Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
(Versão Final)
Junho/2009
2
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................................. 7
1.1. Um Comparativo de Crescimento entre as Diversas Matérias Primas ............................ 7
1.2. A Definição de Aço Inox ................................................................................................. 8
1.3. Formas do Aço Inox......................................................................................................... 8
1.4. Tipos de Aço Inox.......................................................................................................... 10
1.5. Aplicações do Aço Inox................................................................................................. 14
1.6. Tecnologias de Materiais ............................................................................................... 16
2. O Aço Inox no Mundo........................................................................................................ 17
2.1. A Evolução na Produção Mundial ................................................................................. 17
2.2. Os Principais Produtores Mundiais................................................................................ 18
2.3. O Mercado Mundial por País/Continente ...................................................................... 20
2.4. O Mercado Mundial por Tipo ........................................................................................ 20
2.5. A Previsão Futura do Mercado Mundial por País/Continente ....................................... 21
2.6. A Previsão Futura do Mercado Mundial por Tipo......................................................... 22
3. O Aço Inox no Brasil.......................................................................................................... 23
3.1. A Evolução da Produção Brasileira ............................................................................... 23
3.2. Os Produtores Brasileiros .............................................................................................. 24
3.3. A Cadeia Produtiva Brasileira ....................................................................................... 25
3.4. A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro............................................................... 26
3.5. A Evolução do Consumo Aparente Brasileiro Per Capita ............................................. 27
3.6. Um Comparativo do Consumo Brasileiro Per Capita com Outros Países ..................... 28
3.7. O Mercado Brasileiro de Aço Inox por Aplicação ........................................................ 29
4. O Aço Inox no Estado do Rio de Janeiro ......................................................................... 30
4.1. Unidades Industriais no Estado do Rio de Janeiro......................................................... 31
4.3. O Mercado Aparente de Aço Inox no Estado do Rio de Janeiro ................................... 32
5.1. Necessidades do Pólo..................................................................................................... 34
5.2. A Mão de Obra na ZO MRJ........................................................................................... 35
5.3. Análise Geral ................................................................................................................. 36
5.3.1. Crescimento da Matéria Prima ................................................................................ 36
5.3.2 Crescimento do Mercado.......................................................................................... 36
5.3.3. Segmentos de Mercado............................................................................................ 36
5.3.4. Infra Estrutura Real em Relação à Ideal.................................................................. 36
5.3.5. Possibilidades de Organização do Pólo ................................................................... 37
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 38
3
Quadro 1 - Taxa Média de Crescimento do Consumo Mundial dos Materiais Metálicos ......... 7
Quadro 2 - Principais Elementos de Liga e Impurezas dos Aços ............................................ 10
Quadro 3 - Nível de Desenvolvimento Científico dos Materiais ............................................. 17
Quadro 4 - Principais Produtores Mundiais de Aço Inoxidável Plano .................................... 18
Quadro 5 - Principais Produtores Mundiais de Aço Inoxidável Longo ................................... 19
Quadro 6 - O Mercado Mundial por País/Continente em Milhões de t ................................... 20
Quadro 7 - A Previsão Futura do Mercado Mundial por País/Continente em Milhões de t .... 22
Quadro 8 - A Previsão Futura do Mercado Mundial por Tipo................................................. 23
Quadro 8 - Consumo Aparente Brasileiro por Estado em 2.007.............................................. 33
Tabela 1: Tolerância de Corte dos Respectivos Equipamentos de Corte................................. 37
5
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 4
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERÊNCIAS 50
ANEXOS 52
7
1. Introdução
Este trabalho é fruto da experiência vivida no setor siderúrgico conjugado com a vontade de
contribuir para estudos de desenvolvimento e implantação de pólos de aço inox em cidades
com vocação no Brasil, bem como ajudar no aprofundamento da pesquisa desenvolvida no
Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), coordenada
pela Profa Dra. Renata Lèbre La Rovere.
Entre as diversas matérias primas metálicas utilizadas pela indústria mundial destacam-se:
Aço Carbono, Alumínio, Cobre, Zinco, Aço Inoxidável e Chumbo.
Chumbo
Zinco
Cobre
Aço Carbono
Alumínio
Aço Inoxidável
0 1 2 3 4 5 6 7
%
Embora não esteja indicado no Quadro 1 a taxa média de crescimento dos plásticos, segundo
a Associação de Produtores Plastics Europe, no período de 1950-2005 é de 9,9%. Algumas
características dos plásticos são interessantes: baixa densidade com capacidade de assumir
formas diversas e resistência a corrosão. Por outro lado, possui baixa resistência mecânica em
geral, baixa rugosidade, e sua matéria prima atualmente advém do petróleo – com reservas
finitas. Porém, já pode ser fabricado através do álcool.
seja, é o material que vem apresentando ótima relação custo benefício aliado a versatilidade
para uso nas mais diversas aplicações.
Segundo a TEC – Tarifa Externa Comum o aço inoxidável é definido como as ligas de aço 1
contendo, em peso, 1,2% ou menos de carbono e 10,5% ou mais de cromo, com ou sem
outros elementos.
Segundo a classificação estabelecida por Araújo os aços longos são caracterizados por terem
largura inferior a 300 mm. Portanto, as chapas são materiais planos e as barras e fio máquina
são materiais longos. Nos materiais Longos – a forma que predomina é o comprimento, ou
seja, comprimento é extremamente superior a maior dimensão da seção. Elas podem ser
redondas, quadradas, retangulares, sextavadas e cantoneiras.
Nos materiais Planos – a forma que predomina é a largura, ou seja, largura é extremamente
superior a espessura. Elas podem ser chapas e tiras.
As folhas são materiais planos com espessura menor que 0,3 mm.
As tiras possuem espessura entre 0,3 e 6,0 mm, porém, largura inferior ou igual a 500 mm.
As chapas finas possuem espessura entre 0,3 e 6,0 mm com largura superior a 500 mm.
1
Segundo Chiaverini (1996), aço é uma liga ferro-carbono contendo geralmente 0,0008% até aproximadamente
2,11% de carbono, além de certos elementos residuais, resultantes dos processos de fabricação.
9
E 6,0
S
P
E
S
S
U
R
A
(mm)
Tira Chapa Fina
0,3
Folha
0 0,1 0,3 0,5 0,7
LARGURA (mm)
Fonte: Araujo, L. A. Manual de Siderurgia vol. 2
Planos Longos
10
O nome dos tipos de aço inox deriva do nome da estrutura interna do material. Cada estrutura
interna determina propriedades específicas. A formação da estrutura interna do material é
influenciada pelos elementos químicos que compõem o material. No caso do aço inoxidável,
o Quadro 2 apresenta a atuação dos elementos químicos.
ELEMENTO DESCRIÇÃO
QUÍMICO
Alumínio Al . Forte formador de ferrita. Pode ser usado em aços inoxidáveis
ferríticos para estabilizar a ferrita;
. Aumenta a resistência à formação de carepa a alta temperatura;
. Usado em conjunto com o Ti pode causar endurecimento por
precipitação;
. Forte formador de nitreto.
Carbono C . Forte formador de austenita;
. Aumenta fortemente a resistência mecânica e dureza, particularmente
nos aços martensíticos;
. Afeta negativamente a resistência à corrosão e tenacidade a baixa
temperatura.
Cobalto Co . Aumenta a resistência mecânica e à fluência a temperatura elevada.
Cobre Cu . Aumenta a resistência à corrosão em meios líquidos redutores.
Manganês Mn . Formador de austenita;
. Aumenta a resistência à fissuração da solda com estrutura
completamente austenítica.
Molibdênio Mo . Formador de ferrita e de carboneto;
. Aumenta a resistência mecânica e à fluência em temperatura elevada;
. Melhora a resistência à corrosão geral em meios não oxidantes e a
resistência à corrosão puntiforme
Níquel Ni . Formador de austenita;
. Aumenta a resistência a corrosão geral em meios não oxidantes;
. Em pequenas quantidades, melhora a tenacidade e a soldabilidade de
ligas ferríticas e martensíticas.
Nitrogênio N . Forte formador de austenita;
. Aumenta a resistência mecânica;
. Degrada fortemente a soldabilidade de ligas ferríticas.
Silício Si . Formador de ferrita;
. Melhora a resistência à formação de carepa e à carburização a alta
temperatura.
Titânio Ti . Forte formador de carboneto e nitreto;
11
Estas propriedades específicas vão indicar a melhor aplicação para cada tipo de aço inox. Por
isso, conhecer a estrutura interna do material determina seu tipo e suas propriedades.
• Austeníticos;
• Ferríticos;
• Martensíticos;
• Austeno-ferríticos (duplex);
• Endurecíveis por Precipitação.
Os nomes dos três primeiros tipos é uma homenagem aos descobridores das estruturas
internas. Portanto, o Sr. Austen, o Sr. Ferri e o Sr. Marten emprestaram seus nomes para
definir os tipos de aços inox.
Por meio do Gráfico2 é possível visualizar os tipos de aço inox levando-se em consideração o
percentual de Cromo (abscissa) e o percentual de Níquel (ordenada).
I Austenítico
Q Duplex
U End Precip
E
Martensítico
L Ferrítico
CROMO
Segundo Modenesi (2001), o aço inoxidável austenítico inclui, principalmente, ligas Fe-Ni-
Cr, embora existam ligas em que parte ou todo o níquel foi substituído por manganês e
nitrogênio. Apresentam estrutura predominantemente austenítica, não sendo endurecíveis por
tratamento térmico. Estes aços formam o grupo mais numeroso e utilizado dos aços
inoxidáveis no mundo. Contém entre cerca de 6 e 26% de níquel, 16 e 30% de cromo e menos
de 0,30% de carbono, com um teor total de elementos de liga de, pelo menos, 26%.
Apresentam, à temperatura ambiente, um baixo limite de escoamento, limite de resistência
alto e uma elevada dutilidade. São, entre os aços inoxidáveis, os materiais de melhor
soldabilidade e resistência geral à corrosão. Várias normas identificam os aços inoxidáveis.
As principais são a AISI, ABNT e DIN. A Fotografia2 é a imagem de uma estrutura típica
austenítica.
Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis ferríticos são ligas Fe-Cr predominantemente
ferríticas em qualquer temperatura até a sua fusão. Tem entre 12 e 30% de cromo e um baixo
teor de carbono, em geral, bem inferior a 0,1%. Como não podem ser completamente
austenitizados, estes aços não são endurecíveis por têmpera e sua granulação só pode ser
refinada por uma combinação adequada de trabalho mecânico e recozimento de
recristalização. Apresenta um baixo coeficiente de expansão térmica e uma boa resistência à
corrosão e à oxidação, inclusive a alta temperatura. No estado recozido, com uma granulação
fina, sua dutilidade e tenacidade à temperatura ambiente podem ser consideradas satisfatórias.
A Fotografia3 mostra a imagem de uma estrutura típica ferrítica.
Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis martensíticos são essencialmente ligas Fe-Cr-
C que contêm entre 12 e 18% de cromo e entre 0,1 e 0,5% de carbono (embora em alguns
casos, pode-se chegar até 1%C) e que podem ser austenitizadas se forem aquecidas a uma
temperatura adequada. Devido ao seu elevado teor de liga, estes aços apresentam uma elevada
temperabilidade e podem apresentar uma estrutura completamente martensítica em peças de
grande espessura mesmo após um resfriamento ao ar calmo. São, desta forma, ligas
facilmente endurecíveis por tratamento térmico, sendo usadas, em geral, no estado temperado
e revenido. Sua resistência à corrosão tende a ser inferior a dos outros tipos, sendo, contudo,
satisfatória para meios mais fracamente corrosivos. A Fotografia4 apresenta a imagem de uma
estrutura típica martensítica.
Segundo Modenesi (2001), os aços inoxidáveis endurecíveis por precipitação são capazes de
desenvolver elevados níveis de resistência mecânica pela formação de finos precipitados, em
alguns casos, junto com uma microestrutura martensítica, com ductilidade e tenacidade
superiores a outros aços de resistência similar em conjunção com boa resistência à corrosão e
oxidação. O endurecimento por precipitação é conseguido através da adição de elementos de
liga como cobre, titânio, nióbio e alumínio. De acordo com a estrutura do aço antes do
tratamento de precipitação, estes podem ser divididos em martensíticos, semi-austeníticos e
austeníticos.
Segundo Mansur Neto (2000) e Tebecherani, C.T. P., as aplicações mais comuns dos aços
inoxidáveis considerando as várias ligas são:
• AISI 405: tubos irradiadores, caldeiras, recipientes para indústria petrolífera, etc;
• AISI 406: resistências elétricas;
• AISI 409: escapamentos de automóveis;
• AISI 430: calhas, máquinas de lavar roupa, coifas, revestimento de câmara de
combustão de motor diesel, equipamentos para fabricação de ácido nítrico, fixadores,
aquecedores, portas para cofres, moedas, pias, cubas, baixelas, utensílios domésticos,
equipamento para indústria química, equipamento de restaurantes, cozinhas, adornos
de automóveis, decorações arquitetônicas interiores, peças para fornos, revestimento
de elevadores, etc;
• AISI 430F: fabricação de parafusos, porcas, ferramentas;
• AISI 442: partes de fornos;
• AISI 443: equipamento químico, partes de fornos;
• AISI 444: caixas d água, tanques
• AISI 446: peças de fornos, queimadores, radiadores.
• AISI 301: fins estruturais, correias transportadoras, utensílios domésticos, ferragens,
diafragmas, adornos de automóveis, equipamentos para transporte, aeronaves,
ferragens para postes, fixadores (grampos, fechos, estojos), carros ferroviários.
• AISI 302: gaiolas de animais, garrafas térmicas e esterilizadores, equipamentos
domésticos, tanques de gasolina, equipamentos para fabricação de sorvetes,
dobradiças, equipamentos para laticínios, maquinaria para engarrafamento, tanques de
fermentação,fins estruturais, equipamento para indústria química;
• AISI 302B: elementos de aquecimento de tubos radiantes, partes de fornos, seções de
queimadores, abafadores de cozimento;
• AISI 303: eixos, parafusos, porcas, pregos, eixos, cabos, fechaduras, componentes de
aeronaves, buchas, peças de carburador;
• AISI 304: portões, portas, grades, utensílios domésticos, fins estruturais, equipamentos
para indústria química, naval, farmacêutica, têxtil, papel e celulose, refinaria de
15
• AISI 403: anéis de jatos, seções altamente tensionadas em turbinas a gás, lâminas
forjadas ou usinadas de turbina e compressor;
• AISI 405: caixas de recozimento;
• AISI 409: sistema de exaustão de veículos automotores, tanques de combustível,
• AISI 410: válvulas, bombas, parafusos, fechaduras, tubos de controle de aquecimento,
chapas para molas, cutelaria (facas, canivetes) mesa de prancha, instrumentos de
medida, peneiras, eixos, acionadores, maquinaria de mineração, ferramentas manuais,
chaves, partes de fornos, queimadores, equipamentos rodoviários, sedes de válvulas de
segurança de locomotivas, plaquetas tipográficas, apetrechos de pesca, peças de
calibradores, fixadores;
• AISI 414: molas, lâminas de faca;
• AISI 416: parafusos usinados, porcas, engrenagens, tubos, eixos, fechaduras, hastes de
válvulas;
• AISI 420: cutelaria, instrumentos hospitalares, cirúrgicos e dentários, réguas,
medidores, engrenagens, eixos, pinos, bolas de milho, discos de freio, mancal de
esfera, assentos de válvulas;
• AISI 420F: eixos, porcas e parafusos;
• AISI 431: peças de bombas, esteiras transportadoras, eixos de hélice marítima, peças
de maquinário da indústria de laticínios.
• AISI 440A/440B/440C: eixos, pinos, instrumentos cirúrgicos e dentários, cutelaria,
anéis, válvulas, mancais anti-fricção;
• AISI 442: componentes de fornos, câmara de combustão;
• AISI 446: caixas de recozimento, chapas grossas para abafadores, queimadores,
aquecedores, tubos para pirômetros, recuperadores, válvulas e conexões.
Nivel de
Desenvolvimento
Científico Caracterização Exemplos
Pedra, cobre, meteorito
madeira, couro, borracha,
1 Materiais naturais diamante
Materiais desenvolvidos empiricamente, bronze, aço, latão,
praticamente sem conhecimento
científico ferro fundido, vidro,
2 prévio concreto
Materiais desenvolvidos com auxílio de Al e ligas, Ti e ligas,
conhecimentos científicos Mg e ligas, metal duro,
aços inoxidáveis, durômetros,
termoplásticos, elatômeros,
3 cerâmicas vítreas, ferrite
Materiais projetados, desenvolvidos
quase Superligas, ligas de efeito
que exclusivamente a partir de memória, aços de alta resistência,
vidros metálicos, cerâmicas do
fundamentos científicos tipo
SiAlON, cerâmicas de corte
Al2O3 e
ZrO2, semicondutores, alguns
materiais para reatores nucleares
(UO2, ligas de urânio, ligas de
4 Ag-Cd-In, ligas de zircônio)
Fonte: Padilha (1994)
A primeira corrida de aço inox em escala industrial foi feita na Alemanha pela Krupp em
1.917 para atender a indústria química.
Fonte: ISSF
Desde o início da produção de aço inox em escala industrial a produção mundial cresceu em
torno de 5,7% a.a. de 1.950 à 2.008.
A produção mundial de aço inox em 2.007 atingiu 27.850 mil t de lingotes equivalentes.
Considerando o rendimento médio de 87% para transformar lingotes em produtos (longos e
planos), temos, um total mundial de 24.300 mil t no valor aproximado de US$ 130 bilhões.
Portanto, os produtos longos representam 22% do total mundial, isto é, 5.250 mil t.
CAP.
EMPRESA PAÍS PRODUÇÃO
WALSIN LIHWA Taiwan 0,43
TSINGSHAN China 0,42
SCHMOLZ + BICKENBACH Alemanha 0,35
DONGBEI SPECIAL STEEL China 0,33
VIRAJ India 0,31
ROLDAN + NAS Itália 0,25
COGNE Itália 0,22
PSS China 0,20
OUTOKUMPU Finlândia 0,19
SANDVIK Suécia 0,18
DAIDO STEEL Japão 0,17
SMI (SUMITOMO METALS) Japão 0,17
VALBRUNA GROUP Itália 0,17
NSSC (NIPPON STEEL) Japão 0,15
BAOSTEEL SPECIAL STEEL
BRANCH China 0,14
Fonte: SMR
Os dois produtores com fábricas no Brasil VILLARES METALS – que pertence ao grupo
VOEST ALPINE da Aústria e a PIRATINI que pertence ao grupo nacional GERDAU
possuem capacidade de produção pequena quando comparado aos maiores produtores
mundiais.
2
A União Européia é composta por 27 países: Alemanha, Aústria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca,
Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia,
Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Suécia.
21
Fonte: SMR
Levando-se em consideração taxas médias de crescimento por país para os próximos 6 anos
baseado em estimativas de órgãos econômicos mundiais e sua larga experiência a Steel &
Metals Market Research - SMR fez a seguinte previsão para o mercado mundial por
país/continente em 2.014. O Quadro 7 apresenta esta previsão.
22
A SMR fez uma previsão de como deve ser o mercado mundial por tipo em 2.014. As
variáveis que implicam nas mudanças de tipo de aço inoxidável são: o preço do níquel (que é
utilizado nos tipos austeníticos e duplex) e as exigências da aplicação.
Para esta previsão, a SMR estabeleceu o preço médio da tonelada do níquel em US$ 17.500/t.
O níquel possui cotação na LME e é muito volátil.
Fonte: SMR
Três siderúrgicas no Brasil produzem aço inox: ArcelorMittal Inox Brasil, Gerdau e Villares
Metals.
A ArcelorMittal Inox Brasil produz aço inoxidável plano.A Villares Metals e a Gerdau
produzem somente aço inoxidável longo.
O Mapa1 apresenta a localização das usinas siderúrgicas brasileiras que produzem aço inox.
25
A capacidade de produção de aço inox longo da Gerdau situada em Charqueadas- R.S. para
três turnos é de 50 mil t/ano.
A produção de aço inox inicia-se na extração das matérias-primas principais: minério de ferro,
cromo e níquel.
A partir daí, é processado os aços inoxidáveis planos com a matéria primas citadas acima ou
utilizando-se sucata no lugar do minério de ferro, no caso, dos aços inoxidáveis longos.
A distribuição dos aços inoxidáveis é feita via venda direta de usina para o fabricante de
máquinas, equipamentos e produtos finais ou via distribuição para atendimento das pequenas
indústrias fabricantes.
26
F
P M Ind. Alimentícia
A
R Á Ind. Bebidas
B Ind. Papel
O P D Q Celulose
R R Ind.
D A I U Farmacêutica
O I
U Ç S I Ind. Cosmética
D C Ind. Sucro
T Fe O T R N Alcooleira
A
O U R E A Ind. Petróleo
T N
R Cr I I V S Ind. Química
O Ind.
E N B T Petroquímica
R E
S Ni O E Ind. Transportes
E S Ind. Construção
X Q Civil
P
D S U Ind. Mecânica F
D R Mobiliário
E I Ind. Metalúrgica I Urbano
E O
P N Baixelas/Cutelaria
D
M A Cubas/Pias
P L Linha Branca
O consumo do mercado brasileiro evoluiu de 145.000 t/ano em 1.996 para 369.130 t/ano em
2.008. Neste período (1.996-2.008) a taxa de crescimento do mercado brasileiro foi de 8,1%.
O Gráfico 7 mostra a evolução do consumo aparente per capita de aço inox no Brasil nos
últimos 12 anos.
Nota-se uma evolução constante no consumo per capita. Em 1.980 eram 0,87 kg/hab/ano e em
2.008 foram 1,95 kg/hab/ano.
Os dez maiores PIB mundiais em 2.006 foram: EUA, Japão, Alemanha, China, Reino Unido,
França, Itália, Canadá, Espanha e Brasil.
Os dez maiores PIB per capita mundiais em 2.006 foram: Taiwan, Itália, Coréia do Sul,
Alemanha, Japão, Espanha, França, Canadá, EUA, China.
Portanto, somente Taiwan e Coréia do Sul estão entre os maiores PIB per capita e não estão
entre os dez maiores PIB mundiais.
Somente o Brasil e o Reino Unido estavam entre os dez maiores PIB mundiais e não estavam
entre os dez maiores PIB per capita mundiais. Mas, o Reino Unido era o 11º. Taiwan possuía
em 2.006 o maior consumo per capita mundial de 44,9 kg/hab/ano.
Fonte: ValeInco
29
Concluindo, no caso do Brasil, pode-se notar que o potencial é enorme já que o consumo per
capita ainda é muito baixo e o PIB é enorme.
A análise dividiu-se em aço inox plano e longo. Dentro dos aços inoxidáveis planos - uma
parte vai para tubos, distribuidores e reprocessadores. Estes três segmentos foram estudados
para chegarmos ao demandante final do aço.
No caso do aço inox longo, existe uma primeira divisão barras e fio máquina. Dentro de
barras, a maioria vai para os distribuidores. Para chegarmos ao demandante final tivemos que
pesquisar com os distribuidores. No caso do fio máquina, a maior parte do consumo destina-
se aos trefiladores - que transformam a bitola de 5,5 mm em bitolas menores para as mais
diversas aplicações. Também foi necessário pesquisar com os trefiladores o destino final do
material.
A idéia da divisão do segmento consumidor nos remete ao fato de que necessitamos prever
movimentos futuros, e estes segmentos possuem acompanhamentos detalhados feito pelo
IBGE.
30
O segmento da linha branca é composto de geladeira, freezer, fogão, máquina de lavar roupas,
máquina de lavar louças, coifas, microondas, etc.
O mobiliário urbano é composto de produtos utilizados nas cidades, tais como: ponto de
ônibus, bancos, lixeiras, caixas de correio, protetores de jardim e brinquedos de praças.
O custo benefício do aço inox é mais favorável em aplicações onde o grau de corrosão é mais
severo. Isto se deve ao fato de que a corrosão severa reduz de forma drástica o ciclo de vida
de produtos feitos com material menos nobres.
• Extração de Petróleo
32
FIO
BARRAS MÁQUINA LONGOS CHAPAS TOTAL
ESTADOS t % t % t % t % t %
NORTE (
AM/PA/RO/AP/RR/AC/TO) 0,0 0,0 0 0,0 3.315 1,1 3.315 1,0
SUDESTE 25.123 89,9 10.550 99,5 35.673 92,6 225.067 78,0 260.740 79,7
MG 2.801 10,0 0,0 2.801 7,3 9.515 3,3 12.316 3,8
ES 1 0,0 0,0 1 0,0 11.460 4,0 11.461 3,5
RJ 241 0,9 0,0 241 0,6 3.321 1,2 3.562 1,1
SP 22.080 79,0 10.550 99,5 32.630 84,7 200.771 69,6 233.401 71,4
SUL 2.816 10,1 54 0,5 2.870 7,4 51.944 18,0 54.814 16,8
PR 119 0,4 0,0 119 0,3 8.364 2,9 8.483 2,6
SC 246 0,9 0,0 246 0,6 7.046 2,4 7.292 2,2
RS 2.451 8,8 54 0,5 2.505 6,5 36.534 12,7 39.039 11,9
TOTAL 27.939 100,0 10.604 100,0 38.543 100,0 288.460 100,0 327.003 100,0
Fonte: IBS – Instituto Brasileiro de Siderurgia
O quadro anterior é uma informação referente à venda das usinas aos distribuidores. Porém,
todos os grandes distribuidores estão em São Paulo e possuem filiais em outros estados.
Assim, compram em São Paulo e reenviam o material para o estado onde estão as filiais.
Portanto, existe distorção na informação acima.
Exemplificando:
Quatro distribuidores de aço inoxidável atuam fortemente no Estado do R.J.: Elinox, Artex,
Inoxtech e Cavallo Aços.
Através de consulta aos distribuidores (informação verbal) que trabalham no Estado do R.J
calculamos em torno de 5.000 t de aço inoxidável em estoque e um mercado total de 4.000
t/ano.
5. Considerações Finais
O valor do impacto da matéria prima no custo do produto final pode variar entre 40% e 70%
dependendo da capacidade de compra da empresa e do mercado em que atua. A
disponibilidade da matéria prima na forma, qualidade e preço necessário para dar
competitividade ao produto final fabricado é o primeiro passo para o sucesso do pólo.
Escolas
Design
Indústrias dos
segmentos:
de que - Naval
Distribuidor
Serviço processam
- Mobiliário Urbano
de Corte produtos
- Linha Branca
- Serralheria
- Insturmentos
Cirurgicos
Escolas
|Técnicas
A mão de obra carioca necessitará de um centro tecnológico que possa formar adequadamente
a mão de obra abundante nesta área nas funções e segmentos que o pólo irá demandar.
36
O aço inox possui uma estimativa de crescimento no mercado mundial de 5,7% a.a. e no
mercado brasileiro é de 6% a.a. nos próximos 6 anos. Estes números são altamente
promissores.
O mercado brasileiro possui um consumo per capita muito baixo (ao redor de 1,95 kg/hab/ano
em 2.008). O índice de distribuição de renda vem melhorando no Brasil- o que deve
contribuir para melhorar o consumo per capita de forma mais efetiva do que o aumento da
renda. Além disso, mercados similares ao do Brasil – caso da África do Sul - já possuem
consumo per capita em torno de 3 kg/hab/ano.
• o consumo de aço inox pela indústria instalada no Rio de Janeiro (1,1% do mercado) é
muito inferior ao consumo de produtos de aço inox pela população (o Rio de Janeiro
corresponde em torno de 11,4% do PIB brasileiro e 7,4% do PI brasileiro), ou seja,
grande parte dos produtos em aço inox consumidos no estado do Rio de Janeiro é
proveniente de outro estado ou país.
Portanto, mercado consumidor no estado existe, mas, é suprido por outros estados.
O material aço inox é mais competitivo (em relação à preço) em locais onde o ambiente seja
mais corrosivo, caso, de locais litorâneos ou com alta concentração de indústrias poluidoras.
Distribuição: o interessante seria ter uma filial dos produtores com preço competitivo.
Contudo, o município do RJ já possui um distribuidor independente com estoque suficiente
para atender inicialmente o pólo, porém o importante é a negociação de preços.
Escolas de Design: para alcançar mercados de alto valor agregado é necessário conhecimento
nesta área.
Portanto, embora alguns pontos do pólo devam ser aperfeiçoados, as condições básicas para o
início do projeto estão presentes.
• A configuração radial prevê uma grande empresa com competência técnica para
receber a demanda do cliente e transformá-lo num projeto viável técnica e
economicamente.
• A configuração linear prevê pequenas empresas encadeadas cada uma fazendo uma
função específica. Pode ser desenvolvido via incubadora.
Para um aprofundamento neste tema, ou seja, qual a melhor configuração para o pólo em
estudo é necessário fazer vários levantamentos que não são o foco deste trabalho.
38
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, L. A (1997) Manual de Siderurgia, volume 2, Ed. Arte & Ciência, São Paulo,
1997.
CHIAVERINI, V. (1996) Aços e Ferros Fundidos, Ed. ABM, São Paulo, 1996.
IBGE. Produto Interno Bruto. WWW.ibge.gov.br acessado em 12/11/2008.
IBS (2008) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2008) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (2008) A Siderurgia em Números, Rio de Janeiro.
IBS (2007) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2007) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (2006) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2006) Investimentos e Capacidade Instalada, Rio de Janeiro.
IBS (2005) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2004) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2003) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2002) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2001) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (2001) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (2000) Anuário Estatístico, Rio de Janeiro.
IBS (1998) Mercado Brasileiro de Aço – Análise Setorial e Regional, Rio de Janeiro.
IBS (1991) Empresas Siderúrgicas do Brasil, Rio de Janeiro.
MANSUR NETO, E. (2000) O Que é Aço Inoxidável, Belo Horizonte, 2000.
MODENESI (2001)
PADILHA, A. F. & GUEDES, L. C. (1994) Aços Inoxidáveis Austeníticos, Hemus Editora,
São Paulo, 1994.
TEBECHERANI, C. T. P. Artigo: Aço Inoxidável.
TEC (2008) Tarifa Externa Comum, Ed. Aduaneiras, 2008.
WORLD STAINLESS STEEL STATISTICS (2007), Ed. Inco, Canadá, 2007.
39
ANEXOS
40
19,00 13,00
308 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 19,00 10,00
21,00 12,00
309 0,20 2,00 1,00 0,045 0,030 22,00 12,00
24,00 15,00
3095 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 22,00 12,00
24,00 15,00
310 0,25 2,00 1,50 0,045 0,030 24,00 19,00
26,00 22,00
3105 0,08 2,00 1,50 0,045 0,030 24,00 19,00
26,00 22,00
314 0,25 2,00 1,50 0,045 0,030 23,00 19,00
3,00 26,00 22,00
316 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 M0
18,00 14,00 2,00/3,00
316 L 0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 M0
18,00 14,00 2,00/3,00
316 F 0,08 2,00 1,00 0,20 0,10 16,00 10,00 M0
mín, 18,00 14,00 1,75/2,50
316 N 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 16,00 10,00 M0 2,00/3,00
18,00 14,00 N 0,10/0,16
317 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 11,00 M0
20,00 15,00 3,00/4,00
317 L 0,030 2,00 1,00 0,045 0,030 18,00 11,00 M0
20,00 15,00 3,00/4,00
321 0,08 2,00 1,00 0,045 0,030 17,00 9,00 Ti >=
19,00 12,00 5xC
42
1,20 18,00
501 0,10 1,00 1,00 0,040 0,030 4,00 0,40
min 6,00 0,65
502 0,10 1,00 1,00 0,040 0,030 4,00 0,40
6,00 0,65
(A)Opcional
(B) O aço tipo ABNT 420 pode ser solicitado objetivando carbono nas faixas O,15/0,35 e O,35/0,45 caso se destine a uso geral ou aplicação em cutelaria
respectivamente,http://www.pipesystem.com.br/Artigos_Tecnicos/Aco_Inox/ - TOP
Fonte: Tebecherani, C.T.P. artigo Aço Inoxidável
6630 <= 0,07 <= 0,70 <= 1,50 <= 0,040 <= 0,015 15,0 a 17,0 <= 0,60 3,0 a 5,0 Cu 3,0 a 5,0
6631 <= 0,09 <= 0,70 <= 1,00 <= 0,040 <= 0,015 16,0 a 18,0 6,5 a 7,8 Al 0,7 a 1,5
46
www.igbe.gov.br
47
TEC DESCRIÇÃO II
72.18 Aço inoxidável em lingotes ou outras formas primárias;
produtos semimanufaturados de aço inoxidável.
7218.10.00 -Lingotes e outras formas primárias 8
7218.9 -Outros:
7218.91.00 --De seção transversal retangular 8
7218.99.00 --Outros 8
7219.90.90 Outros 14
440C
X50CrMov15 1.4116
X39CrMo17-1 1.4122
X3CrNiMo13-4 1.4313
X4CrNiMo16-5-1 1.4418
501
502
X5CrNiCuNb16-4 1.4542 630
X7CrNiAl17-7 1.4568 631
Fonte: Euronorm
55
ANEXO 11: COMPARATIVO DO NÚMERO DE UNIDADES INDUSTRIAIS BRASIL x RIO DE JANEIRO EM 2.005
NÚMERO DE UNIDADES INDUSTRIAIS LOCAIS - 2.005
Códigos Número
da Classe de atividades de
CNAE unidades
1.0 locais
BRASIL RJ %
Total................................................................................................. 53 265 9 530 18
carne................................................................................. 691
15.12 Abate de aves e outros pequenos animais
e preparação de produtos de carne............................................................................. 445
15.13 Preparação de carne, banha e produtos de
salsicharia não associadas ao abate
.............................................................................. 169
15.14 Preparação e preservação do pescado e
fabricação de conservas de peixes, crustá-
ceos e moluscos............................................................ 155
15.2 Processamento, preservação e produção de
conservas de frutas, legumes e outros
vegetais............................................................................ 496 40 8
15.21 Processamento, preservação e produção de
conservas de frutas...................................................... 203
15.22 Processamento, preservação e produção de
conservas de legumes e outros vegetais................................................................... 68
15.23 Produção de sucos de frutas e de legumes............................................. 225
15.3 Produção de óleos e gorduras vegetais e
animais ................................................................................... 782 7 1
15.31 Produção de óleos vegetais em bruto................................................... 710
15.32 Refino de óleos vegetais......................................................................... 40
15.33 Preparação de margarina e outras gorduras
vegetais e de óleos de origem animal não
comestíveis............................................................. 32
58
23.10 Coquerias................................................................................. 4
23.2 Fabricação de produtos derivados do petróleo................................................................. 111 23 21
23.21 Refino de petróleo........................................................................ 28
23.29 Outras formas de produção de derivados do
petróleo....................................................... 83
23.3 Elaboração de combustíveis nucleares.............................................. 6 2 33
23.30 Elaboração de combustíveis nucleares...................................... 6
23.4 Produção de álcool ...................................................................... 196 3 2
23.40 Produção de álcool....................................................................... 196
24 Fabricação de produtos químicos ....................................................... 3 582 569 16
24.1 Fabricação de produtos químicos inorgânicos ............................... 783 57 7
24.11 Fabricação de cloro e álcalis....................................................... 12
24.12 Fabricação de intermediários para
fertilizantes......................................................................... 24
24.13 Fabricação de fertilizantes fosfatados,
nitrogenados e potássicos............................................................ 404
24.14 Fabricação de gases industriais............................................................... 177
24.19 Fabricação de outros produtos inorgânicos.......................................... 166
24.2 Fabricação de produtos químicos orgânicos ............................................ 458 26 6
24.21 Fabricação de produtos petroquímicos
básicos............................................................................. 28
24.22 Fabricação de intermediários para resinas
e fibras............................................................................... 44
67
e aço................................................................................... 220
27.52 Fabricação de peças fundidas de metais
não-ferrosos e suas ligas............................................................... 63
28 Fabricação de produtos de metal - exceto máqui-
nas e equipamentos........................................................................... 3 882 896 23
28.1 Fabricação de estruturas metálicas e obras
de caldeiraria pesada............................................................... 552 302 55
28.11 Fabricação de estruturas metálicas para
edifícios, pontes, torres de transmissão,
andaimes e outros fins..................................................................................... 305
28.12 Fabricação de esquadrias de metal........................................................... 184 0
28.13 Fabricação de obras de caldeiraria pesada.............................................. 63
28.2 Fabricação de tanques, caldeiras e
reservatórios metálicos............................................................................. 120 35 29
28.21 Fabricação de tanques, reservatórios metá-
licos e caldeiras para aquecimento
central........................................................................ 94
28.22 Fabricação de caldeiras geradoras de vapor -
exceto para aquecimento central e para
veículos....................................................... 26
28.3 Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e
serviços de tratamento de metais ....................................................... 1 570 188
28.31 Produção de forjados de aço................................................................. 34
28.32 Produção de forjados de metais não-
73
instalações térmicas................................................... 50
29.22 Fabricação de estufas e fornos elétricos
para fins industriais........................................................................... 15
29.23 Fabricação de máquinas, equipamentos e
aparelhos para transporte e elevação de
cargas e pessoas................................................................. 150
29.24 Fabricação de máquinas e aparelhos de
refrigeração e ventilação de usos indus-
trial e comercial.................................................................................................. 252
29.25 Fabricação de aparelhos de ar-
-condicionado.................................................................. 31
29.29 Fabricação de outras máquinas e
equipamentos de uso geral............................................................................ 478
29.3 Fabricação de tratores e de máquinas e
equipamentos para a agricultura, avicultura
e obtenção de produtos animais.................................................................................. 314 15 5
29.31 Fabricação de máquinas e equipamentos
para agricultura, avicultura e obtenção
de produtos animais......................................................... 292
29.32 Fabricação de tratores agrícolas............................................................. 22
29.4 Fabricação de máquinas-ferramenta ..................................................... 173 16 9
29.40 Fabricação de máquinas-ferramenta...................................................... 173
29.5 Fabricação de máquinas e equipamentos de
76
papelão e artefatos............................................................. 30
29.69 Fabricação de outras máquinas e equipa-
mentos de uso específico.................................................................. 316
29.7 Fabricação de armas, munições e
equipamentos militares................................................................................ 15 -
29.71 Fabricação de armas de fogo e munições................................................ 9
29.72 Fabricação de equipamento bélico pesado............................................ 6
29.8 Fabricação de eletrodomésticos ............................................................. 190 15 8
29.81 Fabricação de fogões, refrigeradores e má-
quinas de lavar e secar para uso
doméstico...................................................................... 77
29.89 Fabricação de outros aparelhos
eletrodomésticos............................................................. 113
29.9 Manutenção e reparação de máquinas e equi-
pamentos........................................................................................................ 455 74 16
29.91 Manutenção e reparação de motores, bom-
bas, compressores e equipamentos de trans-
missão............................................................................. 24
29.92 Manutenção e reparação de máquinas e
equipamentos de uso geral................................................... 221
29.93 Manutenção e reparação de tratores e de
máquinas e equipamentos para agricultura,
avicultura e obtenção de produtos
animais........................................................................... 9
78
cinematográficos ................................................................ 84 24
33.40 Fabricação de aparelhos, instrumentos e
materiais ópticos, fotográficos e
cinematográficos............................................................................ 84
33.5 Fabricação de cronômetros e relógios ..................................................... 48 6
33.50 Fabricação de cronômetros e relógios..................................................... 48
33.9 Manutenção e reparação de equipamentos
médico-hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos e equipamentos
para automação industrial.............................................................................. 37 6 16
33.91 Manutenção e reparação de equipamentos
médico-hospitalares, odontológicos e
de laboratório............................................................... 10
33.92 Manutenção e reparação de aparelhos e
instrumentos de medida, teste e contro-
le - exceto equipamentos de controle
de processos industriais...................................................... 9
33.93 Manutenção e reparação de máquinas, apa-
relhos e equipamentos de sistemas eletrô-
nicos dedicados à automação industrial e
controle do processo produtivo........................................... 18
33.94 Manutenção e reparação de instrumentos
ópticos e cinematográficos........................................................................ -
85
1
Neste trabalho considera-se como Zona Oeste apenas a área das regiões administrativas de Realengo, Bangu,
Campo Grande e Santa Cruz. Para diferenciá-la do traçado oficial da Zona Oeste do Rio de Janeiro, que inclui
também as regiões de Guaratiba, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, seu nome, doravante, será sempre grafado em
itálico.
2
ÍNDICE
1. Apresentação do Estudo ...................................................................................................... 4
2. Contextualização do Problema de Pesquisa....................................................................... 4
3. Justificativa ........................................................................................................................... 5
4. Metodologia........................................................................................................................... 6
5. Quadro geral......................................................................................................................... 7
6. Diagnóstico da Região.......................................................................................................... 8
7. Desafios ao Crescimento Econômico da Região .............................................................. 10
8. Estudos Qualitativos sobre a Região ................................................................................ 11
8.1. Potencialidades da região para um pólo metal-mecânico ............................................. 11
8.2. Comércio Exterior ......................................................................................................... 13
8.3. Logística e desenvolvimento econômico ...................................................................... 14
8.4. Uso e ocupação do solo................................................................................................. 16
8.5. Segurança Pública ......................................................................................................... 18
8.6. Educação ....................................................................................................................... 20
8.7. Governança da Zona Oeste ........................................................................................... 22
9. Pontos discutidos no Workshop ........................................................................................ 25
9.1 Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior .................. 25
9.2. Logística e Desenvolvimento ........................................................................................ 28
9.3. Segurança Pública e Uso do Solo.................................................................................. 29
9.4. Educação ....................................................................................................................... 30
9.5. Governança.................................................................................................................... 31
10. Agenda de ações................................................................................................................ 33
10.1. Desenvolvimento Econômico, Pólo Metal-Mecânico e Comércio Exterior ............... 33
10.2. Logística e Desenvolvimento ...................................................................................... 34
10.3. Segurança Pública, Ocupação e Uso do Solo.............................................................. 34
10.4. Educação ..................................................................................................................... 35
10.5. Governança.................................................................................................................. 36
Referências bibliográficas...................................................................................................... 38
ANEXO I - LISTA DE CONVIDADOS DO WORKSHOP DO DIA 15 DE MAIO DE
2009.......................................................................................................................................... 51
ANEXO II - APLICAÇÕES DO AÇO INOX ..................................................................... 53
3
ÍNDICE DE TABELAS
TABELA 6 - Total e variação do número de empregos segundo setores em São Paulo e Belo
Horizonte entre 1998 e 2006 .................................................................................................... 46
TABELA 7 - População e variação percentual entre 1991, 2000 e 2008 no Brasil, municípios
de Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro e nas áreas de planejamento e bairros da AP5
.................................................................................................................................................. 47
TABELA 9 - Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006 ................................................................................................................... 49
1. Apresentação do Estudo
O esforço de pesquisa coordenado pelo IE/UFRJ tem por objetivo contribuir para a
possibilidade de inversão da tendência de crise ocorrida na cidade nas últimas décadas e
sugerir uma agenda que permita a geração de desenvolvimento sustentável na Zona Oeste
com base não apenas nos macroinvestimentos e na expansão imobiliária e populacional que
ocorrem na região, mas com a proposição de ações que incorporem as demandas locais.
O processo de desenvolvimento no Brasil nas últimas duas décadas do século XX foi marcado
pela opção de abandonar um modelo de desenvolvimento coordenado em prol do
fortalecimento das forças de mercado, vistas à época como suficientemente dinâmicas para
liderar e impulsionar este processo. Por conta desta opção, o investimento público em infra-
estrutura foi praticamente paralisado, restando aos estados e às municipalidades atuar como
agentes autônomos na tentativa de usar as isenções do imposto sobre circulação de
mercadorias - ICMS como base de suas políticas para atração dos poucos investimentos
privados em curso, levando a uma verdadeira guerra fiscal.
No caso do Rio de Janeiro, tanto o estado quanto a cidade apresentaram neste período uma
trajetória bastante abaixo da média nacional. Entre 1970 e 2006, de acordo com dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -IBGE, a cidade e o estado apresentaram uma
perda de participação no PIB nacional de respectivamente 62,5% e 31,1% (tabelas 1 e 2
anexas).
Na mesma direção, de acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais - RAIS,
quando se analisa a série mais longa disponível com a mesma metodologia, verifica-se que
entre 1985 e 2007 o estado do Rio de Janeiro é a unidade da federação onde o emprego formal
menos cresce. Nesse período ocorre um crescimento no estado do Rio de Janeiro de 37,1%,
contra um crescimento no estado de São Paulo de 64,0%, em Minas Gerais de 119,8% e no
país de 83,5% (tabela 3 anexa).
Da mesma forma, a cidade do Rio de Janeiro apresenta uma evolução do emprego formal
entre 1985 e 2007 de apenas 11,4%, contra um crescimento na cidade de São Paulo de 31,7%,
na cidade de Belo Horizonte de 68,9%, e que é o menor entre todas as capitais brasileiras
2
A lista completa da equipe, incluindo temas de pesquisa de cada professor e nomes dos assistentes de pesquisa,
encontra-se no final deste documento.
5
(tabela 4 anexa).
É importante deixar claro que a expansão da Zona Oeste não é independente da substância do
conjunto de atividades e da dinâmica da população locais, ambas se retroalimentando pela
dinâmica econômica, ainda que os investimentos industriais e em logística sejam, por sua
natureza, de iniciativa federal e estadual. A definição de uma agenda de desenvolvimento
passa assim pela proposição de políticas de identificação dos setores motrizes da dinâmica
econômica local e das possibilidades de complementaridade entre empresas locais e empresas
de fora da região. Devem também ser pensadas ações de modernização das funções
econômicas da coordenação local dos investimentos públicos (prefeitura e sub-prefeitura), e
de concatenação dos investimentos de infra-estrutura e logística a nível federal com os
interesses locais.
3. Justificativa
A necessidade de realizar pesquisas e propor estratégias para a cidade e para suas regiões
destaca-se também quando observa-se que no Rio, por sua história de centro nacional e capital
6
do país até 1960 3 , ocorre uma forte predominância em suas universidades e centros de
pesquisa da temática nacional e internacional vis a vis a reflexão local.
Na década de 1950 e início dos anos 1960 ocorre o auge da segunda revolução industrial, com
a ampliação do porte das empresas nas metrópoles dos países que se industrializam,
ocorrendo um “derramamento” da instalação de indústrias do núcleo central das metrópoles
para regiões periféricas. No Brasil, por exemplo, ocorre o surgimento do chamado ABC
paulista na região que compreende os municípios de Santo André, São Bernardo e São
Caetano.
Com base nesse argumento - e no fato de que enquanto nos anos 50 a indústria no antigo
estado do Rio crescia acima da média brasileira, a indústria na cidade do Rio de Janeiro
crescia abaixo da média do país - definiu-se uma política econômica centrada em distritos
industriais, visando ofertar terrenos baratos com infra-estrutura e reter o parque industrial na
Guanabara 4 . . Para tanto, foram canalizados recursos e foi criada uma instituição denominada
Companhia Industrial da Guanabara (COPEG) 5 .
Essa política criada no primeiro governo da Guanabara e mantida nos dois seguintes 6 não
levou em consideração, pela carência de reflexões, que o crescimento industrial na periferia
da metrópole do Rio e na Velha Província, ao contrário de em outras regiões, não ocorria pelo
efeito derramamento, mas sim por investimentos estatais no antigo Estado do Rio como os
relacionados à CSN, REDUC, Álcalis e FNM.
Como não havia significativamente indústrias querendo migrar da cidade do Rio de Janeiro, a
política de distritos industriais nos anos 70 não cumpriu seus objetivos, sendo que em 1973
em todo o bairro de Santa Cruz – onde foi criado o maior distrito industrial da Guanabara –
existiam apenas quinze indústrias, o que representa apenas 0,6% do total de estabelecimentos
existentes na cidade 7 .
4. Metodologia
3
Sobre o assunto ver Lessa (2001) e Osório (2005).
4
Até 1960 existiam no atual território do estado do Rio de Janeiro o Distrito Federal e o antigo estado do Rio de
Janeiro e entre 1960 e 1974 passam a existir duas unidades federativas, o que se modifica a partir de 1974 com a
fusão entre a Guanabara e a chamada Velha Província.
5
Sobre o assunto ver Osório (2005) e Perez (2007).
6
Nos quatorze anos de existência da Guanabara os governadores foram Carlos Lacerda, Negrão de Lima e
Chagas Freitas.
7
Sobre o assunto ver Osório (2005) e Barros (1975).
8
As fontes utilizadas foram estatísticas e informações das seguintes instituições: Associação das Empresas do
Distrito Industrial de Santa Cruz (AEDIN); Companhia de Desenvolvimento Industrial (CODIN); Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN); Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);Instituto
Fecomércio; Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP);Instituto Pereira
7
diagnóstico, foi definido um questionário que foi distribuído a 262 empresas da região. Em
seguida, foram realizados diversos estudos qualitativos sobre temas pertinentes ao
desenvolvimento da região. O diagnóstico, os resultados dos questionários e os estudos
qualitativos geraram um texto de agenda de governança e desenvolvimento e uma lista de
ações de fomento ao desenvolvimento que foram discutidos por todas as partes interessadas
(lideranças locais, representantes de instituições públicas e privadas) num workshop no dia 15
de maio do corrente. A lista de presentes ao workshop encontra-se em anexo. Após esta
reunião, os resultados foram consolidados e divulgados ao público em geral. Espera-se que
este trabalho contribua para mobilizar as lideranças locais em torno de ações que promovam o
desenvolvimento econômico sustentável da região e de seu entorno.
5. Quadro geral
Entre 1998 e 2006, a cidade do Rio de Janeiro manteve um crescimento pífio. Do ponto de
vista do emprego formal, por exemplo, ocorre um crescimento para o total de todos os setores
de atividade econômica de apenas 11,6%, contra um crescimento na cidade de São Paulo de
23,7% e em Belo Horizonte de 17,1%. Na mesma direção, para o total da indústria extrativa
de transformação, a evolução do emprego na cidade do Rio foi negativa em 1,5%, contra um
crescimento na cidade de São Paulo de 7,4% e na cidade de Belo Horizonte de 20,1%.
(tabelas 5 e 6 anexas).
Entre 1998 e 2006 a Zona Oeste – devido ao crescimento populacional bastante superior ao
ocorrido na cidade do Rio de Janeiro (tabela 7 anexa) e da ampliação dos investimentos
ocorridos na região - apresenta um crescimento para o total das atividades econômicas e para
a indústria extrativa e de transformação bem mais consistente que o da cidade do Rio de
Janeiro, de respectivamente 29,5% e 12,0% (tabela 5 anexa).
Em período mais recente, a cidade e o estado do Rio de Janeiro vêm apresentando sinais de
incremento do dinamismo econômico, fruto da ampliação de investimentos privados no
estado e de investimentos públicos, como aqueles vinculados aos gastos para o Panamericano
realizado em 2007 e os mais recentes vinculados ao Programa de Aceleração do Crescimento
do Governo Federal (PAC).
No ano de 2008, por exemplo, o estado do Rio de Janeiro e sua capital apresentaram um
crescimento do emprego formal de respectivamente 5,48% e 5,28%, contra um crescimento
para o total do país de 5,01%. Na Zona Oeste, da mesma forma, ocorre uma significativa
dinamização tendo em vista os investimentos imobiliários ocorridos e investimentos privados,
como a obra da Thyssen-Krupp- Companhia Siderúrgica do Atlântico (TK-CSA), as
ampliações da Gerdau e da Michelin e a chegada de novos empreendimentos nos distritos e
zonas industriais de Campo Grande e Palmares 9 .
Passos (IPP); Agência de Fomento do Estado do Rio de Janeiro (InvesteRio); Associação de Empresas
Fabricantes de Aço Inox (Nucleoinox); Ministério do Trabalho e Emprego (MTE0- Relação Anual de
Informações Sociais (RAIS) ; Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) -.Relação Nacional
de Investimentos (RENAI)
9
Sobre o assunto ver documento do Instituto Pereira Passos Área de Planejamento 5: caracterização da região,
diretrizes, propostas e projetos.
8
6. Diagnóstico da Região
No diagnóstico realizado fica claro que a Zona Oeste vem apresentando um significativo
crescimento econômico e populacional e que é a região da cidade com maior densidade
industrial, possuindo forte potencial para o desenvolvimento industrial e tecnológico, ainda
que as atividades comerciais sejam bastante relevantes pela ótica do número de
estabelecimentos e empregos locais, conforme podemos verificar através das tabelas 8 e 9
anexas.
Uma fotografia da região entre 1998 e 2006 mostra um quadro completamente distinto em
relação às suas vocações econômicas e históricas. Em termos de número de estabelecimentos
e empregos, a Zona Oeste mostra uma predominância das atividades comerciais e de serviços,
indicando que a dinâmica populacional de taxas de crescimento bastante mais elevada do que
as do MRJ acabaram desenvolvendo o comércio local e os serviços voltados para a população
em detrimento das atividades industriais locais que se reduziram.
Em 2006, há uma maior relevância dos micro, pequenos e médios estabelecimentos (96%) no
tecido empresarial da Zona Oeste, perfil semelhante ao observado para o MRJ. Em 1998, os
micro e pequenos estabelecimentos eram mais representativos. De uma forma geral as
atividades econômicas localizadas na Zona Oeste são menos intensivas em emprego do que as
atividades do MRJ, refletindo características de maior intensidade de capital das atividades
executadas na Zona Oeste. Os estabelecimentos de médio e grande porte são os principais
geradores de emprego da região, tendo reduzido ligeiramente sua importância entre 1998 e
2006 (de 58,3% para 55,4%).
A faixa etária dos empregados formais da Zona Oeste é inferior ao do MRJ. Mas os
empregados, ainda que tenham melhorado no período entre 1998 e 2006, apresentam um grau
de qualificação e faixas de remuneração inferiores aos do MRJ.
Os principais setores industriais da Zona Oeste são responsáveis por 23,3% do VAF gerado
no MRJ. Em termos de VAF relativo, as principais especialidades da região quando
comparadas com o MRJ são couro peles e assemelhados, metalúrgica, bebidas, velas, sabões e
produtos para limpeza, têxtil, mecânica, editorial e gráfica.
Se for levada em conta uma visão de cadeias produtivas (conjunto de setores relacionados por
relações de compra e venda) e não de setores, percebe-se que a Zona Oeste tem forte
representação na cadeia produtiva metal-mecânica, que abrange a produção de matéria prima
(minério de ferro, cromo e níquel), o processamento de semi-acabados, laminados planos e
longos, relaminados, trefilados e perfilados, a fabricação de máquinas e equipamentos e a
produção de artigos de metal para uso doméstico. Pode-se dizer que essa cadeia produtiva,
além de estar bem representada do ponto de vista produtivo com as indústrias metalúrgicas e
mecânicas na Zona Oeste, tem entre as demais indústrias locais importantes setores industriais
demandantes do aço inox, tais como os setores de alimentos e bebidas, químico e
farmacêutico, editorial e gráfica. Além disso, as exportações locais são realizadas
principalmente pelas grandes empresas e pelo setor de metalurgia. As exportações são
facilitadas pela proximidade de localização dessas empresas com os portos de Itaguaí e do Rio
de Janeiro. A região dispõe assim de atributos interessantes para a instalação de um pólo
metal-mecânico.
Ainda que estes dados possam indicar uma subnotificação de servidores públicos, de toda
forma, é um dado importante não só pelo crescimento populacional que tem ocorrido e pelas
carências de infraestrutura pública existentes, mas também por sabermos que na região existe
uma forte área militar que está em processo de desmobilização. Na RA de Realengo, onde há
a maior densidade militar, ocorreu entre 1998 e 2006 uma queda do número de servidores
públicos de 73,0%.
Além disso, são escassos os canais de intermediação de vendas internas e externas disponíveis
para as empresas locais. As condições deterioradas da malha rodoviária, a escassez da oferta
de transporte ferroviário, a precariedade da infra-estrutura portuária e os entraves burocráticos
locais e direcionados para a exportação são outros desafios importantes a serem superados.
A Zona Oeste não é o principal ambiente econômico das empresas, pois os seus principais
concorrentes localizam-se fora do local e até mesmo do estado do Rio de Janeiro. O MRJ,
entretanto, é um entorno importante para as micro e pequenas empresas, seja no fornecimento
de máquinas e equipamentos seja no fornecimento de outros insumos. O MRJ também se
10
Nesse tipo de análise usa-se normalmente a relação entre a População em Idade Ativa e o número de empregos
existentes. No entanto, esse dado só existe com base nos censos. O último censo disponível é o de 2000 e na
Zona Oeste na atual década ocorre um forte crescimento populacional.
11
revela o principal local das vendas das micro e pequenas empresas da Zona Oeste.
O conteúdo dos estudos qualitativos foi definido em duas etapas. Na elaboração do projeto, os
estudos foram definidos a partir da percepção que a equipe do IE/UFRJ tinha a respeito das
principais questões envolvendo a região. Nesta etapa, foi identificada a necessidade de
realizar estudos sobre comércio exterior; logística e infra-estrutura; ocupação e uso do solo; e
governança.
Após o diagnóstico, foi constatada a necessidade de realizar mais três estudos qualitativos: um
sobre aço inox, tendo em vista o potencial de encadeamento desta cadeia; um sobre educação,
tendo em vista os desafios relativos à qualificação; e um estudo sobre a questão da segurança,
que afeta a atratividade da região.
vista territorial na Zona Oeste – hoje muito concentrada em Santa Cruz –, seja do ponto de
vista da diversificação dos setores industriais, realizou-se um estudo mais aprofundado sobre
a cadeia produtiva metal-mecânica tendo, como produto unificador entre os dois setores, o aço
inox.
O estudo sobre aço inoxidável tem como objetivo avaliar e sugerir uma agenda para a criação
de um pólo metal-mecânico com ênfase na produção deste metal na Zona Oeste do município
do Rio de Janeiro. De acordo com a descrição do produto apresentada na Tarifa Externa
Comum (TEC), o aço inoxidável é definido com a liga de aço contendo, em peso, 1,2% ou
menos de carbono e 10,5% ou mais de cromo, com ou sem mais elementos.
Existem diversas aplicações em termos de geração de produtos com base nos aços
inoxidáveis, apresentadas no Anexo II. A utilização em escala industrial do aço inox passou a
ocorrer no início do século XX para atender à indústria química, tendo como a principal base
a Alemanha e a empresa Krupp. No período entre 1950 e 2008 a produção mundial de aço
inox cresceu em torno de 5,7% ao ano.
Do ponto de vista do consumo, a taxa de crescimento no Brasil entre 1996 e 2008 foi de 8,1%
ao ano. Os principais mercados para o aço inox são transportes, construção civil, linha branca,
metal-mecânica, baixelas e cutelaria, açúcar e álcool, papel e celulose, saúde e alimentação,
química, petróleo e mobiliário urbano. Essa lista engloba setores que já apresentam
proeminência na região como a indústria de alimentos e bebidas, que utiliza equipamentos
fabricados com base no aço inox.
Um ponto que confere vantagem comparativa ao consumo de aço inox no estado do Rio de
Janeiro é que o custo-benefício do aço inox é mais favorável em aplicações onde o grau de
corrosão é mais severo.
No estado do Rio de Janeiro já existem quatro distribuidores de aço inox, que atuam
fortemente: Elinox, Artex, Inoxtech e Cavallo Aços. Um ponto interessante é verificar onde
estão instalados e se seria possível atraí-los para a Zona Oeste.
Aponta ainda que o segmento de mercado mais promissor para o aumento de consumo em
13
larga escala é o de petróleo e gás. Isso traz a necessidade de realizar, como desdobramento
deste trabalho, uma pesquisa junto à Petrobras sobre uma estratégia visando atingir esse
mercado.
O estudo sobre comércio exterior adotou uma dupla abordagem. Em primeiro lugar foi
realizado um diagnóstico quantitativo da inserção internacional da região com base em
informações sobre o universo empresarial exportador e importador, identificado a partir dos
dados primários da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior. Em segundo lugar, foi entrevistada uma amostra das empresas
representativas do conjunto dos estabelecimentos exportadores da Zona Oeste.
Uma primeira constatação é que ocorreu na Zona Oeste um aumento significativo das
exportações, sendo que entre 2005 e 2007 houve um crescimento trienal de 196%. Um
segundo ponto é que a Zona Oeste é exportadora líquida de bens. Um terceiro ponto é que a
expansão das vendas externas e das importações revela uma tendência de aumento da
integração comercial da Zona Oeste com o resto do mundo. Um quarto ponto é que ocorre
uma predominância da RA de Santa Cruz como pólo dinâmico do comércio exterior da Zona
Oeste. Um quinto ponto é a inexistência de vínculos comerciais significativos da RA de
Bangu e, portanto, das empresas ali estabelecidas com o resto do mundo. Esse aspecto pode
sofrer modificações pela ampliação de exportações que estão ocorrendo em empresas como a
FALMEC e também pela possibilidade de implantação de um pólo de metal-mecânica na
região, que pode vir a ser implementado na RA de Bangu.
Um sexto ponto do trabalho aponta que as grandes empresas são as principais protagonistas
do comércio exterior da Zona Oeste; elas foram responsáveis, na média do triênio 2005-2007,
por 83% das exportações e metade das importações. Um sétimo ponto que acreditamos caber
destacar é que no triênio 2005-2006-2007 o setor de metalurgia básica respondeu por 81% das
vendas externas da Zona Oeste. Esses números podem cair pela queda do preço desse setor no
mercado internacional, ao menos no curto prazo, tendo em vista a crise comercial. No entanto,
por outro lado serão incrementados pelo início de operação ao final deste ano da empresa
Thyssen Krupp.
Por outro lado, as empresas apontam que essa vantagem de localização fica prejudicada pelas
condições precárias da malha rodoviária, combinada com a escassez da oferta de transporte
ferroviário.
Um outro ponto no que se refere à política de emprego, as empresas por um lado preferem
utilizar mão de obra local, mas por outro encontram dificuldades pela falta de qualificação no
14
nível exigido. Deve-se ressaltar, no entanto, que nas entrevistas feitas por membros da equipe,
empresas de grande porte da região afirmam utilizar hegemonicamente mão de obra residente
na própria Zona Oeste.
Destaca-se também um grave problema no que diz respeito ao transporte coletivo para a
classe trabalhadora. Grandes empresas na região via de regra – principalmente as localizadas
nos distritos industriais – oferecem integralmente transporte aos seus empregados. Esse ponto
é fundamental para a agenda de desenvolvimento, como será visto nas seções relativas à
governança e segurança pública, pois a ausência de uma correta política de transportes é o que
gera o crescimento das vans de forma caótica, possibilitando também a geração de renda para
manutenção das milícias.
