Você está na página 1de 275
Ea erie DL) ANd one eey ms RCCL he Sesse WOd sopnzil SO DIDd |N OjINW ds sojuDIdiouLd so DIpdjeaissooy ‘olouebop seloujoul Cojo) ell tnte oye (omeresty-foeMUU-y of OID]D Ojljso 9 Djleyiod: DONOpIA fy lofe|folt] fos olttS sat TM off lo3 (S11 Elles led olat CoS) ololoN-JoKolefololttt oy) Dp DIOysIy D sOU-Djueseidy ss “OJUSUIDIse] ObyUy Op CoS Kok-J oP oy ed ore Coleone] ny oles 1] loko oy Noltt trol errs oka TE PC) Cy| OLNFINVISAL OSILNY Od INJSVSNGIN V J SNSIOH SO OINaAWvisal OLNAWW Sat OOLNV OG OE Soe NEON NEA ae poked oan a ICE a CO) se ho SIH F ie [ee E VE [| Peter F. Ellis | C.SS.R. OS HOMENS | E A MENSAGEM } DO; ANTIGO TESTAMENTO TRADUGAO: FLAVIO CAVALCA DE CASTRO, C.SS.R. veeewwevevuewlywewww wwe WYuUUWwwUwwoWwUYUwuYS (The Men and the Message of the Old Testament ‘The Liturgical Press, Collegeville, ‘Minnesota, 1963) EDITORA SANTUARIO ‘Aparecida - SP 1985 ‘Titulo do original inglés: THE MEN AND THE MESSAGE OF THE OLD TESTAMENT ‘The Liturgical Press, Collegeville, Minnesota (USA) Tradugdo de Flavio Cavaica de Castro, C.SS.R. SewevwVWVWIIwVvIIvaww } Imprimi potest: 7 CARLOS SILVA, C.SS.R. ) Prov. dos Padres’ Redentoristas de So Paulo > > win obstat: ) FRANCISCO COSTA, C88. Censor > > Arte: 3) MARCO ANTONIO REIS 3 ‘TODOS Os DIRETTOS RESERVADOS > XEDITORA SANTUARIO-1991 aj a Composit, imprest > EDITORA SANTUARIO. Run Padre Car Monti, 342 3 Fone: DDD (0125)36-2140 12510 Aparecige SP. d CGC. 60.601.2830016.35, > Inver En 174007.170 7p Ane: 1996 95 94 93. 92 91 Edits: 109 8765 43 2 INDICE ABREVIATURAS. PREFACIO. INTRODUGAG PRIMEIRA PARTE A HISTORIA DO PENTATEUCO 1. © PENTATEUCO . 1, © Pentateuco em seu conjunto ‘Anistoria do Pentateuco em seu conjunto 2. Ganesis ... ‘Passagens signifiativas do Genesis 3. Bxodo .. : Paseagene significativas do Bxodo = ‘Teotogia da Allanga fl Allanges ‘Aallanga de Adto 0.00. ‘alianca de Abrato ‘Aallangs do Sinal Contexto historeo da ifanga sinaiiies Aalianga ¢ 0 reino ‘hs tapas progennvas do reno de Deus Aarne oTabemsculo Importancia do live do Bxods 4. Levitio Passagens signiicativas do Levi 5. Otero dos Mumeros ..... Passagens sgnificativas do livre dos CECE NUN UNWNUYOEWWUYNYUNNUUWNwWUNwUWUWUUWY 2, ANALISE LITERARIA DO PENTATEUCO ... L . A Tradigdo Javistae Genesis 2-3 Bee ‘AndliseWerdria do Pentateueo ‘Autentildade motalea do Pentateuco Formagdo lterdria do Pentaleuzo vov-cvovveeree= Grafica em cores das fontes do Penisietco 4 Tradigao Secerdotat eo primero capitulo do Geness O relato da criagdo em Gn i,1—2,3, ade da terra ‘Astrutura que 6 auior Sacerdotal det ao Peniateuco Contexto histério do Javista =... ‘A lntengio do autor Javista ‘Fontes historicase tologicas do Caractersticas do Javisia. Historieidage de On 1-1 (Crago especial do homem (Gn 27.20.20) ‘Unldade da raga humana (Gn 2, 180; 3,20) Felleldade original dos primelros pals ‘A arvore da vida (Gn 2,9) ‘A arvore da ciencla do bem ¢ do mal (Ga 2, (© deménio sob a forma de serpente (1-14) © querubim e a espeda flamejante (Gn 3,24)". Atradigdo Eiotsta CCaracteristcas da saga do Eioista ‘A tradigdo Deuteronomista ‘Contexto histerioo do Deute TINIE CGaractersticas proprias do Deuteronomista <.c-s-sssssscreeee ‘Aforma INteraria do Deuterondmio SSID Generos Werdrios da Biblia... ‘Genetoslterdros em geral ‘Genetos lterdrios antigns ‘A lgreja€ 0 estudo dos gineros lterarios ‘Generos histéricos da Brbile . ‘Tradiqdes populares ou flere - Historie antlga ee ses oven istéra religoes ison sou pashli Objegbes e difeuldades in 88 88 BR8RREsseeeIs ess Res Ns 3. OS SALMOS REFERENTES A HISTORIA DO PENTATEUCO ......... us 1 Ottoro dos Salmos ‘4 Formagto do Livro dos Salimos Numeragto dos Samos ‘Titles dos Salmos 4, A HISTORIA DO DEUTERONOMISTA L 2. Hao |. Josue INDICE 1X M8 De nt ut a uo ‘Antfora eeptfora Paratellsmao : Como estudar os Samos Salmo 148 Salmo $3... Salmo 104 Salmo 8 -. Canto de Boisés (Bx 18) ‘Salmo 29... 5 Salmo 11¢ Salmo 15 ‘Salmo 05 Salmo 81 Salmo 138 Salmo 136 ‘Salmo 100, Salmo 103. <0... Saimos de ago de grazas Salmo 116 Salmo 68 F Saimos aidatico-nutoricos Salmo 80 ‘Salmo 105) Salmo 108. | Salmo 11 | Salmo 78 . 1 2 as 14 135 136 ast 2 138 oe M5 SEGUNDA PARTE ‘A HISTORIA DO DEUTERONOMISTA 1s 181 182 ist O conjunto da historia do Dewteronomista Functo da historia do Deuteronomista Arnaturezt da historia do Deuteronomisia .... Os principlos bésioos da historia do Deuteronomista (© conjunto da historia do Deuteronomista CCronologia da historia do Deuteronomista.... ‘A Geografia da Palestina Limites Extensto Divisto ‘A plantcle da costa Regito montanhosa Ovvale do Jordte Ameseta dx Trangia Clima 186 Estagoes Ferilidade e bosques O'povoe a terra Passageas mais significativas do itvo de Josue 181 PHOTO OVOWTOOWOWOWUYUVTUYSWYYOUWYOVOOWS Xx INDICE Confederagto das doze trbos 168 4 Juteos . us Passagens signideativas do livro dos Jules Der 5. Rute +170 Pessagens significative do livro de Rule... can 8 dots tor0s de Samuel... ceoceetaneunneseeeeee m Passagens signi\cativas dos livios de Sami SSID aa 11. Os dots toros dos Rets 12 CCronologia de Salomto ¢ do reino do Norte ...0000000020 SND ae Passagens significativa dos livros dos Res ae 184 inastas e rels do Reino do Norte, et 1. Anas e Osetas nos titimos anos do Reino do Norte .... eee a4] ‘Amos c a 199 Passagens signiictivas do tivro de Armée 194 seins CI ise Passageas significa do ilo de Oséias, SIEENEIIIID go 5, ANALISE LITERARIA DA HISTORIA DO DEUTERONOMISTA, 205 ‘Deuteronémio Josue Sotaes Samuel Ree 6. 08 SALMOS RELACIONADOS COM A HISTORIA DO DEUTERONOMISTA . 211 1. Salmos de Suplica a 2. Suplicas colettoas 23 Salmo 8 aa Salmo 8) vcs a 3 Siptcas intouats . 28 Salmo 50 218 Salmo 56 | 27 Simo 57 218 Salmo 18 219 A. Salmos de Conflanga : aa SAMO 23 eesssee SII CENIUINIIIIIIIIND a 5. Salmos Processionats . e ‘Salmo 24... Co ms Salmo @8 1 S68 6 Salmos Messtantcos + 230 Salmo 0s... a ‘Salmo 2 Salmo 72 26 ‘TERCEIRA PARTE A HISTORIA DO CRONISTA E OS PROFETAS DE JUDA. 17. AHISTORIA DO CRONISTA 2 1. A Mitrka do Cronita em seu cowutta vscssseeeveos coe 8 Fungto da historia do Gronista 1 INDICE xt ‘Natureza da historia do Cronista ‘Arhistoriado Cronista no seuconJunto 28 ‘Gronologia dos rls e dos profetas de Juda 26 2, 1e2.ttoros das Cronicas 2 3. 