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SECAO V - GENESE, MORFOLOGIA E CLASSIFICACAO DO SOLO GENESE DO CONTRASTE TEXTURAL E DA DEGRADAGAO DO HORIZONTE B DE UM PODZOLICO VERMELHO-AMARELO DA PLANICIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL” J.A, ALMEIDA®), E, KLAMT & N, KAMPF! RESUMO A origem do contraste textural e da degradagio de topo do horizonte B de um podzélico vermelho-amarelo abrupto foi investigada em 1990 e 1991, numa catena no muniefpio de Viamio, na Planicie Costeira do Rio Grande do Sul, por meio de estudos de suas caracteristicas morfoldgicas, propriedades fisicas, quimicas ¢ mineralégicas. A hipdtese deposicional para a génese do contraste textural foi descartada, tendo em vista a grande similaridade dos solos nos diferentes segmentos. da paisagem e da constancia das razées areia fina e média/areia total nos perfis de solo da catena. A influéncia de processos de lessivagem foi confirmada pelo aumento da razao argila fina/argila total em profundidade e expressiva cerosidade nos horizontes iluviais. As perdas de argila eFe-DCB nos horizontes eluviais,no entanto, foram muito superiores aos ganhos nos iluviais. Alta anisotropia textural, de poro: sidade e de densidade, foi constatada entre os horizontes Ee EB, que favorecem 0 fluxo sub- superficial lateral e 0 excesso sazonal de ‘igua nos horizontes transicio- nais EB e BE. O monitoramento da umidadee dos teores de Fe" revelou a ocorréncia de ciclos alternados de redugao ¢ oxidagiio nesses horizontes; avaliagdes quimicas e mineralégicas indicaram a dissolugao seletiva da hematita no topo do horizonte B, e remocio do ferro do sistema. Avaliagdes termodinamicas mostraram que as vermiculitas com hidréxi-Al nas entrecamadas (VHE) sio mais estaveis que as caulinitas do solo; a quantidade e o grau de interealagio das VHE sio maiores no horizonte EB. Os resultados indicam a existéncia de um processo contemporaneo de destruicao da caulinita pela ferrélise nos horizontes EB e B/E, responsavel pela degradagio quimica do topo do horizonte B, ‘Termos de indexagao: contraste textural, lessivagem, fluxos laterais, ferrélise. SUMMARY: ORIGIN OF TEXTURAL CONTRAST AND DEGRADATION OF B HORIZON IN A RED YELLOW PODZOLIC SOIL IN THE COASTAL PLAIN OF RIO GRANDE DO SUL STATE, BRAZIL The origin of soil textural contrast and B horizon degradation of a red yellow podzolic soil was evaluated in 1990 and 1991 in a catena near the eity of Porto Alegre, located in the Coastal Plain of Rio Grande do Sul State, through the study of morphological, physical, chemical and mineralogical properties. A lessivage process was confirmed by the inereasing ratio of fine clay total clay, and substantial waxinessin the illuvial B horizon; however, the clay and Fe-DCB losses in the elluvial horizons were greater than the gains in the illuvial horizons. The depositional hypothesis was eliminated, due to the occurrence of similar soils on different © Parte da Tese de Doutorado do primeiro autor, apresentada a Faculdade de Agronomia - UFRGS, Porto Alegre (RS). Recebido para publicagao em outubro de 1905 e aprovado em main de 1997 Professor do Departamento de Solos do Centro de Ciencias Agroveterindrias, UDESC, Caixa Postal 281, CEP 88520-000 Lages (SC). \ Professor do Departamento de Solos da UFRGS, Bolssta do CNPa, Caixa Postal 776, CEP 90001-070 Porto Alegre (RS). R bras. Ci Solo, Campinas, 21:221-249, 1997 222 JA. ALMEIDA et al. landscape positions, and the uniform fine and medium sand total sand ratio in the soil profiles lof the catena. A high textural, porosity and soil density anisotropy was verified between the E ‘and EB horizons, which is responsible for the lateral water transport and seasonal water excess in the EB and B/E horizons, The monitoring of soil humidity and Fe in solution indicated ‘alternation of reduction and oxidation processes in these horizons, whereas chemical and mineralogical analyses indicated a selective dissolution of hematite with the removal of iron from the system. Thermodynamic analyses showed that the vermiculites with interlayered hhidroxi-Al are more stable than the kaolinite in the soil and that the quantity and degree of. interlaying are greater in the EB horizon, These results indicate a contemporary process of kaolinite dissolution, by ferrolysis, in the transitional horizons, responsible for the degradation of the B horizon. Index terms: textural contrast, lessivage, lateral flows, ferrolysis. INTRODUCAO. Solos com alto contraste textural sao comuns em vérias superficies geomérficas do Brasil, sendo sua génese normalmente atribuida a translocagao verti- cal de argila entre os horizontes A e B. Entretanto, outros processos podem também estar envolvidos, tendo em vista a ampla diversidade de materiais de origem, condigses ambientais ¢ hidrolégicas, em que cesses solos foram formados. A origem do gradiente textural em solos da classe Podzélico ¢ controvertida, podendo ter causas tanto pedogenéticas (Gamble et. al., 1970; Cabrera-Marti- nez et al., 1988a) como geoldgicas, devido a desconti- nuidades litolégicas (Arnold, 1968). Processos de eluviacao/iluviagao mecénica de ar- gila tom sido tradicionalmente referidos como a prin- cipal causa da diferenciagao textural em podzélicos bruno-acinzentados ¢ vermelho-amarelos (McCaleb, 1959). Brewer (1968) e McKeague et al.