Por último observa-se que há uma pequena participação das pequenas e médias empresas na
atividade exportadora, o que a literatura mostra que não é um problema exclusivo da Zona
Oeste. Sugere-se para a agenda de desenvolvimento a possibilidade de articulação de um
programa e uma governança organizada pelas associações empresariais e pelo SEBRAE,
visando mobilizar as empresas para as atividades exportadoras e a execução de programas de
capacitação, considerando-se inclusive as especificidades e carências das empresas locais.
O estudo que articula logística com políticas industriais e infra-estrutura para a Zona Oeste
mostra que a infra-estrutura tem se tornado uma variável decisiva nas modernas abordagens
de desenvolvimento local e regional. A maior velocidade e capacidade dos computadores em
processar a informação e a sua integração com a rede de telecomunicações reduziram bastante
os custos de transação.
Ainda de acordo com ele, a conectividade das redes de processamento da informação também
atua sob as redes clássicas de logística, como os modais de transporte (rodoviário, ferroviário,
portuário e aeroviário) e devem ser construídas integradas a um plano urbanístico capaz de
induzir a ocupação do solo, visando atender a critérios de política pública.
Do ponto de vista de uma agenda para políticas de apoio direcionadas para a Zona Oeste, deve
ser discutido e aprofundado em uma segunda etapa da pesquisa o exame das atuais políticas
desenvolvidas por instituições, como a CODIN, Investe Rio, BNDES e SEBRAE, e as que
podem vir a ser articuladas dentro de uma política de aprofundamento dos estudos e da
criação de uma governança para a região, conforme proposto pelo trabalho que veremos a
seguir.
Aponta-se ainda uma proposta de se realizar uma articulação entre um programa para o
desenvolvimento econômico na Zona Oeste com as possibilidades existentes na Avenida
Brasil, com base nos espaços urbanos abandonados. Dessa forma, dever-se-ia avaliar formas
de utilização dos vários galpões industriais existentes e que poderiam abrigar atividades de
design, informática, software, artesanato, metalurgia, mecânica e outras. Esses galpões
poderiam ser os locais para a aglomeração de micro e pequenas empresas e projetos de
empreendedorismo. As políticas para apoio a essas aglomerações industriais, serviços,
arranjos ou sistemas locais de produção, teriam que ser articuladas pelas associações
empresariais locais em parceria com a prefeitura e o governo do estado.
Com relação à questão portuária, é de fundamental importância trazer para a pauta a questão
do porto de Itaguaí como hubport brasileiro e latino-americano. Isto está em consonância com
o proposto por Carlos Lessa em Rio de Todos os Brasis, onde afirma que o passado do Rio
seria o porto do Rio e que o futuro seria Itaguaí (antigo porto de Sepetiba).
Dessa forma, propõe-se como agenda de discussão junto ao setor privado e ao governo
estadual e federal a análise da possibilidade de uso de Itaguaí como hubport, mesmo com
todas as utilizações que hoje lá já são efetuadas, tendo em vista a área ainda disponível, como
também o detalhamento e a implantação de uma política de acesso ao porto de Itaguaí.
O estudo sobre uso e ocupação do solo teve por preocupação central apresentar os principais
aspectos de caráter normativo e de oferta potencial de espaços capazes de influir no
desenvolvimento das atividades de interesse do projeto.
Como visto nas seções anteriores, é necessário para uma política integrada de
desenvolvimento econômico-social, pensar as questões de forma sistêmica e em como
integrar políticas de mobilidade social com políticas de uso e ocupação do solo.
Para a análise da situação da ocupação e uso do solo foram usadas as tipologias residencial,
não-residencial e territorial do mercado imobiliário formal. A Zona Oeste é caracterizada pela
existência de extensas áreas onde predominam assentamentos que podem ser classificados de
várias maneiras – irregulares, clandestinos, ilegais, precários ou inapropriados. As profundas
alterações na dinâmica econômica da cidade, com a transferência para a Zona Oeste de
atividades de comércio e serviços não foram acompanhadas na velocidade e na qualidade de
mudanças necessárias na legislação de uso e ocupação do solo, especialmente no que diz
respeito à competição com os usos residencial e industrial. Ou seja, trazer para a pauta a
questão do planejamento e ordenamento urbano na região é de fundamental importância.
No que diz respeito ao serviço de transporte coletivo, a Zona Oeste caracteriza-se pela falta de
integração e complementaridade entre os modos atualmente existentes com forte participação
do chamado transporte alternativo (parte dele regulamentado e parte não regulamentado).
Quanto à rede viária, sua hierarquia não é preservada e o tráfego de carga e de passageiros de
passagem se mistura ao tipicamente local, provocando congestionamentos, desestruturando e
despersonificando ruas e bairros, conforme já apontado em outros textos da equipe.
Com relação à atividade econômica, os dados levantados no cadastro do IPTU indicam oferta
abundante de terrenos na Zona Oeste. A instalação de 800 novas empresas geraria 5 mil novos
empregos e demandaria 800 mil metros quadrados, equivalente a 5% da área dos terrenos da
região. Porém, para atrair empresas para a região, os seguintes atributos da malha urbana são
necessários:
crescimento futuro;
• suprimento adequado e confiável de utilidades: água, energia, combustíveis,
disposição de resíduos sólidos e líquidos, telecomunicações;
• facilidades tecnicamente compatíveis às demandadas pela atividade industrial, como
sistema viário apropriado, estacionamento, pátio de carga e descarga, serviços
comerciais, sociais e jurídicos para empresas;
• regularização fundiária, definição clara e adequada quanto ao uso dos terrenos, ao
tamanho dos lotes, às limitações de emissão de ruído, fumaça, odores, luz, vibrações,
calor e outros impactos indicados na regulamentação;
• gerenciamento integrado da área de localização das firmas, possibilitando a criação de
sinergias, com redução do custo das matérias primas e componentes e utilização da
escala do volume de carga movimentada;
• incentivos para a atração, implantação, desenvolvimento e expansão das atividades
industriais, na forma de redução de impostos, de oferta de tecnologia, de capital e de
infra-estrutura;
• custos adequados para a terra e competitivos para as tarifas por serviços prestados;
• proteção contra o desrespeito às regras estabelecidas, tais como interferências de
residências e outros usos do solo não compatíveis;
• localização de maneira a minimizar efeitos externos indesejáveis nas vizinhanças não-
industriais e reduzir o risco de acidentes.
Propõe-se ainda que seja atualizada e simplificada a legislação urbanística vigente para a área,
visando permitir o desenho de um claro planejamento e estratégia. Com base nisso, detalha
propostas que foram discutidas no seminário do dia 15 de maio, conforme apresentamos
abaixo:
Mudança da legislação
Mudança da legislação, pelo menos nas áreas que continuam regidas pelo Decreto 322/76,
quanto à flexibilização do uso e ocupação com a criação de áreas classificadas como ZR,
passando a permitir algumas atividades próprias de Zonas de Uso Misto e Zonas Comerciais e
de Serviços e Pequenas Indústrias.
Abertura de Logradouros
Quanto aos parâmetros de uso e ocupação do solo a serem adotados, sugere-se a localização
de indústrias de micro e pequeno porte, com adensamento limitado pelas restrições associadas
à fragilidade do meio ambiente mas que, por outro lado, não ignore o processo desordenado
de adensamento em andamento.
Parcelamento
Sugere-se, ainda, o parcelamento de grandes terrenos ociosos que reduza o tamanho dos lotes
em algumas áreas, assim evitando a ocupação irregular, pois seu uso passa a ser produtivo,
além do efeito decorrente do aumento do emprego da população local.
A Zona Oeste é uma das áreas do município com maior incidência de crimes contra a vida e
mostram um acentuado crescimento dos crimes contra o patrimônio nos últimos anos. A forte
presença de milícias, a ausência de policiamento e o ambiente de proliferação de ilegalidades
geram na população moradora e no empresariado local o temor de prejuízo às suas atividades
devido à insegurança da região.
A análise quantitativa com base nas estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP)
mostra que a Zona Oeste teve uma taxa de homicídios superior à média do município em 28%
em 2008. Quando se considera a RA de Santa Cruz esta diferença sobe para 79%. Oito dos 17
bairros da Zona Oeste concentraram 85% dos homicídios dolosos da região registrados de
janeiro de 2004 a julho de 2008 (este é o período coberto pelos microdados do ISP. Nesse
período, registraram-se homicídios dolosos em 902 diferentes ruas ou logradouros da Zona
Oeste. As maiores frequências foram na Avenida Brasil e na Avenida Cesário de Melo. A
Zona Oeste registra uma relação de 50 civis mortos para cada policial morto em serviço, o
dobro da verificada no conjunto do município e 63% a mais que no estado como um todo
durante o mesmo período. O total de roubos (assaltos) registrados aumentou entre 2000 e
2008 na região, acompanhando o crescimento havido no município e no estado como um
todo. Na RA de Bangu, porém, o aumento dos assaltos foi bem superior à média. As
modalidades mais numerosas na Zona Oeste foram roubo de veículos e roubo a transeunte.
A CPI da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro que investigou a ação das
milícias, concluída em novembro de 2008, identificou no Município do Rio de Janeiro 128
áreas dominadas por esses grupos criminosos armados, em 48 bairros. De acordo com a CPI,
os bairros da cidade com maiores números de locais nessa condição ficam na Zona Oeste:
19
Campo Grande (16 áreas), Santa Cruz (15) e Realengo (10). Embora com quantidades
menores, três outros bairros da região também figuram na lista: Bangu (3 áreas dominadas),
Inhoaíba (2) e Sepetiba (1) 11 .
Nas entrevistas qualitativas feitas na Zona Oeste, a falta de segurança aparece como um dos
principais problemas da região, junto ou logo atrás de logística, transporte público e
educação/capacitação.
As lideranças ouvidas nas quatro RAs enfatizaram quase sempre os assassinatos e os assaltos
a pedestres e a motoristas como indicadores mais evidentes da insegurança na área, o que é
confirmado pelas estatísticas do ISP. Nas entrevistas, ficou claro que, embora as milícias
possam ter sido de início percebidas como fator positivo para a segurança, ou como “mal
menor”, face à ausência do poder público nas áreas carentes, hoje prevalece o entendimento
de que se trata de grupos criminosos, cujo principal objetivo não é a “autodefesa
comunitária”, mas o lucro, por meio da exploração ilegal do comércio e dos serviços
destinados às camadas populares. Também há a percepção de que tais grupos possuem projeto
político, empenhando-se na criação e manutenção de “currais” eleitorais, e na eleição de
chefes ou aliados para cargos legislativos do estado e do município. Em suma, tudo indica que
as milícias não são mais pensadas como possível solução, mas sim como obstáculo – e dos
mais sérios – para a melhoria da segurança pública e para o desenvolvimento sócio-
econômico da Zona Oeste.
11
Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro. Relatório final da Comissão Parlamentar de
Inquérito destinada a investigar a ação de milícias no estado do Rio de Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Rio de
Janeiro, 2008.
20
8.6. Educação
Uma análise puramente técnica dos cursos oferecidos sugere que não houve uma preocupação
com o atendimento às demandas econômicas locais, e nem uma relação mais direta com o
parque industrial já instalado. No entanto, essas conclusões devem ser sustentadas por um
trabalho de pesquisa mais profundo, com a preocupação de investigar o processo de criação
dos cursos e os fatores que nortearam suas escolhas.
Um outro ponto destacado é a carência de cursos técnicos de nível médio em área de forte
importância econômica na região, como comércio varejista, administração de imóveis e
serviços de alojamento, pois há pouca ou nenhuma oferta de cursos técnicos vinculados a
essas atividades tais como: técnico em comércio, técnico em vendas, técnico em logística e
técnico em hospedagem.
No que diz respeito aos cursos superiores existentes, um primeiro aspecto que salta aos olhos
é a carência de cursos de bacharelado em engenharia na Zona Oeste. O documento do grupo
da educação destaca também a predominância da área de saúde na oferta de cursos de nível
superior. Uma outra área de concentração é a área ligada às carreiras do magistério.
Na área industrial verifica-se que a oferta de cursos superiores na Zona Oeste é reduzida e
pouco variada, não atendendo às demandas, principalmente no que tange à indústria de
transformação. Recentemente, numa ação importante para a região, o governo do estado do
Rio de Janeiro criou o Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (UEZO), que já oferta
desde 2005 12 graduação tecnológica em Produção em Siderurgia, Polímeros, Gestão da
Construção Naval e Offshore, Produção de Fármacos, Biotecnologia e Sistemas de
Informação. Para contribuir com a expansão do parque industrial da Zona Oeste é
fundamental que as instituições de ensino repensem seus cursos e contemplem as áreas de
plásticos, siderurgia, metalurgia, automação e instrumentação.
Acredita-se que um ponto importante para uma agenda de desenvolvimento da Zona Oeste é a
criação de um fórum na área educacional pela UEZO, CIEZO e demais instituições de ensino
instaladas na região, com participação das entidades empresariais e de representantes das
escolas técnicas, tanto públicas quanto privadas. Isso permitirá detalhar uma agenda que dê
12
Sob o assunto ver o relatório de pesquisa Questões de Governança: Alternativas para Criar uma Câmara de
Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro.
22
O diagnóstico realizado sobre a Zona Oeste, apontou com clareza a existência de baixa
qualificação da mão de obra, de baixos salários e menor faixa etária no total de trabalhadores,
vis-à-vis o quadro existente na cidade do Rio. No entanto, entende-se que essas características
devem-se não só às carências, mas também às características exigidas nas atividades
hegemônicas na região em exame.
Atividades como as vinculadas ao comércio varejista, que permitem via de regra a utilização
de profissionais com menor qualificação, menor faixa salarial e menor faixa etária, empregam
na Zona Oeste 32,1% dos trabalhadores, contra um percentual de empregados nessa atividade
relativamente ao total de trabalhadores na cidade do Rio de Janeiro de 16,6% (tabela 8 anexa).
Além disso, os dados da RAIS não mostram o nível educacional das pessoas em idade ativa
que residam na Zona Oeste, mas sim das que lá trabalham. Como existe uma importante
parcela de moradores da Zona Oeste que trabalham em outras regiões da cidade do Rio de
Janeiro, é importante verificar nos desdobramentos da pesquisa a qualificação dos que lá
moram e que poderão vir a ser aproveitados na própria região, na medida em que as atividades
econômicas dentro da política proposta venham a ser amplificadas.
Ou seja, a definição de uma agenda educacional para a Zona Oeste deve levar em
consideração as atividades já existentes; as que podem vir a ser atraídas para a região dentro
da estratégia definida; as ofertas na área educacional existentes; e a qualificação disponível na
região, seja com relação aos que lá já trabalham, seja com relação aos que atualmente apenas
residem na região.
Os estudos citados anteriormente tornam claro que a alavancagem das ações propostas só será
vitoriosa com forte protagonismo e articulação das lideranças locais, construindo uma
governança para a região em exame.
Se a Zona Oeste por um lado possui forte densidade populacional e força eleitoral, por outro
lado, conforme apontado no diagnóstico geral do trabalho, possui precários indicadores de
desenvolvimento e qualidade de vida 13 .
13
A Revista da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande, chamada “Suce$$o Comercial &
Empresarial”, no número de setembro e outubro de 2008 aponta, também, a importância da Área de
Planejamento 5 no total de ICMS arrecadado na cidade do Rio. De acordo com os dados existentes na revista,,
no primeiro semestre de 2008 a região foi responsável por 22,1% do total de ICMS arrecadado pelo governo do
estado com base no valor adicionado na cidade do Rio.
23
para a região.
O caso de Santa Cruz atualmente é, no mínimo, bastante paradoxal. Por um lado concentra
um conjunto de médias e grandes empresas de alta produtividade e geração de riqueza, e por
outro um dos piores IDHs entre todas as Regiões Administrativas da cidade do Rio de
Janeiroe o pior entre as quatro RAs da Zona Oeste. Isso reforça também a necessidade de
serem pensadas, do ponto de vista econômico, políticas de encadeamento econômico e
geração de emprego a partir das grandes e médias empresas ali instaladas. Esse ponto é
também reforçado pelo fato de que, conforme apontado no diagnóstico, as grandes empresas
da Zona Oeste geram menos empregos relativamente ao que ocorre nas grandes empresas da
cidade do Rio de Janeiro. Ou seja, são mais intensivas em capital.
Com relação ao assunto vale lembrar que a TK-CSA, que está em término de construção e
preparação do início da operação, hoje possui em torno de 25 mil pessoas trabalhando
cotidianamente em seu território sob as mais diversas modalidades e que partir do final deste
ano passará a gerar apenas em torno de 3,5 mil empregos diretos.
Os pontos elencados parágrafo anterior já haviam sido apontados na seção sobre logística, no
que diz respeito a uma estratégia para a Avenida Brasil, e na seção de ocupação e uso do solo,
sobre o protagonismo e capacidade de iniciativa que a Zona Oeste deve buscar.
24
A SMU/RJ faz propostas também para Realengo, tendo em vista as Olimpíadas militares de
2011, já confirmadas, e a possível realização das Olimpíadas de 2016 na cidade do Rio de
Janeiro.
É importante trazer o caso de Realengo para a agenda, pois a estratégia atual das Forças
Armadas é de diminuir a presença militar na região e na cidade do Rio de Janeiro. Quando os
dados de Realengo são analisados tomando-se como base as estatísticas da RAIS, verifica-se
uma significativa redução do número de funcionários públicos nessa RA.
Por outro lado, por conta dos Jogos Pan-Americanos de 2007 já foram realizados diversos
investimentos, construindo instalações permanentes relativas à prática de hipismo, tiro
esportivo, tiro com arco e prática de hóquei sobre grama. Além disso, no curto prazo essas
instalações serão aproveitadas para a realização das Olimpíadas Militares de 2011, já
confirmadas. Essas Olimpíadas mobilizaram no último evento em torno de 6 mil atletas de 87
países.
Com relação a esse ponto, o desafio é engendrar negociações com o governo federal, estadual
e municipal de forma a estabelecer uma estratégia que permita que a região venha a se
beneficiar dos investimentos realizados, minorando os efeitos da desmobilização militar.
Com relação à agenda de desenvolvimento para a Zona Oeste, o estudo sobre governança
destaca iniciativas já existente vinculadas a instituições como SEBRAE, Secretaria de
Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro,
Caixa Econômica Federal, NUCLEP, FIRJAN, FECOMÉRCIO-RJ, PETROBRAS,
ELETRONUCLEAR, MICHELIN, LIGHT e TK-CSA. Aponta, no entanto, que é necessário
sistematizar uma política que integre a vida das grandes empresas ao cotidiano da Zona Oeste,
conforme já apontado, visando gerar encadeamentos, empregos e maior dinamismo
econômico endógeno na região.
Destaca ainda que a política não pode se limitar ao aspecto econômico stricto sensu. É preciso
lembrar que hoje a Zona Oeste é não apenas a principal fronteira de expansão das atividades
industriais na cidade do Rio de Janeiro, como também é a principal fronteira de expansão das
favelas. De acordo com dados obtidos em exposição de Sergio Besserman Viana, os dez
bairros com maior crescimento absoluto em área de favela entre 1999 e 2004 são, pela ordem,
Guaratiba (com uma ampliação de 0,3 km2, o que corresponde a 22,7% da sua área de favela
em 1991), Senador Camará, Santa Cruz, Acari, Jacarepaguá, Paciência, Campo Grande,
Recreio dos Bandeirantes, Pavuna e Bangu. Além disso, os investimentos que atualmente
ocorrem provavelmente reforçarão essa tendência.
Como ponto positivo, cabe observar que engana-se quem acredita que a Zona Oeste seja uma
região sem história, sem identidade e sem laços sociais fortes por parte das suas comunidades.
Finalmente, tendo em vista os elementos supra mencionados, cabe indagar “Por que não
considerar a alternativa de constituir uma Câmara de Desenvolvimento da Zona Oeste
do Rio de Janeiro?”.
1. Entre os participantes ficou claro que levando em conta uma visão de cadeias produtivas
(conjunto de setores relacionados por relações de compra e venda) e não de setores, percebe-
se que a Zona Oeste tem forte representação na cadeia produtiva de metal-mecânica:
compreende da produção de matéria prima (minério de ferro, cromo e níquel), processamento
de semi-acabados, laminados planos e longos, relaminados, trefilados e perfilados, até
fabricação de máquinas e equipamentos e artigos de metal para uso doméstico. Pode-se dizer
que essa cadeia produtiva, além de estar bem representada do ponto de vista produtivo com as
indústrias metalúrgicas e mecânicas na Zona Oeste, tem entre as demais indústrias locais
importantes setores industriais demandantes do aço inox, tais como os setores de alimentos e
bebidas, químico e farmacêutico, editorial e gráfica. Dessa forma pode-se identificar a cadeia
produtiva de metal mecânica é capaz de provocar efeitos de encadeamentos fortes nas demais
indústrias locais ou como fornecedora de equipamentos que precisem de proteção contra a
corrosão ou como fornecedora de insumos. Na discussão ficou claro entre os participantes que
a consideração da abrangência da cadeia produtiva (considerar o foco metal mecânica e não o
aço inox) é básica para o sucesso do projeto. Para corroborar a relevância desse ponto foi
relatado, pelo representante do governo estadual, o insucesso da implantação do pólo de
alumínio capitaneado pela Vale Sul e hoje totalmente desativado.
Outras indústrias que poderiam ter forte encadeamento na cadeia produtiva de metal-
mecânica, mas que hoje ainda são incipientes na Zona Oeste, seriam a indústria de construção
civil (infra-estrutura urbana e uso em imóveis residenciais) e a indústria do petróleo
(principalmente através da indústria naval), ambas tem um potencial futuro de expansão que
eventualmente mereceriam ser estudados. Em relação à indústria de construção civil, devido a
ausência de representantes da mesma, não foi apresentada nenhuma proposta. Contatos
realizados durante o evento confirmam a importância de detalhamento de alguma ação
voltada para a indústria de construção civil, que ainda que não esteja localizada na Zona
Oeste, pois essa vem fazendo vários lançamentos nessa região.
Foi também apresentada a idéia de procurar um maior estreitamento das relações com o
Centro Tecnológico do Exército, instalado na região. Eles são também importantes
demandantes de aço inox como insumo industrial.
2. O próximo ponto discutido foi como aproximar as micro, pequenas e médias empresas das
grandes de forma que estas empresas possam ser fornecedoras das grandes empresas da cadeia
de metal-mecânica da região. Existe, segundo os participantes, um problema importante de
visibilidade dessas empresas por parte do comprador. O pequeno empresário não consegue se
fazer visível também porque não tem acesso aos fornecedores. A maior parte dos
fornecedores e dos departamentos de compra das grandes empresas localiza-se fora da região
de estudo. Já existe um estudo feito pelo grupo do Plano Estratégico, que está disponível para
atualização, sobre a disponibilidade de oferta de produtos e serviços. O principal centro
fornecedor é São Paulo.
Neste sentido foram identificados dois níveis de problemas: um primeiro nível que diz
respeito à formalização e legalização fiscal das empresas que as impede de se candidatar aos
programas de capacitação e financiamento. É importante ressaltar que sem este trabalho o
oferecimento de programas de capacitação e financiamento para essas empresas serão
inacessíveis, pois elas não apresentam os requisitos mínimos exigidos: estar legalizada e estar
com as obrigações fiscais em dia.
27
Proposta: criar um centro de serviços capaz de esclarecer as empresas em como atingir esses
objetivos (legalização jurídica e fiscal) nos moldes do que está sendo feito no “poupa tempo”,
programa apoiado pelo Sebrae e pelo governo de estado, focado no cidadão. Esse centro
poderia ser abrigado pelas associações comerciais/industriais da região. A vantagem seria
permitir ao empresário dispor de todas as informações reunidas em um só local através do uso
de tecnologia de informação. Poderiam também ser planejados por esses centros várias
semanas legais, onde os Bancos presentes na reunião (Banco do Brasil e Caixa Econômica)
poderiam prestar assistência aos interessados sobre, por exemplo, os aspectos fiscais
necessários para a legalização das empresas. O Sebrae poderia contribuir com a s informações
necessárias para a formalização jurídica das micro e pequenas empresas.
O segundo nível de problemas diz respeito à capacitação empresarial das micro, pequenas e
médias empresas. Todas as empresas que querem ser fornecedoras de grandes empresas, ou
fornecedoras de empresas que exportam, ou exportadoras precisam estar produzindo de
acordo com as exigências de uma empresa de classe mundial. Essas exigências envolvem
instrumentos de gestão (qualidade e iso’s) e instrumentos técnicos (metrologia e tecnologia).
3. O terceiro ponto discutido refere-se às políticas e incentivos necessários para atrair boas
empresas para a região, inclusive os fornecedores. Entre os pontos mais importantes
destacados foi a importância da criação de áreas industriais específicas para a instalação de
empresas e a mudança que isso acarretaria no código de urbanismo das regiões
administrativas envolvidas. Em relação aos incentivos fiscais foi constatado que existem
incentivos fiscais específicos para a cadeia produtiva de metal-mecânica que poderiam ser
buscados pelas empresas locais. Um outro ponto importante seria o apoio governamental na
criação de infra-estruturas, como os centros acima propostos. O uso de incentivos fiscais para
atração de empresas, na visão de alguns participantes, é menos importante do que o
desempenho econômico de uma região. A pujança econômica de uma região é um forte
atrativo para outras empresas. É importante ressaltar que essa não é uma visão liberal de
aversão à participação do estado, mas a crença de que políticas voltadas para a consolidação e
modernização das empresas são mais eficazes do que a concessão de incentivos fiscais, ainda
que a isonomia tributária precise ser assegurada. Um outro ponto importante foi o aumento da
oferta de crédito local. Os bancos presentes podem desenhar, quando solicitados, uma política
específica para o financiamento das empresas atuais e das potenciais investidoras.
4. Aspectos propostos, mas não discutidos: o perfil das empresas industriais e de serviços
industriais a serem criadas e as qualificações necessárias para ampliar o número de empresas
exportadoras e das regiões administrativas que exportam. Acredita-se que o primeiro ponto
seja dependente do mapeamento das atuais empresas industriais e de serviços e de suas
competências atuais. A demanda das empresas para a contratação de fornecedores tanto atual
28
como futura, estudo ainda a ser realizado, também auxiliará na construção desse perfil de
micro e pequenas empresas desejadas.
Em relação a ampliação das exportações além das necessidades acima apontadas que poderão
ser preenchidas com as propostas apresentadas de legalização e capacitação, seria necessário
se discutir um serviço de inteligência competitiva de visibilidade do mercado externo.
Contatos com a Apex são muito importantes.
4. Ainda sobre portos, considerou-se relevante definir ações visando à integração dos portos
do estado do Rio de Janeiro – Itaguaí, centro do Rio e Açu – de forma a propiciar ganhos de
eficiência no transporte e distribuição de mercadorias.
5. O grupo também discutiu intervenções na malha viária dos bairros, como por exemplo o
plano que a CET-Rio fez para Campo Grande. Estas intevenções devem considerar a melhoria
da circulação dentro dos bairros e o aumento de eixos norte-sul.
Proposta: Instalação de galpões para abrigar arranjos produtivos locais, prevendo incentivos
fiscais municipais e estaduais (ISS, ICMS, IPTU, ITBI, IPI).
1. O primeiro ponto discutido pelo grupo foi o da questão ambiental em relação à ocupação e
uso do solo. Em primeiro lugar, foi mencionada a pressão urbana exercida principalmente
sobre as unidades de conservação dos Maciços da Pedra Branca e do Mendanha e sobre os
mangues de Guaratiba. Em segundo lugar foi levantada a questão dos passivos ambientais; e
da falta de uma política de ocupação industrial que evite os prejuízos sobre a saúde da
população. Foi citado como exemplo o caso da determinação governamental de promover a
destinação dos resíduos nos bairros de Paciência e Bangu. Tal decisão reflete o fato de a
regulamentação do uso do solo se dar sem que seja do conhecimento e da participação das
comunidades, pois os EIA e RIMA não chegam à população. Foi relatado também que
ocorreu no dia primeiro de maio um protesto contra a fábrica da Thyssen, em razão da
ausência de um plano de controle ambiental. Foram ainda mencionados estudos que
comprovam a migração da ilha de calor de Bangu para Campo Grande. Na discussão destes
aspectos pelos componentes do grupo, foi informado que o estado do Rio de Janeiro possui
um diagnóstico específico sobre os resíduos industriais.
2. O segundo ponto discutido pelo grupo foi a necessidade de soluções de caráter sistêmico
para a região. O grupo concorda que há abundância de espaços disponíveis, faltando a
articulação entre os espaços, sendo necessários a criação e expansão de logradouros e
investimentos em infra-estrutura viária para permitir a reversão do processo de transporte de
baixa qualificação. Foi observado que, nos planos de estruturação urbana da região (Bangu e
Campo Grande), a preocupação da Secretaria de Urbanismo é a de permitir a mistura de usos,
com predomínio da ocupação residencial e menor índice de uso para comércio e serviços. Não
houve até o momento uma política de desenvolvimento econômico e de transporte específica
para a região, o que empurrou as empresas na direção do cinturão agrícola, onde havia
terrenos de baixo custo. Não houve uma política de oferta de empregos, nem a identidade da
população com o ambiente, nem um elo cultural. Um dos exemplos desse choque foi a
expulsão das colônias de agricultores japoneses, decorrente da mudança veloz e sem critério
do padrão de ocupação agrícola para o industrial. Todo esse processo gerou uma cultura de
ocupação irregular, de expulsão com decréscimo da qualidade de vida. O Conjunto Nova
Sepetiba é um exemplo desse tipo de processo danoso, no qual a integração com as demais
áreas é feita de maneira desarticulada. Todos esses aspectos contribuem para a expansão da
violência. Programas federais como o Minha Casa Minha Vida podem contribuir de maneira
negativa para a região, pois replica o mesmo padrão do Nova Sepetiba.
Propostas: Revisão do Plano Diretor do Município do Rio de Janeiro, com utilização dos
30
3. A discussão dos problemas de segurança gerados pela ocupação irregular mostra que o
binômio desenvolvimento econômico e segurança pública deve ser estudado de maneira mais
aprofundada. Quando não há desenvolvimento as necessidades de segurança pública
aumentam. È gerado então, um círculo vicioso, no qual as atividades que podem contribuir
para a redução do problema da violência não são atraídas para o local. O planejamento da
ocupação e o uso do solo se reveste de importância fundamental, a fim de que o
desenvolvimento econômico não faça aumentar a criminalidade. Além disso, é necessário
definir ações que antevejam o problema da segurança. Foi observado que existe um
preconceito contra os residentes da Zona Oeste que prejudica a oferta de emprego e força os
residentes a percorrerem grandes distâncias até o local de trabalho. Dessa forma, o transporte
passa a ser moeda de negociação originando conflitos entre as milícias, assim como a
distribuição de gás e o chamado “gatonet”. Sobre a questão específica do transporte, foi
observada a necessidade de se avaliar o impacto do Arco Metropolitano na região, uma vez
que a AP 5 está incluída como cabeceira oeste do arco. assim como o COMPERJ é a
cabeceira leste. Os EIA e RIMAS desta área foram estudados de forma parcial, cabendo
avançar nos pontos que os dois estudos se integram.
9.4. Educação
1. As discussões em torno das propostas de educação tiveram início com a constatação de que
havia a necessidade de recolher informações e definir ações visando ao planejamento de
médio e de longo prazos.
2. Além disso, foi mencionado que as ações de capacitação necessitavam contemplar todos os
níveis de educação, uma vez que a má qualidade da educação básica tinha implicações
danosas ao desempenho da mão de obra. Foram mencionadas ações da TK-CSA em parceria
31
com o SENAI (projetos Transformar e Articular) que incluíam, além da capacitação técnica e
profissional, o reforço da escolaridade dos participantes.
Proposta: Identificar ações integradas de fomento à qualidade da educação que possam ser
desenvolvidas na região.
3. Foi também observado que as ações de capacitação deveriam se dirigir não apenas aos
trabalhadores como também aos empresários, visto que a maior parte dos micro e pequenos
empresários têm baixa escolaridade e consequentemente problemas de gestão.
Proposta: Definir ações de criação de novas empresas que integrem o conhecimento gerado
nas instituições de ensino superior às necessidades locais.
5. Foi consenso entre os participantes do grupo que o processo de capacitação exige uma
articulação entre instituições e empresas. Além disso, há que se conciliar a oferta de cursos de
ensino médio com a demanda. Uma dificuldade apontada é que há uma demanda reprimida
por ensino médio diurno, mas a maioria das novas vagas que vem sendo ofertada pelo
governo do Estado é de cursos noturnos.
Finalmente, a duplicidade de ações deve ser evitada; portanto, o grupo chegou à conclusão
que o primeiro passo mais importante para começar a desenvolver as ações seria a
constituição de um fórum de educação, ligado ao conselho de desenvolvimento da região,
que envolvesse todas as partes interessadas no assunto. O diálogo deste fórum com regiões do
entorno que dispõem de iniciativas de capacitação de mão de obra, como por exemplo Itaguaí,
é fundamental.
9.5. Governança
Nos depoimentos dos participantes do grupo “Governança”, com relação à pauta elaborada
pela coordenação, foram levantadas as seguintes questões:
há a percepção de que muito pouco pode ser esperado das instituições publicas – como, aliás,
tem sido a tradição.
6. A velocidade com que os investimentos estão acontecendo é um fator que torna ainda mais
premente a necessidade de se organizar para atender os problemas regionais. Estima-se que
logo outras empresas de grande porte venham se instalar na Zona Oeste.
10. Como suporte para a definição de uma agenda e o desenho de estratégias, é necessário
gerar massa crítica na região. Nesse sentido, acreditamos ser importante uma articulação da
governança com a Faperj, a Secretaria Municipal de Ciência e Tecnologia e universidades e
centros de pesquisa.
33
12. Por outro lado, os PEUs foram assinalados como iniciativas públicas que mereceriam ser
recuperadas. No caso de Bangu e Campo Grande, eles já existem, mas nas outras áreas ainda
deveriam ser desenvolvidos.
13. Por último, foi levantada a questão do Uso do Solo, que resta ainda como um elemento
bastante crítico para a instalação de grandes empreendimentos na Zona Oeste.
Ações Prioritárias:
• Facilitar a formalização e legalização da micro-empresa através da criação de
centros de serviços que envolvam informações sobre: legalização de empresas
(semana legal); informação sobre financiamentos; informações sobre serviços
prestados por outras instituições (capacitação empresarial);
• Atualizar e simplificar o Código de Zoneamento da Zona Oeste com possível
criação de áreas especiais para abrigar novas empresas (distrito industrial de
Bangu);
• Avaliação de políticas (Incentivos Fiscais, Fomento, Instrumentos de Indução do
Desenvolvimento) para o desenvolvimento local que possam ser implementadas na
região;
• Discutir como integrar o Centro Tecnológico do Exército ao Pólo Metal Mecânico;
• Avaliar as condições requeridas pelas grandes empresas para que as empresas da
região se tornem fornecedoras;
• Criar um Centro de Inovação Empresarial de Metal Mecânica na Zona Oeste
• Dar visibilidade à oferta (bens e serviços) das pequenas e médias empresas
estabelecidas na região;
• Integrar-se ao portal de fornecedores da indústria de petróleo e gás
(Promimp/Abimaq/MME);
• Criar programas de capacitação na área de Qualidade/Conformidade/Prazo de
entrega, muitas vezes mais importante que preço.
Ações Prioritárias:
Foco principal: propor ações de melhoria das condições de segurança e de uso do solo.
Ações Prioritárias:
• Ampliação dos efetivos das Polícias Militar e Civil e da Guarda Municipal nas
unidades da Zona Oeste.
10.4. Educação
Ações Prioritárias:
• Realizar um mapeamento das cadeias produtivas da região (incluindo cadeias de
fornecedores) e das competências necessárias para o trabalho nestas cadeias
• Desenvolver um planejamento estratégico na área de educação, que contemple todos
os níveis de educação (básico, médio, técnico, superior) e integrado com demais áreas
do projeto (desenvolvimento econômico, acessibilidade/logística, segurança, uso do
solo, governança)
• Promover o aumento da escolaridade
• Fomento às atividades culturais
• Fomento ao empreendedorismo
• Promover iniciativas educacionais visando conscientização da cidadania e da
responsabilidade social e ambiental
• Organizar um Fórum Regional de Educação ligado a Conselho de Desenvolvimento
SÍNTESE: O desenvolvimento dos indivíduos da região em todos os aspectos deve ser
promovido através de um diálogo permanente entre instituições de ensino, empresas,
instituições de governo e sociedade civil.
36
10.5. Governança
Ações Prioritárias
• Criação de um Conselho de Desenvolvimento com comitê organizador composto por:
ACERB (Associação Comercial e Empresarial da Região de Bangu), ACICG
(Associação Comercial e Industrial de Campo Grande), ACIRA (Associação
Comercial e Industrial de Realengo e Adjacências), AEDIN (Associação das Empresas
do Distrito Industrial de Santa Cruz), ADEDI (Associação das Empresas do Distrito
Industrial de Campo Grande), Peri Cozer, Moacyr Bastos
Equipe de Pesquisa
Coordenação
Renata Lèbre La Rovere (professora, IE/UFRJ e pesquisadora do INCT Políticas Públicas, Estratégias
e Desenvolvimento do CNPq)
Diagnóstico da Região
Questionários
Thiago Rodrigues Cabral, Aline Godoy e Raphael Rolim - Ayra Consultoria (Empresa Junior da
UFRJ)
Estudos Qualitativos
Educação
Pólo metal-mecânico
Comércio Exterior:
Logística e Infra-Estrutura
Governança
Segurança Pública
Agenda de Desenvolvimento
Referências bibliográficas
OSORIO, M. Rio Nacional, Rio Local: mitos e visões da crise carioca e fluminense. Rio de
Janeiro: Ed. Senac Rio, 2005.
PEREZ, M. D. Lacerda na Guanabara: a reconstrução do Rio de Janeiro nos anos 60. Rio de
Janeiro: Odisséia Editorial, 2007.
SILVA, G.; COCCO, G.; Questões de Governança: Alternativas para Criar uma Câmara de
Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: IE/UFRJ, 2009 (Relatório
de Pesquisa).
ZONA Oeste: contrastes e desafios. Suce$$o Comercial & Empresarial, Rio de Janeiro, ano
2, n. 11, p. 18-20, set./out. 2008.
40
TABELA 1
Participação das Capitais Unidades Federativas no Produto Interno Bruto Nacional a Custo de
Fatores e Variação Percentual da participação entre 1970 e 2006
Fonte: IBGE, Produto Interno Bruto dos Municípios 2003-2006 e IPEAData (acesso em 7 de janeiro
de 2008).
Observação: para o ano de 2006, somatório dos Valores Adicionados dos setores agropecuário,
industrial e de serviços.
41
TABELA 2
Participação das Unidades Federativas no Produto Interno Bruto Nacional a Custo de Fatores e
Variação Percentual da participação entre 1970 e 2006
Observação: para o ano de 2006, somatório dos Valores Adicionados Brutos dos setores
agropecuário, industrial e de serviços.
42
TABELA 3
Variação porcentual do total de empregos formais segundo Setores do IBGE
por Grandes Regiões e Unidades Federativas entre 1985 e 2007
Região Norte 787,1 -14,8 126,7 59,9 131,0 331,1 153,9 202,8 184,4
Rondonia 3.161,2 -80,1 436,0 25,3 25,7 478,7 197,0 141,0 200,3
Acre 1.829,4 1.833,3 221,5 9,0 305,4 534,3 162,3 108,3 166,3
Amazonas 199,9 -60,3 91,5 30,5 152,1 200,4 174,8 175,6 143,0
Para 518,5 33,7 103,7 36,8 68,6 250,7 86,9 166,0 137,3
Amapa 9.533,3 -10,2 32,6 80,6 264,0 759,7 624,5 260,4 302,5
Tocantins - - - - - - - - -
Região Nordeste 342,0 69,7 72,2 10,6 67,2 188,5 114,4 102,3 109,5
Maranhao 723,2 -53,7 104,4 32,3 21,7 317,8 140,1 150,7 147,5
Piaui 511,3 73,3 139,0 -5,2 27,6 254,1 141,9 110,4 128,3
Ceara 186,7 83,9 142,0 -4,1 113,1 164,0 147,2 84,6 120,7
Rio Grande do Norte 495,0 164,9 96,9 60,6 188,7 344,2 181,7 108,7 149,6
Paraiba 941,9 107,4 107,1 70,1 63,9 234,8 112,6 77,8 104,1
Pernambuco 209,0 61,7 6,0 1,9 42,6 151,7 92,5 87,8 74,2
Alagoas 72,6 96,4 121,6 47,3 42,4 183,1 41,2 104,1 92,5
Sergipe 551,2 984,6 52,4 38,3 89,7 182,9 209,6 90,3 128,8
Bahia 572,1 27,6 79,9 -14,2 76,8 165,0 101,6 120,5 114,5
Região Sudeste 248,5 26,2 8,3 28,0 83,3 144,2 86,5 74,5 68,6
Minas Gerais 403,7 11,3 84,5 36,7 95,5 202,8 95,5 140,1 119,8
Espirito Santo 506,2 -2,4 84,0 73,8 167,4 264,2 147,9 96,6 137,3
Rio de Janeiro 161,6 101,6 -27,5 -1,1 50,4 81,7 52,3 40,1 37,1
Sao Paulo 186,5 5,5 2,1 43,5 85,7 149,4 98,0 68,2 64,0
Região Sul 248,2 -34,0 76,7 29,7 108,3 137,5 101,9 42,1 88,2
Parana 250,5 -0,8 148,7 46,8 25,6 162,5 100,9 85,8 116,1
Santa Catarina 233,0 -54,7 98,9 35,5 398,5 248,1 153,5 73,0 128,4
Rio Grande do Sul 254,7 -13,4 30,3 13,0 151,5 79,5 82,1 0,6 50,6
Região Centro-Oeste 849,3 46,9 309,3 7,0 127,2 252,2 132,4 101,0 157,1
Mato Grosso do Sul 804,3 90,1 277,7 -10,9 150,6 193,0 120,9 120,1 169,9
Mato Grosso 900,3 30,6 494,3 7,0 193,7 440,6 165,1 289,2 303,7
Goias 1.051,6 39,8 313,3 10,7 59,1 227,3 143,5 111,5 166,4
Distrito Federal 202,1 179,4 129,4 10,9 221,0 227,4 118,9 61,4 100,5
BRASIL 314,4 18,6 35,8 24,5 88,4 160,8 97,3 86,4 83,5
Fonte: RAIS/MTE.
43
TABELA 4
Variação porcentual do total de empregos formais segundo Setores do IBGE
por Capitais das Unidades Federativas entre 1985 e 2007
Região Norte 193,7 -94,6 63,8 36,3 101,5 206,9 144,7 108,4 113,4
Porto Velho 1.579,3 -98,1 220,2 7,2 -27,7 303,0 208,7 62,7 89,0
Rio Branco 1.373,5 1.277,8 182,7 47,4 258,0 451,9 154,2 79,9 133,9
Manaus 61,7 -98,2 93,1 14,7 143,5 190,9 177,1 120,8 125,5
Boa Vista 1.150,9 - 403,8 146,1 1.448,6 452,9 287,4 56,0 183,1
Belém 65,4 -92,4 -26,8 -10,5 25,2 109,1 69,0 47,7 48,8
Macapá 2.580,0 -98,0 -17,1 70,3 142,2 645,8 526,6 193,3 223,8
Palmas - - - - - - - - -
Região Nordeste 9,0 156,8 26,5 -6,4 37,9 128,5 87,4 22,1 54,0
São Luis -48,8 -3,7 55,2 -14,7 34,3 232,6 126,2 28,7 68,9
Teresina 275,4 -75,8 127,9 -12,1 13,5 215,1 163,9 42,1 88,1
Fortaleza -43,9 -42,1 25,0 -29,5 71,7 118,6 124,3 10,4 58,4
Natal 259,6 3.306,5 77,3 25,2 133,6 268,3 180,5 38,4 97,1
João Pessoa 220,7 -79,7 79,9 153,4 73,2 243,3 145,8 29,9 71,6
Recife 73,0 762,2 -7,6 -7,1 21,1 76,7 39,0 19,5 30,9
Maceió 26,3 -34,1 66,4 38,0 18,1 172,3 36,2 39,1 50,6
Aracaju 64,7 1.383,6 -15,6 17,6 52,2 153,1 234,6 4,2 81,6
Salvador -17,1 296,0 6,8 -35,0 18,7 86,0 59,9 14,5 37,7
Região Sudeste 35,5 -31,9 -39,4 -8,4 19,6 77,0 60,6 34,2 30,1
Belo Horizonte 148,0 -43,0 21,5 28,8 22,4 105,0 85,9 73,7 68,9
Vitória 157,6 -71,7 63,3 55,8 43,3 89,4 89,0 42,4 55,0
Rio de Janeiro -45,9 49,0 -48,5 -22,4 2,8 42,8 28,2 13,4 11,4
São Paulo 26,7 -44,4 -41,0 -15,1 25,6 92,7 77,8 35,7 31,7
Região Sul -32,2 -35,6 12,0 17,2 14,2 81,0 88,1 -5,0 41,5
Curitiba 54,3 2,0 34,3 35,9 -8,9 137,0 98,0 53,7 72,1
Florianópolis -84,8 -40,7 145,3 -15,4 95,9 217,8 108,4 10,9 52,8
Porto Alegre -18,7 -48,3 -18,8 9,8 42,4 24,3 76,9 -47,6 15,3
Região Centro-Oeste 198,5 -6,3 156,4 -12,9 100,8 201,6 116,5 66,7 100,2
Campo Grande 583,3 -50,9 208,1 -33,5 138,7 183,0 152,2 68,0 116,7
Cuiabá 97,3 -12,1 312,1 -32,8 92,2 234,6 124,7 173,2 146,5
Goiânia 83,6 -55,0 139,2 -17,0 17,8 166,2 94,7 45,9 78,0
Brasília 202,1 179,4 129,4 10,9 221,0 227,4 118,9 61,4 100,5
Total das capitais 53,1 -34,3 -19,3 -2,7 33,4 102,4 75,7 35,4 40,1
BRASIL 314,4 18,6 35,8 24,5 88,4 160,8 97,3 86,4 83,5
TABELA 5
Total e variação do número de empregos segundo setores na Zona Oeste e no município do Rio de Janeiro entre 1998 e 2006
Ind. Da borracha, fumo, couro, peles, similares, ind. Diversas 3.706 1.462 -60,6 13.429 11.346 -15,5
Ind. Química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria… 2.368 2.829 19,5 32.374 24.444 -24,5
Ind. De produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 4.308 5.334 23,8 29.226 34.796 19,1
Ind. De produtos minerais não metálicos 767 910 18,6 5.697 4.744 -16,7
Ind. Do papel, papelão, editorial e gráfica 2.362 2.518 6,6 24.944 20.121 -19,3
Ind. Têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 781 1.117 43,0 22.177 20.253 -8,7
Serviços Industriais de Utilidade Pública 1.139 314 -72,4 35.250 31.425 -10,9
Administração pública direta e autárquica 6.489 2.426 -62,6 405.904 420.553 3,6
Com. E administração de imóveis, valores mobiliários, serv. Técnico… 4.311 6.848 58,8 232.165 316.120 36,2
Instituições de crédito, seguros e capitalização 1.214 1.573 29,6 65.391 58.652 -10,3
Serv. De alojamento, alimentação, reparação, manutenção, redação… 7.885 13.303 68,7 217.556 254.129 16,8
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 4.914 6.119 24,5 80.192 80.573 0,5
Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrat. Vegetal… 152 107 -29,6 1.768 1.761 -0,4
Fonte: RAIS/MTE.
46
TABELA 6
Total e variação do número de empregos segundo setores em São Paulo e Belo Horizonte entre 1998 e 2006
Serviços Industriais de Utilidade Pública 40.516 29.437 -27,3 17.814 24.652 38,4
Agricultura, silvicultura, criação de animais, extrat. Vegetal… 2.862 3.634 27,0 3.553 7.642 115,1
Fonte: RAIS/MTE.
47
TABELA 7
População e variação percentual entre 1991, 2000 e 2008 no Brasil, municípios de Belo
Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro e nas áreas de planejamento e bairros da AP5
TABELA 8
Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006
TABELA 9
Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006
TABELA 10
Total de empregados, população estimada e razão percentual entre empregados e
população nas Regiões Administrativas de Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa
Cruz e no município do Rio de Janeiro em 2006
Empregados
Unidade Territorial Empregados População /População
ANEXO II
AISI 405: tubos irradiadores, caldeiras, recipientes para indústria petrolífera, etc;
AISI 406: resistências elétricas;
AISI 409: escapamentos de automóveis;
AISI 430: calhas, máquinas de lavar roupa, coifas, revestimento de câmara de
combustão de motor diesel, equipamentos para fabricação de ácido nítrico, fixadores,
aquecedores, portas para cofres, moedas, pias, cubas, baixelas, utensílios domésticos,
equipamento para indústria química, equipamento de restaurantes, cozinhas, adornos de
automóveis, decorações arquitetônicas interiores, peças para fornos, revestimento de
elevadores, etc;
AISI 430F: fabricação de parafusos, porcas, ferramentas;
AISI 442: partes de fornos;
AISI 443: equipamento químico, partes de fornos;
AISI 444: caixas d água, tanques
AISI 446: peças de fornos, queimadores, radiadores.
AISI 301: fins estruturais, correias transportadoras, utensílios domésticos, ferragens,
diafragmas, adornos de automóveis, equipamentos para transporte, aeronaves, ferragens
para postes, fixadores (grampos, fechos, estojos), carros ferroviários.
AISI 302: gaiolas de animais, garrafas térmicas e esterilizadores, equipamentos
domésticos, tanques de gasolina, equipamentos para fabricação de sorvetes, dobradiças,
equipamentos para laticínios, maquinaria para engarrafamento, tanques de
fermentação,fins estruturais, equipamento para indústria química;
AISI 302B: elementos de aquecimento de tubos radiantes, partes de fornos, seções de
queimadores, abafadores de cozimento;
AISI 303: eixos, parafusos, porcas, pregos, eixos, cabos, fechaduras, componentes de
aeronaves, buchas, peças de carburador;
AISI 304: portões, portas, grades, utensílios domésticos, fins estruturais, equipamentos
para indústria química, naval, farmacêutica, têxtil, papel e celulose, refinaria de
petróleo, permutadores, de calor, válvulas e peças de tubulações, indústria frigorífica,
instalações criogênicas, depósitos de cerveja, tanques de fermentação de cerveja,
equipamentos para refino de produtos de milho, equipamentos para leiteria, cúpula para
casa de reator de usina atômica, tubos de vapor, peças para depósito de algumas bebidas
carbonatadas, condutores descendentes de águas pluviais, carros ferroviários, calhas,
revestimentos de prédios, tanques para indústria alimentícia,
AISI 304L: revestimento para trajas de carvão, tanque de pulverização de fertilizantes
líquidos, tanque para estoque de massa de tomate, carros ferroviários;
54
Apresentação da Pesquisa
Junho/2009
2
Introdução
Com uma área de 43.909,7 quilômetros quadrados (km2), que corresponde a cerca de 0,5% do
território nacional, e com uma população superior a 14 milhões de habitantes (8,6% da
população brasileira), o Rio de Janeiro é o Estado da Federação de maior densidade
demográfica, com 315 habitantes por km2.
Entretanto, várias iniciativas governamentais e locais têm procurado alterar esta realidade
com o objetivo de mudar esse quadro desfavorável ao desenvolvimento industrial. Entre essas
iniciativas estaremos iluminando o caso da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro,
principalmente as iniciativas situadas no espaço geográfico formado pelas Regiões
Administrativas de Bangu, Campo Grande e de Santa Cruz. Esta região, doravante grafada
como Zona Oeste para distingui-la da Zona Oeste, que também inclui as regiões
administrativas de Guaratiba, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, conta com um total de
aproximadamente 380 km2 - cerca de 30% da área da Cidade do Rio de Janeiro – e uma
população de 1,5 milhão de pessoas, apresenta facilidades de infra-estrutura e disponibilidade
de terrenos adequados às atividades produtivas, além de economia de aglomeração em razão
das indústrias nelas instaladas. Na região encontram-se localizados os Distritos Industriais de
Campo Grande, Palmares, Paciência e Santa Cruz, implantados pelo Estado em áreas de uso
estritamente industrial do ponto de vista do Zoneamento Ambiental, onde 130 empresas de
médio e grande porte estão operando, destacando-se a Companhia Siderúrgica do Atlântico
(CSA, do grupo Thyssen-Krupp), a Gerdau, a Fábrica Carioca de Catalisadores, a Casa da
Moeda do Brasil e a Panamericana, dentre outras.
Vale lembrar que a Zona Oeste é a região de maior densidade industrial da Cidade do Rio de
Janeiro, ainda que a mesma ao longo dos últimos decênios venha cada vez mais agregando
serviços à sua estrutura produtiva. As vantagens potenciais de localização da região e dos
municípios do seu entorno geográfico podem se ampliar e até mesmo se consolidar caso se
atraia um conjunto de empresas para desenvolver um pólo de metal-mecânica na região,
aproveitando a especialização produtiva das empresas já localizadas. Cabe assim a realização
de estudos para a promoção do desenvolvimento local desta região.
3
(a) diagnosticar a região da Zona Oeste do município de Rio de Janeiro e o seu entorno:
quais as atividades econômicas principais; que outras atividades econômicas não estão
instaladas mas seriam importantes para fortalecer a competitividade das atuais;
(b) levantar as necessidades adicionais de infra-estrutura físicas e tecnológicas para o
funcionamento do pólo de metal-mecânica;
(c) levantar quais as restrições de caráter normativo e regulamentar que impedem a
ocupação industrial;
(d) pesquisar o estado atual dos Planos Diretores dos municípios envolvidos, nível de
efetividade e implementação;
(e) levantar as potencialidades de comércio exterior e as condições econômicas de sua
realização;
(f) realizar um diagnóstico das condições de logística necessárias ao desenvolvimento da
região
(g) desenvolver um estudo sobre a oferta de cursos de capacitação e suas possibilidades de
contribuição ao desenvolvimento da região
(h) analisar as condições de segurança pública, que afetam diretamente a atratividade da
região
(i) pesquisar as iniciativas já realizadas para estabelecimento de uma governança local e
indicar os pontos fortes e fracos dessas iniciativas;
(j) propor uma agenda de desenvolvimento local para a Zona Oeste e seu entorno;
(k) organizar um workshop para discutir a agenda de desenvolvimento local com as
lideranças políticas e econômicas locais e de seu entorno;
(l) propor uma compatibilização, após o workshop, entre as diretrizes e metas propostas
para o desenvolvimento econômico das atividades locais com os Planos Diretores dos
municípios envolvidos, incluindo a proposição para o desenvolvimento de consórcios
municipais.
4
Metodologia
A partir deste diagnóstico, foi definido um questionário estruturado que foi distribuído a 262
empresas da região. Em seguida, foram realizados diversos estudos qualitativos sobre temas
pertinentes ao desenvolvimento da região. A definição dos temas dos estudos qualitativos foi
feita a partir do entendimento, pela equipe de pesquisa, de que o processo de desenvolvimento
local é dinâmico e resulta da interação entre empresas e instituições locais inseridas num
determinado território. Por instituições, entende-se não apenas aquelas do setor público como
também as instituições de ensino e pesquisa e as demais formas de representação coletiva dos
agentes locais. Assim, os temas dos estudos envolveram aspectos econômicos e aspectos
sociais. Os estudos centrados em aspectos econômicos se debruçaram sobre o potencial da
constituição de um pólo metal-mecânico, sobre o potencial de comércio exterior, sobre as
condições de logística e de infra-estrutura e sobre as condições e uso e ocupação do solo. Os
estudos centrados nos aspectos sociais envolveram as condições de segurança pública, o
potencial de oferta de cursos de capacitação e as condições de governança da região.
Equipe de Pesquisa
Coordenação
Renata Lèbre La Rovere (professora, IE/UFRJ e pesquisadora do INCT Políticas Públicas, Estratégias
e Desenvolvimento do CNPq)
Diagnóstico da Região
Lia Hasenclever (professora, IE/UFRJ)
Rodrigo Lopes (assistente de pesquisa, IE/UFRJ)
Vitor Pimentel e Luiza Lins (bolsistas, IE/UFRJ)
Questionários
Thiago Rodrigues Cabral, Aline Godoy e Raphael Rolim - Ayra Consultoria (Empresa Junior da
UFRJ)
Estudos Qualitativos
Educação
Márcia Pimentel, Márcia Farinazo e Risomar Guedes (FAETEC)
Pólo metal-mecânico
Eduardo Cunha (Núcleo Inox) com a colaboração de Mario Cordeiro (FALMEC)
Comércio Exterior:
João Bosco Machado (professor, IE/UFRJ)
Camila Monteiro (estagiária, IE/UFRJ)
Logística e Infra-Estrutura
Luiz Martins de Melo (professor, IE/UFRJ)
Vinicius Dominato (estagiário, IE/UFRJ)
Governança
Giuseppe Cocco (professor, ESS/UFRJ)
Gerardo Silva (pesquisador, LABTEC/UFRJ)
Segurança Pública
Leonarda Musumeci (professora, IE/UFRJ)
Agenda de Desenvolvimento
Mauro Osório da Silva (professor, FND/UFRJ)
Fernando Scofano (estagiário, IE/UFRJ)
Junho/2009
2
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................................... 3
A N E X O................................................................................................................................ 18
1. Introdução
2. Desempenho Comercial
1
Esta seção foi elaborada pelo prof. João Bosco M. Machado. Camila Monteiro colaborou na elaboração dos
quadros e no processamento das informações coletadas nas entrevistas.
2
As informações cadastrais (razão social endereço, bairro, região administrativa, CEP e CNPJ) das empresas
exportadoras e importadoras estão disponibilizadas, respectivamente, nos Quadro A.1 e A.2 do Anexo. Em
relação ao cadastro da FIRJAN, apresentado no primeiro relatório deste estudo, a pesquisa de empresas
exportadoras realizada a partir das informações coletadas junto à Secex/MIDC representou uma ampliação
considerável do universo de estabelecimentos exportadores da Zona Oeste, de quinze para 61 empresas.
4
Gráfico 1
Zona Oeste: Total de Firmas Exportadoras e Importadoras
Fonte: Secex/MIDC.
As empresas exportadoras da Zona Oeste representam, na média do triênio, 6,9% do total das
empresas exportadoras do município do Rio de Janeiro e 5,5% do total das empresas
importadoras (Gráfico 2).
Gráfico 2
Zona Oeste: Participação no Total de Firmas Exportadoras e Importadoras
do Município do Rio de Janeiro (%)
Fonte: Secex/MIDC.
Quadro 1
Zona Oeste: Firmas Exportadoras e Importadoras Segundo RÃS
Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 4 8,9 4 8,0 4 8,3
Campo Grande 16 35,6 17 34,0 18 37,5
Realengo 13 28,9 16 32,0 14 29,2
Santa Cruz 12 26,7 13 26,0 12 25,0
Total 45 100,0 50 100,0 48 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 7 13,0 7 10,4 9 12,9
Campo Grande 21 38,9 25 37,3 27 38,6
Realengo 14 25,9 20 29,9 19 27,1
Santa Cruz 12 22,2 15 22,4 15 21,4
Total 54 100,0 67 100,0 70 100,0
Fonte: Secex/MIDC.
3
As informações geradas pela Secex sobre a base exportadora e importadora e, portanto, sobre os montantes
exportados e importados podem apresentar desvios relacionados com a presença de unidades produtivas, cujas
compras ou vendas externas são realizadas por unidade administrativa com domicílio não localizado na Zona
Oeste. No conjunto das informações analisadas neste estudo, um caso notório que ilustra o evento é a unidade
produtiva da Michelin (fabricante de pneumáticos), localizada na RA de Santa Cruz, cujas exportações são
atribuídas ao escritório administrativo da empresa localizado na Barra da Tijuca.
6
Gráfico 3
Zona Oeste: Evolução do Comércio Exterior (US$ milhões)
Fonte: Secex/MIDC.
Não obstante este aumento, a participação das exportações da Zona Oeste no total das vendas
externas do município do Rio de Janeiro é pouco significativa, variando de 1,2% em 2005
para 2,4% em 2007 (Gráfico 4). Evidentemente, é importante destacar que esse aumento da
participação das exportações da Zona Oeste nas vendas do município do Rio de Janeiro
resultou da expansão das exportações da Zona Oeste a taxas duas vezes maiores que o
crescimento das vendas externas do município.
Gráfico 4
Participação da Zona Oeste no Comércio Exterior
do Município do Rio de Janeiro (%)
Fonte: Secex/MIDC.
7
Quadro 2
Zona Oeste: Exportações e Importações Segundo RAs Selecionadas
Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 0,02 0,0 0,7 0,1 0,7 0,1
Campo Grande 25,1 11,1 28,2 4,5 28,23 4,2
Realengo 41,3 18,3 44,7 7,1 66,3 9,9
Santa Cruz 159,3 70,6 552,8 88,3 575,4 85,8
Total 225,7 100,0 626,3 100,0 670,7 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu 1,84 1,2 1,91 0,7 3,48 1,3
Campo Grande 56,44 35,6 80,51 29,6 89,54 33,3
Realengo 39,66 25,0 38,57 14,2 52,17 19,4
Santa Cruz 60,57 38,2 151,13 55,5 123,99 46,1
Total 158,51 100,0 272,12 100,0 269,18 100,0
Saldo Comercial
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Bangu (1,8) (2,7) (1,2) (0,3) (2,8) (0,7)
Campo Grande (31,4) (46,7) (52,3) (14,8) (61,3) (15,3)
Realengo 1,6 2,4 6,1 1,7 14,2 3,5
Santa Cruz 98,7 147,0 401,6 113,4 451,4 112,4
Total 67,1 100,0 354,2 100,0 401,5 100,0
Fonte: Secex/MIDC.
A expansão das vendas externas e das importações revela uma tendência de aumento da
integração comercial da Zona Oeste com o resto do mundo, com destaque para as empresas
estabelecidas na região administrativa de Santa Cruz, que foram responsáveis por parcela
crescente dos fluxos de comércio e pela geração do saldo comercial positivo alcançado pela
Zona Oeste.
4
Os estabelecimentos exportadores e importadores são classificados, segundo os critérios definidos pela RAIS-
MTb, em cinco categorias: (i) microempresas – empresas industriais com até 19 empregados ou comerciais e de
serviços com até 9 empregados; (ii) pequenas empresas – empresas industriais que têm entre 20-99 empregados
ou comercias e de serviços que têm entre 10-49 empregados; (iii) médias empresas – empresas industriais que
têm entre 100-499 empregados ou comercias e de serviços que têm entre 50-99 empregados; (iv) grandes
empresas – empresas industriais que têm mais de 500 empregados ou comerciais e de serviços que têm mais de
100 empregados; e (v) empresas especiais – micro e pequenas empresas industriais, comerciais e de serviços que
realizem exportações ou importações superiores a US$1,2 milhão/ano.
