Você está na página 1de 11
TEXTO DE APROFUNDAMENTO PARA O 12 ENCONTRO “VINDE E VEDE” Aprofundaremos Jo 1,35-51, no qual relata o encontro de Jesus com os primeiros discipulos. Inicia-se com 0 seguimento de André e um discipulo anénimo, que adere a Jesus apés 0 testamento de Jodo Batista. Logo em seguida, André anuncia Jesus para o seu irm&o Simao (wy. 40-42). Nos vv. 43-44 temos uma ruptura com a sequéncia narrativa, pais é 0 prdprio Jesus quem toma a iniciativa de chamar Filipe. Nos wv. 45-46 retoma-se a sequéncia (apresentacéo de Jesus por outra pessoa e seguimento imediato), pois serd Filipe a testemunhar para Natanael que Jesus, 0 Nazareno, é 0 Messias esperado. Segue o didlogo entre Natanael e Jesus (vv. 47-50), que termina com a promessa da visdo futura (v, 51) O texto comega com o testemunho de Jodo, que indica Jesus como o “Cordeiro de Deus”. Esta expressdo nos reporta 4 experiéncia do Exodo, sobretudo, a experiéncia pascal (Ex 12,1-4) e a libertacéo do povo de Israel da escravidéo do Egito. Desse modo, Joo apresenta Jesus ndo como 0 Messias, mas como 0 Salvador (cf. 1,29c) e a0 mesmo tempo anuncia o mistério da paixéo, morte e ressurreicao de Jesus. Assim, Jesus é 0 “Cordeiro de Deus” que inaugurard a Nova Pascoa e a Nova Alianca entre Deus e a humanidade. Diante dessa indicagao de Joao Batista, os discipulos nao resistem e seguem Jesus. O verbo “seguir” tem basicamente dois significados no Evangelho segundo Joao (Jo): (1) © aprender do Mestre e (2) conforme a sua vida de acordo com seus ensinamentos, aderindo aos seus objetivos e colaborando na sua missdo. Os gestos de Jesus de “ver”, “voltar-se” e "pergunta”, no v. 38, reforcam a certeza de que todo discipulado nasce da iniciativa de Jesus e da resposta dos discipulos. Inicialmente, Jesus ndo apresenta condigdes, nem exigéncias, nem inicia falando de si, mas deseja saber 0 que esses discfpulos esperam, por que e para que eles estéo seguindo. Pois podem existir seguimentos equivocados, adesdes baseadas em ilusdes, expectativas, interesses, que n&o pertencem ao Projeto do Pai, revelado em Jesus Cristo. A pergunta “Rabi, onde moras?" nos indica que os discipulos reconhecem que Jesus é © Mestre e, por conseguinte, tem algo a ensinar. Transparece, também, a disposicéo dos discfpulos de conviver com Jesus e comungar dos seus ensinamentos. Por isso, Jesus lanca o desafio “Vinde e vede’, ou seja, a sua morada nao é meramente um lugar, mas é uma experiéncia de fé (sintetizada no verbo “ver*). E necessario se colocar a caminho (verbo ‘vir*), pois a revelagdo de quem realmente é esse Jesus Cristo se dé no segui-lo em cada momento, no permanecer no seu amor (v. 39), no escutar suas palavras e ter a coragem de percorrer 0 caminho da Cruz, 0 espago no qual é revelado 0 Unico ensinamento: “a total doagao por amor em prol da vida”. A narrativa continua com André anunciando ao seu irm&o Simo que Jesus é 0 verdadeiro Messias. O termo “Messias” nos remete as expectativas messianicas, & promessa da instauracéo do Reino de Deus e a inauguracéo da era messianica, na qual a justica e a paz prevalecerdo. Simo, ao ser apresentado a Jesus, no reage, porém o seu encontro com Jesus néo serdé semelhante ao encontro que se deu com André, pois Jesus, a0 ver Simao, o identifica com “Cefas, Pedro”. Apelido este que seré compreensivel somente no final do