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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PROCESSOS GERAIS DE CONSTRUÇÃO II


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2. REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES

2.1 INTRODUÇÃO

Os revestimentos para paramentos exteriores de paredes devem proteger o tosco da parede das
acções dos diversos agentes agressivos, resistindo eles próprios a esses agentes, contribuir para
a estanquidade à água da parede, conferir à parede características aceitáveis de planeza,
verticalidade e regularidade superficial e proporcionar à parede ao efeito decorativo pretendido,
mantendo-se limpos ou pelo menos tornem fácil a sua limpeza.
Para isso deverão satisfazer as exigências funcionais relativas a revestimentos de paredes.
As exigências funcionais dos revestimentos de parede são indissociáveis das exigências
funcionais das paredes, pois as funções atribuíveis ao conjunto tosco da parede-revestimento
podem ser exercidas com maior ou menor contributo de cada um desses componentes.
Há, no entanto, funções que competem em exclusivo, ou quase, a apenas um desses
componentes. É o caso, por exemplo, das exigências de estabilidade, de resistência estrutural, de
conforto higrométrico ou de conforto acústico, cuja satisfação em situações correntes competirá
praticamente em exclusivo ao tosco das paredes. Por outro lado, a satisfação das exigências de
segurança no contacto, de aspecto, de regularidade superficial, de conforto visual, de conforto
táctil é, no caso geral, de exclusiva responsabilidade dos revestimentos de paredes.
É no entanto, o conjunto tosco da parede-revestimento, que deverá satisfazer as exigências de
segurança contra riscos de incêndio, de estanquidade à água, de resistência aos choques, de
resistência à água, de durabilidade, etc.

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS


EXTERIORES DE PAREDES

2.2.1 REVESTIMENTOS DE ESTANQUIDADE


Um revestimento diz-se de estanquidade quando é capaz de garantir praticamente por si só a
estanquidade à água exigível em geral ao conjunto tosco da parede-revestimento. Estes
revestimentos devem manter as suas características de estanquidade mesmo no caso de
ocorrência de fissuração do suporte. São os seguintes os revestimentos mais correntes deste
tipo: revestimentos por elementos descontínuos (de fixação directa ao suporte ou
independentes), revestimentos de ligantes
hidráulicos armados e independentes e revestimentos de ligantes sintéticos armados com rede de
fibra de vidro.

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2.2.1.1 Revestimentos por elementos descontínuos “bardages”


Estes revestimentos são executados a partir de elementos (placas, réguas ou ladrilhos)
préfabricados de fibrocimento, betão, metal, plástico, madeira, pedra natural ou artificial,
materiais cerâmicos, etc., apresentam pequena espessura e têm forma e dimensões faciais
diversas.
Os revestimentos por elementos descontínuos de pedra natural, têm uma tecnologia de execução
de certo modo muito específica e já muito consagrada.
Estes elementos de revestimento são fixados mecanicamente à parede, ou directamente – caso
em que se tem revestimentos por elementos descontínuos de fixação directa ao suporte – ou,
muito frequentemente, por intermédio de uma estrutura (ripado, engradado) de madeira ou
metálica, que se estende ao longo de toda a parede, ou de peças metálicas de reduzidas
dimensões para fixação pontual – revestimentos por elementos descontínuos “independentes”
do suporte.
Estes dois processos de fixação indirecta dão origem à formação de uma caixa-de-ar entre o
revestimento e a parede onde pode ser inserido um isolante térmico

No que se refere às dimensões faciais, existem as seguintes tipologias de elementos:


- elementos de reduzidas dimensões faciais (soletos ou escamas);
- elementos em forma de réguas ou lâminas;
- elementos de grandes dimensões faciais (placas)

A maior dimensão dos elementos considerados de reduzidas dimensões não ultrapassa 1 metro
e a relação entre as duas dimensões faciais é inferior a três. Estes elementos são em geral de
barro vermelho, madeira, fibrocimento, betão e pedra natural ou artificial.
A menor dimensão dos elementos em forma de lâminas é quase sempre inferior a 0,30 m. Há
lâminas de madeira, aço, alumínio ou plástico.
A menor dimensão facial dos elementos considerados de grandes dimensões é superior a
1metro. É o que acontece com as placas de fibrocimento de plástico e metálicas.
A durabilidade dos revestimentos por elementos descontínuos deve ser comparável à da própria
parede; essa durabilidade deve ser atingida não só pelos elementos de revestimento, mas
também pelas fixações. Estas devem ser bem tratadas contra a corrosão ou qualquer outro
processo de deterioração pois, por não serem acessíveis, não podem ser submetidas a
manutenção periódica.

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2.2.1.2 Revestimentos independentes por elementos descontínuos de placas de pedras
naturais

Um revestimento em placas de pedra natural é composto por três elementos:

- um revestimento em placas de pedra, com várias espessuras e dimensões possíveis;

- um sistema de fixação desse revestimento ao elemento resistente que é a parede;

- uma camada de transição entre o revestimento e a parede portante, podendo essa


camada ser unicamente constituída por uma lâmina de ar, ou então por elementos de
isolamento ou de impermeabilização colocados entre as placas de pedra e a parede
de suporte

As placas de pedra são geralmente de forma rectangular, embora possam apresentar outras
formas, como por exemplo, os soletos de ardósia, tradicionais na nossa arquitectura autóctone,
em forma de escama.

Figura 1 – Soletos de ardósia - elementos de reduzidas dimensões faciais

A escolha de determinado tipo de pedra deve ser condicionada, para além das razões estéticas,
pelo estudo da localização do revestimento no imóvel e da situação do imóvel no contexto
geográfico, e pela determinação das características físicas da rocha e sua resposta às diversas
solicitações.
Relativamente à situação do revestimento no imóvel deverá ser tido em conta, entre outros
factores, os seguintes condicionantes: inclinação do revestimento relativamente à vertical,
existência ou não de saliências próximas que intensifiquem escorrências, localização do
revestimento em zonas especialmente sujeitas a choques, ou a acções horizontais, como
embasamentos, cunhais, orientação e exposição solar, exposição a ventos fortes dominantes, etc.
Pedras muito porosas são desaconselhadas em zonas em que facilmente se acumulem lixos e
poeiras, pedras muito frágeis são desaconselhadas em locais sujeitos facilmente a choques.
Em referência à localização do imóvel no contexto geográfico deve-se atender ao seguinte:
situação ou não em envolvente fortemente urbana (entenda-se poluída); clima dominante,
temperatura, pluviosidade, regime de ventos, regimes de gelo e degelo; proximidade de
elementos fortemente poluidores.

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As características das pedras que mais facilmente e fortemente condicionaram a sua
durabilidade e qualidade de envelhecimento são a capilaridade, a resistência ao gelo e a sua
resistência mecânica.
As pedras utilizadas usualmente em revestimentos exteriores são fundamentalmente os granitos,
os mármores, os calcários, os xistos e os basaltos.
O acabamento superficial das placas de pedra pode ser de diversos tipos, consoante a natureza
da pedra, a utilização futura e necessariamente considerações estéticas. Assim poderemos ter
pedras com acabamento bruto, obtido pela fendilhação da rocha, acabamento serrado, obtido
pelo corte da pedra, ou com acabamentos tratados, como o amaciado, o polido, o bujardado ou o
flamejado.

