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98 PanteUM mAs Técnicas Utilizando o fio de cobre, puxe 0 tubo de Craig para fora do tubo de centrifugagio. Se os cristais forem coletados na extremidade do tampao interno, a remocdo do tampao e retirada dos cristais com uma espatula sobre um vidro de relégio, um prato de argila ou um pedaco de papel fino torna-se um procedimento simples. Do contrario, sera preciso retirar os cristais da superficie interna da parte externa do tubo de Craig Eu Centrifugagao Algumas vezes, a centrifugacao é mais efetiva que as técnicas de filtraggo convencionais na remo- cao de impurezas sélidas. A centrifugacao é particularmente eficiente na remocdo de particulas sus- pensas, que sio téo pequenas que poderiam passar através da maioria dos dispositivos de filtragio. A centrifugacdo também pode ser titil quando a mistura tiver de ser mantida quente, a fim de evitar a cristalizagao prematura enquanto as impurezas sélidas sdo removidas. A centrifugacao é realizada colocando-se a mistura em um ou dois tubos de centrifugagao (certifi- que-se de equilibrar a centrifuga) e centrifugando por varios minutos. Entdo, o liquido na superficie é decantado (despejado) ou removido com uma pipeta Pasteur. PROBLEMAS 1. Em cada uma das seguintes situages, que tipo de dispositivo de filtragao vocé utilizaria? Remover carvao ativo descolorante em p6 de 20 mL de solugao. Coletar cristais obtidos na cristalizagao de uma substancia em aproximadamente 1 mL de solugao. Remover uma pequena quantidade de sujeira de 1 mL de liquido. Isolar 2,0 g de cristais de cerca de 50 mL de solucdo, depois de realizar uma cristalizacdo. Remover impurezas coloridas dissolvidas de cerca de 3 mL. de solugio. Remover impurezas sélidas de 5 mL de iquido, a temperatura ambiente. : Técnica Constantes fisicas dos sélidos: o ponto de fusao Propriedades fisicas As propriedades fisicas de um composto sio aquelas intrinsecas a determinado composto, quando ele é puro. Frequentemente, um composto pode ser identificado pela determinagao de uma série dessas propriedades. As propriedades fisicas mais comumente reconhecidas de um composto incluem cor, pontos de fusao, de ebuligao, densidade, indice de refragao, massa molecular e rotagao, Sptica. Os quimicos modemos incluem os vétius pos de espectivs (iuifiavermelhy, ressundncia magnética nuclear, massa e UY-visivel) entre as propriedades fisicas de um composto. Os espectros Técwica 9 m Constantes fisicas dos sélidos: 0 ponto de fusio 99. de um composto nao variam de uma amostra para outra. Aqui, observamos os métodos de deter- minagio do ponto de fusdo. O ponto de ebuligao e a densidade de compostos serao abordados na Técnica 13. O indice de refracao, a rotagao éptica e os espectros também serao considerados separadamente. Muitos manuais de referéncia enumeram as propriedades fisicas de substancias. Vocé deve consul- tar a Técnica 4 para ter acesso a uma completa discussdo sobre como localizar dados para compostos especificos. As obras mais titeis para encontrar listas de valores para propriedades fisicas nao espectros- Cépicas incluem: The Merck Index ‘The CRC Handbook of Chemistry and Physics Lange's Handbook of Chemistry Aldrich Handbook of Fine Chemicals Citagdes completas dessas referéncias podem ser encontradas na Técnica 29. Embora 0 CRC Handbook apresente tabelas muito boas, ele se aplica estritamente 4 nomenclatura estabelecida pela Tupac (International Union of Pure and Applied Chemistry, ou Unio Internacional para a Quimica Pura e Aplicada). Por essa razao, pode ser mais fécil utilizar uma das outras fontes de referéncia, parti= cularmente, o Merck Index ou o Aldrich Handbook of Fine Chemicals, em sua primeira tentativa