0 Propettsmo 20 (© profeta como individuo «os. : 20 ‘Distingto entre profetas isos e verdadelros + 80 Protetlimo como testo em iact P81 ‘Os mecanismos da prfecia 253 ‘Como ler os profetas =) 8. OS PROFETAS DA JUDEIA NO BECULO OTTAVO EA AMEACA ASIRIA .. 250 1. © perfodo assrio em Isat ... Cronolonia. Context nistéried =. 2 tsaias ‘Pregagio de Isalas no tempo de Soatdo e Acaz (142-735). Profecias de Ianas duran 0 Feinado de Acsz (135-715). Profeclas de Islas duran‘eo relnado de Ezequlas (26-687)... 3 Miguéias ... Passagens mais significativas de Miquelas 8. OS PROFETAS DA JUDEIA DURANTE O ULTIMO SECULO DO REINO ..... 275 CCronologia dos Ultimos ctm anos de Judd ....e.seeees 78 2. Sofomtas eoeeesee 76 2. Jeremlas durante o retnado de Josias.... am Telas dominantes de Jeremias -.... 78 Divisto e explieagto da desordein cronoloeica 27 ‘Acontecizentos importantes e sermoes do tempo de Josias 200 3. Naum 4. deremies durante 0 relmado de Joagsin ‘Passogens signifeativas ... 5. Habacue 6. Jeremias durante o retnedo de Sedocias 285, Passagens signifcstivas ... 288 Jeremias nos ios dis do fene de Jud... 251 (Os ultimos dias de Jeremias Sl a9 11. A influtneta de Jeremias . 290 © MESSIANISMO 1. Slonifcogéo do Messianemo 2 3. 2. Definigdo do Messianismo tapas do Messiantsmo .... (© pertodo do messianism soterioidnico =. © perfodo do messianisma dln&stico «-cer0-2- © pertode do messianismo pessoal 4. Data e interpretagto dos textos messtdmieos so... Genesis 121-3 31 2 Samuel 7, 1-416 a1 Genesis 3.15, 303 WHY OWWYYOUUYWEUYYNTYEUUWUwWeUWYUWUYYEIWWY Xm INDICE ‘A nimlzade estabelecida por Deus 7 309 Aserpente . 304 ‘A-semente da serpenie Sear CINE gos, ny, 2 ‘Asemente da mulher 1000000200000 : 2D ans Ieatas 1,19 e Miquélas 4, 14 — 5,5 Jeremias 23,86 -..... 5, Reletura dos Teztos Messlanicos ... @. A realizapdo das Profecias Messitnicat (08 PROFETAS DA JUDEIA DURANTE 0 CATIVEIRO NA BABILONIA 1. 0 Perlodo do Exitlo Gronologia Contexto hsidrico Nabueodonosor Osexiiados -... 2. Ezequiel Passagens mais significalivas de Ezequiel =... 2 At Lamentogbex Abdias (F atimos anos do extto CCronologia dos tltimos anos do exiilo babliGnico Gontexto lstéreo sess scores (Cite of exllados 6 Déuterostsatas (184085) «.. ‘Autentieisade Divisto Passagens mais significativas do Déutero-isalas - ‘Adentiicagdo doServo" = ae A VOLTA DO EXILIO E OS PROFETAS POS-EXILICOS: CCronologia do periodo pés-exilieo 1. Esdras Neemias ¢ Esdras 1-6 Passagens signficativas de Esdras 1-6 2. Agen « ee ‘Passugeas sigificativas de Ageu 3. Profo-Zacarias (Ze 1-8) ..... Passagens significativas do ProtoZacarias 1-8 4. O Trito.tatas «ts 56-65) 8. MOLOqUIDS oscseseereese soos Passagens significativas de Malaqulas 6, Eadras 74106 Neemlas 113. .sooecesoe ‘Passages slgniacativas de Esdras 710". Passngeos siglfcatives de Neerala er 1 6 1, ANALISE LITERARIA DA HISTORIA DO CRONISTA, 14, SALMOS RELACIONADOS COM A HISTORIA DO CRONISTA 1. Saplicas indtolduats de wm doente = 15, LITERATURA MIDRAXICA INDICE XT © Déutero-Zacarias (Ze 9-14) Passagens signiletivas do Déutero-Zacarias (© Céntico dos Canticos Interpretagto parabélico-iegorizante Ovcontexto do Canto -.-- Forma lterdriae diviso ..svi..... Passagens signficativas do Citi ‘Chntico de Bzequias Us 38, 1020) Salmo 6 Salmo 88 Salmo 20 7 Saimos de Jerusalem edo Temolo « Salmo 48 ‘Salmo 48 1... Salmo 78... ‘Salmo 79 |. ‘almo 74 «. Salmo 89 Salmo 77: ‘Salmo 102 Salmo 107 | Salmo 118 Salmo 137 Salmos «2-43. Salmo 24 Salmo 710... 0 Salmos Graduais Salmo 120 Salmo 121 ‘Salmo 122 Salmo 123 Salmo 124 | Salmo 125 Salmo 126 | ‘Salmo 127... Salmo 128 | Salmo 120 <.. Salmo 130 | Salmo 131° Salmo 192 *... Salmo 133 Salmo 134 Sainos de Jae-Ret Salmo 47. ‘Salmo 90 | 8 2 aon 22g seggneeaaas QUARTA PARTE A LITERATURA DIDATICA E A HISTORIA DOS MACABEUS ar wT UY HWNYKYNWVOVEVWNHNUUUWHWWWUWWEWWOUWY ‘xIV INDICE INDICE XV 1. eter erro do mires. as | armaratens a ertirs apap. os 8 Seiad dapat ess fs | Sige terrae desenvolvnents do peo aposalics a Sarteaar on Merry ria a ee a ei iii i ak Eesnvotvments do genres isos 0000000000. 9% Bani : ; a See i Puen gina de as 6 Jude conn tise ar ‘A interpretagio midraxica a 3. Tobias ar Judite como obra apocaliptica ......... 4 Baer : a Ghigo doo ae ae 5. bare 0 Corte de soem ‘0 18, © LIVRO DA SABEDORIA ‘A mportineta da sabedoria ‘Arnaturesa da sabedoria =. Deserigho midraxiea da sabedoria de Deus que edoria anna entre ambos os Testamentos 16, ALITERATURA SAPIENCIAL ..... 1, Alieratura saplencial¢ of mestres da sabedoria © contexto da literatara saplencial Literatura sapienelal em Israel ‘Os mestres da sabedorla ‘Arrabedoria dot mestres de sabedoris| ‘A personiicagto da sabedoria diving : ‘ 20, SALMOS RELACIONADOS COM A LITERATURA DIDATICA 0.0... 503 | ‘Salmo 19 2. Provérbios Salmo 3. Belestastico er BW ceesessenees Salmo «9 0 enero iterario de 6 SI Salmo 73 ‘Ocontexto do problema de 36 TI Salmo 34 ‘A.composigto do Livro de Jo © Protogo Os discursos Os alseursos de Save Eplogo 5. Ecleslstes INDICE ANALITICO TABUAS CRONOLOGICAS. 17, A HISTORIA DOS MACABEUS 1. Adpoca ¢ 08 toros dos Mocabews 459 ‘ronologia da pce dos Macabeus ‘Osilvros dos Macabeus 2 Lsllero dos Macabeus .. ‘Autor 5 Fontes ¢ data Valo historico| ‘Valor religioeo Passagens signifcativas de 1 Macabeus 3. 2tore dos Macabeus ‘autor Fontes data 2. Forma ierdria © vaior histarieo Finalidade ‘Valor religioso Passagens significativas de 8 Macabeus i | ' | 18 ALITERATURA APOCALIPTICA .. 