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3.9 CARREGAMENTOS EM VIGAS Uma viga é qualquer elemento que suporte um carregamento transversal ao longo de seu eixo e tam- bém pode suportar carregamento na dirego axial. Uma viga apoiada em pinos ou apoios estreitos em cada extremidade é dita biapoiada, como mostra a Figura 3-22a. Uma viga fixa em uma extremida- de ¢ livre na outra é uma viga engastada (Figura 3-226). Uma viga biapoiada que se projeta além de seu apoio é uma viga biapoiada com extremidade em balango (Figura 3-22c). Se uma viga tem mais apoios do que o necessério para o equilibrio estético (isto é, para fazer o grau de liberdade ser nulo), entao a viga € dita hiperestatica ou indeterminada, como mostra a Figura 3-22d. As reagoes de apoio de uma viga indeterminada nao podem ser calculadas usando apenas as equacdes 3.3, assim sendo, outras técnicas sao necessérias. Este problema € tratado no préximo capitulo. Vigas sao tipicamente analisadas como mecanismos estaticos, embora vibracées ¢ aceleragdes possam causar carregamento dinamico. Uma viga pode suportar carregamentos nas trés dimensées, caso para o qual as equagées 3.3a se aplicam. Para o caso bidimensional, as equag6es 3.3b sao sufi- cientes. Os exemplos de revisdio usados aqui foram limitados a casos 2D para ser breve. Forga cortante e momento Uma viga pode ser carregada com alguma combinagio de forgas distribufdas e/ou concentradas ou momentos, como mostra a Figura 3-22. As forgas aplicadas irfo criar tanto forgas cortantes como momentos fletores na viga. Uma andlise dos esforgos internos deve encontrar as magnitudes e as distribuigdes ao longo da viga dessas forgas cortantes e dos momentos fletores*. A forga cortante Veo momento fletor M na viga estdo relacionados a fungiio que expressa o carregamento distri- buido q(x) por aM x)= = 3.164) ge cage? (3.16a) A fungiio que expressa 0 carregamento distribuido q(x) é tipicamente conhecida e as distribuigdes da forca cortante V e do momento fletor M podem ser encontradas integrando-se a equaco 3.16a: Vg xB j dv=| " qdx=Vp-Vs (3.166) Vv, ty A equacdo 3.16b mostra que a diferenga entre as forcas cortantes em quaisquer dois pontos, A e B, é igual A 4rea sob o grafico da funcio carregamento distribuido, equagdo 3.16a. Integrando a relagdo entre cortante e momento fornece Ms Ve j ‘dM =| Vdx=Mg—M, 3.16¢) My Va mostrando que a difereriga entre os momentos fletores de quaisquer dois pontos, A e B, é igual & drea sob 0 grafico da fungao forca cortante, equacio 3.16b. CONVENGGES DE SINAL As convengées de sinal usuais (e arbitrérias) para vigas incluem conside- rar um momento fletor positivo se ele causa 4 viga uma deflexdo c6ncava para baixo (como para ar- mazenar 4gua).** Isso coloca a parte superior em compressio e a parte inferior em tragao. A forga cortante é considerada positiva se ela causa uma rotagao hordria na se¢do em que atua. Essas conven- g6es esto mostradas na Figura 3-23 e resultam em momentos positivos para carregamentos positi- vos. Todos os carregamentos mostrados na Figura 3-22 sao negativos. Por exemplo, na Figura 3-22a, a magnitude do carregamento distribuido de x = aax =1éq=-w. SOLUGAO DA EQUACAO A soluciio das equagées 3.3 e 3.16 para qualquer problema de viga pode ser encontrada de diversas maneiras. Solugées seqiienciais e graficas sio descritas em muitos livros- texto de estética e mecéinica dos materiais. Uma aproximagao cléssica para esses problemas é encon- trar as reagdes nos apoios da viga usando as equagées 3.3 e desenhar os diagramas de forga cortante ¢ momento fletor usando a integragdo grafica combinada com 0 célculo dos valores significativos da funco. Essa aproximagiio tem valor pedagégico a partir do momento em que € de facil compree! so, mas é incémoda para implementar. A maneira mais conveniente para uma solugao computacit nal é usar uma classe de funcdes matematicas conhecidas por fungées de singularidade para repre- sentar a fungdo carregamento na viga. Apresentamos a visdo cléssica como uma referéncia pedagé- gica e também introduzimos o uso das fungées de singularidade, que oferecem algumas vantagens computacionais. ‘Ainda que essa aproximagdo possa ser nova para alguns alunos quando comparada a outros métodos usualmente ensinados em outros cursos, ela tem vantagens significativas na solugfio com- putacional. Fungées de singularidade Como o carregamento em vigas € tipicamente uma colegio de entidades discretas, tais como carre- gamentos pontuais ou segmentos de carregamentos distribufdos que podem ser descontfinuos ao lon- go do comprimento da viga, é dificil representar essas fung6es discretas como equagdes que sejam vélidas ao longo de todo o comprimento da viga. Uma classe especial de fungdes, chamadas de fun- des de singularidade, foi inventada para lidar com esse tipo de situago matemética. Fung6es de singularidade so freqiientemente denotadas por um binémio entre parénteses angulados ou chaves especiais como mostrado nas equagées 3.17. O primeiro valor dentro dos parénteses é a varidvel de interesse, no nosso caso x, que € a distancia ao longo do comprimento da barra. O segundo valor a é um parametro