de localizar informacies (veja a Técnica 4), EEA 0 ponto de fusao O ponto de fusdo de um composto ¢ utilizado pela quimica organica nao somente para identi- ficar 0 composto, mas também para estabelecer sua pureza. Uma pequena quantidade de material ¢ aquecido Ientamente em um aparelho especial, equipado com um termémetro ou termopar, um banho de aquecimento ou bobina de aquecimento, e uma lente de aumento para observar a amostra. Duas temperaturas sao verificadas. A primeira refere-se ao ponto em que a primeira gota de Iiquido se forma entre os cristais; a segunda o ponto no qual toda a massa de cristais se transforma em um liquico Iimpido. © ponto de fusdo é registrado fornecendo-se esse intervalo de fusao. Vocé pode dizer, por exemplo, que o ponto de fusdo de uma substancia é de 51 °C a 54 °C. Isto 6, a substincia se fundiu em um intervalo de 3 graus. ponto de fusdo indica pureza de duas maneiras. Primeiro, quanto mais puro o material, maior 6 seu ponto de fusdo. Segundo, quanto mais puro o material, mais estreito é seu intervalo de ponto de fusio. Adicionar sucessivas quantidades de uma impureza a uma substancia pura geralmente faz que seu ponto de fusdo diminua em proporcdo 8 quantidade de impurezas. Por outro lado, a adicao de impurezas reduz o ponto de congelamento. O ponto de congelamento, uma propriedade coligativa, é simplesmente 0 ponto de fusdo (s6lido — Iiquido) abordado pelo sentido oposto (liquido > s6lido). 1B PLA Fustio completa Intervalo ¢ primeira gota de liquid g a 5 0% oA F Figura 9.1m Uma curva de composigao de ponto de fusao, 100 Parte Um mAs Técnicas A Figura 9.1 6 um gréfico do comportamento usual do ponto de fusdo de misturas de duas subs- tancias, Ae B. Os dois extremos do intervalo de fusao (as temperaturas alta e baixa) so mostrados para varias misturas das duas. As curvas superiores indicam as temperaturas nas quais todas as amostras so fundidas. As curvas inferiores indicam a temperatura na qual se observa a fusdo iniciar. Quando se trata de compostos puros, a fusio € nitida e sem nenhum intervalo. Isso é mostrado nas laterais esquerda e direita do grafico. Se vocé comegar com A puro, 0 ponto de fusdo diminui a medida que a impureza B € adicionada. Em determinado ponto, uma temperatura minima, ou eutética, é atingida, e o ponto de fusdo comeca a aumentar até chegar ao da substancia B. A distdncia vertical entre as curvas inferiores e superiores representa 0 intervalo de fusdo, Note que para misturas que contém quantidades de impure- za relativamente pequenas (< 15%) e nao esto préximas da temperatura eutética, 0 intervalo de fusio aumenta a medida que a amostra se torna menos pura. O intervalo indlicado pelas linhas na Figura 9.1 representa o comportamento tipico. Podemos generalizar o comportamento mostrado na Figura 9.1. Substancias puras se fundem den- tro de um estreito intervalo. No caso de substancias impuras, o intervalo de fusdo se torna maior, e 0 intervalo global de fusio é reduzido. Contudo, tenha o cuidado de observar que em um ponto minimo da composicao das curvas do ponto de fusdo, a mistura frequentemente forma um eutético, que tam- bém se funde em um intervalo estreito. Nem todas as misturas bindrias formam eutéticos, e é preciso tomar certo cuidado ao assumir que toda mistura bindria segue o comportamento descrito anterior- mente. Algumas misturas podem formar mais de um eutético; outras podem nao formar nem sequer um. Apesar dessas variagdes, tanto 0 ponto de fusdo como seu intervalo sao indicativos titeis de pureza, e sio facilmente determinados por meio de métodos experimentais simples. FEEW Teoria do ponto de fusdo A Figura 9.2 € um diagrama de fase descrevendo 0 comportamento usual de uma mistura de dois