Você está na página 1de 6
Anténio Junqueira de Azevedo NEGOCIO JURIDICO Existencia, Validade e Eficacia 4 edigio, atualizad: com 0 novo Cédi (Lei n. 10.406, de 1 5* tiragem 2007 (Srna geras on eategoriais, em determinado negocio, Ogg, imentos gerais subdlividert-se em {ntrinsecos (ou constitutivos), do a forma, 0 objeto € aS €1 ircunstiine! z NEROCIAS, © EXtrinseg {queso agente, olugar eo tempo do negocio. OS categoria suk, dense em inderrogiveis (ou essenciais) ¢ derrogavets (ou natura, ‘om primeirsdefinem o tipo de negdvie © 08 segundos apenas dethaem de sua natureza, sem serem essenciais J suit estrutura. Os elementos particulaes,finalmente, sio em mimero iimitado, podendo, porén set estudados trés, a condigo, 0 termo € © eNEArE, que, Por serem mais comuns, estio sistematizados, Aimpovtincia de toxta essa classificagiio € muito grande do ponto de vista pritico (para no falarmos nos aspectos meramente didi {608 que S0 por si a justificariam), Assim, se faltar, em determinade negicio juidico, um elemento geral, ele nao existird como negécio serd.um caso de negocio dito inexistente e, como tal, as regras juris cas a aphicar no serdo sequer ay das nutidades; além disso, s¢ 0 clemento geral faltante for intrinsece (ou constitutive), aquela apa- ‘encia de negocio ("negdcio inevistente”) sera fato juridico, ou, quem sake, se houver agente, podera ser um ato juridico no negocial, ¢3 «ada uma dessas situaydes cortesponderdo regras especiticas. A eu aeantca do negécio dentro de uma eategoria, por outro lado, rea renee ‘éncia dos elementos categoriais, € fundamen sen nena a ekime ridin a ele aphicavel, Ake dis, inderopivet ore cet? HO. faltar um elemento categoria come ines gen 8m falta, se puder dar esse element? aquele ato Moenuns SHAE que © negEeio seja considerado nue Tidade de converte een EES daquele tipo, mas ha a posse ADO estadn don clone ES de outro pO (coRVENIO sean bent imporinca ps wos Particulares, por seu turmo, ¢ de ee PAIL, ineticdens gE PEE © 6480 comporta, ou m3 Bl ‘Segundo o plano Buinte. 3 exper e clara Fequisttos de y sem serem Posto, passaremos, agora, no paragrale * ficar, come fizemos com os elementos. = depois, no seguinte, faremos 0 mesmo Bo wltimo, retomaremos 9? * de sintese, atraves do exame saci, cS Realmente, entre existir ce preltr efeitos terpe-se a questo de vale, ¢justament a Si c Bem virtude “pegs ° stificagdo dele que a categoria “negssie juridico” encontra plena je tedrica, O papel maior nenor da vontade, a Causa, Os prs da autonomia privada quanto & forma ¢ quanto a0 objeto So coms das questies que se poem, quando se trata de validade do nego, ¢ que, sendo peculiares dele, fazem com que cle mereya um tratamer 10 especial, diante dos outros fatos purndicos. we a ondenamento juricico, ama ver Entemle-se perfeitamente 9) ue autoriza a parte, ow as pat ercar a formagae desse tanto DO iMReress expecialissimo fato junhco de certas garantas, tate 9 WETS das propras partes, quanto mo de treaton € m6 SE ANS 2 Juridica. Atinal — e, nesse ponte, as analincs SS oe Vas", “preceptivas” ow “pormativistas” dO 959 rs — procure ¢ a spulando declara3o de wootade, essa verdadeira foote juridica nig ppv entrar a funciona, dentro do orgenanento COs uy todo, sem <0, sob pena de ser total a ananquia: hai de se “ devlaragio contrna 3s norma superiores, ha de se cercay ‘que interessam a todos. Se, S0b Ou a fixar, em larga escala, o peoibir de seguranya certas declaraghes tno Angulo, se permite & vontade human: conteddo da declarago — ¢ aqui Sbo as definigdes “Voluntanstas” aque muito revelam —, ¢ s€ 05 efeitos so imputados 2 declarayo Segundo o seu conteddo, € evidente que sé hi de tentar evitar que gcorram declarigdes decorrentes de vontades debeis, ou ndlo corres: pondentes d exata consciéncia da realidade, ou provenientes de vi0- Jencia imposta sobre a pessoa que a emitiu ete, Pois bem, 0 direito, ‘ao estabelecer as erigéncias, para que © negocio entre