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DIREITO CIVIL – OBRIGAÇÕES

PARTE GERAL
INTRODUÇÃO:
- direitos não patrimoniais - referentes à pessoa humana (direito à vida, à
liberdade, ao nome etc.).
- direitos patrimoniais - de valor econômico.
- reais - integram o Direito das Coisas; recai sobre a coisa, direta e
indiretamente, vinculando-a ao seu titular e conferindo-lhe o “jus persequendi”
(direito de seqüela) e o “jus praeferendi” (direito de preferência), podendo ser
exercido contra todos (“erga omnes”).
- obrigacionais - pessoais ou de crédito compõem o Direito das Obrigações;
confere ao credor o direito de exigir do devedor uma determinada prestação.

CONCEITO: é o vínculo jurídico que confere ao credor (sujeito ativo) o direito de exigir do
devedor (sujeito passivo) o cumprimento de determinada prestação; corresponde a uma
relação de natureza pessoal, de crédito e débito, de caráter transitório (extingue-se pelo
cumprimento), cujo objeto consiste numa prestação economicamente aferível; é o
patrimônio do devedor que responde por suas obrigações; constitui ele, pois, a garantia
do adimplemento com que pode contar o credor; a obrigação nasce de diversas fontes e
deve ser cumprida livre e espontaneamente; quanto tal não ocorre e sobrevém o
inadimplemento, surge a responsabilidade, que é a conseqüência jurídica patrimonial do
descumprimento da relação obrigacional; malgrado a correlação entre ambas, uma pode
existir sem a outra; as dívidas prescritas e as de jogo constituem exemplos de obrigação
sem responsabilidade; o devedor, nestes casos, não pode ser condenado a cumprir a
prestação, isto é, ser responsabilizado, embora continue devedor; como exemplo de
responsabilidade sem obrigação pode ser mencionado o caso do fiador, que é
responsável pelo pagamento do débito somente na hipótese de inadimplemento da
obrigação por parte do afiançado, este sim originariamente obrigado ao pagamento dos
aluguéis.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS:
a) o subjetivo, relativo aos sujeitos ativo e passivo (credor e devedor);
b) o vínculo jurídico existente entre eles;
c) e o objetivo, atinente ao objeto da relação jurídica.

FONTES: é o seu elemento gerador, o fato que lhe dá origem, de acordo com as regras
de direito; indagar das fontes das obrigações é buscar as razões pelas quais alguém se
torna credor ou devedor de outrem; o CC considera fontes das obrigações: a) os
contratos, b) as declarações unilaterais da vontade (a promessa de recompensa e o
título ao portador) e, c) os atos ilícitos (dolosos e culposos); como é a lei que dá eficácia
a esses fatos, transformando-os em fontes diretas ou imediatas, aquela constitui fonte
mediata ou primária das obrigações.

MODALIDADES:

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- de dar – divide-se em obrigação de dar coisa certa (obriga o devedor a dar coisa
individualizada, que se distingue por características próprias, móvel ou imóvel) e
obrigação de dar coisa incerta (a obrigação tem objeto indeterminado, mas não
totalmente, porque deve ser indicada, ao menos, pelo gênero e quantidade).
- de fazer – a prestação consiste em atos ou serviços a serem executados pelo
devedor.
- de não fazer – impõe ao devedor um dever de abstenção: o de não praticar o ato
que poderia livremente o fazer, se não houvesse se obrigado - ex.: adquirente que se
obriga a não construir, no terreno adquirido, prédio além de uma certa altura.