componentes (A + B) em fusio. O comportamento em fusio depende das quantidades relativas de Ae Bna mistura. Se A é uma substancia pura (sem B), entao A se funde bruscamente em seu ponto de fusao 1, [sso € representado pelo ponto A a esquerda do diagrama. Quando B é uma substancia pura, ele se funde em f,; seu ponto de fusio é representado pelo ponto B & direita do diagrama. No ponto A ou no ponto B, o sélido puro passa rapidamente, com um pequeno intervalo, de sélido para liquido. Nas misturas de Ae B, o comportamento é diferente. Utilizando a Figura 9.2, considere uma mis- tura de 80% de A e 20% de B em uma base de mol por mol (isto é, porcentagem em mols). O ponto de fusdo desta mistura é dado por f,, no ponto M no diagrama. Ou seja, adicionar B a A diminui o ponto de fusio de A de t, para ty, Isso expande o intervalo de fusio. A temperatura t,, corresponde ao limite superior do intervalo de fusdo. Solugoliquida ‘ A+B G ‘Solugdo liquid + Séido B © eS Sdido A+B YedemoisA100 80 60 40 2 0 %demolsB 0 = 20 40.10 Figura 9.2 m Umi diagram de tases para a fusao em um sistema de dois componentes, Técnica 9m _Constantes fisicas dos sélidos: 0 ponto de fusio 101 A diminuicdo do ponto de fusdo de A pela adigao da impureza B acontece da seguinte maneira. A substancia A tem o menor ponto de fusdo no diagrama de fases que foi mostrado, e se aquecida, comeca a fundir primeiro. A medida que A comega a fundir, 0 sélido B comega a se dissolver no liquido A que € formado. Quando o sélido B se dissolve no liquido A, o ponto de fusao é diminuido. Para entender isso, considere 0 ponto de fusdo a partir do sentido oposto. Quando um liquido a uma temperatura elevada se resfria, ele atinge um ponto no qual se solidifica, ou “congela”. A temperatura na qual um liquido congela € idéntica ao seu ponto de fuso. Lembre-se de que 0 ponto de congelamento de um liquido pode ser reduzido adlicionanuu-se uit impureza. Una vez yue v ponto de congelamento € 0 ponto de fusio sao idénticos, diminuir 0 ponto de congelamento corresponde a diminuir © ponto de fusao, Portanto, & medida que mais impurezas sdo acrescentadas a um sélido, seu ponto de fusao se tora menor. Contudo, existe um limite até onde o ponto de fusao pode ser reduzido. Nao é possivel dissolver uma quantidade infinita da impureza no liquido. Em determinado ponto, o liquido se tornara saturado com a impureza. A solubilidade de B em A tem um limite superior. Na Figura 9.2, 0 limite de solubilidade de B no liquido A é atingido no ponto C, o ponto eutético. O ponto de fusdo da mistura nao pode ser reduzido abaixo de f., a temperatura de fusdo do eutético. Considere agora 0 que acontece quando ocorre a aproximacao do ponto de fuso de uma mistura de 80% de A e 20% de B. a medida que a temperatura aumenta, A comeca a se “fundir”. Este nao é um fenémeno realmente visivel nos estgios iniciais; ele acontece antes que o liquido seja visivel. Ocorre um amolecimento do composto até um ponto em que ele comega a se misturar coma impureza. A medi- da que A comeca a amolecer, ele dissolve B, e & medida que dissolve B, o ponto de fusio é reduzido. Essa reducdo continua até que B esteja totalmente dissolvido ou que a composicao cutética (saturagio) seja atingida. Quando a maxima quantidade possivel de b tiver sido dlissolvida, tem inicio a tusao propria- mente dita, e se pode observar a primeira apari¢ao de liquido. A temperatura inicial de fusao sera abaixo de t,.. O valor abaixo de f,, em que a fusio tem inicio, 6 determinado pela quantidade de B dissolvido em A, mas nunca ficar abaixo de f,. Uma vez que B tenha sido dissolvido, o ponto de fusdo da mistura comega a aumentar a medida que mais A comeca a se fundir. E A medida que mais A se funde, a