9
Quadro 3
Zona Oeste: Estabelecimentos Exportadores e Importadores por Tamanho
Empresas Exportadoras
Tamanho 2005 2006 2007
Qtdd. % Qtdd. % Qtdd. %
Micro 6 13,3 4 8,0 5 10,4
Pequena 13 28,9 17 34,0 16 33,3
Especial 3 6,7 3 6,0 3 6,3
Média 17 37,8 19 38,0 17 35,4
Grande 6 13,3 7 14,0 7 14,6
Total 45 100,0 50 100,0 48 100,0
Empresas Importadoras
Tamanho 2005 2006 2007
Qtdd. % Qtdd. % Qtdd. %
Micro 4 7,4 3 4,5 7 10,0
Pequena 13 24,1 23 34,3 20 28,6
Especial 3 5,6 6 9,0 7 10,0
Média 26 48,1 25 37,3 25 35,7
Grande 8 14,8 10 14,9 11 15,7
Total 54 100,0 67 100,0 70 100,0
Fonte: Secex/MIDC
5
No Quadro A.3 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas ao número de estabelecimentos
exportadores e importadores, segundo o tamanho do estabelecimento, para as distintas RAs da Zona Oeste.
6
No Quadro A.4 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às exportações e importações, segundo o
tamanho do estabelecimento, para as distintas RAs da Zona Oeste.
10
Quadro 4
Zona Oeste: Exportação e Importação Segundo o Tamanho do Estabelecimento
Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Micro 0,0 0,02 0,0 0,00 0,1 0,01
Pequena 1,5 0,68 3,8 0,60 4,2 0,62
Especial 10,5 4,65 14,7 2,34 14,0 2,08
Média 51,0 22,6 51,3 8,18 48,8 7,27
Grande 162,6 72,04 556,7 88,88 603,7 90,01
Total 225,7 100,00 626,3 100,0 670,7 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Micro 0,1 0,07 0,1 0,03 0,1 0,05
Pequena 3,3 2,08 4,0 1,45 5,3 1,96
Especial 14,7 9,25 19,5 7,16 34,1 12,65
Média 69,3 43,70 87,3 32,1 101,9 37,85
Grande 71,2 44,91 161,3 59,26 127,8 47,48
Total 185,5 100,0 272,1 100,0 269,2 100,0
Fonte: Secex/MIDC
7
No Quadro A.5 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às exportações e importações, segundo o
setor de atividade, para as distintas RAs da Zona Oeste.
11
Quadro 5
Zona Oeste: Exportação e Importação Segundo o Tamanho do Estabelecimento
Exportação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Agricultura -- -- -- -- -- --
Comércio 0,1 0,0 0,6 0,1 0,9 0,1
Serviços -- -- 0,1 -- 0,0 0,0
Indústria 225,4 99,9 625,6 99,9 669,7 99,9
Construção Civil 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0
Demais -- -- -- -- -- --
Total 225,7 100,0 626,3 100,0 670,7 100,0
Importação
RA 2005 2006 2007
US$ milhões % US$ milhões % US$ milhões %
Agricultura -- -- -- -- -- --
Comércio 27,0 17,0 29,5 10,8 35,8 13,3
Serviços -- -- 0,3 0,1 0,1 0,0
Indústria 131,4 82,9 241,7 88,8 231,4 86,0
Construção Civil 0,1 0,1 0,7 0,3 1,8 0,7
Demais -- -- -- -- 0,1 0,0
Total 158,5 100,0 272,1 100,0 269,2 100,0
Fonte: Secex/MIDC
Avaliado sob a ótica setorial, o desempenho exportador da Zona Oeste apresentado no Quadro
6 mostra que as vendas externas estão concentradas em pouquíssimos setores. As exportações
de produtos de metalurgia básica atingiram na média do triênio 2005-2007 US$408 milhões e
respondem por 81% das vendas externas da Zona Oeste. Seguem-se os produtos químicos e
os produtos de metalurgia de minerais não metálicos que representaram, respectivamente,
3,5% e 2,6% das vendas externas no período considerado. Os demais setores exportaram,
cada um, valores anuais médios inferiores a US$5 milhões e responderam, no conjunto, por
menos de 3% da vendas totais 8.
8
No Quadro A.6 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às exportações, segundo o setor
CNAE2, para as distintas RAs da Zona Oeste. No Quadro A.8 são listados os produtos do sistema harmonizado
(NCM a 6 dígitos) exportados pelas empresas. Informações adicionais sobre os produtos produzidos e
exportados pelas empresas podem ser obtidos nos respectivos endereços eletrônicos, também disponibilizados no
Quadro.
9
No Quadro A.7 do Anexo estão disponibilizadas informações relativas às importações, segundo o setor
CNAE2, para as distintas RAs da Zona Oeste.
12
Quadro 6
Zona Oeste: setores exportadores selecionados
US$ milhões
Partici-
Classificação CNAE2 (média
pação %
2005-2007)
Metalurgia básica 407,55 80,5
Produtos químicos 55,63 11,0
Produtos de metalurgia de minerais não-metálicos 17,72 3,5
Quadro 7
Zona Oeste: setores importadores selecionados
US$ milhões
Partici-
Classificação CNAE2 (média
pação %
2005-2007)
Produtos químicos 89,27 38,8
Metalurgia básica 80,66 35,0
Produtos diversos (importados pelo comércio por atacado e intermediários do
comércio) 29,08 12,6
Produtos de metalurgia de minerais não-metálicos 12,84 5,6
Edição, impressão e reprodução de gravações 5,70 2,5
Embora não esteja relacionado com a localização das unidades produtivas, outro problema
mencionado por todas as empresas exportadoras/importadoras de grande e médio porte
entrevistadas é a precariedade da infra-estrutura portuária, notadamente no porto do Rio de
Janeiro e os entraves burocráticos gerados pelos procedimentos da Receita Federal em todos
os portos. A excessiva demora no despacho de mercadorias obriga as empresas a ampliar o
estoque de matéria-prima e insumos nas fábricas, como medida para evitar a paralisação da
produção, o que acaba aumentando o custo do capital de giro das empresas.
No Quadro 8 abaixo é apresentada uma síntese das informações coletadas nas entrevistas 10.
10
Um levantamento pormenorizado das informações obtidas nas entrevistas está disponível no Anexo.
15
Quadro 8
Zona Oeste: síntese das entrevistas realizadas junto a empresas exportadoras/importadoras
Empresa Setor/atividade Exportador Importador Vantagens e problemas na operação do comércio internacional
Exportação escoada via porto do Rio e prejudicada por problemas de tráfego na avenida Brasil.
grande porte grande porte
Importação de insumos via porto de Sepetiba é uma vantagem locacional, embora a empresa
Valesul metalurgia de (exportação anual de (importação anual de
incorra em custos extras para assegurar a operação do porto; importação de pequenos lotes de
alumínio cerca de US$100 cerca de US$100
produtos via porto do Rio enfrenta obstáculos em razão das deficiências da estrutura portuária e da
milhões) milhões)
burocracia aduaneira que oneram o custo de importação em 10%.
prod. médico médio porte pequeno porte Exportação via modal aéreo; localização da fábrica próxima ao aeroporto do Galeão é apontada
Silimed
hospitalares - (exportação anual de (importação anual de como uma vantagem. Importação de matéria-prima; parte das compras externas é realizada pelo
implantes US$13 milhões) US$5 milhões) sistema de drawback.
Exportação preferencial para os países da América Latina; a empresa se beneficia dos acordos de
acesso a mercados do Mercosul e aqueles negociados pelo Brasil no âmbito da Aladi. Exportações
Michelin (*) e importações dificultadas por problemas de circulação viária, pelo congestionamento dos
pneumáticos grande porte grande porte
terminais portuários e pelo aparato burocrático da Receita Federal. A demora na liberalização das
importações aumenta o custo do capital de giro. A empresa utiliza o sistema de drawback para a
importação de insumos e matérias-primas.
Competitividade das exportações comprometida pelas condições do trânsito rodoviário até o porto
e por problemas relacionados com a operação portuária. Importações são efetuadas pela corporação
e não pela unidade fabril; mesmo assim, os operadores da unidade de Santa Cruz apontam que o
médio porte
Gerdau-Cosigua custo de importação é onerado pela burocracia da Receita Federal. A demora no despacho de
siderurgia (exportação anual de médio porte
insumos importados obriga a empresa a aumentar o estoque na fábrica, como medida para evitar a
US$23 milhões)
paralisação da produção. Os custos de produção da fábrica também são onerados pela escassez de
mão-de-obra qualificada na região e pela inexistência de serviços de transporte urbano em Santa
Cruz.
Exportação eventual devido à insuficiência de capacidade instalada – toda a produção é destinada
pultrudados de
para o mercado interno. 60% da matéria-prima consumida pela empresa é importada, em função do
Cogumelo fibra de vidro e eventual - pequenos
pequeno porte menor custo do produto importado, quando comparado com o similar fabricado no país. A empresa
produtos lotes
utilizada armazém alfandegado para reduzir o custo do capital de giro empregado na compra de
plásticos
insumos.
Exporta desde 1996 para a Argentina e se beneficia do acordo do Mercosul. Despacho da
pequeno porte
confecção mercadoria em geral por via aérea. Importação de tecidos constitui uma opção recente de compra
FredVic (exportação anual de eventual
em relação aos fornecedores domésticos e visa a reduzir os custos de produção das confecções. As
US$350 mil)
atividades de exportação e importação são geridas por despachante.
Fonte: informações fornecidas pelas empresas; classificação do exportador/importador, segundo o porte: (i) grande porte: exportação/importação anual superior a US$ 50 milhões; (ii) médio
porte: exportação/importação anual superior a US$ 10 milhões e inferior a US$ 50 milhões; (iii) pequeno porte: exportação/importação anual inferior a US$ 10 milhões; e (iv) eventual:
estabelecimento que registra exportações/importações de pequenos valores, mas não exporta ou importa todos os anos.
(*) as exportações e importações da Michelin não são registradas como operações da unidade fabril de Santa Cruz; são contabilizadas pelo escritório comercial da empresa localizado na Barra da
Tijuca, que para efeitos fiscais é o estabelecimento exportador/importador.
16
Sem a pretensão de esgotar a pauta de problemas que as empresas enfrentam é preciso atentar
para o fato de que as entrevistas revelam a preocupação recorrente das grandes empresas com
a infra-estrutura de transporte que serve à região. Em razão de seu porte, estas empresas
transportam grandes quantidades tanto de insumos, quanto de produtos acabados. A
precariedade da conservação das vias de acesso, notadamente a Avenida Brasil, os problemas
de tráfego e a falta de investimentos em novas vias tornam custosas as operações de logística,
aumentam o custo do capital de giro pela necessidade de manter estoques elevados e,
portanto, comprometem a competitividade da grande empresa. É óbvio que a superação destes
problemas depende da realização de investimentos públicos que melhorem as condições de
operação da Avenida Brasil e propiciem outras opções de acesso à região, a exemplo, do Anel
Rodoviário.
Um programa que cumpra esses objetivos deve realizar, por intermédio de consultoria
gerencial e tecnológica, uma avaliação dos recursos das empresas, bem como da capacidade
destas de responder às iniciativas implementadas no âmbito do programa. A prestação de
diversos tipos de serviços diretamente relacionados às diferenças etapas de uma operação de
exportação ajudarão as empresas a superar os entraves específicos, permitindo a elaboração de
um planto consistente de negócios, a gestão adequada do processo, tanto no aspecto fiscal
quanto financeiro, e também a obtenção de condições favoráveis de transporte e de
financiamento.
18
ANEXO
19
QUADRO A.1
Zona Oeste: Empresas Exportadoras (informações cadastrais)
RAZAO SOCIAL ENDERECO BAIRRO RA CEP CNPJ
Consuldent Equipamentos Medico-Odontologicos Ltda Rua Agricola 686 Bangu Bangu 21810090 04363307000108
Rudel Ravasco Servicos Ltda Estrada do Engenho 888 Bangu Bangu 21840000 02402487000164
Casa Publicadora Das Assembleias de Deus Avenida Brasil 34401 Bangu Bangu 21863000 33608332000102
Ivsom Instrumentos Musicais Ltda Travessa Santo Agostinho 29 Padre Miguel Bangu 21721500 07613471000114
Empresa Brasileira de Solda Elétrica S.A. - Ebse Av. Santa Cruz, 10.280 Santíssimo Bangu 23520-243 33220880000160
Grafica Irmaos Leal Ltda Albino de Paiva 238 Senador Camara Bangu 21830490 27020098000103
Long Beach Confeccoes Ltda Me Rua Olinda Ellis 661 Campo Grande Campo Grande 23017120 03233807000162
Fredvic Ind. de Roupas Ltda. Av. Brasil, 49.389, Km 50 Campo Grande Campo Grande 23065-480 33883448000150
Nucon - Rio Comercial e Distribuidora Ltda Rua Camaipi 670 Campo Grande Campo Grande 23052320 04666078000109
Giemac Mineração Ltda. Av. Brasil, 41432 Campo Grande Campo Grande 23095-700 28350304001099
Vesúvios Refratários Ltda. Av. Brasil, 49550 Distr. Indl. de Palmares Campo Grande Campo Grande 23065-480 30511844000168
Technew Com. e Ind. Ltda. Epp Rua Mario Mendes, 435 Campo Grande Campo Grande 23013-530 31258478000140
20
Sh Industria de Metalurgia e Servicos Ltda Rua Azhaury Mascarenhas 155 Campo Grande Campo Grande 23078520 07525932000105
Quaker Chemical Industria e Comercio Ltda Avenida Brasil 44178 Campo Grande Campo Grande 23078001 00999042000188
C. A. Wille Industria e Comercio de Roupas Estrada da Posse 3027 Campo Grande Campo Grande 23088000 07796403000138
Artesanato Lameirao Pequeno Ltda Estrada Lameirao Pequeno 78 Campo Grande Campo Grande 23017325 07601268000128
Recouro Ind. de Couro Reconstituído Ltda Av. Brasil, 50340 Campo Grande Campo Grande 23065-480 87193728000165
M.M.Relax Acessorios Ltda Osvino Ferreira Alves 195 Campo Grande Campo Grande 23090790 06068841000117
Primus Processamento de Tubos S.A. Protubo Rua Campo Grande, 3.760 Campo Grande Campo Grande 23063-000 42416792000120
Superpesa Industrial Ltda Avenida Brasil 42301 Campo Grande Campo Grande 23095700 30038152000144
Cogumelo Ind. e Com. Ltda. Av. Brasil, 44879 Campo Grande Campo Grande 23078-000 42200550000102
Art Latex Ind e Com de Artefatos de Latex Ltda Estr Rio Sao Paulo 255 Campo Grande Campo Grande 21853480 31908825000132
Cloral Ind. de Produtos Químicos Ltda. Estr. do Pedregoso, 4000 Campo Grande Campo Grande 23078-450 42593855000113
Carreteiro Alimentos Ltda Avenida Brasil 51000 Campo Grande Campo Grande 23065480 02892934000100
Brasil Stone Ltda. Av. Brasil, 50.500 Campo Grande Campo Grande 23065-480 3952200000132
Delly Kosmetic Com. e Ind. Ltda. Estr. do Pedregoso, 3.229 Cpo. Grande Campo Grande 23078-450 1567613000178
21
Transnova Comercio Internacional Ltda Rua Jornalista Geraldo Roch Jardim America Realengo 21240080 06935991000180
V.34 Alimentos Ltda Me Rodovia Presidente Dutra 70 Jardim America Realengo 21240001 03452108000103
Natec Equipamentos Ltda. Av. Meriti, 4940 Jd. América Realengo 21241-730 30457311000145
Procosa Produtos de Beleza Ltda. Rod. Pres. Dutra, 2611 e 2671 Jd. América Realengo 21535-500 33306929000445
Filipac Industrial e Comercial Ltda. - Me Rua Monsaras, 19 Magalhães Bastos Realengo 21735-050 40392698000152
Thermadyne Victor Ltda. Av. Brasil, 13629 Parada de Lucas Realengo 21012-351 2580640000143
Setha Industria Eletronica Ltda Rua Alvaro de Macedo 134 Parada de Lucas Realengo 21250620 30316830000193
Diz Ferramentaria e Estamparia Ltda Avenida Brasil 16699 Parada de Lucas Realengo 21241051 73794158000154
Brasilcraft Comercio de Artefatos de Couro Ltda Estrada da Agua Branca 3826 Realengo Realengo 21720161 06088958000162
G. Moretti Confecção Ltda. Rua Nilópolis, 120 Realengo Realengo 21720-040 2900440000120
Vertical do Ponto Industria e Com de Para Quedas Ltda Av G Benedito da Silveira S V Militar Deodoro Realengo 21853480 36111755000100
Marleous Equipamentos Ltda. Rua Otranto 1097 Vigario Geral Realengo 21241090 32113664000153
22
Comercio e Industria Medifar Ltda Rua Gregorio de Matos Vigario Geral Realengo 21240670 34121970000167
Never Industria e Comercio Ltda Etr Vigario Geral 371 Vigario Geral Realengo 21241100 31199029000178
Jolimode Roupas S.A. Rua Fernandes da Cunha, 326 Vigário Geral Realengo 21241-300 33016494000151
Distrito Industrial
Sicpa Brasil Ltda. Rua Echaponã, 328 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-150 42596973000185
M. A. T. Gomes Bazar Rua Lucio Cardoso 317 Paciencia Sta. Cruz 23580000 02039631000140
Lacca S/A Industria e Comercio de Moveis Av Cesario de Melo 11572 Paciencia Sta. Cruz 23585126 42300616000128
Manufatura Zona Oeste S.A. Rua Pistoia, 102 Paciência Sta. Cruz 23590-000 29708492000156
Liarte Metalquimica Ltda Rua Darcy Pereira 164 Santa Cruz Sta. Cruz 23565190 17750886000193
Siegwerk Brasil Industria de Tintas Ltda Rua Echapora 328 Santa Cruz Sta. Cruz 23565150 07495017000106
Avanti-Carpet Industria Textil Ltda. Rua Agai 1861 Santa Cruz Sta. Cruz 23065620 29471364000131
Casa da Moeda do Brasil Cmb Rua Rene Bittencourt 371 Santa Cruz Sta. Cruz 23565200 34164319000506
Gerdau Acos Longos S.A. Avenida Joao Xxiii 6.777 Santa Cruz Sta. Cruz 23560900 07358761000169
Pan-Americana S.A. Indústrias Químicas Rua Nelson da Silva, 288 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 50142223000323
23
Fábrica Carioca de Catalisadores S.A. Rua Nelson da Silva, 663 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 28944734000148
Valesul Alumínio S.A. Estr. Aterrado do Leme, 1225 Sta. Cruz Sta. Cruz 23579-900 42590364000119
Sociedade Marmífera Brasileira Ltda. Av. Brasil, 49527 Sta. Cruz Sta. Cruz 23065-480 33151630000116
Ecolab Química Ltda. Rua Nelson da Silva, 375 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 536772000223
Hazafer do Brasil Ind. e Com. Ltda. Rua Macapá, 273 Sta. Cruz Sta. Cruz 23550-260 33430463000142
Focal Engenharia e Manutencao Ltda Avenida Marechal Fontenelle Campo Dos Afonsos Realengo 21740001 02068570000300
Fonte: Secex/MIDC
24
QUADRO A.2
Zona Oeste: Empresas Importadoras (informações cadastrais)
RAZAO SOCIAL ENDERECO BAIRRO RA CEP CNPJ
Glass Temper Bazar e Vidracaria Ltda. Epp Rua da Chita 235 Bangu Bangu 00000 03622733000156
Rudel Ravasco Servicos Ltda Estrada Do Engenho 888 Bangu Bangu 21840000 02402487000164
Angio Vita Servicos Medicos Ltda Rua Silva Cardoso 711 Bangu Bangu 21810031 00724052000100
Redecine - Rio Cinematografica Ltda Rua Fonseca 240 Bangu Bangu 21820020 07524011000209
Tourall Tecnologia De Veiculos Eletricos Ltda Rua Teceloes 119 Bangu Bangu 21820130 05493923000146
Oilequip Produtos e Serviços Ltda. Av. Brasil, 33.050, Esq. C, Estr. do Gerici Bangu Bangu 21852-001 31639701000107
Falmec Do Brasil Industria E Comercio Sa Rua Araquem 333 Bangu Bangu 21853480 04747159000125
Vidraçaria Bangu Ltda. Rua Sul América, 1.878-A Bangu Bangu 21875-011 27938828000141
Dalbani Comercial De Tecidos Ltda - Epp Rua Francisco Real 862 Padre Miguel Bangu 21810042 74238064000242
Nargetec Industria E Comercio Ltda Estrada Sete Riachos 3213 Santissimo Bangu 23097710 31625361000157
Empresa Brasileira De Solda Eletrica S A Ebse Avenida Santa Cruz 10280 Santissio Bangu 23520243 33220880000160
Casa Publicadora das Assembleias de Deus Av.Brasil, 34401 Senador Camara Bangu 21852-002 33608332000102
Superpesa Industrial Ltda Avenida Brasil 42301 Campo Grande Campo Grande 23095700 30038152000144
Technew Com. e Ind. Ltda. Epp Rua Mario Mendes, 435 Campo Grande Campo Grande 23013-530 31258478000140
25
Cloral Industria de Produtos Quimicos Ltda Est do Pedregoso 4000 Campo Grande Campo Grande 23078450 42593855000113
Fredvic Industria De Roupas Ltda Avenida Brasil 49389 Campo Grande Campo Grande 23065480 33883448000150
Amalu Industria E Comercio Ltda. Estrada Rio Do A 1104 Campo Grande Campo Grande 23080300 02645774000103
Brasil Stone Ltda. Av. Brasil, 50.500 Campo Grande Campo Grande 23065-480 3952200000132
Recouro Ltda. Ind. de Couro Reconstituído Av. Brasil, 50340 Campo Grande Campo Grande 23065-480 87193728000165
Sh Formas Andaimes E Escoramentos Ltda Avenida Brasil 45208 Campo Grande Campo Grande 23078001 42292292000395
Craft Engenharia Ltda Estrada Do Pedregoso 2689 Campo Grande Campo Grande 23078450 29513405000105
Refrigerantes Convencao Rio Ltda Avenida Brasil 44148 Campo Grande Campo Grande 23078001 28293066000136
Silbene Industria E Comercio Ltda Rua Coronel Agostinho 52 Campo Grande Campo Grande 23050360 33606435000133
Quaker Chemical Indústria e Comércio S.A. Av. Brasil, 44178 Campo Grande Campo Grande 23078-001 00999042000188
Sh Industria De Metalurgia E Servicos Ltda Rua Azhaury Mascarenhas 155 Campo Grande Campo Grande 23078520 07525932000105
Art Latex Ind. e Com. de Artefatos de Látex Ltda. Estr. Rio-São Paulo, 255 Campo Grande Campo Grande 21853-480 31908825000132
Dancor S.A. Ind. Mecânica Av. Brasil, 49.259 Campo Grande Campo Grande 23078-001 33561853000151
Vke 80 Industria E Comercio De Cosmeticos Ltda.Me Rua Sao Germano 80 Campo Grande Campo Grande 23080570 07649178000107
Inpal S.A. Indústrias Químicas Av. Brasil, 42.401 Campo Grande Campo Grande 23095-700 33413527000105
Plasser do Brasil Comercio Ind e Representacoes Ltda R Campo Grande 3050 Campo Grande Campo Grande 23085360 42284562000154
26
Giemac Mineração Ltda. Av. Brasil, 41432 Campo Grande Campo Grande 23095-700 28350304001099
Dime Ltda Estrada do Mendanha 1051 Campo Grande Campo Grande 00000 04938495000155
Vesúvios Refratários Ltda. Av. Brasil, 49550 Distr. Indl. de Palmares Campo Grande Campo Grande 23065-480 30511844000168
Carreteiro Alimentos Ltda Avenida Brasil 51000 Campo Grande Campo Grande 23065480 02892934000100
Cogumelo Ind. e Com. Ltda. Av. Brasil, 44879 Campo Grande Campo Grande 23078-000 42200550000102
Superpesa Cia De Transportes Especiais E Intermodais Avenida Brasil 42.301 Campo Grande Campo Grande 23095700 42415810000159
Carreteiro Alimentos Ltda. Av. Brasil, 51000 Campo Grande Campo Grande 23065-480 14109664000106
C M E Comercio De Maquinas E Equipamentos Ltda Avenida Brasil 38500 Campo Grande Campo Grande 23095700 32300758000131
Trade Box Importacao E Exportacao Ltda Avenida Cesario De Melo 3311 Campo Grande Campo Grande 23050101 06226873000101
Primus Processamento De Tubos Sa Protubo Rua Campo Grande 3760 Campo Grande Campo Grande 23063000 42416792000120
Zzbn Importacao e Exportacao Ltda Rua Coronel Agostinho 76 Campo Grande Campo Grande 00000 06168811000182
Delly Kosmetic Com. e Ind. Ltda. Estr. do Pedregoso, 3.229 Cpo. Grande Campo Grande 23078-450 1567613000178
Geomax Equipamentos Ltda. Rua Gen. Correa e Castro, 305 Jd. América Realengo 21240-030 33012253000134
Procosa Produtos de Beleza Ltda. Rod. Pres. Dutra, 2611 e 2671 Jd. América Realengo 21535-500 33306929000445
Manufatura Produtos King Ltda Estrada Gal Canrobert Da Co 9 Magalhaes Bastos Realengo 21710400 33479445000155
Emco Ike Industria e Comercio Ltda Rua Coruripe 475 Marechal Hermes Realengo 21550000 03278416000164
27
Creimex-Comercial Importacao E Exportacao Ltda Rua Aurelio Valporto 47 Marechal Hermes Realengo 21555560 68746346000177
Tussor Confeccoes Ltda Rua Mauro 150 Parada De Lucas Realengo 21241110 07681643000197
Thermadyne Victor Ltda. Av. Brasil, 13629 Parada de Lucas Realengo 21012-351 2580640000143
Flexopack Embalagens Ltda Avenida Brasil 13741 Parada de Lucas Realengo 21010000 30707749000134
Setha Ind. Eletrônica Ltda. Rua Álvaro de Macedo, 134/144 Parada de Lucas Realengo 21250-620 30316830000193
Terasaki Do Brasil Ltda Rua Cordovil 259 Parada De Lucas Realengo 21250450 42416784000183
Brasilcraft Comercio De Artefatos De Couro Ltda Estrada Da Agua Branca 3826 Realengo Realengo 21720161 06088958000162
Jolimode Roupas S A Rua Fernandes Da Cunha 326 Vigario Geral Realengo 21241300 33016494000151
Sulatlantica Importadora e Exportadora Ltda. Rua Furquim Mendes, 100 Vigario Geral Realengo 21241-340 33375692000101
Fornox Brasil Industria E Comercio Ltda Rua Otranto C/Entr/Supl/R.M 1 Vigario Geral Realengo 21241090 06038191000167
Manchester Distribuidora De Ferro E Aco Ltda Avenida Meriti 5230 Vigario Geral Realengo 21240732 36072635000141
Lys Electronic Ltda Rua Saturno 45 Vigario Geral Realengo 21241150 33469867000140
Marleous Equipamentos Ltda. Rua Otranto 1097 Vigario Geral Realengo 21241090 32113664000153
Qualyglass Industria e Comercio de Vidros Ltda Avenida Brasil 15846 Vigario Geral Realengo 21241050 07114732000151
Marfreis Industria E Comercio De Bolsas Ltda Rua Gregorio De Mattos 159 Vigario Geral Realengo 21240670 02357505000133
Porto De Mar Comercio De Generos Alimenticios Ltda Rua Martinica 41 Vigario Geral Realengo 21241081 02895077000100
28
Happy Confecções Ltda. Rua Otranto, 1.322 Vigário Geral Realengo 21241-090 28227650000193
Distrito Industrial
Sicpa Brasil Ltda. Rua Echaponã, 328 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-150 42596973000185
Santa Cruz Melting S/A Estrada Urucania 1356 Paciencia Sta. Cruz 23580140 29978806000130
Lacca S/A Industria E Comercio De Moveis Av Cesario De Melo 11572 Paciencia Sta. Cruz 23585126 42300616000128
Manufatura Zona Oeste S.A. Rua Pistoia, 102 Paciência Sta. Cruz 23590-000 29708492000156
Ecoparts Com. e Ind. Ltda. Rua Pistóia, 102, Parte Paciência Sta. Cruz 23590-300 03577587000194
Gerdau Acos Longos S.A. Avenida Joao Xxiii 6.777 Santa Cruz Sta. Cruz 23560900 07358761000169
Avanti-Carpet Industria Textil Ltda. Rua Agai 1861 Santa Cruz Sta. Cruz 23065620 29471364000131
Siegwerk Brasil Industria De Tintas Ltda Rua Echapora 328 Santa Cruz Sta. Cruz 23565150 07495017000106
Thyssenkrupp Csa Companhia Siderurgica Avenida Joao Xxiii S/N Santa Cruz Sta. Cruz 23560352 07005330000208
Molecular Brasil Limitada Avenida Padre Guilherme Dec 2 Santa Cruz Sta. Cruz 23575000 03122996000287
Casa da Moeda do Brasil Cmb R Rene Bittencourt, 371 Santa Cruz Sta. Cruz 23565-200 34164319000506
Ecolab Química Ltda. Rua Nelson da Silva, 375 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 536772000223
Fábrica Carioca de Catalisadores S.A. Rua Nelson da Silva, 663 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 28944734000148
Liarte Metalquímica Ltda. Rua Darcy Pereira, 164 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-190 17750886000193
Hazafer do Brasil Ind. e Com. Ltda. Rua Macapá, 273 Sta. Cruz Sta. Cruz 23550-260 33430463000142
29
Pan-Americana S.A. Indústrias Químicas Rua Nelson da Silva, 288 Sta. Cruz Sta. Cruz 23565-160 50142223000323
Valesul Alumínio S.A. Estr. Aterrado do Leme, 1225 Sta. Cruz Sta. Cruz 23579-900 42590364000119
Fonte: Secex/MIDC
30
QUADRO A.3
Zona Oeste: estabelecimentos exportadores e importadores por RA, segundo o tamanho
Exportação Importação Exportação Importação
(no. de estabelecimentos) (no. de estabelecimentos) (em %) (em %)
RA 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007
Demais - - - - - - - - - - - -
Demais - - - - - - - - - - - -
Demais - - - - - - - - - - - -
Demais - - - - - - - - - - - -
QUADRO A.4
Zona Oeste: exportação e importação por RA, segundo o tamanho
Exportação Importação Exportação Importação
(US$milhões) (US$milhões) (em %) (em %)
RA 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007
Bangu 0,0 0,7 0,7 1,8 1,9 3,5 0,0 0,1 0,1 1,1 0,7 1.3
Pequena 0,0 0,0 0,0 0,1 0,6 1,2 0,0 0,0 0,0 0,1 0,2 0,4
Média 0,0 0,1 0,6 0,6 0,1 0,1 0,0 0,0 0,1 0,4 0,0 0,0
Demais - - - - - - - - - - - -
Campo Grande 25,1 28,2 28,2 56,4 80,5 89,5 11,2 4,5 4,2 35,6 29,6 33,2
Micro 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0
Pequena 0,5 1,5 1,7 0,8 1,2 1,4 0,2 0,3 0,3 0,5 0,4 0,5
Especial 9,1 12,7 11,6 2,0 1,8 3,3 4,0 2,0 1,7 1,3 0,7 1,2
Média 15,5 14,1 14,9 40,5 62,0 66,0 6,9 2,3 2,2 25,6 22,8 24,5
Demais - - - - - - - - - - - -
Realengo 41,3 44,7 66,3 39,7 38,6 52,2 18,3 7,2 9,9 25,0 14,2 19,4
Pequena 0,9 2,3 2,5 2,2 1,5 1,3 0,4 0,4 0,4 1,4 0,6 0,5
Média 19,0 16,6 15,1 5,9 4,9 6,4 8,4 2.7 2,3 3,7 1,8 2,4
33
Grande 21,3 25,8 48,7 19,9 19,3 27,2 9,4 4,1 7,3 12,6 7,1 10,1
Demais - - - - - - - - - - - -
Sta. Cruz 159,3 552,8 575,4 60,6 151,1 124,0 70,9 88,3 85,8 38,2 55,5 46,1
Pequena 0,1 - 0,0 0,2 0,7 1,4 0,0 - 0,0 0,1 0,3 0,5
Especial 1,4 2,0 2,4 - 3,6 11,9 0,6 0,3 0,4 - 1,3 4,4
Média 16,5 20,5 18,1 22,3 20,4 29,4 7,3 3,3 2,7 14,1 7,5 10,9
Grande 141,3 530,3 554,9 38,2 126,4 81,3 62,6 84,7 82,7 24,1 46,5 30,2
Demais - - - - - - - - - - - -
total 225,7 626,3 670,7 158,5 272,1 269,2 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Secex/MIDC
34
QUADRO A.5
Zona Oeste: exportação e importação das distintas RAs, segundo o setor de atividade
Exportação Importação Exportação Importação
(US$milhões) (US$milhões) (em %) (em %)
RA 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2005 2006 2007
Bangu 0,0 0,7 0,7 1,8 1,9 3,5 0,0 0,1 0,1 1,1 0,7 1,3
Agricultura - - - - - - - - - - - -
Comércio 0,0 0,0 0,0 1,2 1,4 2,5 0,0 0,0 0,0 0,8 0,5 0,9
Serviços - - - - - - - - - - - -
Indústria 0,0 0,7 0,6 0,6 0,3 0,7 0,0 0,1 0,1 0,4 0,1 0,3
Cons. Civil 0,0 0,0 0,0 0,0 0,3 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1
Campo Grande 25,1 28,2 28,2 56,4 80,5 89,5 11,1 4,5 4,2 35,6 29,6 33,2
Agricultura - - - - - - - - - - - -
Comércio 0,0 - 0,0 13,1 15,3 17,3 0,0 - 0,0 8,3 5,6 6,4
Indústria 25,1 28,2 28,2 43,2 64,6 70,5 11,1 4,5 4,2 27,3 23,7 26,2
Demais - - - - - - - - - - - -
Realengo 41,3 44,7 66,3 39,7 38,6 52,2 18,3 7,1 9,9 25,0 14,2 19,4
Agricultura - - - - - - - - - - - -
Comércio 0,1 0,6 0,8 12,7 12,8 16,0 0,0 0,1 0,1 8,0 4,7 5,9
41,0 44,0 65,5 27,0 25,7 36,2 18,2 7,0 9,8 17,0 9,4 13,4
Demais - - - - - - - - - - - -
Sta. Cruz 159,3 552,8 575,4 60,6 151,1 124,0 70,6 88,3 85,6 38,2 55,5 46,1
Agricultura - - - - - - - - - - - -
Serviços - - - - - - - - - - - -
Indústria 159,3 552,8 575,4 60,6 151,1 124,0 70,6 88,3 85,6 38,2 55,5 124,0
Demais - - - - - - - - - - - -
Total 225,7 626,3 670,7 158,5 272,1 269,2 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Secex/MIDC
36
QUADRO A.6
Zona Oeste: exportações das distintas RAs, ordenadas segundo o setor CNA2 (US$milhões)
Bangu Média Campo Grande Média Realengo Média Sta. Cruz Média
2005-2007 2005-2007 2005-2007 2005-2007
Edição, impressão e Fabricação de produtos de Fabricação de produtos
reprodução de gravações 0,26 minerais não-metálicos 15,81 químicos 31,79 Metalurgia básica 407,28
Fabricação de equipamentos
de instrumentação médico-
hospitalares, instrumentos de
precisão e ópticos,
equipamentos para
Fabricação de produtos automação industrial, Fabricação de produtos
Metalurgia básica 0,17 químicos 7,15 cronômetros e relógios 13,14 químicos 16,69
Preparação de couros e
Comércio varejista e fabricação de artefatos de
reparação de objetos couro, artigos de viagem e Fabricação de máquinas e Fabricação de produtos de
pessoais e domésticos 0,01 calçados 1,99 equipamentos 4,74 minerais não-metálicos 1,91
Atividades anexas e
auxiliares do transporte e Extração de minerais não- Comércio por atacado e Edição, impressão e
agências de viagem 0,01 metálicos 1,00 intermediários do comércio 0,49 reprodução de gravações 1,58
Preparação de couros e
Fabricação de produtos de fabricação de artefatos de Fabricação e montagem de
metal - exclusive máquinas e couro, artigos de viagem e veículos automotores,
equipamentos 0,36 calçados 0,13 reboques e carrocerias 0,79
Fabricação de material
Comércio varejista e eletrônico e de aparelhos e
reparação de objetos pessoais equipamentos de
e domésticos 0,01 comunicações 0,03
Fabricação de produtos de
metal - exclusive máquinas e
equipamentos 0,02
Fabricação de produtos têxteis 0,01
Comércio varejista e
reparação de objetos pessoais
e domésticos 0,01
Sub-total 0,45 27,17 50,77 429,14
Total 507,53
% de participação de cada
região 0,09 5,35 10,00 84,55
Fonte: Secex/MIDC
38
QUADRO A.7
Zona Oeste: importações das distintas RAs, ordenadas segundo o setor CNA2 (US$milhões)
Bangu Média Campo Grande Média Realengo Média Sta. Cruz Média
2005-2007 2005-2007 2005-2007
Comércio varejista e
reparação de objetos Fabricação de produtos Fabricação de produtos
pessoais e domésticos 1,67 químicos 43,77 químicos 21,77 Metalurgia básica 80,34
Fabricação de produtos de
Atividades recreativas, metal - exclusive máquinas e Confecção de artigos do Fabricação de móveis e
culturais e desportivas 0,03 equipamentos 0,33 vestuário e acessórios 0,38 indústrias diversas 0,05
Fabricação de produtos
Não classificadas 0,02 alimentícios e bebidas 0,25 Fabricação de produtos têxteis 0,27
Preparação de couros e
fabricação de artefatos de
Comércio por atacado e Fabricação de máquinas e couro, artigos de viagem e
intermediários do comércio 0,01 equipamentos 0,13 calçados 0,20
Fabricação de produtos de
metal - exclusive máquinas Fabricação de produtos de
e equipamentos 0,01 Construção 0,13 minerais não-metálicos 0,02
Total 233,21
% de participação de cada
região 1,03 32,35 18,64 47,98
Fonte: Secex/MIDC
41
QUADRO A.8
Empresas Exportadoras e Produtos Sistema Harmonizado (NCM a 6 dígitos)
Produto
Nome da empresa SH Website
Consuldent Equipamentos Medico-
Odontologicos Ltda
Outros agentes de apresto ou acabamento,
Rudel Ravasco Servicos Ltda aceleradores de tingimento ou de fixação e outros www.rudelravasco.com.br
380991 produtos para a indústria têxtil ou indústrias similares
350790 Outras enzimas preparadas
Outras preparações tensoativas e preparações para
340290 lavagem e limpeza
283911 Metassilicatos de sódio
Outras matérias minerais naturais ativadas; negros
380290 de origem animal
www.alfaparf.com
Delly Kosmetic Com. e Ind. Ltda. 330590 Outras preparações capilares
330510 Xampus para os cabelos
Peróxido de hidrogênio (água oxigenada), mesmo
284700 solidificado com uréia
Impressos publicitários, catálogos comerciais e
491110 semelhantes
Preparações para ondulação ou alisamento
330520 permanentes dos cabelos
841939 Outros secadores
Partes de aparelhos e dispositivos para tratamento
de matérias por meio de operações que impliquem
841990 mudança de temperatura
Vestuário e seus acessórios, inclusive luvas, mitenes
392620 e semelhantes, de plásticos
Outros artigos de higiene ou de toucador, de
392490 plásticos
290519 Outros monoálcoois saturados
Roupas de toucador ou de cozinha, de tecidos
630260 atoalhados, de algodão
50
Entrevistas
A Valesul produz e comercializa alumínio primário e cerca de 250 ligas de alumínio para a
indústria de transformação. Iniciou suas operações produtivas em 1982. A empresa
ocupa um terreno de 800.000 m² e oferece cerca de 1100 postos de trabalho no total (600
funcionários e 500 terceiros permanentes). Produz cerca de 100 mil toneladas de alumínio
primário por ano e exporta principalmente para os Estados Unidos e para a Europa
(Portugal, Suíça).
A Valesul produz ligas de alumínio para toda a indústria automobilística, bem como para
outros segmentos industriais. A transformação da alumina (produzida a partir da bauxita)
em alumínio é altamente intensiva em energia elétrica. Como se trata de um insumo
estratégico, a produção de energia elétrica foi praticamente internalizada à cadeia
produtiva da empresa. Para atender a sua demanda de energia elétrica, a empresa opera
seis centrais hidrelétricas que juntas fornecem 90% da energia consumida no processo.
Atualmente, a Valesul consome 1,5 milhão de kW/h, o equivalente à demanda de duas
cidades de 700 mil pessoas.
A empresa destina 20% da sua produção para exportação e 80% desta ao mercado
interno. No momento prioriza a venda no mercado interno devido a maior rentabilidade
destas operações quando comparada com a das vendas internacionais. O diferencial de
valor das vendas no mercado doméstico resulta também da capacidade que a empresa
tem de atender à demanda por ligas especiais, diferenciando seu produto do alumínio
commoditie. Nos últimos dois anos, com o aquecimento da demanda no mercado
doméstico, o prêmio pela venda no mercado doméstico cresceu. Portanto, mesmo com os
benefícios fiscais que a empresa pode usufruir no comércio exterior, tem valido mais a
pena destinar parcela crescente da produção para o mercado doméstico.
A Vale sul exporta cerca de 25.000 toneladas/ano de alumínio. Como algumas ligas de
alumínio são fabricadas com matéria-prima importada, em suas exportações a empresa
usufrui do sistema de drawback. Com relação à exportação, a empresa vende a custo
FOB estivado. Já no mercado interno, 100% das vendas são feitas a custo de frete (CIF -
Custo, Seguro e Frete). Os pagamentos relativos às vendas externas são feitos à vista e o
produto é despachado em containeres exclusivamente pelo porto do Rio de Janeiro, o que
é apontado como uma desvantagem para a empresa, já que o trajeto até o porto do Rio
de Janeiro é prejudicado pelas condições de tráfego na Avenida Brasil. Os produtos
importados pela empresa são, na quase totalidade, insumos e matérias-primas, e outros
materiais, como ligas de fundição, material de revestimento das cubas aonde o alumínio é
produzido, além de peças de uma maneira geral.
62
Nas operações de importação, a empresa trabalha com o sistema just in time. Como o
custo de armazenagem no porto é mais alto do que a desova de mercadoria, a empresa
opta por internar imediatamente o que importa.
Os insumos importados pela empresa são alumina, coque de petróleo, magnésio (cujos
únicos fornecedores são a Rússia e a China) e manganês (a China é o único fornecedor).
A Valesul tem um contrato de longo prazo com um antigo sócio, a BHP Billiton, válido até
2013, de parte do fornecimento da alumina. A BHP fornece alumina de uma refinaria
localizada no Suriname, por opção contratual própria. 100% da importação de alumina e
coque de petróleo entram pelo porto de Sepetiba (por ser granel).
A importação dos produtos e insumos listados acima representa 25% dos custos de
produção da empresa. Somente a alumina importada representa 18% deste custo de
produção da empresa, levando em conta que a alumina representa 40% do custo de
produção, e que 45% da alumina é importada.
Algumas das dificuldades listadas pela empresa com relação à importação são: o alto
custo do frete marítimo, a estrutura portuária brasileira, deficitária, e problemas de frete
rodoviário. Basicamente, no que se refere à estrutura portuária, os problemas estão
associados à burocracia dos procedimentos junto à Receita Federal, o que aumenta os
custos da empresa.
Como se tratam de produtos de alto valor unitário e que requerem cuidados especiais no
transporte (de tal forma a garantir suas condições de esterilidade), as exportações da
empresa só são realizadas através do modal aéreo. As vendas externas da Silimed são,
em geral, realizadas pelo sistema de carta de crédito. Não há obstáculos burocráticos à
exportação, embora a empresa tenha chamado a atenção para o fato de o despacho
aduaneiro estar centralizado em apenas um técnico da receita federal. A empresa aponta,
64
A Michelin é agrupada por unidades de negócio (cada fábrica e suas respectivas linhas de
produto são consideradas uma unidade de negócios), que são atendidas por serviços
geridas em nível corporativo, como o financeiro, pessoal e de logística. A empresa opera
com dezesseis diferentes nomes para as unidades de negócio do grupo localizadas em
diferentes regiões do mundo.
produtivas que operam em áreas contíguas, uma fábrica de pneus de carga e uma para
veículos pesados do setor de engenharia civil, esta última inaugurada em 2008. As duas
unidades produtivas de Campo Grande respondem a 80% do volume total de produção
dos ativos industriais do Brasil. A principal vantagem específica do Complexo de Campo
Grande para o grupo Michelin é a escala de produção. As fábricas produzem 100.000
toneladas/ano, o que coloca este complexo entre as cinco maiores unidades produtivas da
Michelin.
Dentre os diferentes tipos de produtos produzidos pela Michelin Brasil estão: pneus de
carga, pneus de turismo, pneus de engenharia civil, pneus agrícola e pneus ‘duas rodas’.
A distribuição dos produtos é feito com frota terceirizada.
O insumo mais importante utilizado pela empresa é a mistura conhecida como massa de
borracha. Seis grupos de produção de massa de borracha instalados no Brasil fabricam e
fornecem mistura para as fábricas de Campo Grande, de Itatiaia e certa quantidade é
exportada para a Colômbia. A Michelin possui ainda dois grandes seringais, um na Bahia
e um no Mato Grosso, os quais destinam 90% da borracha extraída para consumo próprio
da empresa. São 10.000 hectares de plantação de seringueira.
A Michelin gera 4.000 empregados diretos no Brasil dos quais 2.500 na área industrial e
comércio e 1.500 nas plantações de seringueiras. A contratação de pessoal para as
unidades produtivas se baseia no critério de localização da mão-de-obra. A grande
maioria dos empregados das fábricas de Campo Grande mora próxima às fábricas ou em
regiões de seu entorno.
Há cerca de três anos atrás, a empresa criou o Projeto Ouro Verde, que incentiva a
agricultura familiar, gerando benefícios para o pequeno agricultor e para a empresa.
Como é difícil realizar a supervisão do trabalho nos seringais, a Michelin optou pelo
modelo de terceirização da produção. Dividiu a fazenda situada na Bahia em quatro
partes, loteou duas dessas partes e vendeu lotes para os funcionários mais produtivos.
Forneceu um pacote de assistência técnica e garantiu a compra de todo o látex extraído.
Permitiu também que o pequeno agricultor operasse com culturas compartilhadas, ou
seja, além das seringueiras são admitidas nos lotes plantações de outros produtos, o que
garante ao produtor uma renda mais elevada. O processo de terceirização da produção
replica exatamente o modelo de produção de fumo e frango no Brasil e também é utilizado
na Malásia para a produção de borracha.
O Complexo Industrial de Campo Grande exporta 80% da produção (EUA, Ásia e América
do Sul) e os outros 20% são destinados ao mercado interno. Grande parte das
exportações é destinada ao usuário direto, uma pequena quantidade vai para as
montadoras. A fábrica que produz pneus de carga destina uma parcela maior da sua
produção - 70% - para o mercado interno. A parcela da produção destinada aos mercados
externos é vendida quase que integralmente para os países da América do Sul. Uma
vantagem específica do Complexo de Campo Grande para o grupo Michelin é a escala de
produção.
O grupo Gerdau produz aço no Rio desde 1972, quando construiu a unidade Gerdau
Cosigua no Distrito Industrial de Santa Cruz. Esta unidade é proveniente de uma
negociação entre o governo, a Gerdau e a ThyssenKrupp Steel. A última, inicialmente,
queria manter uma unidade de auto-forno, embora fosse um processo muito caro. Nessa
época a Gerdau começou a crescer, expandiu as suas unidades no Brasil, e achava que
não era um bom negócio manter essa atividade. Através de um acordo com a Thyssen, a
Gerdau passou a ser a única empreendedora da Cosigua.
A unidade exporta em torno de 15% da sua produção. Grande parte dessa exportação é
feita intrafirma. A Cosigua exporta tanto para as suas fábricas na América Latina
(Argentina e no Uruguai, pela maior facilidade de transporte) quanto nos EUA.
A unidade de Santa Cruz aponta fatores que comprometem sua comepetitividade, entre
eles: os problemas portuários, o trânsito rodoviário, a escassez de mão-de-obra
qualificada e a inexistência de transporte urbano na região de Santa Cruz (o que dificulta
o acesso dos funcionários à fábrica e obriga a empresa a manter serviço de transporte
exclusivo, contratado junto a prestadores de serviços). Os custos de importação também
são onerados pela burocracia (notadamente da Receita Federal), o que obriga a unidade
a aumentar o estoque de insumos utilizados no processo de produção. Os estoques de
cilindros tiveram de ser aumentados em torno de 50%, como medida para evitar a
paralisação do processo produtivo.
Outro problema enfrentado pela Cosigua são as péssimas condições rodoviárias. Com o
grande movimento de caminhões, dado o início da construção do complexo siderúrgico
pela ThyssenKrupp CSA no Distrito Industrial de Santa Cruz, as condições das estradas
pioraram consideravelmente. A unidade tentou exigir da Prefeitura a assistência que havia
sido prometida à região quando a ThyssenKrupp chegou. Mas nada foi cumprido pelo
poder público municipal. Para não agravar ainda mais a situação, a Gerdau Cosigua tem
68
Trouxe então para o Brasil a tecnologia de ponta para a fabricação de perfis pultrudados
em fibra de vidro utilizados pela indústria em geral. Em 1990, um acordo tecnológico com
a líder de mercado americana, Creative Pultrusions, Inc., para atender a América do Sul,
permitiu o aperfeiçoamento do processo de pultrusão e trouxe a possibilidade de
ampliação da linha de produtos Cogumelo. Este Acordo de licenciamento de tecnologia já
acabou. Hoje a empresa tem a sua própria tecnologia e fabrica as suas máquinas.
A empresa conta com um total de 220 funcionários na fábrica de Campo Grande dos
quais 50 estão na área administrativa. A mão-de-obra é basicamente local. 60% do
administrativo reside no entorno da unidade fabril. Existe uma van que transporta 18
pessoas de Jacarepaguá para a empresa em Campo Grande.
Cada container importado pela Cogumelo comporta vinte e uma toneladas de matéria-
prima. A empresa importa o produto principalmente dos EUA e, marginalmente, da China
e da Índia. O despacho da mercadoria importada no porto não é um problema para a
empresa. Esta utiliza somente o Porto do Rio de Janeiro. Embora o Porto de Itaguaí
esteja com melhores condições de frete, o Porto do Rio é mais próximo do EADI (em
Nova Iguaçu).
A empresa terceiriza o transporte das importações e não enfrenta problemas com trânsito
e condições rodoviárias na Avenida Brasil. Prefere pagar um preço viável pela
terceirização do transporte por empresas confiáveis do que arriscar o material importado,
seguindo a política de risco zero adotada pela Cogumelo.
Nos últimos três anos, a empresa vem passando por um processo de reestruturação e
enxugamento. A unidade industrial de Campo Grande empregava 400 funcionários em
2007 e ao final desse ano (2008) o quadro de pessoal será reduzido para 290
funcionários. A expectativa é de que até o primeiro semestre de 2009, a fábrica esteja
operando com 220 trabalhadores.
A redução das vendas, provocada pelo câmbio valorizado e pela competição de produtos
importados no mercado interno, obrigou a empresa a redimensionar a produção nos
últimos anos. Em relação a 2007, quando a FredVic fabricou 400 mil peças de roupa, a
produção em 2008 encolheu quase 20%. As diversas crises que a indústria de confecção
70
enfrentou ao longo dos últimos dez anos, reduziu em 80% o número de estabelecimentos
do setor no estado.
Mesmo com todas essas dificuldades, a empresa consegue exportar. Atualmente, 98%
das vendas externas da FredVic são direcionadas para o mercado argentino. O produto
brasileiro ainda consegue ser competitivo naquele país, graças às preferências tarifárias
do Mercosul. No presente ano, a empresa exportará 22.000 peças, o que representa 7%
de sua produção. O pico de exportações da empresa ocorreu em 2006, quando 50.000
peças (13% da produção) foram vendidas para o mercado externo.
A recente desvalorização do real frente ao dólar levou a empresa a refazer seus planos de
exportação para a Argentina. Com uma cotação na casa de R$2,00/dólar, a FredVic
acredita que, em 2010, estará vendendo cerca de 50 mil peças de roupas para aquele
mercado. Atualmente, os produtos vendidos na Argentina são despachados por via aérea,
que constitui o modal de transporte preferencial para a exportação. Por exigência da
empresa, os produtos vendidos no mercado externo são pagos antecipadamente pelos
clientes.
Junho/2009
1
ÍNDICE
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno:
diagnóstico sócio econômico do local...................................................................................... 5
1. Introdução......................................................................................................................... 5
1.1. Objetivos gerais e específicos ................................................................................... 10
2. Identificação da região de estudo e sua evolução histórica ........................................ 11
2.1. Campo Grande........................................................................................................... 13
2.2. Santa Cruz ................................................................................................................. 14
2.3. Bangu ........................................................................................................................ 15
2.4. Realengo.................................................................................................................... 15
3. Principais atividades econômicas locais na ótica dos estabelecimentos e dos
empregos: uma predominância das atividades comerciais e de serviços com uma
especialização relativa na indústria quando comparada com o MRJ ........................... 16
3.1. Retrospectiva das atividades econômicas locais na ótica dos estabelecimentos e
empregos: 1998, 2003 e 2006 .......................................................................................... 26
3.2. A atividade industrial e seus principais desafios: uma visão pela ótica fiscal .......... 45
3.2.1.Cadastro de empresas ....................................................................................... 47
3.3. A atividade comercial e os seus principais desafios ................................................. 48
3.3.1. Características da Amostra.............................................................................. 49
3.3.2. Problemas e Soluções...................................................................................... 50
4. Indicadores sócio-econômicos e as instituições de formação profissional................. 53
5. Iniciativas de governança e principais investimentos atuais...................................... 55
6. Considerações Finais...................................................................................................... 58
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 60
Anexo 1 - Localização da região estudada e regiões administrativas do MRJ ........................ 62
Anexo 2 – Cadastro FIRJAN de Empresas da Zona Oeste do MRJ – 2007/2008 ................... 67
Anexo 3 – Análise do Cadastro de Empresas .......................................................................... 85
Anexo 4 – Instituições de Ensino nas Regiões Administrativas Pesquisadas.......................... 90
Anexo 5 – Empresas Associadas à AEDIN (Associação das Empresas do Distrito Industrial
de Santa Cruz) .......................................................................................................................... 93
Anexo 6 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Bangu ..... 95
Anexo 7 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Campo
Grande .................................................................................................................................... 102
Anexo 8 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Realengo 110
2
Anexo 9 – Análise dos Dados da RAIS por Região Administrativa Pesquisada – Santa Cruz
................................................................................................................................................ 118
3
Tabela 2 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nos bairros
selecionados, 2006 ................................................................................................................... 20
Tabela 4 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos para
os bairros selecionados, 2006................................................................................................... 23
Tabela 6 – Número de empregos segundo faixa etária do empregado nos bairros selecionados,
2006.......................................................................................................................................... 25
Tabela 11 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nas regiões
administrativas selecionadas e no MRJ, 1998, 2003 e 2006 (%)............................................. 34
Tabela 13 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos para
os bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006 ............................................................................. 39
Tabela 20 – Representatividade das amostras, perfil das empresas e parceiros de pesquisa ... 49
1. Introdução
O estado do Rio de Janeiro (ERJ) corresponde à cerca de 0,5% do território nacional e tem
uma população superior a 14 milhões de habitantes (8,6% da população brasileira), o que lhe
confere a colocação do Estado de maior densidade demográfica, com 315 habitantes por
quilômetro quadrado.
Os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, pilares do setor secundário brasileiro, perderam
peso no conjunto nacional, com quedas respectivas de 50% e 40% no longo período de 1970-
1997. O estado fluminense, que realizava 15,6% da produção industrial brasileira em 1970, vê
sua participação cair para 7,8% em 1997. Esta queda de participação relativa atinge as três
grandes categorias de bens (bens de consumo, bens intermediários e bens duráveis). Observa-
se ainda a queda da contribuição do ERJ ao PIB brasileiro em todas as suas componentes, da
ordem de 29% no mesmo período (passa de 16,1% para 11,4%). Tudo isto sublinha a
amplitude das modificações observadas no aparelho industrial do ERJ e em seu entorno.
A interpretação do conjunto destas evoluções foi analisada por vários autores. Pacheco (1999)
observa um primeiro processo de desconcentração regional que se manifesta por uma maior
disseminação das atividades industriais pelo território nacional. Este fenômeno, segundo o
autor, deve-se a vários fatores, mas os principais parecem estar ligados, de um lado, aos
deslocamentos de atividades movidos pela busca de redução de custos de produção, de outro
lado, pelas políticas da União, dos estados e das municipalidades, de multiplicação das
medidas de atração dos investimentos das empresas, deslocando investimentos para outras
unidades da federação. Sabe-se que esta tendência, visível no Brasil nestes últimos anos, e que
se traduz na criação de externalidades positivas por parte do poder público, foi tão expressiva
que justifica a designação corrente de uma verdadeira guerra fiscal. Uma outra grande
tendência concomitante diz respeito à concentração regional dos investimentos em setores de
forte crescimento. Finalmente, o autor destaca a acentuação da heterogeneidade interna das
regiões brasileiras, com a formação ou a manutenção de ilhas de prosperidade (fenômenos
observáveis, por exemplo, nas periferias das grandes cidades), o crescimento do poderio
econômico das cidades médias em descompasso com muitas áreas metropolitanas.
6
Esta perda relativa da região Sudeste, progressiva, mas inexorável, diz respeito em primeiro
lugar ao estado de São Paulo que continua a liderar as atividades econômicas entre os estados
da federação, porém cuja participação no PIB caiu de 36,1% em 1985 para 31% em 2004.
Apesar do peso estrutural da economia paulista e de seu crescimento em termos absolutos,
nota-se que a perda relativa de sua posição é constante depois de 1988, quando o Estado
produziu 38,1% do PIB brasileiro. Isto mostra que o fenômeno de recomposição espacial das
atividades econômicas é definitivo e que ele resulta de modificações de fatores de ordem
estrutural. A posição relativa das outras unidades federativas da região Sudeste - Minas Gerais
e Espírito Santo - parece ter se estabilizado durante o mesmo período (1985-2004), em torno
de um pouco menos de 9,5% e 2%, respectivamente.
A exploração dos dados do IBGE realizada por Fauré e Hasenclever (2005) e atualizados para
fins desta análise 1 permite dizer que de 1985 a 2004 a parte relativa do ERJ na criação da
riqueza nacional parece, a primeira vista, relativamente estável, tendo passado de 12,7% a
12,6% do PIB em 19 anos 2. Porém, esta visão é enganosa. Inicialmente é preciso relembrar
que em 1970 o ERJ produzia 16,1% do PIB brasileiro. De outro lado, é preciso sublinhar que
o ERJ foi o estado da federação que apresentou o crescimento mais lento entre 1985 e 2001:
quando a taxa média de crescimento era de 4,9% para o Brasil, ela foi apenas de 2,7% para o
ERJ. Esta situação passa a ser um pouco melhor no período 1994-2003 quando o Estado
cresce a uma taxa média de 3,3% e o Brasil a uma taxa de 2,3%.
1
Os dados analisados do IBGE não dizem respeito a nova metodologia de cálculo do PIB que foi criada em
2007, mas trabalha com os dados de PIB anteriores. Optou-se por utilizar a metodologia antiga para a realização
desta contextualização devido ao interesse de se trabalhar com uma série mais longa. A nova metodologia
restringisse a uma série de dados entre 2002 e 2006. Outros trabalhos da equipe procurarão analisar as
implicações recentes das novas estatísticas no município do Rio de Janeiro.
2
É importante destacar que as estatísticas do IBGE sobre o estado do Rio de Janeiro não levam em conta desde
há alguns anos a produção do setor naval, que está, desde os anos 2000, em processo de revitalização, e
subestimam a contribuição do setor têxtil/confecções, subestimativas estas que já foram reconhecidas
publicamente pelo Instituto e pela Federação de Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
7
De fato o período 1985-2004, para o estado do Rio de Janeiro, pode ser caracterizado por dois
períodos distintos. O primeiro, de 1985 a 1998, foi marcado por uma crise da economia
fluminense e uma perda gradativa de seu dinamismo, conforme já apresentado. A partir de
1998, assiste-se à recuperação das atividades, principalmente devida a uma forte aceleração
da cadeia petrolífera. A posição relativa do Estado na formação do PIB brasileiro ilustra
perfeitamente estas tendências: em 1998, a contribuição fluminense para a riqueza nacional
era de 11%, tendo ultrapassado os 12% após este ano. Mas esta recuperação é frágil: por um
lado, repousa essencialmente sobre um setor – o petróleo - e, por outro, alguns Estados e
regiões do país obtêm melhores desempenhos e melhores resultados em outros numerosos
setores de atividade. Decorrente desta dinâmica diferenciada, no conjunto do país, pode-se
dizer que somente a retomada das atividades fluminenses em si não é suficiente para que o
Estado retorne a sua posição relativa dos anos 1970 ou mesmo da metade dos anos 1980.
É importante registrar, rapidamente, que em termos de renda per capita o Rio de Janeiro
continua a ter uma posição boa (R$ 14.639,00), que o coloca somente atrás do Distrito
Federal (R$ 19.071,00) e um pouco acima do estado de São Paulo (R$13.725,00), em 2004.
Como sabido, o poder de compra real deve ser levado em conta na análise dos fatores de
crescimento.
No período 2001-2004, observa-se que entre os estados da federação brasileira apenas a Bahia
apresentou aumento de sua participação relativa maior que um ponto percentual no PIB do
setor da indústria de transformação. Os estados do Rio de Janeiro e do Paraná registraram
queda de 1,5 pontos percentuais, enquanto os demais estados ficaram próximos à estabilidade.
Esta abordagem comparativa da participação relativa do setor industrial entre os estados não é
suficiente. É também necessário observar as demais evoluções setoriais fluminenses em
absoluto e em comparação com a dos outros estados. Esta leitura de dados estatísticos oferece
um panorama um pouco diferente, complementar e mostra dinamismos variados. Dois setores
se destacam pelo crescimento espetacular: a indústria extrativa (cujo coeficiente foi
multiplicado por 3,71 de 1985 a 2004) e as comunicações (x 3,67). Os demais setores em
crescimento apresentam um menor dinamismo (outros serviços coletivos: x 1,59, imobiliário
e serviços às empresas: x 1,46, alojamento e alimentação: x 1,45, agropecuária: x 1,37).