CLASSIFICAÇÃO:
- simples – são as que se apresentam com um sujeito ativo, um sujeito passivo e um
único objeto, ou seja, com todos os elementos no singular.
- compostas (ou complexas) – basta que um deles esteja no plural.
- cumulativas (ou conjuntivas) – os objetos apresentam-se ligados pela conjunção
“e”, como na obrigação de entregar um veículo e um animal, ou seja, os dois,
cumulativamente.
- alternativas (ou disjuntivas) – trata-se de obrigações compostas pela
multiplicidade de objetos; tem, assim, por conteúdo, duas ou mais prestações, das
quais uma somente será escolhida para pagamento ao credor e liberação do
devedor.
- divisíveis – são aquelas cujo objeto pode ser dividido entre os sujeitos.
- indivisíveis – são aquelas cujo objeto não pode ser dividido entre os sujeitos.
- solidárias – independe da divisibilidade ou da indivisibilidade do objeto da
prestação, porque resulta da vontade das partes ou da lei; havendo vários devedores,
cada um responde pela dívida inteira, como se fosse único devedor; o credor pode
escolher qualquer deles e compeli-lo a solver a dívida toda; se a pluralidade for de
credores, pode qualquer deles exigir a prestação integral, como se fosse único
credor.
- de meio – é quando o devedor promete empregar os seus conhecimentos, meios e
técnicas para a obtenção de um determinado resultado, sem no entanto
responsabilizar-se por ele; é o caso dos advogados, que não se obrigam a vencer a
causa, mas a bem defender os interesses dos clientes, bem como o dos médicos,
que não se obrigam a curar, mas a tratar bem os enfermos, fazendo uso de seus
conhecimentos científicos.
- de resultado – o devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é
alcançado.
- civis – é a que encontra respaldo no direito positivo, podendo o seu cumprimento
ser exigido pelo credor, por meio de ação.
- naturais – o credor não tem o direito de exigir a prestação, e o devedor não está
obrigado a pagar (dívidas prescritas, dívidas de jogo e juros não convencionados).
- puras e simples – são as não sujeitas a condição, termo ou encargo.
- condicionais – são aquelas cuja eficácia está subordinada a um evento futuro e
incerto.
- a termo – a eficácia está subordinada a um evento futuro e certo, a uma
determinada data.
- modais ou com encargo – são as oneradas com algum gravame.

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- momentânea ou de execução instantânea – se consuma num só ato, sendo
cumprida imediatamente após a sua constituição, como na compra e venda à vista.
- execução diferida – o cumprimento deve ser realizado também em um só ato, mas
em momento futuro (entrega, em determinada data, do objeto alienado, p. ex.).
- execução continuada ou de trato sucessivo – se cumpre por meio de atos
reiterados, como ocorre na prestação de serviços, na compra e venda a prazo ou em
prestações periódicas.
- líquidas – é a certa, quanto à sua existência, e determinada, quanto ao seu objeto.
- ilíquidas – depende de prévia apuração, pois o seu valor, o montante da prestação,
apresenta-se incerto.
- principais – subsistem por si, sem dependerem de qualquer outra, como a de
entregar a coisa, no contrato de compra e venda.
- acessórias – tem a sua existência subordinada a outra relação jurídica, ou seja,
dependem da obrigação principal; é o caso da fiança, da cláusula penal, dos juros
etc.
- com cláusula penal – é obrigação acessória, pela qual se estipula pena ou multa
destinada a evitar o inadimplemento da principal, ou o retardamento de seu
cumprimento.
- “propter rem” – é aquela que recai sobre uma pessoa, por força de um
determinado direito real.

EFEITOS:
- pagamento – é o cumprimento ou adimplemento da obrigação.
- mora – é o retardamento ou o imperfeito cumprimento da obrigação.
- enriquecimento sem causa
- pagamento por consignação – consiste no depósito, pelo devedor, da coisa
devida, com o objetivo de liberar-se da obrigação.
- pagamento com subrogação – a extinção obrigacional ocorre somente em relação
ao credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver recebido do terceiro
interessado (avalista, fiador, coobrigado etc.) o seu crédito; nada se altera, porém,
para o devedor, visto que o terceiro, que paga, toma o lugar do credor satisfeito e
passa a ter o direito de cobrar a dívida.
- imputação do pagamento – consiste na indicação ou determinação da dívida a ser
quitada, quando uma pessoa encontra-se obrigada, por dois ou mais débitos da
mesma natureza, a um só credor, e efetua pagamento não suficiente para saldar
todas elas.
- dação em pagamento – é um acordo de vontades entre credor e devedor, por meio
do qual o primeiro concorda em receber do segundo, para exonerá-lo da dívida,
objeto diverso do que constitui a obrigação.
- novação – é a criação de obrigação nova, para extinguir uma anterior; é a
substituição de uma dívida por outra, extinguindo-se a primeira.
- compensação – é o meio de extinção de obrigações entre pessoas que são, ao
mesmo tempo, credor e devedor uma da outra.

