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CAPITULO 4 Gas Liquefeito de Petrdleo DEEINIGAO c \ Bk.se como gis liquefeito de petréleo, GLP, a mistura formada, em sua quase totalidade, por hidro- Barbonetos de trés e quatro dtomos de carbono, que, embora gasosos nas condi¢des ambientais, pode ser Jjigu@feita por pressurizacio, Figura 4.1. O GLP, além de ser facilmente liquefeito, no estado liquide ocupa sp83.% do seu volume no estado gasoso, o que lhe dé um diferencial em relagio aos outros combustiveis ga- *eosos, pois viabiliza sua distribuigdo em botijdes para o consumidor. Além desses hidrocarbonetos, o GLP * “Spade conter ainda etano e pentanos em reduzidas porcentagens. O GLP ¢ incolor e, desde que tenha baixo * teor de enxofre, ¢ inodoro. Controla-se o teor de pentanos e o residuo de evaporacao do GLP para que ele apresente facilidade de vaporizacao, o que favorece a queima limpa, sem deixar residuos no equipamen- toem que é utilizado, A densidade do GLP liquido, entre 0,5 e 0,6, corresponde a metade da densidade da gua, ¢ a densidade do GLP no estado gasoso & quase o dobro da densidade do ar. Por isso, se ocorrerem ‘yazamentos, nao haverd dispersio do produto para a atmosfera, concentrando-se, portanto, no ambien te, com elevado risco de inflamabilidade. Para que vazamentos de GLP sejam facilmente identificados, no caso de ele set inodoro, Ihe sio adicionados compostos odorizantes & base de enxofre, que Ihe conferem odor caracteristico, facilmente identificavel. Isso ocorre principalmente para o GLP produzido a partir do gis natural, situagdo em que é mais usual haver baixos teores de enxofr. | f utano t Cae Principals constituintes parafinicos do GLP. 4.2 PRINCIPAIS APLICAGOES DOS GASES LIQUEFEITOS DE PETROLEO A principal aplicagio do GLP na cocgao de alimentos, que corresponde a cerca de 90 9 da demanda brasi- leira do produto. Pode ser utilizado também como matéria-prima na petroquimica, na fabricagao de borra- cha, polimeros, alcodis e éteres e como combustivel industrial para segmentos especiais, como as industrias de vidro, cerdimica e alimenticia. O GLP é também usado como combustivel automotivo em maquinas em- pilhadeiras, que trabalham em ambientes fechados, e é aplicado ainda como combustivel para tratamento térmico e na galvanizagao. Algumas aplicades requerem produtos com maiores teores de propano ou de bu- tano, como o corte eo tratamento térmico de metais. Para atender a todos esses segmentos, além do GLP, sfo omercializadios no Brasil os seguintes hidrocarbonetos gasosos na faixa de trés a quatro &tomos de carbono: 151 — 19521 capitulo | 8 Propano comercial: mistura de hidrocarbonetos contendo predominantemente propang propeno. E indicado para sistemas que necessitam de alta volatilidade do produto, composicéo e pressio de vapor delimitadas em uma faixa estreita de variagéo. lou bem coms & Propano especial: mistura de hidrocarbonetos contendo no minimo 90 % de propano em. eno maximo 5 % de propeno em volume. Esse produto é recomendado para aplicagdes teor de olefinas é fator limitante. Volume em queg 5 Butano comercial e butano desodorizado: mistura de hidrocarbonetos contendo predominay. | mente butanos e/ou butenos. Séo indicados para sistemas de combustéo com pré-vaporizade, 0s quais necessitam de composicio e pressio de vapor controladas em uma faixa estreita de ver 