Você está na página 1de 20
insorute irevoncemtarincarentioceinenmate Introdugio 8 Teoria do Riseo Working Paper n’ 62 Maria Isabel Fraga Alves ‘Working Paper n° 62 ISSN: 0872-895 Depésito Legal n°: 90631/95 ‘Maria Isabel Fraga Alves Fact ldade de Ciéncias da Universidade de Lisboa - CEAUL e DEIO | Janeiro 1997 ‘Trabalho apresentado no Ambito do seminério de Estatistica e Econometria, ano lectivo 1996/97 - coordenado pelo Professor Doutor Bento Murteira, INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO. M. L Frage Alves CEAUL ! e DEIO, Faculdade de Ciéncias Universidade de Lisboa. Bloco C2, Campo Grande 1700 LISBOA. Palavras-Chove: fungao utilidade, distribuig&éo de Poisson Composta e Binomial Negativa lemnizagdes agregadas, resseguro, modelo de risco individual, modelo de Composta, # isco colect T ! | RESUMO Em variados'contextos, as Seguradoras esto interessadas em modeler o efeito do total das indemnizagées na companbia ou em alguma sua carteira especifica. Nesta nota é feita uma introdugéo & Teoria do Risco como metodologia conveniente de forme a atingir esse objectivo. 1. Introdugaio Cada um de nés estabelece planos de vida e deposita esperanga acerca do cumprimento do percurso tragado no seu futuro. No entanto, a experiéncia ensina-nos que nem sempre 0s planos so desenvolvidos de acordo com as perspectivas iniciais ¢ as espectativas tidas a partida revelam-se frustradas, parcial ou integralmente, Ocasionalmente circunstancias fortuites interferem com as suposigdes iniciais, revelando-se estas pouco realistas, Os seguros io designados com o propésito de oferecerem protecfio contre. prejuizos financeiros resultantes de acontecimentos de indole aleatéria e que interfiram nos planos individuais de cada um. ‘Este trabalho foi parcialmente suportado pelo projecto MODEST (PRAXIS XXI e FEDER). INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 2 A Teoria do Risco € definida como o estudo do afastamento dos resultados finan- ias inconvenientes ceiros dos resultados esperados e dos métodos que evitam consequi resultantes desses desvios. Com esse objective sio construidos e estudados modelos matemiticos convenientes numa perspective da actividade seguradora. Contudo, tal como sucede noutras areas, temos de ter sempre presente a distingéo entre um modelo e a realidade que ele representa. Os modelos que irdo ser apresentados tém-se revelado titeis para um conhecimento aprofundado acerca dos sistemas de seguros, No entanto, no nos devemos esquecer que os sistemas de seguros operam num ambiente mais complexo e dindmico do que os modelos mateméticos analisados. ' ‘Todos nés, de uma mancira ou de outra, voluntéri ou involunteriamente, acabamos por ter uma ligagio-com 0 ramo segurador. Mesmo sem ter de recorrer a uma fungo utilidade sofisticada, é do conhecimento comum que preferimos ao longo da nossa vida transferir alguns dos riscos a que @ nossa actividade esté sujeita para entidades criadas para o supor‘ar; essa, transferéncia de responsabilidade do risco é efectuada mediante um contrato de deguro entre 0 segurado e 0 segurador (Companhia de Seguros) que estabelece entre outras 2oisas, uma rettibuigéo monetéria acordada —o chamado Prémio de Seguro. ‘Nao é de estranhar a enorme variedade de contratos de seguro consoante toda a diversidade de riscos a que esté ligada a nossa actividade. No entanto, hé que impor limitagées bésicas acerca da espécie de riscos cobertos pelas entidades seguradoras. Por exemplo, os riscos inerentes as seguintes situages nfio sfio obviamente contempla- dos por algume. seguradora: "ao reservar um fim-de-semana num aldeamento turistico no Algarve existe um risco associado de que as condigées climatéricas néo sejam as mais favordueis para um pleno desfrutar de todas as potenciais diversces.” “ao propér casamento a determinada rapariga (ou rapazl) existe sempre o risco de que aquela (aguele!) diga que nao (ow sim?!).” Evidentemente que esses riscos néo so mensuréveis em termos financeiros. Realmente, a protecgéio dada pela seguradora é restringida a reduzir equeles consequéncias resultantes de acontecimentos aleatérios que possam ser quantificadas em termos monetérios. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 3 Jé no caso dos riscos associados & eventualidade de incéndio ou de roubo de uma habitagao, out de acidente de automével, por exemplo, estamos perante situagées de riscos econémicos. Estes sero o alvo principal de estudo e tratamento. Por outré lado, é dbvio que o facto de segurar determinedo risco nio diminui a proba- bilidade de o-orréncia de sinisiro. Por exemplo, o facto de existir um seguro que cubra risco associado a grandes temporais, como furacées, néo altera em nada a probabilidade de ocorréncia de uma calamidade destrutiva. Contudo, fornece incentivos financeiros para, as perdas e danos daf resultantes. Muitas tém sido as contribuigdes no campo da Teoria do Risco, intimamente rela- cionada com a dtea das ditas Matemdticas Actuariais. Podemos atribuir a Sir Edmund Halley, no sée.XVII, a primeira contribuigio de relevo, com a construgio da primeira tabela de mortalidade, permitindo o tratamento e céleulo dos valores de anuidade no ramo do seguro Vide, campo cléssico de aplicagao. Posteriormente, no sée.XVIII, Daniel Bernoulli, deu a sua contribuigéo relevente, através do desenvolvimento da ideia de maximizar a utilidade esperada como regra de decisio. Jé no nosso século, o desenvolvimento no campo estocéstico permitiu uma nova era de abordagem probabilistica, permitindo que os resultados outrora obtides através de mode- los deterministicos venham agora a ser incorporados como valores esperados nos modelos probabilisticos. Esta nove visio, conjuntamente com o tratamento do Risco no seu Colec- tivo, através de uma abordagem estocéstica, assenta em toda uma teoria que tem as suas aplicagdes quer no ramo vida quer nos ramos reais, embora seja no primeiro caso que as suas aplicagdes so mais relevantes; realgamos aqui que o estudo destes dois sectores é bastante diferenciado. As escolas sueca e sufca tm tido papel preponderante na érea de ‘Teoria do Risco, estando ligada & primeira o nome de Harald Cramér(1930).. Os livros principais ne érea de teoria do risco comegaram @ aparecer no fim dos anos 60. De entre eles reelgamos Beard, Pentilainen,e Pesonen (18ed.1969, 28ed. 1977, 38ed.1984), Buhlmann (1970), Gerber (1979) e mais recentemente destacamos o vasto manual em Matemética Actuarial, Bowers, Gerber, Hickman, Jones e Nesbitt (1986), 0 qual inclui ‘um percurso muito interessante dentro da ‘Teoria do Risco. Estes livros incluem extensas bibliografias ¢ aconselhamos a sua consulta pelo leitor mais interessado. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 4 i 2. Utilidade e Seguro Se cada um de nés pudese predizer as consequéncias das nossas decisGes, obviamente que a nossa vida seria muito mais simplificada, mas contudo, desinteressante! ‘Tudo se tesumiria a tomar decisbes com base nas preferéncias relativamente o deter- minadas consequéncias! No entanto, no possuimos (e ainda bem...) esse dom profético! © melhor que podemos fazer é seleccionar uma acgo que nos iré condusir preferen- cialmente a um conjunto de incertezas. A Teoria da Utilidade é uma teoria elaborada no sentido de levar a um conhecimento aprofundado acerca do modo como tomar decisées face & incerteza, com importancia relevante para os sistemas de seguranca. Assim, face ao problema de tomar uma decisio face a incerteze, uma solugdo possivel poderd ser definir 0 valor de