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PAPEIS DE TRABALHO NA AUDITORIA. José Raymundo Sobrinho Aluno do Programa de Mestrado em Ciéncias Conidbeis 1 APRESENTAGAO uuscamos nas — Resolugdes Barret oct Federal de Contabilidade, de 1712/1997, 0s. caminhos e comportamentos pelos quais 0 Auditor Independente deve se autar quanto aos “papéis de trabalho”, importantissima ferramenta de orientagio para o desenvolvimento das suas atividades. Estes dois instrumentos revogaram, respectivamente, as Resolugées 700 (de 24/04/91) © 701 (de 10/05/91) daquele Conselho, 2. PAPEIS DE TRABALHO 21 Finalidades ‘A finalidade principal dos papéis de trabalho do auditor € a de servirem como base e sustentéculo da opinido do auditor. Eles constituem a prova do trabalho que o auditor efetuou, forma como foi realizado esse trabalho e registram © documentam as conclusdes a que o auditor chegou. Si a prova material de que 0 auditor cumpriu as normas de auditoria, seguiu os procedimentos indicados e obteve as evidéncias em qualidade © quantidade suficientes para conclusio do seu parecer. 2.2. Definigdo “Os papéis de trabalho so 0 conjunto de documentos € —apontamentos com informagdes © provas coligidas pelo auditor, preparados de forma manual, por meios eletrénicos ou por outros meios, que constituem a evidéncia do trabalho executado € 0 fundamento de sua opinido.(Resolugdo 820 do Conselho Federal de Contabilidade, de 17/12/97 (D.0.U. de 21/1/98). “Por papéis de trabalho entende-se 0 conjunto de formukirios © documentos que contém as informages © apontamentos coligidos pelo auditor, no decurso do exame, ‘as provas por ele realizadas e, em muitos ‘casos, a descrigdo dessas provas, que constituem 0 testemunho do trabalho executado ¢ o fundamento de sua opiniio. Por essa razo, embora a empresa concorra para sua obtengio, cles so de propriedade exclusiva“ confidencial do auditor.” (FRANCO, Hilério. Auditoria Contdbil. 1 Ed. Sao Paulo, Atlas, 1982, p. 175) 2.3. Propriedade Os papéis de trabalho sio de propriedade exclusiva do auditor, responsivel Por sua guarda e siglo. 24 Suporte documental auditor deve documentar, através de papéis de trabalho, todos os elementos significativos dos examesrealizados que evidenciam ter sido a auditoria executada de acordo com as normas aplicéveis, Os papgis. de trabalho devem ter abrangéncia e grau de detahe suficientes para 38 propiciar © entendimento © o suporte da auditoria executada, compreendendo a documentagio do planejamento, @ natureza, oportunidade e extensao dos procedimentos de auditoria, bem como 0 julgamento exercido pelo auditor ¢ as conclusdes aleangadas. Os papéis de trabalho devem ser elaborados, organizados © anquivados de forma sistemética e racional. 25 Guarda ca documentacio © auditor, para fins de fiscatizagio do exercicio profissional, deve conservar a boa uarda, pelo prazo de 5 (cinco) anos, a partir da data da emissio de seu parecer, de toda a documentagio, paptis de trabalho, elatérios e pareceres relacionados com 0s servigos realizados. 2.6. Sigilo © auditor deve respeitar e assegurar 0 sigilo relativo as informagdes obtidas durante © seu trabalho na entidade auditada, no as divulgando, sob nenhuma circunstancia, sem autorizagdo expressa da entidade, salvo ‘quando houver obrigacao legal de fazé-o. © auditor somente deverd divulgar a terceiros informagdes sobre a entidade auditada ou sobre o trabalho por ele realizado, mediante autorizagio, por escrito, da administragio da entidade com poderes para tanto, que contenha de forma clara e objetiva ‘os limites das informagdes a serem fornecidas, sob pena de infringir 0 sigilo profissional © auditor, desde que autorizado pela administragio da entidade auditada, quando solicitado, por escrito € fundamentadamente, pelo Consetho Federal de Contabilidade e Conselhos Regionais de Contabilidade, bem como pelos, Grgios reguladores.