Evangelho, que Jesus Ressuscitado, diante da confirmacéo do amor de Simo, nao obstante a sua traigdo e negacdo, o convida a apascentar as suas ovelhas (Jo 21,1-17), ou seja, a continuar anunciando o Reino de Deus até a doacdo total da propria vida (Jo 21,18-19) No v. 44 aparece Filipe, da cidade de Betsaida, localizada ao norte do lago da Galileia Nota-se que tanto o nome André como o nome Filipe séo de origem grega, podendo indicar a abertura da miss&o de Jesus aos gentios. Filipe, ao aderir a Jesus, 0 apresenta a Natanael como aquele que jé foi testemunhado pelas Escrituras (Lei € os profetas) e, portanto, o Messias anunciado e prometido. Porém, no o Messias com poderes extraordinérios, cheio de pompas e circunsténcias, mas 0 Filho de José, de Nazaré. Natanael hesita em acreditar no antincio de Filipe expressa sua duvida por meio de um provérbio, provavelmente comum entre 0 povo da regido (v. 46a), como uma forma irénica de desprezo. Mas Jesus 0 acolhe e 0 descreve como alguém sem falsidade (v. 47), que fala com fraqueza e afirma que o elege como alguém fiel as tradigdes de Israel, fiel & Alianga entre Deus e 0 seu povo (v. 48). Diante dessa experiéncia com Jesus, Natanael o reconhece como alguém que ensina (“Mestre”), como aquele que revela a presenga de Deus (“Filho de Deus"), porém por meio do cumprimento da promessa de um rei messianico ("Rei de Israel"), 0 sucessor prometido a Davi (df. SI 2,2.6-7; 25m 7,14). Diante do entusiasmo de Natanael, Jesus pronuncia a sua primeira declaragao solene sobre sua pessoa (vv. 50-51). A imagem usada por Jesus nos remete A visdo de Jacé em Betel (Gn 28,11-17). Ela nos indica a comunicagao de Deus ("vereis 0 céu aberto”), que se dé definitivamente na pessoa de Jesus, sobretudo no momento da sua glorificago, que no Evangelho segundo Joao significa a paixéo, morte, ressurreicao de Jesus, com 0 titulo apocaliptico "Filho do Homem". indica, também, a necessidade de transcender as visées messianicas da época presente no termo “Rei de Israel”, “Filho de Deus’ e outras. Nestas narratives, percebe-se que 0 evangelista retrata o itinerdrio de todo aquele e aquela que adere a Jesus Cristo. Tudo nasce de um encontro profundo com ele e da disposicéo em se colocar a caminho, sem ter claro 0 que isso implica, mas carregando a certeza do amor de Deus que se desvela em Jesus Cristo. Porém, entre as narrativas no Evangelho joanino, nem sempre hd esse seguimento imediato. Isto é ilustrado por Nicodemos, que necessita de um longo processo até sua adesdo final (cf. Jo 3,1-21; 7,50-52; 19,39). Portanto, o discipulado na teologia joanina parte dos seguintes pressupostos: que todo discipulo é chamado a “estar com Jesus", segui-lo e conformar-se a ele, no seu modo de ser e agir. Esse seguimento o conduz a uma mudanca de mentalidade das imagens existentes com relacéo ao Messias, até compreenderem que a centralidade do seguimento esté em reconhecer que Jesus Crucificado é 0 Ressuscitado e que o Nazareno é o Mesias. Percebe-se que 0 encontrar-se com Jesus é fundamental, mas € necessério deixar-se tocar pelo seu olhar e, assim, impulsionados pelo seu amor, anuncia-lo e conduzir outras pessoas ao seu encontro. TEXTO DE APROFUNDAMENTO PARA O 22 ENCONTRO AS MULHERES NO EVANGELHO SEGUNDO JOAO No Evangelho segundo Jodo, as mulheres tém papéis importantes. Jesus dialoga com