um projecto econémico com resultado aleatério através do seu valor esperado — Prictpio do Valor Esperado. Através deste principio, o agente de decisdo encara de modo indiferente entre as- sumir um prejutzo aleatério X e efectuar um pagemento de montante BX]. No entento, ‘muitos agentes de deciséio néo adoptam o prinefpio do valor esperado; para eles, o nivel de riqueza e outros aspectos da distribuigio da distribuigio dos resultados influenciam as suas decisdes. No exemplo seguinte est bem patente a insuficiéncia do prinefpio do valor esperado, Exemplo 2.1 (Seguro de acidentes) Considere-se que a probabilidade de ocorrer um acidente é de 0.1 permanece inalterada para cada, um dos 3 casos seguintes, os quais esto escalonadas de acordo com o montante de prejuizo resultante de um acidente, eventualmente. Danos possiveis (u.m.) | Dano esperado (u.m.) 12 caso | 0 10 1 22 caso | 0 500 50 32 caso | 0 1.000 000 100 000 (um.) — unidade monetéria Se focarmos a nossa atencio para o 12 e $2 casos facilmente constatamos que a atitude possa ser bem diferenciada no que respeita a um pagamento de cobertura dos danos. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 5 Realmente, no 12 caso o montante de perdas néo é relevante, pelo que o agente de decisiio ‘no estaré disposto a pagar mais do que o valor esperado dos prejuizos para efectuar 0 seguro. Contndo, jé no $2 caso, um prejuizo de 1 000 000 poderé revelar-se catastréfico € exceder as suas disponibilidades financeiras. Para este caso extremo, possivelmente 0 agente de deciséo poderé estar disposto a pagar mais do que 0 valor esperado de forma a fectuar 0 seguro. Este exemplo sugere que o principio do valor esperado nem sempre é 0 mais adequado & situagiio, como base de deciséo. A Teoria da Utilidade foi desenvolvida nos anos 30 com 0 objectivo de descrever as Preferéncias pessoais em jogos como o exemplo seguinte descreve. Exemplo 2.2 (Preferéncia de jogos) Embora dois jogos distintos X e Y possam ter o mesmo ganho esperado, uma pessoa que seje forgada a aceitar um dos dois jogos preferiré tipicamente um deles ao outro. Por exemplo, considerem-se 2 jogos X e Y caracterizados por: PIX = 50] PIX =—40)=1/2 PY =6)= PY =5]= Ply =4)=1/3. Nestes 2 jogos o ganho esperado é igual, i.e., E[X] = B[¥] = 5. Contudo um jogador que no queira arriscar perder 40 w.m., para ter a possibilidade de ganhar 50 u.m., preferiré de um modo geral o jogo Y, o qual Ihe oferece a. possibilidade de um ganho certo de pelo menos 4 u.m.. De acordo com a Teoria da Utilidade, uma pessoa preferiré um jogo X para qual o valor esperado de uma ceria fungéo ctescente do ganho X — fungi utilidade — u(x), Elu(X)] seja um méximo, em alternative a um comparagio baseada simplesmente em EIX], Contudo, a forma de uma fungéo utilidade u(.) varia de pessoa para pessoa ¢ depende do balango pessoal entre 0 risco assumido referente aos diversos montantes ¢ a tentativa de aumentar os seus ganhos. Vejamos como a teoria da utilidade nos pode levar a um conhecimento aprofundado no campo dos Seguros. Suponhamos que um agente de deciséo possui uma propriedade que pode ser danifi- cada ou destrufda no préximo perfodo de tempo. Seja X a v.a. que representa o montanie de prejutzos que pode ser eventualmente zero. Consideremos que a distribuigéo de X é INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 6 conhecids. E[X] representa o prejutzo esperado no referido perfodo. Entre a Companhia Sequradora — organizagio que ajuda a reduzir as consequéncias financeiras do dano ou destruigéo da propriedade — e 0 Segurado — dono da. propriedade sujeita a risco — 6 celebrado um contrato (apétice ) no sentido de ser pago um montante igual (cobertura total) ou menor (cobertura parcial) do que do que o prejuizo financeiro