& fiscalizadores de atividades —especificas, quando o trabalho for realizado em entidades Sujeitas ao controle daqueles organismos, deve exibir as informagies obtidas durante 0 seu trabalho, incluindo a fase de pré- ccontrataga dos. servigos, @ documentag papéis de trabalho, relatérios & pareceres, de modo a demonstrar que 0 trabalho. foi realizado de acordo com as Normas de Auditoria Independente das Demonstragdes Contabeis, e demais normas legais aplicdveis. Para os contadores designados pelos organismos acima, as informagdes deve se exibidas, mesmo apés o término do vinculo empregaticio ou funcional ‘Transcrevemos, a seguir, trecho extraido do Jomal “Gazeta Mercantil” do dia 19/9/98, de autoria de Daniela Christovdo, de So Paulo, noticiando sobre uma decisao Judicial que restabelece 0 sigilo profissional do auditor: “A Price Waterhouse Consultores Independentes conseguiu derrubar no _ Superior Tribunal de Justign (STI) uma decisio do Tribunal de Justiga de Sio Paulo que a obrigava a apresentar a auditoria que realizou na Cooperativa Agricola de Cota (CAC). A apresentagdo havia sido solicitada em agi’ movida pelo Banco do Brasil contra a CAC. O STI, no entanto, decidiu, por tunanimidade, em mandado de seguranga, que 0 sigilo profissional da consultoriadeveria ser resguardado. Na aco movida pelo Banco do Brasil, a instituicao queria anular a assembléia de cooperados que decidiu pela autoliquidagdo da CAC em setembro de 1994. O perito Judicial apontou a abertura da ‘audlitoriafeita pela Price como tinica forma de comprovar-se a real situagao financeira da cooperativa. A tese foi acothida pelo juiz de primeira instincia. Inconformada, a Price recorreu ao TISP, que sustentou a decisdo de primeiro rau. A argunentagao do desembargador do TISP, Ruy Camilo, era a de que todos deve colaborar para que 0 Judicidrio descubra a verdade Mas 0 STI afirmou no provimento do mandado de seguranca da Price que, apesar do peso da tese, 0 sigilo profissional deve ser resguardado. Os ministros do STJ seguiram © voto do. ministro-relator César Asfora Rocha. Segundo ele, a Price nndo pode ser obrigada a quebrar sew sigilo profissional para que o Judiciério possa desenvolver seu trabalho, Em sew voto, 0 ministro Rocha afirma que 0 sigilo na prestagao de servigos de certas categorias é elemento essencial de suas atividades e deve ser tutelado, ainda mais quando a empresa no é parte na causa, “Todos devem colaborar com 0 oder Judiciério para que a verdade seja encontrada, mas ndo € possivel exigir segredos de um profissional que tem 0 compromisso de resguarda-lo”, afirmou. Para ele, a Justiga deve encontrar outros meios de exigir provas conira os réus. A decisiio do STJ s6 confirma a osigéo da empresa de que temos 0 direito de ter resguardado 0 seu sigilo profissional”, disse Henrique Luz, diretor de marketing da Price”. 3. CONCLUSAO papel de trabalho é uma pega vital no desenvolvimento dos trabalhos de auditoria, sendo fundamental para comprovago e sustentacio dos seus relatérios. A uz do direito, auditor deve utilizs- Joe dar a transparéncia necesséria sempre que for preciso, para dar consisgncia as afirmagdes contidas nos seus relatérios ¢ pareceres. O auditor deve atender ao seu cliente, fomecendo-lhe todos os papéis de trabalho de auditoria, cabendo aquele, a responsabilidade pelo encaminhamento a quem os solicitar, seja de ordem judicial ou administrativa Deve sempre prevalecer lei do bom senso e a certeza do dever cumprido de acordo com os prineipios e normas contabeis, revestidos de clareza e verdade. Os papéis do auditor so luzes para 0s seus clientes, 0 seu parecer merece fé paiblica, e 0 seu relatério 6, desta forma , revestido do mais alto grau de credibilidade dos usuarios, independentemente da finalidade solicitada. A sociedade, neste mundo globalizado, espera do auditor um parecer transparente, de Tinguagem universal, repleto de informagées relevantes, que lhe permita tomar decisées {quanto aos. seus investimentos, 4 BIBLIOGRAFIA, CARDOZO, Julio Sergio de Souza, Textos leitura dos artigos: programa de Auditoria IL 2.° Semestre, 1998. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Resolucies 820 ¢ 821 de 17-12-97 (D.O.U. de 21/1/98. FRANCO, Hiliio, Auditoria Contdbil. 1. ed. Siio Paulo: Atlas, 1982, 40

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