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yer eames eau afr de ura ego naa ipo. Ove Jo Danie de ado quo conpless €2 SA COISIIE "pst dit do edad de ton fa 158 IS HISTORIA SOCIAL DOS DIREITOS HUMANOS © Oe DeGHr eset miL Resin CEG 0 0 i ccrenpela uijueirtae ne Al iCeuyozet ry Um rumor sem rumo claro erminada a Segunda Guerra Mundial, foi criada, em 26 de junho de 1945, pela Carca de Sao Francisco, a Organizacio das Nagées Unidas, ceromando 0 caminho inverrompido da extinta Liga das Nagées. A ONU no nasceu como organismo democritico: ficou 238e~ gurado 20 pequeno grupo de Bstades com assento permanente no seu Conselho de Seguranca o controle das decisées pelo exercicio do direito de veto, Porém, ante o balango atertorizante que os vencedores da guerra Fizeram das atrocidades dos uencdes, impos-se 2 comunidade internacional co resgate da noggo de diseitns hhumanos. & Carta de So Francisco, logo no seu artigo 18, colocou como preccitos, entre outros, os seguintes: “Desen- volver rélagées entre as nagtes, baseadas no respeito ao principio da igual- dade de diseitos ¢ da autodererminagio dos poves, ¢ tomar outras medidas apropriadas a0 fortalecimento da pee universal; conseguir uma cooperagio internacional para resolver os problemas internacionais dé cardter econ6i co, social, culeural cu humanitésio, e para promover ¢ estimular 0 respeito 40s direitos humanos as liberdades fundamentais para todos, sem distingao de raga, sexo, lingua ou reli Iniciaramn-se, ent’n, os trabalhos que redundaram na Declaracio Universal dos Direitos Humanos, adotada pela resolug0 ntimero 217 da Assembléia Geral das Nagies Unides, em 10 de dezembro de 1948. Ocontexto mundial em que essa Declaracio fol redigida explica muito do seu contetido ~ em especial, porque se tornou impossivel continua: recusando o states de dircitos humanos 0s chamados direitos econ6mi- ns, sociais ¢ culturais. A Unio Soviética, apesar de recém-devastada pela segunda vez em pouco mais de vinte anus (ieve milhaces de cidades Apesar do evidente desequilfbrio entre 03 conjuntos de enunciados da Declaracao — vinte artigos sobre direitos civis ¢ politicos ¢ apenas seis sobre dircitos sociais -, foi, certamente, um progresso que os diseitos econdmicos, sociais © culturais tivessem sido, finalmente, admitides no solene rol dos direitos humanos pela “comunidade in, ternacional”. E claro que isso no se tornou sinénimo de coexisténcia pacifica entre as duas éticas incidentes na Declaracdo: a liberal © a socialista. Produzido no contexto da correlagio mundial de forgas do Pés-guerta, esse documento enceta ums coneiliacéo formal Gisto 6, normativa) entre essas duas visdes de mundo. Mas 0 mundo pritice onde ele deveria ser aplicado, além de seguir dividido em classes sociais com interesses contradit6rios ensre si, estava também cindido entre paises de regimes sGcio-econdmicos divergentes em dispuca, Os desdobramentos logo deixaciam isso claro. A Declaragéo de 1948 foi uma “recomendagao” da Assembléia Geral da ONU aos Estados — um compromisso moral, embora solene, mas nao uma lei, A comissio que a redigiu havia planejado que, em seguida, a ONU deveria produzir um amplo pacto dos direitos humanos (este, si cxigivel dos pafses signatérios), seguido de instcumentos para sua apli- caglo. Mas 0 bloco de pafses capialistas, liderado pelos Estados Unidos, firmou a posigio de que os diceitos civis e politicos podem ser aplicados « exigidos desde logo dos governos (seriam “auto-aplicdveis”), 20 passo ue 0s direitos econdmicas, sociais e culturais $6 20s poucos poderiam Passar da teoria a pritica (seriam “programaticos”). Resuleado: apés dezoito anos de tensos debates, em vez de um pacto, 4 ONU produziu dois, aprovados por sua Assembléia Geral con 16 de dezembro de 1966: o Pacto Internacional des Diteitos Civis e Politicos © 0 Pacto Intemacional dos Direitos Econ6micos, Sociais ¢ Culeurais Ambos detalham ampliam, nos seus respectivos campos, em textos longos, 0s direitos proclamados na Declaragao de 1948, Mas, além de sua simples exist8ncia paralela jé abrir portas para quem quisesse sus. fentar @ diferenga de eficécia juridica entre eles — havia sido essa a intengio do bloco liderado pelos Estados Unidos -, um certo dispositive desses documentos parecia mesmo por em diivida a indivisibilidade « incerdependéncia dos direitos humanos. O artigo 22 do Pacto dos (Sites Givis e Politicos enfatiza o compromisso dos Eseados-partes de sn» gatantir a todos of individuos que se encontrem em seu tertcério © ue estejam sujeitos & sua jurisdigao os direitos reconhecidos neste, 402 ond Demi de Lina Tindode Pacto..."; a0 passo que o Pacto dos Direitos Econdmicos, Sociais Gulturais, também no artigo 22, alude ao compromisso dos Estados de “.. adotar medidas (..) que visem assegurar progressivamente...” 08 direitos contemplados nesse instrumento, Impossivel passar desperee- bida a difereng2 de densidade entre ambos os “comptomissos” — tam- bém como fora o propésito do bloco ocidental Mas diversos instramentos internacionais produzidos post te reiteraram 2 nogio unificads e integrada de diteitos humanos, Por exemplo, a importante Conferéncia Mundial dos Direitos Humanos, realizada em Viena em junho de 1993, adotou uma extensa Declaragio € Programa de Agio (quarenta péginas que completam ¢ atualizam « Declaragdo de 1948), que, no item L5, anuncia com veeméncia: “Todos os direitos humanos sao universais, ind interdependentes € inter-relacionados. A comunidade internacional deve tracar 03 direitos humanos de forma global, jusca ¢ eqiiitativa, em pé de igualdade ¢ com a mesma énfase”. [sso pareceu encerrar a controvérsia juridica— 0 que nfo significou, € claro, que as condigées de vida da maioria da huma- nidade, globalmente considerada, tenham methorado de mode persis- men- tente desde entio, Uma perspectiva instigante aberta pela Declaragdo de 1948: se os direitos humanos forem mesmo considerados universais isto 6, ineren- tes a todas as pessoas, independentemente de nacionalidade), a nogéo tradicional de soberania absoluca de cada pats €, evidentemente, atin- gida, pois, entio, a questio dos direitos humanos suplanta o interesse interno de cada Estado para, no limite, admitir até mesmo hipéteses de intervenao externa em seu amparo. Podem ser interessantes as possibilidaces ~ conter tiranos torturadores, interromper genocidios — abertas por essa janela. E dbvios os riscos ~ se bem que as poréncias econdmicas, no passado como no presente, nunca s¢ deixaram tolher por angéstia juridica ou falta de bom pretexto: sempre que soow a vor de seus interesses imperiais, remeteram tropas, canhoneiras navais, nfsscis ou avides bombardeiros (a menos que houvesse reccio fundado de retaliagio). A nogao de direitos humanos niversais conduziu igual- mente 4 ponderagio de que o préprio individuo, como sujeito de direitos, deve ter 0s seus direitos humanos protegidos também na esfera internacional, ¢ nao apenas por tribunais ¢ aparclhos nacionais. Assim, de meados do século XX para cd, além de cerea de uma centena de instrumentos internacionais (entre declaragdes © tratados m espectico, suum também instinnigbes © mecanismnos internacio. nais de proteglo dos