softido face a0 dano que venha a ocorrer eventualmente no perfodo de vigéncia da apélice. Diz-se entéo que hé lugar a um pagamento de indemnizaéo. Na apélice é estabelecido um mon- tante de pagamento por parte do segurado ao sogurador, como retribuigéo da cobertura, estabelecida pelo segurador no contrato — Prémio. Supondo que é adoptado uma fungéo de utilidade linear e que portanto é valido 0 Principio do valor esperado, 0 prémio puro para o perfodo em causa é dado por = EX Este montante é incrementado de alguma carga de forma a cobrir alguma seguranga face ao risco e ainda despesas admnistrativas, lucros, etc. Genericamente, ¢ de acordo com 0 que acabamos de referir, o prémio P toma uma forma genética do tipo P=ullt+6)+c=p+po+e, isto 6, Prémio = prémio puro + carga de seguranca + carga admnistrativa. com ,¢> Oe onde a6 é dada a designagio de coeficiente de carga seguranca. ‘Tendo presente que um contrato de apélice deve ser vantajoso tanto para o segurado como para a seguradora, e tomando estes uma atitude adversa face ao risco (i., a f utilidade respectiva u(z) 6 tal que w'(x) > 0.e w"(2) < 0) 0 prémio que o segurado paga deverd ser superior face ao prejuizo esperade, ive, P > B[X] = p. Igualmente, chamamos a atengo de que de acordo com o Principio da Utilidade Nula, P deveré stisfazer a equagio u(w) = Elu(w+ P— 8)], i.e., sob o ponto de vista da Seguradora com utilidade u(.) e uma riqueza inicial w, esta aceita assinar a apélice e efectuar o pagamento de indemnizagées aleatérios S, mediante © recebimento de um montante de prémio P pago por parte do segurado, estipulado de modo a que esta seja indiferente face & alternativa de no celebrar o contrato. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 7 3. Modelos de Risco No capftulo anterior examinémos como um agente de deciséo pode usar um sistema de seguro de forma a reduzir o impacto financeiro adverso resultante de alguns tipos de scontecimentos aleatérios. Por agente de deciso entendemos quer indiufduos (que pretendam protecgio contra a. perda ou dano da sua propriedade, por exemplo) quer organizagées, como por exemplo, uma companhia de seguros que pretends comprar protecgéo contra a perda de fundos resultantes de demasiadas indemnizagées relativas a uma apélice ou a uma carteira de apélices para os seus segurados — Resseguro. De uma forma ou de outra estamos interessados na distribuigo de S, perca aleatéria em determinado ramo de risco numa seguradora, associada ao total de indemnizagées pogas. 3.1 Modelos de Risco Individual No Modelo de Risco Indiviual SEX + Xt + X= DX, i para uma carteira de onde constam n unidades de riseo seguradas ( n apélices) e onde X; representa a perca aleatéria relativa & apélice i, i = 1,--+,n, Considera-se que os montantes individuais de indemnizagio, X;, sio v.a.’s séo mutuamente independentes. Observagao 3.1 ‘0 modelo a que nos estamos referir é considerado para um curto prazo ou perfodo curto, pelo que nao seré tomada em consideragdo qualquer influéncia do tempo relativamente ‘08 montantes monetérios que esto em jogo. Relativamente 20 niimero de unidades de risco sob estudo, n 6 considerado conhecido no inicio do periodo em estudo, nfo sendo permitidas entradas ou safdas de unidades seguras no sistema, pelo que estamos perante o que é designado usualmete por um modelo Jechado. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 8 , Xr se pode Considera-se que a indemnizacéo proveniente da apélice i, i eserever X= 1B, sendo J; uma v.a, de Bernoulli associada & ocorréncia de indemnizagio com PU ==ae P= =1-a © B,o montante de indemnizacgo relativamente & apélice { caso ocorra, Supie-se que 0 niimero de indemnizagdes e o montante individual de cada uma delas so independentes, i.e., ie By so mutuamente independentes, para i= 1,-++,n. Denotando por »; = E[B,] e por a,” = Var[B;], pode-se mostrar que para a carteira das n apélices se tem BIS|=Soan © Var(S|= Yalan? + ae? a =i No caso particular em que a indemnizagao caso ocorra seja um montante fixo, i.e, 4, constante, as expressdes anteriores concretizam-se BIS] = Sas ¢ VariS]= Sse — qb. i a De acordo com o modelo em causa, a fungio de distribuigéo (fid.) de S 6 a convolugio das fungdes de distribuigdo das indemnizagées particulares. Assim, se denotarmos por A(z) a distribuigio da indemnizagéo proveniente da apélice é, para i = 1,--+,n, tem-se que Fala) = (Fit Fy--+4 Fy)(a) que pode ser calculado recursivamente. Alternativamente, a fungio geradora de momentos (f.g.m.) de S é dada por Mole) = TI Mxi(r), a onde Mx,(r) denota a fg.m. de Xj, para A distribuigéo de $ pode ser obtida por métodos aproximados. & de notar que o Teorema do Limite Central é vélido para o modelo de risco individual assumido. Assim, para uma carteira com um mimero elevado de epélices, n, Bi = Ps sai~P (552 < al a0 {zeAa wars] < Warts} aris} nm INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 9 sendo ®(2) afd. dav. normal N(0,1). Exemplo 3.1 Uma Companhia Seguradora efectua contratos de seguro do ramo VIDA (apélices ‘anuais) para duas unidades de beneficio de montantes 1 ¢ 2, respectivamente, para in dividuos com probabilidade de morte 0.02 ¢ 0.10. A Tabela seguinte sistematiza o "n® de individuos segurados”, nz, em cada uma. das 4 classes assim criadas (de acordo com o montante de beneficio b, e & probabilidade de morte ou, equivalentemente, « probabilidade de indemnizagio g,): bk 0.02 1 500 0.02 2 500 0.10 1 300 0.10 500 now ele A Companhia quer colectar dos 1800 segurados um montante igual ao percentil 95% da distribuigéo do Total das Indemnizagdes — $. Quer dizer, 0 Prémio tem de ser suficientemente elevado de modo a que, no total, o risco seja coberto em 95% dos casos, pelo menos. | Suponharaos que a Seguradora utiliza uma utilidade tal que Ihe permite estipular para prémio individual um montante proporcional & indemnizagio esperada individual, ie., | Pp=(1+6)E[X;), para um coeficiente de seguranga 0 > 0, Face ao problema de estipular qual o valor de 0 a ser utilizado na fixagéo do prémio e supondo que é utilizada igual carga de seguranca relativamente a qualquer um dos seus 1800 segurados prémio total é 1s00 00 1809 P=Y P= SY (1+ O)EIX] = (146) 2 BX = (1 +0) EIS], a = cost ‘Tendo em consideragio os requisitos da Seguradora, 0 deverd ser tal que se verifique PIS < P|=0.95 ‘ou, equivalentemente, PIS < (1 +9)BIS]) = 0.95. INTRODUCGAO A TEORIA DO RISCO 10 Atendendo a0 Teorema de Limite Central, escolha-se @ por forma a que 6E[S] _ . { a - Ora, como 100 hs] = FB = Fs] = Lmao = 160, : : oi Var[S] = Sv = SVE = Sabot — 4) = 256, a a mt @=1 ona = 0.1645. entio considere-se o valor 3.2 Modelos de Risco Colectivo a Curto Prazo t Neste capitulo continuamos a ignorar a influéncia do tempo para o estudo a que nos propomos. No Models de Risco Colectivo o conceito essencial é 0 de um processo aleatério gerador das indemnizagées para uma carteira de apélices. Considera-se a Carteira de uma forma { global, em coatraste com a abordagem seguida no capitulo anterior, em que as apélices 5 foram analisadas de forma individual. Assim, para um dado periodo de tempo, denotamos: N, av.a, associada ao niimero de indemnizagdes produzidas pela carteira en questo; X; a v.a. do montante da i-ésima indemnizacio; Sava. das indemnizagées agregadas para a carteira; pelo que a va S das indemnizagoes agregadas corresponde a uma soma aleatéria Serdo ainda tidas em consideragio algumas hipéteses X; so v.a.’s independentes e igualmente distribuidas (i.i.d.) com uma fd. Fx N, Xi, X2,-++ S80 v.a.'s mutuamente independentes. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO n Tendo por objectivo a determinagdo da distribuigéo de S, facilmente constatamos a importéncia dos modelos adoptados quer para o mimero de indemnizagées, N, quer para as indemnizagées particulares, X, de forma a caracterizar aleatoriamente a v.a. Ss. Veremos de uma forma genérica como obter resultados acerca da distrobuigo de S, tendo em consideragio as distribuigdes das v.e.'s X e de N. Os moméntos simples de ordem k, k = 1,2,---, da via, X serio denotedos por Pe = B[X4, | Por outré lado as fg.m.’s das v.a.’s envolvidas so: Mx(r) eo » My(r) = Ele®] ¢ Ms(r) = Ble"). Os valores de E[S] e de Var{5] séo facilmente relacionados com os momentos respec tivos das v.a.’s X e I, recorendo ao valor médio e & varifincia condicionais, E{S|N] e Var|$|N], obtendo-se as expresses EIS] = B(E(S|N]) = E(E[XIN) = .Z(N] Var[S] = E(Var[5|N]) + Var(E[S|N]) = E(NVar[X]) + Var(p,.N) = E[N|Var[X] +p1°Var{N), A luz da andlise em questo, aqueles valores podem ter a interpretagdo seguinte: valor esperado das indemnizagées agregadas é 0 produto do montante esperado para. 1s indemnizagées individuais pelo mimero esperado de indemnizagdes, AA varidncia das indemnizagées agregadas 6 a soma de duas componentes: @ primeira otribufda A variabilidade dos montantes de indemnizagio individual e e segunda atribuida, i variabilidade do mimero de indemnizagées. No que se segue denotaremos a fd. de $ por Fs e fs representa quer a fm.p. quer & Edp de S. De modo anélogo, denotaremos por fx quer a f.m.p,, no caso de X v.a. discreta, quer a fdp de X, no caso de X ser continue. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 12 Recorrendo ao Teorema da Probabilidade Total, facilmente se deduz que Yo Feo) PIN = a] a0 Fela) = PIS 0. Tremos concluir que a v.a, das indemnizagées agregadas, S, 6 uma va.c. mista, Com efeito, dado que My(r) = mF Mx(r) = (1-1), entio P ee L-qMx(r) 1-9-1 Ms(r) = My(logMx(r)) A fgm. de 5 pode ser expressa ne forma p Ms(r) =p1+q—, is(r) =p. ee a qual evidencia o facto de 5 ser v.a. mista, com massa de probabilidade igual a p no ponto De para S estritamente positiva um comportemento do tipo exponencial de pardmetzo p. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 13 Analisemos alguns modelos possiveis para o niimero de indemnizagées, N. Seja N uma v.a. de Poisson de pardmetro A, i.e., ue nm? e Mn(r) = exp {A(e" = 1)}. PIN =n) = n=0,1,2,+ ‘Trata-se de uma distribuigao apropriada para modelar o ntimero de sinistros quando se verifica. uma proximidade entre a média e variéncia dos dados analisados, uma vez que BLN) = Ver{N] =. Nestas condigées, diz-se que J tem distribuicéo Poisson Composta, obtendo-se neste caso particular EIS] = Api © Var[S] = App e Ms(r) = exp {A(Mx(r) — 1)}- No caso de os dados referentes 20 niimero de sinistros deixarem transparecer que BIN] < Var[N] tem sido sugerido o Modelo Binomial Negativo de parémetros k e 9, com PIN = = (RNa, N=O12. @ k>0, O 0. Suponhe-se que a v.a. N condicional a um valor de A distribuigo de Poisson de parémetro . Uma situagio prética de aplicagio deste tipo de modelos surge para uma carteira de Seguros em que o mimero de sinistros é bem modelado pelo modelo de Poisson, mas com NIA = d tem uma INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 14 alguma flexibilidade no que respeita ao parametro \ associado, de acordo com as diversas classes da carteira, Afm.p. de N é obtida tendo em consideragao o Teorema da Probabilidade Total: PIN =a) = [ ee ek Um caso particular ¢ 0 que se obtem quando a distribuigio de A é da familia Gama, ue corresponde 20 modelo Binomial Negativo para av.a. N. Quanto aos modelos associados &s indemnizagées particulares, X, consideram-se, por um lado, modelos em que 0 eélculo