40. © butano desodorizado é usado, principalmente, na induistria de aeross6is. 4.3 CONSTITUICAO DO GLP 1 Tabela 41 O GLP é basicamente constitufdo por propano, propeno, butanos (normal eiso), butenos (normal, so, cise trans), ocorrendo ainda pequenas quantidades de etano e pentanos (normal, neo ¢ iso). A Tabela 4.1 ape. senta as principais propriedades fisicas desses hidrocarbonetos. Propriedades de hidrocarbonetos leves, , e ‘Neo- oo ee Massa molar 160 90144158158 722 722 28042, tons 50 901 aa set 722 404 Ponto do bndigio (10105 1615-886 420 117 05 358 278 96 ~1087 ~477 eae) Densidad do liuido @15.6°C 0.2000 0.9882 05070 05629 05840 6311 0.6247 0.5974 0.1988 05210 0.6005 0.6272 16100 agus (104,325 kPa) openers ee | Bamlocion seon2 asno s27 9n77 STB TAO mata sto came wI20 srBS ain0 sat amt rane TAS 46,25 45,49 45,85 45,27 44,83 44,98 47,10 45,09 45.21 45,09 4502 Sm superior Miri) 498° Lites > inflsmablidede 502 922 24a 18a 192 18a 182 ida 27a 20a 16a 16a ida 128 infetoresupe- 150 125 «95 «84 «BABS HOTS GHD 1987 TT er (96 no a Aetagso AH raconbusio 4 (eam) 882 1666 e381 5095 3090 30009909 ae00 1428 2140 zas57 zor omar Mel como gf deal | Entapia de vaporzapo «O51 049043087 © 089088 08h Ot M8 Oat ao O42 ott OM (Mug) Capacidado ‘alta mola, vapor hl! (al) 0.1262 0.1005 0.0858 0.0950 0.0874 0.0954 0.0043 00967 010825 0.0860 o,0009 0.0602 o,0es7 000% (contin) spooled és Liquefeito de Petroleo 11531 (Continuagao) ey Gal aw be Meta Propa- Iso-n-Buta- n-Pen tso- Prope 1-Bu- 1 ee ee — aia rola 0297 a,1510 0.1918 0.1945 0.1980 0.1919 0.1900 0.3156 0.1408 0.1925 0,1900 (molK) Press vaporaG7.8°C 94.450,5 S290 1907.1 4965 9546 1084 141.9 259.9 52680 15004 4957 S141 3445 4458 Pa} Nimero de Maer retoy > 700 100 >100 990 920 26D MA 756 HO we ws = ‘ante Design insite for Py Property Data ~DIPPR, 205, A presenca de etano e de pentanos no GLP ¢ restrita, pois eles elevariam, respectivamente, sua pressio de vapor e ponto final de ebulicao. Metano e eteno ocorrem apenas como tragos no GLP, por apresenta- rem elevada volatilidade, o que impede de serem liquefeitos por simples pressurizacio. Assim, 05 hidrocarbonetos de baixo ponto de ebulicéo produzidos a partir do petroleo, que se apresen- tam na fase gasosa nas condigdes ambientais, tgm a destinago mostrada na Figura 4.2. Jef rtctano bol }e-{ Propane }-o| te-{ Propeno }>} Gas ‘combustvet Eteno f>} Petroquimica aiP. }e{Pentanos }4[ Gasolina lef eutancs Lo} Je{Etano fo} je-{ sutencs Lol 7 | Fia42 _ Utiizagdo de hirocarbonetos leves. ro 4.4 REQUISITOS DE QUALIDADE Quando utilizado como combustivel doméstico, o GLP deve apresentar as seguintes caracteristicas — facilidade de liquefacao sob pressio para ser transportado no estado liquido; ~ facilidade de vaporizacao no estado gasoso nas condicées ambientais para queimar com maior facili- dade; — composigao uniforme para manter cbnstante a relagio ar-combustivel necesséria combustdo; ~ nao poluente e nao corrosivo; elevado poder calorifico para atender necessidades energéticas do equipamento; — queima completa sem formar resfduuos nem fuligem. 