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Fohade roma Rubric seb on GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO ‘SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU 1010 Niaro mo] Rubra Processo SF 7611 2011 | Interessado:_ PLAJAX INDUSTRIA E COMERCIO DE PLASTICOS LTDA. IE: 209.067.191.110 CNPJ; 45.341.526/0001-73 |LOCALIDADE: BAURU Assunto: ICMS ~ AIIM n° 3.154.474-5, de 04/08/2011 Ementa: ICMS - Faita de pagamento do imposto: decorrente de omissto do valor do custo de Energia Elétrica utilizada como insumo, em operagées de industrializagdo (itens 1 e 2); em ‘operagdes de importagao do exterior por conta e ordem de contribuinte paulista (item 3); em ‘operagdes nas quais houve interrupg4o do diferimento do imposto (item 4). Creditamento indevido decorrente de escrituragao de notas fiscais emitidas por empresa do Estado de Santa Catarina, em operagées de importagao do exterior, sendo que o imposto é devido ao Estado de ‘S40 Paulo (itens 6 e 6). Procedentes as acusagées. Devido recapitulagao da infragso Teferente ao item 2, fica ressalvada a possibilidade de se efetuar 0 pagamento do débito fiscal com desconto igual ao que poderia ser usufruido no decurso de prazo previsto para apresentagSo da defesa 1. © presente processo encontra-se formalmente regular e em condigdes de ser julgado, tendo como objeto o AIIM supra (fis. 2/5). lavrado contra o interessado em epigrafe, versando sobre as seguintes infragdes: 1.1. Deixou de pagar 0 ICMS no montante de R$ 64.240,84, devido sobre insumo (energia elétrica) empregado no processo industrial, em operagées de industrializag&o para terceiros, no exercicio de 2008, apurado por meio de levantamento fiscal realizado com fundamento no artigo 509 do RICMS (Decreto 45.490/00), conforme constam nos demonstrativos e documentos de folhas 20/35. 1.4.1. Capitulagdo da Infragdo: artigos 58 e 87, do RICMS (Dec. 45.490/00).. ole §§ 1° © 10, do 1.1.2, Capitulagéio da penalidade: art, 527, inc. |, alinea RICMS (Dec. 45490/00). 4.2, Deixou de pagar 0 ICMS no montante de R$ 47.522,27, devido sobre insumo (energia elétrica) empregado no processo industrial, em operagdes de industrializagao para terceiros, no exercicio 2009, apurado por meio de levantamento fiscal realizado com fundamento no artigo 509 do RICMS/O0, conforme constam nos demonstrativos e documentos de folhas 20/36. 1.2.1. Capitulagéio da Infragao: art. 58, do RICMS (Deo. 45.490/00), e art. 87, da Lei 6374/89. 1.2.2, Capitulagdo da penalidade: Art. 85, inc. |, alinea “a” cc §§ 1° e 10, da Lei 6.374/89. 1.3. Deixou de pagar, por meio de guia de recolhimentos especiais, o ICMS no valor de R$ _2,103.180,85, no periodo de 09.01.2008 a 14.12.2009, indicado no demonstrativo de fis. 36/40, incidente sobre operagées de importagao por conta e cordem do adquirente paulista Plajax Industria e Comércio de Plasticos Ltda., CNPJ 45.341,526/0004-73, IE 209.087.191.110, referente ds Declaracdes de Importacéo Processo SF 76117-71813 2011 GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Nimes Rubies 14. 1.5. relatives as importagées de insumos, utlizados em sua produgéio e no ativo imobilizado, intermediadas por importador localizado no Estado de Santa Catarina (Prospera Trading Importagéo CNP4J: 05.421.217/0001-89), situado na Rua Av. Konder 1313 - Cobertura Torre "A" , consoante contrato as fis. 58/62. Os produtos, supostamente importados pela filial Plajax Indiistria e Comércio de Plasticos Ltda, CNPJ- 45,341.526/0004-16, IE- 255.482.906, situada na Av. Marcos Konder n° 950, Edificio Valentim, sala 19, Estado de Santa Catarina, foram encaminhados diretamente do desembaraco ao estabelecimento paulsta, sem transitar pela filial de Santa Catarina a qual fez transparecer tais operagdes como sendo de transferéncias, conforme se denota pelos CFOPs destacados nas notas fiscais juntadas as fis. 70/647. O ICMS deveria ter sido recolhido aos cofres paulistas nos termos do artigo 11, inciso |, alinea "d", da Lei Compiementar 87/96, sem prejuizo da emissdo e regular escrituragao da Nota Fiscal de Entrada prevista no artigo 136, inciso |, alinea "f", do RICMS/00, 0 que nao ocorreu. 1.3.1. Capitulagéio da Infragdo: Art. 115, inc. |, alinea "b", do RICMS (Dec. 45,490/00). 1.3.2. Capitulagao da penalidade: Art. 527, inc. |, alinea "e" cle §§ 1° @ 10, do RICMS (Dec. 45490/00). Deixou de pagar 0 ICMS devido no valor total de R$ 13.012,11, no periodo de 16/01/2008 a 14/12/2009, conforme indicado no demonstrative de fis. 648/649, relativamente &s entradas, em seu estabelecimento, de materiais fabricados em madeira, utilizados no manuseio, acondicionamento, transporte ou armazenagem de suas mercadorias, em razao da interrupedo do diferimento previsto para o lancamento do imposto nas saidas de tais produtos, de acordo artigo 1° da Portaria CAT 13 de 12/02/2007. Comprovam a infracdo as cépias das notas fiscais de aquisigdo dos paletes © caixas, dos Livros Registros de Entradas @ respectivas GIAs e relato circunstanciado da ago fiscal, todos juntados as fis. 650/721 e de fis. 730/870. 1.4.4. Capitulagdo da Infragao: Art, 116, do RICMS (Dec. 45.490/00). 