Você está na página 1de 2

HISTRIA DA IMIGRAO ALEM NO RS

Prof. Frei Rovlio Costa

Hilda Agnes Hbner Flores, em Histria da Imigrao


Alem do Rio Grande do Sul (EST Edies, 2004), aos 180 anos
de seu incio oficial (25-7-1824), situa a imigrao europia pioneira e agendada no contexto da Histria mundial, do Brasil e do
Rio Grande do Sul. Permite viajar pelo RS alemo e perceber
que o 1824 um marco que divide a teuticidade em duas: a originrio-territorial, ou da Alemanha que ficou, e a originriomundial, ou da Alemanha que emigrou, das quais um dos esteios
foi implantado no mundo, atravs da Feitoria do Linho Cnhamo.
A identidade recriada a marca do imigrante. Quem fica
e quem emigra: duas histrias que continuam e se diferenciam.
Continusmo de quem fica e criatividade de quem emigra. Utopias e sonhos diferenciados.
Duas Alemanhas comeam no dia em que um filho fica e
outro emigra. Aquele continua a teuticidade histrico-culturalterritorial, e este comea a teuticidade histrico-cultural-mundial.
O alemo do Rio Grande do Sul, por exemplo, chega com
sonhos de autonomia pela posse de terras, integrando-se nova
realidade e culturas com sua maneira de trabalhar, viver e crer.
Manter a tradio e acolher a inovao eis seu grande desafio.
A ao e o pensamento enriquecem a nova realidade e dela se enriquecem. O tesouro essencial da nascente teuticidade o
prprio imigrante seus braos, seu corao, sua mente e suas
crenas.
Teocomunicao

Porto Alegre

v. 35

N 148

Jun. 2005

p. 349-350

A recriao da teuticidade na realidade sul-rio-grandense


e brasileira nasce, se comunica, interage, enriquece e se enriquece nos grandes encontros com indgenas, portugueses, africanos
e subseqentes dezenas de outras etnias.
Famlia, trabalho e religio trinmio sagrado do imigrante alemo.
O lazer, o esporte, a msica, a arte, a escola, a igreja, o
associativismo, a organizao, o progresso... tomam vida e resultam desses trs slidos pilares.
Catlicos e luteranos, contingentemente divididos ideolgica e politicamente, se relacionam e solidarizam, a partir de necessidades prticas de pessoas, famlias e comunidades, testemunhando que no amor onde os cristos se reconhecem irmos.
Os frutos dessa percepo surgem, hoje, 180 anos depois, ao natural, atestando o ser cristo como uma marca do imigrante alemo.
A teuticidade de quem ficou na ptria territorial e de
quem emigrou ptria mundial, decorridos 180 anos, podem
sentar mesa, no Rio Grande do Sul, para partilhar os manjares
de tradio, criatividade, aculturao e inculturao, enriquecendo-se mutuamente.
Por mltiplas razes somos todos, um pouco, os alemes
do Rio Grande do Sul.

350

Você também pode gostar