2.2.2. ASPECTOS A CONSIDERAR NA APLICAÇÃO DE UM REVESTIMENTO DE


PLACAS DE PEDRA NATURAL

2.2.2.1 Escolha do tipo de revestimento


Os revestimentos em placas de pedra natural podem dividir-se em dois tipos principais:
revestimentos auto-portantes e revestimentos acoplados a um suporte resistente e portante,
também designados por não resistentes. Estes dois tipos tem características de funcionamento
diversas e condicionantes diferentes.
Um revestimento de placas de pedra auto-portante insere-se no âmbito das paredes duplas, ou
triplas, isto é, funciona como um elemento resistente, com alguma espessura, no mínimo de 7,5
cm, capaz de suportar o seu peso próprio e demais acções verticais, por encosto topo a topo, e
que deverá ser solidarizado ao conjunto da parede por grampos, ou gatos, para auxílio na
resistência às acções horizontais, à encurvadura e ao movimento determinado, por exemplo,
pelas variações térmicas. Permitem facilmente a inclusão de uma caixa de ar ventilada e a
colocação de isolamentos térmicos com alguma espessura.

Os revestimentos não resistentes poderão ser fundamentalmente de dois tipos:


- de fixação directa, quando o elemento que faz a solidarização do revestimento ao
suporte é continuo e de espessura diminuta, quer seja por colagem (com cola ou
argamassa cola), ou por selagem (pela utilização de uma argamassa de cal
hidráulica);
- de fixação indirecta, quando a solidarização é garantida por elementos pontuais, de
quantidade variável por unidade de revestimento, do tipo grampo, agrafo ou gato.
Um revestimento de placas acoplado a um suporte por meio de fixações é, por exemplo,
fortemente condicionado pelo peso próprio do mesmo, função necessariamente da espessura da

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pedra, e pela distância ao ponto de suporte, pelo que se tenta, no compromisso possível entre
efeito estético, resistência à flexão e ao choque, economia, conforto e segurança do conjunto,
conseguir a menor espessura, quer da pedra, quer da camada intermédia.

2.2.2.2Escolha do sistema de suporte


Determinante da qualidade de um revestimento acoplado a um suporte é a escolha do sistema de
suporte do mesmo.
O sistema de suporte, tal com a designação indica, tem por função suportar o peso do
revestimento, e de outros elementos a ele anexos como sub-camadas isolantes, isto é resistir às
forças verticais, mas também evitar o deslocamento e o derrube sobre o efeito de acções
horizontais, como por exemplo o vento. Funciona ainda como um amortecedor, absorvendo as
deformações diferenciais entre suporte e revestimento, reduzindo os esforços sobre o
revestimento, geralmente mais frágil e mais sujeito a deteriorações que o suporte.
A escolha de determinado sistema de fixação do revestimento em detrimento de outro prende-se
com diversos factores designadamente a natureza do suporte, isto é, a possibilidade de
solidarização do sistema de fixação, quer por chumbadouro, fixação mecânica, colagem, etc. e o
comportamento físico do suporte após a colocação do revestimento, variações dimensionais
relacionadas, por exemplo, com retracção de presa, variação térmica, assentamentos e
cedências.
Prende-se ainda com a eventual presença de sub-camada de isolamento ou impermeabilização,
com a sua espessura, isto é, com a distância entre o limite do suporte e plano axial das placas, e
com os esforços induzidos pelo peso próprio do revestimento, bem como variações
dimensionais, sobre o suporte. A natureza das placas de revestimento também condiciona a
escolha da fixação, nomeadamente o peso próprio das placas, suas características geométricas e
possíveis variações dimensionais.
Outro factor a considerar na escolha do sistema de fixação é a situação do revestimento em
questão no total da obra, e a existência de zonas singulares, isto é, zonas especialmente
solicitadas e expostas, como por exemplo embasamentos, bordaduras, cunhais, elementos
estruturais, pilares, vigas e topos de lajes.
O dimensionamento de um sistema de fixação deveria ser, sempre que possível, baseado em
ensaios e verificado por cálculo.
As fixações podem ser de cobre, latão ou aço inox, isto é, em materiais não oxidáveis para uma
maior longevidade do conjunto.

2.2.2.3 Condições e limites de aplicação


Como foi dito atrás, a utilização de determinado tipo de fixação é determinada pelas
características do suporte e pela existência ou não de sub-camada isolante. O D.T.U. 55.2

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estabelece um quadro de compatibilidades entre diversos tipos de suportes, e de fixações, com e
sem sub-camada isolante (Quadro 1).

Quadro 1 – Compatibilidade entre suportes e processos de fixação de revestimentos de pedra

Processo de Fixação

Suporte Placas não-resistentes


Agrafos com pontos de Placas
argamassa Gatos Estrutura resistentes
Chumbados Fixados Chumbados Fixados intermédia
mec. mec. (1)

Betão corrente SIM SIM SIM SIM SIM SIM

Betão de agregados leves SIM (2) SIM (2) SIM SIM

Tijolos (3) não (3) não SIM (4)

Blocos de betão de
agregados correntes ou (3) não (3) não SIM (4)
leves

Blocos de betão celular não não (5) não SIM SIM


autoclavado

Pedra natural SIM não SIM não SIM SIM

(1) – A estabilidade da ligação da estrutura intermédia ao suporte deve ser inequivocamente


assegurada.
(2) – Processo de fixação admissível se a resistência característica do betão aos 28 dias de idade
for ≥ 15 MPa
(3) - Processo de fixação admissível apenas em paredes não resistentes, até um máximo de 6 m
de altura do paramento e desde que os agrafos ou gatos sejam chumbados com argamassa de
cimento, numa profundidade mínima de duas fiadas de furos.
(4) - Processo de fixação admissível em paredes resistentes ou não resistentes, desde que os
gatos de posicionamento se insiram em juntas horizontais da alvenaria.
(5) - Processo de fixação admissível apenas no caso das juntas entre placas de revestimento
serem deixadas abertas ou, então, preenchidas com material resiliente.

Estabelece ainda condições limites para a utilização de fixação por agrafos e pontos de
argamassa, designadamente no que refere à altura do edifício, (edifícios de altura não superior a
28 metros), às dimensões da placa, (placas com um máximo de 1 m2 de área em que a maior

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dimensão não poderá exceder o 1,40 m) e ao afastamento das placas ao suporte ( distância entre
o tardoz da placa e o suporte compreendida entre 20 mm e 50 mm). Estas restrições são ainda
aplicáveis ao sistema de fixação por gatos, desde que o conjunto das placas funcione de forma
única, quer pelo emprego de materiais não deformáveis nas juntas das placas, quer pela
utilização de gatos rígidos ou colocação de pontos de argamassa conjuntamente com os gatos.

2.2.2.4 Sistemas de suporte


Os sistemas de fixação são fundamentalmente os seguintes:
- fixação por agrafos e pontos de argamassa, de fácil execução mas com um
problema, inviabiliza a colocação de um isolamento térmico contínuo entre o
suporte e o revestimento.
- fixação efectuada por gatos. Este sistema já possibilita a colocação de um
isolamento térmico, sendo contudo de execução um pouco mais difícil. A fixação
pode ser obtida por chumbagem dos gatos, ou por fixação mecânica.
- fixação a uma estrutura intermédia, metálica ou de madeira. Este sistema terá
uma execução mais simplificada do que qualquer um dos anteriores, mas com um
grande problema, o custo elevado.

Figura 2 – Agrafos aplicados em topos verticais das placas de pedra e chumbados com
argamassa na parede

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Figura 3 – Agrafagem pelo tardoz das placas

Figura 4 – Algumas configurações de agrafos

Figura 5 – Regras de fixação de agrafos em chumbadouros de argamassa

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Figura 6 – Regras de inserção dos agrafos nas placas

Figura 7 – Algumas configurações de gatos

Nos sistemas de fixação directa ao suporte são usualmente utilizada 4 fixações por placa, duas
fixações de suspensão e duas fixações de posicionamento.
No topo horizontal inferior são colocadas as fixações de suspensão, e nas zonas superiores dos
topos laterais são aplicadas as fixações de posicionamento.
Quando se utilizam grampos ou gatos com fixação mecânica ao suporte, as cavilhas devem ser o
mesmo material que os gatos ou agrafos, para evitar a corrosão.

