Você está na página 1de 1

Crculo Vicioso

Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:


- Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
que arde no eterno azul, como uma eterna vela !
Mas a estrela, fitando a lua, com cime:
- Pudesse eu copiar o transparente lume,
que, da grega coluna gtica janela,
contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela !
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
- Misera ! tivesse eu aquela enorme, aquela
claridade imortal, que toda a luz resume !
Mas o sol, inclinando a rutila capela:
- Pesa-me esta brilhante aureola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Porque no nasci eu um simples vaga-lume?
O Amor
O AMOR, quando se revela,
No se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas no lhe sabe falar.
Quem quer dizer o que sente
No sabe o que h de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a esto a amar!
Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica s, inteiramente!
Mas se isto puder contar-lhe
O que no lhe ouso contar,
J no terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Você também pode gostar