direitos humanos, quase sempre criados por trate icio do século XXI, j& passavam de quarenta. . por sua imporeinels, a Corte Europe ‘ana de Diseitos Humanos pose a Gone nas timas décadas do século ‘culo passado desenvolveu-s se convencionou ifosoe da se conercion Ghamar de dota soidaridade cs diet ifn 6a mankade ini, ea como o dito a0 desenvolviment, 2 Dat meio ambiente s ara 20 wre ant adi © equilibrado etc., que igualmente geraram novas es patos, Também nese cso nao seis acess wna pes no ong ara evidencia que o proceso svi tendene aaa ceca vigpiiatal desis ita on muon longe de ser como piquenique tm esolmd mando domingo Embore digam respeitaa temas que ° Introduzicam em todos os sal6es, is poderosissimes opdera-se a cles. See neces comiaes a(ilonae da segunda mead doe ilo XX, a grande maioria dos patses i» 205 instruments i i o : icitosnumanos, sma de extra pacts convenges 15 ais (Bu iio ; egionais (Eu- tone Ain Américas etc.) com 0 mesmo propésito. Quase todos os ms planeta incorporaran as suas constituigdes c disposigdes aconaiuionisnarnas a cman sso podetaser uy rte em cores do melhor dos mundos, pret fel emcores \dos, se 0 direito positive fosse o retrato fiel tudo, configura-s¢ uma situagzo €m que, entre dispor formalmente, para a protecao dos direitos humanos e efe- plano jroo, antge conti entre a ierdade (nvidia) ie igualdade real encontsou caminhes para ser conceitual- foub Danio de ne Tenses. mente superada, € ffeil constatse que ner mesmo no plan “goperagio” foi ineacporads ~ basta olhar pare compéndi oa parte dos di como meramen- que insistem em qualifi te "programstica” (no exigiveis, no actonavels jente), Ov para T qnemnas logais que os tratam efetivamente dessa manci 0 ainda, para os taibunais que, com poucas excegdes, acaram °° entendimento, ce g com motives que aquela contacigio, matgrado saperada {orga no intetior do proprio ‘mais palpavel e mais sensivel conceitvalmente, persiste com tants que ela ndo foi ainda superada no terreno da Vida. Aquela contiadigio persiate na 5 oe Tecitaal concebida no corresponde & su efetividade 5 blema nao reside no conceito, mas na realidade. A medida que a con- readigso nto for seperade na peépsiecaciedade era gue VIVE" © pessoas wie. send preciso atonsar com evidado se aquels fu Ia conceitual rerrfeadora, aquiescida hoje por prasicamente todos o& Estados, nose ve renterd em navo estraragema de iluséo cocial, sso jf sont passado, nfo chegaria a ser propriamente nove, Mais do que © direito Posto, decisiva € a dindmics das rolagbes socials Que 0 ‘engendra ¢ the iprime eficdcia ou 0 conserva inerte, Nova escolha? sma do comunismo.” Com essa 6647 Tm fancasina ronda & Europa, 0 fants frase, Karl Marx inition sew ‘célebre Manifesto Comunistt de L848. Gem anos depois, as classes dominantes de todos os paises tinham boas > fantasma do comunismo ~ ou aaquilo que ssado a asgonabrar 0 mundo todo, 3 consolidagio da Uniso Soviética também por razdes pafa temer que chamavam por esse nome ~ Hvesse Ps rio 56 devido & dertore do fescismo, ‘ea farmagio do chamado campo social uma sétie de 0 ‘Antes de mai mence em pesadelo. Pri durante quase duzentos anos, da, 0 velho sonho ‘colonial trarisformava-se © fo, 08 inglesés, apos foram obrigados a se conformar com sua independéncia em 1947 — 0 que foi s6 0 preniincio de sucessivas lucas de libertagao nacional nas coldnias do: perio briténico ne. Asia ena Attica. Em 1949, iderada por Mao Tsé-tung na China continental, subcraindo do controle do Ocidente, de um 36 golpe, quase jum quiito da popotag’o do mundo. No mesme 89, a Holanda, ato sess Sos dos