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Figura 8 - Esquemas possíveis de funcionamento dos gatos

Figura 9 – Gatos visíveis ou invisíveis do paramento interior

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Figura 10 – Pormenor da colmatagem do estilete do gato nos furos de fixação das placas

LEGENDA

A - Fixações de Posicionamento

B - Fixações de Suspensão

a - ¼ c a 1/5 c

b - ¼ d a 1/5 d

Dimensionamento de agrafos

• 4 mm para placas de 20 mm de espessura

• 5 mm para placas com espessura compreendida entre 30 e 40 mm

• 6 mm para placas de espessura superior a 60 mm

Figura 11 – Localização dos elementos de fixação

Figura 12 – Estrutura intermédia metálica utilizada em paredes de betão

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2.2.2.5 Escolha da sub-camada de isolamento térmico


A sub-camada de isolamento térmico, que poderá ser colocada entre o suporte e o revestimento,
para a melhoria da performance térmica do conjunto, deverá ser constituída por painéis pré-
fabricados, rígidos ou semi-rígidos, colocados de encontro ao suporte, e de forma a garantir uma
lamina de ar, livre, de no mínimo 20 cm, para garantir efectivamente a ventilação. Não é
admissível a colocação de isolamento térmico juntamente com a utilização de um sistema de
fixação por agrafos e pontos de argamassa.
Devem ainda ser tomadas outras precauções, quer na escolha do isolamento térmico, quer na sua
colocação, para garantir a qualidade do conjunto.
A ventilação da lâmina de ar deve ser garantida por aberturas, colocadas no topo e na base do
revestimento, com uma secção mínima útil de 100 cm2 por metro linear de revestimento.
O painéis isolantes, quando submetidos a ciclos de humidificação e secagem, devem readquirir
as suas características rapidamente, sendo sempre preferível um revestimento que não altere o
seu comportamento pela presença da água.
Deverá ser assegurada a compatibilidade físico-química entre o material escolhido para sub-
camada isolante e os materiais em contacto directo com o mesmo, nomeadamente os elementos
do sistema de fixação e o acabamento do suporte.
A escolha do material isolante não deverá em nenhum caso representar um risco acrescido face
à possibilidade de incêndio.

2.2.2.6 Características dimensionais


As características dimensionais quer das placas, quer dos agrafos são condicionadas por
diversos factores, entre eles, a solicitação a que o revestimento está sujeito e as características
da rocha.
- Espessura
A espessura da placa é determinada pelas características da rocha, pelas dimensões
planimétricas da placa, pelo modo de colocação, pelo tipo de sistema de suporte, e
necessariamente pelas solicitações a que está sujeita.
Deverá recorrer-se a ensaios de comportamento para a determinação das espessuras, quer em
referência à resistência aos agrafos, quer à flexão; contudo as espessuras nunca deverão ser
inferiores aos seguintes valores:
- 27 mm, no caso geral;
- 20 mm, no caso em que as paredes revestidas estejam divididas em troços de 6 m de
altura máxima, contados a partir de um nível base onde seja possível a circulação ao
lado revestimento, com uma largura mínima de passagem de 0.60 m.
- 75 mm, para os revestimentos auto-portantes

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- Dimensões planimétricas
As placas correntemente usadas no revestimento de paredes são de forma rectangular, com uma
área média de 0,30 m2, isto é, a colocação de cerca de 3 placas por m2 de superfície de parede. A
relação entre as duas dimensões não deverá exceder uma proporção de 1 para 3 .
2.2.2.7 Materiais dos agrafos
Os agrafos não deverão reagir nem com as argamassas, nem com o ambiente atmosférico pelo
que deverão ser executados num dos materiais seguintes:
- Cobre, com ¼ de dureza;
- Latão ( liga cobre-zinco) 60/40
- Aço inoxidável
- Bronze

Dimensão e forma dos agrafos


O dimensionamento objectivo dos agrafos quando colocados com pontos de argamassa é
praticamente impossível pois o comportamento dos pontos de argamassa não é facilmente
determinável, nem a sua influencia no funcionamento dos agrafos. Existem contudo normas
empíricas que deverão ser seguidas:

- um agrafo nunca deverá ter espessura inferior a 3 mm em zona protegida, nem a 4


mm em zona exposta;
- para placas de pedra de 20 mm de espessura utilizar agrafos com espessura mínima
de 4 mm;
- para placas de pedra com espessuras entre os 30 e 40 mm utilizar agrafos com
espessura mínima de 5 mm;
- utilizar agrafos com 6 mm de espessura para espessuras superiores das placas;
- o agrafo deve ter comprimento suficiente para ficar preso no suporte e não
unicamente no ponto de argamassa.

2.2.2.8 Pontos de argamassa


Os pontos de argamassa deverão encher completamente os orifícios executados para a
chumbagem dos agrafos, e deverão extravasar estes, enchendo o espaço entre o suporte e a placa
num diâmetro médio de 10 cm.
Deverá ser sempre que possível evitada a colocação de pontos de argamassa intermédios, sem
agrafos, no meio das placas. São aceitáveis em placas de grandes dimensões ou em zonas
especialmente sujeitas ao choque, como é o caso dos embasamentos.

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Contudo, nunca deverão ser impedimento à fácil recondução ao exterior da agua infiltrada pelas
juntas das placas, pelo que os "pontos" de argamassa contínuos não são aceitáveis.
Deverão ser tomados os cuidados necessários para que não ocorram escorrências de argamassas
para o interior da lâmina de ar.

2.2.2.9 Fixações
Na fixação das placas deverá ser atendido o seguinte:
Uma placa nunca deverá ser colocada sobre dois suportes diferentes, isto é, ser submetida a
esforços pelo comportamento diferencial dos dois suportes:
As fixações podem ser por chumbadouro ou por sistema de fixação mecânica.
Os orifícios para o chumbadouro dos agrafos deverão ser executados em condições tais que
garantam a aderência e a solidarização entre o suporte e os pontos de argamassa. Deverá ser tida
em atenção a densidade da armadura para que a localização e a execução do orifício não
impliquem diminuição da capacidade resistente do suporte.
No caso da fixação mecânica os materiais das cavilhas e dos agrafos deverão ser de natureza
semelhante, não podendo existir a possibilidade de corrosão por electrólise entre os dois.
Na colocação das placas próximo das zonas de cunhais deverão ser utilizados orifícios ou
fixações orientadas segundo o plano bissector do diedro formado pelas duas paredes, ou
paralelas a este, para que não se assista ao descolamento de parte da parede.
Os orifícios deverão ter profundidade mínima de 6 cm, para permitir uma ancoragem mínima de
5 cm do agrafo.
O chumbadouro dos agrafos deverá ser feito com argamassa de cimento com uma dosagem de
400 Kg de cimento, isto á, argamassa ao traço 1:2 ou 1:3, ou em alternativa com argamassa
bastarda, dom uma parte de cimento, para uma parte de cal, para 5 a 6 partes de areia.
Os inertes deverão estar limpos de poeiras
Os agrafos deverão ser fixos às placas através de orifícios executados nestas, com um mínimo
de 30 mm de profundidade, o que permite uma fixação mínima do agrafo de 25 mm, ficando
livres 5 mm para variações térmicas ou outros esforços dos agrafos. Deverão ter um diâmetro
superior em 1 cm ao diâmetro dos agrafos. O eixo dos orifícios deverá encontrar-se sobre o eixo
da espessura da placa.
Estes orifícios deverão ser executados, sempre que possível na oficina do marmorista.
No caso de peças junto a cunhais, e onde não é possível aplicar os agrafos normais, colocam-se
agrafos em cotovelo, ocultos sob a placa de pedra.