elas, elas discutem com ele, abordando até pontos teolégicos. Neste Evangelho, somente duas vezes é mencionada a Mae de Jesus. A primeira referencia é no inicio, nas Bodas de Cand (2,1-11), quando Jesus realiza o primeiro sinal por intervengéo de Maria. Na segunda vez, Maria esta presente ao pé da cruz (19,25-27), com Maria de Cléofas e Maria Madalena. Nessa ocasido, Jesus entrega sua mée aos cuidados do Discipulo Amado ¢ ela se torna a mae da Comunidade, a Igreja Em Jo 7,53-8,11 encontramos a mulher adiltera, protegida por Jesus contra as acusagées dos judeus. No centro do Evangelho de Jodo esté a confisséo de Marta de Beténia (11,27), que, como mulher, faz a grande confissdo de fé, assim como foi pronunciado por Pedro em Mt 16,16 Maria, irm de Maria de Betania, com um geste profético une os pés de Jesus (12,1-8) Nao € com uma mulher pecadora como descrevem os outros Evangelos. Ela é uma grande amiga e discipula de Jesus. Surpreendente também é 0 papel de Maria Madalena, a mulher da busca incansdvel. Sua persisténcia leva-a a experiéncia do encontro com o Senhor Ressuscitado. Jesus Cristo apareceu primeiro a ela e a enviou com uma mensagem para os Onze (20,11-18). Na comunidade joanina, as mulheres participam em pé da igualdade com os discipulos na miss8o de anunciar o Senhor. Isto é explicito no dialogo de Jesus com a samaritana sm Jo 4,1-42 Jesus sai de Jerusalém para ir Galileia e passa pela Samaria, cidade evitada pelos judeus por causa da forte inimizade entre judeus e samaritanos. Essa inimizade jé datava de alguns séculos antes do tempo de Jesus. Em torno do ano 700 a.£.C., 0 império de Assiria invadiu a regiéo do norte, tomando posse dela. Levou muita gente para a Assiria e muitos assirios foram, aos poucos, povoando a regiéo do norte, levando também seus costumes e sua religiéo do povo de Israel, era considerada idélatra por muitos judeus do reino sul. Outro ponto de divergéncia era @ construgao de um santudrio no monte Garizim, onde os samaritanos adoravam a Deus. Conforme 0s judeus, podia-se adorar a Deus somente no Templo de Jerusalém. Jesus, ao contrério, que ndo compartilha desse preconceito do seu povo, passa pela Samaria e resolve descansar no poco de Jacdé. O poco era um lugar de encontros e conversas, como hoje seria a praca, 0 bar, o shopping Chegou uma mulher e se desenvolveu uma conversa entre Jesus € ela. Jesus Ihe pediu gua para beber. A mulher estranho: “Como vocé, um judeu, pode pedir dgua a uma samaritana?” Jesus fazia, realmente, algo estranho: os homens no conversavam com uma mulher na rua, menos ainda com uma inimiga meio pagé, uma samaritana. Quando os discipulos chegaram, mais tarde, ficaram realmente escandalizados. Mas Jesus quebrava os tabus, derrubava os obstdculos de raca, género, religido. Nada podia impedir sua missdo. Jesus usou a palavra "dgua” em sentido biblico: a gua como fonte de vida, como dom do Espirito Santo. Referiu-se ao Espirito que haveriam de receber os que cressem nele (c. Jo 7,37-39). A mulher ndo entendeu bem o que Jesus queria dizer. Disse: “Senhor, dé-me dessa dgua, para que ndo tenho de vir aqui para busca-la”. Neste contexto, Jesus pede para que a mulher chame o seu marido e obtém como resposta: “Nao tenho marido”. Jesus confirma: “...tem raz4o, pois teve cinco homens e também o de agora ndo é seu marido”. Nao podemos pensar que