1.4.2. Capitulagdo da penalidade: Art. 527, inc. |, alinea "I" cle §§ 1° € 10, do RICMS (Dec. 45490/00) Creditou-se indevidamente do ICMS no valor de RS 677.080,41, no periodo de 18.02.2008 a 30.09.2009 decorrente da escrituragéo do imposto destacado nas notas fiscais relacionadas no demonstrative de fis. 722/729, emitidas pela empresa Plajax Ind e Com. de Plasicos Ltda, I.E. 255.482.906, com enderego em Santa Catarina, sem que o imposto tivesse sido pago por ocasiéo do desembaraco aduaneifo, a favor do Estado de Sao Paulo. Embora as importagdes tenham sido feitas em nome do importador situado em Santa Catarina, para fins do ICMS, a pessoa juridica que comprova a entrada de mercadorias importadas do exterior (adquirente), ainda que em nome de terceiros, 6 0 verdadeiro contribuinte. A infragéo & comprovada por meio das Cépias das notas fiscais relacionadas no demonstrativo fls. 70/647, das folhas do GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO Tae nae SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1012 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Tine Bao aes Processo SF 76117-71813, 2011 ihe Rens livro fiscal Registro de Entradas onde as mesmas se acham escrituradas, fis.786/870. 1.5.1. Capitulagéio da Infragao: artigos 59, § 2° e art. 61, do RICMS (Dec. 45.40/00), 1.5.2. Capitulagdo da penalidade: Art. 527, inc. Il, alinea "j" cle §§ 1° e 10, do RICMS (Dec. 45490/00). 1.6. Creditou-se indevidamente do ICMS no valor de RS 85.685,74, no periodo de 18.02.2008 a 30.09.2009, decorrente da escrituragao do imposto destacado nas notas fiscais relacionadas no demonstrativo de fis. 722/729, emitidas pela ‘empresa Piajax Ind. e Com. de Plasticos Ltda, |.E. 255.482.906, com endereco em Santa Catarina, sem que o imposto tivesse sido pago por ocasiéo do desembarago aduaneiro, a favor do Estado de Sao Paulo. Embora as importagées tenham sido feitas em nome do importador situado em Santa Catarina, para fins do ICMS, a pessoa juridica que comprova a entrada de mercadorias importadas do exterior (adquirente), ainda que em nome de terceiros, € 0 verdadeiro contribuinte, por ser destinatério. A infragdo é comprovada por meio das cépias das notas fiscais relacionadas no demonstrativo fis, 70/647, das folhas do livro fiscal Registro de Entradas onde as mesmas se acham escrituradas, fis. 786/870 1.6.1. Capitulagdo da Infragdo: artigos. 59, § 1°, item 2, e 61, § 8°, do RICMS (Dec. 45.490/00), 1.6.2. Capitulagdo da penalidade: Art. 85, inc. I, alinea "y" cle §§ 1° e 10, da Lei 6.374/89 Pela pratica das infragdes descritas, o Fisco esta exigindo, alem do imposto, MULTA na importancia de R$ 3.072.457,00, conforme Demonstrativo de Débito Fiscal - DDF de fis. 6/12. Notificado da lavratura do AIIM, nos termos do artigo 99, § 2°, do Decreto n° 54.486/09, o autuado apresentou suas razdes de defesa (fis. 878/898), por intermédio de procuradores habilitados (instrumento as fis. 909/910), colacionando documentos entre fls. 899/997, dentro do prazo regulamentar, alegando, em sintese: 3.1. Preliminares: 3.1.1. dos juros de mora aplicaveis: a taxa de 0,10% ao dia (equivalente a 3% ao més, ¢ 36% ao ano) é totalmente desproporcional, uma vez que equivale, no presente, ao triplo do valor da SELIC do mesmo periodo. O Estado de Séo Paulo ndo tem competéncia de estipular livremente 0 valor dos juros de mora, pois estes tém natureza indenizatoria. Além disso, 0 STF, no julgamento do RE n.° 183.907, De Processo SF GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO eee SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Taner Rann 76117-718133 2011 Mare ga 3.1.2. definiu que os Estados podem instituir indices de corregéo monetaria proprios, desde que observem o art. 24, inc. |, da Consfituigao Federal; da violagéo das garantias constitucionais do contribuinte: a soma da multa punitiva e dos juros de mora representam quase 0 dobro do imposto devido, 0 que evidencia afronta ao principio do nao confisco (art. 150, inc. IV, da CF/88) e ao principio da capacidade contributiva (art. 145, § 1°, da CF/88). Ademais, houve ofensa ao principio da ndo cumulatividade, na medida em que o Fisco paulista ignorou o imposto pago ao Estado de Santa Catarina. 3.2, do mérito: 3.2.1. 3.2.2. da autuagdo relativa a importacao realizada por empresa catarinense: conforme Dis colacionadas ao proceso, o importador das mercadorias (CNPJ 45.341.526/0004-16) localiza-se no Estado de Santa Catarina, e sua regularidade perante o Fisco daquele Estado e a Receita Federal néo pode ser afastada mediante presungo. O Estado de Sao Paulo nao pode proibir a autuada de buscar custos menores, sob risco de restringir a livre iniciativa econémica. Tampouco pode o Fisco paulista praticar atos fiscalizatérios e descaracterizar empresa sediada em outro Estado da Federacdo, sem expressa autorizagdo deste, em respeito ao disposto nos artigos 7° e 142, do CTN, e 146, da CF/88. Quanto & suposta simulacao de existéncia de filial em Itajai-SC, nao constam nos autos qualquer diligéncia ou instrumento fiscalizatério especifico aptos a comprové-la. A alegagao de simulacao esté baseada em simples presungdo, e nao em provas contundentes (mormente, dias de internet [sic], procedimentos digitais, processos eletr6nicos, lojas virtuais). Os documentos de n.