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2.2.3 EXECUÇÃO DE REVESTIMENTOS DE PEDRA NATURAL

2.2.3.1 Sistemas auto-portantes


O revestimento de paredes por placas de pedra auto-portantes insere-se no campo de execução
de alvenarias (e cantarias), pelo que deverá respeitar as normas para a sua execução.
As pedras são assentes topo com topo, descarregando o seu peso umas sobre as outras. As juntas
de assentamento serão executadas com argamassa de cal ou bastarda.
Deverão levar gatos, ou grampos, para solidarização com o outro, ou outros, panos de parede.
Os dois panos das paredes exteriores serão travados entre si por grampos ou ligadores de arame
de aço inox, colocados nas juntas horizontais de assentamento com gasto de cerca, nas zonas de
paredes duplas, de 1 grampo por m2.
Esses grampos deverão ser executados em material não oxidável. Deverão ser colocados de
forma a evitar o escorrimento de água para o lado interior, ao longo do seu corpo, para o que
poderão ter formato especial (curvatura ao meio) de preferência serão colocados com leve
inclinação para baixo e para o exterior.

2.2.3.2 Sistema de fixação por agrafos e pontos de argamassa

Figura 13 - Esquema de marcação da localização dos chumbadouros

1- Marcação dos locais onde serão executados os chumbadouros dos agrafos à parede e os
pontos de argamassa.
2- Abertura dos furos na parede. Os furos para chumbadouro deverão ter no mínimo 60 mm de
profundidade, de modo a permitir uma penetração do agrafo de pelo menos 50 mm, e 40 mm de
diâmetro, para que se efectua uma verdadeira solidarização do agrafo ao suporte.
3- Limpeza e humedecimento dos furos para melhor aderência das argamassas
4- Preenchimento dos furos com argamassa e execução simultânea dos pontos de argamassa. A
argamassa deverá ser do traço volumétrico 1 : 2 a 3 (cimento Portland : areia) ou 0,5:0,5: 2 a 3
(cimento Portland : cal apagada em pó: areia), devendo a areia estar limpa e apresentar
granulometria entre 0,08 mm e 2 ou 3 mm.

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Figura 14 - Revestimento de placas de pedra

Figura 15 - Pormenor da fixação dos agrafos e dos pontos de argamassa - Junta elástica

5- As placas deverão ser perfuradas nos seus topos para colocação dos agrafos. Os furos deverão
exceder em cerca de 5 mm o comprimento do agrafo e diâmetro ser superior em 1 mm o
diâmetro do agrafo. O espaço entre os agrafos devera ser preenchido por um mastique elástico
que absorva os movimentos relativos do revestimento e do suporte.
6- Colocação das placas no local, encostando-as ao suporte, de modo a inserir os agrafos,
previamente fixados às placas, no interior dos chumbadouros e de encontro aos pontos de
argamassa. Os pontos de argamassa deverão embeber completamente os agrafos, ficando, após a
compressão com um diâmetro de aproximadamente 100 mm. As placas devem ser previamente
humedecidas para aumento de aderência aos pontos de argamassa.
7- Alinhamento e aprumo das placas, com recurso a cunhas de madeira ou PVC que serão
introduzidas nas juntas horizontais e verticais entre placas.
8- Após a presa dos chumbadouros e dos pontos de argamassa, serão retiradas todas as cunhas.
9- Preenchimento das juntas entre as placas, se for desejado.

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Figura 16 - Colocação de cunhas para alinhamento das placas

Figura 17 - Sistema de fixação por agrafos e pontos de argamassa. - Preenchimento de juntas -


Juntas cheias com materiais elástico

2.2.2.3 Sistema de fixação por gatos

- Gatos Chumbados

1- Marcação dos locais onde serão executados os chumbadouros dos gatos à parede
2- Abertura dos furos na parede. Os furos para chumbadouro deverão ter no mínimo 60 mm de
profundidade, de modo a permitir uma penetração do gato de pelo menos 50 mm, e 40 mm de
diâmetro, para que se efectua uma verdadeira solidarização do gato ao suporte.
3- Limpeza e humedecimento dos furos para melhor aderência das argamassas
4- Preenchimento dos furos com argamassa. A argamassa deverá ser do traço volumétrico 1 : 2
a 3 (cimento Portland : areia) ou 0,5:0,5: 2 a 3 (cimento Portland : cal apagada em pó: areia),
devendo a areia estar limpa e apresentar granulometria entre 0,08 mm e 2 ou 3 mm.

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5- As placas deverão ser perfuradas nos seus topos para colocação dos gatos. Os furos deverão
ser cilíndricos, ter profundidade superior em 5 mm ao comprimento do estilete (com um mínimo
de 30 mm) e diâmetro superior em 1 mm ao diâmetro do estilete.
6- Colocação das placas no local, encostando-as ao suporte, de modo a inserir os gatos,
previamente fixados às placas, no interior dos chumbadouros.

Figura 18 - Gatos chumbados à parede.

7- Alinhamento e aprumo das placas, com recurso a cunhas de madeira ou PVC que serão
introduzidas nas juntas horizontais e verticais entre placas.
8- Após a presa dos chumbadouros serão retiradas todas as cunhas.
9- Preenchimento das juntas entre as placas, se for desejado.

Figura 19 - Sistema de fixação por gatos - Preenchimento de juntas

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- Gatos Fixados mecanicamente

Idêntico à fixação por gatos chumbados. O sistema de fixação mecânica deverá ser testado
previamente.
Existem no mercado várias marcas que comercializam diversos tipos de suportes de fixação, que
estão homologados por Organismos Nacionais e Internacionais.

2.2.3.4 Sistema de fixação por estrutura intermédia


A utilização de uma estrutura intermédia que faz a ligação entre o suporte e o revestimento,
permite a execução do revestimento sem ter em conta quer a natureza quer o estado do suporte,
na zona corrente, uma vez que a fixação se faz pontualmente em zonas resistente ou que foram
tornadas resistentes.
Exemplo tradicional de um sistema de fixação por estrutura intermédia é o revestimento de
fachadas com soletos de ardósia pregados a um ripado, muitas vezes executado sobre uma
parede de taipa.
A estrutura intermédia serve a distribuição ou a concentração de cargas, pela opção de fazer
muitas ou poucas ligações ao suporte. Permite pois adequar os esforços a que está sujeito o
suporte à sua capacidade resistente.
A estrutura intermédia pode ser ligada ao suporte de diversos modos, sendo geralmente
executada com gatos chumbados ou fixados mecanicamente.

2.2.4 OUTROS ASPECTOS A ATENDER NA EXECUÇÃO DESTES


REVESTIMENTOS

2.2.4.1 Protecção contra infiltrações de agua


Será garantida através da protecção da zona superior do revestimento com um elemento que
impeça a entrada de agua no espaço entre o revestimento e o suporte, mas que não impeça a
ventilação desse mesmo espaço.
O revestimento não é garantia de estanquidade, pelo que, nas ombreiras dos vãos, a
estanquidade do conjunto deverá ser garantida pela ligação directa entre a caixilharia, e a zona
da parede com protecção de estanquidade, ou, entre a caixilharia e soleiras ou peitoris, e entre
estes e a parede.