Constata-se, ao contrário, um declínio da indústria de transformação, passando do índice 100
em 1985 ao índice 94,2 em 2004. Mas não se trata de um fenômeno tipicamente fluminense já
que, neste setor, o Estado praticamente manteve a sua posição em relação ao país entre 1985 e
2004.
Duas causas podem ser apontadas para explicar este desempenho econômico negativo: o
pequeno número de setores industriais do MRJ que apresentaram taxas positivas de
crescimento no período e a não importância do setor extrativo do petróleo no MRJ, setor que
explica essencialmente a retomada do crescimento no ERJ.
Da mesma forma, a participação relativa dos setores alterou-se muito pouco no período,
apresentando um movimento geral de ligeira desconcentração da indústria de transformação e
uma possível diversificação da mesma em direção aos setores que apresentaram taxas de
crescimento positivas no período. Percebeu-se também uma redução generalizada do tamanho
das empresas e da produção física no período. Os setores que mais se destacam na indústria
carioca tanto em termos de emprego quanto em termos de resultados monetários (receita
líquida de vendas, valor bruto da produção e valor de transformação industrial) são os setores
de fabricação de produtos químicos; fabricação de produtos alimentícios e bebidas; e edição,
impressão e reproduções. O setor de confecções também se encontra entre os quatro mais
importantes geradores de emprego e o setor de borracha e plástico entre os quatro maiores
geradores de resultados monetários.
A atividade comercial do MRJ, por sua vez, sofre o impacto de perda de importância da
região metropolitana, retraindo-se até o ano de 1996, quando atingiu sua menor participação
no PIB do comércio nacional pelos dados do IBGE. Tomando os dados da Pesquisa Anual do
Comércio (PAC), pode-se inferir a volta do crescimento da atividade comercial, tanto no ERJ
quanto no MRJ, a partir do ano de 2003, ainda que ele tenha sido mais vigoroso para o
primeiro do que para o segundo. Mas é somente a partir de 2004 que os resultados se
apresentam superiores à média do resultado observado para o período 2001-2005.
sua vez, apesar de ter se reduzido, apresentou perdas pouco significativas. Assim o
desempenho do Município não ficou muito aquém do desempenho do Estado no que diz
respeito às atividades de comércio, diferentemente do constatado para as atividades
industriais. Entretanto, este desempenho positivo foi mais vigoroso em outras regiões do
Brasil, não permitindo que o Rio se destacasse na atividade comercial em termos nacionais.
Várias iniciativas governamentais e locais têm procurado alterar esta realidade com o objetivo
de mudar esse quadro desfavorável de desenvolvimento industrial e comercial do ERJ. Entre
essas iniciativas iluminar-se-á o caso da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro e o seu
entorno. De fato, na última década, constata-se uma expansão industrial intensa na Zona
Oeste da cidade do Rio de Janeiro, em função de projetos industriais em execução, mas
também uma crescente renovação imobiliária. Há possibilidade de expansão da atividade
industrial na região pelo fato de que os Distritos Industriais implantados pelo governo do
Estado na Região, ao dotar áreas previamente planejadas de toda infra-estrutura básica à
instalação de indústrias, facilita o processo de atração das indústrias para a região.
Toma-se como pressuposto que tal desenvolvimento abrangente não pode ser feito com base
em uma empresa solitária. Requer uma visão sistêmica que aplique metodologias baseadas em
abordagens do tipo de adensamento ou cadeias de valores, capaz de integrar estágios de
produção de matérias primas, produção de bens e serviços e consumo final e, sobretudo, uma
interação intensa entre as atividades econômicas locais e as instituições provedoras de
serviços e suporte ao desenvolvimento local.
3
Convém aqui lembrar que se as taxas de crescimento das grandes cidades brasileiras foram elevadas até os anos
1950-60 – com taxas anuais situadas entre 4 e 6% - elas caíram nitidamente em seguida. Esta evolução é ainda
mais verdadeira tratando-se da área metropolitana carioca, cuja taxa de crescimento passou de 3,7% no período
1940-70 para 2,4% nos anos 1970-80 e para 1% na seqüência 1980-91. Ao mesmo tempo, um outro fenômeno
importante, e que se verifica amplamente no ERJ, é que a taxa de crescimento das metrópoles brasileiras tornou-
se inferior à taxa de crescimento da população urbana, o que significa a emergência de cidades de médio porte.
10
O objetivo específico deste diagnóstico sócio econômico local, objeto deste documento, é
mapear elementos que identifiquem a região de estudo, as suas principais atividades
econômicas locais, os seus indicadores sociais e as iniciativas de governança já existentes
a partir de dados secundários discriminados ao longo do texto.
Também foram elaborados cadastros com o perfil das empresas locais e das principais
instituições de ensino locais (formação profissional e universitária) com o objetivo de ampliar
este diagnóstico, baseado em dados secundários, muitas vezes defasados no tempo e não
capturando dinâmicas importantes, com dados primários que expressem a opinião dos
principais empresários já localizados na região. A coleta destas opiniões será feita com a
ajuda da empresa Ayra Consultoria – empresa Junior dos alunos de administração, ciências
contábeis e economia da UFRJ, orientada por questionário elaborado pelo conjunto da equipe
de pesquisadores.
A região delimitada para estudo é constituída por quatro regiões administrativas, das 34 do
MRJ, todas pertencentes à Zona Oeste, uma das 11 zonas do MRJ. Ela representa cerca de
30% da área do MRJ (aproximadamente 380 km²) e tem uma população de 1,5 milhão de
pessoas, apresenta facilidades de infra-estrutura e disponibilidade de terrenos adequados às
atividades produtivas, além de potenciais economias de aglomeração em razão das indústrias
nelas já instaladas, como desenvolvido adiante.
A Zona Oeste é composta por 41 bairros e 10 regiões administrativas, das quais quatro fazem
parte da delimitação do estudo: Bangu, Campo Grande, Realengo e Santa Cruz (sombreado de
cinza no Quadro 1). Cada região possui um bairro sede (em negrito no Quadro 1), que
concentra a maior parte das atividades econômicas daquela região, e outros bairros menos
relevantes. Apesar de a região delimitada para estudo ser menos abrangente do que a Zona
Oeste, a denominaremos, neste trabalho, de Zona Oeste. Consultar Anexo 1 com a localização
geográfica e descrição completa das regiões administrativas e bairros do MRJ.
12
Os quatro grandes bairros que compõem a Zona Oeste – e tomam os mesmos nomes das
regiões – tem suas origens e explorações econômicas bastante variadas. O mais antigo deles é
o bairro de Santa Cruz, fundado a partir da sesmaria criada em 30 de dezembro de 1567.
Bangu e Campo Grande foram fundados bem mais tarde, em 1673. Realengo tem sua origem
em 1814.
atividades ferroviárias e de bondes, assim como grande produtor de laranja e Santa Cruz como
um importante entreposto de abate de bois, conforme resumo por bairros a seguir.
Inicialmente, o território correspondente a Campo Grande era habitado por índios Picinguaba.
Segundo Fróes e Gelabert (2004), em 1569 esse território passou a pertencer à grande
Sesmaria de Gericinó, que foi doada a João de Bastos e Gonçalo D’Aguiar. Desmembrada
desta pouco antes de 1670, a área foi doada pelo governo colonial a Barcelos Domingues e,
em 1673, foi criada a Paróquia de Nossa Senhora do Desterro, marco histórico da ocupação
territorial do local.
Durante todo o século XVIII a ocupação territorial mais efetiva ocorreu em Santa Cruz, por
causa do engenho dos jesuítas, e nas proximidades do centro de Campo Grande, cujas terras
compreendem hoje as regiões de Bangu e Jacarepaguá. Essas terras eram atravessadas pela
Estrada dos Jesuítas, mais tarde Estrada Real de Santa Cruz e pelas vias hidrográficas da
extensa Freguesia de Irajá. Toda a área, na verdade, era uma única região, um imenso sertão
pontilhado por alguns núcleos nos pontos de encontro das vias de acesso, em torno dos
engenhos e nos pequenos portos fluviais.
A característica nitidamente rural levou, durante quase três séculos, à aglomeração humana
restrita às proximidades das fazendas e engenhos e às pequenas vilas de pescadores, ao longo
da costa. Já no final do século XVIII, a Freguesia de Campo Grande começou a prosperar.
Seu desenvolvimento urbano ocorreu a partir do núcleo formado no entorno da Igreja de N.
Sa. do Desterro.
A partir da segunda metade do século XIX, a área começou a progredir com a implantação,
em 1878, de uma estação da Estrada de Ferro D. Pedro II, em Campo Grande. O transporte
ferroviário foi, então, o vetor que transformou esta região tipicamente rural em urbana, ao
facilitar o acesso ao centro da Cidade. Em 1894, a empresa particular Companhia de Carris
Urbanos ganhou a concessão para explorar a linha de bondes à tração animal, possibilitando
que as localidades mais distantes fossem alcançadas, o que favoreceu o seu desenvolvimento
urbano interno.
A partir de 1915, os bondes à tração animal foram substituídos pelos elétricos, permitindo
maior mobilidade e integração entre os núcleos semi-urbanos já formados. Este evento
acentuou o adensamento do bairro central de Campo Grande e estimulou o florescimento de
um intenso comércio interno, de certa forma, independente. O bairro que historicamente já era
o ponto de atração do crescimento da região, tornava-se agora sua mola propulsora adquirindo
características tipicamente urbanas.
Com as crises da cultura do café, iniciadas no final do século XIX e persistindo no século
seguinte até 1929, a região voltou-se para uma nova atividade: a citricultura. Desde os
primeiros anos do século XX e até os anos 40, Campo Grande foi considerada a grande região
14
Durante o governo do presidente Washington Luis, na década de 1930, a Estrada Real foi
incorporada à antiga Estrada Rio-São Paulo. Esse fato integrou Campo Grande ao tecido
urbano da Cidade, acentuando seu adensamento. Em 1946, a abertura da grande Avenida
Brasil aproximou ainda mais a Região do restante da Cidade. Criada para escoar a produção
das indústrias cariocas, a nova via não teve o fluxo esperado, durante a década de 1950. A
criação da rodovia Presidente Dutra, ligando o Rio a São Paulo, desviou o fluxo de
mercadorias para outra direção e a região ficou estagnada, em termos de adensamento e
desenvolvimento industrial.
A partir da década de 1960, surgiram os distritos industriais em Campo Grande e Santa Cruz,
resultando na instalação de grandes empresas, como a siderúrgica Cosigua-Gerdau, a
Michelin e a Vale-Sul, entre outras. Hoje, o comércio no bairro é auto-suficiente, exercendo
atração sobre outras regiões. O setor industrial também está em alta. Campo Grande possui
um Distrito Industrial localizado no quilômetro 43 da Avenida Brasil, abrangendo ainda a
Estrada do Pedregoso.
A antiga terra de Piracema, ocupada até o início do século XVI por índios da Nação Tupi-
Guarani, passou a ser denominada Santa Cruz em 30 de dezembro de 1567, com a chegada
dos colonizadores portugueses, tendo à frente o primeiro Ouvidor-Mor da Cidade de São
Sebastião do Rio de Janeiro, Cristóvão Monteiro e sua esposa, a senhora Marquesa Ferreira.
Aos padres Jesuítas da Companhia de Jesus que receberam a antiga sesmaria como doação,
coube a árdua tarefa da medição do latifúndio e todo o processo de beneficiamento das férteis
terras, desde o final do século XVI até o ano de 1759, quando foram expulsos do Brasil pelo
Marquês de Pombal. Santa Cruz foi uma das mais prósperas fazendas brasileiras, destacando-
se a produção agro-pastoril em todo o século XVIII, onde o escravo africano contribuiu
decisivamente para o sucesso do empreendimento da Companhia.
A fazenda dos jesuítas era tão importante para o governo colonial que suas terras não foram
postas em leilão, após a expropriação, tendo sido incorporadas ao patrimônio oficial e depois
transformadas por D. João VI em Fazenda Real de Santa Cruz, após a transferência da corte
portuguesa para o Brasil, em 1808. Com a chegada da comitiva real, a cidade do Rio de
Janeiro modificou-se muito e todas as regiões tipicamente rurais sofreram sua influência. As
atividades econômicas e culturais aceleraram-se e a zona rural voltou-se para o abastecimento
da Cidade e para os benefícios trazidos pela corte. Não houve, porém, uma aceleração do
desenvolvimento da região, que continuou a manter suas características rurais.
Com a chegada de D. João VI e de toda a nobreza portuguesa em 1808, Santa Cruz recebeu a
denominação de Fazenda Real e, depois, Imperial, acolhendo por longas temporadas o Rei, os
Imperadores e todos os seus herdeiros, no prédio do antigo convento jesuítico, já ampliado e
transformado em Palácio.
A partir de 1881, o Matadouro de Santa Cruz passou a servir como centro irradiador do
desenvolvimento sócio-econômico, cultural e político da região que hoje é identificada como
Zona Oeste da Cidade do Rio de Janeiro.
15
2.3. Bangu
A origem do bairro Bangu remonta a meados do século XVII, mais exatamente em 1673,
quando o nome "Bangu" foi registrado oficialmente em documentos oficiais de propriedade,
como o da Fazenda Bangu, que foi grande produtora de açúcar e seus derivados. A palavra
Bangu tem dois significados distintos: uma com significado de "anteparo negro, paredão
negro" (origem Tupi), a outra vem do africano bangüê, nome dado pelos escravos a local do
engenho onde se guardava o bagaço da cana-de-açúcar.
Sendo uma das regiões que mais cresce na Zona Oeste, a região de Bangu conta com uma
população estimada em 240.000 habitantes, e setores em pleno desenvolvimento, como o
habitacional, comercial, cultural, etc. Não podemos deixar de falar do Calçadão de Bangu,
que é o pólo do comércio local, e também palco de grandes eventos como o aniversário da
XVII região administrativa, que anualmente é realizado com o tradicional corte do bolo de
aniversário, que a cada ano aumenta um metro, em referência a idade da Administração
Regional.
2.4. Realengo
O território entre as Serras do Pedra Branca e Serra do Mendanha deve seu nome, segundo a
tradição popular, a corruptela do termo “Real Eng°” (abreviação de Real Engenho) que vinha
afixado sobre as placas no topo dos bondes, o que com o passar do tempo, se tornou
popularmente Realengo.
O bairro teve seus primeiros povoadores, escravos e emigrantes portugueses da Ilha dos
Açores, por ordem do príncipe-regente. Ao chegarem se dedicaram à agricultura para
pastagem levando produtos como açúcar, rapadura, álcool e cachaça, pelo porto de Guaratiba.
Pelas pesquisas, ao contrário das regiões limítrofes, não houve só um engenho em Realengo;
tudo era levado para sofrer processo de transformação em outras propriedades.
Durante o Primeiro Reinado, o imperador Dom Pedro I costumava ir para a Fazenda de Santa
Cruz pela Estrada Real de Santa Cruz, que passava pelo Real Engenho, onde muitas vezes
pernoitou.
No final do século XIX foi inaugurada a Fábrica de Cartuchos de Realengo, e a partir dos
anos 1930 vieram os conjuntos habitacionais do IAPI (Instituto de Aposentadoria e Pensão
dos Industriários), conhecido por "Coletivo", que serviria para os operários da fábrica. A
partir da década de 1970 inicia-se a ocupação efetiva da região que perde o aspecto mais rural.
São criados diversos Conjuntos Habitacionais para população de baixa renda, dentre eles
destaca-se a Companhia de Habitação, referência ao plano de habitação popular do Banco
Nacional de Habitação (BNH). Tradicionalmente na historiografia, Realengo está associado à
escola de formação de oficiais que se situa neste bairro, a Escola Militar de Realengo que teve
papel importante à época do Tenentismo.
Célebre na canção "Aquele Abraço" do cantor Gilberto Gil, o bairro ficou nacionalmente
conhecido. Na verdade, mais que uma homenagem ao bairro, faz referência velada aos
quartéis onde ele e outros artistas, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, estiveram presos
durante a Ditadura Militar.
Uma análise dos dados sobre o número de estabelecimentos e empregos formais da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS) por bairros e regiões selecionados da Zona Oeste foi
elaborada por atividade econômica e encontra-se nas Tabelas 1 e 2 4. Analisando os
estabelecimentos da região segundo as atividades econômicas, destaca-se o setor de comércio
varejista com 45% dos estabelecimentos da região. Em seguida encontram-se os setores de
serviços de alojamento, alimentação, reparação e manutenção com 14,2% dos
estabelecimentos. Finalmente, na terceira posição, registra-se o setor de comércio e
administração de imóveis com 8,8%. O principal setor da indústria de transformação em
número de estabelecimentos é a indústria de alimentos e bebidas que aparece na nona posição,
4
Este procedimento tornou-se possível graças a abertura das informações da RAIS por bairros. A equipe
agradece ao Ministério do Trabalho e Emprego por facilitar este acesso.
17
Em comparação com o MRJ (ver primeira parte, última coluna, da Tabela 1), os setores com
maior participação relativa são diferentes daqueles com o maior número absoluto de
estabelecimentos. Neste caso, 4 dos 5 principais setores encontram-se na indústria de
transformação, em ordem decrescente de importância: minerais não metálicos; alimentos e
bebidas; madeira e mobiliário; e metalurgia. Esses setores apresentam participação relativa
em relação ao mesmo setor no Município, respectivamente, de 18,6, 14,9, 13,4, 12,6%, o que
significa quase o dobro da participação relativa do número de estabelecimentos da região no
MRJ (7,2%).
11,7% dos empregos e transporte e comunicação com 11,1%, mostrando-se um pouco menos
concentrado que a distribuição dos estabelecimentos. O principal setor da indústria de
transformação é ainda a indústria de alimentos e bebidas, que aparece apenas na sétima
posição geral com 4,7% dos empregos, ou seja, sua participação nos empregos é superior a
participação no número de estabelecimentos. Entretanto, a indústria não se destaca nas
atividades econômicas da região mais geradoras de emprego.
Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica e por região administrativa,
observa-se que o setor de comércio varejista é também o principal, variando sua participação
relativa entre 20% e 33%, dependendo da região estudada. As demais posições ocupadas
pelos setores de atividade econômica variam conforme a região administrativa. O setor de
transporte e comunicação aparece em segundo lugar nas regiões de Bangu e Santa Cruz
(15,5% e 14,3%, respectivamente), o de ensino aparece em segundo na região de Campo
Grande (12,7%) e o de serviços de alojamento, alimentação e reparação em Realengo
(13,2%). Destaca-se ainda a indústria metalúrgica e de papel, editorial e gráfica, como o
terceiro e o quarto maior empregador da região de Santa Cruz com 12,4% e 9,1% dos
empregos dessa região, respectivamente.
A região de estudo tem uma pequena expressão econômica quando comparada com o
conjunto das atividades econômicas do MRJ por números de estabelecimentos e empregos
formais, conforme Tabelas 3 e 4. Como já mencionado, a Zona Oeste representa em termos de
estabelecimentos 7,2% e em termos de empregos 5,8%, respectivamente dos estabelecimentos
e empregos do MRJ. Os bairros-sede (que dão nome a cada região administrativa) são
exatamente aqueles que apresentam o maior número de estabelecimentos e empregos e são os
quatro primeiros entre os 17 pesquisados, conforme detalhado abaixo.
Comparando os dados com os do MRJ, observa-se que a participação relativa dos empregos
gerados nos micros, pequenos e médios estabelecimentos da região pesquisada têm mais ou
menos a mesma participação sobre o total do município que os estabelecimentos do mesmo
porte sobre o total de estabelecimentos. Isto mostra que os estabelecimentos micro, pequenos
23
Qualificação, faixa etária e remuneração dos empregos: empregados mais jovens do que
os do MRJ; grau de qualificação e faixa de remuneração inferiores às do MRJ
A qualificação dos empregados da região apresenta um quadro bastante grave, com 41% dos
empregados apenas com até o nível fundamental de ensino (oito anos de estudo), quando hoje
se considera isso o mínimo do número de anos de estudos exigido pelo mercado de trabalho.
Na faixa seguinte estão os empregados com o ensino médio (completo ou incompleto) onde se
encontram 45% dos trabalhadores. Somente 13,5% dos empregados possuem até o nível
superior e o número daqueles que têm pós-graduação é irrisório (305 empregados). Em
termos de cada uma das regiões estudadas salta aos olhos o melhor perfil de qualificação dos
24
A partir da Tabela 6 podemos ter um perfil da faixa etária dos trabalhadores da região e de sua
comparação com o MRJ. Os trabalhadores da região são mais jovens do que os do MRJ:
18,4% dos empregados na faixa de idade até 24 anos, enquanto que o MRJ apresenta apenas
13,5% dos empregados nesta faixa; na faixa entre 25 e 39 anos encontram-se 48,8% dos
trabalhadores; apenas 32% dos empregados na faixa entre 40 a 64 anos e um percentual
irrisório na faixa acima de 65 anos (0,5%), contra 44% no MRJ para a faixa entre 25 e 39
anos, 41% no MRJ na faixa entre 40 e 64 anos e 1,3% dos trabalhadores com mais de 65 anos.
25
Nesta subseção apresenta-se uma análise dos mesmos dados apresentados na seção anterior
retroativamente para os anos 1998 e 2003. As Tabelas 8 a 11 5 resumem esta análise.
Conforme constatado anteriormente para o ano de 2006, o número de estabelecimentos da
região por atividade econômica é também liderado, no período 1998-2006, pelo setor de
comércio com 49,1% dos estabelecimentos da região em 2006. Em 1998, essa situação era
5
O mesmo procedimento de abertura das informações da RAIS por bairros adotado na seção anterior foi
utilizado.
27
praticamente a mesma: 48,9%. O setor de serviços tinha a mesma segunda posição em 1998
entre os setores mais relevantes, mas em 2006 aumentou dois pontos percentuais na
participação relativa. A indústria ocupou, no período, a terceira posição, apresentando uma
evolução negativa entre 1998 e 2006, quando sua participação relativa decaiu de 8,9 para
7,5%. Os demais setores de atividade econômica (serviços industriais, construção civil e
agricultura e sivicultura) apresentaram uma participação estável e irrelevante (ver Tabela 9).
De uma forma geral, observa-se que os pontos de inflexão localizam-se em 1998 e 2006. O
ano de 2003 representou um ponto de desempenho muito ruim para a Região estudada, assim
como para o MRJ e para o estado do Rio de Janeiro. As observações a seguir compararam o
ano de 1998 e 2006, procurando focalizar se houve uma melhora ou uma piora entre estes dois
anos para a Região estudada quando comparada com o MRJ.
Em relação à indústria extrativa e de transformação cabe ainda destacar que no período 1998-
2003, 7 dos 13 setores tiveram redução do número de estabelecimentos, sendo que apenas um
teve aumento na participação relativa (indústria mecânica) e quatro mantiveram os mesmo
níveis de participação relativa (extrativa mineral, borracha, transporte e têxtil e vestuário). No
geral a indústria extrativa e de transformação nesse período teve uma redução de cerca de 80
estabelecimentos, só recuperando-se no período seguinte (2003-2006). Tal desempenho pode
ser explicado por 2003 ser o pior ano de taxa de crescimento no estado do Rio de Janeiro
entre 1998 e 2006, segundo o IBGE, quando a taxa de crescimento foi negativa em 1,2% e a
taxa média de crescimento do período foi de 2,5 %. (Hasenclever e Lopes, 2009)
Conforme seção anterior, os setores com maiores participações relativas, em comparação com
o MRJ (ver última coluna, da Tabela 8), são diferentes daqueles com o maior número absoluto
de estabelecimentos no ano de 2006. O que mostra uma especialização relativa da Região em
estudo na atividade industrial. Em 1998, os setores com maior participação relativa foram:
minerais não metálicos (16,5%), alimentos e bebidas (14,1%), metalurgia (11,8%) e calçados
(10,9%), ou seja, com exceção deste último todos os demais se encontravam entre os quatro
primeiros no ano de 2006. Cabe destacar que a participação da Zona Oeste nos
estabelecimentos do MRJ vem crescendo entre 1998 e 2006, passando de 6,5% para 7,2%,
principalmente impulsionada pelos aumentos de participação relativa dos setores de comércio
(1,2 pontos percentuais) e indústria (0,9 pontos percentuais). Aqui se observa um fenômeno
interessante: ainda que a indústria da Zona Oeste tenha perdido participação relativa no
período entre as demais atividades econômicas da Região, sua importância em relação aos
estabelecimentos do MRJ ampliou-se. O que demonstra que a perda relativa da indústria da
Zona Oeste no período foi menos relevante do que a perda do Município.
entre 1998 e 2006. A partir daí, aparecem algumas diferenças; a principal delas é a presença
do setor de ensino em terceiro lugar na região de Santa Cruz (com 7,8% dos estabelecimentos
da região) demonstrando uma evolução em relação a 1998 quando ocupava apenas a quinta
posição. Nas demais regiões administrativas o setor ocupava em 2006 a quarta ou quinta
posição com participações variando entre 5,3%, em Campo Grande, e 6,8%, em Realengo.
(ver Tabela 9).
29
Tabela 8 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia no MRJ, 1998, 2003 e 2006
Participação %
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2) (1) / (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 156 117 164 231 210 230 144 121 121 86 92 112 617 540 627 7.333 6.147 6.744 8,4 8,8 9,3
Extrativa mineral 2 1 3 6 2 5 0 0 0 2 1 1 10 4 9 107 86 106 9,3 4,7 8,5
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 5 5 11 7 8 7 11 8 10 6 3 5 29 24 33 666 510 599 4,4 4,7 5,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 22 14 16 27 25 22 9 6 8 16 17 17 74 62 63 859 724 754 8,6 8,6 8,4
Indústria da madeira e do mobiliário 11 9 8 11 10 14 11 7 5 5 8 7 38 34 34 390 284 254 9,7 12,0 13,4
Indústria de calçados 4 1 1 1 0 2 1 0 0 0 0 0 6 1 3 55 36 33 10,9 2,8 9,1
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 56 25 42 42 42 56 29 18 30 18 13 35 145 98 163 1.030 841 1.097 14,1 11,7 14,9
Indústria de produtos minerais nao metálicos 6 5 10 24 26 22 12 6 1 4 12 11 46 49 44 278 260 236 16,5 18,8 18,6
Indústria do material de transporte 0 0 0 1 3 3 1 1 4 4 5 4 6 9 11 195 138 133 3,1 6,5 8,3
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 1 1 3 7 3 3 6 3 3 3 1 0 17 8 9 240 176 176 7,1 4,5 5,1
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 16 15 19 20 18 19 11 15 8 7 9 9 54 57 55 1.154 1.068 1.129 4,7 5,3 4,9
Indústria mecânica 2 8 8 14 7 10 1 4 7 2 3 5 19 22 30 278 278 409 6,8 7,9 7,3
Indústria metalúrgica 19 13 26 40 33 30 35 33 23 7 10 10 101 89 89 854 715 708 11,8 12,4 12,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 12 20 17 31 33 37 17 20 22 12 10 8 72 83 84 1.227 1.031 1.110 5,9 8,1 7,6
Serviços industriais de utilidade pública 1 2 3 7 4 6 1 1 1 4 4 5 13 11 15 146 143 168 8,9 7,7 8,9
Construçao civil 47 44 50 79 99 82 42 38 19 29 28 50 197 209 201 3.049 2.919 2.745 6,5 7,2 7,3
Comércio 841 917 1.056 1.452 1.770 1.857 613 657 572 475 621 617 3.381 3.965 4.102 34.462 36.641 37.173 9,8 10,8 11,0
Comércio atacadista 79 86 102 94 110 131 65 63 58 33 24 19 271 283 310 4.908 4.842 4.906 5,5 5,8 6,3
Comércio varejista 762 831 954 1.358 1.660 1.726 548 594 514 442 597 598 3.110 3.682 3.792 29.554 31.799 32.267 10,5 11,6 11,8
Serviços 725 851 1.022 1.130 1.349 1.419 453 556 465 355 440 464 2.663 3.196 3.370 60.731 66.677 68.567 4,4 4,8 4,9
Administraçao pública direta e autárquica 1 1 0 2 3 1 4 4 2 1 1 1 8 9 4 273 283 303 2,9 3,2 1,3
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 160 209 244 218 318 318 90 118 99 52 84 78 520 729 739 28.062 31.926 32.230 1,9 2,3 2,3
Ensino 85 110 133 135 172 193 74 95 80 50 73 98 344 450 504 2.517 2.868 3.110 13,7 15,7 16,2
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 17 18 26 40 44 52 13 16 18 12 11 15 82 89 111 2.876 2.541 2.605 2,9 3,5 4,3
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 245 286 357 424 453 479 207 235 202 139 170 149 1.015 1.144 1.187 16.438 17.150 17.556 6,2 6,7 6,8
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 174 173 184 267 296 294 47 61 46 70 69 80 558 599 604 7.452 8.433 8.675 7,5 7,1 7,0
Transportes e comunicaçoes 43 54 78 44 63 82 18 27 18 31 32 43 136 176 221 3.113 3.476 4.088 4,4 5,1 5,4
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 2 2 3 20 22 18 0 0 1 14 17 15 36 41 37 319 315 333 11,3 13,0 11,1
Total 1.775 1.933 2.298 2.927 3.454 3.612 1.254 1.373 1.179 965 1.202 1.263 6.921 7.962 8.352 106.229 112.842 115.730 6,5 7,1 7,2
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
30
Tabela 9 – Número de estabelecimentos e participação relativa por setor da economia nas regiões administrativas selecionadas e no MRJ,
1998, 2003 e 2006 (%)
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 8,8 6,1 7,1 7,9 6,1 6,4 11,5 8,8 10,3 8,9 7,7 8,9 8,9 6,8 7,5 6,9 5,4 5,8
Extrativa mineral 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,3 0,3 0,5 0,2 0,2 0,2 0,9 0,6 0,8 0,6 0,2 0,4 0,4 0,3 0,4 0,6 0,5 0,5
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 1,2 0,7 0,7 0,9 0,7 0,6 0,7 0,4 0,7 1,7 1,4 1,3 1,1 0,8 0,8 0,8 0,6 0,7
Indústria da madeira e do mobiliário 0,6 0,5 0,3 0,4 0,3 0,4 0,9 0,5 0,4 0,5 0,7 0,6 0,5 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2
Indústria de calçados 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 3,2 1,3 1,8 1,4 1,2 1,6 2,3 1,3 2,5 1,9 1,1 2,8 2,1 1,2 2,0 1,0 0,7 0,9
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,3 0,3 0,4 0,8 0,8 0,6 1,0 0,4 0,1 0,4 1,0 0,9 0,7 0,6 0,5 0,3 0,2 0,2
Indústria do material de transporte 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,1 0,1 0,3 0,4 0,4 0,3 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,1 0,5 0,2 0,3 0,3 0,1 0,0 0,2 0,1 0,1 0,2 0,2 0,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 0,9 0,8 0,8 0,7 0,5 0,5 0,9 1,1 0,7 0,7 0,7 0,7 0,8 0,7 0,7 1,1 0,9 1,0
Indústria mecânica 0,1 0,4 0,3 0,5 0,2 0,3 0,1 0,3 0,6 0,2 0,2 0,4 0,3 0,3 0,4 0,3 0,2 0,4
Indústria metalúrgica 1,1 0,7 1,1 1,4 1,0 0,8 2,8 2,4 2,0 0,7 0,8 0,8 1,5 1,1 1,1 0,8 0,6 0,6
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,7 1,0 0,7 1,1 1,0 1,0 1,4 1,5 1,9 1,2 0,8 0,6 1,0 1,0 1,0 1,2 0,9 1,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,1 0,1 0,1 0,2 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1 0,4 0,3 0,4 0,2 0,1 0,2 0,1 0,1 0,1
Construçao civil 2,6 2,3 2,2 2,7 2,9 2,3 3,3 2,8 1,6 3,0 2,3 4,0 2,8 2,6 2,4 2,9 2,6 2,4
Comércio 47,4 47,4 46,0 49,6 51,2 51,4 48,9 47,9 48,5 49,2 51,7 48,9 48,9 49,8 49,1 32,4 32,5 32,1
Comércio atacadista 4,5 4,4 4,4 3,2 3,2 3,6 5,2 4,6 4,9 3,4 2,0 1,5 3,9 3,6 3,7 4,6 4,3 4,2
Comércio varejista 42,9 43,0 41,5 46,4 48,1 47,8 43,7 43,3 43,6 45,8 49,7 47,3 44,9 46,2 45,4 27,8 28,2 27,9
Serviços 40,8 44,0 44,5 38,6 39,1 39,3 36,1 40,5 39,4 36,8 36,6 36,7 38,5 40,1 40,3 57,2 59,1 59,2
Administraçao pública direta e autárquica 0,1 0,1 0,0 0,1 0,1 0,0 0,3 0,3 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,0 0,3 0,3 0,3
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 9,0 10,8 10,6 7,4 9,2 8,8 7,2 8,6 8,4 5,4 7,0 6,2 7,5 9,2 8,8 26,4 28,3 27,8
Ensino 4,8 5,7 5,8 4,6 5,0 5,3 5,9 6,9 6,8 5,2 6,1 7,8 5,0 5,7 6,0 2,4 2,5 2,7
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,0 0,9 1,1 1,4 1,3 1,4 1,0 1,2 1,5 1,2 0,9 1,2 1,2 1,1 1,3 2,7 2,3 2,3
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 13,8 14,8 15,5 14,5 13,1 13,3 16,5 17,1 17,1 14,4 14,1 11,8 14,7 14,4 14,2 15,5 15,2 15,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 9,8 8,9 8,0 9,1 8,6 8,1 3,7 4,4 3,9 7,3 5,7 6,3 8,1 7,5 7,2 7,0 7,5 7,5
Transportes e comunicaçoes 2,4 2,8 3,4 1,5 1,8 2,3 1,4 2,0 1,5 3,2 2,7 3,4 2,0 2,2 2,6 2,9 3,1 3,5
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,1 0,1 0,1 0,7 0,6 0,5 0,0 0,0 0,1 1,5 1,4 1,2 0,5 0,5 0,4 0,3 0,3 0,3
Total 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
31
Em 1998, o setor de produtos minerais não metálicos aparece como o mais representativo em
duas regiões: Campo Grande e Realengo, sendo responsável por respectivamente 8,6% e 4,3%
dos estabelecimentos do setor no Município. Na região administrativa de Bangu destacava-se
ainda a indústria de calçados, responsável por 7,3% dos estabelecimentos do setor no
Município.
Tabela 10 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia no MRJ, 1998, 2003 e 2006
p ç
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2) (1) / (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 1.598 1.945 4.904 9.001 8.442 5.174 2.550 1.935 2.399 4.559 6.825 7.361 17.708 19.147 19.838 169.096 143.963 166.616 10,5 13,3 11,9
Extrativa mineral 129 37 61 75 29 25 0 0 0 9 2 2 213 68 88 2.058 2.568 13.318 10,3 2,6 0,7
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 28 35 40 2.378 2.110 367 1.264 936 1.001 36 17 54 3.706 3.098 1.462 13.429 10.708 11.346 27,6 28,9 12,9
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 307 447 623 988 941 1.159 229 198 303 844 733 744 2.368 2.319 2.829 32.374 28.771 24.444 7,3 8,1 11,6
Indústria da madeira e do mobiliário 113 40 64 89 87 152 70 27 143 151 121 153 423 275 512 4.214 2.481 2.742 10,0 11,1 18,7
Indústria de calçados 28 7 0 4 0 1 1 0 0 0 0 0 33 7 1 410 503 571 8,0 1,4 0,2
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 412 360 3.023 2.984 3.732 1.531 233 163 211 679 801 569 4.308 5.056 5.334 29.226 28.438 34.796 14,7 17,8 15,3
Indústria de produtos minerais nao metálicos 30 35 157 353 231 505 99 16 25 285 324 223 767 606 910 5.697 5.055 4.744 13,5 12,0 19,2
Indústria do material de transporte 0 0 0 55 27 136 2 13 112 227 383 318 284 423 566 3.323 3.765 6.719 8,5 11,2 8,4
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 5 0 5 29 13 30 48 17 19 154 6 0 236 36 54 8.142 5.288 4.338 2,9 0,7 1,2
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 363 525 344 209 76 143 104 89 55 1.686 1.755 1.976 2.362 2.445 2.518 24.944 18.606 20.121 9,5 13,1 12,5
Indústria mecânica 31 44 269 673 188 242 17 114 53 30 6 431 751 352 995 8.794 8.215 10.694 8,5 4,3 9,3
Indústria metalúrgica 101 134 139 791 562 433 339 177 169 245 2.553 2.711 1.476 3.426 3.452 14.308 11.376 12.530 10,3 30,1 27,5
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 51 281 179 373 446 450 144 185 308 213 124 180 781 1.036 1.117 22.177 18.189 20.253 3,5 5,7 5,5
Serviços industriais de utilidade pública 80 22 6 342 90 131 6 3 6 711 293 171 1.139 408 314 35.250 27.504 31.425 3,2 1,5 1,0
Construçao civil 812 388 423 1.637 1.405 1.244 782 537 282 528 622 442 3.759 2.952 2.391 70.325 53.672 72.978 5,3 5,5 3,3
Comércio 6.040 7.081 8.942 10.789 15.042 17.514 4.994 4.256 5.491 2.853 3.528 4.560 24.676 29.907 36.507 258.295 289.300 326.497 9,6 10,3 11,2
Comércio atacadista 650 691 836 632 1.625 2.340 329 442 394 159 172 140 1.770 2.930 3.710 45.167 49.391 58.103 3,9 5,9 6,4
Comércio varejista 5.390 6.390 8.106 10.157 13.417 15.174 4.665 3.814 5.097 2.694 3.356 4.420 22.906 26.977 32.797 213.128 239.909 268.394 10,7 11,2 12,2
Serviços 8.300 10.384 14.355 16.784 21.215 21.516 8.480 10.305 9.276 6.687 7.311 9.257 40.251 49.215 54.404 1.222.204 1.252.810 1.362.737 3,3 3,9 4,0
Administraçao pública direta e autárquica 17 1 0 759 618 302 3.290 2.448 888 2.423 1.793 1.236 6.489 4.860 2.426 405.904 391.469 420.553 1,6 1,2 0,6
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 751 1.661 1.685 2.414 3.243 2.475 868 802 2.091 278 732 597 4.311 6.438 6.848 232.165 282.233 316.120 1,9 2,3 2,2
Ensino 1.274 2.034 2.208 3.294 4.531 5.799 1.880 2.069 1.919 653 1.318 1.594 7.101 9.952 11.520 79.315 86.581 97.165 9,0 11,5 11,9
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 310 306 351 493 685 685 229 271 255 182 198 282 1.214 1.460 1.573 65.391 64.827 58.652 1,9 2,3 2,7
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 1.684 2.467 4.087 3.465 5.027 5.585 1.487 2.275 2.303 1.249 1.763 1.328 7.885 11.532 13.303 217.556 227.243 254.129 3,6 5,1 5,2
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 1.723 1.500 1.598 1.813 1.722 2.499 552 1.069 932 826 554 1.090 4.914 4.845 6.119 80.192 73.663 80.573 6,1 6,6 7,6
Transportes e comunicaçoes 2.541 2.415 4.426 4.546 5.389 4.171 174 1.371 888 1.076 953 3.130 8.337 10.128 12.615 141.681 126.794 135.545 5,9 8,0 9,3
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 35 6 3 60 79 51 0 0 1 57 50 52 152 135 107 1.768 1.909 1.761 8,6 7,1 6,1
Total 16.865 19.826 28.633 38.613 46.273 45.630 16.812 17.036 17.455 15.395 18.629 21.843 87.685 101.764 113.561 1.757.366 1.769.158 1.962.014 5,0 5,8 5,8
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
34
Tabela 11 – Número de empregos e participação relativa por setor da economia nas regiões administrativas selecionadas e no MRJ, 1998,
2003 e 2006 (%)
Bangu Campo Grande Realengo Santa Cruz Total (1) Total MRJ (2)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Indústria Extrativa e de Transformação 9,5 9,8 17,1 23,3 18,2 11,3 15,2 11,4 13,7 29,6 36,6 33,7 20,2 18,8 17,5 9,6 8,1 8,5
Extrativa mineral 0,8 0,2 0,2 0,2 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,0 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 1,8
Ind. da borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 0,2 0,2 0,1 6,2 4,6 0,8 7,5 5,5 5,7 0,2 0,1 0,2 4,2 3,0 1,3 0,8 0,6 0,6
Ind. química de produtos farmacêuticos, veterinários, perfumaria, ... 1,8 2,3 2,2 2,6 2,0 2,5 1,4 1,2 1,7 5,5 3,9 3,4 2,7 2,3 2,5 1,8 1,6 1,2
Indústria da madeira e do mobiliário 0,7 0,2 0,2 0,2 0,2 0,3 0,4 0,2 0,8 1,0 0,6 0,7 0,5 0,3 0,5 0,2 0,1 1,0
Indústria de calçados 0,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,6
Indústria de produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 2,4 1,8 10,6 7,7 8,1 3,4 1,4 1,0 1,2 4,4 4,3 2,6 4,9 5,0 4,7 1,7 1,6 1,0
Indústria de produtos minerais nao metálicos 0,2 0,2 0,5 0,9 0,5 1,1 0,6 0,1 0,1 1,9 1,7 1,0 0,9 0,6 0,8 0,3 0,3 0,5
Indústria do material de transporte 0,0 0,0 0,0 0,1 0,1 0,3 0,0 0,1 0,6 1,5 2,1 1,5 0,3 0,4 0,5 0,2 0,2 0,2
Indústria do material elétrico e de comunicaçoes 0,0 0,0 0,0 0,1 0,0 0,1 0,3 0,1 0,1 1,0 0,0 0,0 0,3 0,0 0,0 0,5 0,3 0,3
Indústria do papel, papelao, editorial e gráfica 2,2 2,6 1,2 0,5 0,2 0,3 0,6 0,5 0,3 11,0 9,4 9,0 2,7 2,4 2,2 1,4 1,1 0,1
Indústria mecânica 0,2 0,2 0,9 1,7 0,4 0,5 0,1 0,7 0,3 0,2 0,0 2,0 0,9 0,3 0,9 0,5 0,5 0,7
Indústria metalúrgica 0,6 0,7 0,5 2,0 1,2 0,9 2,0 1,0 1,0 1,6 13,7 12,4 1,7 3,4 3,0 0,8 0,6 0,2
Indústria têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0,3 1,4 0,6 1,0 1,0 1,0 0,9 1,1 1,8 1,4 0,7 0,8 0,9 1,0 1,0 1,3 1,0 0,0
Serviços industriais de utilidade pública 0,5 0,1 0,0 0,9 0,2 0,3 0,0 0,0 0,0 4,6 1,6 0,8 1,3 0,4 0,3 2,0 1,6 1,6
Construçao civil 4,8 2,0 1,5 4,2 3,0 2,7 4,7 3,2 1,6 3,4 3,3 2,0 4,3 2,9 2,1 4,0 3,0 3,7
Comércio 35,8 35,7 31,2 27,9 32,5 38,4 29,7 25,0 31,5 18,5 18,9 20,9 28,1 29,4 32,1 14,7 16,4 16,6
Comércio atacadista 3,9 3,5 2,9 1,6 3,5 5,1 2,0 2,6 2,3 1,0 0,9 0,6 2,0 2,9 3,3 2,6 2,8 13,7
Comércio varejista 32,0 32,2 28,3 26,3 29,0 33,3 27,7 22,4 29,2 17,5 18,0 20,2 26,1 26,5 28,9 12,1 13,6 3,0
Serviços 49,2 52,4 50,1 43,5 45,8 47,2 50,4 60,5 53,1 43,4 39,2 42,4 45,9 48,4 47,9 69,5 70,8 69,5
Administraçao pública direta e autárquica 0,1 0,0 0,0 2,0 1,3 0,7 19,6 14,4 5,1 15,7 9,6 5,7 7,4 4,8 2,1 23,1 22,1 13,0
Com. e administraçao de imóveis, valores mobiliários, serv. técnico... 4,5 8,4 5,9 6,3 7,0 5,4 5,2 4,7 12,0 1,8 3,9 2,7 4,9 6,3 6,0 13,2 16,0 6,9
Ensino 7,6 10,3 7,7 8,5 9,8 12,7 11,2 12,1 11,0 4,2 7,1 7,3 8,1 9,8 10,1 4,5 4,9 5,0
Instituiçoes de crédito, seguros e capitalizaçao 1,8 1,5 1,2 1,3 1,5 1,5 1,4 1,6 1,5 1,2 1,1 1,3 1,4 1,4 1,4 3,7 3,7 16,1
Serv. de alojamento, alimentaçao, reparaçao, manutençao, redaçao, r... 10,0 12,4 14,3 9,0 10,9 12,2 8,8 13,4 13,2 8,1 9,5 6,1 9,0 11,3 11,7 12,4 12,8 4,1
Serviços médicos, odontológicos e veterinários 10,2 7,6 5,6 4,7 3,7 5,5 3,3 6,3 5,3 5,4 3,0 5,0 5,6 4,8 5,4 4,6 4,2 21,4
Transportes e comunicaçoes 15,1 12,2 15,5 11,8 11,6 9,1 1,0 8,0 5,1 7,0 5,1 14,3 9,5 10,0 11,1 8,1 7,2 3,0
Agricultura, silvicultura, criaçao de animais, extrat. vegetal... 0,2 0,0 0,0 0,2 0,2 0,1 0,0 0,0 0,0 0,4 0,3 0,2 0,2 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte : Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
35
Entre 1998 e 2006 a participação da Zona Oeste nos empregos do MRJ passou de 5,0% para
5,8% com destaque para o aumento da indústria e do comércio que foram superiores aos
observados no MRJ permitindo o aumento na participação relativa.
Analisando a distribuição dos empregos por atividade econômica e por região administrativa,
observa-se que no período 1998-2006, o setor de comércio varejista é também o principal,
variando sua participação relativa entre 17,5% e 32%, em 1998, e entre 20% e 33% em 2006,
dependendo da região estudada. As demais posições ocupadas pelos setores de atividade
econômica variam conforme a região administrativa. Em 1998, o setor de transporte e
comunicação aparece em segundo lugar nas regiões de Bangu e Campo Grande (15,1% e
11,8%, respectivamente). Já nas regiões de Realengo e Santa Cruz, o segundo lugar era
ocupado pela administração pública com 19,6% e 15,7%, respectivamente, dos empregos
gerados (em 2006 com a queda observada passaram a representar apenas 5,1% e 5,7%
respectivamente).
metálicos com 10,6%, seguido do setor de ensino com 6% dos empregos municipais. Em
Realengo, a maior representatividade está na indústria de borracha, couro e peles, com 8,8%,
seguido de madeira e mobiliário, com 5,2%.
Em 1998, o setor de borracha, fumo, couro e peles possuía a maior representatividade nas
regiões de Campo Grande (17,7%) e Realengo (9,4%). Em Campo Grande, o segundo lugar
era ocupado pelo setor de alimentos e bebidas (10,2%) e, em Realengo pelos setores de ensino
e metalurgia (2,4% cada). Em Bangu, a maior representatividade estava no setor de calçados
(6,8%), seguido pela indústria extrativa mineral (6,3%). Em Santa Cruz, os setores mais
representativos eram o de material de transporte e a indústria do papel, papelão, editorial e
gráfica (ambos com 6,8% dos empregos municipais do setor).
Situação, em 1998, semelhante à de 2006 no que diz respeito aos estabelecimentos e empregos formais, mas
ligeiramente inferior a de 2006. Campo Grande e Bangu eram já os líderes e Realengo e Santa Cruz
disputavam a última posição. Os micros e pequenos estabelecimentos eram ainda mais importantes em
1998
A região de estudo tem uma pequena expressão econômica na atividade formal quando
comparada com o conjunto das atividades econômicas do MRJ por números de
estabelecimento e de emprego, apesar de ter crescido entre 1998-2006, e aumentado a sua
participação, conforme Tabelas 12 e 13. De fato, em 1998, a Zona Oeste representava em
termos de estabelecimentos 6,5% passando para 7,2%, em 2006. Em termos de empregos
representava 5% do MRJ em 1998, passando para 5,8% em 2006. Os bairros-sede (que dão
nome a cada região administrativa) são exatamente aqueles que apresentam o maior número
de estabelecimento e de emprego e são os primeiros entre os 17 pesquisados, conforme
detalhado abaixo.
Como já afirmado anteriormente, o número de empregos (ver Tabela 13) é mais bem
distribuído entre os bairros sede do que o número de estabelecimentos, apesar de a ordem dos
bairros não se alterar. Em 2006, Campo Grande aparecia em primeiro lugar com 40,2% dos
empregos formais, seguido por Bangu, Santa Cruz e Realengo que apresentam participação de
25%, 19,2% e 15,4%, respectivamente. Em relação ao MRJ, os percentuais eram,
respectivamente, 2,3%, 1,5%, 1,1% e 0,9% dos empregos formais, somando 5,8% (ver Tabela
13, última coluna) em 2006.
Em 1998, Campo Grande também aparecia em primeiro lugar com 44% do número de
emprego formal, seguido por Bangu, Realengo e Santa Cruz que apresentam participação de
19,2%, 19,2% e 17,6%, respectivamente. Houve um ganho de participação relativa nos
37
empregos em 2006 apenas para Bangu e Santa Cruz, tendo as duas outras regiões perdido
participação. Em relação ao MRJ, os percentuais eram, em 1998, de 2,2%, 1%, 1% e 0,9%
respectivamente para as regiões de Campo Grande, Bangu, Realengo e Santa Cruz dos
empregos formais, somando 5% do total, uma participação inferior à apresentada em 2006.
Tabela 12 – Número e distribuição dos estabelecimentos por tamanho para os bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
Micro (0 a 9) Pequeno (10 a 49) Médio (50 a 249) Grande (> 250) Total Total (%) MRJ (%)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 1.458 1.533 1.786 262 330 420 49 61 77 6 9 15 1.775 1.933 2.298 25,6 24,3 27,5 1,7 1,7 2,0
Bangu 996 1.109 1.343 191 252 333 32 43 62 5 7 12 1.224 1.411 1.750 17,7 17,7 21,0 1,2 1,3 1,5
Padre Miguel 325 275 287 47 46 60 7 9 10 1 1 2 380 331 359 5,5 4,2 4,3 0,4 0,3 0,3
Senador Camará 137 149 156 24 32 27 10 9 5 0 1 1 171 191 189 2,5 2,4 2,3 0,2 0,2 0,2
Campo Grande 2.353 2.745 2.773 469 572 689 82 112 131 23 25 19 2.927 3.454 3.612 42,3 43,4 43,2 2,8 3,1 3,1
Campo Grande 2.056 2.354 2.389 404 476 586 80 107 116 17 20 16 2557 2957 3.107 36,9 37,1 37,2 2,4 2,6 2,7
Cosmos 64 81 73 18 27 21 1 1 3 0 1 2 83 110 99 1,2 1,4 1,2 0,1 0,1 0,1
Inhoaiba 55 59 90 9 17 28 0 0 4 1 1 0 65 77 122 0,9 1,0 1,5 0,1 0,1 0,1
Santissimo 67 99 94 14 13 25 1 3 4 2 2 1 84 117 124 1,2 1,5 1,5 0,1 0,1 0,1
Senador Vasconcelos 111 152 127 24 39 29 0 1 4 3 1 0 138 193 160 2,0 2,4 1,9 0,1 0,2 0,1
Realengo 993 1.091 906 223 241 228 29 30 36 9 11 9 1.254 1.373 1.179 18,1 17,2 14,1 1,2 1,2 1,0
Campo dos Afonsos 55 50 25 11 4 7 3 3 2 4 4 1 73 61 35 1,1 0,8 0,4 0,1 0,1 0,0
Deodoro 41 43 30 19 22 15 2 3 1 0 0 0 62 68 46 0,9 0,9 0,6 0,1 0,1 0,0
Jardim Sulacap 157 203 151 25 38 35 2 5 4 0 0 1 184 246 191 2,7 3,1 2,3 0,2 0,2 0,2
Magalhaes Bastos 49 46 58 5 11 14 1 0 0 0 0 0 55 57 72 0,8 0,7 0,9 0,1 0,1 0,1
Realengo 673 732 624 161 159 153 20 18 28 5 7 7 859 916 812 12,4 11,5 9,7 0,8 0,8 0,7
Vila Militar 18 17 18 2 7 4 1 1 1 0 0 0 21 25 23 0,3 0,3 0,3 0,0 0,0 0,0
Santa Cruz 772 949 971 146 205 243 41 41 40 6 7 9 965 1.202 1.263 13,9 15,1 15,1 0,9 1,1 1,1
Paciencia 137 155 173 20 38 44 6 10 6 2 1 1 165 204 224 2,4 2,6 2,7 0,2 0,2 0,2
Santa Cruz 564 719 720 116 155 185 31 26 32 3 6 8 714 906 945 10,3 11,4 11,3 0,7 0,8 0,8
Sepetiba 71 75 78 10 12 14 4 5 2 1 0 0 86 92 94 1,2 1,2 1,1 0,1 0,1 0,1
Total Zona Oeste (1) 5.576 6.318 6.436 1.100 1.348 1.580 201 244 284 44 52 52 6.921 7.962 8.352 100,0 100,0 100,0 6,5 7,1 7,2
Total MRJ (2) 85.527 90.135 90.745 16.698 18.800 20.553 3.234 3.148 3.608 770 759 824 106.229 112.842 115.730 - - - 100 100 100,0
Participação % - (1) / (2) 6,5 7,0 7,1 6,6 7,2 7,7 6,2 7,8 7,9 5,7 6,9 6,3 6,5 7,1 7,2 - - - - - -
Tabela 13 – Número e distribuição dos empregos segundo tamanho dos estabelecimentos para os bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
Micro (0 a 9) Pequeno (10 a 49) Médio (50 a 249) Grande (> 250) Total Total (%) MRJ (%)
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 3.984 4.588 5.431 4.972 6.237 8.095 5.040 5.689 7.021 2.877 3.312 8.086 16.873 19.826 28.633 19,2 19,5 25,2 1,0 1,1 1,5
Bangu 2.749 3.324 4.153 3.735 4.848 6.421 3.362 4.082 5.423 2.424 2.777 7.175 12.270 15.031 23.172 14,0 14,8 20,4 0,7 0,8 1,2
Padre Miguel 824 798 777 861 822 1191 701 617 834 453 268 647 2839 2505 3.449 3,2 2,5 3,0 0,2 0,1 0,2
Senador Camará 411 466 501 376 567 483 977 990 764 0 267 264 1764 2290 2.012 2,0 2,3 1,8 0,1 0,1 0,1
Campo Grande 6.509 8.166 8.600 9.111 11.178 13.534 8.197 10.684 12.490 14.807 16.245 11.006 38.624 46.273 45.630 44,0 45,5 40,2 2,2 2,6 2,3
Campo Grande 5.682 7.004 7.437 7.911 9.325 11.669 7.965 10.139 11.162 10.549 12.549 7.189 32.107 39.017 37.457 36,6 38,3 33,0 1,8 2,2 1,9
Cosmos 188 246 221 335 491 370 72 58 197 0 592 2.508 595 1.387 3.296 0,7 1,4 2,9 0,0 0,1 0,2
Inhoaiba 151 160 287 181 335 507 0 0 322 686 844 0 1018 1339 1.116 1,2 1,3 1,0 0,1 0,1 0,1
Santissimo 174 338 281 280 230 497 160 368 366 1.440 1110 1.309 2.054 2.046 2.453 2,3 2,0 2,2 0,1 0,1 0,1
Senador Vasconcelos 314 418 374 404 797 491 0 119 443 2132 1150 0 2850 2484 1.308 3,2 2,4 1,2 0,2 0,1 0,1
Realengo 2.691 3.027 2.800 4.345 4.679 4.405 2.708 3.018 4.086 7.068 6.312 6.164 16.812 17.036 17.455 19,2 16,7 15,4 1,0 1,0 0,9
Campo dos Afonsos 151 163 48 227 48 95 444 419 133 3561 2655 766 4383 3285 1.042 5,0 3,2 0,9 0,2 0,2 0,1
Deodoro 117 140 118 424 517 405 220 209 166 0 0 0 761 866 689 0,9 0,9 0,6 0,0 0,0 0,0
Jardim Sulacap 447 547 479 445 632 629 155 491 459 0 0 299 1047 1670 1.866 1,2 1,6 1,6 0,1 0,1 0,1
Magalhaes Bastos 156 123 168 95 240 271 154 0 0 0 0 0 405 363 439 0,5 0,4 0,4 0,0 0,0 0,0
Realengo 1.779 2.009 1.922 3.112 3.099 2.907 1.636 1.824 3.259 3.507 3.657 5.099 10.034 10.589 13.187 11,4 10,4 11,6 0,6 0,6 0,7
Vila Militar 41 45 65 42 143 98 99 75 69 0 0 0 182 263 232 0,2 0,3 0,2 0,0 0,0 0,0
Santa Cruz 2.176 2.821 3.052 2.780 4.039 4.683 4.486 4.822 4.793 5.958 6.947 9.315 15.400 18.629 21.843 17,6 19,6 19,2 0,9 1,1 1,1
Paciencia 402 1768 521 373 679 288 743 1248 115 1255 562 0 2773 4257 924 3,2 4,2 0,8 0,2 0,2 0,0
Santa Cruz 1.565 2.128 2.279 2.237 3.079 878 3.273 2.966 781 4.425 6.385 528 11.500 14.558 4.466 13,1 14,3 3,9 0,7 0,8 0,2
Sepetiba 209 263 252 170 281 3517 470 608 3897 278 0 8787 1127 1152 16453 1,3 1,1 14,5 0,1 0,1 0,8
Total Zona Oeste (1) 15.360 18.602 19.883 21.208 26.133 30.717 20.431 24.213 28.390 30.710 32.816 34.571 87.709 101.764 113.561 100,0 100,0 100,0 5,0 5,8 5,8
Total Rio de Janeiro (2) 238.194 254.675 264.104 326.978 365.713 405.826 331.316 316.414 356.440 860.878 832.356 935.644 1.757.366 1.769.158 1.962.014 - - - 100,0 100,0 100,0
Participação % - (1) / (2) 6,4 7,3 7,5 6,5 7,1 7,6 6,2 7,7 8,0 3,6 3,9 3,7 5,0 5,8 5,8 - - - - - -
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
40
Comparando os dados com os do MRJ, observa-se que a participação relativa dos empregos
gerados nos micros, pequenos e médios estabelecimentos da região pesquisada têm mais ou
menos a mesma participação sobre o total do município que os estabelecimentos do mesmo
porte sobre o total de estabelecimentos. Isto mostra que os estabelecimentos micro, pequenos
e médios da região estudada e do MRJ possuem uma capacidade de geração de empregos
semelhantes. Porém, os empregos gerados nos estabelecimentos de grande porte da região
pesquisada, ao contrário dos estabelecimentos dos demais portes, apresentam uma
participação muito menor, apesar de praticamente estável no período (3,6%, em 1998, e 3,7%,
em 2006). Isso significa que os grandes estabelecimentos da região estudada geram, em
média, menos empregos que os grandes estabelecimentos do Município. Uma hipótese para
explicar esta constatação seria de que as principais atividades econômicas da região são pouco
intensivas em mão-de-obra e mais intensivas em capital.
A partir da Tabela 15 podemos ter um perfil da faixa etária dos trabalhadores da região e de
sua comparação com o MRJ. Os trabalhadores da região são mais jovens do que os do MRJ:
21,6%, em 1998, e 18,4%, em 2006, do número de empregados na faixa de idade até 24 anos,
enquanto que o MRJ apresentava apenas 15%, em 1998, e 13,5%, em 2006, do número de
empregados nesta faixa. O número de empregados na faixa entre 25 e 39 anos permaneceu
praticamente estável entre 1998 e 2006, apresentando 49% dos empregados, em 1998, e
48,8%, em 2006. Na categoria seguinte (entre 40 e 64 anos), observou-se um aumento de
28,5%, para 32%, entre 1998 e 2006. Por fim, o percentual na faixa acima de 65 anos
permaneceu irrisório (0,6%, em 1998, e 0,5%, em 2006).
Em comparação com o MRJ pode-se observar que a Zona Oeste teve o mesmo movimento
entre 1998 e 2006 com o envelhecimento da mão de obra, porém os empregados do MRJ
ainda mantiveram um perfil mais velho porque registrou a menor participação percentual de
empregos nas faixas até 39 anos (respondiam por cerca de 61%, em 1998, e 57% em 2006, no
MRJ, enquanto na Zona Oeste respondiam por 71% e 67%, respectivamente). Observa-se
ainda que em ambos a redução da participação dos empregados na faixa etária mais jovem
(até 24 anos) e expansão das faixas mais altas (de 40 a 64 nos). Por fim, a participação dos
empregados com mais de 65 anos, apesar de ser uma pequena parcela, é superior no MRJ à da
Zona Oeste. Em ambos ela permaneceu estabilizada no período.
42
Tabela 15 – Número de empregos segundo faixa etária do empregado nos bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
até 24 anos 25 a 39 anos 40 a 64 anos 65 ou mais ignorado Total
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 3.658 4.126 5.259 8.012 9.353 14.042 5.063 6.189 9.139 123 155 191 17 3 2 16.873 19.826 28.633
Bangu 2.759 3.199 4.326 5.811 7.053 11.511 3.605 4.664 7.194 84 112 140 11 3 1 12.270 15.031 23.172
Padre Miguel 554 521 588 1.353 1.153 1.532 910 809 1.297 20 22 31 2 0 1 2.839 2.505 3.449
Senador Camará 345 406 345 848 1.147 999 548 716 648 19 21 20 4 0 0 1.764 2.290 2.012
Campo Grande 8.143 10.020 9.690 19.791 23.419 22.745 10.420 12.610 12.991 229 224 204 41 0 0 38.624 46.273 45.630
Campo Grande 7.157 8.858 8.410 16.441 19.719 18.504 8.281 10.258 10.379 197 182 164 31 0 0 32.107 39.017 37.457
Cosmos 150 368 467 283 696 1.735 153 317 1.080 6 6 14 3 0 0 595 1.387 3.296
Inhoaiba 113 147 232 433 614 552 465 572 326 5 6 6 2 0 0 1.018 1.339 1.116
Santissimo 270 291 341 960 950 1.301 811 784 800 13 21 11 0 0 0 2.054 2.046 2.453
Senador Vasconcelos 453 356 240 1.674 1.440 653 710 679 406 8 9 9 5 0 0 2.850 2.484 1.308
Realengo 3.658 3.155 2.407 7.937 7.736 8.480 5.062 5.970 6.421 137 175 147 18 0 0 16.812 17.036 17.455
Campo dos Afonsos 1.202 896 67 2.020 1.237 429 1.134 1.138 538 26 14 8 1 0 0 4.383 3.285 1.042
Deodoro 126 154 102 372 382 309 255 316 270 8 14 8 0 0 0 761 866 689
Jardim Sulacap 254 349 399 499 810 882 282 493 572 11 18 13 1 0 0 1.047 1.670 1.866
Magalhaes Bastos 66 90 88 197 153 206 138 118 141 4 2 4 0 0 0 405 363 439
Realengo 1.989 1.623 1.722 4.761 5.058 6.558 3.184 3.786 4.795 85 122 112 15 0 0 10.034 10.589 13.187
Vila Militar 21 43 29 88 96 96 69 119 105 3 5 2 1 0 0 182 263 232
Santa Cruz 3.511 3.680 3.550 7.383 8.539 10.104 4.408 6.342 8.121 66 68 68 32 0 0 15.400 18.629 21.843
Paciencia 522 480 443 1.435 1.437 1.318 798 988 941 13 14 6 5 0 0 2.773 2.919 2.708
Santa Cruz 2.751 3.040 2.982 5.406 6.576 8.472 3.270 4.895 6.967 46 47 59 27 0 0 11.500 14.558 18.480
Sepetiba 238 160 125 542 526 314 340 459 213 7 7 3 0 0 0 1.127 1.152 655
Total Zona Oeste (1) 18.970 20.981 20.906 43.123 49.047 55.371 24.953 31.111 36.672 555 622 610 108 3 2 87.709 101.764 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 264.423 258.392 265.400 805.489 787.813 868.004 664.837 699.892 802.582 21.253 22.758 25.966 1.364 303 62 1.757.366 1.769.158 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 7,2 8,1 7,9 5,4 6,2 6,4 3,8 4,4 4,6 2,6 2,7 2,3 7,9 1,0 3,2 5,0 5,8 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
43
6
Em 1998 o salário mínimo correspondia a R$120,00 (ou R$264,00 em valores de 2008, atualizado pelo INPC
segundo o IPEADATA), passando, em 2003, para R$200,00 (ou R$308,00 se atualizado) e, em 2005, para
R$350,00 (ou R$392,00).
