Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
polinizadores
O auto-didatismo e a livre aprendizagem
humana em uma sociedade inteligente &
O alter-didatismo e as comunidades de
aprendizagem na emergente
sociedade em rede
PROVOCAÇÃO INICIAL
Terceira Versão (20/02/10)
Augusto de Franco
Roteiro para um livro que estaria sendo escrito coletivamente na
Escola-de-Redes, mas tal esforço articulado ainda não começou.
Introdução
2
O que tivemos, pelo menos nos dois últimos séculos, foi, em grande
parte, uma educação massiva e repetitiva, voltada para enquadrar as
pessoas em um tipo insustentável de sociedade (instalando nas suas
mentes programas maliciosos, elaborados para infundir noções de
ordem, hierarquia, disciplina e obediência) e para adestrar a força de
trabalho, para que os indivíduos pudessem reproduzir habilidades
requeridas pelos velhos processos produtivos e administrativos e
executar rotinas determinadas.
3
dotada da maior flexibilidade e, ao mesmo tempo, de encanto
pessoal”.
Ensino e aprendizagem
4
O que se ensina é um ensinamento. Quando você ensina, há sempre
um ensinamento. Mas quando você aprende há apenas um
aprendizado, não há um “aprendizamento”, quer dizer, um conteúdo
pré-determinado do aprendizado.
O que se aprende é o quê? Ah! Não se sabe. Pode ser qualquer coisa.
Não está predeterminado. Eis a diferença! Eis o ponto! A
aprendizagem é sempre uma invenção. A ensinagem é uma
reprodução. Mas como escreveu o poeta Manoel de Barros (1986) no
Livro sobre Nada: “Tudo que não invento é falso”.
5
O educando-buscador será um educador não-ensinante. Porque será
um aprendente.
6
caras ainda insistem em querer organizar o conhecimento para você
(isto é o hetero-didatismo).
Colecionadores de diplomas
8
pessoa. Redes de especialistas de uma área ou setor continuarão
avaliando os especialistas da sua área ou setor. Mas essa avaliação
será cada vez horizontal. E, além disso, pessoas avaliarão outras
pessoas a partir do exame das suas expressões de vida e
conhecimento, pois que tudo isso estará disponível, será de domínio
público e não ficará mais guardado por uma corporação que tem
autorização para acessar e licença oficial para interpretar tais dados.
1 – Estabelecer conexões
2 – Reconhecer padrões
9
1) a alfabetização propriamente dita, na língua natal (ler e escrever e
interpretar o que leu: no caso, em português); e as outras
“alfabetizações”:
11
Aprender a conviver
12
formas de interação educativa extra-escolares, como o
homeschooling e, sobretudo, communityschooling, porém na linha do
unschooling) e o conectivismo como nova teoria da aprendizagem
(daí as redes sociais, que constituem o padrão de organização das
novas comunidades de aprendizagem capazes de disseminar as
ferramentas de auto-aprendizagem e de comum-aprendizagem).
Sociedades desescolarizadas
13
Nota
Com o tempo, porém, foi ficando mais claro que nem toda cidade que
prioriza políticas públicas, programas e ações governamentais e não-
governamentais de educação (ou voltadas à educação) pode ser
considerada uma cidade educadora. Se fosse assim, não haveria
necessidade de construir um novo conceito. Ou seja, foi se impondo a
necessidade de identificar os elementos distintivos a partir dos quais se
poderia caracterizar uma cidade como educadora.
Assim, foi ficando mais claro que o que é propriamente educador na cidade
educadora é o ambiente favorável à interação educadora. Isso não significa
que não são importantes as políticas, os programas e as ações
governamentais de educação. Nem que não sejam importantes as escolas e
universidades. Nem que não sejam importantes os programas e ações de
educação não-governamentais. Tudo isso é importante, mas a sinergia
entre essas diversas ações, processos e instituições formais, não-formais ou
informais, depende de como elas interagem virtuosamente para produzir
um efeito sistêmico. O ambiente educador, portanto, é a chave da questão.
Esse conceito de cidade educadora, que apareceu no início dos anos 90, em
Barcelona, não levava em consideração a nova dinâmica da sociedade em
rede que está emergindo. Desse ponto de vista ele deve hoje ser
tensionado para revelar que as cidades são educadoras na medida em que
se configuram como redes de comunidades. Os 10 pontos seguintes tentam
fazer esse tensionamento:
14
entre setores governamentais, empresariais e sociais para buscar extrair
sinergias da interação entre esses diversos tipos de agenciamento.
15
8 - Péricles, talvez o principal expoente da democracia grega, afirmou –
segundo Tucídides, na oração fúnebre proferida no final do primeiro ano da
guerra do Peloponeso – que “a cidade inteira é a escola da Grécia e creio
que qualquer ateniense pode formar uma personalidade completa nos mais
distintos aspectos, dotada da maior flexibilidade e, ao mesmo tempo, de
encanto pessoal”. Tal relação entre a educação e a vida democrática da
polis, está na raiz do conceito de cidade educadora. Essa visão pode ser
apresentada em termos contemporâneos, pois continua válida em essência.
Poder-se afirmar hoje que o investimento na educação do indivíduo para
melhorar a sua vida depende do investimento em ambientes coletivos
favoráveis à boa governança, à prosperidade econômica e à expansão de
uma cultura cívica capaz de melhorar suas condições de convivência social.
No conceito fundante de Péricles, quem educa não é propriamente a
Cidade-Estado e sim a koinomia (a comunidade) política (democrática). Na
ausência de democracia (mesmo que limitada aos mecanismos e processos
formais de representação, isto é, como regime político ou forma de
administração do Estado), uma cidade não pode alcançar a condição de
cidade educadora.
16