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2.2.4.2 Garantia de ventilação da lâmina de ar


Deverá ser garantida pelos seguintes cuidados.
Colocação de espaços de ventilação na base e no topo do revestimento, com cerca de 100 cm2
por ml de revestimento, o que equivale a uma frincha continua com 1 cm de largura.
Quando da existência de pontos de argamassa ou de enchimentos para reforço do revestimento
contra choques, a argamassa não deverá ser contínua, antes formando bandas de orientação
vertical.

2.2.4.3 Garantia da existência de juntas de funcionamento do revestimento.


O revestimento e o suporte têm movimentos próprios. Quando as juntas entre placas de
revestimento são totalmente preenchidas por argamassa (não elástica), devem ser deixadas
juntas livres, com algum espaçamento, para absorver os movimentos do revestimento. Por
razões estéticas estas juntas poderão ser preenchidas, todavia o material deverá ser elástico e
deformável, permitindo a absorção das dilatações e contracções nessa junta.

2.2.5 REVESTIMENTOS DE LIGANTES HIDRÁULICOS ARMADOS E INDEPENDENTES

Trata-se de revestimentos de ligantes hidráulicos armados com armadura metálica, em que o


processo de fixação à parede garante a formação de uma caixa-de-ar entre a parede e o
revestimento armado. A fixação do revestimento à parede é feita por intermédio de uma
estrutura de madeira ou metálica.

A armadura deve comportar uma folha de papel na sua face interior, para reter o revestimento
no momento em que ele é aplicado, evitando que atinja a parede.

Estes revestimentos não devem ser aplicados em superfícies horizontais, ou pouco inclinadas,
expostas à acção da chuva. Devem ser interrompidos pelo menos a 10 cm do solo e ficar com os
seus bordos inferior e superior protegidos com perfis adequados.

2.2.6 REVESTIMENTOS DE LIGANTES SINTÉTICOS ARMADOS COM FIBRA DE VIDRO

Trata-se de revestimentos delgados obtidos a partir de produtos de ligantes sintéticos com


elevado teor em ligante. São concebidos para serem empregues em tratamento curativo de
fachadas que apresentem deficiências de estanquidade, nomeadamente devidas a fissuração do
revestimento antigo. Devem ser suficientemente elásticos para manterem as características de

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estanquidade no caso de evolução (limitada) da largura ou extensão das fissuras. São aplicados
em mais de que uma demão, em demãos cruzadas para melhor cobertura do suporte. Entre as
duas primeiras demãos é incorporada uma armadura de rede de fibra de vidro, resistente aos
álcalis. A espessura total do revestimento depois de seco deve ser da ordem dos 0,7 mm.

2.2.7 REVESTIMENTOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO

Os revestimentos de impermeabilização conferem o complemento de impermeabilidade à água


necessário para que o conjunto parede-revestimento seja estanque. O revestimento deve,
portanto, limitar a quantidade de água que atinge o suporte, mas será o conjunto parede-
revestimento que globalmente assegurará a estanquidade requerida.
A conservação por parte de um destes revestimentos da sua capacidade para desempenhar a
função de impermeabilizante depende do comportamento do suporte. Em geral estes
revestimentos não reúnem condições para conservarem essa capacidade quando ocorre
degradação significativa do suporte, como por exemplo, fissuração.

2.2.7.1 Revestimentos tradicionais de ligantes hidráulicos


Os revestimentos tradicionais de ligantes hidráulicos são executados a partir de argamassas
doseadas e preparadas em obra.
São constituídos por duas ou três camadas – crespido (se necessário), camada de base (uma ou
eventualmente duas camadas) e camada de acabamento.
O número de camadas depende do tipo de suporte, das condições mais ou menos severas de
exposição às intempéries, do acabamento pretendido e do grau de protecção requerido pelas
paredes.
A aderência do revestimento ao suporte (ou a aderência entre cada uma das camadas à camada
subjacente
A necessidade de realização destes revestimentos a partir de mais do que uma camada decorre
da impossibilidade de serem integralmente conseguidas as características pretendidas destes
revestimentos se aplicados em camada única (fig. 20)

Figura 20 – Esquema do desenvolvimento de fissuras em revestimento de impermeabilização

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Se o revestimento for fortemente doseado em ligante, a fissuração será em geral acompanhada


de perda de aderência ao suporte nas zonas contíguas às fissuras. As fissuras serão de largura
elevada (o que significa que houve movimento relativo entre o suporte e o revestimento, isto é,
que houve perda de aderência), embora bastante afastadas entre si, e atravessam toda a
espessura do revestimento.

Se o revestimento for menos rico em ligante, as tensões instaladas nunca chegam a atingir níveis
elevados porque a fissuração ocorre cedo e dissipa as tensões. As fissuras são finas, embora
pouco espaçadas entre si, e em geral não atravessam toda a espessura do revestimento.

Figura 21 – Tipologia da fissuração correspondente a revestimentos de ligantes hidráulicos de


baixo e de alto teor de ligante

O que se referiu sobre a aderência do revestimento ao suporte é também válido para a aderência
das diversas camadas do revestimento entre si; o que foi referido para o revestimento deve ser
entendido como sendo também aplicável a cada camada do revestimento.
Cada camada do revestimento deve, portanto ser menos rica em ligante do que a camada
subjacente para que não a deteriore por retracção e para que seja cada vez menor a tendência
para a fissuração – regra de degressividade do teor em ligante.

Caracterização geral das diversas camadas do revestimento:

Crespido – o crespido destina-se a assegurar a aderência do revestimento ao suporte e a reduzir


ou a igualizar a tendência do suporte para absorver as águas das argamassas do revestimento.
Deve ser realizados com uma argamassa fortemente doseada em cimento e bastante fluída. O
crespido deve apresentar estrutura rugosa para proporcionar boa aderência à camada seguinte.
Esta camada cobrirá o suporte com uma espessura que pode variar entre 3 mm e 5 mm.

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 22/42
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Camada de base – à camada de base competirá garantir a planeza, verticalidade e regularidade
superficial dos paramentos e fornecer o principal contributo para a impermeabilização das
paredes. das paredes. Para ser impermeável deve ser homogénea, compacta e tanto quanto
possível, não fissurável.
A espessura desta camada será praticamente uniforme, estará compreendida entre 10 mm e 15
mm. Em nenhum ponto pode ser inferior a 8 mm.

Camada de acabamento – a camada de acabamento tem fundamentalmente funções


decorativas. Também contribui, no entanto para a impermeabilização da parede, constituindo a
primeira barreira à penetração da água, e para resistência aos choques da parede. Esta camada
deve ter um teor em ligante relativamente baixo e a sua espessura variará em geral entre 5 mm e
10 mm, conforme a textura da superfície.

2.2.7.2 Revestimentos não tradicionais de ligantes hidráulicos


Os revestimentos não tradicionais de ligantes hidráulicos são executados a partir misturas em pó
de produtos pré-doseados e embalados em fábrica, constituídos essencialmente por cimento e
areia ou cimento, cal apagada e areia, a que em obra haverá apenas que adicionar água de
amassadura na quantidade especificada na embalagem.
Estes produtos podem ser aplicados em três camadas, tal como os revestimentos tradicionais,
existindo produtos diferentes com composição adequada para cada uma das camadas, ou serem
produtos concebidos para aplicação em camada única, revestimentos de monocamada,
contendo por isso diversos tipos de adjuvantes que lhes conferem algumas propriedades, e
pigmentos que lhes permitem assegurar o acabamento final decorativo das paredes.