° 01 a 51, comprovam a regularidade do estabelecimento em ltajai-SC. Ademais, a auséncia de transito da mercadoria pelo estabelecimento importador n&o pode ser tomado como indicio de irregularidade, ja que o proprio RICMS/00 prevé situagées dessa natureza, nos seus artigos 2°, inc. VII, e 129; da energia elétrica sobre industrializagdo para terceiro: da forma como lavrado, 0 auto de infracdo leva a crer que a autuada nao emitiu documentos fiscais referentes a servico de industrializagao, 0 que no é verdade. O valor cobrado estd expresso em cada nota fiscal emitida, sem qualquer valor sonegado, néo havendo prejuizo a0 erario, 0 que leva no maximo a infragao relativa a erro na base de cdlculo ou consideragdo de operagao tributada como diferida. ‘Ademais, arbitramento do valor dos insumos nao foi submetido ao GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO Sauer: SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU De Wamare Processo SF 76117-71813 2011 contraditério, contrariando o que determina o art. 148, do CTN; 3.2.3. dos paletes de madeira: no houve prejulzo ao eratio, pois o custo dos matetiais de madeira em questéo s4o somados no prego das mercadorias objeto de industrializagao, sendo assim, tributadas nas saidas; 3.2.4. do creditamento do imposto decorrente das transferéncias de mercadorias entre a filial em Itajai/SC e a matriz, em Bauru/SP: 0 imposto cujo crédito n&o foi aceito pelo Estado de Sao Paulo, conforme documentos n.° 01 a 51, foi declarado e pago, e os respectivos documentos fiscais foram emitidos por empresa regular no Estado de Santa Catarina. Portanto, o imposto 6 devido aquele Estado, conforme vem reconhecendo o TIT e o poder judiciério, nas decisées ora colacionadas. Quanto a alegacdo (fis. 18) da autoridade fiscal de que o Estado de Santa Catarina concede beneficio fiscat de forma unilateral, néo ha provas de que a autuada, ou qualquer de suas filiais, tenha usufruide de qualquer beneficio. E mesmo que 0 suposto beneficio fosse declarado nulo, 0 imposto seria de competéncia do Estado de Santa Catarina, e ndo do Estado de Sao Paulo. A exigéncia dese imposto pelo fisco paulista caracteriza invaséo de competéncia, e contraria o art. 155, § 2°, inc. IV, da CF/88, ao atribuir as operacées aliquota diversa de 12%. Em recente deciséo o STF reconheceu a competéncia do Estado de . Santa Catarina para exigir o imposto, e o proprio TIT reconheceu, no processo DRT-15-830537/06 (doc. 52), 0 difeito do contribuinte ao | crédito, nas operagdes de mercadorias advindas de outros Estados com beneficios fiscais; 3.2.5. do pedido: requer seja declarado improcedente o auto de infragdo. . 4, Manifestou-se 0 Fisco, as fls. 1003/1007, argumentando: 4.1. tendo previsdo em lei, a multa e os juros so de aplicag&o obrigatéria ao Fisco, nos termos do art. 142, parégrafo Unico, do CTN; 4.2. 0 principio da ndo cumulatividade nao 6 absoluto, sendo regrado pelas. disposigdes da Lei Complementar 87/96, nao observadas pelo autuado; 4.3. tampouco é absoluto o principio da capacidade contributiva, sendo que a prépria Constituiggo alude a sua aplicacdo “sempre que possiver; GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO Tile le SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1015 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU ee] Rubs Processo SF 2011 iin 4.4, no mérito: a legislagdo determina que 0 imposto seja pago ao Estado de destino da mercadoria, no qual ocorteu a entrada fisica. O autuado nao contesta o fato de que o estabelecimento do suposto importador catarinense localiza-se no centro da cidade, constituindo-se apenas de uma sala. Conclui-se que tal estabelecimento nao poderia ser destino fisico da mercadoria, Trata-se de insumos consumidos em atividade industrial, cujo destino somente poderia ser o estabelecimento paulista. Ademais, tais mercadorias sairam diretamente da Zona Primatia com destino ao estabelecimento paulista; 4.5. _ no ha presun¢do e sim constatac&o, sendo que os documentos trazidos pelo autuado nao mudam essa verdade; 4.6. a competéncia para exigéncia do imposto é do Estado de Sao Paulo, nos termos do art. 155, § 2°, inc. IX, letra “a”, da CF/88; 4.7. 0 autuado confessa a acusagdo de que o imposto devido nao foi pago, porém refere-se a outra infragdo, que Ihe seria mais benéfica; 4,8. no caso do rompimento do diferimento, nao hd que se falar em falta de prejuizo ao Estado: 0 imposto nao foi pago no momento determinado em legislagao, cabendo ao langador exigi-[o; 4.9. © imposto objeto do creditamento no é devido ao Estado de Santa Catarina, portanto indevido o seu crédito; E o relatério. Passa-se a decisio 5. Versa 0 AIIM sobre creditamento indevido e falta de pagamento do imposto em operagées de importacéo promovidas por conta e ordem de estabelecimento paulista, nas quais o despacho aduaneiro ocorreu no Estado de Santa Catarina; falta de pagamento do imposto em operagées de industrializagéio para terceiros; ¢ falta de pagamento do imposto em operagdes nas quais houve interrupgéo