COMO SER
UM LIDER
VIRTUAL
Comunicagao eletrénica
pode gerar mais ruidos
do que gostariamos.
Um novo livro ensina as
melhores praticas
para evita-los
A tecnologia facilitou a vida das
empresas ¢m varios aspectos. Nun-
ca foi tao facil enviar ¢ compartilhar
dados complexos. Isso criou a ilusdo,
no inicio dos anos 2000, de que a
geréncia de equipes e projetos mul-
tinacionais se tornaria mais facil,
Nao foi exatamente 0 que aconteceu.
O mundo corporativo tornou-se,
em intimeras ocasides, uma crénica
de fric¢ées virtuais, como atrasos,
mal-entendidos e descompassos. Bar-
reiras de geografia, de fuso horarioe
de cultura mostraram-se mais fortes
do que 0 esperado. Unificar mental-
mente equipes dispersas néo és6 um
desafio tecnolégico, alerta a especia-
lista em gestao virtual Karen Sobel
Lojeski, autora do recém-langado
Leading the Virtual Workforce (“Lide-
rando a forca de trabalho virtual”,em
traducdo literal). E sobretudo um de-
safio de psicologia de lideranga. Para
escrever 0 livro, a autora entrevistou
lideres de grandes empresas, como
IBM, Merck, Alcatel-Lucent, HP e
AT&T, entre outras gigantes globais.
“A distancia virtual promove curto-
circuitos de comunicacao”, diz ela.
Karen aponta taticas extrema-
mente titeis as liderancas para lidar
com 0 preblema. Essas taticas se di-
= videm em dois campos: 0 do conheci-
mento tecnolégico e o da inteligéncia
emocional. No primeiro, a “destreza
técnica” é a capacidade do lider de sa-
ber quala ferramenta virtual que deve
ser empregada em cada situacdo. As
vezes, um e-mail resolve um proble-
ma. Outra situagao pode pedir uma
teleconferéncia. Para passar informa-
6es ricas em dados, o e-mail ainda
éa melhor solugao. Porém, diz Ka-
ren, ele é pobre quando a mensagem
pede um tom emocional. Nesse caso,
nada substitui 0 contato face a face,
Idealmente, as empresas devem
incentivar a que os lideres das unida-
des, e os lfderes dos principais forne-
cedores, se conhecam pessoalmente.
Avideoconferéncia é apropriada para
as reunides de rotina das equipes. Po-
rém, outras ferramentas, como wikis,
blogs, redessociais - e até mundos vir-
tuais -tornammais ricaa convivéncia
entre as equipes. A IBM é uma pio-
neira no uso do Second Life para trei-
namentos e conferéncias a distancia.
No lado emocional, as taticas em-
pregadas s4o diversificadas. Na Hew-
lett-Packard, 0 vice-presidente de tec-
nologiacostuma utilizar um processo
chamado reverse mentoring, ou “traba-
tho reverso do mentor”. Ele costuma
visitar membros das equipes virtuais,
como estagidrios, para entender o que
os motiva. Isso aprimora a comuni-
cacao na HP. Outras empresas, como
aIBM ea Alcatel-Lucent, estimulam
oe convivio social das equipes disper-
sas, até mesmo em iniciativas pouco
ortodoxas, como “baladas virtuais”.
Duas coisas sfo unanimes nas
empresas. O lider deve ser uma anco-
ra as diversas equipes, mediando as
prioridades entre elas. “Ele éa vozea
face estavel e familiar dos projetos”,
diz Karen. Em segundo, nada subs-
tituiaautenticidade. Frente ao obsta-
culo da distancia, a confiabilidade do
lider se torna ainda mais critica. “O
funcionario virtual tem mais dificul-
dade em depositar confianga na lide-
ran¢a. Por isso éimperativo que ela
saiba se comunicar de forma auténtica
e transparente”, concluia autora.cn