definido pelo usuério que denota onde em x a fungao de singularidade atua ou come- aa atuar, Por exemplo, para um carregamento pontual, o valor a representa o valor particular de x onde o carregamento atua (ver Figura 3-22h). A definigao da fungdo de singularidade impulso uni- trio ou fungo delta de Dirac ¢ dada na equagao 3-17d. Observe que toda fungdo de singularidade envolve uma restrigdo condicional. O impulso unitério vale © se x = a ¢ vale 0 para qualquer outro yh I eg aa w (rea)? A | & a - 4 : } Ry R2 (a) Viga biapoiada com (b) Viga engastada com carregamento uniformemente carregamento concentrado distribuido yh i a w(x=a)" : (©) Viga biapoiada com extremidade (d) Viga estaticamente indeterminada em balango, com momento com carregamento uniformemente aplicado e carregamento distribuido distribuido linearmente FIGURA 3-22 Tipos de vigas e seus carregamentos. valor de x. A fungao degrau unitério (equacao 3.17c) vale 0 para todos os valores de x menores que ae | para todos os outros x. Como essas fungdes s4o definidas para possuir valor unitério, ao multiplicd-las por um coeficien- te cria-se qualquer magnitude desejada. As suas aplicagdes so mostradas nos prOximos trés exem- plos e so explicadas mais detalhadamente no Exemplo 3-2B, Se um carregamento distribuido uni- forme comeca e termina dentro do intervalo de x analisado, sao necessarias duas fungées de singula- tidade para descrevé-lo. A primeira define o valor a,, no qual a fungdo comega a atuar, e tem um coe- ficiente positivo ou negativo conforme o seu sentido, A segunda define o valor a,, no qual a fungao deixa de atuar, ¢ tem um coeficiente de mesma magnitude mas de sinal oposto a primeira, Essas duas fung6es irdo se anular a partir de a, tornando o carregamento nulo, Um caso desse tipo serd apresen- tado no Exemplo 4-6 no proximo capitulo. Carregamentos de distribuigdo quadrética podem ser representados por uma fungio parabélica unitéria, (x-a)? @G.17a) que € definida como 0 quando x a. Carregamentos de distribuigdo linear podem ser representados por uma fungo rampa unitéria, (x-a)! (3.17) que € definida como 0 quando x a. Carregamentos de distribuicao uniforme sobre uma porgao da viga podem ser representados ma- tematicamente por uma funcdo degrau unitéria, {x~a)° .1Te) que € definida como 0 quando x < a, unitéria quando x > a e indefinida para x = a. Forgas concentradas podem ser representadas por uma fungao impulso, (x-a)! (3.17d) que € definida como 0 quando x < a, e» quando x = ae igual a 0 para x > a, Sua integral ¢ igual aum. Momentos concentrados podem ser representados por uma fungio dipolo ou doublet unitaria, aaa (3.17e) que € definida como 0 quando x < a, indeterminada quando x = a ¢ igual a 0 quando x >a. Ele cor- responde a um momento unitério aplicado em x = a. Esse processo pode ser expandido para obter uma fungdo de singularidade polinomial de qual- quer ordem " para aproximar um carregamento distribuido de qualquer formato. Quatro das cinco fungdes de singularidade descritas aqui sto mostradas na Figura 3-22, aplicadas a vaios tipos de vigas. Um programa de computador é necessdrio para avaliar essas fungdes, A Tabela 3-17 mos- tra cinco das fungdes de singularidade implementadas em um pseudoc6digo do tipo BASIC. Os loops For (Para) correm a variével x em um intervalo que vai de 0 a0 comprimento da viga, .O teste [f(Se) determina quando x atingiu o valor a, que representa o inicio da fungdo de singularidade. Dependen- do desse teste, o valor de y(x) é zero ou a magnitude especifica da funcdo de singularidade, Este tipo de e6digo pode ser facilmente implementado em qualquer linguagem computacional (tais como For- tran, C, BASIC) ou em um solucionador de equagdes, como Mathcad, TKSolver, Matlab, EES e ou- tr0s, O CD-ROM deste livro contém exemplos dessas fungdes escritas tanto em Mathcad como em TKSolver. As integrais dessas fungdes de singularidade tém uma definigo especial que, em alguns casos, afronta o senso comum, mas todavia fornece os resultados mateméticos desejados. Por exemplo, fungdo impulso unitério (equagio 3-17d) é definida no limite como tendo largura zero e magnitude forga cortante positiva M M lua) ‘momento positivo FIGURA 3-23 ee Convengao de sinais de viga. infinita, e no entanto sua Area (integral) é definida como unitéria (equagao 3:18d) (ver referéncia 8 para uma discusséo mais completa sobre fungdes de singularidade). As integrais das fungées de sin- gularidade mostradas nas equacées 3.17 sao definidas como x area f Qp-e)an= Bo8r G.18a) (3.18b) Ja a)%an= (xa)! G.18¢) a 1 0 [ip-ar ta =(2-4) G8) fio ~4)*dh= (xa) G.18e) onde 2. é somente uma varidvel de integragio que varia de —ce a x. Essas expressdes podem ser utili- zadas para avaliar as fung6es da for¢a cortante e do momento fletor que resultam de qualquer fungo de carregamento, expressa como uma combinagiio de fungdes de singularidade. Tabela 3-7 Pseudocédigo para avaliar as fungdes de singularidade “ Fungdo de singularidade impulso Forx=0tol If ABS (x - a) < 0.0001 Then y(x) = magnitude, Else y(x) = 0* Next x * Fungo de singularidade degrau For x =O tol Ifx

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