de diferimento. Em preliminar, 0 autuado questiona a validade da taxa de juros aplicada ao débito fiscal, Porém, conforme o disposto no art. 28, inc. |, da lei 13.457/09, no ambito do processo administrative tributdrio, n&o cabe discusséo sobre a validade dos critérios adotados pelo legislador ou mesmo sobre suposta inconstitucionalidade da norma. Havendo previsdo da referida taxa em lei, como no caso presente (art. 96, da Lei 6.374/89), no cabe questionamento sobre sua aplicabllidade. Da mesma forma, nao ha que se falar em ofensa aos princfpios do nao confisco e da GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO eee SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1016 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU limere Thao] Res Processo SF 76117-71813 2011 capacidade contributiva, uma vez que todas as acusagées se alicergam em legistagéo vigente, plena e eficaz. A alegacdo de violagao do principio da nao cumulatividade do imposto encontra-se analisada juntamente com o julgamento das acusagdes dos itens 5 ¢ 6, do AIIM. 7. Quanto a0 mérito, em relagdo as acusagdes dos itens 4 e 2, do AlIM, a autuada afirma que a autuagéo leva a crer que ela néo emitiu documentos fiscais referentes a servigos de industrializagéo. Porém, da leitura dos relatos das acusagées, as fis. 2, ¢ do relato circunstanciado, as fls. 13/14, constata-se que em nenhum momento o contribuinte foi acusado de nao emitir documentos fiscais. levantamento fiscal foi realizado porque o valor de energia elétrica consumido na industrializagao para terceitos nao foi discriminado nas notas fiscais de saidas em retorno ao autor da encomenda. Diante disso, o AFR autuante utilizou dados fornecidos pelo proprio contribuinte, as fis. 25/27, para calcular a proporgao entre © valor da energia utilizada em industrializagdo para terceiros e o valor total de energia consumida, nos anos de 2008 e 2009, conforme demonstrativo de fis. 20/21. Note-se que o Fisco considerou valor de remessa real para industrializagdo, ajustado em fungSo de estoques inicial e final, o que veio a beneficiar a autuada no calculo do imposto devido. A elaboracao do referido demonstrativo baseia-se na disposigao do art. 509, § 1°, do RICMS/00: Artigo 509 - © movimento real tributavel realizado pelo estabelecimento ‘em determinado periodo poderé ser apurado por meio de levantamento fiscal, em que podergo ser considerados, isolados ou conjuntamente, os valores das mercadorias entradas, das mercadorias saidas, dos estoques inicial @ final, dos servigos recebidos @ dos prestados, des despesas, dos outros encargos e do lucro do estabelecimento, bem como de outros elementos informativos § 1° - No levantamento fiscal poderé ser utilizado qualquer moio indiciario, bem como aplicado coeficiente médio de lucro bruto, de valor acrescido ou de prego unitério, consideradas @ atividade econémica, @ localizagao e a categoria do estabelecimento. (gntou-se) 8, Nao pode ser acolhido © argumento de que 0 método de arbitramento utilizado nao foi submetido ao contraditério. Afinal, a autuada foi devidamente notificada e recebeu cépia integral do AllM, mas nao contestou o referido método quando da apresentacao da defesa. 9. Analisando-se o documento de fls. 26, verifica-se que a autuada considerou todo © valor agregado no processo de industrializagéo como sendo referente & mao- de-obra € custos gerais. Em principio, o langamento do imposto sobre tal valor seria diferido, nos termos do art. 1°, da Portaria CAT n.° 22/2007: Artigo 1° - Na saida de mercadoria com destino a outro estabelecimento GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO paces. Rubicada sab on SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1017 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Tamero 76117-718133 Haar Higa It = Bg Bi Rasta ‘ou a trabalhador auténomo ou avulso que prestar servigo pessoal, num @ noutro caso, para industrializacao, conforme previsto no artigo 402 do Regulamento do Imposto sobre Operagées Relativas & Circulagao do ‘Mercadorias © sobre Prestagdes de Servigos de Transports Interestadual € Intermunicipal e de Comunicagéo, aprovado pelo Decreto n* 45.490, de 30 de movembro de 2000, quando 0 estabelecimento autor da encomenda e 0 industriaizador se localizarem noste Estado, 0 | langemento do ICMS incidente sobre a parcela relativa aos servigos ' prestados fica diferido para 0 momento em que, apés 0 retorno dos ' produtos industrializados ao estabelecimento de origem, por este for promovida sua subsequente saida. 10. No entanto, as fis. 27, a autuada reconhece que nao discriminou o valor da | energia elétrica utilizada no processo de industrializagdo, visto no ter condigdes | técnicas para tal. Ocorre que, conforme itens 5 e 6, da Deciséo Normativa CAT n.° ! 04/2004, energia elétrica 6 considerada mercadoria: Deciséo Normativa n.° 04/2004: §. Determina a Constituigéo Federal de 1988, em seu art. 155, inc. !l, que os Estados tém competéncia para instituir imposto sobre circulagao de ‘mercadorias. A consideragdo de que energia 6 mercadoria fica implicita quando, no inc. X, "b’, do § 2° do mesmo artigo, a competéncia estadual 6 limitada pela imunidade nas operagdes interestaduais com energia elétrica. A norma destaca a imunidade nessas operagées porque rnormalmente elas seriam trivutadas, pois energia em operacao comercial é mercadona. 