1, 0 Genero lerério apocaliptico algid 2m OF senY TeOLOISTHL JoySMUNSOM = EVAL aIqta BI ap arfeuonoic quawiatddng das Moro “O ‘Teeis] Jo AOISTH BLL ISTH COT ‘BOTIgIE OBSSTUIOD BIOTIC oad OONGIA OINIPISUT [9p "PELL “UMIOUTTES_ JOq'T dT uesauund 'f ysea JUs}OUY ay} Woy I43TT avdT oquaureysay, oBfiuY op opénpeN “wUNseMIdaS xxI pIOH-UOSTUTA quOUTeySAL PIO aut Jo ABO[OUL HULIOTHL NTH ‘APIPH-WOsTUTO HEUTE SAL PIO arate at 04 aPMO amdyiog ATOH uo ArequaurtI09 210UI8D V vonersuresy auIN90q WENSHUD Jo AIWIAEBUOD goo Aureqrend Tomar OmOWES BUT bao SyxO], Wa_Seg IAN WIV anv samaid Uy 4seg TwaN WATOUY BUHL, aanv SVUNLVIAGHAV PRP AB LI FPR (Om FR FAR (AR AIM FED IR fm FIR A FR FM MOR LD AR A A FE KD AR (OR RL AD) FR VPOPCY OVOP SVT OUVOFT UTI COOH OOGUOWTVIVIO” PREFACIO Encontrar um infalivel “abre-te, Sésamo” para 0s tesouros acumula- dos na Biblia fol sempre o sonho de qualquer professor de Sagrada Escrifura e a ingénua esperanga de todo o estudante. Jamais alguém encontrou a palavra magica. O professor, porém, pode aprender convi- ver com seu sonho, tentardo formular seu proprio “abre-te, Sésamo”. Este livro ¢ uma tentativa dessas. ‘Os homens e a mensagem do Antigo Testamento fol inicialmente planeJado s6 para os que se iniciam no estudo da Biblia. Por isso a primeira idéia era introduz-los a cada um dos livros sagrados, de modo a se familiarizarem com eles. Ao preparar, porém, o texto para essa inlcia- do, pareceu-me haver um publico mais amplo. Amplle! entao o plano inicial, acrescentando a anilise literaria dos livrose uma répida visdo da teologia biblica corresponcente. Isso para aqueles que estudam a Biblia ‘como complementagao para oestudo da Teologia. Acrescentou-se ainda 0 estudo de 75 salmos, tendo em vista os clérigos e'os religiosos, que diariamente recitam 0 Oficio Divino, bem como os lelgos, sempre mais xnumerosos, que instintivamente séo levados por sua piedade as fontes inspiradoras da oracdo litureica. Essas trés finalidades foram integradas mas nao unificadas. O autor estd convencido que a familiaridade com os livros, preocupagéo basica do primeiro enfoque, ¢ condicéo indispensavel para qualquer estudo posterior da Biblia. O prinefpio “Leia sempre as fontes, dali tudo ful naturalmente”, é fundamental para um estudo inteligente. B ¢ elemen- tar para o estudo das Escrituras. O texto fol planejado de modo que o leitor deverd fazer uma triplice viagem através da Biblia. Uma vez, porém, felta a primeira viagem, o segundo pereurso através da andlise Mterdria eo terceiro através dos salmos serao caminhadas agradavels, cortando terrenos ja familiares. Uma vez que o estudo da Sagrada Eseritura ainda precisa encontrar CHOY YOY EV YOEVOVUOUEVYYEWYWHOUUYYOYIOGS 2 PREFACIO ~geu lugar ao sol” em multos curriculos, esse triplice enfoque ter uma vantagem prética. Quando 0 estudo do Antigo Testamento se faz em apenas um ou dols semestres, entao 0 primeiro enfoque — uma introdu- ¢do aos livros — ofereceré matéria adequada. Quando o estudo se fazem mais de um ano, havera também oportunidade para a andlise literdria. Para os interessados, o curso sobre os salmos poder ser felto indepen- dentemente. Duns firmes convicgbes marearam a redagao deste livro. Primetra: estudar a Biblia, sem ao mesmo tempo ler a prépria Biblia, ¢ tarefa érida e inatil. Segunda: a Palavra de Deus sera proveitosa para nds somente na medida em que a conhecermos e amarmos. Tendo isso em mente, delxaremos de lado muita coisa que se encontra nos manuals conven- clonais e procuraremos fixar a atengao do leitor no proprio texto do Antigo Testamento. Por isso o leitor encontrara pouco sobre critica ‘textual, flologia, historia da exegese e semelhantes. Isso tudo fica para um estudo mais avancado da Escritura. Infelizmente muitas vezes os manuals concentram-se nas passagens emaranhadas e abstrusas, mo- nopolizando todo o tempo e todo o esforco do estudante. Impedem-no, assim, de saborear os gloriosos noventa por cento da Biblia que, por dois mil anos, foram o consolo e a delicia de eruditos e nao eruditos. O prineipiante nao deve ser obrigado a cavoucar nos dificeis dez por cento da Eseritura quando, como nas ricas jazidas, a maior parte das riquezas esta & for da terra. Contudo, mesmo para aproveitar a riqueza facilmente acessivel da Biblia, € preciso um certo método. Tanto para conseguir resultados duradouros, como para terminar o estudo no tempo dispontvel. A quem usar este texto sem o auxilio de um professor, recomendamoso seguinte método: 1 - Um breve estudo da introdugao a cada livro; 2 - Leitura e releitura imediatas do proprio livro; 3 - Estudo das questoes de teologia ‘iblca mais importantes dolivro;4-Estudo dos salmos querecapltulam olivro. 1, A breve introdugao a cada livro ¢ um preliminar indispensavel. Os livros modernos oferecem ao leitor trés ajudas que nao se encontram nos livros bfblicos. Atualmente os livros tém um titulo e um subtitulo. Na contra-capa encontramos uma fotografia do autor, um apanhado de sua ‘blograflae de sua obra, Ha sempre um prefacioe um indice doconteudo. ‘© mesmo no acontece com os autores biblicos. Os titulos sho raros. ‘Com excegao de 2 Macabeus e Evangelho de Lucas, praticamente nto hé prefacios. Nem se encontram indices, divisio em capitulos ou resumo Diografico do autor. A Introdugo oferece a0 leitor moderno o que também os autores biblicos ofereceriam se escrevessem hoje em dia: um titulo que indique o tema do livro; algumas palavras sobre o autor, na medida em que nos é conhecido; um prefaicio expondo 0 objetivo do autor, dando a divisto do PREFACIO 3 livro em secgées e capitulos, de modo que se possa perceber o plano do autor e alguma idéia do avancar de seu pensamento, ‘Nao se deve subestimar a importancia da introdugéo. Ela oferece os dois primeiros requisitos para a apreciacao de qualquer livro: uma idéia do objetivo especifico do autore algumacoisa quanto aométodo seguido para atingir esse objetivo. O terceiro passo, uma leitura inteligente do livro que torne novamente viva a atividade criadora do autor, fica por conta do proprio leltor. 2, Ler e teler a Biblia para com ela se famillarizar, isso vai depender também do leitor. A leitura didrla da Biblia nao ¢ apenas desejavel; ¢ uma necessidade pratica. E o tinico melo para desenvolver o amor para com a Palavra de Deus e a unica maneira para terminar um livro tao grande no pouco tempo destinado ao estudo do Antigo Testamento. O Antigo Testamento tem mais ou menos 900.000 palavras, em mais ou ‘menos 900 capitulos. Quem ler trés capitulos por dia, terminara facll- mente a leitura em um ano. Lendo seis capitulos por dia, ou lendo trés cada‘dia durante dois anos, seré possivel ler duas vezes 0 Antigo Testa- mento, o que garantir4 razodvel famniliaridade com o texto. Quanto ao por que e ao como ler a Biblia, basta dizer que a Biblia é infinitamente mals do que uma simples obra classica. Em todo o uni ‘verso da lites yumana,.