da convolugdo esté simplificado, como é 0 caso dos modelos Normal e Gama. Contudo, referimos igualmente alguns modelos associa- dos tradicionalmente a certos tipos de ramo de seguros. Assim, os modelos lognormal, Pareto ¢ Mistura de Beponenciais so sugeridos numa primeira andlise para candidatos a modelagdo de dados do ramo Incéndio, enquanto que a0 ramo de Acidente Automével esté associado 0 modelo Gama. Cabe ainda aqui referir que para determinados modelos de distribuicéo composta, referentes a v.a.'s N cuja £m.p. posse ser caloulada de forma recursiva, a distribuigéo da via. das indemnizacées agregadas, S, pode ela prépria ser calculada recursivamente, Para 0 caso em que os montantes de indemnizagéo sao inteiros positivos. As expresses relativas aos casos referidos so conhecidas por férmulas de Panjer (1981). Nesse contexto, se estamos perante indemnizagdes agregadas com distribuigdo de Pois- son Composta, a fm.p. de S pode ser calculada de acordo com Js(z) = PIS aie SAPIX = ilfalo— i), a artindo do valor inicial fs(0) = P[S = 0] = PIN = 0] = No entanto, quando o valor esperado do mimero de sinistros, B[N], & muito elevado a utilizagao do método recursivo torna-se morosa. Por outro lado, a distribuigéos das indemnizagées particulares, X, nem sempre é conhecida, mas apenas alguns momentos. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 15 Quando o cosficiente de assimetria de S, 75 = ALS“A", nao atinge um valor elevado, € razoaavel utilizar a aproximagdo & normal. Assim, para uma carteira em que o ntimero esperado de sinistros é elevado, EN], wo) 2—F of 23} i tomando para as distribuigies de Poisson Composta e Binomial Negativa Composta os valores normalizadores respectivos: E[S] = Ap e Var[S] = Ape, no primeiro caso, ¢ 2[S] = 3p. e Var[S] = Spe + 4 p.? , no segundo. Como dissémos anteriormente, estas aproximagées & normal sé devem ser utilizadas para valores pequenos da essimetria de S. Para valores de 75 > 0.1, os erros cometi- dos pela aproximesio sio significativos, principalmente na cauda da distribuigio, zona de grande interesse para as aplicagées. Para esses casos, as aproximagées deverdo contemplar essa correccao para a assimetria. Uma primeira abordagem é feita com recurso & distribuigéo Gama deslocada, pelo que a meen F(x) & f Tay ode Os pardmetros convenientes sio escolhidos por forma a que o valor médio, varidncia © coeficiente de assimetria de $ calculados através da aproximagio referida coincidam com os originais. Mais precisamente, para o caso em que $ é uma Poisson Composta, tal traduz-se em escolher 0 parimetro de forma a = 47, o parémetro de escala f = = 28 © pardmetro de localizagdo xy = Ap, — 2\@a", De entre métodos mais sofisticados, faremos uma breve referéncia & aproximacdo Normal Powir (NP). Pode-se mostrar (Beard, Pentikainon e Pesonen (1977)), que para valores de i >i, (+ (5e By, | te Ve Se oe constitui uma boa aproximagao para e distribuigdo das indemnizagées agregadas, desde que Ys < 2. F(z) = INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 16 3.3 Modelos de Risco Colectivo para um Perfodo Genérico Nesta seceao faremos um breve referéncia ao modelo que se obtem, por generalizagéo do anterior, para um perfodo de tempo genérico, (0, ). Para uma certa carteira de apélices, seja V(t) o niimero de sinistros que ocorrem em (0,4) © S(t) as indemnizagées agregadas referentes ao mesmo perfodo de tempo. A contagein do mimero de sinistros é iniciada em t= 0, isto 6, N(0) = 0. ‘Tal como na secgao precedente denotemos por X; 0 montante do i-ésimo sinistro. Entao we) 5) =X, a © processo {W(t}, > 0} & designado por processo do ntimero de sinistros , enquanto que 0 {5(t),t > 0} € 0 processo das indemnizagées agregadas. Esta abordagem contrasta com @ da seccao anterior, em