no mundo juridico com formayao inteiramente regular, esta determinando os requisitos de sua validade. dade é, como © sufixe da palavra indi- / ‘ca, qualidade de um negocio existente. “Valido” € adhetive com que se qualifica 0 negécio jundico formado de acordo com as regs ju nidicas. certo Paalelismo entre © plano da existéncia ¢ o plano da validade™ © pre :meito ¢ um plano de substincias, no sentido aristotelico do terme” 0 negocio existe ¢ os elementos so, © segundo &, grasso moxdo, um pla no de adetivon: @ negdvin € vilido © os reyuinitos SiO as guaclidicdes que os elementos devem ter. Wa, mo prameity plano: a existéncia, & negocio existente © oselementos sendo. Ha no segundo a validade, © negivio vilido ¢ 0s requisites como qualidades dos elementos” ____Povisso mesmo, seo negscio jaridico € devlaragain de yontade @& € se 08 elementos gerais intrinsecos, ou ConstitutiVOS, slo essa Mes 61. Organon” S11 (62 Verne ame Carta Ferrara. 1! nego eerion HN a mma declaraydo tresdobrada em objeto, forma ¢ circanstiactas pegociais, © SS OS reguisitos so qualidadkey dos ekemeaton temos gue: adechanaydo de vontade,toeuada pomeramente coo um ods Geverd Sef a) rvsaltne de wm provesso vwdinve: b) gmerais com consciéncnd da realidade: ©) escohada come hive-ciade. $) dei benads sem mai fe (se ndo for assim, o negdow paderd ser aul por “exemplo, NO PRIMED 480, Por coaydo absoluea, ou falta de seme de; anubivel por €rTo u dol, no segundo, por caso relanya, ae gerceito; € por simulagdo, mo quarto\O adele devera ser cats pas nado ou determindvel: ¢ a forma ou sera livre, por sivel ¢ deter veque aTeTnenhum reqursto nela exige, ou devera ser comome 4 present foto legal, Quanty AS CoTunsaimeas megucaats, ni Ren FEUEOS exclustvamente seus, ja que elas sdo o elemento caractenzador da esséncia do propno negocio, io aguele quiaf que qualifica uma ma- nifestagdo, transformando-a em devlaraydo" Passando 205 SRIRAM ymente os underragavers © essentialia negoni) possucm requeitos, os dertogivers (manaralae ‘negotu), por serem determinados pela propa oriem jodie no os possuem, ¢ o dlireito que integra esses elementos a0 NENT & eV" dentemente, ficando eles implicites por disposiydo do propa diet 10, nao ha, para eles, exigéncia de caracteres. O mesmo, poe, OAT se pode dizer dos elementos categanians UnkeTOgayenr, 2 [ATES 2 excotherem determinade tipo de neg er, KEVETRD {FOAL IERIE GUE ©.negoCIW escolhido devera seguir determanado reg rho. Ora, entre as regras a que o tipo escolhads esta submetaho ¢stho aguelas que prevéem as qualidades que seus elementos Cae NT EF para os negucros serem vaTidhss conn aguete PY AE REELS {88 yn, Tita 1 do § 2 bo Cagis Tarver a assim, se 0 negéeio for causal, com causa pressuposta, a existéncia ‘de causa sera requisito de validade, por exemplo: a existéncia do “dcbito aserextinto, na novagio (art 1.007 do CCY*. aexistencia de Titgio, atual ou potencial, na transagdo (art 1.036 do CC) ete Naturalmente, nao vamos. nesse trabalho sobre 0 negdcio juridico, tratar dos requisitos de cada categeria, pois isso nos obrigaria a per- orrer quase todo o campo do direito civil, Apenas daremos mais um cxemplo, desta vez fora de qualquer questio Tigada a causa: se. na ‘compra e venda, res, pretium ef consensus si0 os elementos calegoriais txvenciais, que o prego seja determinado ou. pelo menos, determuncivel (através de lerceiro, cotagao em bolsa, catilogo ete, mas nunca det- ado exclusivamente ao arbitrio de uma das partes) € requisito de um ‘de seus elementos. Diz, por exemplo, Washington de Barros Monteiro, “O segundo elemento do contrato de compra ¢ venda ¢ prego (sine pretio nulla vendito est). Tao essential € esse elemento ue dele chegou Papiniano a afirmar ser a sua propria substine\s (emptionis substantia consist ex pretio). O prego €, efetivamente. clemento vital, o trago mais caracteristico da compra e venda: € & soma do dinheiro que 0 comprador paga, ou se obriga a