a mulher fosse uma pessoa de mé vida, sem moral. Jesus estava falando simbolicamente. Referiu-se & religiéo paga dos samaritanos que adoravam diversas divindades. Na continuacao deste didlogo séo introduzidos outros pontos teoldgicos, como a confirmagao de que Jesus é um Profeta a revelacdo do proprio Jesus de que ele é 0 Messias esperado. Encantada com a sua descoberta, a samaritana deixou o seu balde para trds (j4 havia encontrado @ verdadeira dgua) € foi contar os vizinhos 0 acontecido. Muitos creram nas palavras da mulher, foram procurar Jesus e permaneceram com ele. Dessa experiéncia nasce a profisso de fé dos samaritanos: “J néo cremos pelo que nos contou, pois nés mesmos escutamos e sabemos que este é, realmente, o salvador do mundo. Nesta leitura, observamos que Jesus derrubou fronteiras, valorizou a mulher, e ela tornou-se uma testemunha, uma discipula, uma missionéria. A esta mulher, exclufda e herética para alguns judeus da época, Jesus revelou, por primeiro, a condigao de Messias. No tempo em que foi escrita esta narra¢o, jd existiam as comunidades de Jodo. Nelas havia muitos samaritanos que acreditaram em Jesus, 0 Messias. O Evangelho mostra que as comunidades so chamadas a acolher, sem distingao, todos aqueles que querem encontrar-se com Jesus e 0 reconhecem como o enviado de Deus. TEXTO DE APROFUNDAMENTO PARA O 32 ENCONTRO EM QUEM CRES? Ao aprofundar-se no texto da Cura do Cego de nascenga em Jo 9,1-41, nota-se que 0 objetivo do evangelista é formar discipulos missiondrios para que deem muitos frutos (cf. 15,8-9). A questa dos conflitos gerados por causa da opcao pela fé em Cristo Jesus quero plano de fundo da vida da comunidade joanina Este texto faz parte do Livro dos Sinais (cf. 2,1-11,57) sobre a obra de Deus no Evangelho segundo Joao. 0 livro mostra de verdade Jesus como enviado do Pai, para revelar a0 mundo a Boa Noticia da Salvacdo, recontada em sete sinais. Na verdade so catequeses sobre o mistério da fé para os iniciados na vida catecumenal, em preparagao para 0 Batismo. Sinais que levam os ouvintes a uma opgao fundamental entre crer ou nao crer, a romper com o mecanismo que produz o pecado e a morte para beber da dgua viva, da luz resplandecente a partir da experiéncia de morte e ressurreicéo Em cada sinal Jodo enfatiza elementos da simbdlica batismal. Aqui temos 0 sinal da luz, no qual Jesus se declara mais uma vez como a luz que esté no mundo (9.5). Percebe-se no desenrolar da trama dos cendrios montados, um gradual crescimento sobre quem é Jesus, e 0 conflito cada vez mais acirrado contra sua pessoa € sua obra. Na verdade um conflito! Uma tensdo que ocorre na vida de todos aqueles que fazem experiéncia com 0 Ressuscitado que passou pela cruz. Os sinais tém seu dpice na revelacéo final da ressurreigéo de Lazaro, cuja experiéncia leva o ouvinte a uma tomada de decisdo diante daquele que vence a morte e dé a vida (cf. 11,1-44) Todo 0 capitulo 9 pode ser subdividido em sete cenérios: w. 1-7: 0 sinal como tal (Jesus, os discfpulos e 0 cego) w. 8-12: as diversas reagGes: os vizinhos w. 13-17: 12 interrogatério das autoridades w. 18-23: 22 interrogatério das autoridades W. 24-34: 32 interrogatério das autoridades w. 35-38: 0 reencontro de Jesus com 0 cego e a profissdo de fé W. 39-41: 0s cegos que ndo querem ver: as autoridades O texto inicia-se com uma pergunta central: "Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?”