que estivémos interessados apenas no estudo do mimero de sinistros ¢ nas indemnizagdes agregadas para. apenas um periodo de tempo fixado. Note-se que tanto V(t) como S(t) so fungdes "em escada” Os dois processos apresentam descontinuidades Para os mesmos instantes Tj, i = 1,2,--+, em que ocorrem sinistros; por outro lado, "a altura dos degraus” para 0 Processo do mimero de indemnizagées N(t) € constantemente igual a 1, uma vez que naio io admitidas ocorréncies simultaneas de sinistros no modelo considerado (na pratica se tal suceder considera-se apenes um tinico sinistro no instante T; correspondente & agregagéo dos sinistros verificados). Quanto av processo das indemnizagées agregadas, S(t), a descontinuidade em 7; atinge uma magnitude igual & indemnizagio ocorrida, X;. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO iv Os gréficos seguintes exemplificam a situago tfpica para aqueles dois processos, 4 a ' " % a4 figura 3.2- Realizagio t{pica do processo das indemnizacdes agregadas, S(t) INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 18 Se as indemnizagies constituirem um Processo de Poisson Composto, entio séo vélidos resultados andlogos aos da secgio precedente, com os ajustamentos dbvios para o intervalo (0,2), te., A 6 substituido por dt, ‘Tem-se, por exemplo, E[S(0)] = Apr © Var[S(e)] = dtp2 e Ms(r) = exp {At(Mx(r) —1)}. Associado ao processo do mimero de sinistros, V(t), e ao processo das indemnizagées agregadas, S(t), est o processo das reservas da seguradora U(2), para t > 0. Se denotarmos a reserva inicial por U(0) = u, fruto eventualmente de operagdes pos- sadas, e se supusermos que o prémio P(t) & continuamente recobido em (0,t) a uma tara ¢, entao U(t) =u+ Plt) - S(t) =utct-5(0). Um dos problemas de grande aplicabilidade e constituindo Area de estudo em Teoria do Risco € a andlise da probabilidade de ruina, conceito intimamente ligado ao proceso de reservas. Defina-se instante de rufna como T=min{i 20 e U) 0. Define-se probabilidade de rutna em horizonte infinito como ¥(u) = PIT < 00] Define-se ainda a perca agregada mézima como sendo a v.a. néo negativa L= matzo {S(t) — ct}. De imedieto se conclui que Wu) =1-Fr(u), para w>0. INTRODUGAO A TEORIA DO RISCO 19 4, Comentérios Finais Muitos outros problemas e resultados se poderiam referir na éres. do Risco. Bowers, et. al.(1986) constitni um manual bastante vasto, por forma a cobrir uma grande diversidade de temas ¢ um indicador éptimo de bibliografia na especialidade. Af confrontamo-nos, por exemplo, com dois métodos de aproximagdo do Modelo de Risco Individual a0 Modelo de Risco Golectivo, através da modelagdo de uma distribuigéo de Poisson Composta apropriada, Outro problema sem chivida interessante 6 0 da influéncia do Resseguro na Probebili- dade de Rufna. Nesta pequena nota foi apenas possivel abordar de uma forma introdutéria os conceitos fundamentais em Teoria do Risco. Esperamos ter suscitado o interesse do leitor para esta firea de investigagio e de grande aplicabilidade, sobretudo no ramo Segurador. BIBLIOGRAFIA Beard, R.E., Pentikainen, T. e Pesonen, B. 1977. Risk Theory; The Stochastic Basis of Insurance. London: Methuen, ~ “Bowers. N.L. Jr., Gerber, H.U, Hickman, J.C., Jones,D. e Nesbitt, C.J. 1986. Actuarial Mathematics. Chicego. The Society of Actuaries Buhlmann, H. 1970. Mathematical Methods in Risk Theory. New York: Springer. Cramér, H. 1930. On the Mathematical Theory of Risk, Skandia Jubilee Volume, Stock- olm. Gerber, H.U. 1979. An Introduction to Mathematical Risk Theory. Huebner Foundation Monograph 8, distributed by Richard D. Irwin : Homewood. Panjer, H.H. (1981). Recursive Evaluation of a family of compound distributions, Astin Bulletin 12, 22-26. * — Manual Recomendado

Você também pode gostar