(1978), entre- tanto, quantificaram a argila iluviada em horizontes subsuperficiais de varios solos com alto contraste textural mediante andlises micromorfoldgicas e demonstraram que esta representava, geralmente, uma parcela muito pequena em relacao a argila total presente nesses horizontes. Brewer (1968) conchuiu que outros processos, além da eluviagao/iluviacao, devem estar envolvidos na génese do gradiente. Perdas de argila pelo fluxo subsuperficial lateral de agua, ao longo dos declives, também tém sido referidas como possiveis causas da diferenciacao tex- tural em solos. Hugget (1976) coneluiu que tanto compostos quimicos em solucdo como material em suspensao foram transportados lateralmente em so- los de Hertfordshire, Inglaterra. Van den Broek (1989), valendo-se de avaliagdes hidrologicas e pedo- logicas numa transedo de solos de Luxemburgo, verificou que, durante ¢ apés 0s perfodos de altas, precipitagses pluviais, gerava-se um fluxo subsuper- ficial lateral, responsavel pela remogao e transporte de argila na interface dos horizontes EAh e Bg ao longo do declive, sendo a principal causa da diferen- ciacio textural do solo, Esses processos podem ser favorecidos quando a anisotropia vertical (textural, de porosidade ou densidade) é alta no solo, medida que modificam a diregao dos fluxos de gua no sistema, Por outro lado, a formagao do contraste textural em muitos pseudogleis, pseudopodz6licos e planossolos, R. bras. Ci. Solo, Campinas, 21:221-283, 1997 sujeitos a encharcamento tempordrio de 4gua, 6 atri- buida por Brinkman (1979) destruigao da argila pela ferrdlise, devido a alternéncia de processos de redugao © oxidagdo em certos horizontes ou camadas do perfil, tornando os argilominerais instaveis. No presente trabalho, estudou-se a génese do contraste textural em perfis de podzélico vermelho- amarelo abrupto do municipio de Viamao (RS), cujos horizontes transicionais EB e B/E sao fortemente adensados e com saturagao tempordria de agua, apre- sentando evidéncias morfoldgicas de alteragao quimi- ca da matriz, associadas a forte cimentacao do material quando seco. Os processos ocorrentes 80 estudados numa catena, por meio de amostragem ¢ andlises efetuadas num perfil representativo de PV, localizado no topo, e nos solos ao longo de uma tran- segio do topoa uma pequena varzea, numa posigio de declive lateral. Objetivou-se avaliar a influéncia de processos deposicionais, eluviagdo/iluviagao de argila (lessivagem), bem como agdo da ferrdlise, como poss veis causas da diferenciagao textural do solo. MATERIAL E METODOS A Grea de estudo localiza-se na Planicie Costeira do Rio Grande do Sul, na regidofisiogréfica da Coxilha das Lombas, muniefpio de Viamao, cerca de 45 km a0 norte de Porto Alegre. O material geoldgico é consti- tuido de sedimentos arenoargilosos inconsolidados de origem edlica da formagao Itapodi, do periodo quater- nério (Delaney, 1965), sendo o relevo predominante- mente ondulado, com’cotas altimétricas que variam de 50 a 100 m. A rea objeto de estudo foi percorrida para obser- vacio da variacdo das caracteristicas morfoldgicas dos solos ¢ selegdo de uma catena representativa, em que 0s segmentos do dective lateral (“side slope”), declives convergentes (“head slope”) e divergentes (“nose slope”) fossem bem definidos. Selecionou-se uma pe- quena bacia de drenagem com essas caracteristicas, na qual se efetuou o levantamento planialtimétrico com teodolito, sendo as cotas e coordenadas lancadas no programa SURFER, para elaboragao do perfil tri dimensional da bacia. Com base nesse perfil, defini- ram-se as diregdes dos fluxos externos ¢ internos do sistema. GENESE DO CONTRASTE TEXTURAL E DA DEGRADAGAO, Numa transecgao do declive lateral, em interva- los de 10 em 10 m, foram descritos e amostrados 17 perfis de solo com trado (Figura 1) , nas posicies de topo, ombro, encosta, sopé e planfcie aluvional (Ruhe & Walker, 1968), esta tiltima representada por uma pequena varzea’sem confinamento permanente de gua. Na posicdo de topo do declive lateral (P1), foz-se a descrigéo morfolégica e amostrou-se um perfil de solo completo, correspondendo ao perfil repre- sentativo do podzélieo vermelho-amarelo estudado. Nas amostras coletadas, determinaram-se os teo- res de areia, silte e argila totais, segundo EMBRAPA (1979), sendo a fragao areia separada por peneira- mento em cinco subfragies, ¢ 0 silte, separado da argila por sedimentagio, com base na lei de Stokes. A argila foi fracionada em argila fina e grossa por cen- trifugacdo (Jackson, 1965). A macro- e a microporosi- dade foram determinadas em mesa de tensao, e a densidade aparente com anel volumétrico, ambos se- gundo EMBRAPA (1979). A condutividade hidraulica saturada foi determinada no campo, com permedme- tro de carga hidrdulica constante, apenas na posicio do topo. Na fragdo terra fina foram extraidos Ca, Mg, Ke Na com solueao de acetato de amdnio 1 mol L'? em pH 7; Cae Mg foram dosados por espectrofotometria de absoreao atémica e K e Na, por fotometria de chama, Ale H + Al foram oxtraidos, respectivamente, com solugdo de KCI 1 mol Le acetato de edleio 0,5 mol L? em pH 7, e quantificados por titulometria de neutra- lizacao com NaOH. O pH foi determinado potenciome- tricamente, usando-se uma relacao solo:solvente de 11, e os teores de carbono organico por oxidagao sulfocrémica e titulagdo do exeesso de bicromato com FeSO, , em presenga de ferroin. Os valores de S, CTC, ‘Va ¢ saturacio com aluminio (m%) foram ealeulados conforme EMBRAPA (1979). (-ToPO Pl om PPS RST mR RO Pt +—OMBRO—}—ENCOSTA—+~- 223 Os teores de ferro na fragao terra fina e na argila dos horizontes, bem como nos mosqueados e volumes alterados da matriz dos horizontes B/E, foram deter- minados por espectrofotometria de absorcio atémica, apés extracdo com soluedo de ditionito-citrato-bicar- bonato (Fe-DCB), segundo Mehra & Jackson (1960) ¢ com solucao de oxalato de aménio (Fe-Ox) no escuro, de acordo com Schwertmann (1964). A identificacio e semiquantificagao dos minerais da fracao argila foi feita por difratometria de raios X (DRX), apés saturacio com sédio e orientagao, utili- zando-se radiagao de Fe Ka. Andlises do pé dessa fracao foram feitas visando obter parametros de cristalini- dade da caulinita. Na fragdo argila grossa, emprega- ram-se testes de colapsagao das amostras saturadas com K, por aquecimento, e testes de expansio com glicerol nas amostras saturadas com Mg, visando identificar os argilominerais com reflexos de 1,4nm e avaliar seu grau de intercalagao com polimeros de Al. ‘Amostras da fragao argila também sofreram pré- -tratamentos com NaOH 5 mol Li! para a concentra- sao dos éxidos de ferro, conforme