4.5 ESPECIFICAGOES DO GLP Para garantir esses requisitos de qualidade como combustivel, o GLP deve apresentar as especificagbes lis- tadas na Tabela A.1a O GLP € um produto insolivel na gua, estével, inflamavel e asfixiante. Ele pode provocar tonteiras ¢ irritacdo no sistema respiratério € nos olhos € queimaduras na pele. Em caso de incéndio, devem-se em- Pregar agentes extintores de 4gua em neblina, pé quimico ou COz, e recomenda-se estancar 0 vazamento antes de extinguir 0 fogo e manter o recipiente resfriado com agua. ———————————————__—~—<“<—~;7S«<«<;S 1154] Capitulo 4 4.6 REQUISITOS DE QUALIDADE E CARACTERISTICAS DO GLP 4.6.1 Facilidade de Liquefacao ~ Pressdo de Vapor Reid ‘A pressio de vapor Reid, PVR, uma indicacao da pressdo em que deve ser estocado o produto para que seja mantido no estado liquido durante o seu transporte e estocagem & temperatura de 37,8 °C, Figura 43, No caso do GLP, ela é influenciada pelos componentes mais voldteis que podem estar presentes, quais ge jam, oetano, o propano e o propeno, elevando-se quando a presenca relativa deles cresce. Valores de PVR Superiores A especificagao podem acarretar problemas na estocagem co produto no botijfo, A PVR do GL Gfixada, no maximo, em 1 430 kPa a 37,8 °C. propeno apresenta pressao de vapor de 1 480 kPa. 37,8*¢, © que nio é impeditivo para sua presenga no GLP, pois nele ocorrem hidrocarbonetos mais pesados, coma ‘oisobutano ¢o butano, cujas pressées de vapor sio 496,5 kPa e 354,6 kPa a 37,8 °C, respectivamente redu. zindo a pressao de vapor da mistura ‘A pressio de vapor Reid ¢ uma informagdo importante para a seguranca na estocagem e movimentagig do GLP, cujo limite de inflamabilidade com o ar se situa em uma faixa estreita, entre 2.% € 10 % do produ tonoar. om ‘Maior presenga, ‘Maior a presséo maurpun [}o( wsorietase [ho] Ueinlcocnas | >] pualquter de vepoviagto ea coec) tera tnpeatra 2 ambiente Figura 43 Influéncia da PVR no GLP. 4.6.2. Facilidade de Vaporizagéo - Intemperismo | Quanto maior o intemperismo, maior adificuldade de vaporizacio do GLP a pressio atmosférica. Ble ¢in | fluenciado pela presenga de componentes pesados, que, no caso, s40 0 neo, 0 iso ¢ o normal pentan, cies pontos de ebulicao s40 9,5 °C, 26,8 °C e 36,8°C, respectivamente. Maiores valores de intemperismo poder hearretar dificuldades de vaporizagao do GLP, com consequente dificuldade em queimé-lo completamen: te, levando a formacao de fuligem, Figura 4.4. “Maior a presenga Malor 8 Maior 0 Maior 0 Sawa de aifculdade de intemperismo ponto final mais pesados ‘vaporizagéo & ‘doGLP de ebulgdo bees pressao () atmosferca Figura 44 Influéncia do intemperismo no GLP. Durante a estocagem do GLP nas esferas, é importante que 0 produto seja sempre homogeneizado por procedimento correto de movimentagio e armazenamento. 4.6.3 Poluigéo e Corrosao - Teor de Enxofre e Corrosividade ‘Uma vez que o GLP é queimado em ambientes confinados, torna-se necessério limitar a preseng2) de com | postos sulfurados, 0s quais produzem, por combustio, SO2 ¢ SO, que sao substincias poluentes € cortost roe O ensaio de enxofre total nao pode ser usado como uma medida das caracteristicas corrosivas 60 Intes de sua queima. Isso porque sua corrosividade a metais ferrosos e nao ferrosos depende do UP 2 ‘compostos sulfurados nele presentes. Entre os compostos sulfurados, Figura 4.5, 0 HS ¢ s°, dependen de seasteores, podem apresentar resultados postivos no ensaio especifico para a corrosividade 8m, cobre. Da mesma forma, a especificagao do GLP limita apenas 0 teor de HS em menor do que 4mgim? como atributo de nao ser t6xico.

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