2.2.8 REVESTIMENTOS DE ISOLAMENTO TÉRMICO PELO EXTERIOR


EXTERNAL THERMAL INSULATION COMPOSITE SYSTEMS (ETICS)

Um revestimento diz-se de isolamento térmico quando é capaz de complementar por si só o


isolamento térmico exigível em geral ao tosco da parede-revestimento.
É um dado adquirido que o isolamento térmico deve ser colocado o mais próximo possível do
exterior, aumentando-se assim a eficácia global de isolamento da parede e evitando-se o efeito
de acumulador que a parede exterior de tijolo pode exercer. Foi assim desenvolvido nos países
nórdicos, onde há Invernos bem rigorosos, um sistema de isolamento térmico de edifícios pelo
exterior em que são fixadas placas de isolante à parede e sobre estas placas assenta um reboco
modificado que vai assegurar a impermeabilidade, a integridade do isolamento contra os
choques e a decoração do paramento. Refira-se que, se bem que este sistema tenha sido

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 23/42
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desenvolvido para evitar transferências de calor para um exterior frio, também funciona
adequadamente para evitar transferências de calor a partir de um exterior demasiado quente,
sendo ao fim e ao cabo um isolamento, isto é, uma barreira às transferências de calor.
Neste sistema, o reboco acaba por desempenhar também um papel estrutural pois, ao contrário
da aplicação tradicional, assenta sobre uma superfície com baixa compacidade e elástica.
Daí que tenha de ter a tenacidade suficiente para proteger o isolamento contra as acções do
exterior, assegurando a estanquidade do paramento. Para assumir este papel, o reboco tem de ter
boa aderência ao isolamento, tem de ser hidrofugo e tem de estar armado, pois é a armadura que
lhe vai conferir a resistência e assegurar a integridade do sistema. Refira-se que a espessura
normal deste reboco se encontra entre os 5 e 7 mm, de modo a diminuir as tensões originadas
pela retracção plástica das argamassas.

A colocação do isolamento térmico pelo exterior tem como vantagens:

• a obtenção de uma camada contínua de isolamento térmico, evitando as pontes térmicas.

• a disponibilidade de maior inércia térmica, sobretudo importante em edifícios com


ocupação permanente.

• manter-se a parede no lado isolado do edifício, estando consequentemente menos sujeita


às variações de temperatura.

O tratamento da parte envolvente de um edifício (estrutura, paredes, pavimentos e coberturas)


com isolamentos térmicos adequados, origina consideráveis reduções nos consumos de energia
para aquecimento e evita que se atinjam temperaturas excessivamente elevadas na estação
quente.

O isolamento exterior das paredes é a melhor forma de manter a temperatura a níveis adequados
e impede, indirectamente, a condensação de vapor nas paredes devido a temperaturas demasiado
baixas.A aplicação do material isolante pelo exterior da parede consegue menores amplitudes
térmicas na parede e consequentemente uma menor deterioração do material que a constitui e
ainda uma maior massa de acumulação térmica interior.

Fig.22 - Amplitude térmica resultante do isolamento pelo interior e exterior da parede

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 24/42
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Na Fig. 23 encontra-se a representação esquemática das linhas de temperatura (Verão e Inverno)


em duas paredes de igual resistência térmica, sem e com isolamento. A utilização de material
isolante permite uma redução significativa da espessura. Em virtude deste factor uma parede
simples com isolamento exterior custa praticamente ao mesmo que uma tradicional parede
dupla com caixa-de-ar

Fig. 23 - Representação esquemática das linhas de temperatura em duas paredes de igual


resistência

Outro aspecto importante é que a caixa-de-ar das paredes tradicionais não impedem a formação
de pontes térmicas (superfícies nas quais se formam condensações de vapores) como também
reduzem a massa de acumulação térmica interior, o que já não se verifica com a aplicação de
material isolante pelo exterior (Fig.24).

Fig. 24 - Comparação da parede dupla com a parede simples isolada pelo exterior

Os edifícios também estão sujeitos a perdas térmicas para o terreno, ainda que de forma
diferente das que se efectuam para o meio atmosférico: porque no terreno as amplitudes
térmicas são menores, as perdas térmicas também o são, mas, em contrapartida, são mais
constantes (dia e noite).

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 25/42
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Fig. 25 - Exemplos de formação de bolores devido à existência de pontes térmicas

Por isso, a utilização de isolante térmico na estrutura do edifício e em todo o seu perímetro
enterrado no solo é vantajosa, particularmente se o terreno é muito húmido (factor que origina
uma elevada condutibilidade térmica do solo).
Os compartimentos subterrâneos, como as caves, quando devidamente isoladas, não precisam
praticamente de aquecimento. Por exemplo, na Fig.26 pode-se observar a diferença de
temperatura de uma cave sem (A) e com isolamento (B).

Fig. 26 - Diferença de temperatura de uma cave sem e com isolamento

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 26/42
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Há vários sistemas de isolamento térmico pelo exterior:

- sistemas de isolamento térmico por revestimento delgado sobre isolante, em que o


revestimento é executado com produtos com base em ligantes sintéticos ou mistos;

- sistemas de isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante, em que o


revestimento é executado com argamassas de ligantes hidráulicos;

- sistemas de isolamento térmico por revestimento de elementos descontínuos de fixação


mecânica (revestimento de estanquidade) com isolante na caixa de ar;

- sistemas de isolamento térmico por revestimento de ligantes hidráulicos armado e


independente com isolante na caixa de ar;

- revestimentos de argamassas de ligantes hidráulicos com inertes de material isolante;

- sistemas de isolamento térmico por elementos descontínuos prefabricados

- sistemas de isolamento térmico obtidos por projecção “in situ” de isolante

Estas diversas técnicas de isolamento térmico pelo exterior podem classificar-se em dois
grandes grupos:

- os que comportam lâmina de ar ventilada entre o revestimento e o isolante;


- os que não comportam lâmina de ar ventilada entre o revestimento e o isolante

O interesse desta classificação advém do facto de serem diferentes as funções do isolante em


cada um dos grupos. Assim, ao isolante de um sistema com lâmina de ar em geral apenas se
exige que desempenhe a função de isolamento térmico, enquanto que num sistema sem lâmina
de ar ao isolante competirá ainda servir de suporte ao revestimento e participar na estanquidade
do conjunto; neste último caso, o isolante terá que possuir as necessárias características
mecânicas e de comportamento sob a acção da água.

Na Tabela 1 apresenta-se uma comparação das características dos dois grupos de sistemas de
isolamento térmico pelo exterior.

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 27/42
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Tabela 1 – Comparação de características dos sistemas de isolamento térmico pelo exterior com
ou sem lâmina de ar

Características a comparar Tipos de sistemas de isolamento térmico


Com lâmina de ar ventilada Sem lâmina de ar

Funções do isolante - Isolamento térmico - Isolamento térmico


- Suporte do revestimento
- Impermeabilização à água

Processo de fixação ao suporte - Fixação por pontos - Colagem

Elementos responsáveis pela - Revestimento - Revestimento


impermeabilização - Lâmina de ar - Isolante

Resolução do problema das -Variações absorvidas pela - Necessidade de escolha de


variações dimensionais geometria da ligação revestimento- revestimento e isolante compatíveis
diferenciais estrutura de fixação

Dificuldades de aplicação - Fachadas com vãos numerosos - Deficiências de planeza ou de


- Paredes inadequadas à fixação regularidade superficial do suporte
mecânica - Existência de revestimento antigo
não aderente ao suporte

Possibilidade de eliminação de - Ventilação da lâmina de ar -Compatibilidade das


riscos de condensação no permeabilidades ao vapor de água
isolante do revestimento e do isolante

2.2.8.1 Sistemas de isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante


Os sistemas de isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante (Fig.27) são
constituídos por:
- um isolante em placas (quase sempre poliestireno expandido) colado ao suporte;
- um revestimento (em geral de tipo não tradicional) de ligantes hidráulicos armados com
rede metálica, sobre o qual poderá ser aplicado um revestimento delgado de massas
plásticas ou uma tinta.