. Podemos nos perguntar: 0 pecado de cada um ou de todos desde o nascimento? Os profetas e, depois, Jesus afirmam que este ensinamento nao éverdadeiro. 4 cegueira fisica do pobre e mendigo ndo tem nada a ver com pecado. E um acidente de percurso para uma finalidade (0 para qué?) e ndo uma consequéncia (0 porqué?). Porém, neste texto a cura do cego de nascenca serd um sinal que revelard que Jesus € 0 Filho de Deus e, portanto, somos chamados a crer nele. Jesus usa saliva e Barro que nos fazem recordar a cria¢do do ser humano da argila (cf Gn 2,7) € se apresenta, ent&o, como enviado do Pai para recriagdo do mundo. O Batismo é, portanto, uma nova criagao e a ungdo com barro lembra ungao com dleo do Crisma! A nova criagao faz parte dos tempos messidnicos anunciado pelos profetas, no qual a cura dos cegos era um sinal deste tempo (cf. Is 35,5; 61,1). Neste relato hd um grande valor simbdlico, 0 contraste entre luz trevas (9,4-5), pois esté associado o contraste entre aqueles que realizam a vontade de Deus, seguindo luz do mundo que é Jesus, e aqueles que o rejeitam. Percebe-se um aprofundamento da iniciagao & vida cristé (batismal: a cura) e também uma motivacéo de vigilancia (0 discipulo, a exemplo do Mestre, seré perseguido) Antigamente, a pessoa batizada era chamada iluminada. Assim 0 ex-cego, que fora iluminado, professa a fé em Jesus, o Senhor! Na verdade a narrativa gira em torno da luz e da cegueira, pois tudo caminha para uma dupla finalidade: 0 cego enxerga cada vez melhor e os que dizem ver se tornam cada vez mais cegos. Desse modo, 0 cego para de discipulo e testemunha para ser anunciador do verdadeiro Mestre, para aqueles que séo denominados mestres da Lei Somente aqueles que conhecem Jesus sabem que ele vem da parte de Deus e, portanto, pode fazer o que fez em dia de sébado! Verifica-se, na pessoa do cego, 0 processo progressivo do conhecimento sobre Jesus. Ele é o Mestre, o Enviado, o Profeta, o Messias, 0 Filho do Homem, o Salvador. Por outro lado, os vizinhos duvidam da identidade do cego. Percebe-se o conflito entre as autoridades judaicas e os que estavam abracando a fé na comunidade joanina, e como esta vai progredindo na fé em Jesus, a ponto de professd-lo como o Senhor. Os fariseus procuram desacreditar Jesus, pois ele viola @ Lei do sébado. O ex-cego, ao contrdrio, professa que Jesus é um profeta. Seria interessante ler na integrar as refer€ncias sobre os falsos profetas em Deuteronémio 13,2-6. Os fariseus pressionam os pais do cego a negarem os fatos. Os pais tinham medo, pois sabiam que seriam expulsos da comunidade sinagogal. Isto implicaria a perda da identidade judaica e dos seus direitos de cidadania (vv. 18-23) Procuram forgar 0 cego a negar sob juramento: “dé gldria @ Deus!”, ou seja, jure que Jesus € um pecador! Aqui o cego curado declara-se honesto, pois sé pode dizer a verdade: era cego e agora estava enxergando. Partem para a viol@ncia com insultos e a expulséo daquele que fora curado. Ao insultarem-no, chamando-o de cego desde o nascimento, mostram a cegueira dele, pois 0 cego nao era mais cego! Continuar cego mesmo diante da Luz é igual a nao ter fé, a no crer. & a autossuficiéncia daqueles que nao querem saber de nada que questione o seu sistema de poder e da sua concepcdo religiosa. E