6. Senéo por raz6es mais diretes, a0 menos em respelto & igualdads tributéria, todo @ qualquer fomecimento de energie, @ n&o apenas a energia elétrica, que & apenas uma das formas de energia, equivale a ‘uma circulagéo de mercadoria. Quanto & energia elétrica, disse o STJ que “6 produzida para ser alienade (operagso de mercancia), sem impego para ser identificada como mercadoria, conceituacao privada, adimilida pela lei tributaria* (RESp 38344/PR, 1* turma, DJ de 31/10/04). 11. Considerando energia elétrica como insumo despendido para executar servigo de industrializagéo, conclui-se que seu valor deve ser tributado na saida da correspondente mercadoria fisica, em retorno ao estabelecimento autor da encomenda, sendo inaplicavel, nesse caso, o diferimento de que trata o art. 1°, da Portaria CAT n.° 22/2007. O entendimento fazendario sobre o tema esta expresso na Resposta a Consulta n.° 1034/2001, item 6: RC n.? 1034/2001 6. Assim, a0 promover a saida do produto industrializado, em retorno ao estabelecimento encomendante, em operagao interna, a Consulente debitar-se-6 do ICMS correspondente aos insumos que empregou no respectivo processo de industrializagao (artigo 402, §§2° @ 3° combinado com 0 artigo 403, ambos do RICMS/2000; artigo 383 do RICMS/1991). A ry Processo SF Foba do erno ubicad sab on GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1018 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Nin ao) Rabies 76117-71813 2011 it Bn 12, 13. 14, 15. energia elétrica, como mercadoria sujeita ao ICMS e que, entre outras utilizagdes, 20 ser consumida no processo industrial, caracteriza 0 que ‘se denomina insumo industrial, deve ser incluida no valor total das mercadorias empregadas pela Consulente no referido proceso produtivo, Procedentes as acusagées dos itens 1 e 2, do AIIM. Ressalve-se, entretanto, que a acusacao do item 2 comporta alteragao, quanto a capitulagéo da infragao: o dispositivo legal infringido 6 o art. 87, do RICMS/00, ao invés do citado art. 87, da Lei 6.374/89. Neste caso, ressalva-se a possibilidade de o interessado efetuar 0 pagamento do débito fiscal com desconto no valor da multa. Em relagao acusagao do item 3, do AIIM, analisando-se as provas juntadas aos autos, conclui-se que € incontroverso o fato de que houve remessa, para contribuinte paulista (a autuada), de mercadorias importadas do exterior, cujo despacho aduaneiro foi realizado no Estado de Santa Catarina, pela empresa Prospera Trading Importagéo (CNPJ 05.421.217/0001-99), situada_naquele Estado. Conforme Di's entre fis. 63/647, verifica-se que a empresa Prospera Trading figurou como “importadora’ das mercadorias, e a filial catarinense da autuada (Plajax Industria E comércio de Plasticos LTDA. - CNPJ 45.341.526/0004-16), como adquirente. Sobre o ICMS devido na importagao, a Constituigéo Federal disciplina em seu artigo 155, inciso Il, §2°, inciso IX: “Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre: bd I operagdes relativas & circulago de mercadorias e sobre prestagées de servigos de transporte interestadual e intermunioipal @ de comunicacéo, ainda que as operagées e as prestagdes $0 iniciem no exterior, bd § 2.° 0 imposto previsto no inciso 1! atenderé ao seguinte: Ll 2X incidiré também: a) sobre a entrada de bem ou mercadoria importados do exterior por pessoa fisica ou juridica, ainda que no seja contribuinte habitual do imposto, qualquer que seja @ sua finalidade, assim como sobre o servigo prestado no exterior, cabendo 0 imposto 20 Estado onde estiver situado 0 domicilio ou o estabelecimento do destinatario da mercadoria, bem ou servigo;” GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO Fade Himes SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Nima or Processo SF 76117-718133 2011 Jette Ranh 74 16. O art. 11, inc, |, alinea “d", da LC n.° 87/96 e 0 art. 36, inc. |, alinea ‘f’, do RICMS/00 estabelecem que sera considerado local da operagao o do estabelecimento no qual ocorrer a entrada fisica das mercadorias: LC 6746 - Art, 11. 0 local da operagéo ou da prestagao, para os efeitos da ‘cobranga do imposto @ definigéo do estabelecimento responsavel, 6: 1 tratando-se de mercadoria ou bem: Ll ¢) importado do exterior, o do estabelecimento onde ocorrer a entrada fisica; RICMS/00 - Artigo 36 - O local da operagéo ou da prestagdo, para efeito de cobranga do imposto e definiego do estabelecimento responsével, 6: I+ tratando-se de mercadoria ou bem. bol ) 0 da situagdo do estabelecimento onde ocomrer a entrada fisica da mercadoria ou bem, importados do exterior e desembaragados; 17. Assim, em relagdo a acusagao do item 3, do AIIM, a luz dos dispositivos legais retro citados, e, considerando ser incontroverso o fato de que as mercadorias em questao foram remetidas para a empresa autuada, situada no Estado de Sao Paulo, conclui-se que o ICMS importagao é devido a este Estado. 