As placas do isolamento deverão ter ranhuras na face a revestir a fim de melhorar a aderência do
revestimento.
A armadura do revestimento, em geral de aço galvanizado, deverá ter ligações pontuais de
natureza mecânica ao suporte –cavilhas ou grampos.

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 28/42
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Figura 27 - Sistema de isolamento térmico por revestimento espesso sobre isolante

Figura 28 – Fixação da armadura com cavilhas

Figura 29 – Configurações possíveis para as ranhuras da superfície das placas de poliestireno

2.2.8.2 Sistemas de isolamento térmico por revestimento delgado sobre isolante


Os sistemas de isolamento térmico por revestimento delgado sobre isolante (Fig. 29)são
constituídos por:
- um isolante em placas (geralmente de poliestireno expandido) colado ao suporte;
- um revestimento delgado de ligante misto, armado com uma rede flexível (quase
sempre de fibra de vidro) – camada de base do revestimento;
- um revestimento de acabamento (em geral um revestimento delgado de massas
plásticas) – camada de acabamento do revestimento.
As placas de isolante são fixadas ao suporte exclusivamente por colagem. Acamada de base do
revestimento é aplicada em duas demãos entre as quais é inserida a armadura, destinada a
reduzir a fissuração e a melhorar a resistência aos choques. A espessura total do revestimento
(camada de base e camada de acabamento) sobre o isolante é inferior a 7 mm.

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 29/42
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Figura 29 - Solução corrente de sistema de isolamento térmico pelo exterior de fachadas por
revestimento delgado sobre isolante

Para se dar início à aplicação do isolamento térmico pelo exterior é preciso que as paredes
estejam alinhadas com as vigas e pilares. A aplicação das placas de poliestireno expandido auto
extinguível pode-se fazer directamente sobre o tijolo, vigas e pilares sem que estes tenham sido
rebocados. As fases da aplicação são:
- colagem das placas de poliestireno expandido auto extinguível às paredes;
- fixação mecânica das placas (fig. 30);
- colocação de cola-reboco por cima das juntas das placas e das fixações mecânicas;
- espalhar a primeira demão da camada de base juntamente com a rede de fibra de vidro;
- espalhar a segunda demão da camada de base;
- aplicar o revestimento (acabamento) (Fig 31)

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Figura 30 - Grampos de fixação, cantoneira com rede e perfil de arranque

Acabamento constituído por pequenos grãos de mármore, de uma ou mais cores, ligados por
resinas especiais

Acabamento tipo "raiado" com quartzo e acabamento do tipo "areado" também com quartzo.
Figura 31 - Exemplos de acabamentos

Fig. 32 - As diversas camadas do isolamento (da esquerda para a direita): poliestireno


expandido auto extinguível, rede de fibra de vidro, 1ª demão da camada de base, 2ª demão da
camada de base, primário e acabamento

Estes sistemas exigem um número considerável de acessórios para a sua protecção, para a
execução das ligações com outros elementos das construções e para a resolução das soluções de
continuidade. As figuras seguintes exemplificam a aplicação desses acessórios.

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Figura 33 – Perfis de protecção das extremidades inferiores dos sistemas de isolamento térmico
por revestimento delgado sobre isolante

Figura 34 – Perfis de protecção das extremidades inferiores dos sistemas de isolamento térmico
por revestimento delgado sobre isolante

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 32/42
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Figura 35- Perfis de protecção das extremidades laterais

Figura 36 - Cantoneira de protecção das arestas verticais

Figura 37 - Elementos de recobrimento ao nível dos peitoris

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Figura 38 - Soluções possíveis para aplicação da cola no verso das placas de isolante
– por pontos, por bandas ou em toda a superfície

Figura 39 - Junta dessolidarizante do sistema de isolamento térmico relativamente


a um elemento saliente rígido da construção

Figura 40- Perfil de cobre-junta

Figura 40 - Sobreposição dos bordos de faixas contíguas de armadura

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2.2.8.3 Revestimentos de argamassas de ligantes hidráulicos com inertes de material


isolante
Estes revestimentos são obtidos a partir de produtos de ligantes hidráulicos que incorporam
inertes de material isolante. Prevê em geral três camadas diferentes executadas com produtos
de ligantes hidráulicos, mas em que uma delas (camada de base) possui características
isolantes.
Admite-se que os inertes de material isolante possam assumir a forma de esferas de poliestireno
expandido ou de grânulos dos seguintes materiais: vidro expandido, perlite expandida,
vermiculite esfoliada ou cortiça expandida.
Estes revestimentos exigem como acessórios perfis de reforço de cantos ou de topos, perfis de
delimitação de juntas de dilatação, e elementos de recobrimento, para utilização por exemplo,
ao nível dos peitoris e da cobertura. Os perfis são de aço galvanizado.

Figura 41 - Topo inferior do revestimento com perfil de reforço

Figura 42 - Canto do revestimento com perfil de reforço

Figura 43 - Delimitação de uma junta de dilatação com perfis de reforço

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Figura 44 - Recobrimento do peitoril para protecção superior do revestimento aplicado em


paredes de edifícios antigos submetidos a obras de reabilitação térmica

Figura 45 - Recobrimento do revestimento sob peitoril peitoril de edifício antigo submetido a


obras de reabilitação térmica

Figura 46 – Recobrimento de platibanda e topo superior do revestimento

2.2.8.4 Sistemas de isolamento térmico por elementos descontínuos prefabricados


(“vêtures”)
Os sistemas de isolamento térmico por elementos descontínuos prefabricados (vêtures”) são
obtidos a partir de elementos previamente produzidos em fábrica, constituídos por um material
isolante em placa revestido exteriormente por uma película de natureza metálica, mineral ou
orgânica. Esses elementos chegam à obra prontos a aplicar, sendo a sua fixação aos suportes
efectuada por meios mecânicos.
Em virtude de o isolante e o revestimento serem prefabricados, a aplicação em obra destes
sistemas é feita numa operação única, dispensando as fases sucessivas inerentes às outras

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REVESTIMENTOS PARA PARAMENTOS EXTERIORES DE PAREDES CAP. 2 - 36/42
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técnicas de isolamento térmico pelo exterior das fachadas. Apresentam, no entanto, algumas
dificuldades de adaptação a pontos singulares das fachadas, como por exemplo o caso dos vãos,
que obrigam a cortes dos elementos em obra , conveniente dificuldade de tratamento das zonas
cortadas.
Os dispositivos de fixação do sistema ao suporte devem atravessar toda a espessura do conjunto
revestimento-isolante para manterem esse conjunto solidário.
Para além do problema da adaptação aos pontos singulares dos suportes, na concepção de uma
“vêture” devem também ser resolvidos correctamente dois outros aspectos: configuração das
juntas entre elementos e limitações do risco de condensações no interior do isolante.
Ao nível das juntas devem ser adoptadas disposições que as tornem suficientemente estanques
e que permitam uma certa movimentação entre elementos devida a ajustes de posição ou a
variações dimensionais por acção da temperatura.
As juntas horizontais são, em geral, de recobrimento, e portanto estanques à água. As juntas
verticais são concebidas de modo a que a água da chuva que as atinja ou a humidade de
condensação sejam por elas conduzidas ao exterior.