Kampf & Schwert- mann (1982), A substituicao de Al na goethita e na hematita foi estimada, respectivamente, segundo Schulze (1984) e Schwertmann et al. (1979). ‘A variacao temporal da umidade nos horizontes A1,E,EB1, EB2 e Btl foi monitorada, semanalmente, nas posigdes de topo, ombro e encosta durante quinze ‘meses, utilizando-se amostras coletadas com trado. Os teores de Fe”* foram monitorados nos horizontes EB1 e EB2, empregando-se testes qualitativos, com solugao de Dipyridyl (Childs, 1981), e quantitativos, apés a reacdo anterior, em que a solugio foi extraida por sucgao em filtro de 0,45 ue o ferro analisado por espectrofotometria de absorcao atémica. Efetuou-se um balango das perdas e ganhos de argila e Fe-DCB para todos os horizontes do perfil tepresentativo, tomando-se como referencial para os SOPE—+-VARZEA+ Pe PS Ms PS AG RIT Pe | Sd = 1) stem rae | Townes a bn) oerasmas s ne) ml Vpomome eis flem-ee oe sevens a] soon worn E frasen:sovm sed doce soya Jettmemsm et Lemna 100 Figura 1. Representagdo da catena ao longo da transegao lateral, mostrando as. variagdes nas caracteristicas dos podzélicos vermelho-amarelos do topo ao sopé ¢ o solo hidromérfico cinzento da varzea (M: mosqueados; VA: volumes alterados da matriz). R. bras. Ci. Solo, Campinas, 21:221-293, 1997 224 cdleulos amostra do horizonte Bt coletada a 3 m de profundidade, e cujas caracteristicas fisicas e quimi- cas nao diferiram das da amostra coletada a 4 m. Presssup0s-se, deste modo, que represente as caracte- ristieas do material original, nao sendo, praticamente, afetada pelos processos pedogenéticos atuais. Com base nos eritérios gerais sugeridos por Barshad (1964), 0s teores de argila e Fe-DCB foram recaleula- dos numa base volumétrica para cada horizonte, a partir da densidade aparente original, e comparados aos teores efetivamente existentes neles. Parémetros quimicos da solugao do solo nos hori- zontes sujeitos A saturagdo temporéria de agua foram monitorados em horizontes dos perfis P3, Pb, P7 e PS da catena, objetivando avaliar a estabilidade termo- dinamica relativa dos argilominerais presentes. A solugio foi extraida de amostras dos horizontes E, EB ¢ Btl, coletadas em tubos de PVC de 20 mm de diametro, com papel-fltro de 0,45 jt colado na sua base, apés centrifugagao com umidade préxima da capacidade de campo. Nos extratos, mediram-se o pH ea condutividade elétrica, determinando-se os teores de silicio ¢ aluminio segundo Kahler (1941) e Jones & Thurman (1957) respectivamente. A especiagao iénica do aluminio fundamentou-se no programa computa- cional SOIL SOLUTION (Wolt, 1987). Com base nos valores de pH e condutividade elétrica, as concentra- ses de silicio e aluminio foram convertidas em valo- tes de atividade, sendo os valores da abscissa e ordenada expressas, respectivamente, como pH,SiO, epH- 1/3 pl. RESULTADOS E DISCUSSAO. Morfologia dos solos na catena 0 solo ocorrente em todas as posigdes da catena, com excegao da varzea, é um podzdlico vermelho-ama- relo (PV) abrupto (Figura 1), que apresenta a mesma seqiiéncia de horizontes do topo ao sopé, no perfil 15. Os horizontes A e E sto menos espessos no ombro ¢ no tergo superior da encosta, fator condicionado pelas suas maiores taxas de declive, as quais favorecem grande erosao hidrica superficial. A maior espessura dos horizontes eluvial e transicionais é observada na base da encosta e no sopé. Os perfis 14 e 15, no sopé, coincidem com uma pequena area de mata (“capao"), sendo 0s locais onde se observa maior deposicao de material arenoso pela erosao hidrica superficial, re- sultando, dai, a maior espessura do horizonte super- ficial do perfil 14 (Figura 1). Os horizontes eluvial e transicionais sio também mais espessos, fator possi- velmente associado ao maior tempo de residéncia média de égua no local, em relagdo aos perfis das cotas mais altas. Ausentes ou em muito pequena quanti- dade na posigdo de topo, os mosqueados aumentam no horizonte Bt dos perfis do ombro, diminuem na encos- tae voltam a aumentar em quantidade nos perfis no sopé e na varzea. Nesta, ocorre um solo hidromérfico cinzento, argiloso desde os horizontes mais superfi- ciais, com mosqueados abundantes no Btgl e Btg2. bras, Ci, Solo, Campinas, 21:221-283, 1997 (LA, ALMEIDA et a. No horizonte A do PV, a cor timida é bruna a bruno- -escura (10YR 4/3);no horizonte Ee EB ébruna (10YR 5/3) ou bruno-amarelada (10YR 5/4). O EB diferencia. -se do E pelo maior contetido de argila e silte, e consisténcia mais firme, O transicional B/E apresenta volumes da matriz, com colora¢do similar & do EB, sendo a cor predominante da matriz. geralmente bru- no-avermelhada (SYR 4/4) ou vermelho-amarelada (GYR 4/6), similar & do horizonte Btl. Tais caracteris- ticas sugerem que os horizontes transicionais sejam provenientes da alteragao quimica da matriz do hori- zonte B, sendo os volumes mais avermelhados daque- les, feigdo remanescente do tltimo, Os volumes alterados da matriz do horizonte B/E diminuem gra- dativamente em profundidade, ocorrendo, ainda, em pequenas proporgies no Btl, tornando dificil a sepa- racdo precisa desses horizontes por tradagem. Em duas trincheiras abertas no ombro e na encosta, cons- tatou-se a presenga de linguas de material do EB penetrando no B/E até o Bti, e grande confinamento de égua nos volumes alterados da matriz, Caracteris- ticas fragipanicas foram constatadas nos horizontes EB e B/E, manifostadas pela consisténcia dura ou muito dura e “quebradica’, porém apenas com o solo seco, 0 que é uma caracteristica diagndstica, porém nao exclusiva, de horizontes tipo fragipa. A passagem do trado através desses horizontes ¢ extremamente dificil durante a estagio seca. Nos horizontes Btl e Bt2, a cor predominante da matriz 6 vermelho-amarelada (5YR 4/6) bruno-aver- melhada (5YR 4/4), Tradagens feitas em profundida- des além do Bt2, em alguns pontos da transeceio, evidenciaram uma tendéncia ao aumento da cor ver- melha, com matizes até de 2,5YR 4/6, A cerosidade, avaliada nos perfis