18. A autuada argumenta que a regularidade da filial catarinense nao poderia ser afastada pelo Fisco paulisia, e que 0 fato da mercadoria ndo tet transitado por aquela filial no poderia ser considerado inftagao. No entanto, as notas fiscais entre fis. 70/571, emitidas para acobertar remessa de mercadorias da filial catarinense para a autuada, tevela que a primeira constitui-se, em verdade, de esctitério comercial, com enderego em prédio comercial, no qual as mercadorias nao poderiam ter transitado. Corroboram essa conclusao as fotos colacionadas as fis. 18, € as consultas de informagées trabalhistas, juntadas as fis. 48/54, indicando que a filial no possufa empregados. Tal fato (falta de transito das mercadorias pela filial) no € contestado na defesa, que procura justificé-lo, mencionando situag6es, previstas no RICMS/00, nas quais a falta de transito da mercadoria em estabelecimento nao é considerada infrag&o. 19. Ademais, 0 contrato de importagao, entre a empresa Prospera Trading, e a autuada, as fis. 56/62, revela que o real importador das mercadorias era o estabelecimento paulista. Primeiramente, o contrato foi assinado pela autuada, © no por sua filial catarinense. Além disso, varios elementos no contrato indicam o importador de fato: a cldusula primeira estabelece que as mercadorias serao entregues exclusivamente ao contratante (@ autuada); a cldusula segunda estabelece que pregos e outras condigées serdo tratados diretamente entre o GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO ret Rupsada sobane SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU. UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU De imero ho) Ra Processo SF 76117-718133 2014 ein Fog Roamer contratante e seus fornecedores internacionais, sendo frete e seguro também de sua inteira responsabilidade; a cldusula terceira diz que pagamentos de tributos e despesas de nacionalizacéo também sao de responsabilidade do contratante. 20. Assim, constata-se que, na presente operago de importag&o por conta e ordem de terceiros, a empresa que figurou na operacéo como “importadora” n&o exerceu outra fungéo a nao set a de mero despachante aduaneiro, e a filial catarinense atuou apenas como emissora das notas fiscais que acobertaram a dita “transferéncia” das mercadorias para a matriz paulista, uma vez que n&o possui capacidade de recebimento e armazenagem, conforme relatado no paragrafo 18, retro. © real destinatario da mercadoria, aquele que iniciou seu processo de aquisigao e, conseqiientemente, promoveu sua importagao, foi o contribuinte paulista. E ele quem, a partir de sua atividade econdmica, assumiu riscos, fez “circular” a mercadoria, adquirindo-a no exterior para posterior comercializago, industrializagdo ou uso no ativo fixo, operagao esta que jamais teria sido efetuada pela “importadora” ou pela filial, no Ambito de suas atividades, sem iniciativa da autuada. Nesse sentido, o ICMS 6 devido ao Estado de Sao Paulo, no qual est localizado o real destinatario da mercadoria e promovente da importagao. 21. Esse 6 0 entendimento expresso na Resposta a Consulta 129/2003, aprovada pela Decisaio Normativa CAT 3/2009: Ed & Note-se que existe uma s6 “operagéo relativa a circulaggo de mercadorias’, que é a de importagéo, embora dois sejam os seus agentes: um, que empresta 0 seu nome ao despacho aduaneiro, e outro, que realmente tem interesse no negécio juridico que daré origem & “entrada de mercadorla importada do exterior’, fato gerador do ICMS. Mais, este segundo agente, que promove a importag&o por sua conta ¢ risco, quem a LC 87/96, com fundamento na alinea “a’, do inciso Il, do artigo 146 da CF/68, identificou como contribuinte do ICMS. De fato, ele arce, também, com os tributes incidentes na importagéo, ainda que ‘sejam pagos em nome de outra pessoa juridica, esta mera faciltadora da ‘operagao. bd 22, Corroborando também este entendimento sobre destinatério da_mercadoria, seguem transcritos trechos do voto do Ministro Relator Joaquim Barbosa, proferido no RE 405.457/SP: od A parte final do artigo transorito estabelece a competéncia para arrecadagao do ICMS incidente sobre operagdes de importagdo com GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO mee SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1024 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU- Timero 76117-718133 agi i a base no principio da terntorlalidade, cabendo interpretar a expresséo destinatério da mercadoria, bem ou servicos. Como a hipstese de ‘incidéncia do ICMS, nessa modalidade, a operacao de circulagéo de ‘bem amparada por importaggo, 0 destinatério a que alude o art. 155, § 2, IX, da Constituigao 6 0 juridico, isto , 0 destinatério legal da ‘operagéo da qual resulta a transferéncia de propriedade do bem, 0 importador-adquirente. A nogao se contrapée a idéia do destinatério da ‘mera remessa fisica do bem Lp A distingao entre os destinatérios jurldico, fisico e aparente da operagéo 6 ‘elevante como medida de salvaguarda do pacto federativo, especialmente em razio do quadro de agressiva concussio de beneficios fiscais ~ muitas vezes de duvidosa validade — que caracteriza @ guerra fiscal. O critério constitucional de partlha da competéncia tributéria ndo tem como objetivo privilegiar os estados federados que, por quest6es googréfioas e logisticas, concentram as zonas alfandegérias primérias (locais onde oconem por exceléncia os desembaracos aduaneiros). Tampouco 6 possivel considerar jurdicamente valida a esiruturaggo de operagdes que néo se justiicam em seu propésito negocial. 