solucio semiss6lida € diluida por mais A, e seu ponto de fuséo aumenta. Enquanto tudo isso est acontecendo, € possivel observar ambos, s6lido e liquido, no capilar usado para determinar o ponto de fusao. Assim que A comeca a se fundir totalmente, a composicao da mistura M se torna uniforme e atingira 80% de Ae 20% de B. Nesse ponto, a mistura por fim se funde bruscamente, formando uma solucio limpida. intervalo maximo do ponto de fusao seré t, ~ hy, porque f, € diminufdo pela impureza B que esta presente. A extremidade menor do intervalo de fusdo ser sempre f,; contudo, a fusio nem sempre sera observada a esta temperatura. Uma fusao observavel em f, ocorre somente quando uma grande quan- tidade de B esta presente. Do contrario, a quantidade de liquido formada em t,. sera pequena demais para ser observada. Portanto, o comportamento de fusdo que realmente ¢ observado tera um intervalo menor, como mostra a Figura 9.1 FEZ Pontos de fusao de misturas ponto de fusao pode ser utilizado como evidéncia de suporte na identificacio de um composto, de duas maneiras diferentes. Nao somente os pontos de fusao de dois compostos individuais podem ser comparados, mas um procedimento especial, chamado ponto de fusio de misturas também pode ser realizado. O ponto de fusio da mistura requer que uma amostra auténtica do mesmo composto esteja disponivel a partir de outra fonte. Nesse procedimento, os dois compostos (0 auténtico e o investigado) sao finamente pulverizados e misturados entre si, em quantidades iguais. © ponto de fusao da mistura € entdo determinado. Se houver uma diminuicao no ponto de fusio ou se o intervalo de fusio for muito expandido, em comparacdo com o das substancias individuais, vocé pode concluir que um composto atua como uma impureza em relagdo ao outro e que eles ndo sio 0 mesmo composto. Se nao houver reducaa do ponta de fusio para a mistura (a ponte de fusio é idéntic a0 de A puro e B puro), entio, A e B sio quase certamente 0 mesmo composto. 102 PanteUm mAs Técnicas EER Preenchimento do tubo de ponto de fusao Geralmente, os pontos de fusao sao determinados pelo aquecimento da amostra em um pedaco de tubo capilar com paredes finas (1 mm X 100 mm), vedado em uma das extremidades. Para empacotar © contetido no tubo, pressione delicadamente a extremidade aberta em uma amostra pulverizada do ‘material cristalino. Os cristais ficardo grudados na extremidade aberta do tubo. A quantidade de s6lido pressionada no tubo deveré corresponder a uma coluna com nao mais que 1 mm a2 mm de altura. Para fazer que os cristais descam a extremidade fechada do tubo, deixe-o cair, com a extremidade fechada para baixo, dentro de um pedaco de tubo de vidro de cerca de 2/3 m mantido na posi¢do vertical, sobre a bancada de trabalho. Quando o tubo capilar atingir a mesa de trabalho, os cristais vao se sedimentar no fundo do tubo. Esse procedimento ¢ repetido, se for necessario, Bater 0 tubo capilar na mesa de tra~ balho com os dedos nao é recomendado porque é fécil ferir os dedos caso o capilar se quebre. Alguns instrumentos de ponto de fusao, de uso comercial, tém um dispositive vibratério integrado que é projetado para 0 preenchimento de tubos capilares. Com esses instrumentos, a amostra 6 pres- sionada na extremidade aberta do tubo capilar, e o tubo é colocado na abertura do vibrador. A agio do vibrador vai transferir a amostra para 0 fundo do tubo, empacotando-a firmemente. | 9.6 | Determinagdo do ponto de fusao — o tubo de Thiele Existem dois tipos principais de aparelhos de ponto de fusio dispontveis: o tubo de Thiele e instru- atus elétricos de aquecimento comercialmente dispontveis, O tubo de Thiele, mostrado na Figura 9.3, €0 dispositivo mais simples, ejé foi