O¥etas Humane sonseguindo dobrar um movimento guerrilheiro , wuertitheiro que jf se estendia havia quatro anos, nio teve outra saida sendo aceitar a independéncia da Indonésia, ‘uc pats entre os mais populosos do planeta. Nao demo muito € 0s fianceses tiveram de abrir milo do Vietna apaate dertota de suas Bien Phu ( 33) aucune foi o sinal de partida para as guerras d coldnias, a comegar pela eclosio da i wi : fo da insurteigao argelina (1954), seguida le beng de independéncia pela Tunisia e pelo Marrocos (1950), pte ia (1962), ¢ assimn por diante, ‘Tampouco Bélgica, I npouco Bélgica, Iedlia ¢ Portu conseguiam downir em paz naqutesngion hab tacos pr res de negros bogais”. Nao importava que tivessem assinado a Carta £8 Sto Francisco c a Declaragdo de 1948, com a solene proclamasdo de respite rodeterminagao dos povos: as velhas meteépoles usinuavam temetendo tropas e atmas para tentar esmagar rebelige: como as chamas se espalhassem , s alhassem por todos 05 | coloniais (com a isolada excegao de Porcugal) termina mane 1420 final da década de 50, da conveniéncia de subst explicito ~ isto é, cor ubalternidade jusidica e controle administrativo- 8 — por outra dominagio igualmente imples” subordina Beldeiam er dspensacns oligos colonia dende oe man tole extero da econo; i local: propriedade de grandes empresas, bancos, talvez até em socie pm parce “nativa”, Bsa modaliadeniocoloial de dominio loperalina Ween. ia do globo, dé conta do que realmente interessa 4s matrizes: ase. Euro afluxo ininterrupto de capita aos pafses dominantes, na forina de 0s (semetidos pela filiais de suas empresas), juros (par emapréstimos secaclos pelos pafses dependentes) ¢ royals (pagos quase pelo mund intciro por uso de patentes de todo tipo) — além de manter montante maré de petdas intemacionais suportades pelos paises su vidos ©m suas telagdes de trocas comerciais com os paises centrais. Nio bastassem tantas vantagens, @ transigio para a nova situagio d alses “independentes” ainda suscitaria a ilusio de autonomia Inca o Permittia, a medio prazo, o retomo da prépriainfluéncia pol mes6poles sobre os govemnos de suas ex-colénias. 86 no. de vinte patses conquisteram sua independéncia. Mas, Socialista fomnecera desde sempre armas apoio diplomat, tos anticoloniais, a maioria desses movimentos ¢ dos das ex: 10 de 1960 pesto 0 0 campo ‘aos movimen- fses recém-formados 196 José Oar Uma Had estabeleciam relagdes cordiais com aquele campo. As vezes, 05 novos governantes até externavam simpatias ao “socialismo” ~ mesio quando isso no passasse de retérica, como aconteveu em boa parte dos casos, ou de tentativas malsucedidas de “implanté-lo” por decreto (embora, € claro, tenha havido excecdes respeitaveis) Seja como for, a descolonizacio revirava, literalmente, parte do cho em que pisavam os paises capi certamente, isso também acontecia, em alguma medida, no sentido politico, ao menos logo apés a indepen- déncia: a maioria dessas novas nagdes uniu-se a alguns outros paises subdesenvolvidos (0 “tereeiro mundo”) para fundar, jé em 1955, 0 Mo- vimento dos Paises Nao-Alinhados, que passou a agir como bloco nas assembléias da ONU em defesa de seus interesses nacionais, muicas vezes ‘em choque aberto com interesses norte-americanos ou europeus. Aiém disso, entre as décadas de 30 ¢ 60 do século passado, as classes dominantes de boa parte do mundo viram-se premidas, pela consistente pressio sindical e por movimentos de esquerda ascendentes, a concot- darem com sucessivas concessdes aos trabalhadores, como recurso para afastar 0 risco de novas revolugées sociais. Em alguns