0 eritério constitucional para identificacao do sujeito ativo do ICMS na importacao tem assento na expressao econdmica que grava 0 ato de importacéo do bem e a funcao que ele teré para seu estinatario. Ld ‘As operagées de importagao foram realizadas pelo estabelecimento da recorrente localizado no Estado do Parana (Fis. 160). Néo ha indicacao de que este tenha atuado como mero intermediério da operacao ou cconsignatério das mercadorias, critério utiizado pela Primeira Turma desta Corte, por ocasiéio do julgamento do RE 268.586 (rel. min. Marco Aurélio, DJ’ de 24.05.2008) para reconhecer que o destinatério da mercadoria nao era a empresa importadora. (grifou-se) 23. Tal decisao foi citada em outro recente julgado do STF, assim ementado: EMENTA: TRIBUTARIO. IMPOSTO SOBRE OPERAGAO DE CIRCULACAO DE MERCADORIAS E PRESTACAO DE SERVIGOS. ICMS. IMPORTAGAO. SUJEICAO_ ATIVA ESTADO EM QUE LOCALIZADO 0 DESTINATARIO JURIDICO DAS MERCADORIAS. 1 Segundo orientagao firmada por esta Corte, nas operagdes das quais resultem a importagdo de bem do exterior, o Imposto sobre Circulagéo de Mercadorias @ Servigos ~ [CMS 6 devido ao estado onde estiver situado 0 domiattio ou 0 estabelecimento do destinatério juridico do bem, pouco importando se o desembarago ocorreu por meio de ente ederativo diverso. 2. A pesquisa sobre o “destinatério juridico” nao se GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO ee ‘SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1022 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU- Winer eo] Rabie Processo SF 76117-718133, 2011 ‘esgota no exame formal da estrutura ou do modelo de importagao ou de negécios adotado. Outros dados, como a utlizagéo a ser dada ao bem @ posterlores operagSes de circulacéo, tributadas ou nao, sdo relevantes para desate da controvérsia. No caso em exame, a propria empresa- agravante reconhece que o destinatario dos bens, entidade que iria dar-Ihes fungéo econémica, estava localizado em Taubaté/SP. Nesse sentido, competia. 4 parte-agravante indicar a legitimidade do estabelecimento formaimente apontado como importador, fosse ela ‘econémica, de propésito negocial ou juridice. Agravo regimental a0 qual se nega provimento. RE 600559 AgR/SP. Acérdéo citado: RE 405457. (grifou-se) 24, Recentemente, manifestou-se o Tribunal de Impostos e Taxas de Sao Paulo, em caso semelhante, da seguinte forma Voto fol Logo, na importagéo por conta e ordem de terceiro, embora a empresa trading company se encontre habilitada a realizar desde a intermediagao da negociagéo no exterior, até o desembarago aduanelro da mercadoria, © papel por ela exercido se restringe a ser mandatéria da real Importadora. Significa dizer, & a contratante aquela que pactua a compra e venda internacional, que possui capacidade econémico- financeira para suportar 0 encargo econdmico do prego dos produtos importados e que fornece os recursos para que @ trading company possa recolher os demais tributos, incidentes na importagdo. Portanto, para todos 0s efeitos fiscais, a importadora de fato e de direito é aquela ‘que contrata os servigos, e ndo aquela quo os executa. Ed No caso dos autos, a recorrente realizou operagées de importagéo por conta ordem, sendo o estabelecimento paulista 0 destinatério juridico das_mercadorias importadas. AS empresas contratadas BEST SC IMPORTAGAO E EXPORTACAO LTDA. @ SIDMEX INTERNACIONAL LTDA. atuaram como meras mandatérias, procedendo ao desembaraco das_mercadorias importadas no Estado de Santa Catarina, com a finalidade de usufuir de beneficio concedido por aquele Estado (Regime Especial), conforma exprassamente reconhecido pela recorrente. Portanto, néo ha se falar em operagéo de importagdo pelos estabelecimentos catarinenses e posterior revenda & recorrente, em nova operagéo, desta vez, interestadual. Ocorreu apenas a mera intermedia¢éo das mercadorias importadas, somento com a finalidade dé que estas fossem remetidas ao seu reel destinatério, qual seja, a recorrente. Aliés, no extrato da DI (Declaragao de Importacdo), consta, como 25. 26. 27. 28, 29, GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO ela SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1023 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Nima 76117-718133 ; i adquirente da mereadoria importada a recorrente (fis.. 27), de modo que nao ha qualquer diivida a respeito do real destinatério da mercadoria importada. bd Grifou-se. Recurso Ordinério, Proc. ORT-1000290-34186/09 Procedente, portanto, a acusacao do item 3, do AIIM. Relativamente & acusagao do item 4, do AIIM, verifica-se que, conforme copias de notas fiscais as fis. 650/721, a autuada adquiriu e recebeu paletes e caixas de madeira, em operagées nas quais o langamento do ICMS € diferido para o momento de entrada em estabelecimento de contribuinte, conforme dispée o art. 12, da Portaria CAT n.