¢.0.1tnico livro que Deus julgou suficiente’ ‘mente importante a ponto de o selar_com o carisma da inspiragia. ‘Sabendo que o Divino autor tem um especial des{gnio em tudo que ele inspira, saberemos ter paciéneia quando algumas partes da Biblia nos parecerem digressivas ou sem importancia. Nao iremos saltar partes desinteressantes por nao percebermos, de momento, seu significado no todo. No pensamento divino, cada parte tem seulugar no conjunto. Deus jo percebe desde o inicio, Nés 0 perceberemos somente lendo todo 0 livro. Nem devemos desanimar se nao apreendemos o significado total da Biblia, Para, numa primeira leitura, apreender todo o sentido de uma obra classica, seria preciso ser génio igual ao proprio autor Para gigan- tes intelectuais como Agostinho, Jeronimo, Joao Crisbstomo e Tomas de ‘Aquino, toda uma vida nao foi bastante para apreenderem completa- mente a mensagem do Espfrito Santo transmitida aos homens nas Sa- gradas Eserituras, 3. Dado o estado embrionério da teologia biblica enquanto ciéncia, esta fora de questao um curso adequado de teologia biblica. Por mil anos a teologia escolastica prendeucompletamente a atengio dos tedlogos. A teologia biblica —o conhecimento da Palavra de Deus enquanto estabe- lece os principios revelados da Teologia — merecer4 nos proximos anos, assim o esperamos, a ateng&o que merece. Por agora sera possivel cobrir apenas uns poucos pontos mais importantes. E 0 que faremos ao tratar dos livros onde eles tem mais destaque e nao apenas sao tratados de passagem. A teologia da alianga, por exemplo, nés a estudaremos em conjunto como Génesise o Bxodo; 0 amor divino, no Deuterondmioeem COPS OSVT TY OOO VO DPOWOPPITOOWPVHOVIVIIGIIOY 4 PREFACIO Oséias; 0 messianismo, com os profetas, os livros de Samuel, dos Reis ¢ das Cronicas. 4. O estudo dos salmos, feito em conjunto com um livro ou um grupo de livros, facilitara uma revisao do que se estudou e, ao mesmo tempo, sera um caminho ideal para se apreciar a verdadeira esséncia dos sal- mos. Os salmos ja foram chamados de Biblia em forma de cangoes. & claro que isso nao ¢ literalmente verdade, masde varios modos os salmos sao um compéndio da Biblia, Ha salmos histéricos que tratam dos fatos ‘mais importantes da histéria de Israel; salmos doutrinals que cantam sua fé; salmos proféticos que ressoam com suas esperangas; salmos de suplica que brotam das profundezas de seu amor a Deus. Quando um salmo condensa a histéria ou a doutrina principal de um livro, sera compreendido mais facilmente se estudado imediatamente apés o livro em questo. Sera preciso dizer algo sobre a seccdo intitulada “Passagens signifi- cativas”. Sua finalidade ¢ chamar a atenco para os personagens, oS lugares, os fatos mals importantes da Biblia. A historia é felta por gran- ddes homens, nos lugares certos, nos momentos de crise, numa sequencia de fatos extraordinarios e inter-relacionados. Todo um periodo pode ser condensado na carreira de um homem excepcional. Um fato muito im- portante pode marcar uma década ou caracterizar um século. Esses ‘personagens e esses fatos sio os marcos da histérla. Nem sempre estéo exatamente colocados e nem sempre apontam inquestionavelmente ‘uma direcdo; balizam, porém, o terreno, indicam suas divis6es e seus contomos, 05 pontos altos e os baixos. As “passagens significativas” seleclonadas balizam 0 campo da memoria historica. Depois disso, 0 terreno poderd ser mais facilmente e mais culdadosamente explorado. Olleitor deve notar que as passagens significativas selecionadas nem sempre correspondem ao que é mais importante no livro. Correspondem, sim, a0 que é mais importante para uma apreciacao do proprio livro € para elacioné-lo com asoutras partes da Sagrada Escritura. Deve notar, principalmente, que néo se procura fazer-uma exegese aprofundada dessas passagens. Sao como focos de luzcolocados ao longo da avenida biblica; uminam adequadamente as proximidades, clarelam progres- sivamente menos os espagos intermediarios e, todos em conjunto, deli- nelam toda a avenida. ‘Alem das passagens significativas, 0 leitor haverd de notar a repetida apresentagdo de quadros cronolégicos detalhados que vao se sobre- pondo. Sua finalidade nao é sobrecarregar a meméria, mas destacar 0 lugar do Reino de Deusna historiae a consequente direcao unilinear dos acontecimentos. © Reino de Deus ¢ uma érvore, plantada nos tempos de Abrado, lancando seus primeiros brotos nos tempos de Molsés, arvore novae vigorosa nos tempos de Davi, podada até as raizes nos séculos que PREFACIO. $ antecederam a vinda de Cristo, crescendo nos séculos posteriores & Encamagéo, alargando seus ramos a ponto de cobrir todo o mundo com sua sombra, Sera multo importante que oleitor perceba muito bem que todas asoutras institulgdes passam e560 Reino perdura sempre. Comoo mostram as cronologias, impérios surgem e caem, s 0 Reino de Deus continua — sempre contemporaneo, testemunhando a passagem dos reinos temporals, sempre eterno. Somente na medida em que o leltor tomar conscléncia da permanéncia e dacontinuldade do Reino de Deus, podera ele refletir sobre o seu significado e elaborar uma teologia da historia, As cronologias so apresentadas com a finalidade de promover essa reflexao. ‘Algo ainda sobre trés pontos menotes. Primeiro, quanto as opinives expressas. Geralmente foram seguidas as posigées criticas jé aceitas, sem uima explicagto mais amplae sem nenhuma referéncia aos excelen- tes mestres que incansavelmente trabalharam para firmé-las. Os biblicis- tas facilmente reconhecerdo a paternidade dessas posigées, bem como a dependéncia geral do autor para com a escola francesa de exegese, Quando se avangaram novas posigdes, tentou-se alguma explicacéo, sem as exigéneias, porém, de uma apresentagfo académica. Segundo, quanto ao texto. Seguluse normalmente a traducao da Confraterniiy of Christian Doctrine, exceto para os livros de Samuel, Reis, Cronicas, Esdras-Neemlas, Tobias, Judite, Ester e Macabe esses seguit-se geralmente a versto de Douay. (*) ‘Terceiro, quanto a bibliografia e as notas. De propésito reduairam-se a0 minimo