representativo (P1) eda trincheira do ombro (P7), ocorre em quantidade abundante nos horizontes Btl e Bt2, com grau de desenvolvimento moderado e forte. Na matriz nao alterada do B/E, constataram-se poucos cutas, moderadamente desen- volvidos, os quais esto ausentes no EB. Propriedades fisicas As variagdes de porosidade, densidade e conduti- vidade hidraulica saturada, no perfil representativo, evidenciam a alta anisotropia vertical existente entre os horizontes superficiais e subsuperficiais (Figura 2). Os horizontes transicionais representam as zonas de méximo ineremento na densidade do solo, e maxima reducdo na macroporosidade, porosidade total e con- dutividade hidraulica saturada, No perfil P7 da tran- secio, a densidade do solo no horizonte EB foi de 2,0 kg dm” . Essas caracteristicas sdo compativeis, portanto, com a saturagéo temporaria de agua cons- tatada sazonalmente durante as observagdes de cam- po, bem como com a ocorréncia de um lencol de égua ispenso", que, de acordo com Bouma (1983), pode formar-se pela presenga de fragipa ou camadas e horizontes adensados. Os resultados da andlise granulométrica do perfil representative de PV (Figura 3a) mostram que, nos, horizontes A e B, os teores de argila variam de 40 a GENESE DO CONTRASTE TEXTURAL E DA DEGRADACAO, 60 g kg", havendo acentuado incremento a partir do horizonte EB, até atingir um maximo de 600 g kg? no Bt2, Na mesma proporgio em que cresce o teor de argila, decresce a areia total. Maximos teores de silte ocorrem nos horizontes transicionais, Tais earacter ticas explicam a alta permeabilidade dos horizontes, Ae E, mas nao a queda brusca do valor da condutivi- dade hidraulica e o alto valor da densidade no EB. As caracteristicas de forte adensamento, dureza e “que- bradicidade” do solo quando seco, nesse horizonte, parecem ser resultantes de processos fisico-quimicos, devido a0 empacotamento denso das particulas ¢, possivelmente, & presenca de compostos de silica amorfa, que tém a concentracéo aumentada com 0 secamento do solo, O fracionamento da areia revelou o predominio das fragies areia fina e areia média, que, juntas, representam, em média, 95% do total da areia, para todos os horizontes. As razdes areia fina/areia total e areia média/areia total sao muito similares nos hori- zontes A, E ¢ ao longo de todo o Bt (Figura 3b). Nos horizontes transicionais, ocorre aumento da areia fina, com decréscimo simétrico na areia média, Que- bras acentuadas dessas razées, ao longo do perfil, tem sido utilizadas como critério para identificagao de descontinuidades litolégicas ou efeitos deposicionais (Brinkman, 1979; Cabrera-Martinez et al., 1988a). 0 “estrangulamento' observado nas curvas foi interpre- tado, entretanto, como decorrente de possfvel remocio da argila pelo fluxo subsuperficial lateral e/ou sua destruigao nos horizontes transicionais, que favorece- ram a migragao de pequena quantidade de areia fina RELAGOES YOLUMETRICAS, HoR. 3 8 PROFUNDIDADE, em Figura 2. Parametros fi representative (P1). 225 (e silte) para o horizonte EB, oriunda dos horizontes superficiais, onde predominam macroporos. Andlise das razdes areia média/areia total para 0s principais horizontes dos perfis de PV, nas posigies de topo, ombro ¢ encosta, evidenciaram resultados similares aos obtidos no perfil representativo, Que- bras na uniformidade ocorreram apenas nos horizon- tes superficiais das posigdes do sopé e varzea, onde os processos deposicionais foram visualmente constata- dos no campo. A ocorréneia do podz6lico vermetho-amarelo abrupto com a mesma seqiiéncia de horizontes no topo, no ombro e na encosta, no qual se manifestam apenas pequenas variagdes na espessura e morfologia dos horizontes, indica que os processos que influencia- ram na formagdo desse solo so similares ao longo da catena, Isso, associado & grande uniformidade das razées areia fina e média/areia total dos horizontes cluviais ¢ iluviais, 6 indicativo de que a génese do contraste textural foi mais influenciada pela agao de processos pedogenéticos do que deposicionais. Esses resultados se assemelham aos obtidos por Gamble et, al. (1970) e Cabrera-Martinez et al. (1988a) em solos com horizontes superficiais arenosos de plantcies cos- teiras dos EUA; divergem, entretanto, da interpre- tagao dada por Arienti (1986), segundo a qual o hori- zonte E (e EB) dos solos estudados representaria 0 testemunho de deposigao eélica de material arenoso ocorrida em clima mais seco que o atual 0 fracionamento da argila revelou um aumento da argila fina (< 0,2 um) em profundidade, com um CONDUTIVIDADE DENSIDADE HIDRAULICA DO SOLO, SATURADA, kg dm? mm h" srminados para horizontes selecionados do perfil R. bras, Ci. Selo, Campinas, 21:221-288, 1997 226 ‘maximo no horizonte Bt2 (Figura Sa, razio argila fina/ argila total). O ineremento acentuado dessa razdo dos horizontes A e E para o Bt, e seu decréscimo a partir do Bt2, indicam a ocorréncia de processos de translo- cacao vertical de argila ao longo do perfil (Floate, 1966), 0 que 6 confirmado pela presenca expressiva de cerosidade nos horizontes iluviais, O balango das per- das e ganhos de argila e Fe-DCB no perfil repre- sentative (dados nao apresentados), revelou, entretanto, que as perdas desses dois constituintes nos horizontes superficiais ¢ transicionais foram expressivamente superiores aos ganhos computados nos horizontes iluviais (-417 kg de argila e -17,5 kg de Fe-DCB m®, no volume do perfil considerado, = 3 m°). Esses resultados indicam, portanto, que outros pro- cessos, além da lessivagem, devem ter contribuido para a génese do contraste textural do solo. Propriedades quimicas Os pardmetros quimicos determinades para o perfil representative (Quadro 1) revelam que a reagao do solo é fortemente acida, havendo ligeira tendéncia a0 aumento do pH, em H,0 e KCI, no horizonte E. Os teores de carbono organico séo inferiores a 10 g kg? ao longo do perfil; os valores mais baixos ocorrem nos horizontes E ¢ EB e, os mais altos, no Btl e Bt2. A indicagao da