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- transação – constitui negócio jurídico bilateral, pelo qual as partes previnem ou
terminam relações jurídicas controvertidas, por meio de concessões mútuas; resulta
de um acordo de vontades, para evitar os riscos de futura demanda ou para extinguir
litígios judiciais já instaurados, em que cada parte abre mão de uma parcela de seus
direitos, em troca de tranqüilidade.
- arbitragem – é o acordo de vontades por meio do qual as partes, preferindo não se
submeter à decisão judicial, confiam a árbitros a solução de seus conflitos de
interesses.
- confussão – a obrigação pressupõe a existência de dois sujeitos: ativo e passivo;
credor e devedor devem ser pessoas diferentes; se essas duas qualidades, por
alguma circunstância, encontrarem-se em uma só pessoa, extingue-se a obrigação,
porque ninguém pode ser juridicamente obrigado para consigo mesmo ou propor
demanda contra si próprio.
- remissão das dívidas – é a liberalidade efetuada pelo credor, consistente em
exonerar o devedor do cumprimento da obrigação; é o perdão da dívida.
- conseqüências da inexecução das obrigações – de acordo com o secular
princípio da obrigatoriedade dos contratos (“pacta sunt servanda”), os contratos
devem ser cumpridos; o não-cumprimento acarreta, em conseqüência, a
responsabilidade por perdas e danos; com o não-cumprimento da obrigação e
cumprimento imperfeito, nasce a obrigação de ressarcir o prejuízo causado ao
credor; a satisfação das perdas e danos tem por finalidade recompor a situação
patrimonial da parte lesada pelo inadimplemento contratual; por isso, devem elas ser
proporcionais ao prejuízo efetivamente sofrido.
- perdas e danos – o inadimplemento do contrato causa, em regra, dano ao
contraente pontual; este pode ser material, por atingir e diminuir o patrimônio do
lesado, ou simplesmente moral, ou seja, sem repercussão na órbita financeira deste;
o CC ora usa a expressão dano, ora prejuízo, e ora perdas e danos.
- juros legais – juros são os rendimentos do capital; são considerados frutos civis da
coisa, assim como os aluguéis; representam o pagamento pela utilização de capital
alheio; integram a classe das coisas acessórias.
- cessão de crédito – é negócio jurídico bilateral, pelo qual o credor transfere a
outrem os seus direitos na relação obrigacional.

PARTE ESPECIAL

DOS CONTRATOS

CONCEITO: é o acordo de vontades que tem por fim criar, modificar ou extinguir direitos.

CONDIÇÕES DE VALIDADE:

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a) de ordem geral, comuns a todos os atos e negócios jurídicos,
como a capacidade do agente, o objeto lícito e a forma prescrita ou não
defesa em lei;
b) de ordem especial, específicos dos contratos: o consentimento recíproco ou
acordo de vontades.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS:
- da autonomia da vontade – significa ampla liberdade de contratar.
- da supremacia da ordem pública – limita o da autonomia da vontade, dando
prevalência ao interesse público.
- do consensualismo – decorre da moderna concepção de que o contrato resulta
do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa.
- da relatividade dos contratos – funda-se na idéia de que os efeitos do contrato
só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade,
não afetando terceiros.
- da obrigatoriedade dos contratos – representa a força vinculante das
convenções.
- da revisão dos contratos (ou da onerosidade excessiva) – opõe-se ao da
obrigatoriedade, pois permite aos contratantes recorrerem ao Judiciário, para
obterem alteração da convenção e condições mais humanas, em determinadas
situações.
- da boa-fé – exige-se que as partes se comportem de forma correta não só durante
as tratativas, como também durante a formação e o cumprimento do contrato.

FORMAÇÃO:
- contratos consensuais – formam-se com a proposta e a aceitação.
- contratos reais – formam-se com a entrega da coisa.
- contratos formais – formam-se com a realização da solenidade ou do instrumento
próprio (o proponente, ou policitante, propõe e o aceitante, ou oblato, aceita, de modo
expresso ou tácito).

LUGAR DA CELEBRAÇÃO: onde foi proposto (local onde a proposta foi feita).