atitude dos que indagam. Mas 0 ex-cego, ao ser expulso, torna-se igual a Jesus, uma vitima inocente. Ao ser expulso, excluido, 0 ex-cego encontra-se com Jesus ¢ ali dé a proclamacao madura da fé: “Eu creio Senhor’, e cai de joelhos em adoragao (9,38) Na cena final, temos vocé as seguintes personagens: Jesus, os fariseus e 0 ex-cego. Acontece, nto, o julgamento provocado pela atitude de fé ou pela incredulidade: “Eu vim a este mundo para um julgamento, a fim de que os que nao veem vejam, e os que veem se tornem cegos” (9,39). No momento da exclusdo se tornam cegos. O pecado dos que dizem ver nao é tirado pelo Cordeiro de Deus, pelo contrdrio, é denunciado ainda mais, ou seja, se tornam mais cegos, mais pecadores por néo quererem ver! Sao cegos para a Luz de Cristo. Como diz o ditado popular: "O pior cego é aquele que nao quer ver"! Reza-se na liturgia batismal: “Desperta tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecera” (cf. Ef 5,14). Portanto, “em quem crés?" é a pergunta fundamental! TEXTO DE APROFUNDAMENTO PARA O 42 ENCONTRO O CAMINHO DO DISCIPULADO Pér-se a caminho, anunciar e mostrar os sinais da fé foram as trilhas que percorremos nos Ultimos encontros. Passemos para uma reflexéo sobre o servico e o amor, aprofundando dois textos do Evangelho segundo Jodo: 13,1-17 € 21,15-19 Iniciaremos com Jo 13,1-17, também conhecido como lava-pés. Antes da festa da Pdscoa, Jesus convida seus discipulos para celebrar com ele e se apresenta como verdadeiro Cordeiro, doando-se totalmente. Tal ato demonstra a total obediéncia de Jesus a0 projeto salvifico de Deus Pai. Ele “foi obediente até a morte” (FI 2.8), amando 0s seus até o fim (13,1). Essa atitude de Jesus entra em contraste com a traigdo de Judas Iscariotes (13,2). Jesus inicia seus discipulos no mistério de sua paixdo e Ihes dé 0 seu ultimo exemple. Jesus cinge uma toalha ao corpo, coloca dgua na bacia e comega a lavar os pés dos discipulos. Este gesto deixa seus discipulos em choque, pois tal servico era funcao dos escravos. Mais uma vez 0 Senhor entra em contraste com seus discpulos, que buscam honra e poder. O Mestre e Senhor se pde como servo de todos (13,14), mostrando que a verdadeira grandeza nao esté nos altos cargos, mas no servir aos irmaos. Entretanto, nem todos aceitam um Messias servical. A recusa de Pedro nos leva a um drama: ou aceitamos 0 firme propésito do servico ou nao teremos parte com Cristo. Hé entéo uma mudanca drdstica de Pedro: “Senhor, ndo lave somente meus pés, mas também minhas mos e cabega” (13,9). No seguimento, o discipulo é chamado a mudar seu horizonte pelo caminho de Cristo. Nao existe uma fé pronta, mas um longo percurso na compreenséo do projeto de Deus. No principio Pedro recusa, mas logo sem seguida adere. Ele é chamado a dar continuidade de onde parou, mas nao € necessério iniciar tudo de novo. Jesus respeita a nossa caminhada e nos chama & abertura para o novo. E como o girassol, que a0 crepusculo interrompe sua caminhada, mas ao raiar de um novo dia retorna a sua jornada. 