migracéo de compostos organicos soli- veis 6 dada pelo seu actimulo de carbono organico. Nos horizontes A, Ee EB, essencialmente areno- 808, 08 teores de Ca”, Mg, K*, Na’, Al**, Fe-DCB & or. GRANULOMETRIA, 9 kg" 0 200 400600 PROFUNDIDADE, cm 250| 3001 Figura 3. Distribuicao granulométrica das fragdes areia, silte e 800, JA. ALMEIDA et al Fe e Al-Ox so muito baixos, ocorrendo 0 mesmo com a soma de bases e CTC. Estes valores sofrem incre- mento no horizonte B, tendendo a acompanhar 0 aumento dos teores de argila A razao Fe-Ox/Fe-DCB é menor do que 0,1 na maior parte dos horizontes (Quadro 1), indicando 0 predominio de formas cristalinas dos éxidos de ferro, mesmo nos horizontes transicionais, onde os proces- sos de oxirredugao sao mais freqiientes. Os teores de manganés extraidos com DCB sao baixos, nao mos- trando variagdes sensiveis ao longo do perfil. Para os mesmos horizontes dos perfis de PV cole- tados ao longo da catena, nao foram constatadas dife- rengas expressivas nos valores dos principais parémetros quimicos (Quadro 2). No perfil P11, a menor soma de bases e CTC no horizonte Btl é devida ao seu menor contetido de argila, cuja coleta, limitada pela dimensao do trado, restringiu-se a sua porgao superficial © solo da varzea difere quimicamente do PV ‘ocorrente nas demais posigées da catena (Quadro 2). Considerando, entretanto, que todos os seus horizon- tes apresentam altos teores de argila, a soma de bases ea CTC sao compativeis com 0s valores dos horizontes mais argilosos das demais posigées da transecao late- ral Até corto ponto, esses resultados contradizem a hipétese da influéncia de processos laterais internos na diferenciagio dos solos ao longo da catena, Nao s6 aseqiiéncia de horizontes 6 a mesma, do topo ao sopé, RELAGAO 1000 0 0,1 02 930.4 0.5 9607 -gila, razio argila fina/argila total (a), e relagdo areia fina e areia média/areia total para os horizontes do perfil representativo, P1 (b). R. bras, Ci, Solo, Campinas, 21:221-283, 1997 GENESE DO CONTRASTE TEXTURAL E DA DEGRADAGAO, por Quadro 1, Resultados analiticos dos pariimetros quimicos do perfil representativo de podzélico vermelho- amarelo abrupto Fe Horie cations traces + cre 5 Mn Relagiio vonte GoM Koa al UY Sour Y © Tuo KCI DoBI@ Oxo) PCB Fes/Fes — mmol-kg!—— gke?— meg al 66 33 08 09 45 149 16 259 45 28 58 400 22 082 OS. 22 66 33 07 04 43 146 110 256 43 99 61 390 25 087 92 05 a3 17°05 03 32 151 62 28 29 3 30 395 29 082 67 Ol EI 1403 08 07 30 58 88 64 12 19 445-28 «025 94 009 2 22 19 02 00 05 16 34 50 69 11 20 490 26 016 76 © 007 EBL 41-22 (02 08 16 106 68 174 99 19 19 430° 78 095 76 (O04 ER2 «451-36 03 06 20 146 96 242 40 12 25 390 93 O41 71 Ook BE 78 58 04 09 74 20 149 368 41 6 39 385 116 043 650k Bt 198 18.2 0,7 25 180 80.0 412 912 45 30 68 3.45 13678005 BZ «194 AAO 2G 199 483 452 935 48 28 65 149 74005 Btom!? 13,7 248 08 7 128 361 380 741 51 25 44 3,55 0.98 0,04 Buam{! 15,8 27,7 23 40 347 466 783 60 8 44 3,65 08 © Amostras coletadas no Bt a 3 ¢ 4 m de profundidade, com trado, Quadro 2. Teores de argila e principais parimetros ‘quimicos de quatro perfis da transeccao lateral da catena nas posigdes de topo (P3), ombro (P7), encosta (P11) ena varzea (P17) Horizonte Argila pE-HO AP? CTC-pHt7 eke — mmol, ke? AL 100 20,1 E 80 78 EB no 69 BE 200 193 Bu 520 101,1 a 90 33 m0 B 80 27 6 BB 120 34 a BE 200 34252 Bel 620 ws 1152 al 80 29 8 EB 50 2.2 22 EB 0 26 29 BE 210 26 101 Bul 370 a7) ec AI 440 400 84 202 1181 An 520 410-42 5341784 Bist 600 495 207 433 137.7 Bega 580 435 930 54 116 mas também quimicamente os solos pouco diferem na catena. Ha que considerar, entretanto, pelo menos dois aspectos: primeiro, que a presenga do fluxo sub- superficial lateral, em condigées saturadas, ocorre na zona acima do horizonte adensado (EB), onde os valo- res da soma de bases ja so originalmente muito baixos, havendo, assim, muito pouco material para ser transportado em solugao; segundo, que o sistema todo 6 aberto, havendo, pois, a possibilidade de que grande parte das solugdes sejam transportadas para além da pequena varzea, E importante ressaltar, por outro lado, o fato de o solo da varzea ser argiloso, contras- tando com todos os demais solos arenosos que ocorrem nas cotas mais altas da catena, sugerindo possivel migragao de argila por fluxos laterais, superficiais ou subsuperficiais. ‘Mineralogia da fracao argila A difratometria de raios X da fracao argila revela uma composigao muito similar entre os horizontes nos diversos pontos da transegao (dados nao mostrados) Caulinita ¢ 0 argilomineral dominante, seguido de proporedes menores de argilominerais 2:1 ¢ quartzo, © que indica alto grau de intemperizacao do material de origem. Os teores de quartzo séo muito baixos nos horizontes iluviais, aumentando nos arenosos A, Ee EB, e também nos volumes alterados da matriz do B/E. A participagdo relativa dos argilominerais com reflexos de 1,4 nm na fragao argila do PV, expressa pela razdo de intensidade dos reflexos a 1,4 nm (Iy,) ¢ 0,72 nm (Ip;) indicaram um aumento na propor¢ao dos primeiros, da base para o topo dos perfis. A razo I, I aumenta gradativamente de 0,17 no horizonte Bi para 0,44 no A. Essa razdo também é maior nos volumes alterados da matriz do horizonte B/E (0,32), em relagao a matriz nao alterada (0,19). R bras. Ci, Solo, Campinas, 21:221-283, 1997 228 Como os reflexos dos argilominerais de 1,4 nm foram pouco expressivos na fracéo argila fina, os testes para sua identificagdo foram efetuados na argila grossa (2-0,2 um), em trés horizontes da posigao do ombro (Figura 4). Nas amostras saturadas com Mg, os tratamentos com glicerol nao evidenciaram nenhum deslocamento dos reflexos de 1,42 nm, o que descarta a hipétese da presenca de esmectitas. Os diferentes graus de colapso das amostras saturadas com K indi- cam a presenea de vermiculita e/ou vermiculita com polimeros de hidréxi-Al nas entrecamadas (VHE). O tratamento térmico a 350°C promoveu um co- lapso praticamente total das camadas na amostra do horizonte Btl, indicando a