DEFEITOS OU VÍCIOS DECORRENTES DA FORMAÇÃO, TORNANDO-O NULO OU


ANULÁVEL:
- nulo (nulidade absoluta) – contrato que atenta contra norma de
ordem pública ou que não tenha os pressupostos e requisitos do
ato jurídico; não pode ser convalidado nem ratificado, podendo a
nulidade ser argüida a qualquer tempo, por qualquer pessoa.
- anulável (nulidade relativa) – é o contrato celebrado por pessoa
relativamente incapaz, ou viciado por erro, dolo, coação ou
simulação; pode ser ratificado pelas partes; só os interessados
diretos podem alegar a nulidade relativa, enquanto não ocorrer a
prescrição.

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EFEITOS DO CONTRATO VÁLIDO: estabelece um vínculo jurídico entre as partes,
sendo em princípio irretratável e inalterável (intangível) unilateralmente, vez que os pactos
devem ser cumpridos (“pacta sunt servanda”).

INTERPRETAÇÃO: aplicam-se os princípios gerais de interpretação da lei e do ato


jurídico, com o acréscimo de algumas normas particulares.

REVISÃO: em princípio, os contratos devem ser cumpridos como foram estipulados, pois
os pactos devem ser cumpridos (“pacta sunt servanda”); todavia, por exceção, admite-se
a revisão judicial dos contrados de cumprimento a prazo ou em prestações sucessivas,
quando uma das partes, vem a ser prejudicada por uma alteração excepcional e
imprevista da conjuntura econômica; a possibilidade de ajuste baseia-se na teoria da
imprevisão (ou da onerosidade excessiva), que entende implícita nos contratos a termo
ou de trato sucessivo a cláusula “rebus sic stantibus” (enquanto as coisas ficarem como
estão).

CLASSIFICAÇÃO:
- unilaterais – são os que criam obrigações unicamente para uma das partes - ex.:
doação pura.
- bilaterais – são os que geram obrigações para ambos os contratantes - ex.: compra
e venda, locação, contrato de transporte; nenhum dos contraentes, antes de
cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro; significa dizer que
qualquer dos contratantes pode utilizar-se da exceção do contrato não cumprido
(“exceptio non adimpleti contractus”), para recusar a sua prestação, ao fundamento
de que o demandante não cumpriu a que lhe competia.
- plurilaterais – são os que contêm mais de duas partes.
- gratuitos (benéficos) – são os que apenas uma das partes aufere benefício ou
vantagem; para a outra há só obrigação, sacrifício - ex.: doação pura.
- onerosos – ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual corresponde um
sacrifício - ex.: compra e venda; subdividem-se em comutativos (são os de
prestações certas e determinadas; as partes podem antever as vantagens e os
sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, porque não
envolvem nenhum risco) e aleatórios (ao contrário, caracterizam-se pela incerteza,
para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que deles pode advir)..
- paritários – são os do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as
condições, porque se encontram em pé de igualdade (par a par).
- de adesão – são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da
vontade de um dos contratantes, que elabora todas as cláusulas - ex.: seguro,
consórcio, transporte, os celebrados com as concessionárias de serviços públicos
(fornecedoras de água, energia elétrica etc.).
- de execução instantânea ou imediata – são os que se consumam num só ato,
sendo cumpridos imediatamente após a sua celebração - ex.: compra e venda à
vista.
- de execução diferida – são os que devem ser cumpridos também em um só ato,
mas em momento futuro - ex.: entrega, em determinada data, do objeto alienado).
- de trato sucessivo ou de execução continuada – são os que se cumprem por
meio de atos reiterados - ex.: prestação de serviços e compra e venda a prazo.