paises, como se viiu, esse risco fora “afastado” pela ascensio do fascismo. Mas onde a extrema dircita nc havia chegado ao poder (e, mais tarde, também em alguns desses pafses) tomou forma 0 chamado Estado de Bem-Estar Social, uta conjunto de politicas de methoria das condigées de vida dos trabalhadores. E bem verdade que isso se mostrou mais viével nos paises economicamente centrais, pois, gragas aos ingressos sem fim de capiais recebidos por suas empresas dos paises economicamente dependentes ou subdeseavolvidos, tiveram incomparavelmente mais recursos 8 dis- posigio para fazer concessbes reais a seus proprios trabalhadores, cais como majoracio salarial, redugao significativa da jormada, adogao de Iagdes trabalhistas amplas © aumente de impostos sobre o lucro € as maiores rendas para permitir a0 Estado expandir seus gastos com seguridade social e investir no crescimento de emprego. Com isso, os ras “exportaram”, por assim dizer, parte de suas con- los. A parte ‘novamente) para financiar a —uma espécie de transfusto digbes sociais para os Hiseia Soci doe Dros Humaras transposta & pritica ~ coneudo, mesmo af, algumas concesstes os erabalha- dores obtiveram, pois a conjuntura mundial favorecia suas lutas, ‘Teribém 1 inupeao da militancia eristd progressista cm alguns pafses - entre os catdticos, principalmente apés 0 Coneilio Vaticano UL (4962-1965) ~ coneri= bufa para fazer a balanca pender um pouco mais em favor dos trabalhadores. Esse conjunto de circunstncias configurava, em meados do século pasado, uma correlacio mundial de foreas francamente favorével & ex- pansio efetiva dos direitos econdmico-sociais a contingentes crescentes de seres humanos. Sob a pressio de massas reivindicantes, combinada com © temor 20 socialismo, governs social-democratas, nacionalistas, populistas, ¢ mesmo consevadores, promoveram vigorosas intervengées ia, regulando atividades, direcionando seletivarnente crediticias e aduaneiras paca estimular ou it res inteixos de produgao, muitas vezes até envolvendo dirctamente Estado na produgao de bens e na prestagao de servigos. No perfodo entre © imediaco pés-guerra c 0 inicio da década d= 70 do século passado, ampliou-se na maioria dos as vezes até significativamente, a pre- senga estacal nas éteas de satide, educagii, trabalho, previdencia publica, , substdio alimentar ete, B chao ios mais ortodoxos do credo liberal ~contudo, permiiu evitar, por mais de duas décadas, quedas catastréficas idade econdmics © redugses draméticas do nivel de empsego, patrio dos ctises cfolicas do capi ‘Todavia, em meados da década de 60, quando Iutas populares ganha- ‘vam dinamismo por quase toda parce, até mesmo pela emergéncia de um forte movimento estudantil em muitos palses, jé se prenunciavs wma, inversio desse quadro, Era 0 auge da Guesta Fria, e aquela vigorosa ascensio popular foi rragicamente detida em dezenas de paises pela proliferago de golpes de Estado, invariavel com apoio mais ou metas explicico dos Estados Unidos, dando surgimento a um cordio de ditaduras assassinas ao redor do plancta: Brasil (1964), Indonésia (1965), Grécia (1967), Turquia (1971), Bolivia (1971), Urugu: (1973), Peru (1975), Argentina (1976) — foi berm maiat romados naquele tempo pelo horror. Empresétios, pris grande porte (mas no exclusivamente), lacifundi © de extrema direita, vascos setores da assustada classe “média” © mi licates embriagados pela doutrina de “seguranga nacional” des Departamento de Defesa dos Estados Unidos doram-se as mins ex 198° ‘José Damo de Lina Tindade vésias egies do planeta para liquidar a democtacia formal & qual