vendedor, em troca da coisa adquirida... ‘glam que o prego se revestisse de ts atributos: que fosse certo (co mnhecido desde logo), jést@l\ de valor correspondente & coisa vendida) E veradéird (real e exato). Os dois primeiros deixaram de ser es- senciais ~ sua vez, 0} como a constante da seguinte estipulagao: pagaras © que quiseres Em tal caso, nao se pode afirmar que haja venda, pois, se convier a0 adquirente nada pagar, transmudat-se-d unilateralmente em simples doagio © primitivo negdcio juridico. Tal estipulagio € nula, porque 6%-A, Ver novo Césligo Civil, capur do an. 367 63:B Ver novo Céxtigo Civil. ant. 850. 644. Washington de Barros Monteiro, Curso de direito civil, direito das ob ‘g0es. 9. ed,, Sdo Paulo, Saraiva, 1973, v. 5, 2 parte, p. 4 a4 submetida a0 arbitrio exclusivo de uma das pois, condicSo potestativa,proibida pela le e. alids. 0 Partes, configurando, (CC. art. 115)** Pres. a quem fosse cometido 0 atbitrio, fixasse ficliT ees nee Pigmente 0 prego. a0 seu beneficio e detrimento do outro contrac ramyeso, dito por duas palavras significa oe alopregee cranny fategorial inderrogavel do contrato de compra vende: byes mente. eram requisites desse element Muitas vezes. diriamos até que ordinariamente, os requisitos dos elementos gerais do negdcio juridico sGo repetidos. pela legisla- gio ou pela doutrina, dentro do quadro especifico de cada insututo Rigorosamente falando, essa repetigao seria inuitil,j4 que. aparente- mente, somente se deveria tratar daquilo que € peculiar, exclusivo da categoria do negécio em pauta. Entretanto, a repetiso deve-se & natureza da relagdo entre os elementos gerais € 0s elementos categoriais, que € relagio de género ¢ espécie, com caracteristicas proprias. como veremos no capitulo seguinte (os elementos catezoriais dos negécios abstratos ¢ dos negécios causais, por exemplo. pren- dem-se aos elementos gerais, forma ¢ objeto, respectivamente). as- sim, aquilo que cra exigido para o mais, feitas as necessanias adapta- des, sera exigido também para © menos. Por ora, salientamos que essa repetig’io nao s6 ni traz prejuizo algum como, principalmente, Serve para esclarecer Certus pontos priprios ao ipo de negécio. Tra- ta-se, por outras palavras, de um desenvolvimento, para aquele pe de negécio, do que ji foi visto sobre o negdcio juridico como catego” ria mais alta. A propésito da certeza do prego, na compra ¢ venda, Por exemplo, se fossemos limitar-nos ao carter “determinado 08 determinavel”, que deve ter 0 objeto de todo negocio junidico, 9 m> GLA. No now Cédgo Ci, o amigo equivalents ¢ 0 122 64B. No novo Céxigo Civil, 0 arigo equivalents ¢0489 4s se poderia dizer que havera dvida sobre se a fxa30 do ‘imo que por uma das partes ni seria caso de prego determinavel, © prego i ficiéncia do exame dos requisitos iocinio (sobre essa insul iene ao nec, quad strata do esto de cada Gnteiramente aplicdvel, ainda exem. inst em pr tease gusts dc cared omra e venda; que ela seja in commercio. ¢ no extra core um, comncide certamente com a exigéncia de licitude do aera ge todo negocio juridico, mas que dizer do fato de ser acoisa hi ‘Ai, se ha quem veja também objeto ilic- heia? E requisito ou nao? wo parece-nos, porém, que nio & 0 caso, A nosso ver, basta. sob esse aspecto, i prio compra- que a coisa a ser comprada no pertenga ao propri dor; nio hé necessidade de que ela pertenga ao vendedor™, finalmente, também tém eles 65 seus requisitos. No estudo das condigdes, & sabido que hi dois lipos diferentes de falta dos requisitos de validade: ha as condigoes Que Vitiantur er ur sed non vitiant. AS pri meiras, \digdes tém tanta ou mais importa 65. PRESCRICAO — Venda “a non domo’ imerpretagio segundo a qual ve rege pela presen perfenamente razoivel a do art 179. € no pela do art 178, § 9%. nt V. “b’, do Codigo Civil a ago de indenizagao contra quem vended «coisa que Ihe nio pertencia. O caso é de nulidade do art. 43, a I do Coxigo Civil € ndo