0 relato da aparicdo de Jesus Ressuscitado, em Jo 21,15-19, esté em sintonia com o texto que acabamos de refletir, Ela nos apresenta mais um didlogo entre Jesus e Pedro: "Simao, tu me amas mais do que estes?" (21,15). Aqui entramos em um dos conceitos fundamentais para 2 nossa fé cristé e para o seguimento ao projeto de Deus: 0 amor! Nao qualquer amor, mas o Agape, que é 0 amor de Deus, sem medida, sem restrig&o ou sem qualquer moeda em troca: é 0 amor gratuito. E justamente por esse amor que Jesus interroga Pedro. Todavia, Pedro responde: “Sim, Senhor, tu sabes que eu sou teu amigo” (21,15b). Este amor sobre o qual Pedro responde pode ser interpretado da seguinte forma: 1) seria 0 amor ao que é util; 2) amar 0 que é agraddvel; 3) amar o que é bom. Ora, tais formas de amar, em uma simples palavra, nao correspondem ao chamado de Jesus, que é amar por inteiro. Jesus interroga Pedro por trés vezes e somente na ultima tentativa é que Jesus muda sua pergunta e 0 interroga utilizando o verbo “amar*, porém num sentido mais restrito, 0 amor de amizade (21,17). Diante dessa ultima indagacéo, Pedro entristeceu-se porque Jesus perguntara trés vezes. A tradicao vé aqui a comparacao com a triplice negagao (18,17.25.27), mas vai além, vendo a fragilidade de Pedro em n&o conseguir corresponder ao amor chamado por Jesus. Pedro, em sua humanidade fragil, nao responde a inteireza do amor que Jesus Ihe solicita no seguimento, mas mesmo assim Jesus nao deixa de chama-lo e de confiar- Ihe sua missdo: “Vem e segue-me!" (Jo 21,19). Isso porque a realizacao plena, inteira e total desse amor (dgape) sé se dé sob a acdo pneumatoldgica (do Espirito), aquela que consola em Cristo. Nés também, ao escutarmos o convite do Mestre: “Vem e segue-me!", nos colocamos no caminho como discipulos missionérios do Reino de Deus, anunciando como fez a samaritana: “Vinde e vede um homem que me contou tudo o que tenho feito. Nao seria ele, porventura, o Cristo?” (4,20). Proclamar nao mais com duvidas, mas com toda convicgao, que ele é 0 Cristo, 0 Caminho, a Verdade e a Vida (14.6). Este seguimento culmina nao em uma adeséo com palavras, mas por meio da experiéncia de vide e testemunho: seguindo Jesus e doando a nossa vida até o fim 42 Encontro - O DOM DE SERVIR PREPARACAO DO AMBIENTE Colocar em destaque @ Biblia, uma vela acesa, bacia com agua, toalha e avental. 1. ACOLHIDA E CANTO Estamos reunidos novamente num encontro entre irmas e irméos, ao redor da Palavra de Deus, para ouvir 0 que 0 Evangelho segundo Joao tem a nos ensinar a respeito do servigo na gratuidade. Vamos nos acolher mutuamente cantando Eu te chamo de Mestre Eu te chamo Senhor/ Eu te chamo de mestre E nao sei se te chamo/ Como devo chamar. E procuro fazer/ Como sei que fizeste Mas nao sei se te amo/ Como devo te amar. Eu te chamo de mestre e Senhor E procuro entender teu amor E encontrar um caminho de paz (bis) Para mim, para qualquer irmao Que cultive esta mesma ilusdo De fazer este mundo mudar (bis) Eu procuro servir/ Eu procuro este jeito De viver sem reservas/ Por meu mestre e Senhor. Se quiseres me ouvir/ Eu serei mais perfeito E talvez eu consiga/ Ser profeta do amor. Pe, Zezinho, s¢j CD: Outra cango para Jesus, Paulinas - COMEP. 2. ORACAO Senhor, Pai de bondade e compaixdo, vés nos destes, por meio do vosso Filho Jesus, um exemplo de entrega e servico. Ajudai-nos a viver e experienciar a alegria de servir sem distingdo de pessoas. Nés vos pedimos hoje e sempre por Jesus Cristo, na unidade do Espirito Santo, Amém 3. SIMBOLOS * Olhando os simbolos que esto @ nossa frente, o que eles representam? Jé fiz uso deles? * Estes simbolos nos lembram de alguma passagem biblica? * Quais gestos de gratuidade experimentamos em nosso dia a dia e neste momento? 