have pouco faziam juris de fidelidade. ‘Quanto & Africa, nem se fale: teriam, liceralme aqueles jovens governantes forjados na luta snticotonial que sonharam vnanter sob o contiole de seus paises os recursos minerais do continents (ouro, diamante, perréleo,urinio, manganés, et.) Atiando, como desde sempre, #4 rivalidades étnicas que vioham engendrendo havia sécvlos, ae ox mett6poles coloniais européias € as EVA muito deprossa forne- Gemam armas ¢ atearam guertas civis por tods parte, A maré de sangve Gomegout pelo Congo ex-belgs: conquistada 2 independéncia em junho de 1960, seis meses depois o primeiro-ministro Patrice Lumumb: da {uta de libectagao nacional ¢ emblem: ‘der da nova Af jf fora deposto, sequesctado ¢ assassinaco. Em ponco sais de dez anos, Quase roda a Aftica sub-sahariana foi caprurada por trancs corrupsos © genocidas - servilmente “pré-ocidentais”, Ficava adiads pers © século XXI a revomada da feconstsugio do martitizado continente. B certo que antes as Estados Unidos jé patrocinavam golpes militares contra governos que nfo Thes eram simpéticos, mesmo quance esevam Tonge de serem ~ por exemplo, no Ira em 1953 (deposigo do primeiro- ca Mcussadeg) ¢ aa Guatemala em 1954 (deposigdo do presidente reformista Jacobo Acbens). Mas, nas décaces Ge 60 € 70, isso se tomnow postura sistemética, A tética anterior de dministrar as contradigdes sociais mediante concessOes parciais havia ‘s com problemas sociais mais agudos, pela ada pelo Estado, sempre que isso fosse nos anos 70, em que jcas Centeal rarde, 08 se contavam nos dedos de uma s6 mio 0s pal ¢ do Sul que nao se cncontrayam sob ditadurs 8 tolpistas © seus apoiadores retornatiam, com certens, seus “prineipios Slemocrécicos ~ evidentemente, apés completatem a “lisnpeza do cerre- tno” em seus paises naqueles “anos de chumbo”, sarcfa que desempe- nharam com aplicada, metédica © sinistea compet Na década de 80, excetuada a Africa, 0s processos de comegaram a avanges — mas quase todos sob gradual mo cont pelas préprias ditaduras, limitados por compromissos politicos impo ‘pelos militares ¢, malgrado entusiasmada presenga PoP mente 0s acabou acelerando, freqiientemente mantiveramse sob hegemonia de politicos liberais. 199 Hletaa Social doe Dies Humaroe lise dia, & medida que @ década de 80 aproximasa-se do final, a 8 lnceracionalizagte dos mercados, velha como 0 captalismo (e Gore tPelidada de “globalizagdo”), acelerava-se, por forga da necessidade ® pial ‘de ascender a novos patamarcs de acumulagio e repredugip decervalin ae Battie daquete momento, passou a ser facieado pelo hento de dindmicos meios técnicos resultantes da conexio day viral”, seu deslocamento ¢ etorao planctdcio poderis doravante operar- * mediante a instantaneidade fulminante de um toque de tedlade, ¢ as Nansasdes(comerciais, bancia,bolsa a bols, ov de gusleuer once) Lomavarn-se livres para completarse em tempo “real”. cei esa pea ue 0s ideblogos da dirciva liberal da “primeizo” mundo Se nges Chslas de admiracio para os governs soviimente ogee Rewae waa ee archer, do Reino Unido (1979-1990), ¢ de Ronald peakat, dos Estados Unides (1980-1988). A primeta-minsta Phage, Peni aioe Dare do a bic Construido por sucessivos gover- cabal ores, impulsionou a “desregulamentagdo” de com, fo rm ot ir tes te Tacha Mivel8 resistencia sndical uma greve de mineitos inicada Dane Mere em 1984, amastou-se por mais de um ane, sm abecr de siden Rew “o “ome ficou conhecida, a menor concessio. Jé 9 ‘pre~ sido eas duns verbs puiblicas para programas socis, adeou Bocas Unido, “desregulamentagto” da economia e, apes de on pinta starem