de anulabilidade pot dolo ou simulagio” (STP. IT, RE 71 091-BA.) 8-6-1973, rel. Min. Alomar Balecito, DIU, 10 set. 1973, p. 6817, cmentay. A m0 er, contrariamente 30 que diz essa decisio, 0 caso de venda a non domino nto ¢ 5 ‘ulidade (plano da validade — fata de requisitos). mas sim de ineficdcia (plano & fide); hd, apenas, mficdcia para os efeitos fina visados pelo negocio (traaste tocia de propriedade). O negécio.em st, porem,¢ valid ¢, até mesmo. cficaz. co qualquer outro negdcio que. realizado, no é cumpndo, cle admite rescrsio 6 perdas © danos c o imadimplemento supe neyocio valido £6. Vide wechos de Biondo Biondi e José Carlos Moreira Alves, acima ita (8 2*do Capitulo Segundo, notas 59 e 60, respectivamente) 6 negécio, nao SO para as partes, mas, também, as vezes, cor fos abaixo revelam, para a propria let cgundo o direito witivo brasileiro, or xemplo, se vender uma res extra commercium), assent isto asque fen sefickda to oa (por exemplo, se cometer concubinatoy” rivarem de todo efeito o ato (ant 115° * do CC), bas revelam total falta da vontade de obrigar-se it, isto & ay incompreen- siveis ou contraditorias: finalmente, hi d Vitiantur et vitiant casamento, emancipagao, reconhecimento iho, adogao etc., na verdade, subordinados a condigio, sitive sendo omisso, © melhor € aplicar subsidiariamente o direito Fomano, no qual o ato todo fieava viciado (D. $0, 17, 77)". Por outro 67. As condigdes seguintes dio margem a dhvida sobre se so, ou mc tas: ade casar emma. ou por conscntimente apron 0 St am ferceiro oem cer temp de celibat, perpstn ot fempern a de no anak som pessoa determina sc cert mcertotempo.¢a de permanccer a etal de viaver, “ainda mesmo que soja impusta a vise od ava gae tea Sithos de seu pmew casamente e que em fithon sejam menores” Teincra de Frestas {an 633 do Eshoyo) colaca-as entfe as pribadas.Veja-se também Washington de Barron Monteiro, 240. ap eit mata 64 6 Toxavia, come observa Trabucchi (stiucion! dt dirito chile, 1S en DAM, 1966p. 186). io haverdmulidade quando a endo meramen ‘« ptestativa € colocada como vantagem da pure que nie assume nenbuma sigs $40 (Dex, dar-the-ct cem, se voce quiser) 4-4. No novo Cédigo Cri. o amigo cquivalateé 0 122 £9. “Actus legitims, qu rcipiunt diem vel conionem. vet mancipati, XCeptilatio, hereditatis aditio, serv1 Gpho, dato futons, ot fotuan Vitam Per FemMOns Ye Condtionis adjectionem” 47 Jado, esto entre seus ISHLOS, Lusiewsh ruanto as condigdes,t€mn seus rea soa prensa pret vitiant. g4e Plano da eficécia. Os fatores de eficdcia do negocio juridico Oterceiroe tiltime plano em que a mente humana deve projetar co negécio juridico para examiné-to é 0 plano da eficacia, Nesse pla- no, milo se IF naturalmet pritica do negecio, mas sim, tio-s6, da sua efi cialmente, da sua eficiicia propria ou tipied i feitos manitestados ¢ / cia dos atos validos, lembramoy duas situagdes excepei caicia do nuto e a ine do vilido, Ambas s cabais de que nao se pode confundir vilido com et ineficaz; ndo s6 ha o ato valid ineficaz como, também, © nulo eficar, az € nulo com As vezes, pode ocorrer que, por excegao, um negocio nulo pro- duza efeitos juridicos (si0 os chamados efeitos do_nulo), embora + hem sempre esses efeitos sejam os efeitos proprios, ou tipicos, como acima definidos. Exemplo conhecido € o do casamento putativo, que tem “eficdcia civil”, em relagio ao cénjuge de boa fé (ou aos dois se ambos estavam de boa £6) ¢ em relagio aos filhos”. Trata-se de hipd- 72.0 fato de os efeitos do casamento putative serem imputados ao casamento, or cus da bo fe io quer dizer que tas cletos resem dnctament da bo es em tam, em pleno rigor das palavras, do proprio casamento, Ademats, € sabide que, ‘alguns ordcnamentos juridicos, os filhos, mesmo seman nuk 0 casamento de seus Te5p tls que mo haja boa £, so leitimeos ($25 da Let do Casamnento — Phesese 1946, na Alemanha; art. 69 do Codigo Civil espanhol et). « 49

Você também pode gostar