as referencias para, enquanto possivel, nao se desviar a aten- 0 da propria Btblla. Enquanto possivel, as referéncias restringiram-se a livros e revistas facilmente acessivels, Resta-me a agradavel tarefa de expressar meus agradecimentos aos numerosos amigos ¢ confrades que, com sua generosa ajuda, uteis su- gestoes e continuo encorajamento, tiveram papel relevante na produgho de tudo quanto ¢ de valor nesta obra. Sou devedor, em primelro lugar, ‘aos meus alunos, cujas necessidades levaram-me a escrever este livro € enjas reagées ajudaram a dar-lhe forma. Sou devedor a meu superior, Francis Sweeney, que aliviou minhas obrigagées corais e assim propi- ciou o tempo necessario para a composigao deste livro. Sou igualmente gato a muitos outros contrades, mas especialmente aos Pes. Louis Hart- man, William Barry, Clement Englert, Francis X. Murphy, Edward Crow- ley, Eugene McAlce e ao meu antigo confrade e associado Pe. Callaghan Burke, 0.C..0. Sou particularmente devedor a Ir. Ritamary Bradley, (*) Na presente edigto, a menos que haja um motivo especial, os textos sdo da BIBLIA SAGRADA, versao da DIFUSORA BIBLICA dos Missiondrios Capu- chinhos de Portugal, EDITORA SANTUARIO, Apareciaa. seaou sep ysinbuoo vp eLIOASTY v 19] soWLazapOd “gnsoL OP OUATT ON - ‘Ouyar Op SoYPepIO SO TeUNLe YIdAep er JOUTE ep OTASS 0 ‘oVuiguORINSC ON -omNDyUTSqEL op @ Bay EP OIG} WTO ‘eONBII00F POP [eUNUGo OFSEAUETIO e SOIT so wg "O|NT VP WONT opsemitedi0 © "OOTTAPT ON -ooMpI009) OUar Op oRSMINSUT B “OpOXT ON ‘OAod Op sua31J0 St'‘S|SIUgH ON "119 B gos snaq ap ouja: Op OBSEp -Umy Bp BUUOISTY B SoWLaTes}UODUA ‘ConayeIUAd O[ad ‘stod ‘opuesaw0D “um epeo wa operen) [9est ap Bruoist Bp opo}iad o 2 0412089 1} o1AI] epED anb uta woods v aULIO}UOD ‘wyexa STeUL OBSTATP BUM sN3as BIaAap ‘aUaUTBITPOIaU 1apacoad Bfasap anb ‘warod ‘sjanby “eproaqucs 9 Teuororpen 9 oBsTaTp essa ‘sjojouaTdes 3 soorgjoud ‘SoogASTY :SaSSBIO SESLOATD WO WAPTATD a8 anb SOIATT “oquatureysaz, oB/}UY OP SOIATT SOSIONID sO souraresjtuooUd osmared ow :soujadtreag Sou Tequoe exed ssau9O OU BbsUIOD OYUTUTE O ‘pep jueumy & ered nodex snag anb oyuyured op Teuy ounsap 0 “eas EP Oarsga euiay 0 9 oujad assa anb arquia] as 1o1fal 0 anb ostoaid 3 "BaTIONED efaay 8 :8.1124 Bu OUTaI Nas andza as Tenb ¥ argos BYoor e Bred ‘ajUeUTTEND 828 ‘SOT-BAd| 2 OYUTUTED OTIdoud Nas esed So[-yMs opuEzUey ‘SOMOS Sop o8uot oF suauioy $0 woo snaq ap Wa8eTA ep oyear "ENIEL B Jal dod.as zaa exjouryd wjad ‘wanb woo soaqu008 owiszur 0 opouto}sa98q “eyiowiaur ep seiquios seu wou -rysa as sueiap so anb ojuenbua ‘wiaSelA ep soquenTurno soyuoULoM 30 anbeysop opia4 oquod assany“exasndoad as anb oumisap oB anat{9 080, ‘0p4 ‘opsmoxe Bp ogtmfuod 0 a1gos ToG—4 ap apeproedea ens ap waquTe} ‘Seu ‘outTUTeo op OSUo} ov opearasqo OUIOD SpepITenb sens ap 95 OFU ‘piopuadap uraseya 8 aigos [euy soDared nog ‘ayuatuTeossod vaya o an uo eprpaureu aquoursortm oj-puo|ssaidun yxy suaSera sens wro.zezyu0OuS anb © ‘oyutures op oSuo} ov sedeya syedjauyid sep Blapy eum a oUTIsap uM ‘druraur wa ettiag anb ostoard 9 ‘wraBieya wBuoy Bum Laz0y opfoop WON ovydnaou.ni z96t ap ouLME ap Lz Sid “a ted “Teuy oy osnUsU onogeadompep ayuauraaesteouy 9 epearpap ‘muatoed and ‘spoom ydasor wIgqUEy g “oIAT] Sop OYueUTEfauE|d omToUTUd o Bred TerOK osmau oournap ‘oytoureferoaus jaapsueauy 9 ogsensied Tuas woo ‘anb "WH onyssua 9 BD HWW A AR LD PD MD A FR FD FD DH AD A > PV SOOT OTOOOTUOU WHT OPTVOTOOVWYOUPTIWVOVIS 8 INTRODUGAO nagdes na Terra Prometida da Palestina. No livro dos Julzes, veremos os {sraelitas lutando com as nagées cireunvizinhas, para conservar a posse da patria recém-conquistada. Nos livros de Samuel, encontraremos Saul, o primelro rel dos israelitas, depois renegado. Encontraremos Davi —homem segundo 0 coragto de Deus — cujo reinado consolida os israelitasna posse da Palestina. Davi que chegar aser, para as geragoes futuras, a encarnagio do rei ideal que haveria de vir. No cap. 3do livro 1.0 dos Reis, poderemos ler algo sobre o glorioso reinado de Salomao e a posterior divisdo do seu reino: o Reino do Norte, chamado Israel, ¢ 0 Reino do Sul, chamado Juda. A maior parte doscap. 12-22 de 1. Reise os cap. 1-17 de 2.° Reis tratam do Reino do Norte. Falam de seus reis e profetas e da sua destruicdo final no ano de 722 a.C. ante a invastio do exéreito assirio, Aqui precisariamos fazer uma pausa para ler os sermoes de Ams € Osélas, os tltimos profetas do Reino do Norte. Continuando a leitura de 2.° Rels 18-25, pode-se vero final da historia do reino dividido. £ a historia dos Ultimos reis e da queda do Reino de ‘Judé nas maos dos babilnios, em 587 a.C. Neste momento, contudo, seria melhor tomar os dois livros das Cronicas (Paralipomenon), que tratam exclusivamente de Davie do Reino de Juda, e ler a historia do Reino do Sul, do prinefpio ao fim. Lendo no livro das Cronicas a historia do Reino de Juda, ao chegar- ‘mos ao reinado de Acaz (735-715), sera bom que nos detenhamos a ler a colecao dos sermées do grande profeta judeu Isafas e de seu contempo- raneo Miquéias. Continuando a historia do Reino do Sul até o século sétimo, chega a época de Jeremias (c. 650-582), 0 grande profeta dos ultimos dias de Juda. Entre os sermées de Jeremias podem ser lidas as colegdes, bastante reduaidas, de sermées colhidos da pregacao de Sofonias, Naum, Haba- cuc e Abdias. Parao perfodo seguinte — a época ao cativelro da Babilonia (587-539) no teremos fontes historicas do género do Pentateuco, dos livros de ‘Samuel ou dos livros dos Reis. Teremos, contudo, as colegdes dos eseri- tos de Ezequiel e do Déutero-Isafas, os dois grandes profetas do exilio, que consolaram os judeus cativos e os prepararam para a volta a Juda, quando nos planos de Deus chegasse o fim do exillio. ‘© que aconteceu quando acabou 0 exilio em $39 a.C., e os judeus voltaram para a Palestina, encontra-se nos livros de Esdras-Neemias. Informagéo complementar ¢ oferecida pelas colecées dos sermées colhi- dos na pregagio de Ageu, Zacarias, Malaquias e Joel. Foi nesta ¢poca ‘que o Pentateuco recebeu sua forma atual. Por isso, neste ponto sera util Jé-lo novamente, notando as diversas tradigdes que, ao longo dos sécu- Jos, se fundiram