amplamente utilizado. Trata-se de um tubo de vidro projetado para conter um 6leo de aquecimento (6leo mineral ou 6leo de silicone) e um termémetro ao qual é conectado um tubo capilar contendo a amostra. O formato do tubo de Thiele permite que correntes de conveccao se formem no éleo, quando este é aquecido. Essas correntes mantém uma distribuigao de temperatura uniforme pelo dleo no tubo. O braco lateral do tubo é projetado para gerar essas correntes de conveccao ¢, assim, transferir 0 calor da chama rapidamente e por igual, por todo 0 dleo. A amostra, que esta em um tubo capilar conectado ao termOmetro, fica presa por um eldstico ou por uma fina tira de tubo de borracha. E importante que esse elastico esteja acima do nivel do dleo (considerando a expansao do dleo durante 0 aquecimento), de modo que 0 6leo nao amoleca a borracha, permitindo a queda do tubo ca- pilar no leo. Se uma rolha ou tampa de borracha for utilizada para segurar o termometro, uma cunha triangular deverd ser recortada nesta , para permitir a equalizacao da pressao. otha de borracha com um eriticio, com corte em cunha Tira de borracha Figura 9.3 m Um tubo de Thiele Técnica 9m Constantes fisicas dos sélidos: 0 ponto de fusio 103 tubo de Thiele em geral é aquecido por um bico de Bunsen pequeno. Durante o aquecimento, a taxa de aumento da temperatura deve ser regulada. Segure o bico pela base e, utilizando uma chama pe- quena, movimente-o lentamente para tr e para a frente ao longo do fundo da haste do tubo de Thiele. Se 0 aquecimento estiver ocorrendo rapido demais, remova o bico por alguns segundos e, depois, rei- nicie 0 aquecimento. A taxa de aquecimento deverd ser lenta, proximo do ponto de fusao (cerca de 1°C por minuto), a fim de assegurar que o aumento de temperatura nao seja mais rapido que a taxa na qual o calor pode ser transferido para a amostra que esta sendo observada. No ponto de fusio, é neces- sdrio que o merctirio no termémetro e a amostra no tubo capilar estejam em equilibrio térmico. Determinando o ponto de fusao — instrumentos elétricos ‘Trés tipos de instrumentos de ponto de fusao eletricamente aquecidos estado ilustrados na Figura 9.4. Em cada um dos casos, 0 tubo de ponto de fusio é preenchido da maneira descrita na Segao 9.5 e colocado em um suporte localizado logo atrés da lente de aumento. O aparelho ¢ operado movendo-se 0 interruptor para a posicéo LIGADO, ajustando 0 seletor de controle potenciométrico para a taxa de aquecimento desejada e observando a amostra através da lente de aumento. A temperatura ¢ lida por meio de um termémetro ou, nos instrumentos mais modernos, por meio de um visor digital conectado a um termopar. Seu instrutor vai demonstrar e explicar o tipo utilizado em seu laboratério. A maioria dos instrumentos eletricamente aquecidos nao aquece ou aumenta a temperatura da amostra linearmente. Embora a taxa de aumento possa ser linear nos primeiros estagios de aquecimen- to, geralmente ela diminui ¢ leva a uma temperatura constante, em algum limite superior. A tempera- tura do limite superior é determinada polo ajuste do controle de aquccimento. Assim, uma familia de curvas de aquecimento em geral ¢ obtida para diversos ajustes de controle, como mostra a Figura 9.5. As quatro curvas hipotéticas mostradas (1 a 4) podem corresponder a diferentes ajustes de controle. Para um composto que entra em fusao a temperatura ,, 0 ajuste correspondente a curva 3 deve ser ideal. No inicio da curva, a temperatura esté aumentando répido demais para permitir que se determine pre mente um ponto de fusdo, mas depois da mudanga na inclinagao da curva, o aumento de temperatura diminuiré para uma taxa mais utilizével. “ Fiouna 9.4 m Aparciho de ponto de fuséo. 