° 13/2007: Portaria CAT-13, de 12-2-2007 Artigo 1° - Na primeira safda, do estabelecimento fabricante para o teritério do Estado, de carreiéis ou bobinas para cabos, caixas, caikotes, engradados, barrices @ embalagens semelhantes, paletes simples, paletes-caixas @ outros estrados para carga, classificados nos cédigos 4415.10.00 © 4415.20.00 da Nomenclatura Brasileira de Mercadorias - Sistema Harmonizado - NBM/SH, todos de madeira ou fibra de madeira, utlizados no manuseio, aconaicionamento, transporte ou armazenagem de mercadorias, 0 langamento do imposto incidente fica aiferido para o momento. em que ovorrer sua entrada em estabelecimento de ontribuinte, ainda que destinados a uso, consumo ou ao ativo permanente. A autuada nao contesta a infrago, mas procura justificé-la argumentando que nao houve prejuizo ao Estado, pois o custo dos paletes e caixas seria somado no prego de mercadorias cujas saidas seriam tributadas, Tal argumento nao procede: afinal, 0 custo dos paletes e caixas seria superior ao valor consignado nas respectivas notas fiscais, tivesse a autuada recolhido o imposto diferido, conforme determina a legislacao. Nessa hipétese, haveria uma base de célculo maior para © imposto devido nas posteriores saidas tributadas. ‘Ademais, nao ha que se falar em falta de prejuizo ao Estado como elemento apto a elidir obrigagao fiscal, imposta via legislacdo, Procedente a acusagao do item 4, do AIIM. Em relago A acusagao dos itens 5 e 6, do AIIM, ndo ha que se falar em aproveitamento de crédito. O imposto destacado nas notas fiscais, cujas cépias encontram-se entre fis. 70/647, nado pode ser reconhecido para fins de GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO Bearer ‘SECRETARIA DA FAZENDA DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 4024 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU Bo Nimero or Processo SF 8133 2011 creditamento, pois indevidamente recolhido a outro Estado da Federacao, conforme demonstrado nos paragrafos anteriores. Afinal, houve apenas uma operacao, qual seja, a de importacéo pelo contribuinte paulista, sendo assim improcedente falar-se em remessa interestadual, com destaque do imposto a aliquota de 12%, ensejando direito a crédito. 30, Nao procede argumentar ofensa ao principio da ndo-cumulatividade: uma vez constatado que nao houve recolhimento regular, deve-se exigit 0 imposto e glosar © crédito efetuado com base em recolhimento indevido a outro Estado. No mais, no ha controvérsia quanto aos fatos: as cépias do livro Registro de Entradas, as fls. 730/870, indicam que a autuada escriturou como crédito o imposto destacado nas referidas notas fiscais. 31. Observe-se que 6 irrelevante, no contexto das acusagées, conhecer se as operagées ocorreram com beneficio fiscal concedido sem autorizacdo do CONFAZ. Afinal, a inadmissibilidade do crédito néo provém de suposta existéncia de parcela de crédito nao recolhida em fungdo de suposto beneficio fiscal, mas ‘sim do fato de que o contribuinte nao recolheu posto a quem este era devido (Estado de Sao Paulo). Procedentes as acusagées dos itens 5 e 6, do AIIM. CONCLUSAO: Diante do exposto e por tudo mais que dos autos consta, julga-se PROCEDENTE o AIIM n°. 3.154.474.5, de 04/08/2011, por infracdo aos artigos: 58, e 87 (itens 1 € 2); 118, inc. |, alinea “b" (item 3); 116 (item 4); 59, § 2°, e 61 (item 5); 59, § 1°, item 2, e 61, § 8° (item 6), todos do RICMS (Decreto 45.490/00), e RATIFICA-SE a multa imposta na importancia de R$ 3.072,457,00 (trés milhbes, setenta e dois mil, quatrocentos e cinglienta e sete reais), cominada nos termos dos artigos: 627, inc. |, alinea “a’ c.c. §§ 1° € 10, do RICMS/00 (item 1); 85, inc. |, alinea “a” c.c. §§ 1° e 10, da Lei 6.374/89 (item 2); §27, ine. |, alinea “e” c.c. §§ 1° e 10, do RICMS/00 (item 3); 527, inc. |, alinea "Y’ c.c. §§ 1° © 10, do RICMSIOO (item 4); 527, inc. Il, alinea ‘j' c.c. §§ 1° © 10, do RICMS/00 (item 5); € 85, inc, Il, alinea "f c.c. §§ 1° € 10, da Lei 6.374/89 (item 6), sem prejuizo do recolhimento do imposto devido na importancia de R$ 2,990.722,22 (dois milh6es, novecentos e noventa mil, setecentos ¢ vinte e dois reais e vinte © dois centavos). ~A referida deciséo comporta recurso do contribuinte, nos termos da legislagao vigente. - Importa destacar que 0 débito fiscal, expresso em seu valor original, esta sujeito 4 incidéncia dos acréscimos e atualizagées previstos na legislacao aplicavel. - Fica ressalvada a possibilidade de se efetuar 0 pagamento do débito fiscal com desconto igual ao que poderia ter usufruido no decurso de prazo previsto para apresentagao da defesa, nos termos do artigo 13, § 1°, da Lei 13.457/2009. GOVERNO DO ESTADO DE SAO PAULO heen mano SECRETARIA DA FAZENDA settee DELEGACIA TRIBUTARIA DE JULGAMENTO DE BAURU 1025 UNIDADE DE JULGAMENTO DE BAURU. 7 a aa Processo SF 76117-718133 2011 Encaminhe-se ao Sr. Chefe da Unidade de Julgamento, para prosseguimento. UJ Bauru, 13 de outubro de 2011 anf ifer MAURO/HIGASHI Agente Fiscal de Rendas Julgador Fiscal - Fungo Basica

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