presenca de vermiculita ‘com muito baixa interealagao com polimeros (vermi- calitas puras normalmente colapsam em 0,99-1,01 nm no tratamento com K a 25°C). Ja no horizonte Al, 0 reflexo a 1,01 nm apresenta maior assimetria em diregdo a Angulos 20 mais baixos, sugerindo uma intercalagao um pouco mais alta com polimeros de Al, A maior taxa de intercalagdo, entretanto, ocorre no horizonte EB (Figura 4), conforme o reflexo 1,23 nm na amostra K-350°C. A maior quantidade de VHE nos horizontes su- perficiais e transicionais se deve, provavelmente, a ‘um enriquecimento relativo de argila grossa, devido A migracao de argila fina para os horizontes iluviais. Essa fracao representa apenas 40% da argila total nos horizontes A, E e EB, aumentando para cerca de 75% no Bt, Cabrera-Martinez ot al. (1988b) também suge- P7AI } ] | 642086 4 2086 JA. ALMEIDA et al. rem essa hipétese para explicar a maior quantidade de VHE nos horizontes superficiais de ultissolos da planicie costeira da Florida. Nao pode ser descartada, entretanto, a hipétese de que o enriquecimento se dova a destruigaio da caulinita pela ferrélise, particu- larmente nos horizontes transicionais. Isso foi descar- tado pelos autores citados, com base na argumentagao de que os argilominerais 2:1 seriam mais instav que a caulinita. Difratogramas do pé da fragio argila total, dos horizontes EB e Bt (3 m), da posigdo do topo, mostram reflexos (001) argos da caulinita,e com assimetriaem diregao a angulos 20 mais baixos. Além disso, esses reflexos sao de intensidade mais baixa do que os dos planos hk (02,11) 0,443 nm, que formam uma banda assimétrica em direcao ao reflexo (002) da caulinita (dados nao mostrados). Esse comportamento indica a presenga de caulinitas de pequeno tamanko e alto grau de desordem estrutural (Almeida et al., 1992), nao havendo diferencas no padrao dos reflexos entre os horizontes. O indice de cristalinidade da caulinita IO), determinado segundo os eritérios de Hughes & Brown (1979), situou-se em torno de 7,0 para os dois horizontes do topo. O niimero médio de camadas, caleulado a partir da dimensio média dos cristais pela formula de Scherrer, 6 de 25. Esses resultados confir- mam o alto grau de desordem da caulinita do solo, visto que caulinitas de boa cristalinidade, como a Georgia 2, por exemplo, apresentam um IC = 29 ¢ cerea de 96 camadas (Almeida et al., 1992) P7 Bt! 1,34 | K25, 16 412086 Fe Ka. 20 Figura 4. Difratogramas de raios X da fragdo argila grossa saturada com potassio © magnésio e submetida, respectivamente, a tratamentos térmicos (K 25, K 110 e K 350°K) e glicerolacao (G), para trés horizontes do perfil P7, da posigao do ombro. R. bras Ci, Solo, Campinas, 21:221-293, 1997 GRNESE DO CONTRASTE TEXTURAL B DA DEGRADAGAO, ‘Monitoramento da umidade e dos teores de Fe** Nas trés posigdes da catena em que foram moni- torados, os niveis de umidade dos horizontes EB1 ¢ EB2 mantiveram-se acima da capacidade de campo por periodos relativamente longos - Figura 5 - para a posigdo do topo. No horizonte EB2, esses niveis se situaram préximo da saturagio durante outubro e novembro de 1990, e entre abril e agosto de 1991 Embora néo tenham sido monitorados, os volumes alterados da matriz do horizonte B/E também se apresentavam aparentemente saturados durante as coletas. Segundo Van Breemen (1988), periodos de 30 60 dias de encharcamento do solo ja sfo suficientes para promover redugio nos compostos de ferro. A. variagio acentuada nos niveis de umidade, consta- tada principalmente nos horizontes transicionais, é perfeitamente compativel, portanto, com a ocorréncia de processos de oxirredugio Os testes com Dipyridyl, bem como os teores de Fe quantificados nos extratos (Quadro 3), foram positivos para a maioria das datas de observagio e/ou coleta, porém os teores de ferro determinados sio,em geral, baixos, com um valor médio em torno de 3,0 mg kg’. Isso esta de acordo com as observagies de Van Breemen (1988), segundo o qual usualmente apenas uma fragéo muito pequena do ferro aparece na solu- sao, ficando a maior parte adsorvida a0 complexo éoloidal do solo, ou permanecendo numa forma sélida, provavelmente como compostos ferroso-férricos. Os teores mais altos de Fe’* determinados durante de- zembro de 1990 ¢ janeiro de 1991 foram positivos apenas para os testes efetuados em presenga de luz, indicando o predominio de formas oxidadas do ferro, complexadas pela matéria orginica da soluglo, e que 229 foram reduzidas fotoquimicamente durante os testes (Childs, 1981). Os resultados obtidos confirmam a ocorréncia de processos de reduedo nos horizontes transicionais EB nos volumes alterados da matriz. do B/E, dado o ele- vado teor de umidade ali constatado sazonalmente. Durante 0 verdo, a reduedo acentuada nos niveis de umidade nesses’ horizontes induz os processos de Quadro 3. Testes com dipyridyl e teores de Fe em solugdo nos horizontes EB1 ¢ EB2, em tres posi- es da catena, para nove datas de coleta e/ou observacio Topo Ombro Encosta Data —_——— FBI EB2 EB EB2_—sEBI_EB2. = og kg" 05/1290 3,01) 2,9) 2,614) 1,914) o7w90 0,8(-) 1Als) 5,604) 14/12/90 4,8(+) 10,84) 5,206) 4,604) 97,644) O3IOV91 461+) 0.9) 13,604) 1.54) 2210491 2,74) 0,0) 3,104) 4,564) 0,0) 0,06.) 1206/91 0,00-) 0,0) 1,814) 0,02) 1,64) 0,00-) 09/07/91 0,0(+) 0,04) 1.314) 1.84) 04064) 0,06 02B91 4) (4). 4)... 