Acaso aspiras vida Noutros climas mais distantes? No, querida, no receies Do Inverno os duros rigores; Quando do Sol falta a chama Brilha a chama dos amores. No so para ns mais lcidas As noites que o prprio dia? Que onde a luz do cu falece, A paixo que alumia. E o gelo, que as pobres aves Na relva prostra sem vida, Da nossa paixo, querida. 18 de Outubro de 1862. Andava a pobre cabreira O seu rebanho a guardar Desde que rompia o dia At a noite fechar. De pequenina nos montes No tivera outro brincar. Nas canseiras do trabalho Os seus dias vira passar. Sentada no alto da serra Ps-se a cabreira a chorar. Porque chorava a cabreira Ides agora escutar: Ai! que triste a sina minha, Ai! que triste o meu penar, Que no sei de pai nem me Nem de irmos a quem amar,
De pequenina nos montes
Nunca tive outro brincar. Nas canseiras do trabalho Os meus dias vejo passar. Mas, ao desviar seus olhos Viu coisa que a fez pasmar: Uma cabra toda branca Se lhe fora aos ps deitar!