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PERSPECTIVAS DO ENSINO DA MATEMATICA NO 2? ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL: O COTIDIANO COMO ESPACO-TEMPO DE APRENDIZAGEM Per RUE Deaton ne ete ery Tete ete ee ea Pre eon etree renee CU eid Vee eons ete ey Dera ere e carlosalessandro.nunes@ gmail.com RESUMO: A presente pesquisa esté vineulada ao Nupepe ~ Nacleo de Pesquisa sobre Préticas Escolares da Escola de ‘Educagao Basica da Universidade Federal de Uberlandia -iniciada em 2007 ¢ concluida em 2008 ¢ teve como objetivo possibilitar uma reflexiio sobre a pratica pedagdgica com uma turma de 2° ano do Ensino Fundamental, composta por eriangas de nove anos, visando pereeber como se dé 0 desenvolvimento do educando na aprendizagem de matemtica a partir de atividades Addicas. Nossa opgao pelo 2° ano do Ensino Fundamental deve~ se ao fato de percebermos que a énfase do trabalho pedagégico enconira-se no aprendizado da leitura eda escrita, muitas veves, ‘elegando a uma posigdo secundaria 0 ensino de matematica, restringindo-o a técnicas abstratas, baseadas apenas em memorizagiio. Com nossa pesquisa. procuramos compreender como a ulilizagdo de jogos, softwares, propostas de situacdes~ problema, a partir de situagSes difrias e brincadeiras podem coniribuir com o processo de ensine-aprendizado de Matematica. ‘A partir de uma abordagem qualitativa, observamos aividades, cotidianas desenvolvidas em sala de aula, voltadas para o ensino de Matematica. Tais observagées foram registradas por meio da escrita de Notas de Campo. Constatamos a relevancia de atividades lidieas que propiciom a aprendizagem dos alunos. Adevido ao maior envalvimento dos edueandos em ais atividades. PALAVRAS-CHAVE: ensino-aprendizagem; matemética; ccotidiano. O presente trabalho esté vinculado ao Nupepe ~ Niicleo de Pesquisa sobre Praticas Escolares da Escola de Educagio Bisica dda Universidade Federal de Uberlandia, Surgiu da necessidade de se repensar a pratica pedagdgica do ensino de Matematica ano do Ensino Fundamental realizada com uma turma de composto por criangas de nove anos, de uma escola publica federal de Uberlandia. Nossa escolha pela disciplina de Matemitica justifica-se pelo atual contexto escolar em que nota- andes dificuldades em aprender essa disciplina além dos altos indices de reprovago (RANGEL, 1992). A escolha pelo 2° 80 OLHARCS & TRILHAS. ~ Uherléindia. Ano X, n. 10, p. 79-87, 2009 ABSTRACT: The present research has been related to Nupepe, that started in 2007 and finished in 2008. The main purpose of this paper is to propose a reflection about pedagogical practice We focus on the learners progress in Math studies through playful activities in a 2 grade group of the Etementary School, whose students are 9 years old. We chose this kind of group heeause we noticed that the pedagogical usually activity ‘emphasizes only the reading and writing learning, so the Math knowledge has been put on the second position, with abstract techniques, based on memorizing. During our studies . we focused on understanding how we can use the games, softwares, problem-situations, daily situations and jokes to contribute for the process of Math teaching learning. Based on a quality approach, which we could see daily activities in class emphasizing the Mathematics studies. These comments were registered through written marks based on practice. Therefore, ‘we improved notice the importance of playful activities to provide the students learning due to their relation as learners in these activities. KEYWORDS: Teaching- Learning; Mathematic: daily ano do Ensino Fundamental deveu-se ao fato de acreditarmos que, nesse ano de ensino, a énfase en ontra-se no aprendizado da leitura da escrita, Além disso nota-se que nessa fase geralmente esté relegado a uma posigio secundaria o ensino da ‘matematica, pois fica restrito a enicas de memorizacao. Para nosso estudo, buscamos dialogar com autores que abordam o processo de ensino-aprendizagem numa perspectiva hist6rico-cultural. Dessa forma, recorremos as contribuigies de Vygotsky (1989), Certeau (1996), Rey (2003, 2002)¢ outros autores que nos