Leitura e Produo Textual A dentista dos mortos Nossos antepassados no escovavam bem os dentes. E, para a cincia, isso timo. Conhea a nova e estranha ferramenta dos arquelogos para explorar os segredos do passado: o trtaro por Caroline dEssen Ele feio, nojento, inconveniente. Mas para a americana Christina Warinner, o trtaro o maior dos tesouros - uma chave para desvendar civilizaes antigas. Christina arqueogeneticista na Universidade de Zurique, na Sua, onde se especializou num trabalho inusitado: examinar os dentes de cadveres fossilizados, encontrados em stios arqueolgicos espalhados pela Europa. "O trtaro uma cpsula do tempo, que preserva todas as coisas que passaram pela nossa boca: bactrias, protenas, gros de comida, at o plen de plantas." Com essas informaes, d para saber o que as pessoas comiam, que doenas tinham, como viviam. A arqueologia costuma trabalhar com mmias, que so ricas em DNA, mas difceis de encontrar, e esqueletos - que so mais comuns, mas no revelam tantos dados. J o trtaro junta as qualidades de ambos. "Ele pode ser encontrado em todo lugar, fossiliza como um esqueleto e retm muitas informaes", explica Christina. Tudo porque os povos antigos tinham dificuldades de higiene bucal. Quando vamos ao dentista e fazemos uma limpeza, de 15 a 30 miligramas de trtaro so removidos. Milhares de anos atrs, uma pessoa chegava a acumular 600 miligramas ao longo da vida. Atualmente, Christina est analisando dentes encontrados num cemitrio medieval alemo do ano 1100. Mas sua equipe tambm comeou a coletar trtaro de pessoas vivas, com a inteno de formar um banco de dados para futuros pesquisadores. "Em nome dos futuros arquelogos, gostaria de pedir: pensem duas vezes antes de escovar os dentes", brinca. http://super.abril.com.br/ciencia/dentista-mortos-700231.shtml