em cacendimentos com a Unio Sovie desde inal da década de 70 pata _ Sc desdobradas, parecia muito mais aproptiado para que « "may invisivet” do mercado conseg “ ‘ suisse se desembaracar dos “constrangimentos” que ihe cn big ose os eles Sovernes que, forsads por circunsene is No Passado a pressées operitias © populares. Na nova con. i nui esses reste 4 haviam sido “disciplinadas” pela truculencis em ews p sss ou sels €M ues por exaustio, embora restassem Ihadores nto chess PTesuNgO tenascimento da Vitalidade dos taba (casos, por exe cram Altrapassar certs limites tidos como “colerdveig" Dlo, da Atgentina e, principelmence, do Brasil) 20 41088 Damizo de Uns Tindase O programa econtmico “neoliberal” configurou-se entio como uma série de “recomendagses” emanaclas do Banco Mundial (BIRD), Fundo Monetitio Internacional (FMI), Organizagéo Mundial do Comércio(OMC) ‘© outeas ageacias incemacionais sob controle direto ou indireto dos EUA «© das outras poténcias capitalistas, com 0 propésito alegado de “moder- nizat”, “liberalizar” e “integrar” a economia mundial — 0 que, segundo prometiam, geraria uma era de prosperidade planetétia sem pacslelo. Eis a nomenclatura mégica que a grande midia converteu em dogma de £6 na tkkima década do século XX: ‘ “livre” comércio internacional, mediante a completa abertura de cada pats a mercadorias estrangeiras (embora os EUA ¢ a Europa ocidental se mantivessem protecioniscas em virios setores de sua economia); + eliminaco de “consteangimentos” governamentais a investimentos estrangeiras (como os “obsofetos” controles nacionais das remessas de Iucros ao exterior); + libetdade irrestrita para a circulag#o mundial do capital financeiro em sua busca de rendimentos especvlativos; transferéncia a0 capital privado de tudo o qué pudesse “interessi- ” no setor ptiblico (“privatizacao” ) * encolhimento da ago, do tamanho e da presenca do Estado na sociedade (0 Estado “minim + “desregulamentacio” legal de todas as atividades empresariais, para no inibir a “livre iniciativa’; + reduce dos custos da produgdo (manutengiofelevagio da taxa de Iucros) por meio da “flexibilizaga0” (precarizacio) das relagies de trabalho, da “renegociago” (retraglo) dos direitos sociais dos traba~ Ihadores € do descarte do “excesso” de empregados das empresas privadas ¢ do Estado (demissées em massa); * “estabilizagio” da economia interna de cada pals mediante um sean- pitemno virtuase “equilfbrio fiscal”, alcengavel pela supressio do dé- ficit financeiro estatal (consetho que, misteriosamente, ndo valia para 05 EUA, maior devedor do planeta), 0 que demandaria cortes des despesas piblicas com protecdo social * permanente “acraeao de capitais” por meio do oferecimento de jusos estratosféricos para os investidores continuarem compranda ritulos da divide piiblica (dfvida que se expandiri como bolita de sabao)... ©, last, but not least, 03 endividados paises subalternos deveriam “honrar”, como prioridade absoluta, os pagamentos intermindveis da “Historia Social dos Diretos Humanos maré montante de juros ¢ amortizacdes dos empréstimos financeiros externos a que haviam sido induzidos/compelidos a contrair perante ‘0s bancos ¢ agéncias internacionais ~ “honra” a ser implacavelmente assegurada, ainda que a custa do cireulo vicioso de empréstimos sucessivos, néo importa se geradores de desespero social Quando, em alguns desses paises exangues, destacadamente da Africa, a espoliagio colonial e neocolonial que emargavam hé cinco séculos combinov-se com una 86 década de politicas neolibersis,

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