4, NTRODUGCAO A LEITURA No texto de hoje, vamos ouvir o relato conhecido como “lava-pés”. E 0 inicio da segunda parto do Evangelho que conhecemos como o “Livro da Gléria” (13,1-20,31), no qual nos apresenta Jesus “na sua hora”, a hora de passar para o Pai. E nesse momento que 0 Pai glorifica o Filho, porque ele entregou a sua vida por amor “até o fim", para todos aqueles que acreditam nele. Jesus revela seu mistério aos seus, enquanto 0 mundo o rejeita e 0 crucifica Para 0 povo judeu, lavar os pés dos convidados era uma forma de acolhé-los bem, porém era um ato realizado pelos escravos e antes de sentar-se mesa. O gesto de Jesus, que lava os pés de seus discfpulos, e fora da hora prevista, ressalta seu valor profético. Simao Pedro chama Jesus de "Senhor”, porém é um senhor que assume a “forma de servo" (cf. Fl 2.7; Jo 13,16), aquele que veio para servir e amar. 5. LEITURA: JoAo 13,1-17 (A leitura pode ser dialogada: um (a) narrador (a), Jesus e Pedro.) 6. VER O TEXTO DE PERTO * Com 0 gesto de abaixar-se para lavar os pés dos discipulos, Jesus reflete o amor do Pai que dé gratuitamente ao mundo o seu Filho Unigénito. Nao se trata de um ritual de purificagao (portanto, nao é necessério lavar todo 0 corpo), mas de servir, de amor até 0 fim * Vamos conversar sobre 0 texto: O que significa, no Evangelho segundo Jodo, a expressa a hora de Jesus"? * Observemos os verbos que aparecem entre os versiculos 2 a 5. Séo todos de movimento. Quem os realiza? © que nos revelam? * Nos versiculos 6 a 11, qual é 0 didlogo entre Jesus e Pedro? Por que é importante a Pedro permitir que Jesus lave seus pés? 7. CANTO Eu cos dou um novo mandamento: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”, diz o Senhor. (bis) 8, TRAZER O TEXTO PARA PERTO DE NOS * Nesta leitura, o que mais chamou minha atengao? *O que significa “ter parte” com Jesus? * Diante deste gesto do “lava-pés", 0 que significa chamar Jesus de Mestre e Senhor? * Que atitudes interiores precisamos ter para “lavar os pés” dos outros? 9, ORACAO QUE BROTA DA PALAVRA Facamos nossas orages espontaneas por pessoa ou realidades que precisamos servir com amor, numa atitude de discipulos missionérios, e apés cada prece rezemos: Todos: Senhor, ajudai-nos a servir na gratuidade (apés as oragdes) Jesus nos disse: “Dei-vos 0 exemplo para que, como eu vos fiz, também vés fagais”. Quem desejar, pode lavar os pés de alguém aqui presente, lembrando o gesto que Jesus fez. Com este gesto simbdlico, vamos pedir a graca da solidariedade e do discipulado. Enquanto isso, cantemos: Na cintura uma toalha Na cintura uma toalha E nas maos uma bacia Solucéo que nunca falha Vem da santa Eucaristia Alguém se curva e reparte o seu pao Alguém se curva servindo um irmao Lava-Ihe os pés pra dizer como & Tornar-se um lider em nome da fé. Nem dinheiro ou poder E nem fama desviaréo Quem na verdade é cristao Pe. Zezinho, sc] CD: Discipulos e missionérios. Paulinas-COMEP, 10, LEMBRETE Vamos nos preparar para celebrar o encerramento dos nossos encontros com o coracéo agradecido pela caminha feita até aqui. Se for possivel, unam-se aos demais grupos da paréquia ou comunidade para esta celebracao. Preparem o material necessdrio solicitado no inicio da “celebracao de encerramento”

Você também pode gostar