possibilitam compreender como professor ¢ alunos constituem-se no processo de easino-aprendizagem no cotidiano escolar, De acordo com Certeau (1996) entendemos 0 cotidiano como: aquilo que nos & dado cada dia (ou que nos cabe em partlha), nos pressiona dia apds dia, nos oprime, pois existe uma opressio do presente. Todo da, pela manha, aquilo que assumimos, ao despertar, 0 peso da vida, a dficuldade de viver, ou de viver nesta ou noutra ccondigdo, com esta fadiga, com este desejo. Ocotidiano € aquilo que ‘nos prende intimamente, a partir do interior. E uma hist6ria a meio- ‘camino de nds mesmos, quase em retirada, 3s veres, velada[..] E ‘um mundo que amamos profundamente, meméria olfativa, meméria «dos lugares da inffncia, meméria do corpo, dos gestos da infincia, dos prazeres (CERTEAU, 1986, p, 30), Para Certeau (1996), ocotidiano envolve a relagio dos sujeitos com o mundo. Tal relago esté presente na escola e se coneretiza nas diferentes vivéncias que compdem 0s sujeitos, Desta forma, © proceso de ensino-aprendizagem representa uma sintese da Vida cotidiana dos sujeitos dessa relagio. Estudos como o de Ezpeletae Rockwell (1989) nos permitem compreender 0 cotidiano escolar em movimento permanente, como uma trama em construgdo que articula hist6rias pessoais e coletivas. Essa é uma concepgao que envolve o movimento c as ages dos sujeitos como histéricos. Neste trabalho, objetivames apresentar um olhar reflexive sobre 0 aprendizado do educando, visio que produzimos em meio a um cotidiano constituido por diversas relagdes entre sujeitos. Alves (2001) apresenta 0c constante movimento, o que exige de nés pesquisadores “mergulhat” na realidade, possibilitando a apreenso dos sons € cheiros, ¢ também que sejamos capazes de perceber os diferentes signiticados dos gestos ¢ atitudes dos sujeitos. Assim como destaca Muniz (2006) fiano como dinfimico e em Uberlandia O cotidiano escolar, entendido como movimento, por isso, fexivel « dinamico, permite compreender que os sujeitos nele envolvidos silo 0s que conferem tais caracteristicas a0 mesmo, Sdo as relagdes socials que constituem a teitura do cotidiano escolar, 0 que, por sua vez, também constitui os sujeitos: entre grupo, sub-grupos suet, ha uma relagao de miituae variada infludncia (p. 34-35). E nesse sentido que buscamos pesquisar a sala de aula como ‘um espago que envolve a relaglo de diferentes sujeitos com suas hist6rias ¢ que constroem juntos uma hist6ria de aprendizagem, Entendemos que as vivencias ocorridas dentro de sala de aula constituem os sujeitos desse processo de ensino-aprendizagem ‘num movimento dialético. Cunha (2000) contribu com adiseussio acerca da subjetividade na/da escola, o que nos auxilia a compreender a constituigio do sujeito, Para esse autor, A subjetividade da escola tem um movimento proprio que & iedutivel soma das subjetividades individuais que aintegram: do ‘mesmo modo, podemos dizer que a subjetividade individual é a dimensio do coletive no sujeito. E importante ressaltar que a subjetividade articula-se como produto, mas também constitui-se ‘mediagdo das relagdes que caracterizam os grupos e constitui os sujeites (CUNHA, 2000, p. 240), Nossa concepedo de sujeito envolve interagao, ou seja, a passividade do sujeito cede lugar a um modo de ser diferente, ‘uma forma ativa de percebere interagir com 0 mundo. Buscamos as consideragdes de Pino (1996), para analisar a relagio entre a constituigao de sujeitos e interagio social, 'Nio obstante, uma coisa fica clara: interag socal tem unva fang. ‘Qual? Sem davida, a principal é tomar possivel a relagio, pois a interagdo € a forma pela qual os sujet entram em relaglo. O que é bem diferente do que acorre com os abjetos, que $6 podem ser Ano X,n.10,p. 79-87, 2009 ~ OLWARES Se TRILHAS 1 relacionados ente si pelo homem, Mas, referindo-se ao processo de individuagao, que em certo sentido € sindnimo de internalizagao, ‘Vygotsky fala em transformagio das fungdes sociais em fungses psicolégicas (1989. p. 61), oquemnos permite concluirque as relagdes sociais definem fungdes ou papeis sociais aos sujeitos da rl aque essa definigao de Fungo da posigio que cada um deles ocupa nessa relagdo, Dessa forma, otermo fungdo tanto pode ser entendido ‘no sentido socioligico de posig2o social & qual vo associados co de determinados papéis, quanto no sentido matemst corespondéncia entre elementos de dois ou mais conjuntos. Embora diferentes, esses dois sentidos podem ser com! nados se admitiemos aque em toda relagdo social a posigio de um sujeito € fungo da posigtio do outro (..)