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- personalíssimos ou “intuitu personae” – são os celebrados em atenção às
qualidades pessoais de um dos contraentes.
- impessoais – são aqueles cuja prestação pode ser cumprida, indiferentemente,
pelo obrigado ou por terceiro.
- individuais – as vontades são individualmente consideradas, ainda que envolva
várias pessoas.
- coletivos – perfazem-se pelo acordo de vontades entre duas pessoas jurídicas de
direito privado, representativas de categorias profissionais, sendo denominadas
convenções coletivas.
- principais – são os que têm existência própria e não dependem, pois, de qualquer
outro - ex.: compra e venda, locação etc.
- acessórios – são os que têm sua existência subordinada à do contrato principal -
ex.: cláusula penal, fiança etc.
- solenes – são os que devem obedecer à forma prescrita em lei para se
aperfeiçoarem.
- não solenes – são os de forma livre; basta o consentimento para a sua formação.
- consensuais – são os que se aperfeiçoam com o consentimento, isto é, com o
acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa e da observância de
determinada forma.
- reais – são os que exigem, para se aperfeiçoarem, além do consentimento, a
entrega da coisa que lhes serve de objeto, como os de depósito, comodato e mútuo.
- preliminares ou “pactum de contrahendo” – é o que tem por objeto a celebração
de um contrato definitivo; tem, portanto, um único objeto.
- definitivo – tem objetos diversos, de acordo com a natureza de cada um.
- nominados – são os que têm designação própria; o CC disciplina 16 contratos
nominados, como os de compra e venda, de doação, de locação etc., havendo outros
em leis especiais.
- inominados – são os que não a tem.
- típicos – são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado.
- atípicos – são os que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as
suas características e requisitos definidos e regulamentados na lei.

ARRAS (ou SINAL): o contrato preliminar pode ser garantido por um sinal; esta garantia
firma a presunção de acordo final e torna obrigatório o contrato; as partes podem estipular
o direito de se arrepender, não obstante as arras (se o arrependido for o que as deu,
perdê-las-á em proveito do outro; se o que as recebeu, restituí-las-á em dobro).

ESTIPULAÇÂO EM FAVOR DE TERCEIRO: ocorrerá quando uma pessoa convenciona


com outra que esta concederá uma vantagem ou benefício em favor daquele, que não é
parte no contrato.

VÍCIOS REDIBITÓRIOS: são os defeitos ocultos da coisa, de certa gravidade, que a


tornam imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor, como, por ex., os
defeitos de uma máquina ou a doença de um cavalo, que o comprador normalmente não
poderia ter percebido no momento da compra; o prejudicado pode rescindir o contrato e
exigir a devolução da importância paga, acrescida de perdas e danos se o vendedor

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conhecia o defeito (ação redibitória); se preferir, pode pedir apenas um abatimento de
preço (ação “quanti minoris”); não caberá nenhuma reclamação se as partes pactuarem
que o alienante não responde por vícios ocultos.

EVICÇÃO: é a perda total ou parcial da coisa adquirida, por decisão judicial, em favor de
terceiro, que era o verdadeiro dono.

EXTINÇÃO: normalmente pelo cumprimento, dentro do prazo fixado; mas pode


extinguir-se antes do cumprimento, ou no decurso deste, através da rescisão.

ESPÉCIES:
COMPRA E VENDA: um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa
coisa, e outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
- elementos essenciais – coisa, preço e consentimento (livre e espontâneo).
- efeitos – a) gerar obrigações recíprocas para os contratante: para o vendedor,
a de transferir o domínio de certa coisa, e para o comprador, a de pagar-lhe
certo preço em dinheiro; b) acarretar a responsabilidade do vendedor pelos
vícios redibitórios e pela evicção; outros efeitos decorrentes de sua celebração
podem ser chamados de secundários ou subsidiários, como: responsabilidade
pelos riscos, repartição das despesas, direito de reter a coisa ou o preço.
- limitações à compra e venda – venda de ascendente a descendente;
aquisição de bens do mandante pelo mandatário; venda da parte indivisa em
condomínio; venda entre cônjuges.
- vendas especiais – venda mediante amostra; venda “ad corpus” e venda “ad
mensuram”.
- cláusulas especiais à compra e venda – retrovenda; venda a contento;
preempção ou preferência; pacto de melhor comprador; pacto comissório;
compra e venda com reserva de domínio.
TROCA (ou PERMUTA, ou ESCAMBO): é contrato pelo qual as partes se obrigam
a dar uma coisa por outra, que não seja dinheiro; difere da compra e venda apenas
porque, nesta, a prestação de uma das partes consiste em dinheiro.
DOAÇÃO: é o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu
patrimônio bens ou vantagens para o de outra, que os aceita; espécies: pura e
simples (ou típica); onerosa (modal, com encargo ou gravada); remuneratória; mista;
em contemplação do merecimento do donatário (contemplativa); feita ao nascituro;
em forma de subvenção periódica; em contemplação de casamento futuro; entre
cônjuges; em comum a mais de uma pessoa (conjuntiva); de pais a filhos; inoficiosa;
com cláusula de retorno ou reversão; manual..
LOCAÇÃO DE COISAS: é contrato pelo qual uma das partes se obriga a ceder à
outra, por tempo determinado, ou não, o uso e gozo de coisa não fungível, mediante
certa retribuição.
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LOCAÇÃO DE IMÓVEL URBANO (Lei n° 8.245/91):
- residencial
- comum:

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- 30 meses ou mais (denúncia vazia).
- menos de 30 meses (só denúncia motivada, salvo se o contrato tiver mais de 5 anos).
- contratos antigos (denúncia vazia, com prazo maior para desocupação).
- livre negociação (imóveis novos ou contratos feitos 5 anos após a lei).
- por temporada
- até 90 dias (denúncia vazia).
- não residencial
- comercial: locatários comerciantes ou industriais (denúncia vazia; direito à
renovatória).
- civil: locatários civis (denúncia vazia; renovatória só para sociedades civis com fins
lucrativos).
- especial: escolas, hospitais e asilos (denúncia motivada).
- de benefício ou vantagem profissional indireta: denúncia vazia.
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LOCAÇÃO DE SERVIÇOS: é toda espécie de serviço ou trabalho lícito, material ou
imaterial, contratado mediante retribuição; só tem aplicação nas relações não
regidas pela CLT.
EMPREITADA: é o contrato em que uma das partes (o empreiteiro) obriga-se a
realizar determinada obra, pessoalmente ou por meio de terceiros, mediante
remuneração a ser paga pela outra (o dono da obra), de acordo com as instruções
desta e sem relação de subordinação.
COMODATO: é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis - ex.: empréstimo de
vasilhame no comércio de bebidas.
MÚTUO: é o empréstimo de coisas fungíveis, pelo qual o mutuário obriga-se a
restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gênero, qualidade e
quantidade.
DEPÓSITO: o depositário recebe um objeto móvel, para guardar, até que o
depositante o reclame.
MANDATO: é quando alguém recebe de outrem poderes para, em seu nome,
praticar atos, ou administrar interesses.
GESTÃO DE NEGÓCIOS: ocorre quando uma pessoa, sem autorização do
interessado, intervém na administração de negócio alheio, dirigindo-o segundo o
interesse e a vontade presumível de seu dono.
EDIÇÃO (Lei n. 9.610/98): difere do contrato de cessão de direitos autorais (que
transmite definitivamente o direito cedido), pois apenas assegura ao editor o direito
de publicação de uma ou mais edições, contendo determinado número de
exemplares; o autor concede ao editor o direito exclusivo de reproduzir e de divulgar
obra literária, artística ou científica, explorando-a economicamente.

REPRESENTAÇÃO DRAMÁTICA (Lei n. 9.610/98): é o acordo de vontades pelo


qual o autor de obra literária e artística autoriza sua representação ou execução.
SOCIEDADE: é o celebrado por pessoas que mutuamente se obrigam a combinar
seus esforços ou recursos, para lograr fins comuns.

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PARCERIA RURAL (Estatuto da Terra): é contrato em que uma pessoa,
denominada parceiro-outorgante, cede prédio rural a outra (parceiro-outorgado),
para ser por esta cultivado, repartindo-se os frutos entre as duas, na proporção que
estipularem.
CONSTITUIÇÃO DE RENDA: é aquele pelo qual uma pessoa (o instituidor) entrega
a outrem (rendeiro ou censuário) um capital, que pode consistir em um imóvel,
obrigando-se este a pagar àquele ou a terceiro por ela indicado, periodicamente,
uma determinada prestação.
SEGURO: é aquele pelo qual uma das partes se obriga pra com a outra, mediante a
paga de um prêmio, a indenizá-la do prejuízo resultante de riscos (é a exposição de
pessoa, coisa ou interesse a dano futuro e imprevisível) previstos no contrato.
JOGO OU APOSTA: as dívidas de jogo ou aposta, não autorizados, não obrigam a
pagamento; mas não se pode recobrar a quantia que voluntariamente se pagou,
salvo se foi ganha por dolo, ou se o perdente é menor ou interdito.
FIANÇA: é quando uma pessoa se obriga por outra, para com o seu credor, a
satisfazer a obrigação, caso o devedor não a cumpra.