44
Tabela 16 – Número de empregos segundo faixa de remuneração do empregado nos bairros selecionados, 1998, 2003 e 2006
até 3 s.m. de 3 a 5 s.m. de 5 a 10 s.m. mais de 10 s.m. ignorado Total
1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006 1998 2003 2006
Bangu 10.990 15.917 22.274 3.358 2.420 3.666 1.915 1.070 1.746 582 384 543 28 35 404 16.873 19.826 28.633
Bangu 7.944 12.039 17.676 2.329 1.934 3.249 1.489 806 1.544 501 237 414 7 15 289 12.270 15.031 23.172
Padre Miguel 1.785 2.095 3.013 700 218 244 293 141 95 44 44 23 17 7 74 2.839 2.505 3.449
Senador Camará 1.261 1.783 1.585 329 268 173 133 123 107 37 103 106 4 13 41 1.764 2.290 2.012
Campo Grande 20.158 32.564 37.218 8.475 6.687 4.929 6.806 5.116 2.280 3.081 1781 726 104 125 477 38.624 46.273 45.630
Campo Grande 17.774 27.600 31.192 5.851 5.104 3.243 5.412 4.509 1.948 2.974 1.694 642 96 110 432 32.107 39.017 37.457
Cosmos 483 897 1.902 84 226 1.079 21 247 249 6 14 56 1 3 10 595 1.387 3.296
Inhoaiba 370 800 988 284 446 76 345 72 23 17 14 19 2 7 10 1.018 1.339 1.116
Santissimo 549 1.302 2.002 831 501 416 599 195 27 72 46 3 3 2 5 2.054 2.046 2.453
Senador Vasconcelos 982 1.965 1.134 1.425 410 115 429 93 33 12 13 6 2 3 20 2.850 2.484 1.308
Realengo 8.622 11.743 13.600 3.565 2.274 1.646 2.805 1.631 1.348 1.775 1354 518 45 34 343 16.812 17.036 17.455
Campo dos Afonsos 787 1.116 227 879 413 123 1.460 837 439 1.243 918 241 14 1 12 4.383 3.285 1.042
Deodoro 534 631 531 114 107 59 46 85 62 65 41 30 2 2 7 761 866 689
Jardim Sulacap 783 1.433 1.645 205 143 125 54 72 62 2 21 9 3 1 25 1.047 1.670 1.866
Magalhaes Bastos 280 307 395 108 39 32 12 17 9 5 0 1 0 0 2 405 363 439
Realengo 6.159 8.060 10.616 2.185 1.538 1.285 1.213 591 756 451 371 234 26 29 296 10.034 10.589 13.187
Vila Militar 79 196 186 74 34 22 20 29 20 9 3 3 0 1 1 182 263 232
Santa Cruz 7.164 10.207 12.645 2.588 2.709 3.576 3.218 4.360 3.527 2.369 2044 1.715 61 72 380 15.400 18.629 21.843
Paciencia 1.461 1.959 2.139 807 713 413 450 211 98 47 25 18 8 11 40 2.773 2.919 2.708
Santa Cruz 4.722 7.202 9.888 1.686 1.914 3.139 2.722 3.365 3.426 2.318 2.016 1.697 52 61 330 11.500 14.558 18.480
Sepetiba 981 1.046 618 95 82 24 46 21 3 4 3 0 1 0 10 1.127 1.152 655
Total Zona Oeste (1) 46.934 70.431 85.737 17.986 14.090 13.817 14.744 12.177 8.901 7.807 5.563 3.502 238 266 1.604 87.709 101.764 113.561
Total Rio de Janeiro (2) 686.567 930.300 1.158.187 411.775 311.572 330.031 369.238 313.413 271.505 282.983 210.944 182.998 6.803 2.929 19.293 1.757.366 1.769.158 1.962.014
Participação % - (1) / (2) 6,8 7,6 7,4 4,4 4,5 4,2 4,0 3,9 3,3 2,8 2,6 1,9 3,5 9,1 8,3 5,0 5,8 5,8
Fonte: Elaboração própria com base na RAIS 1998, 2003 e 2006
45
3.2. A atividade industrial e seus principais desafios: uma visão pela ótica fiscal
VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF 2004 Estab. Empr. VAF Estab. Empr.
Indústria/Bairro¹ (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 (R$ mil) 2006 2006 2004 2006 2006
Borracha, fumo, couros, peles, similares, ind. diversas 10.745 11 40 19.212 7 367 83.483 5 54 0 10 1.001 113.440 33 1.462 1.008.460 599 11.346 11,2 5,5 12,9
Papel, papelao, editorial e gráfica 25.949 19 344 8.854 19 143 254.863 9 1.976 0 8 55 289.665 55 2.518 1.558.288 1.129 20.121 18,6 4,9 12,5
Material elétrico e de comunicaçoes 6.377 3 5 0 3 30 0 0 0 0 3 19 6.377 9 54 421.862 176 4.338 1,5 5,1 1,2
Produtos alimentícios, bebidas e álcool etílico 0 42 3.023 1.340.824 56 1.531 6.904 35 569 4.633 30 211 1.352.361 163 5.334 2.668.327 1.097 34.796 50,7 14,9 15,3
Produtos minerais nao metálicos 0 10 157 0 22 505 38.599 11 223 0 1 25 38.599 44 910 312.642 236 4.744 12,3 18,6 19,2
Mecânica 10.353 8 269 112.970 10 242 12.499 5 431 0 7 53 135.823 30 995 540.918 409 10.694 25,1 7,3 9,3
Metalúrgica 0 26 139 16.271 30 433 1.300.949 10 2.711 0 23 169 1.317.220 89 3.452 1.487.019 708 12.530 88,6 12,6 27,5
Química, farmacêutica, veterinários, perfumaria, ... 0 16 623 91.404 22 1.159 338.700 17 744 24.386 8 303 454.490 63 2.829 3.303.815 754 24.444 13,8 8,4 11,6
Têxtil do vestuário e artefatos de tecidos 0 17 179 0 37 450 7.067 8 180 0 22 308 7.067 84 1.117 26.484 1.110 20.253 26,7 7,6 5,5
Total Geral 53.424 152 4.779 1.589.535 206 4.860 2.043.065 100 6.888 29.019 112 2.144 3.715.044 570 18.671 15.975.530 6.218 166.616 23,3 9,2 11,2
7
O Valor Adicionado Fiscal corresponde à diferença entre as entradas e saídas de mercadorias e serviços
realizadas pelos contribuintes do ICMS dos municípios.
8
A Tabela 18 contém os dados do VAF por indústrias mais desagregadas do que a CNAE. Na Tabela 17 fizemos
a agregação das indústrias para podermos comparar com os dados de estabelecimentos e empregos da RAIS. A
metodologia utilizada encontra-se na Tabela 19.
46
Campo Grande e Santa Cruz são bem mais diversificadas industrialmente. As dez atividades
econômicas de Santa Cruz são em ordem decrescente de valor adicionado fiscal: metalúrgica;
química; editorial e gráfica; produtos de material plástico; velas, de sabões e de produtos para
limpeza; produtos minerais não metálicos; couros, peles e assemelhados; têxtil; produtos
alimentícios. As oito atividades econômicas industriais de Campo Grande são em ordem
decrescente de valor adicionado fiscal: bebidas; mecânica; petrolífera e petroquímica;
metalúrgica; produtos de material plástico; celulose, papel, papelão e seus artefatos; química;
borracha.
3.2.1.Cadastro de empresas
Os critérios para a inclusão das empresas no cadastro foram: primeiro empresas constantes no
cadastro FIRJAN (2008) com endereço nas regiões administrativas selecionadas; em seguida
a listagem foi completada com as empresas que possuem investimentos ou estabelecimentos
nas regiões estudadas, mas cuja sede está registrada em outro bairro do MRJ. No primeiro
critério foram encontradas 180 empresas e no segundo 7.
No cadastro constam 180 empresas com endereço de sua sede nos bairros selecionados mais 7
empresas que não possuem endereços de suas sedes na região pesquisada, mas possuem
estabelecimentos industriais no local. As informações contidas no cadastro são: razão social,
endereço completo, bairro, telefone, fax, e-mail, CNPJ, nome do diretor, número de
empregados, principais produtos, classificação CNAE 2.0, endereço eletrônico (site) e se é ou
não exportadora. O cadastro encontra-se no Anexo 2.
As duas regiões que concentram a maior parte das empresas do cadastro são Campo Grande e
Bangu. Na primeira região o maior número de empresas pertence aos setores de confecções e
de alimentos e bebidas, na segunda ao setor de alimentos e bebidas.
A maior parte das empresas possui e-mail e aparelho de fax e apresenta porte micro e pequeno
(cerca de 70%), mensurando-se o tamanho pelo número de empregados. Existem 44 empresas
de porte médio (24%) e apenas 11 empresas são grandes (6%).
Em resumo, vimos nesta seção 3.1 que a atividade industrial revelou-se realmente uma
especialização na região de estudo. Entre as atividades com maior expressão econômica
encontram-se as indústrias de alimentos e bebidas; metalúrgica; química; papel, papelão,
editorial e gráfica. A atividade comercial desponta como campeã do número de
estabelecimentos e contribui significativamente para o número de empregos gerados. Os
principais desafios são ampliar o grau de qualificação dos trabalhadores e ampliar a faixa de
remuneração, atividades intrinsicamente relacionadas. Entretanto, somente o aumento da
qualificação dos trabalhadores não é suficiente para ampliar as faixas de remuneração. Este
movimento precisa estar relacionado a um aumento de valor agregado da indústria e das
demais atividades econômicas que, em última instância, são as demandantes de mão-de-obra.
A maior diversificação e agregação de valor é uma condição necessária para que haja
demanda de novas e maiores qualificações.
Cabe destacar dois pontos de limitação aos dados levantados no Mapeamento Fecomércio em
relação ao presente trabalho. O primeiro é que a unidade geográfica de investigação foi o
bairro, ao invés da região administrativa como foi desenvolvida a maior parte da análise feita
neste texto. A segunda é que apenas seis bairros pertencentes a Zona Oeste foram mapeados
(Bangu, Campo Grande, Padre Miguel, Realengo, Santa Cruz e Santíssimo), ou seja, o escopo
da investigação diz respeito a apenas uma parte da região selecionada para o presente
trabalho.
9
O Ifec pesquisou 56 bairros do município do Rio de Janeiro divididos em 11 regiões conforme divisão
estabelecida pelo próprio Fecomércio. As regiões são: Barra da Tijuca, Centro, Ilha do Governador, Irajá,
Jacarepaguá, Leopoldina, Madureira, Méier, Tijuca, Zona Oeste e Zona Sul.
49
Das questões levantadas nos questionários aplicados pelo Ifec foram tabuladas as referentes à
representatividade das amostras e dos perfis das empresas (número de unidades encontradas,
unidades que desenvolvem atividade comercial, número de empresários e populares
entrevistados, postos de trabalhos na região e número de empresas com menos de 5
empregados), os principais problemas e soluções apontados pelos empresários e os principais
problemas e soluções apontados pelos usuários do comércio local. Destas, foram tabuladas os
três problemas e as três soluções mais citadas pelos empresários e pelos populares (ver
Tabelas 20, 21 e 22).
Esta seção está subdividida em quatro partes, além dessa introdução. Na primeira é realizada
uma caracterização da amostra pesquisada e a apresentação das questões tabuladas e que
foram analisadas. Na segunda parte, foram tratadas as opiniões dos empresários e dos usuários
do comércio local (populares) sobre os principais problemas e soluções para o seu bairro,
apresentando primeiro os problemas apontados pelos empresários e pela opinião popular e
depois as soluções, mantendo a mesma ordem. Na terceira parte foi elaborada uma análise da
região da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro com base nos mapeamentos dos bairros
de Bangu, Campo Grande, Padre Miguel, Realengo, Santa Cruz e Santíssimo, segundo os
principais problemas e soluções apontados pelos empresários e pelos populares para os
bairros, mantendo a seguinte ordem por região: um pequeno apanhado da amostra pesquisada,
análise dos problemas na opinião dos empresários, análise dos problemas na opinião popular,
análise das soluções na opinião dos empresários e análise das soluções na opinião popular.
Por fim, na quarta parte foi elaborada uma conclusão com um pequeno resumo do panorama
encontrado nas onze regiões pesquisadas.
No total foram identificadas, nos 6 bairros tabulados, 10.318 unidades das quais 3.263 foram
consideradas pertinentes ao objetivo do estudo, ou seja, apenas 31,6% das unidades
identificadas desenvolviam alguma atividade comercial. Entre as unidades que foram
descartadas, as principais ocorrências foram de estabelecimentos usados como moradia,
estabelecimentos fechados e sem identificação. No total dos mapeamentos foram
entrevistados 780 empresários (24% das unidades comerciais consideradas) e 1.983
populares, conforme Tabela 20.
A principal característica das unidades comerciais pesquisadas foi o predomínio das micro-
empresas, e principalmente, das micro-empresas com menos de cinco empregados, 59% das
unidades pesquisadas, ou seja, 1.934 unidades se encontravam nesse perfil. Três bairros
apresentaram-se acima da média: Padre Miguel, Santíssimo e Realengo com percentuais de
91%, 79% e 76%, respectivamente. Esse resultado indica que o comércio desses bairros é
realizado por empresas de menor porte. Em situação oposta, os bairros de Bangu (52%),
Campo Grande (56%) e Santa Cruz (58%) possuem uma participação menor dos
estabelecimentos com menos de 5 empregados, indicando estabelecimentos comerciais de
maior porte.
As regiões comerciais dos 6 bairros da Zona Oeste tabulados eram responsáveis pela geração
estimada de 28.294 postos de trabalhos, o que dá uma média de 8,7 empregos por unidade
comercial. Se compararmos esta média com o dado do parágrafo anterior observa-se que as
grandes unidades comerciais instaladas nesses bairros provocam um viés na média,
impulsionando-a para cima. Os bairros que apresentaram as maiores médias de postos de
trabalho por empresa foram: Bangu (10,5), Campo Grande (9,9) e Santíssimo (9,1). Tanto a
média por bairro quanto a média por região corroboram com a característica de que há o
predomínio dos micros estabelecimentos comerciais nos bairros pesquisados.
A pesquisa junto aos comerciantes totalizou 780 entrevistas, representando 24% do total de
unidades comerciais pesquisadas, porém essa representatividade variou entre 20% (Campo
Grande) a 54% (Santíssimo) 10, conforme o bairro pesquisado. Já a pesquisa junto aos usuários
do comércio dos bairros pesquisados reuniu 1.983 entrevistas. O número de pessoas
entrevistadas variou conforme o bairro e a região pesquisada, ficando entre 106 (Santíssimo) e
450 (Santa Cruz).
O principal problema apontado pelos empresários dessa região foi a estrutura comercial, com
índices variando de 5,8% (Padre Miguel) a 41,4% (Santíssimo). Esse problema lidera a lista
de problemas em todos os bairros pesquisados da região, com exceção de Bangu e Padre
Miguel, onde aparece na segunda posição. Em Bangu, o principal problema é a falta de
urbanização (59,4%) e em Padre Miguel é a falta de agências bancárias (20%). Em segundo
lugar entre os problemas da região aparecem segurança (Santa Cruz, Realengo e Bangu) e
transporte/trânsito (Campo Grande, Padre Miguel e Santa Cruz). Outros problemas apontados
10
Essa diferença pode ser creditada a diferença no número de unidades total identificadas, bairros com um
número maior de unidades tendem a ficar com menor representatividade, enquanto bairros com menor número
de unidades tendem a ter uma representatividade maior dos empresários porque é mais fácil de cobrir uma maior
parcela do universo pesquisado.
51
na região foram falta de políticas públicas (Campo Grande), saneamento (Realengo), falta de
serviços públicos (Santa Cruz e Santíssimo).
Comparando os problemas apontados pela opinião popular com as soluções, verifica-se que
elas são exatamente correspondentes, mantendo inclusive a mesma ordem de importância.
No que diz respeito à dimensão educação, a Zona Oeste fica mais bem posicionada que o
ERJ, mas está abaixo do índice obtido pelo MRJ, exceto para o bairro de Realengo, aspecto
também já observado nos resultados estatísticos da RAIS. Finalmente, a dimensão
longevidade dá destaque para os bairros de Bangu e Realengo que apresentam índices,
respectivamente, igual e superior aos do MRJ. Em termos de educação, todos os bairros
podem ser classificados como regiões desenvolvidas, seguindo o padrão observado no ERJ e
no MRJ. Este já não é o caso da dimensão longevidade que está em um grau de
desenvolvimento inferior (em desenvolvimento) seguindo o mesmo padrão do ERJ e do MRJ.
O indicador renda per capita ajuda a corroborar o observado pelo IDH-renda. De fato a renda
per capita dos bairros da Zona Oeste é bem inferior à do MRJ. No caso de Bangu e Santa
Cruz estas rendas equivalem a menos da metade da renda apresentada pelo MRJ. A taxa de
alfabetização e a taxa de freqüência à escola ratificam as observações realizadas pelos IDH-
educação, mostrando que apenas Santa Cruz não apresenta uma taxa de alfabetização maior
do que a do ERJ e que Realengo apresenta taxas superiores à do MRJ em ambos os casos.
Entre as atividades econômicas pela ótica da geração de emprego, destaca-se como importante
a atividade de ensino, conforme indicado na seção três. Ainda segundo o registro do Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Texeira (INEP) foram registradas 13
instituições de ensino superior e 12 de ensino técnico-profissionalizante. Entre as instituições
de ensino superior na Zona Oeste incluíram-se universidades, faculdades e escolas de
engenharia militares. Foram encontrados dezesseis campi, sendo: três na RA de Bangu, seis
na RA de Campo Grande, três na RA de Realengo e quatro na RA de Santa Cruz. Já entre as
instituições de ensino técnico-profissionalizantes foram incluídas tanto instituições públicas
quanto privadas, sendo: três na RA de Bangu, quatro na RA de Campo Grande, duas na RA
de Realengo e três na RA de Santa Cruz. O cadastro mais detalhados destas instituições
encontra-se no Anexo 4.
Além disso, a Zona Oeste possui uma população adulta com excelente nível de escolaridade,
com uma taxa de alfabetização de 95%, e conta com o Serviço Nacional de Aprendizagem
Industrial – SENAI, que oferece consultoria especializada, assistência técnica e tecnológica,
pesquisa, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos, conforme a demanda de cada
setor. A poucos quilômetros da Zona Oeste encontra-se uma grande concentração de
universidades, centros tecnológicos e instituições de pesquisa, com mais de 200 mil
estudantes universitários e quase 20 mil pesquisadores em atividade, além dos principais
centros de pós-graduação em engenharia de metalurgia, bem como o principal centro de
pesquisa federal voltado para mineração e metalurgia, o CETEM.
55
O conselho deliberativo é o órgão máximo, a ele está subordinado o comitê diretor. Por sua
vez, ao comitê diretor estão subordinados os comitês de comunicação, tecnologia,
desenvolvimento de mercado e relações internacionais. As seguintes iniciativas são adotadas
pelos diversos comitês: Marketing Institucional, Programas de Educação, Programas de
Treinamento, Ações nas áreas de Legislação e Tributária, Eventos de interesse do inox,
Publicações, Publicidade, Assessoria de Imprensa, Feiras, Análise e Segmentação de
Mercado, Diagnóstico das Cadeias do Inox, Estruturação das Cadeias do Inox, Estudos e
Pesquisa, Normalização, Eventos de Cunho Tecnológico, Atualização Tecnológica da Cadeia,
e Elaboração de Matérias Técnicas.
O Núcleo Inox publica a cada dois anos o “Guia Brasileiro do Aço Inox”, com 948 empresas
cadastradas e “todo tipo de informações que, cruzadas, podem agilizar os contatos necessários
à atuação industrial e comercial.” Oferecem aos novos associados o recebimento das versões
56
antigas do guia, além da inscrição para receber o guia normalmente. A última tiragem foi de
7.000 exemplares. O site disponibiliza ainda estatísticas anuais de consumo e produção tanto
no Brasil como no mundo; uma biblioteca on-line dedicada ao aço inox; a revista bimestral do
aço inox e um clipping de notícias.
A terceira iniciativa foi tomada pelo Município e está relacionada com o Plano Diretor do
MRJ. Ele ainda está transitando e terá efeitos sobre a organização territorial da Zona Oeste.
Em particualr a criação das Zonas de uso predominantemente industrial (ZOPIs) e as Zonas
de uso estritamente industrial (ZEIs). A criação de um pólo metalúrgico na Zona Oeste deverá
ser incluída nas discussões do Plano Diretor, que serão travadas somente na próxima
legislatura (2009). O projeto final do diagnóstico da Zona Oeste deverá, portanto, delinear os
impactos ambientais, urbanos e outros que irão influenciar o Plano Diretor para que ele
contemple a criação das Zonas e do pólo.
Uma quarta iniciativa foi a realizada pelo IPEA identificando, através de metodologia
proposta pelo Professor Suzigan, todas as aglomerações com um grau de especialização
significativo para o Brasil, inclusive Rio de Janeiro. A partir desta identificação, verificou-se
que entre as especializações selecionadas como aglomerações, arranjos produtivos locais na
metodologia do IPEA, alguns eram bastante importantes na Zona Oeste, em termos de VAF,
em ordem decrescente de importância: artefatos de couro, refrigerantes, artefatos de plástico,
têxtil, equipamentos médicos hospitalares, artigos de vidro (ver Tabela 24).
57
Vale ainda observar que a publicação Suzigan (2006) sobre identificação, caracterização e
georeferenciamento de APLs no Brasil aponta que a cidade do Rio de Janeiro conta com 186
estabelecimentos industriais que operam com esquadrias de metalurgia, 12 estabelecimentos
que operam com válvulas e registros, e 78 que operam com equipamento e serviços
hospitalares. Além disso, só processando produtos de aço inox, segundo o Guia Inox, há mais
11 empresas. Esses dados secundários mostram e indicam a possibilidade de se potencializar
esses segmentos industriais, magnificando os “APLs embrionários’’ já existentes.
Investimentos atuais
6. Considerações Finais
Vale lembrar que a Zona Oeste do MRJ é a região de maior densidade industrial do
Município, ainda que a mesma ao longo dos últimos decênios venha cada vez mais agregando
serviços à sua estrutura produtiva. Em resumo, a atividade industrial revelou-se realmente
uma especialização na região de estudo. Entre as atividades com maior expressão econômica
encontram-se as indústrias de alimentos e bebidas; metalúrgica; química; papel, papelão,
editorial e gráfica. A atividade comercial desponta como campeã do número de
estabelecimentos e contribui significativamente para o número de empregos gerados. Os
principais desafios são ampliar o grau de qualificação dos trabalhadores e ampliar os níveis de
remuneração, atividades intrinsicamente relacionadas. Entretanto, somente o aumento da
qualificação dos trabalhadores não é suficiente para ampliar o nível das faixas de
remuneração. Este movimento precisa estar relacionado a um aumento de valor agregado da
indústria e das demais atividades econômicas que, em última instância, são as demandantes de
mão-de-obra. A maior diversificação e agregação de valor é uma condição necessária para
que haja demanda de novas e maiores qualificações.
O segundo ponto que se conclui é que há diferenças entre as opiniões dos empresários e dos
populares tanto no que diz respeito aos problemas quanto às soluções e na hierarquização dos
mesmos. Para os empresários problemas e soluções mais voltados para a área econômica e
comercial, tais como problemas ligados a atividade econômica, estrutura comercial e
estacionamento, tiveram uma importância maior do que questões sociais que estiveram mais
presentes nas opiniões populares, como transporte/trânsito, saneamento/limpeza e mobiliário
urbano. Uma exceção é a opinião compartilhada entre ambos quanto à segurança, ainda que
essa apresente um grau de importância muito maior para os populares do que para os
empresários.
Por fim, o terceiro ponto é que as opiniões, tanto dos empresários quanto dos populares,
variam conforme a região do Município. Essa diferença observada parece ser fruto das
diferenças sócio-econômicas que tem grande influência nos problemas apontados e
consequentemente nas soluções, apesar destas últimas na maioria das vezes não possuirem a
mesma ordem de importância dos problemas. Assim, os problemas dos bairros são bastante
semelhantes, variando apenas o grau de importância dado a eles pelos entrevistados. O único
problema e a única solução comum na ampla maioria dos bairros é a segurança, também
variando em maior ou menor grau de importância conforme a região. Interessante observar
que esse levantamento foi feito entre 2001 e 2003 e de lá para cá ainda não se registrou
resultados satisfatórios das ações públicas do Município ou do Estado do Rio de Janeiro para
combater o problema. Não é, portanto, de se admirar que o problema da segurança, ainda que
tenho tido importante ações de política estadual, continue sendo o principal problema da
municipalidade.
Além disso, foram identificadas algumas iniciativas coletivas já iniciadas que deverão ser
levadas em conta na construção do projeto final de governança para o local. Não são
iniciativas de governança, propriamente ditas, mas são iniciativas importantes de: (i)
cooperação das empresas locais, (ii) ordenamento jurídico do Município, através do Plano
Diretor, e (iii) diagnóstico do Instituto de Planejamento Econômico e Social (IPEA), visando
à identificação de especializações.
Resta saber se a iniciativa do Núcleo Inox está contribuindo para que empresas sejam atraídas
pela especialização da mão-de-obra local; se a região possui vantagens comparativas e de
localização frente às demais regiões do Estado e do País; ou se seria necessário aumentar o
grau de diversificação local.
60
Estes são dilemas ainda não resolvidos e que deverão ser objeto de aprofundamentos nos
demais diagnósticos, bem como discussões entre a equipe de pesquisadores e os agentes
econômicos locais no Seminário programado para 2009.
Referências Bibliográficas
DINIZ, C. “Impactos territoriais da reestruturação produtiva”, in: Ribeiro L. C. de Queiroz
(org.), O Futuro das metrópoles: Desigualdades e Governabilidade, Rio de Janeiro, Revan,
pp. 21-61. 2000.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Industrial Anual 2005. Rio de
Janeiro: IBGE. 2007.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Anual do Comércio 2005. Rio
de Janeiro: IBGE. 2007.
FIRJAN – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Cadastro Industrial do Estado do Rio
de Janeiro 2007/2008. Rio de Janeiro: Firjan. 2008.
FROES, José N. S.; GELABERT, Odaléa R. E. Rumo ao Campo Grande por Trilhas e
Caminhos. Rio de Janeiro: s.n. 2004.
SABOIA, J.L.M. Emprego Industrial no Brasil: situação atual e perspectivas para o futuro.
Revista de Economia Contemporânea, Rio de Janeiro, Instituto de Economia. 2001.
Engenho de Dentro
Engenho Novo
Jacaré
Lins de Vasconcelos
Méier
Piedade
Pilares
Riachuelo
Rocha
Sampaio
São Francisco Xavier
Todos os Santos
XIV Irajá Colégio
Irajá
Vicente de Carvalho
Vila da Penha
Vila Kosmos
Vista Alegre
XV Madureira Bento Ribeiro
Campinho
Cascadura
Cavalcanti
Engenheiro Leal
Honório Gurgel
Madureira
Marechal Hermes
Oswaldo Cruz
Quintino Bocaiúva
Rocha Miranda
Turiaçu
Vaz Lobo
XVI Jacarepaguá Anil
Curicica
Freguesia
Gardênia Azul
Jacarepaguá
Pechincha
Praça Seca
Tanque
Taquara
Vila Valqueire
XVII Bangu Bangu
Padre Miguel
Senador Camará
XVIII Campo Grande Campo Grande
Cosmos
Inhoaíba
Santíssimo
Senador Vasconcelos
XIX Santa Cruz Paciência
Santa Cruz
Sepetiba
XX Ilha do Governador Bancários
Cacuia
Cidade Universitária
Cocotá
Freguesia
Galeão
Jardim Carioca
65
Jardim Guanabara
Moneró
Pitangueiras
Portuguesa
Praia da Bandeira
Ribeira
Tauá
Zumbi
XXI Paquetá Paquetá
XXII Anchieta Anchieta
Guadalupe
Parque Anchieta
Ricardo de Albuquerque
XXIII Santa Teresa Santa Teresa
XXIV Barra da Tijuca Barra da Tijuca
Camorim
Grumari
Itanhangá
Joá
Recreio dos Bandeirantes
Vargem Grande
Vargem Pequena
XXV Pavuna Acari
Barros Filho
Coelho Neto
Costa Barros
Parque Colúmbia
Pavuna
XXVI Guaratiba Barra de Guaratiba
Guaratiba
Pedra de Guaratiba
XXVII Rocinha Rocinha
XXVIII Jacarezinho Jacarezinho
XIX Complexo do Alemão Complexo do Alemão
XXX Maré Maré
XXXI Vigário Geral Vigário Geral
XXXII Colônia Juliano Moreira¹ Colônia Juliano Moreira
XXXIII Realengo Campo dos Afonsos
Deodoro
Jardim Sulacap
Magalhães Bastos
Realengo
Vila Militar
XXXIV Cidade de Deus Cidade de Deus
¹ Sua criação foi aprovada em 1996 pelo Projeto de Lei 446/96, mas não chegou a ir para votação, as regiões criadas depois saltaram o
número 32.
Fonte : instituto Pereira Passos
Obs.: Grifado estão as regiões administrativas e os bairros abordados no trabalho. Em negrito estão os bairros sedes.
66
Lia Hasenclever 11
Rodrigo Lopes¹¹
11
Respectivamente, professora e mestrando do Instituto de Economia da UFRJ.
97
varejista é a atividade que ocupa a primeira posição com 41,5% dos estabelecimentos da RA
de Bangu. Em segundo lugar aparece a atividade de serviços de alojamento, alimentação e
reparação com 15,5% e em terceiro lugar comércio e administração de imóveis com 10,6%
dos estabelecimentos. Esse ordenamento dos principais setores por número de
estabelecimento na RA de Bangu se assemelha ao observado na Zona Oeste como um todo,
mas difere do MRJ. Em relação à indústria, o principal setor em termos de estabelecimentos é
alimentos e bebidas com 1,8% dos estabelecimentos, o que também segue o padrão da Zona
Oeste. (ver Tabela 1)
Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Bangu na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Bangu do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de empregos?
setor de ensino e alimentos e bebidas e pela distribuição mais equilibrada dos empregos pelos
setores na Zona Oeste.
1,2% dos empregos do MRJ. Analisando o perfil dos bairros nota-se que pequenas diferenças
entre eles na geração de empregos. Em Bangu, onde se localiza o maior número de empregos,
o principal gerador de empregos são os estabelecimentos de grande porte seguidos de perto
pelos de pequeno porte, em Padre Miguel são os de pequeno porte e em Senador Camará os
de médio porte.
Comparando a RA de Bangu com a Zona Oeste e com o MRJ nota-se uma diferença no grau
de importância dos pequenos estabelecimentos na geração de empregos, enquanto esse tipo de
estabelecimento divide a liderança com os grandes na RA de Bangu, na Zona Oeste e no MRJ
ele fica em segundo lugar com uma participação relativamente menor.
Analisando a Tabela 5 verifica-se que 49% dos 28.633 empregos da RA de Bangu encontram-
se na faixa entre 25 e 39 anos, sendo esta a principal faixa etária. Em segundo lugar está a
faixa de empregados entre 40 e 64 anos com 32%, seguida por menos de 24 anos (18,4%) e
101
com mais de 65 anos (0,7%). Essa distribuição segundo a faixa etária repete-se em todos os
bairros da RA. O mesmo ocorre quando comparamos a RA de Bangu com a Zona Oeste e o
MRJ.
Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Bangu em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 22.274 empregos (77,8%).
Na seqüência temos as faixa de 3 a 5 s.m. (12,8%), de 5 a 10 s.m. (6,1%) e acima de 10 s.m.
(1,9%). Esse perfil salarial é compartilhado por todos os bairros pertencentes a RA. Destaque
apenas para Padre Miguel onde a participação dos empregos de até 3 s.m. alcança 87,5% dos
empregos. Comparando com a Zona Oeste, a RA de Bangu possui um perfil salarial
semelhante, entretanto se comparar a RA com o MRJ a participação dos empregos com
remuneração de até 3 s.m é muito menor no MRJ, 59% contra 77,8%. A participação elevada
do número de empregos de remuneração mais baixa corrobora com a participação mais
elevada de empregos com menor grau de instrução.
102
Lia Hasenclever
Rodrigo Lopes
Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Campo Grande na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Campo Grande do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de
empregos?
pela indústria química-farmacêutica com 2,5% dos empregos. Comparando com a Zona Oeste
observa-se o mesmo setor liderando (comércio varejista), porém a ordem dos setores
seguintes diverge, com destaque para a maior importação do setor de ensino na geração de
empregos e a menor importância da indústria.
Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Campo Grande em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 37.218 empregos
109
Lia Hasenclever
Rodrigo Lopes
Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Realengo na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Realengo do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de empregos?
Realengo nos empregos municipais – 8,8% contra 0,9%). Na seqüência os setores mais
representativos são: madeira e mobiliário (5,2%), ensino (2,0%), comércio varejista (1,9%),
material de transporte (1,7%) e têxtil e vestuário (1,5%).
Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Realengo em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 13.600 empregos (77,9%).
117
Lia Hasenclever
Rodrigo Lopes
A XIX Região Administrativa de Santa Cruz é uma das 34 existentes no Município do Rio de
Janeiro (MRJ) e uma das 10 localizadas na Zona Oeste do MRJ. É formada pelos bairros de
Paciência, Santa Cruz e Sepetiba.
Qual é o número de empregos formais, quais os setores que mais geram empregos e qual a
representatividade da RA de Santa Cruz na Zona Oeste e no MRJ? Que setores são mais
especializados na RA de Santa Cruz do que na Zona Oeste e no MRJ na geração de
empregos?
seguintes diverge completamente, com destaque para a maior importancia dos setores
industriais.
MRJ. Analisando o perfil dos bairros nota-se diferenças entre eles na geração de empregos.
Em Santa Cruz, onde se localiza o maior número de empregos, os principais geradores de
empregos são os estabelecimentos de grande porte, seguindo o padrão da RA. Já em Paciência
e Sepetiba, o principal responsável pela geração de emprego é o conjunto de estabelecimentos
de pequeno porte, sendo que neste segundo a distribuição dos empregos pelo porte das
empresas é mais equilibrada.
Analisando a Tabela 5, verifica-se que 46,3% dos empregos da RA de Santa Cruz encontram-
se na faixa entre 25 e 39 anos, sendo esta a principal faixa etária. Em segundo lugar está a
faixa de empregados entre 40 e 64 anos com 37,2%, seguida por menos de 24 anos (16,2%) e
com mais de 65 anos (0,3%). Essa distribuição segundo a faixa etária repete-se em todos os
bairros da RA. O mesmo ocorre quando se compara a RA de Campo Grande com a Zona
Oeste e o MRJ.
Por fim analisando a Tabela 6, nota-se que a principal faixa de remuneração salarial mensal
na RA de Santa Cruz em 2006 foi até 3 salários-mínimos (s.m.) com 12.645 empregos
(57,8%). Na seqüência temos as faixa de 3 a 5 s.m. (16,4%), de 5 a 10 s.m. (16,1%) e acima
de 10 s.m. (7,8%). Apesar de todos os bairros pertencentes a RA terem a sua principal parcela
de empregos na faixa de até 3 s.m., a participação desse faixa varia muito dependendo do
125
(Versão Final)
Junho/2009
2
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Breve Histórico da Educação Profissional e seus Reflexos sobre o Desenvolvimento
Social e Econômico ................................................................................................................... 5
2.1 A Educação Profissional no Contexto Legislacional ....................................................... 5
2.2. Articulação da Educação Profissional com a Educação Básica ...................................... 6
2.3. Integrar a Educação Profissional e Tecnológica ao Mundo do Trabalho........................ 7
3. Principais Considerações sobre o Estudo de Desenvolvimento Econômico da Zona
Oeste do Município do Rio de Janeiro ................................................................................... 8
4. Estudo Preliminar sobre os Cursos Técnicos de Nível Médio e os Cursos de Nível
Superior Oferecidos na Região Oeste do Município do Rio de Janeiro e sua Relação com
Contexto Econômico Local.................................................................................................... 10
4.1. Cursos Técnicos de Nível Médio................................................................................... 10
4.2. Cursos de Nível Superior............................................................................................... 17
5. Contribuição da Educação Profissional á Expansão do Desenvolvimento Industrial e
ao Desenvolvimento do Pólo Metalmecânico na Região Oeste do Município do Rio de
Janeiro ..................................................................................................................................... 23
6. Considerações Finais.......................................................................................................... 25
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 26
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 – Cursos Técnicos oferecidos na Região Administrativa de Realengo..................... 11
Tabela 2 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Bangu ......................... 12
Tabela 3 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Campo Grande ........... 13
Tabela 4 - Cursos Técnicos Oferecidos na Região Administrativa de Santa Cruz .................. 14
Tabela 5 - Relação dos Eixos Tecnológicos e Porcentagem de Oferta dos Cursos Técnicos na
Região Oeste do Município do Rio de Janeiro......................................................................... 15
Tabela 6 – Diferença Percentual entre o Total de Cursos Técnicos Oferecidos por Instituições
Públicas e Instituições Privadas, Considerando as Quatro Regiões Administrativas .............. 17
Tabela 7 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Realengo....... 18
Tabela 8 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Bangu ........... 19
Tabela 9 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Santa Cruz .... 19
Tabela 10 - Cursos de Nível Superior Oferecidos na Região Administrativa de Campo Grande
.................................................................................................................................................. 20
Tabela 11 - Porcentagem de Oferta dos Cursos Superiores na Região Oeste do Município do
Rio de Janeiro........................................................................................................................... 22
Tabela 12 - Diferença Percentual entre o Total de Cursos de Nível Superior Oferecidos por
Instituições Públicas e Instituições Privadas, Considerando as Quatro Regiões Administrativas
.................................................................................................................................................. 23
3
1. Introdução
Nesse sentido, a Educação Profissional e Tecnológica que, no momento atual tem sido
delineada por novos paradigmas, em função de novas formas de organização do trabalho e das
mudanças tecnológicas que ocorreram nas últimas décadas, deve estar coadunada com a
transformação do conhecimento determinada pelos novos processos produtivos e
tecnológicos. Como alavancadora do desenvolvimento social, econômico e cultural, através -
se da geração de novas oportunidades de inclusão social e de novas perspectivas de vida,
torna-se decisiva para atender às demandas do mundo do trabalho, contribuir para o
desenvolvimento social e econômico dos indivíduos e garantir o exercício da cidadania.
Neste contexto, a formação profissional deve contribuir para o exercício uma prática eficiente
e para a formação integral, através da aquisição de conhecimentos básicos da qualificação e
do desenvolvimento de competências. O processo de formação deve obrigatoriamente incluir,
atitudes, valores éticos e segurança no trabalho, além das habilidades específicas do
desempenho da função. Importante, também, é a compreensão da formação profissional no
campo da educação permanente, pela via do “aprender a aprender”, estimulando o indivíduo a
buscar e aprofundar os seus conhecimentos e a aperfeiçoar as suas práticas profissionais.
O presente estudo pretende ser um guia que visará contribuir com subsídios para o
planejamento de ações, principalmente no que se refere ao desenvolvimento de novas
propostas educacionais relacionadas com a qualificação e a requalificação da mão-de-obra,
para atender ao pólo metalmecânico e às demais indústrias que integram os distritos
industriais da Zona Oeste do município do Rio de Janeiro. As ações a serem planejadas
deverão, ainda, considerar a elevação do padrão de vida da população local e redução das
discrepâncias sociais e econômicas em relação às demais regiões do município, para
contribuir, decisivamente, de modo a elevar os índices de desenvolvimento social da região.
já realizados.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96, destaca no Art.
1º, § 2º, do Título I, que a “educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à
prática social”. Mais adiante, na seção IV, do Ensino Médio o inciso IV do Art. 35 define uma
de suas finalidades, a compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos dos processos
produtivos, relacionando teoria e prática no ensino de cada disciplina.
Essa finalidade é reforçada no Art. 36, § 2º dessa Lei, ao explicitar que “o ensino médio,
atendida a formação geral do educando poderá prepará-lo para o exercício de profissões
técnicas.” Esses artigos encontram ressonância no Capítulo III, que trata da Educação
Profissional, na medida em que define a articulação dessa modalidade com o ensino regular.
Entretanto, essa articulação não se materializou na forma integrada, uma vez que o Decreto nº
2.208/97 estabelecia uma organização curricular da Educação Profissional de nível técnico
independente do ensino médio.
Revogado o Decreto nº 2.208/97, outro documento entra em vigor, o Decreto nº 5.154/04, que
elimina as amarras estabelecidas pelos Decretos 5.224 e 5.225/04 que se traduziam numa
série de restrições na organização curricular e pedagógica, bem como na oferta dos cursos
técnicos. O Decreto 5.154/04 possibilita a articulação da Educação Profissional com o Ensino
Médio, podendo acorrer de forma integrada, concomitante ou subseqüente. O Decreto
estabelece, ainda, como premissas para a Educação Profissional, a organização, por áreas
profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica e a articulação de
esforços das áreas da educação, do trabalho e emprego, e da ciência e tecnologia.
Propõe-se nesse sentido, uma escola que contribua para a superação da estrutura social
desigual, mediante a reorganização do sistema educacional, particularmente da educação
profissional. Assim, torna-se necessário superar definitivamente a concepção que separa a
educação geral e propedêutica da específica e profissionalizante.
Nessa perspectiva, a educação profissional e tecnológica deverá ser concebida como processo
de construção social que ao mesmo tempo qualifique o cidadão e o projete em bases
científicas, bem como ético - políticas, de modo a compreender a tecnologia como produção
social.
Do ponto de vista da oferta dos níveis e modalidades de educação, cujas demandas se vêm
fazendo notar em âmbito local verifica-se que as dificuldades para o seu atendimento são
muitas. No caso específico, da formação de professores, no tocante à realidade da Educação
Profissional, cabe destacar que estes níveis e modalidades se apresentam ainda mais
8
desafiadores para os municípios, uma vez que não se encontram amparados por políticas
públicas específicas de financiamento, de abrangência nacional, estando fortemente
dependentes de programas e projetos pontuais, indefinições quanto a regularidade, qualidade
e volume de recursos destinados à sua oferta (SOUZA & FARIA, 2003 apud SOUZA,
RAMOS e DELUIZ, 2007).
O estudo realizado aponta a expansão industrial na Zona Oeste da cidade, com a instalação de
importantes indústrias, fato que propiciou considerável crescimento imobiliário na região.
Dentre os fatores facilitadores dessa expansão industrial foram citados a infra-estrutura e a
disponibilidade de terrenos adequados à instalação de complexos industriais.
Dados estratégicos, do ponto de vista econômico e social e que merecem destaque são:
Cabe ressaltar a necessidade de considerar os Arranjos Produtivos Locais como canal para
alavancar o desenvolvimento econômico da região, inserindo ações educacionais pertinentes
com vistas à eficácia e eficiência na formação do cidadão, como sujeito integrante do mundo
do trabalho.
O conceito de Arranjos Produtivos Locais (APL), que tem recebido grande destaque nos dias
atuais, é antigo em termos de atividade produtiva. Corresponde a aglomerações de empresas,
localizadas em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm
vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem entre si e com outros atores
locais, tais como governo, associações empresariais, instituições de crédito e ensino e
pesquisa.
O levantamento das unidades de ensino na região da zona Oeste do Rio de Janeiro foi
realizado, relacionando-se as escolas técnicas, públicas e particulares, e as instituições de
ensino superior, por região administrativa. O objetivo foi investigar os cursos oferecidos por
essas unidades e sua relação com as atividades econômicas, apontadas na pesquisa sobre o
desenvolvimento econômico da região, bem como sua vinculação com o setor industrial. Os
dados colhidos e apresentados correspondem a um universo de 90% a 95 % das instituições
de ensino técnico e ensino superior presentes na região.
A metodologia empregada, para levantamento dos cursos ofertados foi informal, através do
acesso a internet e por meio de entrevistas telefônicas.
Comércio
Administração
Enfermagem
Radiologia
Enfermagem
Logística (com ênfase em transportes) Privada
Transporte Rodoviário
Total de Cursos - 15
12
Eletrotécnica
Informática
Telecomunicações
Montagem e Manutenção de
Microcomputadores
Administração
Contabilidade Pública
Edificações
Total de cursos - 14
14
Os cursos técnicos oferecidos, conforme Resolução CNE 03/08, devem ter sua nomenclatura
em acordo com o Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do Ministério da Educação (MEC),
que congrega os cursos técnicos por eixos tecnológicos, considerando seu perfil de formação.
A tabela 5, que apresenta os cursos técnicos por Eixo Tecnológico, mostra os percentuais de
freqüência de cada curso, na região, em relação ao total de cursos relacionados.
15
Tabela 5 - Relação dos Eixos Tecnológicos e Porcentagem de Oferta dos Cursos Técnicos
na Região Oeste do Município do Rio de Janeiro
Percentual de
Curso Técnico Eixo Tecnológico Frequência (%)
Administração 14,2
Contabilidade Gestão e Negócios 19,0
Comércio (42,6%) 4,7
Logística 4,7
Análises Clínicas 14,2
Enfermagem 38,0
Nutrição Ambiente, Saúde e 4,7
Gerência em Saúde Segurança 4,7
Fisioterapia (*) (99,5%) 4,7
Radiologia 19,0
Segurança do Trabalho 14,2
Eletrônica 14,2
Controle e Processos
Eletrotécnica 19,0
Industriais
Eletromecânica 4,7
(52,1%)
Mecânica 14,2
Informática 19,0
Informática para
Informação e
Internet 4,7
Comunicação
Telecomunicações 4,7
(33,1%)
Manutenção e Suporte
em Informática 4,7
Edificações Infra-estrutura 4,7
Transporte Rodoviário (9,4%) 4,7
(*) O nome Técnico em Fisioterapia não está contemplado no Catálogo Nacional de Cursos
Técnicos.
inferir, portanto, que, no que tange aos cargos ocupados por profissionais técnicos de nível
médio, os cursos oferecidos poderiam contribuir para minorar o problema em termos de
ampliação de qualificação dos profissionais, ainda que a questão demande políticas públicas
de ampliação e otimização da rede de atendimento (hospitais e postos de saúde).
Em relação aos cursos de saúde, nota-se a ausência de Curso Técnico em Farmácia, que
contribuiria para a formação de mão de obra qualificada para atuação nas indústrias
farmacêuticas da região, bem como nas indústrias de cosméticos.
A oferta de cursos vinculados ao setor industrial é inferior à verificada para a área de saúde,
inclusive com menor variedade de cursos, verificando-se os mesmos cursos em diferentes
regiões administrativas. Tais cursos não contemplam todas as áreas industriais,
principalmente o setor da indústria de transformação. De acordo com o Catálogo Nacional de
Cursos Técnicos, outros cursos, tais como: Técnico em Química, Técnico em Plásticos,
Técnico em Mecânica, Técnico em Metalurgia e Técnico em Siderurgia, poderiam ser
oferecidos, de modo a atender as expectativas do setor industrial.
Quando se confronta os cursos oferecidos com os dados obtidos pela pesquisa sobre o
desenvolvimento econômico da zona oeste, verifica-se que, em sua imensa maioria, não
correspondem às atividades mais expressivas e pouco contribuem para ampliar a mão de obra
a ser inserida nas indústrias e em outros setores com carência de pessoal. Uma importante
exceção é o curso Técnico em Segurança do Trabalho, com relativa freqüência na região, que
se apresenta importante para o atendimento às demandas apresentadas, pois o profissional
formado pode atuar em todos os tipos de atividades, tanto na indústria como na área de
serviços.
Uma análise puramente técnica dos cursos oferecidos sugere que não houve uma preocupação
inicial com o atendimento aos Arranjos Produtivos Locais, e nem uma relação mais direta
com o parque industrial já instalado. No entanto, essas conclusões devem ser sustentadas por
um trabalho de pesquisa mais profundo, com a preocupação de investigar a época de criação
dos cursos e os fatores que nortearam suas escolhas.
Na opinião de Souza, Ramos e Deluiz (2007), uma condição que colabora para a expansão do
setor privado, no que concerne ao atendimento à educação profissional nos municípios, é a
tímida cooperação entre a União e os Estados, através de um Regime de Colaboração. Os
autores postulam, ainda, que a produção científica neste campo se mostra incipiente, fato que
dificulta a compreensão da identidade da Educação Profissional no âmbito dos sistemas
educacionais, particularmente municipal. É fato que, no caso particular dos cursos técnicos de
nível médio, as instituições públicas ofertantes são estaduais ou federais.
Natureza da
Curso Instituição
Direito
Informática
Pedagogia
Odontologia
Fisioterapia
Turismo
Administração
Ciências Biológicas
Ciências Contábeis
Biomedicina
Educação Física
Enfermagem
Veterinária
Privada
Nutrição
Terapia Ocupacional
Matemática
Sistemas de Informação
Geografia
História
Letras – Português/Espanhol
Letras – Português/Inglês
Comunicação Social
(Jornalismo)
Comunicação Social
(Propaganda e Publicidade)
Serviço Social
Total de cursos - 24
19
Natureza da
Curso Instituição
Direito
Tecnologia e Processamento
de Dados
Pedagogia
Administração Privada
Ciências Contábeis
Geografia
História
Letras
Total de cursos – 8
Natureza da
Curso Instituição
Matemática
Turismo
Administração Privada
Ciências Contábeis
Letras
Total de cursos – 5
20
Natureza da
Curso Instituição
Direito
Fonaudiologia
Pedagogia .
Logística
Fisioterapia
Serviço Social
Administração
Ciências Biológicas
Ciências Contábeis
Estética
Educação Física
Enfermagem
Farmácia
Nutrição
Ciências Sociais
Matemática
Sistemas de Informação Privada
Geografia
História
Letras – Português/Inglês
Letras – Português/Literatura
Comunicação Social
(Jornalismo)
Comunicação Social
(Propaganda e Publicidade)
Serviço Social
Ciências Biológicas
Ciências da Computação
Engenharia de Produção
Farmácia
Biotecnologia
Gestão em Tecnologia
da Informação Pública
Gestão em Construção Naval e
Offshore
Produção de Fármacos
Produção de Polímeros
Produção Siderúrgica
Total de cursos - 35
21
A análise das tabelas acima permite a inferência de dados importantes, que podem corroborar
com as informações presentes no estudo sobre desenvolvimento da zona Oeste. Realengo e
Campo Grande concentram a maior quantidade de instituições de nível superior, havendo
predominância de cursos de saúde e os vinculados às carreiras do magistério. Em
contrapartida, como verificado em relação aos cursos técnicos, Santa Cruz é a região com
menor oferta de cursos superiores.
Em relação aos cursos de saúde, a mesma discussão para os cursos técnicos vale para os
cursos superiores. Há instituições de ensino formando profissionais da área de saúde que
poderiam atender à demanda da região, mas há necessidade de políticas públicas para a
promoção de ações, que permitam a inserção local da mão de obra egressa de tais cursos.
No caso específico dos cursos superiores verifica-se que a oferta vinculada ao setor industrial
é reduzida e pouco variada, não atendendo a todas as demandas, principalmente no que tange
à indústria de transformação. Apenas uma instituição, criada mais recentemente, oferece
cursos que têm maior relação com o contexto econômico industrial, tais como Produção em
Siderurgia, Polímeros, Gestão da Construção Naval e Offshore, Produção de Fármacos,
Biotecnologia e Sistemas de Informação. Para contribuir com a expansão do Parque
Industrial da Zona Oeste é fundamental que as instituições de ensino repensem seus cursos e
contemplem as áreas de plásticos, siderurgia, metalurgia, automação e instrumentação.
22
Outro dado que chama atenção é a grande prevalência de instituições de ensino privadas
oferecendo cursos superiores, e a baixíssima presença das instituições públicas. Esse dado
poderia contribuir para explicar, em parte, o pequeno percentual de trabalhadores com ensino
superior, como apontado no estudo. A tabela 12 registra essa diferença percentual.
2
Publicação do Núcleo de Desenvolvimento Técnico Mercadológico do Aço Inoxidável (Núcleo Inox).
24
Em função das boas perspectivas e da grande demanda por mão- de- obra qualificada, a
Educação Profissional, tem recebido grande atenção nos últimos anos. O governo federal,
através de programas que vinculam o desenvolvimento social e econômico das diferentes
regiões do país com cursos de ensino profissional, busca incentivar a sua expansão
principalmente através do aumento da oferta de cursos técnicos de nível médio, que atendam
aos Arranjos Produtivos Locais e Regionais. O Programa Federal, que visa à expansão da
Educação Profissional Técnica de Nível Médio, denominado Brasil Profissionalizado, tem
como metas a assistência financeira e técnica para a criação de novas unidades educacionais,
bem como a reforma ou expansão das Escolas Técnicas que já existem. O programa, que tem
como um dos objetivos o fortalecimento da base científica do Ensino Médio, contempla a
existência e a funcionalidade de laboratórios tecnológicos recomendados no Catálogo
Nacional de Cursos Técnicos e laboratórios de base científica, específicos para os seguintes
componentes curriculares: Física, Química, Biologia, Matemática e Informática.
No Rio de Janeiro, a expansão do ensino profissional tem sido realizada pela Secretaria de
Ciência e Tecnologia, através de cursos de qualificação e de cursos técnicos, por meio da
criação dos Centros Vocacionais Tecnológicos (CVT), Escolas Técnicas com foco
direcionado para o atendimento às vocações econômicas locais e regionais. Dentre os CVT já
implantados, destacam-se aqueles que oferecem cursos que atendem à demanda da construção
civil, situados na Baixada Fluminense (Caxias e São João de Meriti), regiões onde há grande
carência desses profissionais. O município de Resende também foi contemplado com um
CVT em construção civil, que formará mão-de-obra para atender às demandas da Votorantim
e de outras empresas que estão investindo e realizando obras na região.
O Município de Bom Jardim, na região Serrana do Estado Rio de Janeiro, que se destaca
como importante pólo de confecções de moda íntima será atendido com uma unidade de CVT
que oferecerá cursos para atender a essa vocação. Outro Centro Vocacional, vinculado ao
setor de confecções e moda, foi recentemente inaugurado no Município de Caxias.
A Fundação de Apoio à Escola Técnica (FAETEC) apresenta, na região de Santa Cruz, além
do CVT Santa Cruz (acima referido), uma Escola Técnica oferecendo cursos técnicos de nível
médio em Segurança do Trabalho, Eletromecânica, Enfermagem e Informática. No mesmo
espaço, existe um Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante (CETEP) oferecendo
cursos de Formação Inicial e Continuada em diversas áreas. Com a implantação e
desenvolvimento do Pólo Metalmecânico e do Parque Industrial, instalado e em expansão, o
objetivo é ampliar a oferta de cursos técnicos e de qualificação, que atendam a essas novas
demanda profissionais. O CVT Santa Cruz, com instalações e equipamentos que atendem ao
setor automotivo, uma vez atendida essa demanda, pode orientar-se para o atendimento a
outras propostas vocacionais. Na verdade, essa é a filosofia dos Centros Vocacionais
Tecnológicos.
25
O novo perfil exigido do trabalhador requer, sobretudo, que a formação profissional extrapole
os conhecimentos específicos de uma determinada ocupação, adaptando suas ações educativas
às mudanças ocorridas no mundo do trabalho. A formação polivalente é, neste sentido, a
proposta mais adequada à capacitação de recursos humanos num contexto de transformação
da organização do trabalho. Além de atentar para as competências técnico-operacionais, ela
privilegia o desenvolvimento das competências cognitivas e sócio-comunicativas.
Numa visão mais restrita, o conceito de polivalência pode ser entendido como a formação que
capacita para diferentes postos de trabalho, permitindo ao trabalhador uma mobilidade
ocupacional. Tal formação não forneceria o conhecimento-base que norteia a sua prática, mas
apenas capacitaria o trabalhador para utilizar diferentes e complexos instrumentos.
6. Considerações Finais
Qualquer projeto que tenha como tarefa a formação profissional não deve perder de vista os
novos paradigmas, e deve assumir uma visão prospectiva, com base na constatação de uma
tendência que é mundial: a incorporação das tecnologias inovadoras, o estímulo à
flexibilização da produção e das relações laborais e a interação entre os setores. O perfil
profissional que se define e se difunde no novo contexto econômico atrela-se aos requisitos de
produtividade, qualidade e competitividade das cadeias produtivas.
Em uma visão mais objetiva, com o foco vinculado ao setor industrial da zona Oeste do
município do Rio de Janeiro, particularmente, em relação à formação de mão–de–obra
qualificada para a inserção nas indústrias de transformação e do pólo metalmecânico, as ações
propostas podem orientar-se para as seguintes estratégias:
Urge, portanto, investir no que aparece como promissor nas novas relações de trabalho,
formando profissionais mais qualificados a enfrentar as contradições do próprio paradigma. O
compromisso da educação, visando à construção da cidadania por meio da produção do
conhecimento, do fomento das idéias, da formulação de soluções sociais inovadoras e da
formação de quadros profissionais de qualidade, colocados ao serviço da sociedade,
contribuirá decisivamente para o avanço social e econômico da Região.
Referências Bibliográficas
BRASIL, Governo do Estado do Rio de Janeiro. Subsídios para uma Política de Educação
Profissional e Tecnológica para o Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, 2006.
BRASIL, MEC. Ensino Médio Integrado à Educação Profissional: Integrar para quê? Brasília:
Secretaria de Educação Básica, 2006.
Legislação Consultada:
(Versão Final)
Junho/2009
2
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Porque não considerar a alternativa de constituir uma Câmara de Desenvolvimento
da Zona Oeste do Rio de Janeiro? ........................................................................................ 13
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 20
Tabela 1 – População da Zona Oeste do Rio de Janeiro por região administrativa (RA), anos
2000 e 2008, e densidade populacional em 2008....................................................................... 3
Mapa 1 – Projeto do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro ..................................................... 6
Mapa 2 – Disponibilidade de terras para ocupação industrial vinculadas ao projeto Arco
Metropolitano do Rio de Janeiro................................................................................................ 7
Mapa 3 – Plano de acessibilidade e mobilidade urbana – Santa Cruz ....................................... 1
3
1. Introdução
Como ficou demonstrado na recente contenda eleitoral pela prefeitura municipal de Rio de
Janeiro, a Zona Oeste (incluindo Barra da Tijuca e Jacarepaguá), com 1,5 milhões de
eleitores, que representam 34,45% do total, foi decisiva. Nessa região, Fernando Gabeira
conseguiu, no final, pouco mais de 500 mil votos, enquanto Eduardo Paes obteve 673 mil.
Essa diferença acabou definindo a eleição em favor deste último. Essa força eleitoral não se
traduz, entretanto, em desenvolvimento e qualidade de vida para seus moradores, em
particular nas regiões administrativas de Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Realengo – que
identificamos, para os fins desse trabalho, como a Zona Oeste do Rio de Janeiro (ZORJ).
Como veremos a seguir, é extremamente importante encontrar alguma forma de organização
institucional local que possa ajudar a reverter esse quadro.
Tabela 1 – População da Zona Oeste do Rio de Janeiro por região administrativa (RA),
anos 2000 e 2008, e densidade populacional em 2008
Uma das principais características da ZORJ, com efeito, além da escassa representação do
emprego formal na região e da sua precariedade, deriva do fato de a maioria da população
trabalhadora se deslocar diariamente para outras regiões da cidade, principalmente para o
Centro e a Zona Sul. Existe também uma importante presença de trabalho informal nas áreas
comerciais de cada uma das RAs.
O caso de Santa Cruz é, no mínimo, bastante paradoxal. Considerado um dos piores IDH do
Rio de Janeiro (27º nas 33 RAs), concentra, no seu distrito industrial e áreas adjacentes, um
conjunto de médias e grandes empresas de alta produtividade e geração de riqueza: Gerdau-
Cosigua, Michelin, NUCLEP S/A, ECOLAB, Casa da Moeda do Brasil, Vale Sul Alumínio,
Sicpa, Transcor, entre outras. O professor Sinvaldo do Nascimento Souza, em ocasião do
lançamento da pedra fundamental da futura CSA, em setembro de 2006, descreve o processo
da seguinte forma:
5
“Na época colonial, Santa Cruz era conhecida como a ‘Jóia da Capitania’. Na
década de 1930 e durante os quinze anos do governo Getúlio Vargas, Santa
Cruz passou a ser referenciada como ‘Celeiro do Distrito Federal’. No primeiro
caso, em pleno século XVIII, no governo do vice-rei Marquês do Lavradio, ‘a
jóia’, que correspondia às terras e propriedades da extensa Fazenda Real de
Santa Cruz, quase foi privatizada. ‘O Celeiro do Distrito Federal’ é uma
referência à política agrícola empreendida pelo ministro Fernando Costa,
titular da pasta da Agricultura no governo Getúlio Vargas, de tornar Santa Cruz
um dos grandes celeiros do Rio de Janeiro. A partir de meados da década de
1960, os campos outrora ocupados pela lavoura e pecuária, passam a receber as
primeiras instalações industriais, como a Usina Termoelétrica de Furnas, a
Companhia Siderúrgica Nacional, do Grupo Gerdau e, mais tarde, a Valesul, a
Casa da Moeda, Latasa, Glassurit, Ecolab, entre outras. Em todos os casos
citados, a população de Santa Cruz permaneceu à margem do processo. Não
desfrutou de grandes vantagens. Os empregos prometidos, sobretudo os que
exigiam qualificação profissional, foram ocupados por moradores de outros
bairros e até de outros municípios. Basta ver os ônibus que ainda hoje,
ocupam os pátios de algumas das indústrias instaladas em Santa Cruz”
(www.portalitaguai.com.br/article1269.html, entrada 12/01/2009, 21:00,
destaque nosso).