(p. 10). Assim, falar em interacio é buscar compreender a maneira pela qual os sueitos se elacionam e se influenciam mutuamente. Segundo Penin (1989), a construgio do conhecimento do professor passa pela relagio que ele estabelece com 0s alunos € esti permeada pelas experiéncias desses sujeitos. Sendo assim, © professor constr6i ¢ reconstréi o seu proprio conhecimento a partir da interagio social Para.a presente pesquisa, entendemos que o sujeito aprende na interago com 0 outro, sendo assim, 0 processo de ensino- aprendizagem torna-se social. Destacamos a importincia do professor para 0 processo de desenvolvimento dos alunos, Conforme Martins (2005), tal processo esta vinculado &s formas ‘com que o professor trabalha os componentes curriculares ¢ as, oportunidades que disponibiliza para que seus alunos se apropriem do conhecimento sobre tais componentes. 0 proceso de aprendizado nfo se restringe ao tempo-espago da sala de aula, por isso nio € possivel afirmar que 0 fato de o aluno estar em sala de aula ja indica que esti aprendendo, jé que esse processo envolve todas as condigdes disponibilizadas pelos educadores, tais como recursos materiais € outros. Sendo 82 OLWARES & TRILIAS. ~ Uberlandia, Ano X,n, 10, p. 79-87, 2009 assim, para que 0 aprendizado se efetive torna-se necessério que sejam oferecidas situagbes especificas para exercitarem 0s sei significados implicados com os contetidos aprendidos, Ao erfar situagBes em que isso & possfvel. o professor permite aos alunos dar novos sentides para os conceitos aprendidos ao longo do processo de escolarizagdo (MARTINS, 2005, p. 56). Compreendemos que a escola deve set um espago de construcdo e reconstrugio do conhecimento, possibilitando aos educandos um ambiente de aprendizado, Vygotsky (1989) contribui para entendermos o processo de ensino-aprendizagem, quando apresenta 0 conceito de zona de desenvolvimento proximal, Esse processo & compreendido como um espago de oportunidades de aprendizado, configurado por niveis de desenvolvimento ja completos em um sujeito, mas também por niveis de desenvolvimento que se projetam para o futuro e que dependem, para se tornarem reais, da intervengao de um outro sujeito, no caso da escola, de um professor ou colega mai experiente, que auxilia ou ensina, Com isso, enfatizamos a importincia do professor set um observador em sala de aula, para que se pereeba quando as criangas necessitam de ajuda e © ‘modo pelo qual se pode ajudé-tas. Nesse sentido o professor desempenha um papel relevante ‘no aprendizado. Com essa pesquisa, realizada com uma turma de 2 ano do Ensino Fundamental, percebemos que 0 aprendizado escolar pressupie uma relagio professor aluno, ¢ também se realiza como exercf quando o aluno percebe o proprio sentido desse conhecimento, fora da escola. Nese sentido, justificamos a importincia de uma pesquisa que busque analisar as priticas ¢ os saberes no ensino da isciplina de Matematica, almejando compreender o aprendizado o social do conhecimento, © que ocorre € 0 desenvolvimento do educendo. Alm disso, destacamos a releviincia do professor neste papel e acreditamos que aprender envolve tanto aspectos cognitivos quanto aletivos, Nessa pesquisa, destacamos a necessidade de uma busca Constante por um processo de ensino-aprendizagem significative para os alunos, Freire (1983) observa que: ‘Quando se tira da erianga a possibilidade de conhecereste ou aguele aspecto da ealidade, na verdade se est alienando-ada sua capacidade de construir seu conhecimento, Porque o ato de conheceré to vital ‘como comer ou dormir, eeu nao posso comer ou dormir poralguém, A escola em geral tem esta prtica, ade que 0 conhecimento pode ser doado, impedindo que a crianga e, também, os professores 