104 Parte UM mAs Técnicas 400) a 7 360 8 Ternperatura °C 100 20 Minutes Fioura 9.5 m Curvas de tava de aquecimento. Se 0 ponto-de fuso da amostra for desconhecido, vocé pode poupar tempo preparando duas amostras para a determinagao do ponto de fusdo. Com uma amostra, vocé rapidamente pode deter- minar um valor aproximado para o ponto de fusdo. Em seguida, repita o experimento mais cuidado- camente, utilizando a segunda amostra, Para a segunda determinagio, voce jé tem uma ideia aproxi- mada de qual deve ser a temperatura do ponto de fusdo, e uma taxa de aquecimento apropriada pode ser escolhida. Ao medir temperaturas acima de 150 °C, possiveis erros do termdmetro podem se tornar significati- vos. Para obter um ponto de fusao preciso de um sélido com ponto de fusdo elevado, talvez vocé queira aplicar uma corregao ao termémetro, conforme descrito na Técnica 13, Seco 13.4. Uma solucao ainda melhor é calibrar o termometro, segundo foi demonstrado na Seqio 9.9. FEE Decomposicao, descoloragao, amolecimento, encolhimento e sublimagao Muitas substancias s6lidas apresentam algum tipo de comportamento incomum antes da fusio. As vezes, pode ser dificil distinguir esses tipos de comportamento da fusao propriamente dita. E preciso aprender, com a experiencia, como reconhecer a fusao e como distingui-la da decomposicao, descolora- ‘do e, particularmente, do amolecimento e do encolhimento. Alguns compostos se decompdem durante a fusdo. Essa decomposicao quase sempre é eviden- ciada pela descoloracao da amostra. Frequentemente, esse ponto de decomposigao é uma proprie- dade fisica confidvel, que pode ser utilizado no lugar de um ponto de fusao real. Esses pontos de decomposicao sao indicados em tabelas de pontos de fusdo, colocando-se o simbolo d imediatamen- te apés as temperaturas relacionadas. Um exemplo de um ponto de decomposigio ¢ 0 hidrocloreto de tiamina cujo ponto de fusao estaria enumerado como 248 °d, indicando que essa substdncia se funde, com decomposi¢ao, a 248 °C. Quando a decomposicao ¢ resultado de uma reagao com o oxi- genio no ar, ela pode ser evitada determinando-se o ponto de fusio em um tubo de ponto de fusdo vedado e evacuado. A Figura 9.6 mostra dois métodos simples de esvaziamento de um tubo preenchido. O método A utilize um tubo de ponto de fusdo comum, e 0 método B constréi o tubo de ponto de fusdo por meio de uma pipeta Pasteur descartével. Antes de utilizar 0 método B, certifique-se de determinar que a ponta da pipeta se encaixard no suporte da amostra de seu instrumento de determinacdo do ponto de fusdo. 105 Vedacao “Tubo de vidro stra N pe Sento de “ube boracha presedo A | Fo) mee vaste de prssio Pata Pasteur | 1. Extromidade | 2. Prenchimenio| 9, Tampa 4. Exveziamento © 8 vedada rolrade da vedacto Figura 9.6 m Esvaziamenta e verlacan dem capita para determinaco de ponto de tusdo, Método A No método A, um orificio é perfurado através de um septo de borracha utilizando-se um alfinete grande ou um prego pequeno, e o tubo capilar é inserido de dentro para fora, a extremidade selada pri meiro. O septo € colocado sobre um pedaco de tubo de vidro conectado a uma linha de vacuo. Depois que 0 tubo é esvaziado, a outra extremidade do tubo pode ser vedada aquecendo-a e puxando-a, para que seja fechada. Método B No método B, a parte estreita de uma pipeta Pasteur de 9 polegadas € utilizada para construir 0 tubo de ponto de fusio. Vede cuidadosamente a ponta da pipeta utilizando uma chama. Certifique-se de manter a ponta virada para cima ao fazer a vedagao. Isso evitard a condensagio de vapor de agua dentro da pipeta. Quando 4 pipeta vedada € resfriada, a amostra pode ser adicionada através da extremidade aberta utilizando-se uma microespatula. Um pequeno fio pode