser encontradas na “Ode” de Brunanburh Ea uta bos: orn as, “sna asemblia de era”. Agu ‘amethfor impressions talver porque, Auando pensamos ‘numa assem, pesamos em camaradager, em ami- sadeje al ebievdm o contrase, «anemia de clea. Mis ens metbforas nfo slo nads, ex dis, com paradat a uma metifora muito wal sobre a batalha, de crigem nérdici e— por estranho que paregs — inlan- deta Bla chama a batalha “a tela de homens” palera "tia" & realmente formiével agu, pois na iia de ima ‘ia assimilamos o modelo de uma batalht medieval: te- ‘mos as espaas, os eeador,o entrelace das armas. Depots, Jako toque de pesadelo de uma teia feta de seres vivos, “Uma teia de homens": uma tela de homens morrendo ‘ematando uns aos outros, Ocorre-me de repente uma metifora de Géngora bem no estilo da “tein de homens”, Be fala de um via- jante que chega a uma “birbare'ldea” —a ima “bir- bara aldeia”; ¢entio essa aldeiatece ume corda de cfee seu redox ‘Come sule jer ‘bara des Soga de pees ‘Comte feratere Assim, por estranho que parega, temos a mesma ‘imagem: a idéin de uma corde ow uma tei feita de seres vos Porém metmo nese ss que parce ser sindni- ‘0s, hd uma sensivel diferenga, Uma cords de cles & algo barrocae grotosa, enquanto “tela de homens” tex um gu de torrivel, um qué de pavoroso_ Para conciir, tomarel uma metffora, ou wa con paragio (final de conas, nfo sou um profesor no pre io me preocupar com a diferenga){do hoje exquecido Byron. Li e poema quando garoto— imagino que todos vvocds 0 leram est idade bern tenra, Porésn dois ou trés dias ats descobri de repente que essa metifors era bor tante complena. Jamals pensei em Byron como um ports especialmente compleno. ‘Todos voots conhecem as pla ‘yas: "She walls in beaut, like the night” (Ela anda em beleza, como 2 noite". O verso & tio perfeito que nto Ihe dasios valor. Pensames, “Ora, isso nés poderiamos te cierto, se tvéssemee nor dado to trabalho”, Mas Byron se deu ao trabalho de eserevé-Lo, "Passo agora & complexidade ocultae secrete do ver: sa Suponto que jf descobriram o que vou revelar a vo~ cls (Porque isso sempre acontece com surpresas, no &? Acontece conosco ao Termos um romance poical.) “Ela ‘anda em beleza, como a noite": no inicio temos uma dorével mulher, entfo nos é dito que ela anda em bele- ta. nso sugere um qué de lingua francesa — algo como vous étes en beauté" ete. Mas: “Ela anda em beleza, ‘como a noite”, Temos, em primero lugat, wma adorével mulher, ina adorével senhora, ligeda a noite, Masa fim de compreenider 0 vere, temos de pensar também a ‘note como uma muller, seo o verso nfo tem sentido. ‘Assim, dentro dessa palevras bem simples, ternot uma upla metéfore uma mher€ligoda 8 noite, mas: te éligada & mulher, NEo sei e ne me importo se Byron sabia diss, Ponso que re tives subido, o verso dificil mente seria uo bom, Talves antes de morrer ele ot escoberto, ou alguém Ihe tena feito nota _Sigora eos lov ai ce dv alse. Aims, can & gum enon Towser encnuraascentons mesmo railhares de tvehfre, ods elas podem ser rconduaias aunt pou con mode srpln Mae lo no preci nos preacap ji que cada metifor diferente toda ver que o modelo A vend, sverige diferent E slo ¢ que hd methfoas— por exempl, “tla d hen a “camino da busin" —quo nfo podem ser reson: dda modelos design ; ‘Assim, acho que a perspectiva—mesmo depois de mina palestra—6 bem promsssora para @ metifora. Porque, se quisermos, podemos treinar nossa mio em, novas variagées das principsis tendéncias. As variagSes Seria muito bonitas, e somente uns poucos erticos, como eu, se dariam ao trabalho de dizer: “Bem, aqui te- mee olhos e estrelas ¢ aqui temoe tempo erio—sempre 8 mesma coisa”, As metiforas vio surpreender a imagi- ‘paglo, Mas talver ainda noe sje dado—e por que nfo ‘esperar também por iso? —, tlvex ainda noe eeja dado inventar metdforas que nfo fagam parte, ott que ainda ‘fo fagam parte, dos modelos aceitos

Você também pode gostar