9TH (2) 0) Os sins (+) e-)indicam, reapestivamente, que os teates qualita- tives da solugae do solo com Dipyridy] foram positivas e negativos, HORIZONTE Ug, m? m* do topo, P3 ( \cdo temporal da umidade gravimétrica nos horizontes da posicao jhas tracejadas superior e inferior indicam, respectivamente, a.umidade na condigao de saturagao do solo ¢ na capacidade de campo). R. bras. Ci. Solo, Campinas, 21:221-293, 1997 230 oxidagao. Ciclos alternados de redugao e oxidacao devem estar implicados na génese das alteracdes de volume da matriz do horizonte B, na medida em que promovem a dissolugdo dos éxidos de ferro e favore- com os processos de destruicdo dos argilominerais pela ferrélise (Brinkman, 1979; Van Breemen, 1988). De acordo com 0s autores citados, o aumento nos teores de Fe", pela redugao do solo, induz maior lixiviagdo dos demais cétions, devido & saturacdo do ferro no complexo de troca. Esse proceso é favorecido pela baixa CTC e soma de bases do solo em questo. Os cations deslocados para a solucao sao transporta- dos lateralmente, através do fluxo subsuperficial, ou verticalmente, para partes mais profundas do perfil, Durante o verao, a oxidagao do Fe a Fe** produz um aumento na concentracio de fons H, induzindo a protélise das laminas octaedrais e tetraedrais, tor- nando os argilominerais instaveis, Parte do aluminio liberado nessas reacdes foi interealado nas entreca- madas da vermiculita, na forma de polimeros, confor- me foi visto. A maior parte do silicio deve ter sido removida pelos fluxos verticais ou laterais, dada a sua grande solubilidade © devido ao carter aberto do sistema. Quimica e mineralogia dos éxidos de ferro Os teores de Fe-DCB determinados na fragio argila dos horizontes de seis pontos da transe¢io constam do quadro 4. Observa-se que, para um mesmo onto, ha um incremento nos seus teores em profun- didade, atingindo valores maximos nos horizontes subsuperficiais mais argilosos. A reducdo expressiva nos teores de Fe-DCB nos horizontes eluviais e tran- sicionais, bem como nos volumes alterados do B/E em relagao a matriz mais vermelha desse horizonte, re- sultam dos processos de solubilizagao e remogao do ferro. Resultados similares foram obtidos na TFSA. (Quadro 1), confirmando, portanto, as perdas verifica- das no balango efetuado no perfil representativo. Essa redugio dos teores de ferro é acompanhada de um incremento nos teores de quartzo ¢ vermiculita com polimeros de hidr6xi-Al nas entrecamadas (VHE) na fracao argila dos horizontes mais arenosos. Dado 0 contetido relativamente baixo de Fe-DCB das amos- tras, é pouco provavel, entretanto, que o enriqueci- mento relativo em quartzo e VHE se dé unicamente a expensas da remogio de ferro, mas, sim, & remocao de parte da argila, seja pelo seu transporte lateral e/ou vertical, seja por sua destrui¢ao favorecida pelos pro- cessos de oxirreducdo. Nos horizontes transicionais EB c B/E, as feigdes de intensa alteragao quimica da matriz indicam que essa tiltima hipétese é mais pro- vavel, sendo o enriquecimento relativo daqueles mi- nerais devido & remogao de quantidades expressivas de plasma do sistema, oriundo da destruigao dos ar- gilominerais, Os resultados das andlises mineral6gicas dos 6xi- dos de ferro por DRX esto condensados no quadro 4. Na posigo de topo, o incremento na proporgio de hematita com a profundidade do perfil, estimada pela azo goethita/hematita (GuGt + Hm), relacionou-se R. bras Ci. Solo, Campinas, 21:221-285, 1997 JA, ALMEIDA et al. bem com 0 aumento da cor vermelha . As quantidades méximas de hematita (180 e 240 g kg!) foram cons- tatadas nas amostras do horizonte Bt coletadas a 3 4 m (Btiamy) © Brgy ), coincidindo, portanto, com as zonas mais vermelhas do perfil. A substituiggo em Al na goethita nos varios hori- zontes e posiges da transegao varia de 14 a 21 emol ‘mol, sem diferencas expressivas ao longo da transe- do. Para o ponto P3, embora haja tendéncia de ligeiro aumento do Al da base para o topo do solo, as diferen- as ndo so significativas, eonsiderando que o inter- valo de confianga da estimativa, inerente ao método uusado na obtengao dos valores dé em torno de 4 emol mol'de Al, Domesmo modo, ndo se observam diferen- gas entre os volumes alterados da matriz (VA) e a matriz, mais vermelha (M) do horizonte B/E do onto 5. A similaridade nos graus de substituigao em Al da goethita nos horizontes do perfil do PV indica que a maior parte do ferro solubilizado, durante as etapas de reducao do solo, deve ter sido removida do sistema, e que as quantidades de ferro reprecipitadas nos horizontes transicionais deve ser pequena, nao cau- sando modificagies sensiveis nas caracteristicas dos éxidos de ferro remanescentes. Essa interpretacao 6 reforgada pelos baixos valores obtidos da razao Fe- Ox/Fe-DCB no perfil modal (Quadro 1), indicando 0 predominio de formas cristalinas dos éxidos de ferro, inclusive nos horizontes transicionais. Em termos relativos, a proporgiio de goethita aumenta da base para o topo do perfil (Quadro 4), induzindo o seu amarelecimento ou xantizagao, parti- cularmente nos horizontes transicionais e na porcao superior do horizonte Bt;. Nos horizontes A e B, esse efeito nao foi mensurdvel, devido aos baixissimos teores de ferro e excessiva quantidade de quartzo. A hipétese mais plausivel é de que esse amarelecimento se deva a um processo de dissolugao da hematita em profundidade, pelo ofeito da saturagio temporaria nos horizontes transicionais, em acordo com as observacies de Macedo & Bryant (1987). Essa inter- pretacao ¢ apoiada pelas tendéncias constatadas no teor de Fe-DCB da fragdo argila do PV, as quais comprovam a ocorréncia de perdas consideraveis de ferro nos horizontes superficiais © transicionais, ¢ a0 aumento da razio GUGt + Hm da base para o topo do solo. Esta dissolugao dos 6xidos de ferro é favorecida pela saturacao temporaria de ‘gua, nos horizontes transicionais,¢ pela disponibilidade de fontes de ener. gia para a agao dos microrganismos, advinda do trans- porte de carbono organico sohivel dos horizontes superficiais mais porosos, A estimativa do Al da hematita somente foi pos- sivel nos horizontes mais vermelhos da posi¢ao do topo e nos mosqueados vermelhos das demais posigées (Quadro 4), nos quais houve intensidade suficiente do reflexo (110), de modo a permitir uma medida confia- vel de sua posi¢ao correta. O fato de a hematita, no caso presente, apresentar baixo teor de Al (em torno de 6 a8 cmol mol), favorece a sua dissolugao prefe- GENESE DO CONTRASTE TEXTURAL E DA DEGRADACAO, rencial em relagdo goethita (Torrent et al., 1987). Desse modo, as gocthitas do solo, pela maior substi- tuigdo em Al que as hematitas, tendem a ser mais preservadas no sistema, Apesar das limitagdes ine- rentes da estimativa, 0 fato de as goethitas dos hori- zontes EB e B/E apresentarem teores de Al ligeiramente mais altos que nos horizontes mais pro- fundos, pode indicar que parte das primeiras, com menos Al, estariam também sendo dissolvidas nesses horizontes, onde os processos de reducao sfio mais intensos. 