No dia 23 de março de 1959, o suplemento Dominical do Jornal do Brasil, (dirigido por Reynaldo Jardim, participante do movimento) publicou o 'Manifesto Neoconcreto', assinado por Ferreira Gullar, Reynaldo Jardim, Theon Spanudis, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape.
No dia 23 de março de 1959, o suplemento Dominical do Jornal do Brasil, (dirigido por Reynaldo Jardim, participante do movimento) publicou o 'Manifesto Neoconcreto', assinado por Ferreira Gullar, Reynaldo Jardim, Theon Spanudis, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape.
No dia 23 de março de 1959, o suplemento Dominical do Jornal do Brasil, (dirigido por Reynaldo Jardim, participante do movimento) publicou o 'Manifesto Neoconcreto', assinado por Ferreira Gullar, Reynaldo Jardim, Theon Spanudis, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark e Lygia Pape.
irremediaveimente para externar aqui a nossa convicgao de que a presente
manifestagao coletiva desse punhado de artistas fervorosos pode sofrer g
cotejo com 0 que, no género, se exibe, atualmente, de mais vivo pelas capi.
tais artisticamente validas do mundo contemporaneo,
MANIFESTO NEOCONCRETO
‘A expresso neoconcreto indica uma tomada de posigéo em face da arte
igurativa ‘geométrica’ (Neoplasticismo, Construtivismo, Suprematismo,
Escola de Ulm) e particularmente em face da arte concreta levada a uma
perigosa exacerbagao racionalista. Trabalhando no campo de pintura,
escultura, gravura e literatura, os artistas que participam desta | Exposicéo
Neoconcreta encontraram-se, por forga de suas experiéncias, na contin-
géncia de rever as posigdes tedricas adotadas até aqui em face da arte
concreta, uma vez que nenhuma delas ‘compreende’ satisfatoriamente as
possibilidades expressivas abertas por estas experiéncias
Nascida com 0 Cubismo, de uma reagéo & dissolvéncia impressionista da lin-
guagem pictérica, era natural que a arte dita geométrica se colocasse numa
posi¢ao diametraimente oposta as facilidades técnicas e alusivas da pintura
corrente. As novas conquistas da fisica e da mecanica, abrindo uma perspec-
tiva ampla para o pensamento objetivo, incentivariam, nos continuadores dessa
revolugdo, a tendéncia a racionalizagao cada vez maior dos processos e dos
propésitos da pintura. Uma nocao mecanicista de construg&o invadiria a lin-
quagem dos pintores @ dos escultores, gerando, por sua vez, reagdes igual-
mente extremistas, de caréter retrégrado, como o realismo magico ou
irracionalista, como Dada e o Surrealismo. Nao resta duvida, entretanto, que,
por tras de suas teorlas que consagram a objetividade da ciéncia e a precisao
da mecdnica, 0s verdadeiros artistas — como 6 0 caso, por exemplo, de
Mondrian ou Pevsner — construiam sua obra e, no corpo-a-corpo com @
expressdo, superaram, muitas vezes, os limites impostos pela teoria. Mas @
obra desses artistas tem sido até hoje interpretada na base dos princi
tedricos que essa obra mesma negou. Propomos uma reinterpretagao do
Neoplasticismo, do Construtivismo @ dos demais movimentos afins, na base dé
suas conquistas de expresso e dando prevaléncia a obra sobre a teoria. Se
pretendermos entender a pintura de Mondrian pelas suas teorias, seremos
obrigados a escolher entre as duas. Ou bem a profecia de uma total integracao
da arte na vida cotidiana parece-nos possivel — e vemos na obra de Mondrian
‘08 primeiros pasos nesse sentido — ou essa integragao nos parece cada vez
mais remota @ a sua obra se nos mostra frustrada. Ou bem a vertical e a horizontal
80 mesmo os ritmos fundamentais do universo e a obra de Mondrian 6 @
aplicagao desse principio universal ou o principio é falho e sua obra se revela
fundada sobre uma ilusao.