0 construam, S6 assim a busca do conhecimento ndo € preparagao para nada, e sim VIDA, aqui e agora, E & esta vida que precisa ser resgatada pela escola, Muito temos que caminhar para isso, mas & ‘no hoje que vamos viabilizando esse sono de amanha (p.15). Assim, segundo o autor, o ato de conhecer & vital para o ser ‘humano e esta presente nas agées cotidianas mais elementares. ‘Com essa pesquisa, procuramos compreender como a utiliz de jogos, softwares, propostas de situagdes-problema, a partir de situagdes dirias e brincadeiras, podem contribuir com 0 processo de ensino-aprendizagem de matemética. Além disso, buscamos analisar como ocorre o desenvolvimento do educando durante a realizagao dessas atividades, Para o desenvolvimento do presente estudo, pautamos em ‘uma abordagem qualitativa, Segundo Rey (2002), tal perspectiva implica numa revisio da epistemologia positivista e na aquisigio de outra perspectiva para a produgdo do conhecimento, @ qual pode ser definida a partir das seguintes ideias de formas diferentes de produgio de contecimento em psicologia [e em outras A epistemologia qualitaiva & um esforgo na bus reas de conhecimentos humano e social] que permitam a riagdo ‘erica acerca da realidade plurideterminada, diferenciada,iregular, interativae histérica, que representa a subjtividade humana (REY, 2002, p. 29) (aenéscimos nossos). ‘A abordagem qualitativa entende a realidade como algo dindmico e flexivel e busca captar tal movimento no curso dos. acontecimentos cotidianas, Por isso, nossa presenga no campo de pesquisa torna-se fundamental para percebermos esses acontecimentos ¢ sua dinamicidade. Compreendemos que observar 0 cotidiano escolar nos possibilita apreender a dindmica e a flexibilidade das praticas, ¢ por issoo registro nas Notas de Campo possibilita ao pesquisador ‘analisar, refletr, construir conhecimento e dai nortear discusses e decisdes posteriores. Dessa forma, as Notas de Campo segundo Vianna (2003): “(..) devem relatar 0 méximo de observagdes possiveis no dia-a-dia, ou seja, aquilo que ocorreu, quando correu, em relagdo a que ua quem esti acorrendo, quem disse, ‘0 que foi dito e que mudangas ocorreram no contexto” (VIANNA, 2003, p. 31) (destaques do autor) No presente estudo optamos pela observagao paticipante € pelo registro de nossas no decorrer dos aconteci nosso olhar sobre as priticas € saberes do ensino da ‘matemeética de uma turma de 2° ano do Ensino Fundamental Assim, realizamos observagdes didrias das aulas de mate- véncias em Notas de Campo, pois & wentos da escola piblica que buscamos constr ‘itica eas registramos por meio das Notas de Campo, totalizando 20 registros, Destacamos a relevncia das Notas de Campo para ‘compreender o cotidiano escolar, pos segundo Bogdan ¢ Biklen (1994) tais registros sio: “o relato eserito daquilo que 0 investigador ouve, vé, experiencia e pensa no decursoda recolha ¢ refletindo sobre os dados de um estudo qualitativo” (p. 150). Como sujeitos da pesquisa, contamos com 25 alunos de 2° ano do Ensino Fundamental na faixa et iade sete oito anos Uberlandia, Ano X, n. 10, p. 79-87, 2009 ~ OLWARES & TRILHAS 53 de idade, Ao oferecer para os alunos um ambiente autGnomo em que eles agem espontaneamente, percebemos que 0 seu envolvimento na busca de solugdes para as situagies- problema, propostas a partir do cotidiano das préprias criangas ra escola, torna-se mais criativa e prépria e, por isso, aprendem na interagao, pois cada crianga tem a possibilidade de apresentar sua maneira de pensar e contribuir na resolugao dos problemas. Para o presente estudo, foi proposto aos alunos um trabalho, com situagées-problema, criadas a partir das observagdes ccotidianas das eriangas. Os enredos elaborados eram préximos das vi ncias dos alunos € percebemos que isso proporcionou um maior envolvimento dos mesmos, ¢ possibilitou-Ihes desenvolvimento em termos de aprendizado. Com o intuito de perceber a forma peculiar com que cada crianga elabora suas hipéteses a partir de um mesmo problema, solicitamos que cada criangao resolvesse da forma como considerasse melhor: através de desenho, registro numérico ou mesmo escrito, Para