A desconfiança de que isso venha de fato acontecer não se justifica apenas pela trajetória das
iniciativas do gênero nas décadas de 60 e 70. Em épocas mais recentes, a ampliação e
modernização do porto de Itaguaí foi justificada – em função dos investimentos públicos
previstos – em discursos e parâmetros similares: a) transformar o porto de Itaguaí no principal
porto concentrador da América Latina; b) colocar o Brasil no circuito dos navios gigantes das
rotas marítimas internacionais; c) promover o desenvolvimento do município de Itaguaí e
adjacências; e d) gerar emprego e renda para a população da zona oeste do Rio de Janeiro.
Uma década depois, nada disso aconteceu nem está prestes a acontecer. Pelo contrário, o
porto de Itaguaí foi integrado à cadeia logística de importação e exportação de commodities
da CSN, cuja lógica de operação territorial segue o mesmo padrão descrito anteriormente.
A ZORJ é um dos territórios que deverá se posicionar. Nesse sentido, a Secretaria Municipal
de Urbanismo da Prefeitura de Rio de Janeiro (SMU), foi encarregada de elaborar uma
proposta tendo como premissas: a) os investimentos públicos e privados previstos para a
região; b) a (provável) realização das olimpíadas em 2016. Com relação aos impactos dos
investimentos públicos previstos para a região, a proposta considera:
-Revisão da ZR 6 em Santa Cruz, Sepetiba e Paciência. Trata-se de uma extensa área de uso
residencial que poderá absorver parte dos impactos de adensamento urbano no local. Propõe-
se, portanto, alterar os índices de ocupação e uso do solo (dessa área) para atender à nova
demanda induzida pelos novos empreendimentos.
-Revisão da ZE 7 Realengo. A Zona Especial 7 Realengo refere-se a áreas de uso militar que
estão sendo disponibilizadas, e inclusive comercializadas, para uso urbano. Por outra parte, a
autoridade militar da região já sinalizou que as unidades instaladas em Realengo serão
desativadas e transladadas para outros locais. Assim, será preciso revisar a condição de Zona
Especial que a legislação vigente estabelece para essas áreas.
9
No que diz respeito à (provável) realização das olimpíadas em 2016, a proposta considera o
“cluster Deodoro”, em Realengo, onde já foram realizados investimentos esportivos por
ocasião dos Jogos Panamericanos de 2007. O Círculo Militar Deodoro, com efeito, localizado
na Vila Militar, é uma área do Exército Brasileiro no Rio de Janeiro onde foram construídas
instalações permanentes relativas à prática de hipismo, tiro esportivo, tiro com arco e prática
de hóquei sobre grama.
No curto prazo, essas instalações serão aproveitadas para a realização das Olimpíadas
Militares de 2011, já confirmadas 1 . Também chamados “Jogos da Paz”, a última edição foi
realizada nas cidades indianas de Hyderabad e Bombain em 2007, mobilizando 4.571 atletas
de 71 países (em 2003, em Catânia, Itália, foram 6.000 atletas de 87 países). O investimento
estimado para o evento no Rio de Janeiro é de R$ 1,27 bilhões, a serem distribuídos na
adequação das infra-estruturas e dos equipamentos esportivos, na construção de uma (nova)
vila olímpica e no desenvolvimento de softwares de comando e interligação de sistemas
esportivos, de arbitragem, mídia, divulgação e homologação dos resultados. Parte da
justificativa do Governo para apoiar a realização dos jogos militares foi o quanto isto
posicionaria melhor o Rio de Janeiro de cara à candidatura para os jogos olímpicos 2016 2 .
1
O Rio de Janeiro ganhou da cidade de Istambul, que realizou pesados investimentos para sustentar sua
candidatura. O Rio, porém, tinha a vantagem dos equipamenos já construidos para o PAN 2007.
2
O custo estimado do evento está sendo questionado pois, segundo informações divulgadas pela imprensa,
custará mais do que a conclusão do programa nuclear da Marinha (R$ 1,04 bilhão), considerado estratégico para
colocar o país no seleto grupo dos que dominam o ciclo do combustível nuclear. Ainda para efeitos de
comparação, o valor da olimpíada militar corresponde a três vezes o que o Brasil já pôs na missão de paz no
Haiti em quatro anos (R$ 431 milhões) e a um quarto do pacote de reaparelhamento da Força Aérea, o FX2,
estimado em R$ 4,5 bi. Contudo, o compromisso do Governo para facilitar esse montante investimentos se
mantém. Em 2008 foi autorizado crédito extraordinário de R$ 275 milhões para início da construção da Vila
Olímpica.
10
3
Segundo informações de imprensa, cerca de 400 fornecedores – de micro e pequeno porte – participaram do
seminário. Em termos gerais, os fornecedores eram dos setores de serviços e indústria e comércio. Além de
Itaguaí, eram provenientes de Volta Redonda, Niterói, Macaé e Baixada Fluminense.
11
Nessa mesma linha de ação, o SEBRAE/RJ encontra-se realizando estudos sobre a demanda
setorial de bens e serviços das grandes empresas da zona oeste, com a finalidade de tornar
mais eficiente a aproximação com os fornecedores da região. Tratar-se-ia, enfim, de trabalhar
o adensamento do território a partir das cadeias de suprimentos locais, isto é, das MPEs em
condições de integrar-se produtivamente à rede de fornecedores dessas grandes empresas 4 .
Com o intuito de democratizar o acesso às informações sociais, políticas e econômicas de
cada localidade, o SEBRAE/RJ também lançou, em 2008, a coleção de Informações Sócio-
Econômicas referentes a cada uma das regiões administrativas da cidade, dentre as quais as
RAs Santa Cruz, Campo Grande, Bangu e Realengo 5 .
Nesse sentido, é preciso lembrar que hoje a ZORJ é não apenas a principal fronteira de
expansão das atividades industriais na cidade do Rio de Janeiro, como também é a principal
fronteira de expansão das favelas. De acordo com Sergio Besserman Viana (2008), os dez
bairros com maior crescimento absoluto em área de favela entre 1999 e 2004 são, pela ordem,
Guaratiba (com uma ampliação de 0,3 km2, o que corresponde a 22,7% da sua área de favela
em 1991), Senador Câmara, Santa Cruz, Acari, Jacarepaguá, Paciência, Campo Grande,
Recreio dos Bandeirantes, Pavuna e Bangu. Na mesma apresentação, o presidente do IPP/RJ
observa: “Os grandes empreendimentos implantados ou previstos para a Zona Oeste –
Michelin em Guaratiba / Campo Grande e o pólo siderúrgico em Santa Cruz – possivelmente
implicarão taxas altas de crescimento populacional para a AP5 nos próximos anos, seja em
favela, seja nas áreas formais” (p. 6). Voltamos, portanto, à reflexão inicial apresentada no
início deste relatório.
4
Outras preocupações manifestadas pelo SEBRAE/RJ com relação à ZORJ referem-se às políticas de
responsabilidade social e ambiental das grandes empresas, à melhoria do comércio local (a partir de um
conhecimento más pormenorizado do mercado de consumo), e a identificação de alternativas de governança para
o desenvolvimento sustentável da região.
5
Informações que, aliás, estão sendo aproveitadas neste relatório.
6
A universidade Estadual da Zona Oeste (UEZO), entretanto, oferece cursos tecnológicos desde 2005, dentre os
quais: produção em siderurgia, polímeros, construção naval, fármacos, biotecnologia e tecnologia da informação.
As carreiras foram escolhidas para suprir a demanda que deve surgir com a instalação dos pólos Gás-químico na
Baixada, Siderúrgico em Itaguaí e com o aumento das atividades no porto de Sepetiba.
12
Em termos de segurança, embora a ZORJ seja considerada menos insegura que a zona norte
da cidade, apresenta indicadores alarmantes. De acordo com informações do Centro de
Estudos de Cidadania e Segurança (Cesec) da Universidade Candido Mendes, enquanto a
zona sul do Rio de Janeiro apresentou uma taxa de homicídios de 5,3 para cada 100 mil
habitantes no período de janeiro a setembro de 2008, na zona oeste a mesma foi de 23,74. Em
agosto de 2007, a Polícia Militar do Rio de Janeiro mobilizou 500 homens em uma grande
operação contra o tráfico de drogas na zona oeste, nas favelas Vila Aliança, Taquaral, Coréia
e Rebu. Em outubro do mesmo ano, uma nova ação policial – desta vez focada na favela da
Coréia, em Senador Camará – deixou 12 mortos (dentre os quais uma criança de 4 anos e um
policial), 4 feridos e 11 pessoas presas. Na operação, segundo a imprensa, foram mobilizados
300 efetivos, incluindo carros blindados e apoio aéreo de helicópteros.
Nos últimos anos, entretanto, a ZORJ tem se caracterizado pela presença marcante das
milícias, isto é, de grupos armados de policias, ex-policiais, agentes penitenciários, militares e
bombeiros que nasceram e proliferaram no clima de insegurança provocado pela presença do
narcotráfico nas favelas. Aos poucos, desde sua origem na Favela Rio das Pedras nas décadas
de 70 e 80, em Jacarepaguá, as milícias foram consolidando sua presença territorial até
controlar mais de 200 favelas, a maioria da capital e, em particular, da ZORJ (segundo
depoimento do deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da CPI das milícias na ALERJ).
Por sua vez, essa expansão territorial foi acompanhada pelo desenvolvimento dos “negócios”
dos grupos que, da segurança clandestina nas comunidades, passaram também a lucrar com a
segurança fora das favelas, com o transporte alternativo, a distribuição de gás, TV a cabo ou
“gatonet” e, em alguns casos, com o aluguel de equipamentos públicos para recreação e
prática esportiva.
A questão mais delicada do fenômeno das milícias, porém, é o fato delas se tornarem parte
das instituições e/ou do sistema de representação governamental. O relatório final da CPI das
Milícias, aprovado oficialmente na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro em 16/12/2008,
indiciou 225 pessoas – entre elas políticos e vereadores – por envolvimento em delitos tais
como cobrança de dinheiro de moradores em troca de segurança e taxas para o funcionamento
do comércio e circulação de transporte alternativo, entre outros. Nas últimas eleições
municipais, que, como dissemos, foram decididas na ZORJ, vários candidatos a vereador
estavam vinculados à milícia – e alguns foram efetivamente eleitos, como veremos mais
adiante.
Há, evidentemente, responsabilidades compartilhadas por essa situação. Tal como assinala o
relatório:
“Não resta dúvida de que foram a omissão do Estado de promover políticas
públicas de inclusão social e econômica e a conivência das autoridades
encarregadas de garantir a segurança pública os grandes fermentos para o
crescimento das milícias tais como se apresentam hoje – representantes do
Estado formal utilizando de maneira ilegal os instrumentos do próprio Estado
para extorquir, intimidar e subjugar milhares de cidadãos de comunidades
populares”.
Porém, também:
13
E, pior ainda:
Ora, chegados a este ponto parece mais do que legítimo se perguntar: em que medida os
milhares de empregos que serão criados através desses empreendimentos e seus efeitos
multiplicadores traduzir-se-ão em melhoria da qualidade de vida da população da ZORJ, isto
é, em trabalho, renda, educação, saúde e segurança? Qual seria a melhor estratégia de
posicionamento do território com relação aos empreendimentos que estão sendo propostos?
Quais são as oportunidades que se abrem para o desenvolvimento local da ZORJ? Como
colocar em relevo os problemas específicos da região para que eles possam ser integrados à
nova configuração da dinâmica metropolitana sob uma ótica menos tecnocrática? Trata-se,
evidentemente, de uma alternativa de mobilização da sociedade local que vai além de uma
consulta mais ou menos institucional das soluções propostas. A seguir exploramos uma saída
possível.
Pensar em constituir uma Câmara de Desenvolvimento da ZORJ, mesmo que como projeto
preliminar, exige a consideração de alguns aspectos que demonstrem sua viabilidade. Se até
agora se privilegiou a perspectiva de um questionamento da racionalidade (econômica,
setorial e verticalizada institucionalmente) que acompanha os grandes projetos previstos para
a região, é preciso colocar também em relevo as potencialidades que a ZORJ oferece para
estabelecer um dispositivo de governança dessas características. Nesse sentido, parece
extremamente auspicioso o interesse em debater questões locais (e estruturais!) em cada um
dos encontros mantidos com empresários e lideranças da zona oeste, assim como a disposição
de cada um dos entrevistados para o desenvolvimento desta pesquisa (vide lista em anexo).
Engana-se quem acredita que a ZORJ seja uma região sem história, sem identidade e sem
laços sociais fortes por parte das suas comunidades. Pelo contrário, trata-se de um vasto
território que cresceu e se desenvolveu bastante isoladamente do restante da cidade, e a um
ritmo certamente mais cadenciado do que a zona norte. Isso não foi impedimento, entretanto,
para que a sociedade local se organizasse em diversos tipos de instituições: associações de
moradores, associações comerciais e industriais, clubes, Igrejas, bibliotecas populares, centros
culturais, universidades, etc., muitas delas de longa data, como mostra o quadro 1. Fala-se,
inclusive, de um movimento difuso de autonomia da ZORJ – favorecido tanto pelo seu
isolamento geográfico relativo quanto pela escassa atenção prestada aos seus problemas
específicos por parte da Prefeitura 7 .
7
A estrutura da administração municipal em território carioca foi criada na década de 1960 pelo primeiro
Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda. Inicialmente foram criadas três administrações regionais -
14
Instituição
Ano de Obs.
fundação
Lagoa, São Cristóvão e Campo Grande - por decreto de janeiro de 1961. Mais tarde foram criadas outras 18,
compondo um total de 21 regiões administrativas. Desde então essa estrutura vem sendo utilizada e modificada
pelos sucessivos governantes e prefeitos. Em 1988, foi criada a 30ª Região Administrativa, abarcando a área da
Maré, a primeira RA da cidade a se instalar numa favela. Durante o governo de Cesar Maia foram criadas as
subprefeituras, como uma proposta de coordenação e descentralização da administração municipal com base na
RAs. Segundo o próprio prefeito: “Com elas não buscávamos eficiência administrativa, mas ‘vertebração’,
dentro do mesmo método do plano estratégico de Madri. Buscávamos aproximar a população das decisões de
governo, liberando o tempo da burocracia central, muitas vezes insensível, para as tarefas de formulação,
planejamento e controle” (apud. Magalhães, 2002). O fracasso dessa inovação institucional – que também afeta a
ZORJ – fica expresso nas palavras do atual prefeito Eduardo Paes, ele mesmo subprefeito do governo Cesar
Maia: “Ainda não temos opinião formada sobre o número exato de subprefeituras. Sabemos, no entanto, que as
subprefeituras perderam sua força política com o passar dos anos, porque foram usadas como um instrumento
político. Queremos resgatar o papel original das subprefeituras” (cf. www.acija.org.br, entrada 28/01/2009,
19:11).
15
Em O Velho Oeste Carioca (2008), André Luiz Mansur assinala alguns elementos
importantes na configuração do perfil econômico e social da ZORJ antes da construção da
Avenida Brasil: o translado do matadouro municipal para Santa Cruz (1881); a instalação da
fábrica de tecidos Bangu (1893); a construção da fábrica de cartuchos em Realengo (1898); a
construção do hangar do Zeppelin em Santa Cruz (1936). Isso no âmbito de uma cultura rural
(da zona oeste) que ainda mantinha uma significativa presença na comunidade local. De fato,
o autor reconhece no ciclo do cultivo da laranja, quando a região, junto com a Baixada
Fluminense, transformou-se na maior produtora de laranjas do país, um momento de riqueza e
prestigio, cuja decadência, que começou com a Segunda Guerra Mundial, determinou a
transformação das propriedades rurais em loteamentos suburbanos – que no decênio 1940-
1950 colocaram a ZORJ entre os maiores incrementos populacionais da cidade (apud. O Rio
de Janeiro em seus 400 anos, 1965).
passou a ser estrutural a partir da década de 1980, afetando a metrópole do Rio de Janeiro
como um todo 8 .
8
Segundo Urani (2008), o valor real da produção industrial do Rio de Janeiro foi praticamente multiplicado por
quatro entre 1959 e 1975. A crise só veio na segunda metade da década de 80, “E veio para ficar: de lá para cá, a
indústria da região metropolitana só fez andar para trás: hoje, ela corresponde a cerca da metade do que era em
1980!” (p. 40).
9
Entre as indústrias que se encontram instaladas em Campo Grande estão: AmBev, Refrigerantes Convenção,
Guaracamp, Cogumelo (estruturas metálicas), Fredvic (confecção), Novartis (farmacêutica), Michelin, EBSE
(soldas elétricas), Superpesa (estruturas metálicas), Dancor (bombas) e Ranbaxy (farmacêutica).
10
Entre as indústrias que se encontram instaladas em Santa Cruz estão: Aciquimica industrial Ltda., AGA S/A,
Casa da Moeda do Brasil, CEGELEC Ltda., Ecolab Química Ltda., Furnas Centrais Elétricas, Gerdau Cosigua,
Michelin, Morgante Brasil Ltda., Novartis Bio Ciências Ltda., NUCLEP S/A, Pan-Americana S/A (Indústrias
Químicas), Rexam Beverage Can América S/A South, SICPA Brasil Ltda., Transcor Ltda. (Indústria de
pigmentos e corantes), Valesul Alumínio S/A.
11
“O Grupo Triângulo e a ‘máquina chaguista’, em diferentes épocas, usaram técnicas clientelistas para cativar
grande número de eleitores, e para fazer valer o funcionamento dos princípios da reciprocidade e lealdade que
alicerçaram o jogo político em suas diferentes épocas. O ‘chaguismo’ contará ainda com a mídia escrita,
elemento de fundamental importância para fazer sua propaganda, voltando a atenção da população para os feitos
dos líderes nas suas localidades, transformando-os em futuros agentes políticos que irão perpetuar o
funcionamento da máquina” (Nelson Ricardo Mendes Lopes, 2007: p. 7, destaque nosso).
17
Ora, nem o clientelismo “chaguista” nem os vereadores da milícia podem ser atribuídos aos
anseios da população da zona oeste, muito menos ser considerados como um defeito
endêmico da região. De algum modo a ZORJ é refém dos dispositivos que produzem esses
fenômenos que precisam ser entendidos e enfrentados politicamente – não apenas como um
problema de segurança pública. Para isso é necessário mais democracia, mais transparência na
gestão pública e mais participação cidadã, sobretudo nas decisões que dizem respeito ao
território que as pessoas habitam. Acreditamos que um passo nessa direção seria a criação de
uma Câmara de Desenvolvimento da Zona Oeste do Rio de Janeiro, entendida como um
espaço amplo e aberto de discussão e debate sobre os problemas específicos da ZORJ com
relação ao restante da cidade e, é claro, com relação aos grandes investimentos previstos para
a região.
Entre os atores estratégicos da ZORJ que podem ser mobilizados para constituir a rede de
suporte da Câmara de Desenvolvimento, além das Associações Comerciais e Industriais de
Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, temos uma unidade do SEBRAE em Bangu,
uma unidade do SENAC em Campo Grande, uma unidade do CEFET em Realengo, um
conjunto de unidades “descentralizadas” da prefeitura, um Centro Universitário Estadual da
Zona Oeste do Rio de Janeiro (UEZO) e 7 universidades privadas oriundas da zona oeste
(atualmente nucleadas no CIEZO), entre outras. O mapa das instituições completa-se com as
redes de organizações não-governamentais atuantes na região, e com as redes sociais
vinculadas às igrejas. Trata-se de um universo bastante heterogêneo, porém atuante, de atores
locais que, através de uma estratégia de governança adequada, poderão ser postos a colaborar
sem perder de vista seus interesses particulares e específicos 13 .
Vale a pena destacar também, em prol da governança local, algumas iniciativas que revelam
capacidade de articulação e mobilização da ZORJ em diferentes âmbitos:
12
<www.oglobo.globo.com/rio/mat/2008/12/15>
13
É importante ponderar corretamente essa noção. Contrariamente à perspectiva que assume a instância de
cooperação institucional como instância de governo, na qual os interesses particulares devem ser colocados de
lado em prol de objetivos gerais, acreditamos que as estratégias de governança se afirmam na valorização das
singularidades produtivas de cada um dos atores da cena local e na sua capacidade de pactuar uma agenda de
questões de interesse comum.
18
-Conselho das Instituições de Ensino Superior da Zona Oeste – CIEZO. É uma sociedade
civil sem fins econômicos que se propõe a atuar no terceiro setor, buscando continuamente a
melhoria das condições de vida no exercício pleno de cidadania. Formado pela união das sete
instituições de Ensino Superior originárias da Zona Oeste do Município do Rio de Janeiro, a
saber, Centro Universitário Moacyr Sreder Bastos, Faculdade Bezerra de Araújo, Faculdade
Machado de Assis, Faculdades São José, Faculdades Integradas Simonsen e Universidade
Castelo Branco, tem como missão atuar em todo território nacional, com foco na Zona Oeste
do Município do Rio de Janeiro, disponibilizando, sob a forma de projetos em parceria, todo o
conhecimento técnico-científico e cultural e a força de trabalho acumulada nas sete
Instituições de ensino que o compõem.
-Grupo de Usuários Linux da Zona Oeste – GULZO. O foco principal desta iniciativa é
tentar agregar usuários de software livre Linux que estejam dispersos na zona oeste do Rio de
Janeiro através da realização de micro eventos, bem como atrair interessados em conhecer, em
tempo de execução, o software livre de código aberto.
-Anime Point Festival. Fãs dos desenhos japoneses chamados Anime reúnem-se no Anime
Point Festival de Campo Grande desde 2004. (A palavra Anime tem significados diferentes
para os japoneses e para os ocidentais. Para os japoneses, anime é tudo o que seja desenho
animado, seja ele estrangeiro ou nacional. Para os ocidentais, anime é todo o desenho
animado que venha do Japão).
-Grêmio Recreativo Escola de Samba Delírio da Zona Oeste – GRES Delírio da Zona
Oeste. A Delírio da Zona Oeste foi fundada em 9 de março de 1998 por Francisco Cezar
Mariano. O sonho de criar uma escola ganhou força e a sede foi construída em 1999, na
Avenida Dom Sebastião I, na Vila São João. Os moradores de Campo Grande ficaram em
festa desde que a escola passou em primeiro lugar na avaliação da AESCRJ no carnaval de
1998. Hoje, o GRES Delírio da Zona Oeste tem um perfil diferente daquele apresentado na
época de sua fundação. Com efeito, a Agremiação é atualmente comandada por um grupo de
Gestores de Carnaval, que são profissionais formados pelo Instituto do Carnaval da
Universidade Estácio de Sá.
Para finalizar, podemos indicar também duas iniciativas vigentes (e de algum modo
emblemáticas) que tem como protagonistas grandes empresas da zona oeste:
19
-Atitude Cidadã (Casa da Moeda do Brasil, CMB). Na sua segunda edição em 2008, o
programa Atitude Cidadã patrocina, através de edital público, instituições sem fins lucrativos,
sediadas na Zona Oeste e na Baixada Fluminense, que possuam projetos esportivos e culturais
com viés educativo e que estejam claramente direcionados para a inclusão social e a
democratização do acesso nessas regiões. Segundo o edital, a CMB investirá o montante de
R$ 300.000,00 (trezentos mil reais) previstos em seu orçamento no segmento de patrocínio.
Cada projeto poderá receber até R$ 25.000,00 como valor global, ao longo de 12 meses. Os
recursos destinados ao patrocínio poderão ser redistribuídos a critério da CMB, em caso de
número reduzido de projetos selecionados e de acordo com o alcance social destes. Em 2008,
os projetos selecionados foram:
As iniciativas elencadas acima, que não podem ser consideradas exaustivas, mas
representativas ou emblemáticas, possuem o mérito de revelar condições materiais objetivas
de mobilização social e/ou cultural que contrastam com a imagem e o estigma de “faroeste”
que se atribui à ZORJ. Mesmo carregadas de ambigüidades, indicam caminhos e
possibilidades alternativas de desenvolvimento econômico e social, para além do
disciplinamento fabril do território (através dos grandes empreendimentos) e das mazelas que
o assombram. Indicam também o desejo de uma vida melhor. Uma Câmara de
Desenvolvimento não apenas teria o mérito de multiplicar essas iniciativas, na medida em que
angariasse legitimidade política e força institucional, como também mostraria para o restante
da cidade (em particular para a Zona Sul!) que seu longo “esquecimento” não foi em vão.
Referências Bibliográficas
ABREU, Mauricio de. Evolução Histórica do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, IPLAN/RIO,
1997.
GORZ, André. O Imaterial. Conhecimento, Valor e Capital. São Paulo: AnnaBlume, 2003.
GRUPO DE TRABALHO SANTA CRUZ. Relatório Final. Rio de Janeiro: SMU/RJ, março
de 2008.
LAZZARATO, M. & NEGRI, A.; Trabalho Imaterial. Rio de Janeiro: DP&A, 2001.
LOPES, Nelson Ricardo Mendes. Coronelismo e chaguismo na zona oeste do Rio de Janeiro:
clientelismo ou o caso das bicas d’água no Mendanha. Rio de Janeiro: UERJ/ Faculdade de
Educação, 2007 (dissertação de mestrado).
21
LESSA, Carlos. O Rio de todos os Brassis. [Uma reflexão em busca de auto-estima]. Rio de
Janeiro: Record, 2001.
MANSUR, André Luiz. O Velho Oeste Carioca. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2008.
URANI, André. Trilhas para o Rio. Do reconhecimento da queda à reinvenção do futuro. Rio
de Janeiro: Elsevier/Campus, 2008.
Lista de entrevistados
∗
Palestra sobre o Projeto Arco Metropolitano proferida no Instituto de Geografia da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (IGEO/UFRJ), em 09/10/08.
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno
(Versão Final)
Junho/2009
2
ÍNDICE
1. Introdução............................................................................................................................. 3
2. Programas de Apoio Direcionados para a Zona Oeste..................................................... 4
3. Logística e Desenvolvimento ............................................................................................... 5
4. Infra-Estrutura de Transporte para a Zona Oeste ........................................................... 7
5. O Porto de Itaguaí .............................................................................................................. 10
6. Logística Específica: Alternativas Viárias e Estruturais para Campo Grande ........... 15
7. Conclusões........................................................................................................................... 18
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 20
Anexo ....................................................................................................................................... 21
Tabela 1 ...................................................................................................................................... 8
Tabela 2 - Viagens totais por dia por Área de Planejamento-AP no Município do Rio de
Janeiro ........................................................................................................................................ 9
Mapa 1 - Arco Metropolitano do Rio de Janeiro ..................................................................... 13
Mapa 2 - Anel Rodoviário da Cidade do Rio de Janeiro ......................................................... 18
2
3
1. Introdução
Para que essas redes de logística atendam aos critérios da política pública, elas devem ser
construídas integradas a um plano urbanístico capaz de induzir a ocupação do solo. Essa á
base para racionalizar o uso do sistema de transporte em geral e, em especial, sobre trilhos.
Também devem contemplar um plano econômico que mantenha as reduções de custos
operacionais e tempo de viagem dos usuários em todos os modais da rede de transporte
durante todo o período da concessão. O impacto do valor da tarifa deve ser compatível com a
capacidade de pagamento e ampliação do impacto distributivo para o grupo de baixa renda
nas regiões servidas pela rede. Esta é a condição para o atendimento do critério social. O
critério ambiental será atendido pela redução dos índices de acidente, de poluentes, emissão
de ruído, de redução do estresse e de obediência aos limites fisiológicos da saúde humana.
Todos esses critérios - urbanístico, econômico, social e ambiental – estarão implícitos nas
análises e recomendações que constam deste relatório. Alguns desses critérios serão objetos
de outro relatório específico, como o urbanístico e de uso do solo, dentro do escopo geral do
projeto.
Este relatório vai analisar as políticas de fomento econômico direcionadas para a Zona Oeste
do Município do Rio de Janeiro e a infra-estrutura de transporte que pode viabilizar uma
proposta de desenvolvimento para a região.
Existe alguma política pública voltada para a integração desses investimentos e da logística da
região? É relevante para a região a integração com o principal corredor logístico do país, que
se desenvolve até a Região Centro-Oeste? Quais as políticas importantes para a atração de
atividades produtivas na região e em seu entorno com base nas características descritas acima.
3
4
Finalmente, com base na análise desenvolvida nas partes iniciais serão apresentadas algumas
recomendações e conclusões para subsidiar a formulação de uma estratégia para as políticas
públicas e a logística de transporte da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu Entorno.
Também foi verificado que há uma diferença entre as áreas de atuação da Prefeitura que fica
incumbida da parte de obras e do Governo do Estado que tem um caráter mais fomentador.
4
5
3. Logística e Desenvolvimento
O objetivo desta seção do relatório é apresentar alguns conceitos que vão guiar a análise da
infra-estrutura de logística da Zona Oeste. O primeiro é procurar detectar quais os entraves
se tornaram permanentes, dada a localização geográfica e a inserção político-econômica, para
o desenvolvimento da região.
5
6
O Brasil investe pouco em infra-estrutura, tanto em termos absolutos como comparado com a
experiência internacional. As principais carências estão nas áreas de saneamento básico,
transporte de massa urbano (metroviário e ferroviário), e transporte de carga não rodoviário.
Essas áreas são aquelas cuja natureza de bem público é mais definida, e que causam um forte
impacto no bem-estar atual e futuro da sociedade.
O Brasil está parado à beira do caminho: estradas intransitáveis, malha aérea deteriorada e
portos entupidos. O país empacou pelos anos de baixo investimento em infra-estrutura e pelo
salto do comércio exterior brasileiro. A combinação de aumento do comércio exterior com
baixos investimentos vem resultando em congestionamentos crescentes nos portos 1 .
Os dados mostram uma catástrofe. O volume de comércio exterior mais que dobrou em quatro
anos, aumentando a pressão sobre uma infra-estrutura que já vem se deteriorando há muito
tempo. Nos últimos dois anos, o tempo de espera de navios para atracar nos portos brasileiros
aumentou 77,8%. Em Itajaí, já é de 350 horas. O tempo de espera para navios de contêineres
aumentou 77,8% entre 2005 e 2006. Para granéis líquidos, 53,8%. No Porto de Santos, o
tempo de espera para embarcar granéis líquidos subiu 117%, de 18 horas para 39 horas, em
média.
Apesar do salto do comércio exterior entre 2003 e 2005, o volume movimentado pelo Porto
de Paranaguá caiu de 32,5 milhões para 29,3 milhões de toneladas. Isso ainda que, nos portos
como um todo, tenha aumentado, no mesmo período, de 571 milhões de toneladas para 649
milhões. No caso de Santos, a carga aumentou 20% no período. O caso mais impressionante
aconteceu no Porto de Itajaí, especializado em contêineres, onde o tempo de espera saltou de
200 para 350 horas. É bom lembrar que o custo de espera de um navio é de cerca de US$40
mil a cada 24 horas.
1
O Globo, 06/07/2007.
6
7
Pois mais do que nunca, num mundo altamente competitivo, o que importa na logística - uma
noção de custo - é o "door to door logistic" isto, é, o preço de deslocamento de um produto de
um ponto inicial a outro ponto terminal, como se tudo integrasse uma única operação. A
importância da logística door-to-door é decisiva para a competitividade das empresas e das
regiões. Este, porém, não é um conceito novo. Na década de vinte do século passado, Keynes
já observava:
A importância da logística pode ser avaliada pela citação abaixo que descreve como um
morador de Londres, em 1914, antes da Primeira Guerra Mundial, podia usufruir dos
benefícios do progresso.
Percebe-se que, ao menos nos países mais avançados da época, a integração dos modais
marítimo, ferroviário e rodoviário com as telecomunicações já acontecia. O chá vinha da índia
ou da China, o papel para o jornal matinal provavelmente do Canadá ou dos Estados Unidos e
os diversos produtos que era possível encomendar de qualquer parte do mundo. Primeiro de
navio até a Inglaterra, do porto inglês para o interior de trem e, finalmente, do atacadista
interno para o varejo por caminhão. A integração entre produção, distribuição e venda final
(comércio varejista) só é possível de ser feita com eficiência se houver a operação integrada
dos diversos modais de transporte e, destes, com os de telecomunicações.
As principais vias acesso para a Zona Oeste são a Avenida Brasil e a ferrovia que liga a
Estação Dom Pedro II (Central do Brasil) à Estação de Santa Cruz. Ambas cruzam toda a
região e operam com sérias necessidades de modernização e de condições de segurança.
A circulação de carga pela Avenida Brasil em direção ao Porto do Rio de Janeiro tem sido um
forte gargalo para a competitividade das empresas. Não é razoável que a produção industrial
7
8
do município do Rio de Janeiro tenha que atravessar toda a cidade, em suas partes de maior
densidade demográfica, para chegar ao seu local de escoamento.
A tabela 1 abaixo compara as distâncias entre os bairros da Zona Oeste e os Portos do Rio de
Janeiro e de Itaguaí. É importante observar que a distância tem que ser ponderada com o fluxo
de transporte, vide Tabela 2, como já assinalado anteriormente, para que o custo econômico
(tempo) possa ser avaliado.
Tabela 1
Destino Distância/kms
8
9
Isso ocorre tanto com o transporte rodoviário, quanto com o ferroviário. O acesso rodoviário e
ferroviário ao Porto do Rio de Janeiro ficou com as suas operações muito restringidas pelo
crescimento desordenado da cidade, que nunca respeitou as definições e regras sobre o uso do
solo de seus planos diretores com o beneplácito das autoridades municipais na maioria das
vezes. As invasões de áreas no entorno dos leitos ferroviários são constantes, o que faz com
9
10
que os trens tenham que circular em baixíssima velocidade, sendo inclusive, algumas vezes,
sujeitos a assaltos.
Isso já obedece à lógica da localização dos principais investimentos industriais dos últimos
anos. Todos procurando sinergia entre o local e a infra-estrutura de transporte. Sabe-se que no
Brasil o custo da má logística de transporte – estradas esburacadas, gargalos portuários,
ferrovias antiquadas e a não integração dos diferentes modais de transporte – eleva o custo
entre 20% e 30% entre o local da produção e o do embarque. Se somarmos a isso a estimativa
de 10% de custo para o desembaraço alfandegário, constata-se facilmente como se perde valor
nas cadeias de logística da produção no Brasil.
5. O Porto de Itaguaí
O Estado do Rio de Janeiro tem dois grandes portos: o do município do Rio de Janeiro e o de
Itaguaí. O primeiro deveria ser dedicado a produtos de menor volume e maior valor agregado
e para as atividades de turismo. Não deveria ser um porto concentrador e distribuidor de
cargas dado o impacto dessas atividades na infra-estrutura urbana de transporte e meio-
ambiente. O segundo deveria ser dedicado para produtos como minério, grãos e outras
commodities, ou seja maior volume e carga geral (contêineres). Funcionar como um centro
concentrador e distribuidor de cargas. Um hub-port.
Desde a sua concepção inicial o Porto de Itaguaí foi planejado para transformar-se em
Complexo Portuário e Industrial de Itaguaí voltado, para ser o escoadouro das exportações e o
receptor das importações do Pólo Industrial ou Distrito Industrial da Zona Oeste. Ele é
estratégico para o desenvolvimento econômico da Zona Oeste do Rio do Janeiro pela sua
localização geográfica e pelo fluxo de transporte interno ao município do Rio de Janeiro.
Além disso, representa uma recuperação histórica do papel de centro de logística da economia
brasileira que a cidade do Rio de Janeiro desempenhou até os anos trinta do século passado.
Ele pode ser um fator importante para a modificação estrutural na pauta de exportação
brasileira, dominada por commodities, suscetíveis, como mostra a história passada e recente, a
variações abruptas em preço e quantidade, introduzindo um alto grau de incerteza no
desempenho de nossas contas externas.
As condições geográficas da área em que o complexo portuário de Itaguaí está situado são
muito boas. Apresenta uma retro área de 10 milhões de metros quadrados de área plana, um
canal de acesso com até 20m de profundidade e cais de acostagem em águas abrigadas, com
infra-estrutura logística industrial e tecnologia em telecomunicações e suprimento, acessos
multimodais e facilidades de transportes. Mesmo com uma parte dessa área já ocupada, ainda
existe uma grande área 9 (a maior parte) em condições de ser aproveitada.
10
11
O Porto de Itaguaí mesmo operando com severas restrições logísticas e de falta de apoio
político vem se desenvolvendo. Tem movimentado mais de 200 mil TEUs a partir de 2006.
Destes, metade é carga de exportação, metade é carga de importação. Porém, o dado que mais
atesta a sua competitividade é que 40% do total manipulado é carga do transbordo, isto é,
destinada a outro terminal portuário. Isso quer dizer que Itaguaí está se convertendo em um
porto concentrador de carga, servindo, inclusive, em porto de apoio para os demais países do
MERCOSUL, Argentina e Uruguai.
Os problemas que o Porto de Itaguaí tem enfrentado para ser operacionalmente mais efetivo
são variados. O terminal foi licitado, em 1998, como se fosse um terminal qualquer. Evitou-
se, sempre, definir uma política portuária nacional, que articulasse, sistematicamente, a
operação dos diversos portos. A indefinição funcional afetou o desempenho do terminal. E o
país continuaria sem serviços portuários adequados para facilitar uma inserção mais
competitiva no comércio internacional de produtos industrializados, uma vez que não estava
na rota dos grandes navios transoceânicos.
2
Silva (1997).
11
12
Embora servido por acesso ferroviário (os trilhos da MRS, em bitola larga, alcançam, sem
obstáculos, a beira do cais de atracação) é fundamental para o desenvolvimento adequado do
terminal que o atual acesso rodoviário seja ampliado para dar conta da carga de embarque e
desembarque no porto em processo de rápida expansão.
A carga de contêiner provém, em grande parte, da BR-116 (antiga rodovia Dutra) e da BR-40
(antiga Rio-Belo Horizonte), cujo acesso ao porto se faz seja por uma passagem obrigatória
pela cidade do Rio de Janeiro (caso da antiga Rio-Belo Horizonte) ou por uma travessia
insatisfatória pelo centro dos municípios de Itaguaí e Seropédica, (no caso a antiga Dutra). É
possível também chegar a Itaguaí através da BR-101 que as obriga não só a entrar no tráfego
urbano da cidade do Rio de Janeiro, como a penetrar, em precárias condições, pela BR-101.
Estes gargalos no acesso das rodovias federais ao porto Itaguaí, responsáveis pela maior parte
das cargas de contêiner que demandam o terminal portuário se deve ao fato de que, no
momento das respectivas privatizações, a existência de um terminal de contêiner em Itaguaí
sequer fora considerada no Plano Diretor do porto. Na ocasião, Itaguaí estava destinado,
exclusivamente, a ser um terminal para a operação de granéis – minério e carvão – produtos
que, evidentemente, acessam o porto, mais adequadamente, por via ferroviária do que por
via rodoviária.
O crescimento da carga de contêiner em Itaguaí, sem via de acesso rodoviário adequado, além
de ameaçar a desejada expansão do porto, ameaça congestionar, ainda mais, a circulação
urbana na cidade do Rio de Janeiro. Além disso transforma Seropédica e Itaguaí em
municípios de passagem de tráfego pesado de carga, agravando o problema de fluidez do
tráfego na BR-101, no trecho entre Itaguaí e a Avenida Brasil. O grave dessa inadequação da
malha rodoviária é converter uma rodovia com clara vocação turística em uma rodovia de
carga pesada e afetando todo o fluxo de transporte para a Zona Oeste do município do Rio de
Janeiro.
As cargas que vêm de trem do Centro-Oeste do país não têm ligação direta com o Rio. Isso é
uma dificuldade. A logística é sempre uma questão de custo e menos de distância, assim, se as
obras forem feitas, a diferença de custo entre Itaguaí e Santos será bem pequena e poderá
diminuir a pressão sobre Santos. O Porto de Itaguaí poderá receber cargas de Mato Grosso e
Mato Grosso do Sul.
A malha rodoviária para acesso ao porto é constituída por uma rede de rodovias estaduais e
federais. As principais são rodovias federais BR-101(Rio- Santos), BR-116 (Presidente
Dutra), BR-040 (Rio- Juiz de Fora) e BR-465 (antiga Rio-São Paulo). As estaduais mais
12
13
importantes são RJ-099 e RJ-105. A BR-101 é o principal acesso ao Porto de Itaguaí. A partir
dela, na direção sul, acessam-se as regiões de Angra dos Reis e a Baixada Santista e, na
direção norte, a Avenida Brasil. Na Avenida Brasil, através da BR-465,antiga Rio-São Paulo
chega-se à rodovia Presidente Dutra (BR-116), principal ligação entre as regiões Sul, Sudeste
e Nordeste, e através da BR-040 (Rio-Juiz de Fora), faz-se a ligação com os estados de Minas
Gerais, Goiás e Distrito Federal, permitindo-se atingir as regiões Centro-Oeste e Norte.
Essa malha está sendo sensivelmente melhorada com as Obras do Programa de Aceleração do
Crescimento- PAC: a duplicação da BR-101 trecho Santa Cruz-Mangaratiba e a construção
da rodovia BR-493, um arco viário metropolitano do Rio de Janeiro, ligando o porto às
rodovias Rio -Teresópolis, BR-040 (Rio-Juiz de Fora, MG) e BR-116 (Presidente Dutra- Rio -
SP), desafogando o trânsito da região metropolitana do Rio de Janeiro.
O acesso ferroviário direto ao Porto de Itaguaí é feito a partir do pátio de Brisamar, próximo à
cidade de Itaguaí, numa extensão de 1,5 km em linha tripla. A partir dessa estação, as linhas
férreas em bitola larga (1,6m) interligam-se com a Malha Sudeste da MRS- Logística S/A,
atendendo em particular ao triângulo São Paulo- Rio de Janeiro- Belo Horizonte, e a Malha
Centro–Leste, de bitola estreita ( 1,00m), arrendada a FCA- Ferrovia Centro –Atlântica S/A,
que atende ao restante dos Estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal.
Conexões interferroviárias são realizadas através da FEPASA, a partir de São Paulo e Jundiaí,
atendendo a todo o interior do Estado de São Paulo, e de duas outras empresas que operam na
região Centro – Oeste. Dentro da Malha Sudeste, o ramal Japeri – Brisamar com 32,9 Km de
extensão é de especial importância para o atendimento ao Porto de Itaguaí. A partir de Japeri a
linha tronco Rio–São Paulo, interliga as regiões metropolitanas dessas cidades e atravessa
todo o vale do Paraíba. Para que a operação do Porto de Itaguaí seja completa é fundamental a
construção do Ferroanel Norte, de São Paulo, a fim de garantir acesso ferroviário em bitola
larga direto da região industrial de São Paulo, aos terminais de contêineres de Santos ou de
13
14
Itaguaí, em condições técnicas que permita aos produtos da indústria brasileira ser
competitiva no mercado internacional;
Está na hora dos governos, estadual como federal, assumirem o terminal de contêiner de
Itaguaí como um projeto estratégico nacional, sem se deixarem intimidar por eventuais
pressões dos interesses que serão afetados pelo crescimento do terminal. Essa articulação
também é decisiva para a definição de uma política de ocupação do espaço urbano e rural que
não degrade a área e permita o seu desenvolvimento sustentado.
A expansão do Porto de Itaguaí terá grande impacto para a economia nacional e estadual, com
efeitos positivos sobre as contas externas do país, para o sucesso de uma política industrial
voltada à exportação de bens de maior valor agregado, para a recuperação da economia
fluminense e, em especial, para o desenvolvimento da Zona Oeste, centro industrial do
município do Rio de Janeiro.
Mesmo sem estar em condições operacionais ideais o impacto positivo da presença do Porto
de Itaguaí já se faz sentir. A instalação da siderúrgica CSA Thyssen Krupp em Santa Cruz, já
está empregando 22.000 trabalhadores. A construção do arco viário metropolitano do Rio de
Janeiro, principal projeto de infra-estrutura viária em andamento no Estado, que interligará as
principais rodovias que acessam o município do Rio de Janeiro, já está atraindo investimentos
novos para a sua área de influência direta, inclusive imobiliários (O Globo, 01/09/2008).
Existem vários projetos de investimento previstos para se instalarem no Porto de Itaguaí retro
área. A Secretaria de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro está em processo de
escolha de até três terminais de minério de ferro dentre os doze propostos pelo setor privado
para instalação nessa área. O critério básico para decisão será qual dos projetos agrega mais
valor pela pelotização e/ou pela siderurgia. Três estaleiros estão com investimentos previstos
para instalação em Itaguaí. Um já está decidido: o estaleiro e a base da Marinha onde serão
construídos quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, em parceria entre
Brasil e França, vão ficar em uma área entre o Porto de Itaguaí e a fábrica da Nuclebrás
Equipamentos Pesados (Nuclep), no Rio de Janeiro. O investimento previsto é de R$ 4,5
bilhões. Ficará localizado entre a Nuclep e o Porto de Itaguaí. O terreno, de 70 mil metros
quadrados, pertence hoje à Companhia Docas do Rio de Janeiro. Ele será transferido à
Marinha pela Secretaria do Patrimônio da União. A previsão é que o complexo comece a ser
construído no 2º semestre de 2009 e fique pronto em até cinco anos. “A área escolhida é
estratégica, pois a Nuclep deve fabricar muitas das peças do submarino”, diz o diretor-geral
de material da Marinha, almirante Marcus Vinícius dos Santos. O estaleiro vai gerar 500
empregos diretos (90% para civis). Na base de apoio, trabalharão 250 oficiais (O Globo,
20/12/2008).
14
15
Os projetos de investimento acima citados são apenas alguns exemplos do poder de atração
que um porto bem localizado e com razoáveis condições operacionais exerce sobre os
investimentos. A Zona Oeste do Rio de Janeiro está em condições excepcionais para
aproveitar as sinergias geradas por essa instalação. Para isso é necessário que defina uma
política racional integrada para suprir a área sob influência do porto de Itaguaí da infra-
estrutura de serviços necessários à plena realização do seu potencial.
Tendo em vista essa situação e na tentativa de construir um modelo que sirva para a
integração da infra-estrutura de transporte interna de cada bairro da região, com a externa, foi
elaborada uma alternativa viária e estrutural para Campo Grande.
O objetivo da proposta é mudar a infra-estrutura de transporte de Campo Grande para que ela
que atenda a necessidade do aumento do fluxo do tráfego em direção ao Porto de Itaguaí,
desviando a carga pesada do centro da cidade e melhorando a ligação com as principais vias
externas que acessam Campo Grande.
Podemos apontar alguns fatores determinantes que induziram a este desequilíbrio, tais como:
15
16
5º) Falta de conexão eficiente desses principais corredores: Av. Brasil X Estrada do
Lameirão, Estrada do Posse X Estrada do Lameirão, passagem em nível da Estrada do
Lameirão etc.
Valor (R$
Rota 1 milhões)
total = 17 m
total = 17 m
total = 17 m
16
17
Rota 2
total = 17 m
Total 93,0
Fonte: CET-Rio
Outra intervenção importante para melhorar o fluxo de tráfego para a Zona oeste é a
complementação do Arco rodoviário do Município do Rio de Janeiro. Em especial a
construção de vias transversais ligando a Zona oeste com as outras áreas da cidade sem a
necessidade atravessar toda a Avenida Brasil. Essas vias, em vermelho no mapa, podem ser
vistas na figura 2.
17
18
7. Conclusões
As principais recomendações que podem ser tiradas do trabalho de pesquisa realizado são as
seguintes:
• evitar o conflito entre o tráfego rodoviário de longa distância e o tráfego local dos
Municípios fluminenses localizados em torno do Porto de Itaguaí sobretudo no
Município do Rio de Janeiro e na sua Zona Oeste;
• reduzir o custo operacional das rodovias locais com melhoria na qualidade das
rodovias federais, na fluidez do tráfego de passageiros como de carga, na segurança
dos veículos e nos atendimentos dos usuários, com consideráveis ganhos econômicos
e sociais para a União Federal, o Estado do Rio de Janeiro e os Municípios atingidos;
• garantir acesso de carga, com fluidez, economicidade e volume, ao terminal de
contêineres do Porto de Itaguaí, de maneira a que ele possa exercer sua efetiva função
de “hub-port” do Atlântico-Sul;
• articulação entre os governos federal, estadual e municipal para a elaboração de um
plano diretor básico que: a) defina uma política racional integrada para suprir a área
sob influência do porto de Itaguaí da infra-estrutura de serviços necessários à plena
realização do seu potencial; b) um plano urbanístico para utilização do uso do solo na
Zona Oeste.
18
19
Essas recomendações têm que estar inseridas em um quadro mais geral de política pública
urbana que baseada nos seguintes pontos:
6. ECO-CIDADE - criar um novo futuro para a zona oeste, orientado por um novo modelo de
desenvolvimento, sustentável, com forte conteúdo econômico e social, criando um novo
paradigma de cidade que possa representar o rio das novas gerações.
Finalmente, teria que ser elaborado um estudo de viabilidade econômica das novas vias de
ligação com a Zona Oeste (Mapa 2). Os estudos existentes das linhas coloridas, que datam
dos anos sessenta e do início dos anos setenta estão desatualizados. Com base nesses estudos
seriam elaborados os planos para a sua execução.
19
20
Referências Bibliográficas
OSÓRIO, M. Rio Nacional, Rio Local: mitos e visões da crise carioca e fluminense, Editora
Senac Rio de Janeiro, 2005.
www.antaq.gov.br
www.bndes.gov.br
www.cet.rj.gov.br
www.codin.rj.gov.br/Apoio/Fiscais.htm
www.finep.gov.br
www.investrio.com.br
www.itaguai.rj.gov.br/porto.asp )
www.itaguai.rj.gov.br
www.portosrio.gov.br/Sepetiba/index.htm
www.sebrae.com.br/uf/rio-de-janeiro/sebrae-rj/areas-de-atuacao/
http://www.transportes.gov.br/bit/terminais_mar/Nuclepe/nuclepe.htm
20
21
Anexo
Áreas de Planejamento
AP- 5 VII (Bangu), XVIII (Campo Grande), XIX (Santa Cruz), XXVI (Guaratiba)
21
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno
(Versão Final)
Junho/2009
2
ÍNDICE
Introdução................................................................................................................................. 4
1. “Terra Sem Lei”: Um Panorama Da Violência Na Zona Oeste ....................................... 5
2. Detalhamento Dos Indicadores De Criminalidade E Violência ....................................... 9
2.1. Violência Letal ................................................................................................................ 9
2.2. Pessoas Desaparecidas .................................................................................................. 16
2.3. Crimes Contra O Patrimônio......................................................................................... 19
2.3.1. Roubos.................................................................................................................... 20
2.3.1.1. Roubo De Veículo........................................................................................... 21
2.3.1.2. Roubo A Transeunte........................................................................................ 24
2.3.2. Furto De Veículos .................................................................................................. 27
2.4. Presença De Milícias ..................................................................................................... 31
3. Proposta De Agenda Para A Segurança Pública Da Região .......................................... 33
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 36
Anexo: Vozes Da Zona Oeste ................................................................................................ 38
Gráfico 10 - Evolução dos roubos a transeunte registrados nas delegacias da Zona Oeste
.................................................................................................................................................. 25
Gráfico 11 - Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por dias da semana ......... 27
Gráfico 12 -Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por horários...................... 27
Gráfico 13 - Evolução dos furtos de veículos registrados nas delegacias da Zona Oeste. 28
Gráfico 14 - Furtos de veículos registrados na Zona Oeste, por dias da semana ............. 30
Gráfico 15 - Furtos de veículos registrados na Zona Oeste, por horários ......................... 31
Tabela 1 - Mortes violentas intencionais registradas nas delegacias da Zona Oeste, ...... 10
Tabela 2 - Taxas de homicídios dolosos e de mortes violentas intencionais registradas
nas delegacias da Zona Oeste,................................................................................................ 11
Tabela 3 - Evolução das mortes violentas intencionais registradas nas delegacias.......... 12
Tabela 4 - Homicídios dolosos registrados na Zona Oeste, por bairros............................ 13
Tabela 5 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais homicídios dolosos ..................... 14
Tabela 6 - Indicadores de letalidade da ação policial nas delegacias ................................ 16
Tabela 7 - Desaparecimentos registrados nas delegacias ................................................... 16
Tabela 8 - Desaparecimentos registrados na Zona Oeste, por bairros .............................. 18
Tabela 9 - Roubos registrados nas delegacias da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ, por tipos
.................................................................................................................................................. 20
Tabela 10 - Roubos de veículos registrados na Zona Oeste, por bairros........................... 22
Tabela 11 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de roubo de veículo .. 23
Tabela 12 - Roubos a transeunte registrados na Zona Oeste, por bairros ........................ 26
Tabela 13 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de roubo a transeunte
.................................................................................................................................................. 26
Tabela 14 - Relação roubos/furtos de veículos na Zona Oeste............................................ 28
Tabela 15 - Furtos de veículo registrados na Zona Oeste, por bairros.............................. 29
Tabela 16 - Os 15 logradouros da Zona Oeste com mais registros de furto de veículo.... 30
Tabela 17 - Número de áreas com milícias, por bairro....................................................... 32
Tabela 18 - Denúncias contra milícias feitas ao Disque-Denúncia, por bairro ................ 33
4
Leonarda Musumeci *
Introdução
A primeira seção a seguir apresenta uma síntese dos principais resultados da pesquisa, com
destaque para alguns indicadores quantitativos que evidenciam a gravidade do quadro de
criminalidade e violência na Zona Oeste, e para as causas ou elementos favorecedores dessa
situação que foram apontados de forma recorrente nas entrevistas qualitativas.
*
Professora do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania
da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam). Este trabalho teve a participação dos dois estatísticos do
CESeC, Gabriel Fonseca da Silva e Leonardo Leão de Paris.
1
Mapeamento das atividades comerciais realizado pelo Instituto Fecomércio-RJ (Ifec) entre outubro de 2001 e
outubro de 2003. Ver análise em Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de Janeiro e de seu
Entorno: diagnóstico sócio econômico do local (versão final). Rio de Janeiro, Instituto de Economia da UFRJ,
março de 2009.
2
Seguindo a definição adotada no diagnóstico socioeconômico geral e nos demais estudos setoriais do projeto,
considerou-se aqui como Zona Oeste apenas a área das regiões administrativas e delegacias policiais de
Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz. Para diferenciá-la do traçado oficial da Zona Oeste do Rio de
Janeiro, que inclui também as regiões de Guaratiba, Jacarepaguá e Barra da Tijuca, seu nome, doravante, será
sempre grafado em itálico.
5
A segunda analisa de forma mais detalhada as estatísticas de segurança pública da região nos
últimos anos, relativas a mortes violentas intencionais, desaparecimento de pessoas, letalidade
policial, total de roubos, roubos e furtos de veículos, roubos a transeunte e presença de
milícias.
Na terceira parte é apresentada uma proposta de agenda para o enfrentamento dos problemas
de segurança na Zona Oeste.
Nas entrevistas qualitativas feitas na Zona Oeste, a falta de segurança apareceu como um dos
principais problemas da região, junto ou logo atrás de logística, transporte público e
educação/capacitação. As lideranças ouvidas nas quatro RAs enfatizaram quase sempre os
assassinatos e os assaltos a pedestres e a motoristas como indicadores mais evidentes da
insegurança na área, o que é confirmado pelas estatísticas do ISP.
De forma mais detalhada, apontaram-se como causas ou elementos que contribuem para a
situação de insegurança:
Homicídios
• Em 2008, a taxa de homicídios dolosos da Zona Oeste foi de 44,5 vítimas por cem mil
habitantes, 28% mais alta que a do conjunto do MRJ; na RA de Santa Cruz a taxa foi
de 62,2 por cem mil, 79% maior que a média municipal.
• Considerando-se o conjunto de mortes violentas intencionais (homicídio doloso, roubo
seguido de morte, lesão corporal seguida de morte e civis mortos em confronto com a
polícia), no mesmo ano de 2008, a taxa da Zona Oeste sobe para 52,5, contra 48,4 no
município como um todo, sendo que em Santa Cruz, chega a 70,7 vítimas por cem mil
habitantes e em Realengo, a 67,8.
• Desde 2006 tem havido decréscimo do número absoluto de homicídios dolosos na
região, especialmente em Campo Grande, e no município como um todo. Entretanto,
notícia do jornal O Globo publicada em 1/5/2009, com base em dados do ISP ainda
não divulgados na internet, dá conta de um aumento de 22% dos assassinatos em
7
Letalidade policial
Segundo dados do ISP, 704 civis morreram em confronto com a polícia na região entre 2003 e
2008 – uma média de 88 por ano ou mais de 7 por mês. A Zona Oeste registra uma relação de
50 civis mortos para cada policial morto em serviço, o dobro da verificada no conjunto do
município e 63% a mais que no estado como um todo durante o mesmo período.
Pessoas desaparecidas
De 2004 a 2008, as circunscrições (ou RAs) de Campo Grande e Santa Cruz foram as que
registraram maiores números de desaparecimentos de pessoas em todo o município: acima de
600 casos, mais de 120, em média, por ano, ou mais de 10, em média, por mês. Não se
conhece a proporção, mas infere-se que uma parte desses desaparecimentos corresponde a
homicídios em que não há localização do corpo (o ISP está desenvolvendo uma pesquisa para
conhecer melhor o fenômeno, que é crescente no estado nos últimos anos).
Roubos
O total de roubos (assaltos) registrados aumentou entre 2000 e 2008 na região, acompanhando
o crescimento havido no município e no estado como um todo. Na RA de Bangu, porém, o
aumento dos assaltos foi bem superior à média. As modalidades mais numerosas de registros
na Zona Oeste foram roubo de veículos e roubo a transeunte.
Roubo de veículo
• Durante o período de 55 meses, ou 1.674 dias, abrangido pelos microdados do ISP (1º
de janeiro de 2004 a 31 de julho de 2008), houve uma média de 278 roubos de
veículos por mês, ou nove por dia, na região. Cerca de 68% desses roubos ocorreram
nos bairros de Bangu, Realengo e Campo Grande e 90% em oito dos 17 bairros da
Zona Oeste, praticamente os mesmos que concentraram a maior proporção de
homicídios dolosos: além dos três já mencionados, Padre Miguel, Santa Cruz, Senador
Camará, Deodoro e Santíssimo.
• Nesse mesmo período, houve roubos de veículos em 1.383 logradouros da região, mas
¾ deles ocorreram em apenas 172 ruas, sendo a Avenida Brasil, a Avenida de Santa
Cruz, a Estrada de Água Branca e a Avenida Cesário de Melo as que registraram
maiores incidências desse tipo de crime.
8
Roubo a transeunte
• Essa modalidade de crimes contra o patrimônio foi a que mais cresceu na região, no
estado e no município entre 2000 e 2008, especialmente a partir de 2004, chegando a
2008 com números de registros 225 a 300% maiores que em 2000. Na RA de Bangu, o
aumento dos roubos a transeunte de 2000 a 2008 foi de aproximadamente 450%.
• Os quatro bairros principais e mais populosos da região foram os que registraram
maiores números de roubos a transeunte no período abrangido pelos microdados do
ISP, seguidos de Padre Miguel, Senador Camará, Jardim Sulacap e Magalhães Bastos.
No total, esses oito bairros responderam por mais de 90% dos casos registrados na
Zona Oeste ao longo do referido período.
• O padrão de distribuição dos roubos a transeunte pelas ruas da Zona Oeste é um pouco
mais concentrado que o de roubo de veículos: embora se tenha registrado pelo menos
um roubo a transeunte em 1.245 ruas da região, 3/4 dos registros se referem a 117 ruas
(9,4% do total). Novamente, as grandes vias encabeçam o ranking, mas desta vez com
a Avenida de Santa Cruz em primeiro lugar, seguida das Avenidas Brasil e Cesário de
Melo.
• Segunda-feira foi o dia da semana com maior número de ocorrências e domingo, o dia
de menor número. Dentro das 239 semanas abrangidas pelos microdados do ISP, a
média diária girou em torno de 13 ocorrências às segundas-feiras, em torno de 9 aos
sábados e domingos, e em torno de 11 nos outros dias da semana. Tal como a de
roubos de veículos, a frequência mais alta de roubos a transeunte (cerca de 42%)
ocorre no período de 19 às 24 horas, com pico no intervalo 20-21 horas.
• Neste caso, as vítimas notificadas são majoritariamente jovens: no período abrangido
pelos microdados do ISP, 54% tinham até 29 anos de idade; 36% estavam na faixa
etária de 30 a 49 anos e 10%, na de 50 anos ou mais.
Presença de milícias
A CPI da Alerj que investigou a ação das milícias, concluída em novembro de 2008,
identificou no Município do Rio de Janeiro 128 áreas dominadas por esses grupos criminosos,
em 48 bairros. De acordo com a CPI, os bairros da cidade com maiores números de locais
nessa condição ficam na Zona Oeste: Campo Grande (16 áreas), Santa Cruz (15) e Realengo
(10). Embora com quantidades menores, três outros bairros da região também figuram na
lista: Bangu (3 áreas dominadas), Inhoaíba (2) e Sepetiba (1). (Cf. Alerj, 2008).
9
Nas entrevistas com lideranças da Zona Oeste ficou claro que, embora as milícias possam ter
sido de início percebidas como fator positivo para a segurança, ou como “mal menor”, face à
ausência do poder público nas áreas carentes, hoje prevalece o entendimento de que se trata
de grupos criminosos, cujo principal objetivo não é a “autodefesa comunitária”, mas o lucro,
por meio da exploração ilegal do comércio e dos serviços destinados às camadas populares.
Também há a percepção de que tais grupos possuem projeto político, empenhando-se na
criação e manutenção de “currais” eleitorais, e na eleição de chefes ou aliados para cargos
legislativos do estado e do município. Em suma, tudo indica que as milícias não são mais
pensadas como possível solução, mas sim como obstáculo – e dos mais sérios – à melhoria da
segurança pública e ao desenvolvimento sócio-econômico da Zona Oeste.
Entre 2000 e 2008, cerca de 7.600 pessoas morreram assassinadas anualmente, em média, no
estado do Rio de Janeiro (tabela 1) – se considerarmos como assassinatos (ou mortes violentas
intencionais) a soma de homicídios dolosos, lesões corporais seguidas de morte, latrocínios
(roubos seguidos de morte) e autos de resistência (civis mortos em confronto com a polícia).