para formar o Pentateuco tal como o temos em nossa Biblia atual. ‘Ao final do livro de Neemias, temos um hiato histérico que, aproxi- INTRODUGAO 9 madamente, val de 400 a 175 a.C. Durante esse perfodo, ou talvez ja um pouco antes, foram compostos ou receberam sua forma definitiva (os Proverbios, por exemplo) livros como os de J6, Jonas, Provérbios, To- bias, Ester, Judite, Cantico dos Canticos, Eclesiastes, Eclesidstico algumas partes de Daniel. Por isso, sera bom acompanhar a leltura desses livros com o estudo das formas literarias que nessa época eram usadas em Israel. Finalmente chegaremos aos dots livros dos Macabeus e aos livros de Daniel, Judite e Sabedoria, todos eseritos nos dois ultimos séculos antes de Cristo. Com esses dois livros termina o Antigo Testamento e estare- mos preparados para 0 Novo Testamento, a ultima parte da Biblia, e 0 set coroamento, Se lermos com atengao esses livros do Antigo Testamento, percebe- remos a formagao gradual e o desenvolvimento, através dos séculos, daquilo que agora conhecemos em sua forma madura e perfeita como a Igreja Catélica: o reino de Deus sobre a terra. Vé-lo-emos prometido no anuneio da vitéria da humanidade sobre Satanas (Gn 3, 15); oferecido a toda a humanidade através da descendéncia de Abrato: “E todas as familias da terra serao em tl abengoadas” (Gn 12, 3); embrionério ainda em a nagéo israelita aos pés do Sinal: “sereis para mim um reino de sacerdotes ¢ uma nacdo santa” (Ex 19, 6), Vé-lo-emos desenvolvendo-se doutrinalmente no resto do Antigo Testamento, através da experiéncia com rels humanos — insuficientes e destinados a ser substitufdos pelo ‘unico Rei Divino e Humano —, pela pregagao insplrada dos profetas, cuja missao era conservar a verdadetra fé, sem nenhuma perverséo ou adulteracéo, até a chegada do Rei dos reis na plenitude dos tempos, quando o reino de Deus seria inaugurado em toda a gloria e perfelgao. No Antigo Testamento poderemos ver as sementes que se langame as raizes que se firmam. Em 0 Novo Testamento veremos a floracao. A HISTORIA DO PENTATEUCO PRIMEIRA PARTE XR RD A HD FD RN OR FF OD 1D COCCHHCHSHHSHHHOVEUS > B'Louvemos os homens ilustres, yp, noss0s antepassados, segundo as suas geragies (0 Sonhor dew-thes grande gloria De magnificéncia desde o principio do mundo. yBles governaram nos seus estados, homens afamados pelo seu poder, Jeonsetheiros pela sua inteligéncia, » videntes de tudo pelo dom profético; ‘chefes de povos pelas suas previsées, mestres do povo pela sagacidade, psdbios narradores pelo seu ensino, eriadores de melodias musicais, e eantores de poemas escritos. Puoomens ricos de virtude )_vivendo em paz nas suas casas. 0s seus corpos foram sepultados em paz, ® co sew nome vive de geracdo em geracéo, pProciamam 0s povos a sua sabedoria, ) feanta a assembléta os seus lounores!” Belesiastico 44, 10.1419 > > ONT O Pentateuco 1.0 Pentateuco em seu conjunto Molsés, antes de morrer, em alguma data na segunda metade do século XII 2.C., deixou as memérias dos grandes acontecimentos dos quais foi ator privilegiado e principal. Provavelmente jamais saberemos se deixou essas memérias por escrito ou somente em forma oral. Con- tudo, podemos estar seguros de uma coisa, o que jan40 é pouco: o relato ue ele nos deixou foi o micleo do que agora conhecemos como 0 Penta- 2. Génesis > 0 Genesis comega com o primeiro homem no paraiso e termina com os doze filhos de Jaco no Egita, nos infcios do século dezessete antes de Cristo. significativo esse final. Mostra o que o autor pretendia: explicar D aorigem desses doze Mlhos, os antepassados imediatos da povo istaclita. p ademas, pois, dizer que 0 tema principal do livo.do. Genesis. sto as corigens do povo israclita? ‘Comesse tema principal em mente, o autor propse-se mostrar como, desde 0 proptio inicio dos tempos, Deus preparou providencialmente esse povo para set 0 primelzo ntieleo de cldadaos do seu reino, deposita- ) Tio transmissor de sua revelagao. Que essa seja a intengao geral do autor, pode-se mostrar pela disposigao das partes do livro, Partindo da historia. D Universal, o autor rapidamente se limita ao povo escolhido. Um a um todos os outros povos menclonados no Genesis sao liminados do telato, restando unieamente a linka direta de Addo a Jacé e seus doze filhos, D pasando por Set, Noe, Sem, Abraao e Isaac. Assim, depois de 4,24, nada mais se alz sobre Calm e seus descendents. A historia continua com os deseendentes de Set (5, 6-82) até Noe. Dos trés filhos de Noé, elimina-se > em primeiro lugar Jafet (10, 2-5), depois Cam (10, 6-20), ¢ a historia continua 6 com a linha de Sem até Abraao (11, 26). Dos dois filhos de > ‘Abraao — Ismael ¢ Isaac —, ¢ deixado de lado Ismael (29, 18). Dos dois ) filhos de Isaac — Esau.e Jaco —, Esaii nfo ¢ levado em conta (36, 40)¢ a historia das origens chega a seu termo com Jacé (Israel) e seus doze flhos, que dao origem as doze tribos de Israel, escolhidas por Deus no » monte Sinai para serem seu povo eleito (Bx 10-24) » junto aesse tema principal —as otigens do povo eleito —o autor dé 1 CL. VAWTER, A Puth Though Genest, W.torqus, Sheed and Word, 1986; ¢. HAURET. Fe var Gencule and Modern science, Bubwaue. The Prioty Pres, 1985, © Re teT, Sion the Wesuminstr lta ofthe ibe PsdelNa, Westminster. 