281 Estabilidade termodindmica dos minerais A estabilidade relativa dos minerais no PV foi avaliada por meio de diagrama de estabilidade - Fi- gura 6; nesta, est representada uma linha de estabi- lidade para a caulinita Georgia, de boa cristalinidade, tomada de Kittrick (1980), e outra de Karathanasis et al, (1983), representando uma aproximagio para as caulinitas de solo. Da mesma forma, duas linhas de estabilidade foram plotadas para as VHE, com baixa e alta intercalagao com polimeros de Al, de Quadro 4. Cor, teores de Fe-DCB, raziio goethitwhematita (Gt/Gt + Hm) e graus de substituigho de Al na goethita (Gt) e hematita (Hm) na fragao argila de horizontes dos pontos coletados na transegao lateral da eatena Cor Perfil Horizonte ee Pa a lovRsit (Topo) B 10YRSit EB 10¥R5.5i4 eB2 8S YR5I5 BE 7SYR5/6 Bu BO YRS Blow SovRS!s Bln SOYRSIS preva” asynsl BEM” TBYRSG mr A Ombre) E EBL EB Bu Be 50 YR5(8 Be TYR 406 Be mv 50 YR BIS Po brva! Bem pu al Encostad E EBL EB BE Bu Pas ABVA BeMVve) pir a (Varzea) a Bis Bigs MV S8YR48 Al FeDCB Gut + Him a ot Hm eke” cermol mal! 318 1,00 16 412 1.00 16 388 7 420 0; 18 456 18 497 089 4 486 02 15 6 076 15 6 433 093 16 524 0.90 18 38,0 336 320 414 50,4 502 442 " 497 ro 4 464 50,5 429 52.5 39,8 418 404 497 wv 19 6 a7 167 26. ony 078 2 8 Iterados da matriz. M-=matriz. © MB = mosqueado bruno, ® MV = mosquesdo avermelhado, R.braa. Ci Solo, Campinas, 21:221-238, 1997 232 Karathanasis (1988). As linhas de estabilidade da silica amorfa e do quartzo foram obtidas de Elgawha- ry & Lindsay (1972), e a da gibbsita, de Kittrick (1980). ‘A localizagio dos pontos préximos a linha de estabilidade da vermiculita com baixa taxa de inter- calagao com polimeros de Al (Figura 6), indica que esse argilomineral apresenta maior estabilidade ter- modinamica que as caulinitas do solo. Tais resultados se assemelham aos obtidos por Karathanasis et al. (1983) e Karathanasis (1988), os quais demonstraram que & medida que aumenta o grau de interealacao das vermiculitas e esmectitas com Al, aumenta a sua estabilidade termodinamica. A presenga de maiores quantidades de vermiculita com alta interealagao com polimeros de Al nas entrecamadas nos horizontes transicionais EB e B/E, nos quais ocorrem ciclos fre- qiientes de redugio e oxidagao do ferro, é interpretada como indicagio de que a caulinita deva estar sofrendo destruigio pela ferrélise, dada sua menor estabilidade termodinamica em rela¢do & VHE. we 2s 30 35 40 48 PH.SIO, Figura 6. Diagrama de estabilidade considerando os principais componentes mineralégicos presen- tes no solo (Si-Am: silica amorfa; Qt: quartzo; G: gibbsita; K-S: caulinita de solo; K-G: caulinita Georgia; VHE(B) e VHE(A): vermiculita com bai xa e alta interealagdlo com polimeros de Al); 0: pontos representam valores dos pardmetros qui micos determinados na solugio do solo dos hori- zontes E, EB e Bt1 para quatro perfis da catena. CONCLUSOES 1. A génese do contraste textural dos podz6licos estudados foi influenciada pela agao de processos de lessivagem, o que é indicado pela presenga de horizon- tes cluviais tipicos, pelo aumento da relagao argila fina/argila total em profundidade e pela expressiva cerosidade constatada nos horizontes de maxima acumulagao de argila dos perfis 2.As perdas de argila e Fe-DCB quantificadas nos horizontes eluviais, entretanto, foram muito supe- rriores aos ganhos computados nos horizontes iluviais, indicando que outros processos, além da lessivagem, R.bras. Ci, Solo, Campinas, 21:221-233, 1997 JA. ALMEIDA et al devem estar envolvidos na génese do alto contraste textural ena degradagdo do horizonte Bt dos podzslicos. 3. A hipétese da deposigiio de material arenoso nos horizontes superficiais é pouco provavel, tendo em vista a constancia das razdes areia fina/areia total e areia média/areia total, tanto no perfil representativo ‘como em varios perfis da transegao lateral. 4, A formagiio do contraste textural dos podzdli- cos, gerando acentuada anisotropia vertical entre horizontes, induz.a saturagdo tempordria de gua nos horizontes transicionais e, portanto, a alternancia de processos de oxirredugao nesses horizontes, favore- condo a dissolugio e remogao do ferro e a destruigtio dos argilominerais; 5. Aalternancia e freqtiéncia dos ciclos de redugaio ¢ oxidagao nos horizontes transicionais, 0 caréter abertodo sistema, que induz intensa remogao da silica e bases do perfil, e a baixa cristalinidade e pequeno tamanho das caulinitas em relacdo as vermiculitas com polimeros de hidréxi-Al entrecamadas (VHE), si fatores que favorecem a maior instabilidade ter- modinamiea das caulinitas. Desse modo, 0 aumento das VHE da base para o topo do perfil, aiado & maior taxa de interealagao com polimeros de Al na vermicu- lita dos horizontes transicionais, constituem indica- es de que a degradacao quimica do topo do horizonte B 6 afetada pela ferrélise LITERATURA CITADA ALMEIDA, J.A; KAMPF, N. & KLAMT, E, Amidas ¢hidrazina na ‘dentificepao de caulinita desordenada em solos brunos subtropieais do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. bras. Ci. Solo, Campinas, 162):169-175, 1992 ARIENTI, LM, Bvolugio paleogoogrifica da bacia do rio Gravatat Porto Alegre, UFRGS, Curao de Pés-Gradua Geociéneias, 1986, 189p. (Dissortagdo do Mestrado) ARNOLD, RW. Pedological significance of lithologic iscontinuities. Tn: Trans. Int Conf. Soil Sei, Adelaide, '9(4):8595-603, 1968. BARSHAD, T. Chemistry of soil development. In: BEAR, F, (Chemistry of the soi. New York, 1964. p.1-70. ed BOUMA, J. Hidrology and soil genesis of soils with aquic moisture regimes. In: WILDING, L. 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