DAS DECLARAÇÕES UNILATERAIS DA VONTADE

TÍTULOS AO PORTADOR: o detentor de um título ao portador, quando dele autorizado a


dispor, pode reclamar do respectivo subscritor ou emissor a prestação devida; o
subscritor, ou emissor, porém, exonera-se, pagando a qualquer detentor, esteja ou não
autorizado a dispor do título; para que cesse a presunção de que o portador do título está
autorizado a receber é indispensável que tenha havido oposição judicial de terceiro,
devidamente fundada; na época do Governo Collor, o legislador pátrio, proibiu a emissão
de títulos ao portador, que foram, assim, banidos da nossa legislação.

PROMESSA DE RECOMPENSA: uma vez emitida a promessa, dirigida a pessoa


indeterminada, o promitente fica vinculado obrigacionalmente, se não revogá-la com a
mesma publicidade com que a fez - ex.: a oferta, veiculada em jornal, de recompensa a
quem encontrar determinado objeto, ou certo animal de estimação.

DAS OBRIGAÇÕES POR ATOS ILÍCITOS

RESPONSABILIDADE CIVIL:
CONCEITO: é a obrigação imposta a uma pessoa de ressarcir os danos sofridos por
alguém.
ESPÉCIES:
- contratual – rege-se pelos princípios gerais dos contratos.
- extra-contratual (ou aquiliana) – baseia-se, em princípio, na culpa; conforme
dispõe o artigo 159, CC: “aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem,
fica obrigado a reparar dano”.
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MODALIDADES DA CULPA:
- grave – quando resulta de dolo ou negligência crassa.
- leve – quando a conduta se desenvolve sem a atenção normalmente devida.
- levíssima – quando o fato só teria sido evitado mediante cautelas
extraordinárias.
- “in eligendo” – má escolha do representante ou preposto.
- “in vigilando” – falta de vigilância de pessoas ou de coisas.
- “in custodiendo” – falta de guarda devida de coisa, animal ou pessoa.
- “in concreto” – exame da culpa em relação a um padrão ideal de diligência.
- “in omittendo” – culpa por omissão.
- “in committendo” – culpa por ação.
AMPLICAÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL: a pessoa não responde apenas
pelos danos que tenha causado por dolo ou por culpa; a lei e a jurisprudência
impõem também a responsabilidade indireta dos pais, tutores, curadores, patrões ou
comitentes, a responsabilidade pela guarda de coisas inanimadas, a
responsabilidade pela guarda de animais e, ainda, em certos casos, a
responsabilidade objetiva ou sem culpa.
EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL: a ausência de nexo de
causalidade, a culpa exclusiva da vítima, a legítima defesa, o fato exclusivo de
terceiro, o caso fortuito ou força maior, e a cláusula de não indenizar.
DANO MATERIAL (ou PATRIMONIAL): são os prejuízos econômicos sofridos pelo
ofendido; a indenização deve abranger não só o prejuízo imediato (danos
emergentes), mas também o que o prejudicado deixou de ganhar (lucros
cessantes).

DANO MORAL (ou PESSOAL): a expressão dano moral tem duplo significado; num
sentido próprio (ou estrito), refere-se ao abalo dos sentimentos de uma pessoa,
provocando-lhe dor, tristeza, desgosto, depressão, perda da alegria de viver etc.;
num sentido impróprio (ou amplo), abrange também a lesão de todos e quaisquer
bens ou interesses pessoais (exceto os econômicos), como a liberdade, o nome, a
família, a honra, e a própria integridade física.
RESPONSABILIDADE CIVIL E CRIMINAL: a civil é independente da criminal; não
se poderá, porém, questionar mais sobre a existência do fato, ou quem seja o seu
autor, quando estas questões se acharem decididas no crime; não obstante a
sentença condenatória no juízo criminal, a ação civil poderá ser proposta quando
não tiver sido, categoricamente, reconhecida a inexistência material do fato.

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