Tendo em vista o ataque terrorista ocorrido contra o jornal Charlie Hebdo
motivado, segundo os jihadistas, pelas charges satricas direcionadas ao profeta Maom, muitos so os favorveis pela limitao da liberdade de expresso, para que casos como este no ocorram, outros, entretanto, discordam afirmando que a liberdade de expresso um dos pilares da democracia e que sua limitao favoreceria a disseminao de governos totalitrios, diminuindo, consequentemente, a voz da populao. A questo toda merece uma reflexo serena, nem sempre possvel no calor dos acontecimentos. At onde vai a liberdade de expresso e de imprensa? At onde vai a prpria liberdade humana? certo, em nome de Deus, fazer violncia e matar quem nos ofende ou contradiz as nossas idias e convices religiosas? certo, em nome da liberdade de imprensa, atacar e ridicularizar as convices mais sagradas das pessoas? O homem nem sempre consegue lidar com a prpria liberdade, o uso que dela faz no indiferente e as suas escolhas tambm levam a conseqncias contrastantes entre si. Por isso, dizemos que h um bom uso e um mau uso da liberdade. O uso bom quando faz com que seu exerccio leve ao verdadeiro objetivo da existncia humana, a vida digna, o respeito ao prximo, a paz da conscincia, Assim, tanto os jornalistas do Charlie Hebdo, quanto os seus assassinos, respondem pelos seus atos. No o fato de serem livres, que todas as suas aes so boas. O julgamento sobre o bom ou mau uso da liberdade depende dos padres ticos, culturais e morais da sociedade. A questo no colocar limites liberdade, mas recuperar algo muito simples e fundamental para a convivncia, o senso do respeito na relao com as pessoas. Trata-se da frmula bem simples e j conhecida desde tempos remotos: no faas aos outros o que no gostarias que fizessem a ti. Sem esse regulador, adquirido pela educao, todas as tempestades verbais e discusses acaloradas sobre a liberdade de expresso no a nenhuma soluo boa.