No município, a média foi de mais de 3.200 vítimas por ano e na Zona Oeste, 3 de 962.
3
Como já dito, a Zona Oeste, grafada em itálicos, abrange somente as regiões administrativas e delegacias
policiais de Realengo, Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, de acordo com a definição adotada para o
diagnóstico geral e os estudos setoriais do “Projeto Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do Rio de
Janeiro e de seu Entorno”.
10
Mortes
Lesões Autos de
Homicídios Latro- violentas % %
seguidas resis-
dolosos cínios inten- MRJ ERJ
de morte tência
cionais
33ª DP – Realengo 1.094 5 33 128 1.260 4,3 1,8
34ª DP – Bangu 1.939 23 47 409 2.418 8,3 3,5
35ª DP - Campo Grande 2.548 23 59 131 2.761 9,4 4,0
36ª DP - Santa Cruz 1.958 11 21 227 2.217 7,6 3,2
Zona Oeste 7.539 62 160 895 8.656 29,5 12,7
MRJ 22.395 274 908 5.718 29.295 100,0 42,9
ERJ 57.190 525 1.847 8.725 68.287 - 100,0
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Junto com a parte da Zona Norte que vai do Complexo do Alemão à Pavuna, a Zona Oeste
tem figurado sistematicamente como área de maior ocorrência de homicídios dolosos na
cidade, conforme se visualiza no mapa abaixo, referente aos últimos cinco anos.4
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ
Na Zona Oeste, as taxas por cem mil habitantes, tanto de homicídios dolosos quanto do total
de mortes violentas intencionais, são significativamente superiores à estadual e à municipal,
como mostra a tabela 2, referente ao ano de 2008. Note-se, em particular, o caso da DP de
Santa Cruz, cuja taxa de homicídio naquele ano foi quase 80% maior que a registrada na
média do município.
4
No Relatório de Desenvolvimento Humano Local do Município do Rio de Janeiro, publicado em 2001 com
dados até 1999, a Zona Oeste (lato sensu) já aparecia como a região da cidade com maiores taxas de homicídio
por cem mil habitantes (cf. Musumeci, 2001).
11
Mortes
Homicídios violentas
dolosos intencionais
33ª DP – Realengo 48,7 67,8
34ª DP – Bangu 35,5 44,3
35ª DP - Campo Grande 38,9 41,2
36ª DP - Santa Cruz 62,2 70,7
Zona Oeste 44,5 52,5
MRJ 34,8 48,4
ERJ 36,0 44,9
Tal como no ERJ e no MRJ, houve uma tendência de queda das mortes violentas intencionais
nas circunscrições da Zona Oeste desde 2006, exceção feita à área de Realengo, onde o
número de vítimas cresceu nesse período. Campo Grande e Bangu chegaram a apresentar
evolução bem mais favorável que a média estadual e municipal até o fim de 2008 (gráfico 1 e
tabela 3), mas é possível que esse diferencial esteja sendo revertido em 2009 com o
acirramento das disputas entre facções do tráfico e de milícias na região. 5
(*) Homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e auto de resistência
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil
Elaboração: IE/UFRJ
5
Segundo noticiou o jornal O Globo (1/5/2009), os homicídios dolosos na 39ª Área Integrada de Segurança
Pública, que inclui as delegacias de Campo Grande e Guaratiba, cresceram 22% no primeiro trimestre de 2009
em relação ao mesmo período de 2008. A afirmativa se baseia em dados do ISP ainda não divulgados no Diário
Oficial.
12
De janeiro de 2004 a julho de 2008 – período para o qual o Instituto de Segurança Pública do
Estado do Rio de Janeiro disponibilizou microdados criminais sobre a Zona Oeste – 92% das
vítimas de homicídios dolosos ocorridos na região eram do sexo masculino e quase 80%
tinham de 15 a 39 anos de idade (ver gráfico 5, adiante). Tal como em outras áreas, aqui
também, portanto, a vitimização letal atinge sobretudo homens jovens. Sabe-se, além disso,
que as vítimas de homicídio no Brasil são majoritariamente pobres, negras e de baixa
escolaridade, 6 e é muito provável que esse perfil também predomine na Zona Oeste. Todavia,
não há como confirmá-lo estatisticamente com as informações do banco de dados do ISP, em
função das lacunas nos campos relativos a raça/cor, escolaridade e profissão. 7 Tampouco se
pode esboçar o perfil dos autores de homicídios, devido à baixíssima taxa de esclarecimento
dos crimes pela polícia e à consequente ausência de dados sobre autoria na maior parte dos
casos.
6
Cf., por exemplo, Cano e Santos (2001); Pnud (2005).
7
Análises mais detalhadas do perfil das vítimas de homicídios são feitas geralmente a partir das informações do
Datasus; no caso dos bairros da região aqui em foco, seriam necessários microdados da Secretaria Municipal de
Saúde.
13
Bairro Nº %
Campo Grande 820 22,9
Santa Cruz 651 18,1
Bangu 558 15,6
Realengo 417 11,5
Paciência 208 5,8
Padre Miguel 137 3,8
Santíssimo 123 3,4
Senador Camará 122 3,4
Sepetiba 90 2,5
Inhoaíba 72 2,0
Magalhães Bastos 63 2,0
Cosmos 69 1,9
Jardim Sulacap 56 1,6
Deodoro 41 1,0
Senador Vasconcelos 28 0,8
Vila Militar 1 0,0
Não informado 131 3,7
Zona Oeste 3.587 100,0
Logradouro Nº %
Avenida Brasil 83 3,0
Avenida Cesário de Melo 76 2,8
Estrada do Furado 46 1,7
Estrada Urucânia 31 1,1
Avenida de Santa Cruz 30 1,1
Avenida Manuel Caldeira de Alvarenga 30 1,1
Estrada do Viegas 29 1,1
Estrada Sete Riachos 26 1,0
Rua do Prado 23 0,8
Avenida Carlos Pontes 22 0,8
Estrada Emílio Maurell Filho 21 0,8
Rua Coronel Tamarindo 21 0,8
Estrada da Paciência 20 0,7
Estrada Aterrado do Leme 17 0,6
Estrada do Campinho 16 0,6
Total dos 15 logradouros 491 18,0
Total com informação de logradouro 2.694 100,0
Sem informação 893 -
Total 3.587 -
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
No período focalizado, o maior número de homicídios dolosos ocorreu aos sábados, mas a
incidência também foi alta nos outros dias da semana (gráfico 2). Considerando que esse
período teve 239 semanas, chega-se a uma média diária de quase três casos nos sábados e em
torno de dois casos nos outros dias.
200
0
Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta- Sábado Domingo
feira feira feira feira feira
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
No mesmo período, os homicídios ocorreram com mais frequência em dois momentos do dia:
entre 7 e 11 horas da manhã, e entre 19 horas e meia-noite. Mesmo nos horários “menos
violentos”, porém, registraram-se números consideráveis de casos, como mostra o gráfico 3.
15
250
Nº de vítimas
200
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
8
O número de policiais e civis mortos em serviço só passou a ser divulgado no Diário Oficial em 2003.
9
Segundo dados do ISP, dos 1.034 policiais militares mortos entre 2000 e 2006, 79% faleceram no período de
folga e, dos 116 policiais civis mortos entre 1998 e 2004, 73% morreram na folga (cf.
http://www.ucamcesec.com.br/est_seg_evol.php). Para anos mais recentes, o ISP só tem divulgado no Diário
Oficial informações sobre mortes em serviço.
10
Ver, a esse respeito, os trabalhos de Ignacio Cano (1997; 2004)
16
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Ao lado do alto número de mortes violentas intencionais, registraram-se entre 2003 e 2008, na
Zona Oeste, 2.880 casos de pessoas desaparecidas, cerca de 1/4 do total verificado no MRJ
durante o mesmo período (tabela 7). 11
A evolução desse tipo de registro na região em foco, no município e no estado como um todo,
mostra, de modo geral, um crescimento a partir de 2006, após alguns anos de estabilização ou
queda, e, nas delegacias da Zona Oeste, uma subida especialmente acentuada entre 2007 e
2008 (gráfico 4).
11
A informação só passou a ser divulgada no Diário Oficial em 2003.
17
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ
Nos últimos 5 anos, as DPs de Campo Grande e Santa Cruz foram as que notificaram maiores
números de desaparecimentos em toda a cidade (figura 2): acima de 600 casos, mais de 120,
em média, por ano, ou mais de 10, em média, por mês. Vale lembrar que esses dados
abrangem somente os desaparecimentos comunicados à polícia, provavelmente uma parcela,
apenas, do total de casos que ocorrem no dia-a-dia.
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Embora não se conheça a proporção exata, infere-se que uma parte expressiva desses
desaparecimentos corresponde a “assassinatos sem corpo”, isto é, a execuções praticadas por
traficantes, milicianos ou policiais, em que os corpos das vítimas são enterrados em
cemitérios clandestinos ou destruídos para eliminar evidências. A grande quantidade de
18
registros de pessoas desaparecidas nas delegacias da Zona Oeste, em especial nas de Campo
Grande e Santa Cruz, poderia estar relacionada, assim, às mesmas dinâmicas geradoras dos
altos números de homicídios, como as disputas pelo “poder paralelo” na região, seja entre
tráfico e milícias, seja entre fações de cada um desses grupos. Hipótese que é reforçada pela
significativa convergência entre as distribuições de homicídios dolosos (tabela 4, acima) e de
desaparecidos (tabela 8 a seguir) nos bairros mais violentos da Zona Oeste.
Por outro lado, há algumas divergências entre os perfis das pessoas desaparecidas e das
vítimas de homicídios que sugerem a necessidade de explicações adicionais para o número
elevado e crescente do primeiro tipo de registro. Como se pode observar no gráfico 5, os
perfis de gênero e etários diferem: apesar de também predominarem pessoas do sexo
masculino e com idades de 15 a 39 anos, é bem maior entre os desaparecidos do que entre as
vítimas de homicídio a participação de mulheres, assim como de crianças e adolescentes até
14 anos, e de adultos com idades iguais ou superiores a 40 anos. Conclusões mais consistentes
sobre esse tema ainda dependem, portanto, dos resultados de pesquisas que vêm sendo
desenvolvidas para tentar entender o crescimento do número desaparecidos não só na Zona
Oeste mas também em outras partes do município e do estado ao longo das últimas duas
décadas.
19
Gráfico 5 - Perfil de gênero e etário das vítimas de homicídio doloso e das pessoas
desaparecidas na Zona Oeste
Janeiro de 2004 a julho de 2008
100% 100%
19,2 24,9
80% 80% 40 anos ou mais
63,7 23,1 13,5 30 a 39 anos
60% 60% 8,6
92,5 Masculino 25 a 29 anos
21,1 16,9
40% Feminino 40% 18 a 24 anos
16,0 15 a 17 anos
20% 20% 30,2
36,3 0 a 14 anos
20,0
7,5 0% 5,4 1,0
0%
Homicídios dolosos Pessoas Homicídios Pessoas
desaparecidas dolosos desaparecidas
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Esta seção focaliza essencialmente os roubos, com detalhamento específico dos roubos de
veículos e a transeunte, por constituírem duas modalidades muito numerosas de crimes contra
o patrimônio, que têm forte impacto no sentimento de segurança da população e que foram as
mais citadas nas entrevistas com lideranças da Zona Oeste. Complementarmente, analisa
também as ocorrências de furtos de veículos, que vêm aumentando expressivamente na
região, em contraste com a tendência geral do MRJ e do ERJ.
É sempre fundamental lembrar que os dados aqui utilizados abrangem apenas as ocorrências
notificadas à polícia e que, excetuando-se roubos e furtos de veículos, as estatísticas policiais
costumam representar uma pequena parcela do total de ocorrências. Como mostram pesquisas
de vitimização já feitas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, as taxas de notificação
para roubos e furtos de veículos podem chegar a mais de 90%, enquanto para outros tipos de
roubos variam de 24 a pouco mais de 40%. No primeiro caso, as taxas elevadas se devem à
obrigatoriedade do registro para recebimento de seguro e ao risco de responsabilização do
proprietário se o veículo for utilizado em outros crimes. 12 Nos demais casos, sobretudo
quando não envolvem seguro, a proporção de casos notificados depende não só da gravidade
do crime como da confiança que a população deposita na polícia e das expectativas sobre a
qualidade do atendimento nas delegacias. Segundo o que se ouviu em entrevistas com
lideranças locais, não há motivo para supor que as expectativas em relação à polícia sejam
mais positivas na Zona Oeste do que no restante do município; é possível, ao contrário, que as
taxas gerais de comunicação de delitos contra o patrimônio, e até de crimes contra a pessoa,
sejam mais baixas aí do que em outras partes da cidade, devido ao clima de desconfiança e de
medo instaurado na região.
12
Levantamento realizado na cidade do Rio de Janeiro em 2002 estimou que somente 24% do total de roubos e
12% dos furtos eram notificados à polícia; no caso específico dos roubos e furtos de veículos, porém, a taxa de
notificação chegaria a 99% (Ilanud, 2002). Pesquisa mais recente, feita pelo ISP em 2006-2007, abrangendo toda
a Região Metropolitana, calculou em 78% e 91% as taxas de notificação, respectivamente, de roubos e furtos de
veículos, ao passo que as de outras modalidades de crimes contra o patrimônio, mesmo envolvendo violência,
seriam bem mais baixas: por exemplo, 32,6% no caso de roubo a residência e 41,4% em outros tipos de roubos
(ISP, 2008).
20
2.3.1 – Roubos
Ainda assim, embora não figurem entre as delegacias cariocas com maiores volumes
absolutos de registros nos últimos cinco anos (figura 3), três das quatro DPs da Zona Oeste
apresentaram números elevados de roubos, especialmente de roubos de veículos e a transeunte
no período de 2000 a 2008 (tabela 9).
Tabela 9 - Roubos registrados nas delegacias da Zona Oeste, no MRJ e no ERJ, por tipos
2000 a 2008
Zona
33ª DP 35ª DP 36ª DP
34ª DP Zona Oeste/
Rea- Campo Santa MRJ ERJ
Bangu Oeste MRJ
lengo Grande Cruz
(%)
Roubo de veículo* 7.391 10.416 8.056 2.371 28.234 199.226 284.921 14,2
Roubo a transeunte 5.484 9.180 8.669 3.117 26.450 194.073 302.858 13,6
Roubo de aparelho celular 1.542 1.864 2.331 853 6.590 60.859 86.449 10,8
Roubo em coletivo 1.006 1.125 1.585 952 4.668 34.503 60.778 13,5
Roubo a estabelecimento comercial 780 918 1.448 536 3.682 28.261 52.009 13,0
Roubo de carga 393 543 543 283 1.762 12.994 22.817 13,6
Roubo a residência 137 220 464 237 1.058 5.817 14.805 18,2
Roubo com condução da vítima para saque em i.f. 50 29 54 18 151 1.288 1.964 11,7
Roubo a banco (roubo a instituição financeira) 11 8 10 4 33 471 686 7,0
Outros roubos 4.047 5.023 5.807 2.555 17.432 152.311 217.106 11,4
Total de roubos 20.841 29.326 28.967 10.926 90.060 689.803 1.044.393 13,1
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ
200
150
100
50
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ
Dentro desse cenário de aumento quase contínuo dos registros de assaltos, os roubos de
veículo no estado e no município têm apresentado uma trajetória relativamente favorável:
estabilização entre 2002 e 2006, seguida de decréscimo em 2007 e 2008. Grosso modo, a
Zona Oeste também acompanhou a tendência geral, porém com oscilações muito mais
bruscas, sobretudo nas DPs de Bangu e de Santa Cruz (gráfico 7).
Gráfico 7 - Evolução dos roubos de veículos* registrados nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
250
200
150
100
50
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Durante o período de 55 meses, ou 1.674 dias, abrangido pelos microdados do ISP (1º de
janeiro de 2004 a 31 de julho de 2008), houve uma média de 278 roubos de veículos por mês,
22
ou nove por dia, na região. A distribuição por bairros (tabela 10) mostra Bangu, Realengo e
Campo Grande no topo do ranking, concentrando quase 68% do total de registros, seguidos
por Padre Miguel, Santa Cruz e Senador Camará. Tal como no caso dos homicídios dolosos,
90% desses assaltos ocorreram em oito bairros, que são os mesmos nas duas listas, salvo pela
presença de Deodoro entre os oito com maior número de roubos de veículo e de Paciência
entre aqueles com mais homicídios (ver tabela 4, acima).
Ao todo, 1.383 logradouros da Zona Oeste foram palco de pelo menos um roubo de veículo
no período considerado, o que aponta para um padrão bastante disperso de ocorrência do
crime. Por outro lado, mais de um terço dos roubos foi registrado em apenas 15 ruas (1,1% do
total), metade foi registrada em 41 ruas (3,0%) e três quartos, em 172 ruas (12,4% do total) –
evidenciando uma concentração significativamente maior do que no caso dos homicídios
dolosos. Mais uma vez, a Avenida Brasil e outras grandes vias de tráfego da região aparecem
no alto do ranking, como se vê na tabela 11, que mostra os 15 logradouros com mais
incidência de roubos de veículos.
23
Esse tipo de delito cresce ao longo da semana, atinge o ápice na sexta-feira e decresce nos
finais de semana (gráfico 8). Note-se, porém, que, mesmo aos sábados e domingos, quando se
reduz o volume de tráfego nas grandes vias, a quantidade de casos continua muito elevada.
Considerando as 239 semanas abrangidas pelos microdados do ISP, chega-se a uma média
diária em torno de 10 casos de quinta a sábado, e de oito a nove casos, aproximadamente, nos
outros dias da semana.
1.500
1.000
500
0
Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta-feira Sábado Domingo
feira feira feira feira
2.000
1.500
1.000
500
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
A noite é, portanto, o período em que se está mais sujeito(a) a esse tipo de assalto, embora
também seja elevada a incidência no horário diurno. Tomando como referência os 1.674 dias
abrangidos pelos microdados do ISP, pode-se dizer que, todos os dias, entre as 19 e as 24
horas, ocorrem em média cinco roubos de veículos na Zona Oeste; mais dois entre uma hora
da manhã e meio-dia, e outros dois entre as 13 e as 18 hs.
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ
Gráfico 10 - Evolução dos roubos a transeunte registrados nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
600
500
400
300
200
100
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Fonte: ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ
Os quatro bairros principais e mais populosos da região foram os que registraram maiores
números de assaltos a transeunte no período abrangido pelos microdados do ISP, seguidos de
Padre Miguel, Senador Camará, Jardim Sulacap e Magalhães Bastos (tabela 12). No total,
esses oito bairros responderam por mais de 90% dos casos registrados ao longo do referido
período.
26
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
O padrão de distribuição desse crime (ou, pelo menos, da parcela que chega ao
conhecimento da políca) nas ruas da Zona Oeste é ainda mais concentrado que o de roubo de
veículos: embora se tenha registrado pelo menos um roubo a transeunte em 1.245 ruas da
região, mais de um terço dos registros se refere a 12 ruas (1% do total), metade, a 32 ruas
(2,6%) e três quartos, a 117 ruas (9,4% do total). Novamente, as grandes vias encabeçam o
ranking, mas desta vez com a Avenida de Santa Cruz em primeiro lugar, seguida das
Avenidas Brasil e Cesário de Melo (tabela 13).
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Segunda-feira foi o dia da semana com maior número de registros de roubos a transeunte no
período considerado e domingo, o dia de menor número (gráfico 11). Dentro das 239 semanas
27
1.000
0
Segunda- Terça- Quarta- Quinta- Sexta- Sábado Domingo
feira feira feira feira feira
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros
de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Tal como a de roubos de veículos, porém numa proporção menor (cerca de 43%), a frequência
mais alta de assaltos a transeunte ocorre no período de 19 às 24 horas, com pico no intervalo
20-21 horas.
1.600
1.200
800
400
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
Como já foi dito e como mostra o gráfico 13, a evolução dos furtos de veículos na Zona Oeste
é ascendente entre 2000 e 2008, em particular de 2004 em diante, contrariando a tendência de
estabilização com ligeira baixa verificada no conjunto do município.
28
Gráfico 13 - Evolução dos furtos de veículos* registrados nas delegacias da Zona Oeste,
no MRJ e no ERJ
2000 a 2008 – Número-índice: 2000=100
250
200
150
100
50
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
13
Análise dos relatos sobre roubos de veículos feitos ao Disque-Denúncia indica ser bastante rara a prática desse
crime com armas brancas ou com outros meios de coação que não armas de fogo (cf. Musumeci e Conceição,
2007).
29
Nos últimos cinco anos, a delegacia de Campo Grande foi a única da região a figurar entre as
de maior incidência de furto de veículo no município (figura 5).
Oito bairros concentraram 93% dos furtos registrados na Zona Oeste entre janeiro de 2004 e
julho de 2008, liderados, mais uma vez, pelos quatro mais populosos, sendo que Campo
Grande, sozinho, respondeu por mais de 1/3 dos registros feitos nas delegacias da região
(tabela 15).
No total, 1.132 ruas tiveram pelo menos um registro de furto de veículo no período
considerado, sendo que 1/3 dos casos ocorreu em 22 logradouros (1,9%), metade em 52 (4,6)
e 3/4 em 189 ruas (16,7%).
Ao contrário dos roubos, que, como se viu, tendem a diminuir nos finais de semana, os furtos
de veículos crescem ligeiramente aos domingos; de resto, porém, a distribuição das
ocorrências ao longo da semana é bastante uniforme (gráfico 14). A média diária ficou em
torno de 6 casos nos domingos e de 5 nos demais dias.
800
400
0
Segunda- Terça-feira Quarta- Quinta- Sexta-feira Sábado Domingo
feira feira feira
Cabe lembrar que, no caso de furto, a comunicação à delegacia geralmente não se refere ao
horário em que o delito ocorreu (informação desconhecida, salvo se houver testemunhas e se
estas notificarem o fato), mas àquele em que a vítima percebeu que o veículo havia sido
subtraído ou então ao momento em que o deixara no local onde foi furtado. Não admira,
portanto, que o padrão de incidência desse tipo de crime por horários (gráfico 15) seja bem
menos nítido do que no caso dos roubos (ver gráfico 9, acima).
600
500
400
300
200
100
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24
Horas
(*) Incluindo motos.
Fonte: Microdados do ISP-RJ, com base em registros
de ocorrência da Polícia Civil. Elaboração: IE/UFRJ.
A CPI da Alerj que investigou a ação das milícias, concluída em novembro de 2008,
identificou no Município do Rio de Janeiro 128 áreas dominadas por esses grupos criminosos
armados, em 48 bairros (tabela 17 e figura 6). De acordo com a CPI, os bairros da cidade com
maiores números de locais nessa condição ficam na Zona Oeste: Campo Grande (16 áreas),
Santa Cruz (15) e Realengo (10). Embora com quantidades menores, três outros bairros da
região também figuram na lista: Bangu (3 áreas dominadas), Inhoaíba (2) e Sepetiba (1).
32
Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro - Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a
investigar a ação de milícias no Estado do Rio de Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Elaboração: IE/UFRJ
Fonte: Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro - Relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a
investigar a ação de milícias no Estado do Rio de Janeiro. (Resolução nº 433/2008). Elaboração: IE/UFRJ
A partir da análise dos dados quantitativos, feita na seção anterior, e das sugestões colhidas
nas entrevistas e grupos de discussão, apresentam-se aqui algumas propostas para uma agenda
de ações e reivindicações visando à melhoria da segurança pública na Zona Oeste. Tais
propostas foram incorporadas ao documento-síntese do Projeto e discutidas com lideranças
locais e representantes do poder público no seminário de 15 de maio de 2009, no grupo de
trabalho sobre Segurança Pública e Uso do Solo.
Dada a convergência, em certos casos, com propostas que emergiram de outros estudos
setoriais, assinalaram-se abaixo, em itálicos, os temas pertinentes, também, a essas outras
áreas – notadamente educação, uso/ocupação do solo e governança.
Referências Bibliográficas
Fontes primárias
ISP-RJ. Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Resumo das Principais
Incidências Criminais do Estado do Rio de Janeiro, publicadas mensalmente pelo Diário
Oficial. Período de abril de 2002 a dezembro de 2008 [http://www.isp.rj.gov.br/
Conteudo.asp?ident=150], complementado com dados da Asplan da Polícia Civil para o
perído de janeiro de 2000 a fevereiro de 2002.
ISP-RJ. Instituto de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. Microdados cedidos para
a realização do presente trabalho, relativos às delegacias policiais da Zona Oeste e ao período
de janeiro de 2004 a julho de 2008.
Entrevistas com empresários e lideranças da Zona Oeste, realizadas nas sedes da ACERB
(Bangu), da ACICG e da ADEDI (Campo Grande), da ACIRA (Realengo) e da AEDIN
(Santa Cruz).
Bibliografia
CANO, Ignacio. Letalidade da ação policial no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: ISER, 1997.
CANO, Ignacio. O perfil racial dos mortos pela polícia no Rio de Janeiro. Texto para o
Relatório de Desenvolvimento Humano 2005 – Capítulo Sistema de Justiça Criminal. Rio de
Janeiro: CESeC e Pnud, 2005.
CANO, Ignacio. Seis por meia dúzia? Um estudo exploratório do fenômeno das chamadas
“milícias” no Rio de Janeiro. In: Justiça Global. Segurança, Tráfico e Milícias no Rio de
Janeiro. Rio de Janeiro: Fundação Heinrich Böell, 2008.
CANO, Ignacio e SANTOS, Nilton. Violência letal, renda e desigualdade social no Brasil.
Rio de Janeiro: Sete Letras, 2001.
RAMOS, Silvia. Meninos do Rio: Jovens, violência armada e polícia nas favelas cariocas.
Notas sobre cenários e perspectivas no final da década de 2000. Relatório do projeto
Juventude, Violência e Polícia. Rio de Janeiro, CESeC/Unicef, março de 2009.
38
Realengo
• Principal problema da Zona Oeste: falta de policiamento ostensivo. Não há polícia na rua,
nem mesmo nas grandes vias. A sensação de insegurança é muito grande. População tem
medo de tudo, vive acuada. Zona Oeste é periferia, desassistida em tudo, e o batalhão de
cavalaria atua preferencialmente nas “áreas prioritárias” da cidade, deixando a região a
descoberto. As áreas cobertas pelas unidades policiais da Zona Oeste são gigantescas e o
efetivo disponível não dá conta. Ninguém está satisfeito com a segurança. Todos estão
vivendo menos. Por medo, por absoluta falta de segurança.
• O pouco que há de polícia está na rua para fazer negócio, ganhar dinheiro. Enquanto
policiais ganharem pouco, haverá negociação, “arrego”, e enquanto houver isso, a polícia
não dará segurança.
• Falta de segurança faz com que empresários – na maioria pequenos e micro – se
escondam, não queiram participar de projetos, nem de eventos, não falem sobre o que
fazem, nem sobre os problemas que enfrentam, por medo da violência. Não se consegue
nem saber quais são as questões de segurança mais importantes, porque eles talvez
registrem os crimes, mas não comentam com ninguém.
• Violência cresce porque não encontra resistência: falta do poder público favorece: (a)
conflitos sociais de toda sorte (brigas familiares, de vizinhos etc.), decorrentes do grande
volume de população desassistida, da ausência de regulação do uso do espaço
(estabelecimentos informais em locais inapropriados, por exemplo), e (b) prática de crimes
e vandalismo, em plena luz do dia, que não são coibidos nem punidos.
• Violência cresce também com o desenvolvimento: crime vem junto com aumento da
população e da riqueza, como aconteceu no interior de São Paulo, no Espírito Santo e em
outras áreas, e está acontecendo na Zona Oeste.
• Casas de show se instalam nos centros comerciais, atraem público, sobretudo jovens
pobres, com música, entrada gratuita para mulheres e cerveja barata. No seu entorno ficam
pessoas ainda mais pobres, que não têm dinheiro para entrar, e criam uma série de
problemas, inclusive roubos, brigas e tiros.
39
• Há bailes funk e provavelmente brigas e mortes dentro das comunidades, mas isso não
afeta os centros comerciais, só quando há circulação de pessoas entre um baile e outro,
entre favelas, o que é raro. Em Campo Grande, só há duas grandes favelas, Carobinha e
Barbante, e o que acontece lá não influencia a urbanidade, o problema fica dentro, o que
vem para fora é o que acontece em toda a cidade, inclusive na Zona Sul: roubos e outros
crimes.
• Algumas favelas criam pânico na região porque ficam perto das principais vias: Batan hoje
tem projeto social, parece que está calma, mas tem o Fumacê, também na via principal, no
centro, ninguém passa por lá. Fumacê e Vila Kennedy ainda não têm milícia, embora se
possam ver carros circulando dentro dessas favelas com logomarca da milícia. Ninguém
passa por ali à noite, porque corre muito risco. Não há policiamento, se eles quiserem vir
para a pista ninguém vai impedir.
• Polícia e milícia estão uma dentro da outra, ninguém sabe quem é quem. Inicialmente
pensou-se que as milícias seriam uma solução (o raciocínio era: melhor ter um policial do
meu lado, mesmo se agindo ilegalmente, do que um bandido), mas logo se viu que elas têm
projeto político. No começo era a forma que os policiais encontraram de se defender, pois
estavam acuados pelo tráfico. Começaram dando uma de justiceiros, mas aí apareceu a
visão política, o projeto de poder. Cresceram rapidamente, dominaram todas as atividades
comerciais populares, acham que podem tudo, não são combatidas, praticam crimes em
plena luz do dia e ninguém é preso. Hoje não se aceita mais isso como uma solução.
• CSA está usando milicianos na segurança da obra, contratou seguranças da região sem
querer saber se são de milícias ou não. Eles estão ameaçando, perseguindo e matando
pescadores, já houve denúncia na ALERJ.
• Empresários, quando vão abrir um negócio, se preocupam em saber se as milícias irão
incomodá-los ou não.
• Combate às milícias no governo Sergio Cabral, com confronto entre policiais e milicianos,
aumentou as mortes, mas sobretudo dentro das comunidades, não há mais tantos
assassinatos nas vias urbanas como antes. Mas há muitos roubos de automóvel perto das
comunidades, vandalismo generalizado, adolescentes das comunidades fazem o que
querem porque não há policiamento. Quando há, é omisso ou corrupto.
• Se se bloqueia o problema num lugar, ele derrama para outro, porque o viciado não está
sendo combatido. E se se acabar com o uso e o tráfico de drogas, voltam a crescer os
assaltos a banco, a empresas, a residências.
40
• A solução não é discurso, não é projeto, é botar policial na rua para dar segurança, como
manda a Constituição. Prevenir os delitos e prender quem os comete.
• Mas com os atuais salários, é impossível imaginar que os policiais, munidos de carteiras e
armas poderosas, irão para a rua sem negociar. Enquanto houver “arrego”, corrupção, não
haverá solução para o problema. Policial já vai para a rua com o objetivo de achacar, de
fazer negócio, de ganhar dinheiro, não de dar segurança. Confiança na polícia: zero.
Melhor dizer que não existe polícia na região.
• Empresários, comerciantes, não contam com ninguém para se proteger da violência. Têm
de torcer para que o crime fique em paz, ou seja, negociado; que os acertos dentro do crime
e entre crime e polícia funcionem, porque aí as coisas ficam mais calmas. Quando a
situação está conflagrada, o crime vem para a rua. A única estratégia adotada pelos
comerciantes é aproximar-se pessoalmente do delegado, do comandante do Batalhão, na
esperança de obter alguma proteção ou resposta para o seu problema individual.
• Poder público pede apoio do setor privado, mas muitas vezes pede a empresários que têm
atividades suspeitas, envolvimento com milícias, com dinheiro sem origem.
• Violência é um problema nacional. Maior problema específico da região é a logística, o
arco rodoviário, que há 40 anos não deslancha. E o transporte de passageiros, a falta
absoluta de condução. Por isso o transporte alternativo dominou, inicialmente sem milícias,
eram pessoas desempregadas que viram oportunidade de ganhar dinheiro transportando
gente informalmente (como existe no interior, o transporte em carroças ou caminhões, a
única diferença é que aqui era em kombis). Depois as milícias enxergaram ali um filão
lucrativo e tomaram as linhas, passando a dominar a atividade, sob coação. Exploração da
venda de gás também cresceu apoiada pela existência de inúmeros microempresários
irregulares, que começaram fazendo concorrência aos grandes depósitos, que antigamente
distribuíam o gás em caminhões – Ultragás, Gasbrás, concessionárias da Petrobras.
• Presença militar não inibe o crime, até porque os militares (Exército e Marinha) fazem
questão de não se envolver. Imediações do 14º BPM são tranquilas, mas os quartéis das
Forças Armadas pouco influem na segurança da região.
• Não parece estar havendo redução da presença militar, nem de funcionários públicos em
geral. No primeiro caso, podem estar saindo alguns até por temor de assaltos, como os
empresários fazem, quando deixam de morar na região para se proteger, só vêm trabalhar.
Mas no caso dos funcionários civis, ao contrário, tudo indica que o número está
aumentando: mais escolas foram construídas, mais tribunais especiais funcionam na região.
41
• Há várias associações civis na região – mas não se envolvem muito na solução dos
problemas, falta-lhes ousadia, planejamento, ação. Deveriam orientar seus membros,
prepará-los para cobrar, reivindicar.
Bangu
• Muitas comunidades carentes na área, sem presença do poder público. Favelas foram
surgindo com apoio de políticos que, desejosos de angariar votos, incentivam grilagem e
invasões. São currais eleitorais para populistas.
• Tudo teria começado com as remoções de favelas da Zona Sul (Vila Aliança, Vila
Kennedy), na época de Carlos Lacerda e Sandra Cavalcanti, os maiores culpados pelo
problema. Tudo de ruim é “despejado” na Zona Oeste, enquanto a classe média daqui,
desde os anos 1980, vai para Barra e Recreio. A região “recebe o que não presta e exporta
o que presta”. A área é maravilhosa, o povo é bom, as pessoas ruins vêm de fora.
• Problemas sociais identificados como favorecedores da violência:
o Gravidez adolescente, falta de planejamento familiar
o Educação deficiente
o Juventude ociosa nas favelas
• Outros grandes problemas seriam o desprezo do poder público pela Zona Oeste, a falta de
cultura e de formação de inteligência na região, a fragilização das instituições pela
informalidade e a baixa autoestima (salvo para quem ganha muito dinheiro).
• Há uma carência seríssima de transporte coletivo. Kombis e vans clandestinas tomaram
conta. A segurança informal, clandestina, também dominou a área.
• Avenida Santa Cruz, entre Campo Grande e Bangu, trecho crítico, cercado de
comunidades: roubo de carros, balas perdidas em ônibus.
• Sinal de Padre Miguel e pardais na Av. Santa Cruz favorecem assaltos. Colocam-se pardais
na boca das favelas, para arrecadar dinheiro, sem preocupação com a segurança. A
necessidade de reduzir muito a velocidade expõe os motoristas, que podem ser assaltados
ou confundidos com policiais e baleados. Engenheiros que decidem colocação de pardais
não conhecem a região.
• Problema de efetivo: o 14º BPM, nos anos 80, tinha 1.800 homens, sendo 600 destinados
aos presídios. Sobravam 1.200 para o patrulhamento da região. População era menor,
joaninhas (fuscas) davam conta do recado, por serem mais fortes e porque as ruas eram
42
menos esburacadas. Hoje o BPM tem 688 homens, no total, e a população mais que
dobrou.
• Terceirização da frota resolveu problema das viaturas, mas o de efetivo e de outros
equipamentos policiais continua.
• Câmeras no centro do bairro ajudam, embora nem sempre funcionem.
• Há esperança de que o “choque de ordem” da atual Prefeitura chegue à região, melhore as
condições das ruas, extremamente esburacadas, e urbanize as invasões.
• A violência provoca desvalorização imobiliária nas áreas próximas de favelas
• Há pouca milícia em Bangu, a maioria das comunidades ainda é dominada pelo tráfico.
Mas houve tentativas de tomar a Vila Aliança.
• Vila Aliança seria a favela mais forte, a que mais influencia a criminalidade da área: roubo
de automóveis e de motos, tráfico de drogas, violência, troca de tiros. Operação policial
nessa favela demandaria helicóptero, vários veículos blindados e causaria muitas mortes.
Até os anos 80, andava-se na Vila Aliança à noite, sem problemas; hoje isso é muito mais
difícil.
• O complexo de Senador Camará é outra grande fonte de problemas. Maior complexo de
favelas do Brasil, área sem controle, quando a polícia entra, morrem 10 a 20 pessoas.
Tiroteios e assaltos param trens. Mas a região ainda tem infraestrutura boa, poderia ser
recuperada com “choque de ordem”.
• Com a expulsão do tráfico da Cidade de Deus, os traficantes vieram para Camará e Vila
Aliança.
• De Bangu a Campo Grande, praticamente só há Terceiro Comando. Traficantes expulsos
da Cidade de Deus vieram para áreas de Comando Vermelho. Quando sufoca o tráfico de
uma comunidade, o Estado deveria criar anteparos nas outras favelas próximas, do mesmo
comando, para impedir a migração. O problema é que as intervenções têm sido pontuais,
sem preocupação com as consequências para outras áreas.
• Mesmo com tráfico, há Favelas como Vila Vintém e Taquaral que são menos
problemáticas. Embora também ocorram roubos de carros e motos no entorno delas, isso
acontece sobretudo para “missões”, quando há confrontos entre grupos rivais. Quando a
situação está estabilizada, os assaltos diminuem. Em Vila Vintém, o chefe do tráfico está
preso, mas continua comandando. Faz o seu negócio e não cria problema para a
comunidade. É melhor que permaneça vivo, porque pode vir outro pior, como o Thor de
Vila Aliança, pessoa ruim, que faz barbaridades.
43
• Há até casos de ex-traficantes que se tornam úteis, como o Samuca, que ficou preso 11
anos, virou crente, hoje faz trabalho de recuperação pela cultura: projeto “a história que eu
conto”.
• Complexo de Camará deveria ser alvo da mesma política que está sendo aplicada na
Cidade de Deus. Há rumores e expectativas de que isso acontecerá e de revalorização dos
imóveis no entorno. Mas também há preocupação de que o “aperto” do tráfico nessas áreas
acabe complicando a situação das outras favelas que hoje são mais “tranquilas”.
• Apesar de tudo, há muitos projetos bons sendo desenvolvidos em comunidades da região.
Mas não há nenhum trabalho específico para reciclar os jovens que passam pela prisão e
que, sem recursos, voltam para o crime. Bangu tem o maior complexo penitenciário do Rio
e a maioria dos presos é da região. Governo deveria fazer trabalho com esses jovens.
• Problema de assaltos é o mais grave e o mais comentado no Conseg da região. Blitzes
constantes poderiam reduzir assaltos, sobretudo roubos de veículos. Há duas portas de
entrada e saída: os viadutos de Bangu e de Realengo. Assalta-se num bairro e passa-se para
o outro. Mas, como as blitzes captam também muitas irregularidades dos motoristas, há
pressão para que não aconteçam.
• A maioria dos assaltos ocorre na rua: roubo de veículo e a transeunte. Os assaltantes são
ousados, agem mesmo onde há câmeras e nas proximidades da delegacia. Operações contra
o tráfico nas favelas têm aumentado roubos no asfalto.
• Há relações entre asfalto e favelas, os moradores se conhecem. Isso favorece estratégias de
comunicação direta quando há roubo de carro ou moto, mesmo se a ocorrência também é
registrada na polícia. É comum pagar-se resgate a traficantes para recuperar o veículo
roubado. Valor varia de mil a dois mil reais, de acordo com a marca e o modelo.
• A maioria das pessoas não registra crimes. Apesar de a delegacia ser Legal, o atendimento
é demoradíssimo (o problema, segundo um participante, é da Telemar [Oi], que não
aumenta a velocidade da rede). Leva-se de 2 a 4 horas para registrar um assalto, enquanto
em outras áreas, como Jacarepaguá, o atendimento seria bem mais rápido.
• Um grande problema da região seria a corrupção policial. Segundo um entrevistado, o 9º e
o 14º Batalhões da PM (respectivamente, Rocha Miranda e Bangu) seriam campeões de
corrupção na cidade. Haveria inclusive pontos de desova de carros na Vila Kennedy, onde
policiais depenariam automóveis.
44
• Outro entrevistado ressalta excesso de rigidez e falta de apoio como fatores que
prejudicariam os policiais: estes sempre tiveram de recorrer ao bico para sobreviver, mas
hoje toda segurança privada feita por policiais é tachada de “milícia” e punida.
Campo Grande
onde estão sujeitos a assaltos e sequestros, seja porque se sentem mais seguros aqui, onde
são conhecidos, personalizados. Esse retorno pode melhorar a segurança da área, com a
construção de condomínios e empreendimentos de alto nível, voltados para a classe média.
• Falta absoluta de policiamento ostensivo. Comércio não tem segurança e quem sai à noite
não cruza com nenhuma viatura policial.
• Falta de efetivo: uma lei de 1975 previa 974 policiais para o Batalhão local (RCECS). Hoje
há 670. Com 270 afastados por motivo de saúde, férias e licença, sobram 400 policiais para
revezar em turnos de 12 horas; isso dá uma média de 80 policiais por turno de 12 horas
para atender Campo Grande, Santíssimo, Barra, Pedra, Ilha – uma população de mais de
700 mil habitantes.
• Garotinho e Rosinha criaram novas unidades para responder a pressões, mas não
aumentaram o efetivo, simplesmente deslocaram policiais de outros batalhões. O
contingente que entra mal repõe as saídas. Há no estado quase 4 mil policiais em atividades
não-policiais e outros 4 mil afastados por motivos de saúde. No atual governo, projetos de
ocupação como os do Batan, Santa Marta e Cidade de Deus absorvem número muito alto
de homens, sem necessidade técnica. Tudo é para responder à mídia, nas áreas onde estão
os holofotes, sem consideração pelas consequências para o resto da cidade.
• Batalhão de CG (cavalaria) dá apoio ao policiamento de eventos em outras áreas: Aterro do
Flamengo, Maracanã, árvore de Natal da Lagoa, reveillon em Copacabana, Lapa nos fins
de semana, ensaio na Marquês de Sapucaí.
• Milícia da Zona Oeste está no poder há 10 anos; 90% dos homicídios são a mando de
milícias, pela disputa de poder. É pior e mais difícil de combater do que o tráfico e o crime
comum, porque está institucionalizado, enraizado nos órgãos públicos. Ganham-se 500 mil
reais por semana só com transporte alternativo. Policial arrisca perder a carteira e a arma,
mas não sai da milícia, porque nela ganha dinheiro e se impõe pelo terror.
• A maioria da população não percebe os milicianos como bandidos. Cumplicidade é
favorecida pela cultura do malandro, pelo imediatismo, a exemplo da adesão ao “gatonet”.
O povo em geral ainda não se deu conta de que essa “malandragem” carioca, que antes era
positiva, hoje acabou. Não falta muito para as milícias entrarem no mercado da droga, o
que as transformaria em organizações do tipo FARC. Por enquanto, ainda há alguma
possibilidade de pensar, de agir, mas se não forem tomadas providências drásticas agora, a
mudança no futuro pode ficar inviável.
46
• A maior parte (90%) dos policiais do BPM mora na área, o que é um problema para o
combate às milícias. Seria necessário trazer policiais de outras regiões, como se fez na
Itália para combater a Máfia e como às vezes a Polícia Federal faz em algumas regiões do
Brasil.
• Afora as milícias, prevalecem crimes de rua (street crimes), que têm de ser prevenidos com
policiamento a pé, de tipo comunitário, mas não há efetivo para isso.
• Câmeras de segurança nas ruas, na Avenida Brasil, ajudam a coibir crimes.
• A terceirização da frota de viaturas policiais resolveu o problema da manutenção, que era
dramático, mas o do efetivo continua.
• Medo impera na região. De 10 anos para cá sempre houve violência em CG, mas nunca
como agora. Inúmeros casos de assaltos e saídas de banco. O que assusta é a “qualificação”
da bandidagem. Mencionou-se o caso de um funcionário “plantado” por bandidos numa
empresa da região, com documentos falsos, para realizar sequestro.
• O lado bom, o diferencial de Campo Grande, é a integração do setor privado com as
entidades públicas de segurança (polícias, Ministério Público, Jecrim). O fato de ser visto
ainda como cidade do interior favorece essa integração. Está-se tentando montar um banco
de currículos com trabalhadores das comunidades, em parceria com as associações de
moradores [e com a DP?], para dar emprego e proteger as empresas.
• Poder privado (empresários organizados) deve atuar no vácuo do poder público, como um
“poder paralelo” bom. Exemplo: problema da iluminação na Av. Cesário de Melo, que foi
resolvido pela Associação Comercial, com rateio entre as empresas para comprar as
lâmpadas. A prefeitura teria de fazer licitação e demoraria um tempo enorme. Outra
contribuição poderia ser o monitoramento por câmeras, assumido pelos empresários.
• Há 10 ou 15 anos, havia muitíssimos furtos e assaltos, no centro comercial e nos ônibus,
mas geralmente sem arma de fogo ou com arma de brinquedo. Hoje isso diminuiu, em
quase todo lugar tem milícia [todas as casas são marcadas].
• Base de toda a violência está na educação, enquanto não se investir na escola, as
estatísticas de violência não vão mudar.
• Comunidades têm medo de participar do Conseg. Grande maioria das demandas que
chegam ao Conselho não é de segurança, e sim de trânsito, de problemas domésticos, solo
urbano, iluminação pública.
• A grande mídia só vende os pontos negativos, é preciso ressaltar também os positivos,
levantar a autoestima: porto de Sepetiba, crescimento econômico, pólos industriais.
47
• Falta formação técnica: a Zona Oeste tem mais cursos universitários que técnicos. O que
existe, do Senac, é muito caro, não acessível à população de baixa renda. Gerdau traz
empregados de fora, em transporte próprio, não emprega os da região. Problema de
trânsito, devido à falta de qualificação da mdo local. As empresas não geram estímulo
econômico para a região, deixam legado de desemprego.
• Posto policial instalado em 2002 trouxe tranquilidade para o Distrito. Antes havia desova
de cadáveres e assaltos. Hoje fica sempre pelo menos um policial no posto 24 horas por
dia, mesmo quando a viatura com 3 homens se desloca para atender a outras áreas. A
Associação (ADEDI) é que bancou a construção do posto e mantém Nextel para
comunicação das empresas com a polícia. Policiais têm também o rádio geral para acionar
as viaturas.
• A parede do posto tem 1 cm de concreto. Numa ocasião, o posto foi metralhado e as balas
de fuzil não penetraram. Um policial foi ferido na perna, mas estava fora do posto.
• Terceirização da manutenção resolveu o problema das viaturas, mas o resto é bancado
pela Associação. O estado só gasta com a farda e o salário dos policiais.
• A área está muito sossegada, embora tenha havido recentemente roubo de um caminhão
dentro do Distrito. Seguiram o caminhão, entraram no Distrito junto com o motorista,
sairam, deixaram o motorista num matagal em Palmares e sumiram com o caminhão.
Problema imprevisível, que pode acontecer em qualquer lugar.
• Em 2002, Garotinho assentou 250 famílias num terreno dentro do Distrito. Ninguém
acreditava que seriam retiradas, mas foram removidas para o conjunto habitacional de
Sepetiba.
• Presença do posto tem estimulado a vinda de empresas da Zona Norte (Bonsucesso,
Inhaúma, Pilares), que sofriam problemas de segurança. Quatro ou cinco empresas vieram
para o DI especificamente por esse motivo, não aguentavam mais sofrer assaltos.
• Presença da Marinha (fuzileiros navais) na vizinhança também dá sensação de segurança.
Eles percorrem a área e à noite, quando há qualquer coisa “errada” (por exemplo, um casal
namorando no carro), eles “chegam em cima”, “dão uma presença” e não deixam ficar ali.
48
qualidade duvidosa), senão eles não chegam. Os ônibus que há passam pela João XXIII,
não vêm até o Distrito.
• Salários para pessoal administrativo, engenheiros etc. têm de ser mais altos também por
causa da distância, do tempo de deslocamento, outro fator de elevação do custo das
empresas, além de bancarem o transporte. Problemas da região reduzem oferta desse tipo
de profissionais.
• Cosigua estimula funcionários mais qualificados a virem de ônibus, não de carro, para
minimizar risco de assaltos. Mas na sexta-feira o estacionamento fica cheio, porque todos
querem vir de carro para dar suas “esticadas” depois do trabalho.
• Problema também dos caminhões e das blitzes policiais para extorquir dinheiro ou falsas
blitzes. Baixa credibilidade e confiabilidade da polícia.
• Milícias: Cosigua implantou prato popular nas proximidades: projeto gaúcho de oferta de
refeição a um real para empregados cadastrados com renda familiar per capita até ½
salário mínimo. Foi firmado convênio com a prefeitura, que forneceu a área para o
restaurante; o cadastramento foi feito pelo SESI. A Gerdau implantou isso em todo o país
sem problemas, mas, em Santa Cruz, houve assédio das milícias, que queriam cobrar
pedágio. Obra foi paralisada por 6 meses, até que Associação de Moradores local
interveio junto aos milicianos para que a obra prosseguisse. [o restaurante foi inaugurado
em 10/11/2005 na Escola Municipal Ciep Papa João XXIII (Avenida João XXIII, 38), em
Santa Cruz].
• Esta é uma área de milícias. A Thyssen também está tendo problemas e o SESI, no
caminho para Paciência sofreu invasão. Muitos trabalhadores da área moram em
comunidades com milícias, têm gatonet.
• Não há mecanismos coletivos de segurança para o DI. Cada empresa tem o seu e a Casa
da Moeda mantém um verdadeiro “exército” de vigilantes. Os responsáveis, os chefes de
segurança das empresas, se comunicam informalmente entre eles, quando há necessidade.
• A Aedin criou um grupo de trabalho para reunir representantes de cada empresa do
Distrito e representantes da PM e dos Bombeiros. Quer trazer também a secretaria
municipal ou estadual de segurança. Chama-se PAM – Programa de Apoio Mútuo, e
atualmente se ocupa mais com problemas de incêndios e acidentes do que com a
criminalidade.
• A iniciativa não está avançando muito por diversas dificuldades, mas a idéia é levantar os
problemas, as vulnerabilidades da região (por exemplo, o que pode acontecer quando
51
terminar a obra da Thyssen), e a partir disso fazer propostas para o governo. Entre os
empresários do Distrito, não há participação no Conselho de Segurança da AISP, nem
conhecimento sobre o que seja.
• Empresas também buscam minimizar problemas com a implantação de muitos projetos
sociais nas comunidades ao redor, onde mora parte dos seus funcionários. Isso dá
visibilidade e protege as empresas.
• Nunca houve assaltos com arma no interior do Distrito. O que há são pequenos furtos,
pessoal das comunidades em volta que invade e leva bicicletas, rolamentos etc., mas sem
agressão. A área é muito grande, acontece de invadirem e jogarem o objeto furtado por
cima do muro. É o que mais se ouve em relação à criminalidade. Seguranças quando
pegam os ladrões, levam para a delegacia. Quem trabalha não tem muito risco porque
entra e sai de ônibus. Mas houve caso de assalto a ônibus fora do Distrito, na subida da
Grota Funda.
• Há uma ronda do 27º BPM no Distrito, mas é precária, não percorre todas as empresas
com a frequência que seria desejável. Há um posto policial próximo, mas não só para o
Distrito. Policiais agem quando solicitados e pressionados; do contrário, fazem corpo
mole, alegando precariedades.
• Investimentos em educação e saúde seriam fundamentais para melhorar a situação da
segurança. Quando alguém da empresa tem algum problema de saúde, é levado para a
Clínica São Vicente, na Gávea.
2. Frases em destaque
- Quem é que mora longe? Eu em Campo Grande ou o meu amigo lá em Copacabana? Qual é
o ponto de referência? Não necessariamente a Zona Sul, não é?
- Bangu sofre esse estigma dos presídios. Eu muitas vezes vou a reunião, o pessoal pergunta
como vai Bangu I, Bangu II, o cara que não conhece pensa que a gente mora ao lado do
presídio. Então nós sofremos a mesma coisa que os habitantes de Cingapura... A gente não
gosta disso não.
- As milícias começaram a surgir, dependiam primeiro do poder público. Agora, viram que a
criatura que eles criaram é infernal.
- A questão milícia/polícia está muito uma dentro da outra, você não sabe quem é quem.
- Combater a milícia é mais difícil do que combater o crime comum, porque o crime comum,
ele não está socializado, digamos assim. O miliciano, ele está institucionalizado, ele está
dentro dos órgãos púbicos.
52
- O informal dominou. Aí o informal é o amigo do amigo e tal, e que, vamos dizer assim,
felizmente, ou infelizmente, o cara que está ali no informal, fazendo a segurança aqui em
Bangu, conhece todo mundo dentro da favela e já avisa: “Ó, não vem pra cá, porque senão
vai ter problema”.
- Se [o estado] conseguir fazer no Complexo de Camará o que fez ali na Cidade de Deus, isso
aqui vira uma terra abençoada.
- Como é que nasceu a Vila Kennedy, essas favelas todas? Tiraram o pessoal lá debaixo e
trouxeram tudo pra cá. Por isso chama “a la Bangu”, que a gente odeia aqui, mas talvez
venha daí, né? Eu não sei, mas vem lá do passado, né? Por que “a la Bangu”? Porque tudo
eles jogam pra cá....
- A Polícia Militar, primeiro ela prende para depois investigar, primeiro ela prende o policial,
depois ela vai saber se o policial está certo ou está errado. A Polícia Civil já é diferente:
primeiro investiga, depois prende
- Daquele viaduto ali, da Rodrigues Alves pra cá, da boca do Túnel Rebouças pra cá, do Santa
Bárbara pra cá, eles só vêm aqui pra prometer, ganhar os votos.
- O Sérgio Cabral e o Eduardo Paes trabalham com os efeitos, certo? Tornam o morro de
Santa Marta uma ilha de paz. E o resto da cidade?
- É a falta do poder público na Zona Oeste, é a falta da cultura, a falta da autoestima da Zona
Oeste. Por que autoestima? Porque é necessária a autoestima. Um menino nosso aqui, se ele
quiser se empregar bem, sabe o que é que faz? Ele vai lá, na Zona Sul, tomar emprestado
um endereço, porque se ele der o endereço daqui, ele não é aceito. “Não, ele mora na Zona
Oeste, sei lá com quem ele tem contato lá, com os marginais”. “Ah, ele vai ser mais caro
porque tem que pegar duas ou três conduções”.
- Chegou a um ponto, aqui em Campo Grande, que nós estamos vivendo como se fosse uma
Chicago dos anos 30: gangsters, tiros de metralhadora...
- Nos últimos 10 anos, a taxa de homicídio que a senhora tem aí pode atribuir à milícia
porque, realmente, essas mortes violentas, 90% delas são a pedido da milícia por disputa de
poder.
- Quando as milícias entrarem no mercado da droga, vão se transformar nas FARC. Por
enquanto, eles têm fontes de renda menos perigosas, digamos assim, do que o tráfico, que é
muito mais... tem menor esforço, seria a palavra. Para aumentar o ganho, potencializar o
lucro, o próximo passo seria vender drogas.
Ele começa, pede aqui, pede ali, aquele que não colaborar, vão jogar uma bomba ali, vão
arrebentar, vão cortar fio.
- A única coisa que funciona neste país é o poder privado (...) Eu enxergo que a única
maneira de atenuar, de algum modo, essa crise - que seguramente não é só aqui, são
problemas de toda a cidade, talvez seja um problema mundial até, mas talvez um pouco
mais grave aqui, uma vez que o número de homicídios é maior do que muitos países em
conflito no Oriente Médio – então, eu entendo que a única maneira é realmente um poder
paralelo, mas um poder paralelo bom, a sociedade civil organizada por meio de empresários.
(...) Infelizmente, se ficarmos esperando o poder público fazer alguma coisa, nós sabemos
que isso não vai acontecer. Então, é isso que eu falo de um poder paralelo bom, é se
organizar pra fazer coisas para o bem comum. Não é pra ter controle de nada, não é pra ter
benefícios exclusivos com nada. É realmente se organizar para apoiar o poder público, que
realmente encontra-se neste momento de cadeiras de rodas, pra não dizer paralítico, no
chão, sem a cadeira de rodas.
- O empresário saiu daqui pra Barra, mas, por uma questão de raízes, de amigos..., porque eu
acho que o ser humano, principalmente o brasileiro, ele gosta de ser personalizado. Eu adoro
Campo Grande porque, como na minha cidade do interior, tem muito: “Ô, Zé, como é que
é? Como é que está?”; isso aí me dá uma satisfação tão grande, que é diferente, em
Copacabana não conheço meu vizinho. Então, isso prende. E os empresários voltam com
essa somatória da personalização, e também porque a Barra ficou muito violenta, o caminho
pra Barra, por Grota Funda, sinistro...
- Boa parte dos nossos empresários, quando começam a se tornar vitoriosos, descobrem que o
grande bairro é Tijuca. Foi assim na geração dos meus avós. Depois, na geração dos meus
pais, foi Copacabana. E na geração atual é a Barra. Mas todos eles na hora de enterrar
querem vir pra cá. Melhor teria sido que daqui não saíssem. Até porque a gente percebe que,
quando retornam pra ser enterrados, às vezes falta gente até pra segurar a alça do caixão.
- Eu sou muito favorável a uma doutrina Monroe para uma região como a nossa. Porque se
você coloca na direção de qualquer posto uma pessoa que não seja da área, até que ela se
acostume a saber o que está se passando, o tempo já passou. E esse é o fenômeno que se dá
em quase todos os setores. Quando o governo do estado interfere, traz alguém do lado de
fora. É um ilustre desconhecido. Às vezes associa-se a quem não serve e subestima quem
poderia auxiliar. Percebe-se muito isso na polícia. Porque tem aqueles caras que gostam, em
qualquer circunstância, pra tirar vantagem. E eles, coitados, até por inocência ou falta de
experiência acabam por aceitar, isso acontece muito para prejuízo das próprias instituições.
A polícia tem esse problema, a civil principalmente.
- Tem uma preocupação com isso: o que vai acontecer? Vai criar algum tipo de problema
quando a Thyssen começar a operar, porque são 25 mil crachás. Nem todo mundo vai
embora, nem todo mundo consegue ocupação. Aqui na frente da Thyssen, na reta, na João
XXIII, ali se criou um absurdo, o que tem de moradia nova ali perto dos trilhos é muito
complicado... Gente, março do ano que vem saem 20 mil pessoas desse troço aqui! É isso.
Pra onde esses caras vão? Alguém vai ficar aqui. Vão ficar onde? Uns vão ficar
trabalhando... e os outros?
- O pessoal que ganha mais, normalmente é assim. Onde o cara quer morar? Barra, Ipanema,
no Recreio. Por quê? Porque lá tem toda uma estrutura já para a classe média, coisa que aqui
54
não tem, a verdade é essa. Então, esse movimento teria que ser forte nesse sentido, para as
pessoas virem morar aqui, e não somente trabalhar aqui.
- Eu prefiro dizer que nós não temos polícia. Quando é para pegar um trabalhador, ih, eles são
ativos, competentíssimos, mas falou que é para combater o crime, eles estão fora.
- Eu já ouvi os comandantes, vários, em suas épocas, dizerem: nós não temos condição de
fazer esse policiamento, porque nossos cavalos estão prestando serviço no Parque do
Flamengo, no Maracanã, na Quinta da Boa Vista, quer dizer, eles estão atendendo às
prioridades da cidade, às prioridades sociais, e a gente aqui fica sem policiamento.
- Nossa realidade é o micro e o pequeno [empresário], e eles são muitos. A gente deveria ter
acesso a eles. Eles se escondem, a gente procura, eles não querem falar de nada, não querem
fazer projeto, se aumentam um plano empresarial não falam para ninguém, se fecham a
empresa também não. Eles não falam nada porque eles têm medo de violência.
- O tempo é solução para tudo, dizem, né? Porque se você não resolver os teus problemas,
você morreu e o tempo foi que resolveu. Ou não.
Desenvolvimento Econômico Local da Zona Oeste do
Rio de Janeiro e de seu Entorno
(Versão Final)
Junho/2009
2
ÍNDICE
Apresentação .............................................................................................................................. 3
PARTE 1 .................................................................................................................................... 4
1.1. Introdução............................................................................................................................ 4
1.2. Padrões de Ocupação Industrial .......................................................................................... 8
1.3. A Definição da Conformação Industrial Apropriada à Área de Estudo.............................. 9
PARTE 2 .................................................................................................................................. 13
2.1. A Escolha do Modo de Ocupação da AE.......................................................................... 13
2.2. O Perfil de Ocupação da Área de Estudo.......................................................................... 14
2.3. Atributos Necessários para a Absorção de Novas Firmas na Área de Estudo .................. 17
2.4. O Comportamento Recente do Mercado Imobiliário da Área de Estudo ......................... 18
2.5. Licenças de Obras Concedidas pela Prefeitura do Rio de Janeiro .................................... 21
2.6. Assentamentos Irregulares ................................................................................................ 23
2.7. Uso e Ocupação Ilegais ..................................................................................................... 24
2.8. Uso e Ocupação Industrial ................................................................................................ 29
2.9. O Sistema Viário ............................................................................................................... 31
PARTE 3 .................................................................................................................................. 34
3.1. Legislação de Interesse do Projeto .................................................................................... 34
O Decreto nº 322/1976 ......................................................................................................... 35
O Estatuto da Cidade - Lei Federal nº 10.257/01................................................................. 35
3.2. Os PEUs ............................................................................................................................ 36
O PEU Campo Grande ......................................................................................................... 37
As Zonas............................................................................................................................... 39
3.3. Análise da Legislação........................................................................................................ 39
PARTE 4 .................................................................................................................................. 41
Referências Bibliográficas: ...................................................................................................... 42
ANEXO 1 - PEU DE CAMPO GRANDE............................................................................... 43
ANEXO 2 - PEU DE BANGU ................................................................................................ 56
ANEXO 3 - Divisão Administrativa Geral do Município do Rio de Janeiro ........................ 60
3
Apresentação
Este relatório apresenta o diagnóstico sobre os aspectos de uso e ocupação do solo das
Regiões Administrativas de Realengo, Bangu Campo Grande e Santa Cruz e respectivos
Bairros, com vistas à elaboração do Projeto “Fortalecimento dos Encadeamentos do Pólo
Metalmecânico e Desenvolvimento de Parque Tecnológico de Base em Aço Inox da Zona
Oeste da Cidade do Rio de Janeiro”, referido neste estudo como Projeto.
O mercado imobiliário informal sofreu tratamento apropriado, tendo em vista que os imóveis
residenciais e comerciais sem titulação, localizados em assentamentos irregulares, não são
objeto de cadastramento para fins de incidência dos impostos sobre a propriedade e sobre a
transmissão. Por essa razão, foram também utilizados dados do Instituto Pereira Passos (IPP)
sobre os assentamentos irregulares localizados na Área de Estudo, doravante referida como
AE.