1286 sere cormem diane WHAl 1 FHREGAN Light Prom the alent Pet reson Ba ee ae aan cede ngora om chante LEAP). P. HELIS, History of the Old Pe ee colleges the Liturgical ress 1080 32s, ue agora cn lane Hela Hist Fee eet The airy af irae Miwaake, rvce, Hse pa. 122s te agora em ‘iante Rice Hise CeM par 10se; righ Stes GENESIS 17 atengao a outros temas menores, Nos capitulos 1-11, mostra como a humanidae, depols da queda e da promessa da vitoria final (eap. 1-3), entregue a si mesma e sem nenhuma ajuda especial de Deus, fol gra- dualmente se deteriorando (cap. 4-11). Nos capitulos 11-25, explica como Deus comeyou a cumprir a promessa da vitoria final da humanidade sobre as forjas de Satanés (Gn3-5). Escolheu uma familia particular por meio da qual o seu poder salvifico aleancaria toda a humanidade (Gn 12, 3). Com Abrado é feita uma alianga nova e etema (Gn 15-17). Essa alianga, porém, faz-se unicamente com aqueles que Deus, livre e inde- pendentemente, escolhe. Nao é direito nem de primogenitura nem de heranga (cap. 25-36). Finalmente, nos capitulos 37-50, o autor mostra ‘como a providencia divina pode usar até mesmo dos pecados dos ho- ‘mens ¢ dos aparentes acasos da fatalidade para o cumprimento de seus planos em favor de Israel Em resumo, podemos verltrés temas|dominantes no livro:,promessas de salvagao @, 15; 12, 3); alivre escolha daqueles por meio dos quais as ‘promessas serao cumpridas (25-36 e em diversos outros lugares); e final- mente, o.como essas promessas vio se realizar: na forma de uma alianga entre Deuse o homem (Gn 3; 15; 17) Se levarmos em conta que nos encontramos diante de um autor eru- ito que quer ensinar a um povo simples suas proprias origens raciais, bbem como as profundas verdades religiosas a serem transmitidas 00 mundo, j4 teremos dado um grande passo para a compreensio da men- sagem duradoura do Genesis. A natureza do auditério nos fara com- preender, por exemplo, porque na primeira parte do livro — a histéria primitiva da humanidade—o autor emprega uma linguagem concreta e pitoresca para ensinar verdades basicas como a criagao de todas as coisas pelo unico Deus Onipotente (cap. 1); a primeita economia da salvagio introduzida por Deus e posta a perder pela entrada do mal no mundo, obra da livre vontade do homem e da inimizade de Satands (cap. 2.3); 0 Feinado do pecado que dominaria o mundo se o homem ficasse abandonado asi mesmo (cap. 4-11). Nasegunda parte do livro (cap. 11-50) 0 realee dado pelo autor & historia de uma familia, antes que a uma histéria cientifica, explica-se pela simplicidade do auditorio. Sabendo disso e considerando especialmente a importancia dada as promessas, ds aliangas, livre escolha daqueles por meio dos quais Deus quer realizer seus planos salvificos, e a providencia de Deus que vela por esse povo tnico ¢ escolhido, estaremos em condigao de apreeiar a men- sagem basica do livro do Génesis. Seri pritico dividir o livro em quatro partes coerentes entre si: 1. A historia primitiva (1-11); IL Abrado (11-25); IIL Isaze e Jac6 (25-36); IV. José e setis umdios (37-50), Sem pretender uma exegese extensa, apresen- taremos uma rapida explieagio das passagens mais importantes em cada parte. Somente onde nos parecer oportuno, encaminharemos 0 FOO OOOO OOOO SOE OHH O OOH ESCHHHSHHHSHSSEES 35 * 1, PENTATEUCO leitor para outras segoes do livro, onde podera encontrar umaexplicagio das passagens que necessitam uma atengao mais demorada. Passagens significativas do Génesis Primetra Parte: Gn 1-11 — A historia primitiva 1,3 “Deus disse: Faga-se a luz.” Apesar de 0 autor mostrar clara- mente que todas as coisas sio criadas pela simples palavrade Deus, desereve concreta e pitorescamente todas as obras da criagao, Visualiza Deus agindo como um arteséo que divide seu trabalho em olto partes, ao longo dos seis dias de uma semana de trabalhador, deixando 0 sétimo dia para o des- canso (ef. p. 80 e ss.) 2,7 “0 Senhor Deus formou o homem do pé da terra” (ef. p. 93 ¢ ss. 2,8 “O Senhor Deus plantou um jardim no Eden...” 0 autor nao tem um conhecimento mais exato do real estado material do primeiro homem. Por isso indica o grande amor de Deus, de uma maneira metaforica, pela vida feliz em um Jardim de delfetas. Ao longo da Biblia, uma prosperidade material seme- Thante sera apresentada como uma manifestagao do amor de Deus pelo homem (cf. p. 94 € 55.) 3,1 “Aserpente, o mais astuto de todos os anima © inimigo da humanidade ¢ simbolizado na figura da ser- pente, O que se explica pelo lugar que as serpentes ocupavam. no culto idolatrico dos cananeus, na época em que o autor escreveu os seus ensinamentos. £ assim o deménio apresen- tado como o mesmo inimigo que age desde o prineipio, e que continua agindo no eulto idolitrico dos tempos do autor (ct. p. 96 ess.) ‘arel reinar a inimizade... entre a tua descendéncia e a dela. Esta (a descendéncia da mulher) te esmagara a cabeca.” A humanidade (a descendéncia da mulher) afinal triunfara (por meio de Cristo, como saberemos pela revelagao posterior) sobre Satands. Como e quando acontecera esse triunfo? A resposta ¢ a propria mensagem que lentamente se ira reve- Iando no resto da Biblia (cf. p. 303 e ss.) 48 “Caim langou-se sobre seu irmao Abele matou-o.” Neste fato e nos prineipais acontecimentos dos proximos sete capitulos (ailtvio, torre de Babel), o autor mostra o multiplicar-se das ‘conseqtiéncias da revoltia de Adao contra Deus (cf.6, 5e 11; 8. 21; 11, Se ss.), Por seus crimes o homem chegara & sua propria destruicfo, a menos que Deus venha em seu socorr0, 5,5 “Ao todo, a vida de Adio fol de novecentos e trinta anos. Depois morreu.” Nos capitulos 5 11 encontramos duas listas GENESIS 19 genealogicas, cada uma com dex geragdes. As do capftulo 5 S40 as geragoes anteriores ao dilvio. ASdo capitulo 11, séo as posteriores. Pela literatura babilonica sabemos que o fato de se atribuirem longas vidas aos homens, distribuidos em séries de dez geragées, era apenas um reeurs0 literdrio para expres- sar a passagem de um longo periodo de tempo. Sem saber quanto tempo se passou entre Adio e Abraio, o autor usa 0 recurso literdrio proprio de sua época. A diminuigo progres- siva dos anos atributdos as geragdes sucessivas talvez queira dizer que diminuiao dom da longa vida, amedida que aumen- tavam os pecados. 6,5 As conseqiiéneias da revolta de Adao contra Deus atingem seu ponto culminante (seu climax) com os pecados de seus Mihos que atraem, como castigo, o diliivio. Deus, contudo, concede sua graga a Noé e comele faz uma alianga(9, 8ess.). A promessa original, pois, continua através da familia de Noé e de Sem (Jafet e Cam, e seus descendentes, ficam fora da histo- ria a partir de 10, 1), 11,1 A historia da torre de Babel ¢ uma parabola da rebeliéo da Sock acrenite era originarlamente Wind lenda popular da Babilénia. 