tanto ‘organizamos um espago na sala de aula para expor as produgies de cada aluno para que todos da turma tivessem acesso as diferentes hipéteses elaboradas, A partir disso, é notdvel a forma singular e individual com que cada crianga resolve um mesmo problema ea importancia da escola ‘em criar espagos para que cada crianga possa elaborar suas roprias hipoteses a partir de diferentes situagdes-problema propostas pelo professor. Dessa forma, a escola promove 0 didlogo proporcionando ao aluno um papel ativo diante do seu ‘pr6prio processo de aprendizagem, Nas atividades com jogos, tais como, domin6, torre de hangi, pega varetas, dados, dama e outros, procuramos resgatar dos alunos seu conhecimento prévio e posteriormente inserir nas regras de cada jogo. A partir de suas préprias sugestées, em alguns momentos, mudamos as regras dos jogos. Diante dessas mudangas, percebemos 0 envolvimento das criangas sobre os jogos, ao demonstrarem entusiasmo em utilizar as novas regras, além de perceberem as vérias vertentes de um mesmo jogo, emitindo opinides e trocando idéias com a turma, Para a interagio entre os alunos propusemos em nossas observagdes, trabalhos em grupo de cinco ou seis alunos, totalizando seis grupos na turma, Notamos que cada grupo optou Por uma forma diferente de iniciar o jogo: “Dois ou um (.)": “Mamie mandou eu escolher esta (..)"; “Salada saladinha, bem temperadinha (...)"; Jogando dado e quem seis iniciava; dentre outras , isso mostra a importancia de um ambiente acothedor ¢ de escuta sensfvel.® ‘Ao final de cada atividade propusemos aos alunos formas variadas de registro: oral, eserito e pict6rico, pois, a nosso ver, tal metodologia ¢ fundamental para acolher as diferengas e habitidades de cada erianga, Nesse sentido, percebemos que cada aluno, buscou na sua particularidade, uma forma prdpria de registro, 0 que possibilitou observar as diferentes maneiras ¢ possibilidades de fazer um registro. Na faixa etdria pesquisada, observamos a necessidade de um trabalho sistematizado do professor nas atividades com médias {6 que 0s alunos demonstraram interesse e entusiasmo diante de atividades propostas no laboratério de informética, No entanto, € notdvel que eles apresentaram dificuldades na compreensio dos jogos de softwares utilizados pela escola, revelando-n0s a necessidade de acompanhamento do professor. Assim, & relevante destacarmos a importincia do professor mediador nesta fase de contato da crianga com as tecnologias da informagao comunicagao (TIC). ” Uma escuta sensivel consiste em considera os sujitos envolvidos no processo ensino-aprendizagem. ou sea, professor e aluno, como alives, erticns & feflexivos no cotiiano escolar. 84 OLHARES & TRILHAS ~ Uberlindia, Ano X, n. 10, p. 79-87, 2009 Apresentamos como resultados da presente pesquisa, a importincia da organizagio de atividades dirias em sala de aula que estimulem os alunos no desenvolvimento da autonomia de ages mentais ou de racivcinios. Além disso, constatamos um. maior envolvimento dos educandos nas atividades com jogos, brincadeiras, situagdes-problema e na utilizagao das midias. Tal pesquisa nos revelou que os componentes curriculares podem ser trabathados a partir de situagdes que respeitem e priorizem as necessidades basicas da crianga, ou seja, 0 processo de ensino~ aprendizagem se realiza nas interagies sociais pautadas na autonomia Portanto, 0 presente estudo buscou refletir ¢ analisar a importancia de um trabalho sistematizado com brincadeiras, jogos, softwares, propostas de situagdes-problema, a partir de situagdes disrias do cotidiano escolar, no ensino da matemética, visando analisar ¢ ampliar a utilizagio de atividades diferenciadas que permeiao ensino dos diferentes componentes curriculares a pattit de tal disciplina Uberlindia, Ano X, n. 10, p.79-87, 2009 ~ OLHARES & TRILWAS 35 REFERENCIAS ALVES, Nilda; OLIVEIRA, Inés Barbosa. Pesquisa no/do cotidiano das escolas: sobre redes de saberes. Rio de Janeiro: DP&A, 2001 BOGDAN, Robert C. e BIKLEN, Sari Knopp. Investigacdo Qualitariva em Educacao: uma introduc2o a teoriae aos métodos. 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