Figura 47- “Vêture” de reduzidas dimensões faciais

2.2.8.5 Sistemas de isolamento térmico obtidos por projecção “in situ” de isolante
Esta técnica de execução de isolantes consiste na projecção sobre as paredes de produtos que
expandindo-se adquirem características significativas de isolamento térmico.
O material expansível mais empregue é o poliuretano. A aplicação é efectuada por demãos
sucessivas, resultando de cada uma delas uma camada de espessura da ordem dos 10 mm.
São ainda muitos os inconvenientes dos sistemas de espuma de poliuretano, o que tem
impedido a sua generalização: custo elevado, toxicidade dos produtos durante a aplicação,
condicionantes de ordem climatérica e de secura dos suportes, dificuldade de obtenção de

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espuma homogénea e de adequada regularidade superficial dos paramentos revestidos,
necessidade de protecção mecânica dos paramentos.
Uma execução deficiente em obras, destes sistemas de isolamento pode conduzir a degradações
de tipologia diversa. Os tipos de degradações mais frequentes, estão resumidas no Quadro ,
onde também são referidas as respectivas causas.

Quadro – Degradações mais frequentes em sistemas de isolamento térmico por revestimento


delgado sobre isolante
Tipo de degradação Causas da degradação
Descolamento do sistema Deficiente preparação do suporte (1)
Falta de produto de colagem
Perfuração do sistema Choques devidos ao uso em zonas de paredes acessíveis aos
utentes
Choques devidos à utilização de andaimes do tipo bailéu sobre o
sistema
Deficiência de planeza do Deficiências de planeza do suporte
sistema Choques repetidos de andaimes do tipo bailéu sobre o sistema
Fissuração do revestimento Falta pontual de armadura
Falta de sobreposição dos bordos de faixas contíguas de
armadura
Insuficiente recobrimento da armadura pelo revestimento
Correcção de deficiências de regularidade dimensional das
placas do isolante mediante preenchimento das consequentes
juntas entre placas com produto de revestimento
Correcção de deficiências de planeza mediante aplicação de
revestimento em espessura sobre isolante
Utilização de acabamentos de cores escuras em paredes
frequente e prolongadamente expostas à acção directa dos raios
solares (2)
Coexistência num mesmo paramento de acabamento de cores
escuras confinando com acabamentos de cores claras (3)
Deficiências de regularidade dimensional das placas do isolante

1 – Aplicação do sistema em suportes sujos ou não decapados de revestimentos anteriormente


existentes que se encontrem deteriorados por descamação, pulverulência, etc.
2 – A temperatura dum acabamento de cor escura será bastante superior à de um acabamento de
cor clara.
3 – Os choques térmicos serão mais pronunciados em acabamentos de cor escura do que
acabamentos de cores claras.

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2.2.9 REVESTIMENTOS DE ACABAMENTO OU DECORATIVOS

A função principal de um revestimento de acabamento ou decorativo, consiste em proporcionar


às paredes um aspecto agradável.
Por não serem revestimentos de impermeabilização nem de regularização superficial, só devem
ser aplicados em suportes em que o desempenho daquelas funções já se encontre completa ou
maioritariamente garantido, pela própria parede ou por revestimento prévio, embora alguns
destes revestimentos possam contribuir de um modo significativo para a impermeabilização da
parede.
Os revestimentos de acabamento ou decorativos contribuem também para a protecção que
globalmente o revestimento deve proporcionar à parede, quer de tipo mecânico (choques, etc.),
quer de tipo químico.
São considerados revestimentos de acabamento ou decorativos, os seguintes:
- Camadas de acabamento dos revestimentos de ligantes hidráulicos;
- Revestimentos delgados de massas plásticas;
- Revestimentos delgados de ligantes mistos;
- Revestimentos de elementos descontínuos aplicados fixação directa
- Revestimentos descontínuos aplicados por colagem

2.2.9.1 Revestimento cerâmico colado em fachadas


Os requisitos aplicáveis a ladrilhos cerâmicos estão definidos na norma EN 14411, que faz a
classificação dos mesmos em função do processo de fabrico e de absorção de água.
No que se refere às dimensões dos ladrilhos, há limites para revestimentos fixados por colagem
com adesivos:
- 2000 cm2 em paredes revestidas com ladrilhos de absorção de água não superior a
0,5%;
- 3600 cm2 em paredes revestidas com ladrilhos de absorção de água superior a 0,5%;
- 300 cm2 em paredes revestidas com ladrilhos de terra cota.

Na selecção do método de fixação dos ladrilhos é importante atender aos seguintes aspectos:
• O tipo de ambiente em que se insere o sistema de revestimento e as solicitações e
desempenho esperados, atendendo: à posição da superfície a revestir (horizontal ou
vertical); à sua localização (interior ou exterior); ao uso previsto para o espaço; à
existência de condições climáticas severas (ciclos de gelo/degelo, temperaturas
elevadas, etc.) e ao desempenho esperado em função do tipo de utilização dos edifícios
(residenciais, comerciais, industriais, etc.)

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• O tipo de suporte e as suas características mecânicas, geométricas, químicas, etc.,
prestando atenção a intersecções entre diferentes superfícies
• A calendarização da obra, com particular importância para os tempos de cura/secagem
dos diferentes componentes.

Existem diferentes métodos e produtos para fixação de ladrilhos cerâmicos:


- Argamassas tradicionais;
- Cimentos-cola (c);
- Colas em dispersão aquosa (D);
- Colas de resinas de reacção (R)
A norma EN 12004, define quais as exigências a respeitar para estes tipos de produtos.

Figura 48- Técnicas de assentamento de ladrilhos cerâmicos com argamassas tradicionais em


paredes

As juntas entre ladrilhos deverão ser definidas pelo fabricante em função do tipo de aplicação
prevista, atendendo às características dos ladrilhos, nomeadamente a sua deformabilidade face
às diferentes solicitações, em particular de carácter higrotérmico.

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A aplicação com junta não superior a 1 mm é específica de produtos rectificados.
As juntas entre ladrilhos devem ser preenchidas com um produto adequado, cuja selecção
deverá ser feita em função de vários factores, nomeadamente a impermeabilidade, a resistência
à água, ao calor, aos agentes de limpeza e aos ataques químicos, a resistência ao
desenvolvimento de microorganismos e a resiliência e compressibilidade.
Para limitar os riscos de fissuração ou destacamento dos revestimentos cerâmicos, devido às
tensões originadas pelas deformações de natureza higrotérmica, é necessário prever juntas de
fraccionamento adequadas.
Nas juntas entre ladrilhos cerâmicos e caixilharias deve ser aplicado um mastique elastómero.
No entanto a estanquidade ao longo do contorno da caixilharia deve ser assegurada
independentemente desta junta.
No topo das superfícies de fachada revestidas com ladrilhos cerâmicos deverá existir uma
protecção com pingadeira adequada, conforme a figura.

Figura 48 - Protecção superior de fachadas revestidas com ladrilhos

Figura 49 – Exemplos de revestimento exterior de paredes

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2.3 BIBLIOGRAFIA

[1] LNEC (1995), Revestimentos de Paredes, Curso de Especialização, Lisboa.

[2] Lucas, C. (1990), Classificação e Descrição Geral de Revestimentos para Paredes,


Informação Técnica ITE 24, LNEC, Lisboa.

[3] Lucas, C. (1990), Exigências Funcionais de Revestimentos de Paredes, Informação


Técnica ITE 25, LNEC, Lisboa

[4] APICER (2003), Manual de Aplicação dos Revestimentos Cerâmicos, Associação


Portuguesa da Indústria da Cerâmica, Coimbra

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