0 autor aproveita-o para mostrar que os homens continuavam pretendendo, como Adéo, dec! dir seu proprio destino Independentemente de Deus. Conti nuavam a rebeliao original 11,10 Ha genealogia de Sem, de quem depois nascera Taré, o pai de Abraao. Comessa genealogia termina a seco pré-historica do Genesis, na qual ¢ impossivel estabelecer datzs. No final desta primeira parte, encontra-se o homem tao longe de Deus como no principio depois da queda de Adio. A segio seguinte, Gn 11-25, introduz Abraao, o primeiro dos principais antepas- sados de Israel. O homem com quem Deus faz a novae eterna alianga, allanga que Cristo levaré a seu termo e & sua perfeigio mil e novecentos anos depois que Abraao foi chamado da ‘Mesopotémia para a Palestina. Segunda Parte: Gn 11-25 — 0 Patriarca Abrado 11,31 “..de Ur, na Caldéia.” Abrado, étnica e geograficamente um semita da Mesopotainia, tinha sua patria na antiga Caldéia, na Baixa Mesopotimia, perto do golfo Pérsico, junto aos mo- demos centros petroliferos de Basta, Kuweit ¢ Abadan, Set. contexto cultural 60 do Antigo Império Babilonieo, patria de homens como 0 grande legislador Hammuib Império que, como Egito, chegou ao mais alto nivel de cultura ccivilizagio nomundo antigodo século dezenovea.c... Aproximadumente, @ essa a época de Abraito (ef, WHAB 23.28; Hein Hist 52 € ss. POO CUETO UHYYOVYONYOWWYUWWDWYWIYNIVHIS 20 1, PENTATEUCO 12,13 Rice Hist I especialmente pp. 122 e ss.; GB II pp. 190-194; 398-402; Vawter: Path through Genesis pp. 113 € ss; LFAP 9-61). ‘Com a vocacao mistica de Abraao, da Mesopotamia para a Palestina, Deus comeca a formacio do novo grupo étnico sobre o qual fundard seu reino sobre a terra. A promessa: “todas as familias da terra serdo em tl abencoadas” (v. 3) € 0 primeiro passo no cumprimento da promessa mais geral, feita em Gn3, 15, A mesma promessa ser repetida a Isaac, filo de Abrafio (26, 4)e a seu neto Jace (28, 14). Comecard a se realizar ‘com Moisés e sera consumada por Cristo, o descendente de Abrado através de Isaac, Jacé, Juda e Davi (ef. Le 1, 55.72-73; Mt, 1-14), 126-10 £ a historia das viagens de Abraao. Sua primeira excursdo de 13,1416 14,1888 156 15,9-20 ‘Ur até Hard e Siquém, na Palestina, foi resultado de seu cha- mamento divino (12, 1). Suas outras viagens de Siquem a Betel (12, 8), de Betel a0 Negeb (12, 9), do Negeb ao Egito (12, 10), do Egito ao Negeb (13, 1), do Negeb a Betel (13, 3)ede Bete) aMambré-Hebron (13, 18), explicam-se por seu modo de vida. Como rico xeque semi-nomade, cercado de grande comitivae muito gado, tem que deslocar-se com seus rebanhos conforme a disponibilidade de pastagens. Deus promete dar aos descendentes de Abraao a terra de Canad (a Palestina), Cumpre-se essa promessa 1a pelo ano 1226 antes de Cristo, quando o exército israelita, comandado por Josué, conqulsta e domina a maior parte de Cana. ‘A guerra dos rels contra as cldades da planicie no extremo sul do Mar Morto, a captura de Lot e de sua familia, sua fellz libertagdo por Abraio, todos esses-fatos provavelmente sé0 contados por causa de sua relagao com o encontro de Abraao ‘com Melquisedec. O autor conta esse encontro para mostraro grande patriarea em contato com Jerusalém, a futura capital do reino de Davi (cf. $1 110, 4; Hb 7). ‘Mais do que uma adestio intelectual a um corpo de doutrinas, a fé de Abraso ¢ uma conflanga absoluta em Deus, que ha de ‘cumprir uma promessa aparentemente impossivel. 8. Paulo usard esse texto para provar que 0 homem ¢ Justificado 6 pela fé, independentemente das obras da lei (Rm 4, 3; G13, 6); para S. Tiago sera uma prova de que a {é sem obras é uma {é morta (2, 23). ‘Mais tarde, em Jr 34, 18ss., encontraremos uma alusio a esses antigos e estranhos ritos de allanga. Passando por entre os animals sacrificados, as partes que fazem a alianga entre si, invocam sobre si mesmas uma sorte semelhante se nao cum- GENESIS 21 prirem o tratado. (Sobre a alianga de Abraso aqui descrita no cap. 15, e também no 17, ef. p. 34 € ss.) —g> 16,1-6 Oconvite de Sara a seu marido para que tenha filhos com sua escrava — pratica expressamente mencionada e regulamen- tada no Cédigo de Hammurabi (ANET N.°s 146 e 170) — deixa bem evidente o ambiente cultural babilnico dos patriarcas. 171-10 O mandamento: “Anda na minha presenga e sé perfelto” (17, 1)@amaneira hebraica de dizer: “Vive virtuosamente”., Esse mandamento mostra que desde o comego a moralidade foi ‘fundamental na religiao verdadetra. A mudanga do nome de Abraio — de Abrio para Abrado — queria indicar uma mu- danga em seu destino. Na mentalidade semftica, designa néo 30 a coisa, mas também de certo modo determing a sua natu- reza (nomen est omen). Veja a mudanea do nome de Jacé em Israel; de Simao bar Jonas (Simao filho de Jonas) em Pedro: pedra. 17,10 Acitcuncisio era uma prética e um rito antigose folescolhida ‘por Deus como o sinal visivel dos que entravam em sua alianga. Fol praticada pelos egipcios ¢ outros povos antigos, mas nao pelos filisteus. A origem da cireuncisdo é obscura, mas provavelmente tem alguma coisa a ver com as praticas de iniclagao a vida adulta da tribo (ef. Rice Hist I, especial- mente p. 133). 19,23-29 A lembranga da destrulgao de Sodoma e Gomorra quer fazer ‘que 0s israelitas da época do autor pereebam o quanto Deus ‘odela o viclo contra a natureza, esse céncer que marcou os séculos da historia de Canaa. Parece evidente que as cidades se encontravam, provavelmente, no extremo sul do Mar ‘Morto, onde antigamente era terra firme (cf. WHAB 26; 65). Provavelmente ambas foram destrufdas por um dos terremo- tos que freqdentemente afetam o vale do Jordéo. 22,188 Sendo que Isaac era o filho por meio do qual se deveria cum- prir a promessa de uma descendéncla numerosa, a0 mesmo tempo se punham & prova a obediéncia de Abrado e a sua fé (Gn 15, 1-6), 0 fato € narrado como sublime exemplo de obe- dlencta (cf. 1Sm 15, 22ss.; S151, 18ss.).E ao mesmo tempo para delxar claro aos contemporaneos do autor que o primogenito verdadetramente pertence a Deus. Contrarlamente, porém, 20 abominavel infanticidio praticado entre os cananeus (85 vezes também praticado pelos israelitas, cf. 2Rs 16,3; 21, 6;23, 10; Jr7,30; 19, 6), Deus pede em oubstitulgto o sacrificio de um. animal (cf. Bx 13, 13). 24,3 © episodio ¢ relatado para ensinar aos israelitas a necessi- dade de se casarem com mulheres de seu proprio povo e nao com as depravadas mulheres dos cananeus.

Você também pode gostar