A descrição dos processos de ocupação territorial da AE, detalhada por RA, não consta deste
estudo, pois encontra-se apresentada no DSE. Neste estudo é feita uma análise do estado atual
da ocupação do solo.
A Parte 1 consta de uma Introdução que apresenta a discussão sobre os conceitos sobre os
padrões da ocupação industrial e sobre a conformação industrial apropriada à Área de Estudo.
1
Foi utilizado o Cadastro do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano (IPTU) de 2008. Deve ser
ressaltado que o cadastro utilizado do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbano para todo o
Município do Rio de Janeiro possui cobertura média em torno de 70%, não se dispondo desta estatística por
bairro.
4
Na Parte 3 é feita uma análise da legislação pertinente à ocupação e uso do solo, em especial
no que respeita ao uso industrial.
A Parte 4 oferece uma sugestão de agenda sobre uso e ocupação do solo a serem explorados
no Seminário.
Os dois primeiros Anexos incluem material sobre os PEUs de Campo Grande e Bangu e o
terceiro apresenta a Divisão Administrativa Geral do Município do Rio de Janeiro, por Área
de Planejamento (AP), Região Administrativa (RA) e Bairros.
PARTE 1
1.1. Introdução
O processo de evolução histórica da área que engloba as RAs de Realengo, Bangu, Campo
Grande e Santa Cruz, denominada neste relatório de Área de Estudo 2 (AE), a caracteriza
como
Quanto à rede viária, sua hierarquia não é preservada e o tráfego de carga e de passageiros de
passagem se mistura ao tipicamente local, provocando congestionamentos, desestruturando e
desconfigurando ruas e bairros.
As áreas industriais inseridas na AE começaram a ser definidas nos anos 60, após a criação do
Estado da Guanabara. Foi implantada a infra-estrutura necessária (ramal ferroviário Sepetiba-
2
Neste relatório a expressão Área de Estudo (AE) se refere AP 5 exclusive a Região Administrativa de
Guaratiba.
5
A oportunidade da implantação do Projeto traz subjacente uma idéia que pode ser sintetizada
na expressão “ocupar para desenvolver”. Não se trata de um plano de ocupação industrial
apoiado na implantação de ZIs, pois o porte e a natureza do tipo das atividades que se deseja
desenvolver não se encaixam neste tipo de conformação.
Outra consideração que eleva a importância do argumento defendido por este estudo é a de
que
6
Como parte da estratégia figura a criação de novas centralidades no conjunto das RAs, e o
estabelecimento de uma governança local capaz de transformar os destinos da Zona Oeste,
fazendo com que ela se liberte de um processo de crescimento subsidiário e caótico e passe a
contribuir para o desenvolvimento sustentável do Município e do Estado do Rio de Janeiro, de
maneira mais autônoma e regulada ..
Não devemos esperar um jogo de soma zero, tendo em vista o caráter dinâmico e a existência
de inúmeras variáveis que se articulam nesse processo. Aos efeitos positivos decorrentes do
aumento do emprego e da renda local e dos derivados da redução do custo das viagens, de e
para a área Central da Cidade, devem-se contrapostos os efeitos negativos, especialmente os
de aglomeração e pressão sobre a infra-estrutura física e social que ocorrem em cada um dos
bairros da AE.
3
O fenômeno das novas centralidades no Município do Rio de Janeiro tem início com os bairros de Copacabana
e Tijuca, como concorrentes ao bairro do Centro. Dentre os exemplos mais recentes figuram Botafogo, Méier e
Madureira..
7
Admitindo-se que a ação planejada da criação de novas centralidades é uma necessidade para
sustar o processo subsidiário e caótico por que passa a AE, critérios devem ser aplicados a fim
de que possam ser indicadas, no tempo e de forma hierárquica, as áreas a serem ocupadas
(excluem-se as áreas dos distritos industriais 4 ).
Para tanto aplica-se o conceito de “qualidade locacional”, isto é, um conjunto de atributos que
fazem um determinado local ser objeto de escolha de localização para o desenvolvimento de
atividades – residencial, da produção e da distribuição de bens e serviços, tanto do ponto de
vista privado – negociais - quanto público - sociais. (Hindson e Stamer, 2007).
A sustentabilidade das iniciativas levadas a termo por parte do poder público ao incentivar a
realização de empreendimentos privados depende em grande extensão do conjunto de ações
concertadas entre os dois grupos de agentes (publico e privado).
4
Ver discussão sobre o conceito de aglomerações industriais no item Padrões de Ocupação Industrial.
8
Estes critérios a serem aplicados de maneira sistêmica, devem levar em conta os resultados
dos diagnósticos produzidos pelos demais pesquisadores do Projeto, provendo indicadores
voltados para a definição da localização das atividades no espaço e para a ordem de
implementação das medidas.
Para o presente estudo, serão levadas em conta concentrações que são eventualmente
representadas por modelos mais simples de conformação industrial pertencente a uma
determinada cadeia de atividades, podendo ocupar ao longo de um eixo viário principal,um
grupo de bairros, um bairro, um grupo de ruas de um bairro ou mesmo uma rua.
Entretanto, o termo Distrito Industrial, tal como utilizado na língua portuguesa para
caracterizar as aglomerações industriais, a exemplo dos já existentes na área de estudo,
configura um espaço planejado para hospedar firmas produtoras de bens e serviços que
procuram (ou a elas são oferecidas), de maneira explícita, vantagens decorrentes da ocupação
planejada e administrada pelo poder público, tais como incentivos tributários, regimes
tributários especiais de âmbito federal, estadual e municipal 5 , disponibilidade de grandes
áreas localizadas próximas à principais redes viárias, aos espaços de armazenagem, aos
centros de consumo, aos fornecedores, fornecimento de: energia elétrica (de alta, média e
baixa tensão); gás natural; água potável e de processo; oxigênio; nitrogênio; gases especiais;
vapor e ar comprimido, padrões internacionais de segurança, sistema de telefonia e de rede de
dados de última geração e sistema integrado de proteção ao meio ambiente.
5
Lei Nº 4.372 de 13 de junho de 2006. Concede incentivos fiscais à construção e à operação de terminais
portuários relacionados à implementação de Complexo Siderúrgico na Zona Oeste do Município do Rio de
Janeiro.
9
Além disso, uma equipe própria especializada atua nas áreas de segurança patrimonial,
prevenção e combate a incêndios e ainda segurança e medicina do trabalho, contando com
ambulatório médico aparelhado com todos os recursos necessários a um complexo industrial.
Ou seja, a utilização do termo “distrito industrial” conforme atribuído às áreas de Santa Cruz,
Paciência, Palmares e Campo Grande não pode ser confundida com o conceito de
aglomeração industrial – “cogumelização” - perseguida pelo Projeto, pois este dependerá
muito mais da sua capacidade de replicação (no sentido de reprodução multiplicada, segundo
as vocações já assinaladas no DSE) e da geração de emprego e renda, do que da sua
concentração geográfica e tamanho, em termos de quantidade e porte individual das firmas.
Em seu estudo sobre as aglomerações industriais sob o ponto de vista territorial Markusen
(1996) apresenta cinco tipos básicos de conformações 6 :, sendo o primeiro, o mais singelo de
todos, o Distrito Industrial Marshalliano.
A formulação original da idéia de Distrito Industrial, feita por Marshall, em seu “Princípios de
Economia”, levava em consideração uma região cuja estrutura industrial era formada por
pequenas firmas locais, as quais decidiam sobre a produção e o investimento também de
maneira local. As ligações e a cooperação das firmas com o exterior eram mínimas,
necessárias apenas para dar início ao processo de produção dentro do distrito. Em sua
essência, o distrito industrial marshalliano espelha a reunião de um número considerável de
pequenas firmas que transacionam entre si (Marshall, 1996).
Marshall chama a atenção para a natureza e qualidade do mercado de trabalho local, interno
ao distrito e extremamente flexível. As pessoas se movimentam de uma firma para outra, e
proprietários e empregados tendem a residir na mesma comunidade ou bairro.
A força de trabalho possui compromisso com o distrito e não com as firmas. O distrito é visto
como uma organização relativamente estável, ocorrendo alguma imigração (à medida em que
6
A grande vantagem dessa tipologia é a flexibilidade para analisar casos em um ambiente espacial complexo de
desenvolvimento econômico, no qual interagem aspectos institucionais, técnicos, sociais e econômicos.
10
A idéia de cooperação, ainda que de forma não explícita, está implícita no conceito
Marshalliano de distrito. Esta cooperação pode estar baseada em cooperação técnico-científica
a partir da complementaridade entre as empresas devido ao intenso processo de divisão do
trabalho ou devido à confiança existente entre as pessoas que trabalham no local através de
laços adquiridos por participação conjunta em associações ou relações de apadrinhamento e
reciprocidade.
Numa formulação derivada dos distritos Marshallianos figura a chamada Variante Italiana,
onde a cooperação explícita entre firmas e o estabelecimento de estruturas voltadas para a sua
autonomia, através de acordos formais, aumentam de maneira considerável a competitividade
dos distritos.
Nesse arranjo institucional as firmas contam com a ajuda de governos locais ou regionais, ou
de associações de classe, que explicitamente constroem redes voltadas para a solução de
problemas que afetam as empresas e seus mercados.
Markusen (1996) aponta para a existência de situações em que uma universidade ou centro de
pesquisa possa organizar o desenvolvimento local, fato corroborado por Hasenclever et al
(2003) ao estudar o caso da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) na cidade
fluminense de Nova Friburgo. Por meio de suas atividades de ensino, pesquisa e extensão,
uma universidade pública, UERJ, busca uma efetiva interação com a comunidade local.
Dentre as principais ações desempenhadas figura a de “pensar estrategicamente sua inserção
na região, ao mesmo tempo que participa para a solução dos principais problemas dos setores
da economia local”.
Em paralelo procura buscar uma maior aproximação das instituições que têm se mobilizado
de forma mais perene para a solução dos problemas do setor têxtil e confecções, dentre elas, a
FIRJAN, o SINDVEST, o SENAI, o SEBRAE e a própria UERJ.
Assim, os distritos do tipo núcleo-raio são dominados por uma ou poucas indústrias,
verticalmente integradas, em um ou mais setores, rodeadas por fornecedores menores e mais
fracos. Tais distritos podem apresentar uma estruturação forte, na qual as indústrias menores
são extremamente dependentes. Por outro lado, esses laços podem ser mais soltos, situação
em que as firmas menores desfrutam das economias de aglomeração criadas pelas firmas-
âncora.
espaço, enquanto que as decisões de investimento são tomadas em suas matrizes, geralmente
localizadas em outros países e as economias de escala obtidas variam de moderadas a altas
Algumas características desse tipo de distrito põem em dúvida sua eficácia enquanto elemento
estratégico sustentável, pois restringem sua capacidade de articulação com a economia
regional.
Em terceiro lugar, seu futuro está ameaçado pelo constante aprimoramento da “portabilidade”
das plantas industriais. As plataformas que recebem indústrias concentradas em atividades
dependentes de tecnologia de ponta, nas quais a estabilidade e as amenidades associadas à
esfera residencial e comunitária são essenciais para a atração e manutenção de pessoal
altamente especializado, serão menos vulneráveis. Por outro lado, plataformas que hospedam
indústrias de baixo custo serão mais vulneráveis, principalmente se o investimento em capital
fixo for baixo. Tendo em vista o fato das plantas de produção e suas instalações serem
diversificadas e suas atividades comerciais serem voltadas para a exportação, as plataformas-
satélite não geram o desenvolvimento de laços culturais ou de novas identidades, embora elas
possam destruir aqueles existentes.
Por último, no que respeita ao perfil da renda derivada desses tipos de distrito, a entrada das
plataformas em regiões extremamente deprimidas economicamente, contribui para o aumento
da renda per capita (com efeitos negativos nas regiões de origem !). Os efeitos de distribuição
intra-regionais, entretanto, dependem da natureza da indústria e da atividade. A criação de
empregos industriais de baixa qualificação em regiões agrícolas deprimidas, por exemplo,
possui a capacidade de melhorar o perfil da renda.
O quinto tipo de Distrito Industrial representa uma combinação dos quatro primeiros, daí ser
classificado como “Sistemas Mistos”. A maioria das áreas metropolitanas se caracteriza pela
existência da combinação de distritos do tipo Marshalliano, núcleo-raio, plataformas-satélite
e/ou distritos ancorados pelo Estado, ou uma combinação destes.
PARTE 2
d) sua localização não enseja acesso fácil e de baixo custo ao pessoal empregado nas
indústrias, no comércio atacadista, no transporte rodoviário de carga e urbano de
passageiros, nos centros de serviço comunitários, igrejas, escolas, quartéis da polícia
militar, dentre outras atividades;
f) desde o início de sua instalação, obtiveram apoio dos Governos Federal, Estadual e
Municipal;
Duas colunas mostram os dados de Área Bruta e Área Líquida, conforme metodologia do
Instituto Pereira Passos. A Área Líquida considera como não ocupáveis as áreas acima da cota
100. Tal conceituação é importante, no caso da Zona Oeste pois as ocupações irregulares
(invasões) se concentram nas áreas planas, isto é, consideradas como ocupáveis.
Entretanto, no caso de Copacabana, esta diferenciação induz a uma interpretação errônea, pois
a diferença entre os conceitos bruto e líquido, de cerca de 21%, fica prejudicada pelo fato da
existência de ocupações irregulares acima da cota 100.
7
www.riocomovamos.org.br/indicadores e www.armazemdedados.rio.rj.gov.br/
8
A estimativa de população por Região Administrativa (RA) em 2006 e 2007 foi feita com o uso dos dados do
estudo desenvolvido pelos demógrafos Kaizô Iwakami Beltrão, Ana Amélia Camarano, Solange Kanso e Sonoe
Sugahara, disponível no site Armazém de Dados. Foi empregada a hipótese 2 do referido estudo.
15
Áreas expressas em m2
APAR-
REG. ADMINIST. CASA GALPAO INDUSTRIA TELHEIRO TERRENO
TAMENTO
Unidades 17.152 26.655 124 57 8 9.132
Santa Cruz
Área 729.694 1.569.994 120.235 637.165 1.101 54.402.482
Unidades 23.092 47.503 413 54 60 44.137
Campo Grande
Área 1.284.820 3.529.854 242.668 370.329 10.152 61.869.046
Unidades 5.584 4.826 58 4 5 1.886
Realengo
Área 329.769 423.153 30.467 7.454 722 5.393.299
Unidades 37.315 25.578 239 43 20 11.138
Bangu
Área 1.724.469 1.737.811 183.260 71.060 3.017 29.194.595
Unidades 83.143 104.562 834 158 93 66.293
TOTAL GERAL
Área 4.068.753 7.260.812 576.630 1.086.008 14.992 150.859.422
Fonte: Cadastro do IPTU 2008
Ainda tomando como base os dados das Tabelas 1 e 2 , ao confrontarmos os valores relativos
às áreas da tipologia “terrenos” com “área líquida disponível”, observa-se que a RA de Bangu
é a que apresenta coeficiente mais elevado (68%), seguida das RAs de Campo Grande (57%),
Santa Cruz (34%) e Realengo (12%). Tais grandezas demonstram a possibilidade da ocupação
de áreas pelo uso comercial e industrial, devendo ser levada em conta a legislação existente e
as chances da sua adaptação e flexibilização a fim de atender ao desenvolvimento econômico
local.
Assim, Bangu é o bairro com maior concentração de apartamentos (37.315 unidades), seguido
de Campo Grande (23.092 unidades). Já Campo Grande possui 47.500 casas, seguido de
Santa Cruz, com 26.656 unidades, enquanto que o estoque em Bangu é de cerca de 25.500
unidades.
Um aspecto a ser destacado é o estoque de terrenos localizados nas RAs de Campo Grande
(41%)e de Santa Cruz (33%), cuja área conjunta representa cerca de 77% do total das quatro
RAs tomadas em conjunto.
Deve ser ressaltado que neste estudo não foi estudada a titularidade das propriedades
imobiliárias, assunto de complexa investigação, tendo em vista a necessidade de pesquisa
junto aos registros cartorários, ao cadastro detalhado do IPTU, dos arquivos do Serviço de
Patrimônio da União e das Secretarias de Administração do Município e do Estado do Rio de
Janeiro.
Não há qualquer dúvida em relação ao fato de que qualquer plano destinado a promover a
requalificação da Área de Estudo deverá ser precedido de levantamento minucioso da sua
estrutura fundiária, a fim de que possam ser elaborados os instrumentos normativos de
regularização, sem o que torna-se praticamente impossível a transmissão da titularidade entre
os agentes privados ou entre os agentes públicos e privados.
16
Entretanto, e relembrando ao leitor, no cerne das premissas a serem verificadas pelo Projeto,
conforme definido na Proposta IE/FAPERJ, chama a atenção o fato de que
De acordo com os depoimentos colhidos junto aos representantes das Associações Comerciais
e Industriais locais durante a fase de levantamentos deste estudo, no que respeita à estratégia
de cunho comercial, a esperada robustez dos distritos não tem atraído novas indústrias, e não
tem apresentado bons indicadores de transbordamentos para a região. Na realidade, esses
transbordamentos, se ocorrerem, poderão se dar num prazo longo, o que dificulta a avaliação
ex-ante. (Jacobs,1985). Procura-se com este Projeto, complementar as ações de longo prazo
desenhadas pelos administradores públicos, com medidas de impacto imediato, mas que
possuem condições de alavancar negócios de imediato, aproveitando condições de oferta de
mão-de-obra, de conhecimento e de recursos ociosos a disposição no local. Mas não só. Será
necessário reorientar o processo de desenvolvimento, criando novas empresas capazes de
adensarem o tecido produtivo local não apenas com atividades relacionadas à cadeia
produtiva de metal-mecânica e aço, mas também outras atividades correlatas de serviços
gerais e industriais, tais como escritórios de contabilidade e assistência jurídica e empresas de
calibração.
A partir deste contingente de firmas, poder-se-á admitir, para efeito de futura ocupação dos
espaços existentes nos diversos bairros da Área de Estudo, a introdução de firmas
pertencentes à cadeia metal-mecânica, segundo porte, espaço a ser ocupado, localização no
território, e outros critérios a serem formulados, com base nos demais diagnósticos oferecidos
pelos pesquisadores.
Para tanto, são apresentados dados sobre o dinamismo do mercado imobiliário apoiado em
estatísticas de vendas e de lançamentos de projetos imobiliários e no cadastro do IPTU da
Cidade do Rio de Janeiro.
Além disso, é a segunda maior cidade do Brasil e núcleo da também segunda maior Região
Metropolitana do país que abriga mais de 10 milhões de habitantes.
Estes investimentos enfrentam longo prazo de construção e venda das unidades, além de
diversas incertezas, como, por exemplo, a demanda, o preço do m2 do imóvel, a velocidade
de vendas e ainda contratos relativos à permuta e direito de exclusividade do terreno.
Incertezas quanto à regulação e legislação são freqüentes, o que aumenta o risco das
operações.
O planejamento e a execução dos projetos exige uma alta dose de conhecimento específico, o
que gera importantes custos administrativos para as empresas, devido à alteração constante da
legislação sobre aluguéis, impostos e aprovação de projetos dentre outros. Há casos em que
as obras são embargadas, mesmo após a liberação da Licença de Construção.
19
Analisando os dados estatísticos deste período esta posição é confirmada. Como podemos
observar na Tabela 4, enquanto no biênio 2003/2004 o número de unidades lançadas foi em
torno de 6.700 unidades/ano, no biênio 2005/2006 este número passou cerca de 9.000
unidades/ano, representando um crescimento da ordem de 34%.
Em 2007 o resultado do setor foi superior: considerando como base o ano de 2006, o número
de unidades lançadas sofreu uma elevação de 48%, alcançando o patamar de 13.000
unidades/ano.
Uma explicação para este fato é a ocupação urbana do Rio de Janeiro nos últimos anos, a qual
fez com que condomínios de grande porte se concentrassem na Zona Oeste da cidade, em
particular na Barra da Tijuca e Recreio.
Por outro lado, as próprias mudanças nas preferências dos indivíduos, resultado de
transformações ocorridas na sociedade, trazem importantes implicações para o mercado
imobiliário, redefinindo os critérios de localização e as estratégias de atuação do capital.
21
A licença de obra é o documento concedido pela Prefeitura que permite construir, lotear ou
instalar comercialmente de acordo com a legislação. Dentre os tipos de licenças estão:
Embora os dados de licenças de obra possam não refletir exatamente a determinação espacial
das novas unidades construídas, uma vez que englobam diversas outras aprovações, podem
ser considerados um bom indicador.
A Tabela 7 traz essas informações para os anos de 2006 e 2007. Em ambos os anos a Área de
Planejamento AP 4 desponta como a região com maior área e número de unidades
licenciadas. . Em 2007, em termos de unidades, a AP 5 aparece em segundo lugar na relação
de licenças de obra concedidas.
Cabe salientar que os dados observados nas tabelas foram detalhados pelos principais
logradouros de cada um dos bairros constantes das RAs, a fim de subsidiar o planejamento e a
implementação das ações de requalificaç
Nº Nº Nº Nº Nº Nº Nº
Área Área Área Área Área Área Área
Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades Unidades
REALENGO
APARTAMENTO 1.368 78.361 61 4.114 468 25.279 1.878 117.450 1.809 104.565 12.775 699.141 18.359 1.028.910
CASA 138 22.443 384 47.006 167 18.573 1.526 154.104 2.611 181.027 14.059 1.006.992 18.885 1.430.145
GALPAO 8 18.785 1 2.590 6 1.941 14 1.891 29 5.260 110 42.458 168 72.925
INDUSTRIA 1 654 - - - - - - 3 6.800 24 8.347 28 15.801
TELHEIRO - 1 - - - - - - 5 721 11 662 16 1.384
TERRENO 33 53.242 567 139.380 68 30.455 558 4.528.128 660 642.094 5.073 6.286.500 6.959 11.679.799
Fonte: Cadastro do IPTU 2008
Exclui as Tipologias: Sala, Loja, Loja de Shopping, Shopping, Colégio, Clube e Especial
Exceto para a tipologia terreno, área significa "área construída".
SAN TA C R U Z Nº Nº Nº Nº
Área Área Área Área
U nidades U nidades U nidades U nidades
APAR TAM EN TO 9.283 399.264 6.802 271.775 1.067 58.655 17.152 729.694
C ASA 15.583 870.667 3.813 268.868 7.259 430.459 26.655 1.569.994
G ALPAO 79 84.229 31 32.756 14 3.250 124 120.235
IN D U STR IA 39 542.207 16 94.458 2 500 57 637.165
TELH EIR O 8 1.100 - - - 1 8 1.101
TER R EN O 4.302 39.225.333 4.572 13.501.634 258 1.675.515 9.132 54.402.482
Fonte: C adastro IPTU (2008)
Exclui as Tipologias: Sala, Loja, Loja de Shopping, Shopping, C olégio, C lube e Especial
Exceto para a tipologia terreno, área significa "área construída".
Os dois primeiros tipos estão presentes em toda a trama urbana, inclusive em áreas habitadas
por alta renda. Vão existir quando, por exemplo, uma edificação não respeitar o Código de
Obras vigente ou quando alguma loja se localizar em área não permitida. Estas irregularidades
9
Neste estudo utiliza-se a expressão “Assentamentos Irregulares” para denominar qualquer assentamento que
esteja em desacordo com qualquer norma jurídica.
24
não impedem o registro da propriedade fundiária, embora gerem conflitos quanto ao alvará ou
quanto à regularização do habite-se e, portanto, da escritura definitiva da edificação. Por essa
razão, dependendo da situação específica, um assentamento pode ser incluído em todas as
categorias mencionadas.
Além disso, deve-se ressaltar a dificuldade de implementação das leis em vigor, devida em
parte à falta de informação e educação jurídicas e ao difícil acesso ao Poder Judiciário para o
reconhecimento dos interesses sociais e ambientais.
A combinação desses processos tem feito com que o lugar dos pobres na cidades como um
todo e, de maneira crescente na AP 5, sejam as áreas não dotadas de infra-estrutura
urbanística, áreas, freqüentemente, inadequadas à ocupação humana ou de preservação
ambiental.
Mesmo sendo a única opção de moradia permitida aos pobres nas cidades, não se trata de uma
boa opção, em termos urbanísticos, sociais e ambientais, e nem sequer de uma opção barata,
já que o crescimento das práticas de informalidade e o adensamento das áreas ocupadas têm
gerado custos elevados de terrenos e aluguéis nessas áreas, além de altos custos e baixa
qualidade de gestão da própria cidade. Em outras palavras, os pobres têm pago um preço
muito alto — em vários sentidos — para viverem em condições precárias, nas favelas,
ocupações, loteamentos clandestinos ou irregulares e cortiços, que se configuram de maneiras
distintas.
Até mesmo loteamentos e conjuntos promovidos pelo Estado fazem parte desse vasto
universo de irregularidade.
Tal situação demanda uma resposta por parte do Poder Público, no que respeita às ações
voltadas para a regularização desses tipos de assentamento. Dentre o elenco de medidas
voltadas para frear o processo de ocupações irregulares figura o Decreto nº 28.801 de 2007,
que cria o Macrozoneamento da Cidade para orientar as ações de planejamento urbano e de
controle do uso do solo, estabelecendo Macrozonas de Ocupação (Controlada, Condicionada,
Incentivada e Assistida), no qual as regiões da AP3 (Subúrbios) e AP5 (Zona Oeste) são
consideradas prioritárias para empreendimentos sociais envolvendo habitação, transportes,
saneamento e infra-estrutura urbana e para iniciativas geradoras de emprego e renda.
O Decreto orienta os órgãos municipais no sentido de privilegiar suas ações nessas áreas.
Encontram-se tramitando na Câmara dos Vereadores medidas direcionadas para a revisão da
legislação de áreas estagnadas, que prioriza a implantação de empreendimentos residenciais
de cunho social tais como as Áreas Militares (ZE7) e as Agrícolas (ZR6), a maioria em Santa
Cruz.
Este conjunto de ações vai ao encontro dos pontos defendidos pelo Projeto, pois incentiva a
ocupação regular de áreas abandonadas, invadidas ou ociosas, que podem se renovar com os
novos usos, ao mesmo tempo em que estimula a produção de habitações, sobretudo as
destinadas à população de baixa renda, reduzindo as exigências para licenciar projetos
destinados a essa camada populacional, a fim de conter ou reduzir as invasões e construções
irregulares. O Decreto prevê ainda a criação de áreas destinadas à implantação de pequenos
negócios de natureza comercial e industrial com o objetivo de oferecer emprego e renda aos
10
Podem ser citados, o Estatuto da Cidade, o Plano Diretor, os Planos de Estruturação Urbana, etc.
26
A Cidade do Rio de Janeiro possui 750 favelas cadastradas, de acordo com o levantamento de
2004. São distribuídas de forma desigual pelas Áreas de Planejamento. A Área de
Planejamento 3, por exemplo, abriga o maior número (312 favelas) e a AP 2, o menor: 52
favelas. O crescimento das áreas ocupadas por estes assentamentos irregulares foi observado
em quase todas as APs, com exceção da correspondente aos bairros da Zona Sul, a qual
apresentou decréscimo percentual de 0,2%.
N ú m e ro e á re a d e fa v e la s id e n tific a d a s p o r Á re a d e P la n e ja m e n to (A P )
C re s c im e n to d a s Á re a s O c u p a d a s n o p e río d o 1 9 9 9 -2 0 0 4
N º de Á re a k m 2 V a ria ç ã o
Á re a d e P la n e ja m e n to
fa v e la s 1999 2004 %
A P 1 – C e n tro 63 2 ,2 6 2 ,2 8 0 ,9
AP2 - Zona Sul 52 4 ,1 1 4 ,1 0 (0 ,2 )
A P 3 - Z o n a N o rte 312 1 7 ,3 6 1 7 ,7 5 2 ,2
A P 4 - B a rra e J a c a re p a g u á 150 6 ,0 1 6 ,2 9 4 ,7
A P 5 - Z o n a O e s te 173 1 1 ,7 1 1 2 ,4 7 6 ,5
T o ta l d a C id a d e 750 4 1 ,4 6 4 2 ,8 9 3 ,4
F o n te : IP P /D IG - S A B R E N e C a rto g ra fia D ig ita l
Em 1999, as favelas ocupavam 41,5 Km2 e em 2004, 43,0 Km² representando 3,5 % de
crescimento entre esses dois anos. Quando dividimos a cidade por Áreas de Planejamento, as
APs que apresentaram aumento nas respectivas áreas ocupadas foram as APs 5, 4, 3 e 1. A AP
2 teve um decréscimo de 0,2 %. A AP 5 foi a que mais cresceu percentualmente (6,4 %).
27
Das 33 RA’s, as que possuem bairros com maior número de favelas são: Jacarepaguá (94),
Madureira (53) e Méier (52). Centro (0), Rocinha (1), Ilha de Paquetá (3) e Copacabana (4)
apresentam as menores quantidades.
As RA’s com maior área de favela são: Jacarepaguá (4,58 km2), Bangu (3,74 km2) e Pavuna
(3,26 km2) e as com menor, são: Centro que não tem nenhuma favela, Ilha de Paquetá (0,03
km2), Cidade de Deus (0,11 km2) e Copacabana (0,28 km2).
A tabela 14 apresenta os dados de crescimento das áreas de ocupação irregular por bairro e
respectiva Região Administrativa. Fica evidenciado o problema da concentração do número e
do tamanho dos assentamentos nas RAs localizadas na Zona Oeste.
28
C id a d e d o R io d e J a n e ir o
F a v e la s p o r R e g iõ e s A d m in is t r a t iv a s
V a r ia ç ã o 1 9 9 9 - 2 0 0 4
N ú m e ro d e Á re a (k m ²) V a r ia ç ã o
R e g iã o A d m in is tr a tiv a
fa v e la s %
1 999 20 04
X X V I – G u a r a tib a 25 1 ,3 7 8 1 ,6 8 1 2 1 ,9 9
X X IV - B a r r a d a T iju c a 50 1 ,5 0 7 1 ,5 9 8 6 ,0 2
X IX - S a n ta C ru z 31 2 ,9 3 9 3 ,0 9 1 5 ,1 9
X II – In h a ú m a 19 0 ,6 0 3 0 ,6 3 2 4 ,9 0
X V III - C a m p o G ra n d e 44 3 ,0 8 8 3 ,2 3 1 4 ,6 4
X X X IV - C id a d e d e D e u s 6 0 ,1 0 7 0 ,1 1 2 4 ,4 0
X V I – J a c a re p a g u á 94 4 ,3 9 7 4 ,5 8 3 4 ,2 3
X X V – P avuna 37 3 ,1 3 5 3 ,2 6 7 4 ,2 1
X X X III – R e a le n g o 30 0 ,6 8 8 0 ,7 1 5 3 ,8 3
X X X - C o m p le x o d a M a r é 10 0 ,9 1 0 0 ,9 4 3 3 ,6 9
X V II – B a n g u 43 3 ,6 1 8 3 ,7 4 8 3 ,5 8
X X I - Ilh a d e P a q u e tá 3 0 ,0 3 0 0 ,0 3 1 3 ,3 3
X X - Ilh a d o G o v e r n a d o r 29 1 ,5 1 1 1 ,5 5 7 3 ,1 0
X III – M é ie r 52 1 ,9 2 7 1 ,9 8 1 2 ,7 6
X V – M a d u r e ir a 53 1 ,9 8 3 2 ,0 3 6 2 ,6 5
X – R am os 19 0 ,9 5 5 0 ,9 7 3 1 ,8 8
X X V II – R o c in h a 1 0 ,8 5 3 0 ,8 6 4 1 ,3 5
X X III - S a n ta T e re s a 17 0 ,3 1 4 0 ,3 1 8 1 ,3 5
V – C opacaban a 4 0 ,2 8 0 0 ,2 8 4 1 ,2 9
I – P o r tu á r ia 11 0 ,4 0 6 0 ,4 1 1 1 ,1 7
X I – P e nha 16 1 ,1 0 6 1 ,1 1 7 0 ,9 9
X IV – Ir a já 9 0 ,8 2 1 0 ,8 2 9 0 ,9 3
III - R io C o m p r id o 18 0 ,7 8 3 0 ,7 8 9 0 ,7 1
IV – B o ta fo g o 14 0 ,3 3 1 0 ,3 3 3 0 ,5 6
X X V III - J a c a r e z in h o 9 0 ,4 4 1 0 ,4 4 3 0 ,4 5
V I – L agoa 7 0 ,4 8 8 0 ,4 9 0 0 ,4 1
X X IX - C o m p le x o d o A le m ã o 12 1 ,8 5 4 1 ,8 6 1 0 ,3 7
X X X I - V ig á r io G e r a l 17 1 ,0 2 3 1 ,0 2 4 0 ,1 4
II – C e n tro 0 0 ,0 0 0 0 ,0 0 0 0 ,0 0
X X II – A n c h ie ta 30 1 ,0 9 0 1 ,0 9 0 -0 ,0 2
V II - S ã o C r is tó v ã o 14 0 ,7 2 8 0 ,7 2 7 -0 ,1 5
V III – T iju c a 16 1 ,2 1 9 1 ,2 1 1 -0 ,7 1
IX - V ila Is a b e l 10 0 ,9 4 3 0 ,9 2 3 -2 ,1 2
C id a d e 750 4 1 ,4 6 4 2 ,8 9 3 ,4 6
Fonte: IPP/DIG - SABREN e Cartografia Di
As RA’s que apresentaram maior crescimento de área foram as RA’s de Guaratiba (21,99 % -
muito superior a todas as outras), Barra da Tijuca (6,02 %) e Santa Cruz (5,19 %). As que
tiveram maior decréscimo de área foram as RA’s de Vila Isabel (- 2,12 %), Tijuca (- 0,71 %)
e São Cristóvão (- 0,15 %).
Área Ocupada
Favela/ Ranking
Bairro Variação
Comunidade Geral 1999 2004
%
Fazenda Coqueiro 1ª Senador Camará 1.072.682,9 1.094.848,4 2,07
Nova Cidade 2ª Campo Grande 921.756,3 933.162,6 1,24
Vila do Vintém 6ª Padre Miguel 476.615,3 476.615,3 0,00
Três Pontes 11ª Paciência 359.729,7 369.054,3 2,59
Divinéia 17ª Paciência 304.619,9 305.429,2 0,27
Nova Jersei 23ª Paciência 235.455,5 262.201,0 11,36
Saquaçu 24ª Paciência 253.419,9 255.912,7 0,98
São Jerônimo 30ª Campo Grande 221.001,6 232.579,2 5,24
Vila do Céu 41ª Cosmos 198.737,5 198.737,5 0,00
Vila São Jorge 63ª Senador Camará 147.550,4 148.530,4 0,7
Total 4.191.569,0 4.277.070,6 2,04
Total Rio de Janeiro (745) 41.115.604,3 42.460.724,9 3,27
Fonte: IPP/DIG - SABREN e Cartografia Digital
O início da ocupação industrial do Rio de Janeiro foi marcado pela convivência entre os usos
- indústrias e imóveis residenciais e comerciais ocupavam espaços contíguos. Restrições
quanto à localização das fábricas só ocorriam quando elas eram consideradas prejudiciais à
vizinhança. A partir da década de 1930 teve início a definição das zonas de ocupação mais
específicas, em geral com a manutenção dos núcleos industriais já existentes. A primeira
Zona Industrial (ZI) efetivamente delimitada foi a de São Cristóvão.
Em 1937 é promulgado o Dec.Lei nº 6.000, pelo qual são definidas pela primeira vez áreas
específicas para a localização de indústrias, à margem direita dos trilhos da Central do Brasil.
A partir dos anos 1940, ocorre a construção da Av. Brasil e, a partir dela, a Rodovia
Presidente Dutra.
A Avenida Brasil, por exemplo, foi quase toda inserida em uma Zona Industrial (ZI), com
exceção de algumas áreas especificamente residenciais, reservadas pelos programas de
moradias populares do governo federal. Cabe acrescentar que os núcleos urbanos do subúrbio
11
Grande parte deste texto está baseado no documento “A Recuperação de Imóveis Abandonados” Prefeitura
Municipal da Cidade do Rio de Janeiro, 2007
30
Na Área de Planejamento 5 as áreas industriais começaram a ser definidas nos anos 60, após a
criação do Estado da Guanabara. Foi implantada a infra-estrutura necessária (ramal
ferroviário Sepetiba-Japeri e termelétrica de Santa Cruz) e construída a Companhia
Siderúrgica da Guanabara (COSIGUA). O Distrito Industrial de Santa Cruz surgiu com a
desapropriação do antigo Campo de Marte, tendo sido financiado pela Companhia Progresso
do Estado da Guanabara (COPEG).
Na década de 70, foram criados vários Distritos Industriais ao longo da Avenida Brasil. Em
1976, foram definidas e classificadas as zonas industriais em ZI-1 e ZI-2, conforme o porte e
as tipologias das unidades fabris, de acordo com o Regulamento de Zoneamento do Município
(Decreto Municipal 322/76).
Em 1986, foi elaborado o projeto municipal dos Pólos Industriais, que visava, em parte, à
descentralização das atividades econômicas, à concentração das indústrias poluidoras e à
expansão das áreas industriais, tendo em vista o seu elevado grau de ocupação. Concebidos
para atender às pequenas empresas, os Pólos contavam com a participação efetiva da
iniciativa privada em quase todos os passos de implantação do projeto: associação dos
empresários, escolha do terreno, loteamento, construção dos equipamentos comuns e
administração. Apesar da boa comercialização dos lotes, a taxa de ocupação foi muito baixa.
Nas últimas décadas, ocorreu o processo de esvaziamento industrial do Rio de Janeiro, com a
desocupação de inúmeros galpões em toda a Região Metropolitana, particularmente em áreas
próximas às favelas. Segundo a CODIN, a insegurança gerada nessas áreas contribui
sobretudo para o deslocamento das indústrias de pequeno e médio porte.
Devem ser considerados ainda outros fatores não ligados à questão urbana, como novas
formas de produção devido ao avanço tecnológico; a transmissão de informações; e a guerra
fiscal promovida por diversos estados que oferecem isenções, atraindo grandes indústrias para
o Nordeste e o Sul do país.
A alteração econômica, seja qual for sua causa, conduziu não só à diminuição da atividade
industrial como à dificuldade de reaproveitamento dos imóveis construídos com fins
específicos e à degradação de seu entorno, pois o comércio e as pequenas atividades afins
perderam a razão de existir. Assim, na cidade do Rio de Janeiro, aumenta a cada dia o número
de imóveis abandonados, com seu entorno degradado.
31
A isso se soma a expansão das comunidades carentes que, muitas vezes, invadem esses
espaços, gerando situações de difícil solução, devido ao alto custo do seu reassentamento.
A hierarquia viária não é resguardada e o tráfego de passagem invade as ruas locais, servindo
de alternativa aos engarrafamentos, desagregando e descaracterizando áreas residenciais que
deveriam ser preservadas.
A infra-estrutura dos trens também funciona como elemento desagregador dos espaços nos
bairros servidos pela ferrovia, pois nesses bairros o potencial atrativo das estações não exerce
a sua função de catalisador das atividades comerciais.
A avaliação da estrutura dos serviços de transporte na RMRJ foi conduzida através da análise
dos diversos componentes do modelo vigente na prestação dos serviços de transporte nas
condições atuais, de modo a possibilitar a estruturação das diretrizes propostas pelo PDTU e
orientar a concepção das alternativas simuladas.
São poucos os eixos estruturados para o atendimento das demandas verificadas, uma vez que
faltam corredores exclusivos e as faixas preferenciais são poucas e desrespeitadas pelos
condutores dos demais veículos; - o subsistema de trens não conta com tecnologia adequada
para seu desempenho como corredor estrutural e para conforto dos usuários.
A Área de Estudo dispõe de vias secundárias que correm no sentido leste-oeste, a partir de
Bangu, atingindo praticamente o limite Oeste. As Avenidas Campo Grande, Av. de Santa
32
Cruz – entre Realengo e Santíssimo - e Cesário de Melo – entre Senador Vasconcelos e Santa
Cruz (junto ao Distrito Industrial de Paciência) verdadeiras paralelas aos eixos principais, o
rodoviário (Av. Brasil) e ferroviário (Supervia).
No sentido norte-sul, o que permite o acesso ao corredor da Av. Brasil, há outros logradouros
importantes, tais como a Estrada do Mendanha (das proximidades do West Shopping até a
Av. Brasil – altura do nº 40.400); Estrada do Lameirão (da fábrica de solda até a Av, Brasil
39.500), e Estrada do Magarça.
Esta estrutura viária indica as vantagens da RA de Campo Grande em relação às demais áreas
constantes do estudo, podendo ser um fator relevante no processo de escolha do foco das
ações a serem implementadas após a concretização do estudo e das discussões em torno das
propostas sugeridas aos interessados.
Implantação de corredores de transporte coletivo por ônibus, com tratamento preferencial nos
eixos de grande demanda por este serviço;
Qualificação geral do serviço de transporte prestado no campo de infra-estrutura, visando
maior regularidade, menor lotação das viagens, maior conforto da viagem e menores tempos
gastos pelas pessoas.
O sistema ferroviário atende 11 dos 20 municípios que compõem a RMRJ: Rio de Janeiro,
Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mesquita, Queimados, São João de Meriti, Belford
Roxo, Japeri, Paracambi e Magé. São 220 km de extensão sendo 560 km de vias e 89
estações.
O total de viagens oferecidas em dias úteis é da ordem de 635 viagens, sendo que 108
viagens (17%) se referem ao Corredor Santa Cruz, 22% ao Corredor Deodoro, 26% ao
Corredor Japeri, 14% ao Corredor Belford Roxo e 18% ao Corredor Saracuruna. No Corredor
Vila Inhomirim, com tração diesel, a participação em relação à oferta total do sistema é de
2%.
O Ramal de Santa Cruz é responsável pelo transporte de cerca de 15% do total anual de
passageiros. Do total desse ramal, cerca de 21% se refere ao transporte de passageiros na
estação de Campo Grande.
34
PARTE 3
Em linhas gerais pode-se dizer que o Decreto 322/76 além de atualizado e revogado nos
bairros que foram objeto dos Projetos de Estruturação Urbana – PEU, como é o caso de
Campo Grande, convive com outras normas e atualizações temáticas, muitas vezes, com foco
em áreas específicas.
12
O decreto nº 322/76, assim como demais normas relacionadas ao zoneamento e edificações encontram-se
(disponível em formato Word) no site da “Associação de Fiscais de Atividades Econômicas do Rio de Janeiro” –
AFAERJ: http://www.afaerj.org.br/consulta.
35
Nem sempre é fácil identificar com precisão o que de fato vigora para efeito de licenciamento
urbano, já que diferentes categorias são criadas e não são incorporadas explicitamente nas
normas posteriores que são editadas com o intuito de atualizar a legislação anterior.
Em 1991, os Anexos do Decreto 322/76 tiveram suas redações alteradas pelo Decreto nº
10.426/91. O objetivo expresso na revisão da norma anterior foi simplificar formalidades no
processo de licenciamento de edificações, dispensando exigências de áreas mínimas úteis e
estabelecendo normas e prazos para análise e aprovação de projetos. Tal exemplo demonstra
uma situação comum na legislação urbanística do Rio, na qual diversos regulamentos e
normas coexistem para tratar de assuntos correlatos e com o mesmo objetivo geral.
Um aspecto de alta gravidade, porém, é o fato da legislação urbanística da Cidade não estar
disponível ao público de maneira facilitada e traduzida não deve ser subestimado.
O Decreto nº 322/1976
A estas zonas foram vinculados usos e atividades, taxas de áreas livres mínimas nos lotes,
tipos de edificações permitidos, categoria dos lotes e índices/coeficientes de aproveitamento
do terreno a serem aplicados no cálculo da área máxima a ser construída, estabelecendo uma
relação entre a área do lote e a área edificada.
Além disso, outras condições de ocupação das edificações foram colocadas, como a
determinação de afastamentos, número máximo de construções no terreno, gabaritos e
pavimentos destinados à guarda de veículos.
O Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro, aprovado em 1002 – isto é – antes do advento
do Estatuto da Cidade, mas ainda em vigor, prevê quatro instrumentos:
36
• Solo criado, art.s 23 a 27, (denominado pelo Estatuto da Cidade de outorga onerosa do
direito de construir);
• Operação Interligada, art.s 28 e 29;
• Urbanização Consorciada, art.s 30 a 32 e
• Parcelamento, Edificação e Uso compulsórios, art.s 33 a 37.
A operação interligada permite a alteração dos parâmetros urbanísticos, nos limites traçados
em lei, mediante contrapartida dos beneficiários.
Assim, tanto as operações interligadas quanto a urbanização consorciada podem ser aplicadas
pelo Município, desde que sejam disciplinadas por lei específica.
Portanto, todas as edificações no Município devem utilizar apenas o coeficiente um, podendo
utilizar coeficiente maior mediante o solo criado, nos limites estabelecidos no Anexo II do
Plano. A norma é aplicável independentemente de previsão em norma específica, e ela é, na
sua natureza jurídica, a materialização do que o Estatuto da Cidade denominou de “outorga
onerosa do direito de construir” (art.28 de ECi). Ë através deste instituto que o Município
pode, e deve, cumprir a diretriz de justa distribuição de ônus e bônus do processo de
urbanização.
Com isso dispõe-se de outros instrumentos de gestão do uso e ocupação do solo capazes de
gerar recursos para a implementação do Projeto conforme sugerido neste estudo.
3.2. Os PEUs
Seguindo uma tradição do planejamento do Rio de Janeiro, o Plano Diretor assumiu como
herança do Plano Urbanístico Básico do Rio de Janeiro – PUB-Rio, a divisão territorial do
município em Áreas de Planejamento; e determinou uma “macro-definição para o
37
De acordo com a Lei Complementar nº 16/1992(Plano Diretor - art. 11.), “o detalhamento das
normas gerais de parcelamento da terra e de uso e ocupação do solo será feito em Projeto de
Estruturação Urbana – PEU, instituído por lei. O PEU definirá a legislação urbanística das
Unidades Espaciais de Planejamento – UEP, a partir das peculiaridades de cada bairro ou
do conjunto de bairros que as compõem”.Na prática os PEUs contêm diretrizes para a
expansão urbana e parâmetros urbanísticos destinados a um conjunto de bairros fisicamente
próximos, que contenham alguma similaridade e que estejam inseridos em uma mesma
Unidade Espacial de Planejamento (UEP).
Associando várias UEPs, o Projeto de Estruturação Urbana comporta em seu conteúdo desde
a delimitação das Zonas, com seus respectivos usos, e das Áreas de Especial Interesse à
fixação de Índices de Aproveitamento de Terreno (IAT). O Município foi dividido em 55
UEPs, das quais 17 foram indicadas como prioritárias para a elaboração dos PEUs.
Dentre estas, apenas cinco foram contempladas: a UEP 16, englobando os bairros da Tijuca e
Praça da Bandeira – na Área de Planejamento (AP) 2; as UEPs 42 e 43, relativas à Taquara,
Freguesia, Pechincha e Tanque – na AP 4; e as UEPs 51 e 52, referentes à Campo Grande,
Santíssimo, Senador Vasconcelos, Cosmos e Inhoaíba – na AP 5.
Nota-se que, de acordo com o Anexo IV do Plano Diretor, estes locais tinham como objeto a
“reestruturação urbana” de áreas remanescentes da implantação do metrô; e de áreas de
expansão de comércio e serviços, respectivamente..
A razão da escolha das áreas que foram objeto dos PEUs não tem uma definição clara,
podendo resultar de uma combinação de articulações políticas locais e da intenção de voltar a
atenção dos planejadores para áreas menos valorizadas da Cidade, enquanto mudanças
pontuais e estratégicas continuavam guiando a legislação urbanística nas áreas de interesse
imobiliário.
Institui o PEU de Campo Grande - Projeto de Estruturação Urbana dos Bairros de Campo
Grande, Santíssimo, Senador Vasconcelos, Cosmos e Inhoaíba, integrantes das Unidades
Espaciais de Planejamento 51 e 52 (UEP 51 e 52).
Dentre os objetivos gerais explicitados na LC 72/2004 que vão ao encontro dos itens
preconizados pelo Projeto figuram:
VII - promover a utilização efetiva dos bens imóveis destinados ao poder público para a
instalação de equipamentos públicos e áreas de lazer.
III - promoção de gestões junto ao governo estadual para executar, mediante regime de
parceria, as seguintes medidas:
a) reforma das estações ferroviárias;
b) instalação de pequenos terminais rodoviários nas áreas centrais existentes e projetadas
(Áreas de Especial Interesse Urbanístico), funcionando em regime de integração tarifária com
o sistema ferroviário;
39
VII - utilização, por parte do Poder Público, nas áreas que apresentem problemas de
drenagem, de material que possibilite a infiltração de águas pluviais em obras de urbanização
de logradouros;
VIII - criação de cadastros, na forma do art. 217, inciso II, do Plano Diretor, e fornecimento
dos dados cadastrados aos órgãos públicos setoriais responsáveis pela implantação dos
serviços, em especial aqueles das áreas de Educação, Saúde, Desenvolvimento Social, Cultura
e Lazer;
As Zonas
Art. 77. Fica definida como Área de Especial Interesse Funcional (AEIF), aquela destinada à
implantação do Terminal Rodoviário Norte, situado na região ao norte da estação ferroviária
de Campo Grande.
A legislação de interesse do Projeto é listada a seguir, devendo ser ressaltado que, do ponto de
vista da intervenção que se vislumbra oportuna, apenas o PEU de Campo Grande receberá
comentários e sugestões capazes de contribuir para as discussões a ocorrerem no Seminário
previsto no Projeto.
O PEU de Bangu, instituído pelo Decreto nº 7.914, de 3 de agosto de 1988, apesar de haver
sido modificado pela Lei Complementar nº 49, de 27/12/2000, ainda se mostra relativamente
rígido no tocante à ocupação e uso industrial do solo, estabelecendo como única alternativa
uma ZPI – Zona Predominantemente Industrial. Já o PEU de Campo Grande apresenta maior
flexibilidade quanto à ocupação e uso do solo, pois estabelece três tipos de Zonas capazes de
hospedar estas atividades: Zona de Uso Misto – ZUM, Zona Predominantemente Industrial-
ZUPI e Zona Estritamente Industrial - ZEI
Em resumo, a legislação que trata da ocupação e uso do solo se caracteriza como um dos
fatores importantes referentes ao desenvolvimento urbano. A falta de definições claras sobre o
conteúdo de uma política urbana possui impactos tão nocivos quanto a omissão do poder
público a esse respeito. Na prática, é o que ocorre. Várias ações setoriais são executadas sem
que haja coordenação institucional e a fragmentação daí decorrente provoca aumento nos
custos da urbanização.
41
PARTE 4
Mudança da legislação
Mudança da legislação, pelo menos nas áreas que continuam regidas pelo Decreto 322/76,
quanto à flexibilização do uso e ocupação com a criação de áreas classificadas como ZR,
passando a permitir algumas atividades próprias de Zonas de Uso Misto e Zonas Comerciais e
de Serviços e Pequenas Indústrias.
Abertura de Logradouros
A abertura de logradouros em terrenos de grandes dimensões a fim de modernizar a malha
viária local e também facilitará seu aproveitamento, com a criação de novos acessos.
Parcelamento
Sugere-se, ainda, o parcelamento de grandes terrenos ociosos que reduza o tamanho dos lotes
em algumas áreas, assim evitando a ocupação irregular, pois seu uso passa a ser produtivo,
além do efeito decorrente do aumento do emprego da população local.
Referências Bibliográficas:
GRAY, M., GOLOB, E. e MARKUSEN, A. (1996). “Big Firms, Long Arms, Wide
Shoulders: The ‘Hub-and Spoke’ Industrial District in the Seattle Region”. Regional Studies,
30, 651-66
HINDSON, D. e STAMER, J. M.. “The Local Business Environment and Local Economic
Development: Comparing Approaches”.. Working Paper 11/2007. Mesopartner. Duisburg.
Alemanha. Disponível em www.mesopartner.com))
PINHEIRO, A.I. Políticas públicas urbanas na Prefeitura do Rio de Janeiro. Coleção Estudos
Cariocas. Nº 200811 01 Novembro – 2008.
PINHEIRO, A.I. Políticas públicas urbanas na Prefeitura do Rio de Janeiro Coleção Estudos
Cariocas. Nº 200811 01 Novembro – 2008
ANEXO 1
Área contida pelos limites do Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 35.779 - Distrito
Industrial de Campo Grande.
Área limitada a partir do encontro da Avenida Brasil com a Estrada dos Palmares; Estrada do
Campinho; lote 1 do Projeto Aprovado de Loteamento (PAL) n.º 26.724 (inclusive as
modificações introduzidas pelos PAL’s n.º 31.137 e 31.571); Avenida Brasil
45
USOS E ATIVIDADES
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), I.c) e
a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições a algumas atividades
ZR2 Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço III adequado com restrições ao porte, às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
47
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), I.c)
II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a) e II.c) e a algumas atividades. Vedada a situação de impacto II.b).
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.b), I.c)
II.a) e II.c). Vedada a situação de impacto II.b).
ADEQUADOS
Industrial I adequado com restrições ao porte, às situações de impacto I.c), II.a), II.b) e II.c)
ZUPI Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c) e a
algumas atividades
ZUPI
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Industrial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições ao porte e restrições a algumas atividades
ZEI Industrial I adequado com restrições ao porte e restrições às situações de impacto II.a), II.b) e II.c)
Industrial II adequado com restrições ao porte e restrições às situações de impacto II.a), II.b) e II.c)
Industrial III adequado com restrições ao porte e restrições às situações de impacto II.a), II.b) e II.c)
ZCS1 Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b),
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades.
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b)
I.c), II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
ZCS2 Residencial I adequado
Residencial II adequado
Comercial I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Comercial III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Serviço III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a), I.b), I.c),
II.a), II.b) e II.c) e a algumas atividades
Industrial I adequado com restrições ao porte, restrições à situação de impacto I.c)
e a algumas atividades
ZCA Residencial I adequado
Serviço I adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c) e a
algumas atividades
Serviços II adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Serviços III adequado com restrições ao porte, restrições às situações de impacto I.a),I.b),I.c),II.a),II.b) e II.c)
e a algumas atividades
Agrícola adequado com restrições a algumas atividades
49
ANEXO 2
PEU DE BANGU
57
PEU BANGU
Lei Complementar nº 49, de 27/12/2000
Modifica o Decreto nº 7.914, de 3 de agosto de 1988 – PEU Bangu, no que se refere às áreas
agrícolas, com vistas ao atendimento ao artigo 1º do Decreto nº 13.391, de 21 de novembro de
1994, e ao artigo 48 da Lei Complementar nº 16, de 4 de junho de 1992, e no que se refere aos
tipos de edificações permitidos.
Área delimitada a partir do encontro da Avenida Brasil com a Estrada Sargento Miguel
Filho; por esta (incluído apenas o lado par), até o limite norte do PAL 38.788; por este limite,
em direção nordeste (incluídos apenas os lotes com testada para a Avenida Brasil), até
encontrar a faixa da Adutora do Ribeirão das Lages; por esta (excluída), até a Estrada do
Engenho; por esta (incluído apenas o lado ímpar), até a Praça Piquirobi; por esta (incluída), até
a Avenida Ministro Ari Franco; por esta (incluído apenas o lado par), até encontrar a faixa da
Adutora do Ribeirão das Lages; por esta (excluída), até o limite do PAL 38.714; por este
(incluídos apenas os lotes com testada para a Avenida Brasil), até o leito do Rio Sarapuí ou das
Tintas; por este, até encontrar a Avenida Brasil; por esta (incluído apenas o lado par), até a
Estrada da Cancela Preta; por esta (incluído apenas o lado par), até a Estrada do Encanamento;
por esta e por seu prolongamento (incluído apenas o lado par), até encontrar o leito do Rio
Sarapuí ou das Tintas; por este, até a Rua Catiri; por esta em direção oeste (incluído apenas o
lado par), até o limite do PAL 25.759; por este (incluído) e pelo seu limite norte, até a Estrada
de Gericinó; por esta (incluído apenas o lado ímpar), até encontrar o limite norte do PAL
4.573; por este limite (incluído), até o Caminho do Encanamento do Guandu (não
reconhecido); por este (incluído apenas o lado ímpar), a Rua Treze de Março (não
reconhecida); por esta (incluído apenas o lado par), até a Estrada do Quafá; por esta (incluído
apenas o lado ímpar), até a Rua Paulino do Sacramento; por esta (incluído apenas o lado par),
até a Avenida Brasil; por esta (incluído apenas o lado par), até encontrar o ponto de partida.
Área delimitada a partir do encontro da Rua Coronel Tamarindo com Rua Falcão
Padilha; por esta (incluída), até a Rua Sul América; por esta (incluída) e incluindo a Avenida
Ministro Ari Franco até a Rua Gil Amora (excluída), até a Avenida Sargento Alberto da Costa;
por esta (incluída), até o leito da RFFSA, por este, até o prolongamento da Rua dos Açudes;
por esta (incluído apenas o lado ímpar), até a Rua da Feira; por esta (incluída), até a Praça Dr.
Raymundo Paz; por esta (incluída), até a Rua Francisco Real; por esta (incluída), até a Rua
Fonseca: por esta (incluída), até a Rua Santa Cecília, Praça da Fé (incluída), até a Rua Silva
Cardoso; por esta (incluída), até a Rua Francisco Real; por esta (incluída), até a Rua Doze de
Fevereiro; por esta (incluída) e pelo seu prolongamento, até a Rua Coronel Tamarindo; por esta
(incluída), até o ponto inicial.
- Rua Francisco Real - entre a Praça dos Abrolhos e a Avenida de Santa Cruz;
- Rua Joaquim de Maia;
- Rua Moniz de Souza;
- Avenida de Santa Cruz - entre a Rua Francisco Real e a Rua Estância;
- Rua Ubatuba - entre a Rua Limites e a Rua Moniz de Souza.
- Rua Andorra;
- Rua Cherburgo - apenas o lado ímpar, entre a Rua Tirana e a Rua Figueiredo
Camargo;
- Rua Figueiredo Camargo - apenas o lado ímpar, entre a Rua Cherburgo e a Rua Sofia;
- Rua Luxemburgo;
- Rua Sofia - entre a rua Figueiredo Camargo e a Rua Tirana;
- Rua Sul América - entre a Rua Cherburgo e a Rua Sofia;
- Rua Tirana.
- Praça Dolomitas;
- Rua Lomé - entre a Rua Romualdo Peixoto e Avenida Alfredo Albuquerque;
- Praça Miami;
- Rua Oscar Ferreira - entre a Rua Romualdo Peixoto e a Avenida Alfredo Albuquerque;
- Rua Carnaúba - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo;
- Rua Coronel Tamarindo - entre a Rua Oliveira Paiva e a Rua Carnaúba;
- Rua Dr. Augusto Figueiredo - entre a Rua Carnaúba e a Rua OliveiraPaiva;
- Rua Oliveira Paiva - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo;
- Rua Tamboril - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo;
- Rua Ubatã - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Rua Coronel Tamarindo.
ZONAL COMERCIAL 2 (ZC-2) - BAIRRO JABOUR
- Rua Vítor Guisard - entre a Avenida de Santa Cruz e a Rua Silvio Fontes.
- Estrada da Água Branca - entre a Rua General Jacques Ourique e a Rua Imeneari;
- Avenida Brasil entre a Estrada General Americano Freire e a Estrada da Cancela Preta lado
ímpar, entre a Estrada da Cancela Preta e Avenida Doutora Maria Estrela lado ímpar, entre o
ponto de cruzamento da Avenida Brasil com a Rua Sargento Miguel Filho e o limite leste do
terreno n.º 39.057 da Avenida Brasil lado par, entre a Rua Paulino do Sacramento e uma linha
perpendicular à Avenida Brasil, distante 450m (quatrocentos e cinqüenta metros) do encontro
desta com o limite oeste do PAL 25.572;
- Rua Carangola;
- Rua Catiri - entre a Avenida Brasil e a Rua Roque Barbosa;
- Rua da Chita - entre a Rua Sul América e a Estrada da Água Branca;
- Rua Coronel Tamarindo entre a Rua General Gomes de Castro e a Rua Falcão Padilha entre a
Avenida Sargento Alberto da Costa e a Rua Carnaúba entre a Rua Oliveira Paiva e a Estrada
dos Coqueiros;
- Rua Dr. Augusto Figueiredo - entre a Estrada do Engenho e a Rua Carnaúba;
- Estrada do Engenho - entre a Rua Dr. Augusto Figueiredo e a Praça Piquirobi;
- Rua da Feira - entre a Rua dos Açudes e a Avenida de Santa Cruz;
- Rua Figueiredo Camargo - incluído apenas o lado ímpar, entre a Rua Sofia e a Rua da Chita;
- Rua Francisco Real - entre a Praça dos Abrolhos e a Rua Doze de Fevereiro;
- Rua General Gomes de Castro - entre a Rua Coronel Tamarindo e a Rua General Jacques
Ourique;
- Rua General Jacques Ourique - entre a Rua General Gomes de Castro e a Estrada da Água
Branca;
- Avenida Ministro Ari Franco - entre a Rua Gil Amora e a Avenida Doutora Maria Estrela;
- Rua Paulino do Sacramento entre a Rua Romualdo Peixoto e a Rua Viúva Guerreiro lado
ímpar, entre a Rua Romualdo Peixoto e Avenida Brasil;
- Estrada Porto Nacional - entre a Estrada da Água Branca e a Rua Carangola;
- Avenida Ribeiro Dantas - entre a Rua Falcão Padilha e a Rua Figueiredo Camargo;
- Rua Rio da Prata - entre a Praça Miguel Pedro e a Rua Cairo;
- Avenida de Santa Cruz entre a Rua Limites e a Rua Maria Carvalho entre a Rua Estância e a
Rua Doze de Fevereiro entre a Rua dos Açudes e a Rua Vítor Guisard entre a Rua Raul
Azevedo (excluído o Largo Ludgero) e a projeção da Linha de Transmissão (Nova Iguaçu-
Jacarepaguá);
- Rua Sul América - entre a Rua Falcão Padilha e a Rua Sofia Estrada;
- Taquaral - entre a Estrada do Engenho e a Estrada dos Coqueiros;
- Polo Calçadista - Lote N.º 2 do PAL N.º 41.842 ;
No Polo Calçadista (lote n.º 2 do PAL n.º 41.842), podem ser instaladas além das atividades
previstas para ZC-3, todas as atividades de apoio às atividades agrícolas, aí incluídas a
comercialização de produtos rurais, de derivados de matadouros e as atividades ligadas ao
“agrobusiness” de uma maneira geral.
60
ANEXO 3