ser utilizado para comprimir a amostra na ponta fechada. (Se seu aparelho de ponto de fusio tiver um vibrador, ele pode ser utilizado no lugar do fio para simplificar 0 empacotamento.) Quando a amostra esté no lugar, a pipeta é conectada a linha de vacuo com o tubo e, entao, é esvaziada. O tubo de amostra esvaziado ¢ vedado aquecendo-se com uma chama e puxando, para que seja fechado. Algumas substancias comegam a se decompor abaixo de seus pontos de fusao, Substancias termi- camente instaveis podem sofrer reagdes de eliminacao ou reagées de formagao de anidrido durante 0 aquecimento. Os produtos em decomposicdo que so formados representam impurezas na amostra original, de modo que o ponto de fusdo da substancia pode ser reduzido devido a sua presenca E normal, para muitos compostos, ocorrer amolecimento ou encolhimento imediatamente antes da fusdo. Esse comportamento nao representa a decomposicdo, mas uma alteracao na estruttura do cris- tal ou uma mistura com impurezas. Algumas substncias “suam’, ou liberam solvente da cristalizacao, antes da fusio. Essas alteracées nao indicam o inicio de fusdo. A fusdo propriamente dita comeca quan- doa primetra gota de liquico se torna visivel, eo intervalo de fusdo continua até que seja atingida uma 106 Parte UM mAs Técnicas temperatura na qual todo 0 sélido tenha se convertido para o estado liquido, Com a experiéncia, logo voce aprender a distinguir entre amolecimento, ou “suor”, ¢ a fusio em si. Se vocé quiser, a tempe- ratura de inicio de amolecimento, ou suor, pode ser relatada como parte de seu intervalo de ponto de fustio: 211 °C (amolecimento), 223-225 °C (Fuso). Algumas substincias sélidas tém uma presséo de vapor téo elevada, que sublimam em seu ponto de fusio ou abaixo deles. Em muitos manuais, a temperatura de sublimagdo é relacionada junto com o ponto de fusdo. Os simbolos sub, subl e, algumas vezes, s, io utilizados para designar uma substancia que sublima. Nesses casos, a determinagao do ponto de fusdo deve ser realizada em um tubo capilar vedado, a fim de evitar perda da amostra. O modo mais simples de realizar a vedacao de um tubo pre- enchido é aquecer a extremidade aberta do tubo em uma chama e puxar para feché-la, usando pincas ou f6rceps. Uma técnica melhor, embora mais dificil de dominar, 6 aquecer o centro do tubo em uma pequena chama, girando-o em tomo de seu eixo, e manté-lo em linha reta até que o centro amoleca € © tubo se rompa, Se isso nao for feito rapidamente, a amostra poder se fundir ou sublimar, enquanto vocé esta trabalhando. Com um espago menor, a amostra nao poderd migrar para a parte superior, fria, do tubo, que pode estar acima da érea de visualizacdo. A Figura 9.7 ilustra o método. KEEN Calibracao de termémetro Quando a determinacao de um ponto de fusdo ou ponto de ebuligao tiver sido concluida, espera- -se obter um resultado que duplica exatamente o resultado registrado em um manual ou na literatura original. Entretanto, nao ¢ dificil encontrar uma discrepancia de varios graus e relacao an valor descrit, na literatura. Tal discrepancia nao indica, necessariamente, que o experimento tenha sido realizado in- corretamente ou que 0 material seja impuro; em vez disso, ela pode indicar que o termémetro utilizado para a determinacao estava ligeiramente errado, A maioria dos termémetros nao mede a temperatura com uma exatidao perfeita. A fim de determinar valores precisos, é necessério calibrar o termémetro utilizado. Essa calibra- cao é feita determinando-se os pontos de fusio de varias substincias padrao com o termémetro. Em seguida, deve-se desenhar um grafico da temperatura observada em relacao ao valor publicado de cada substancia padrao, Uma linha suave é tracada entre esses pontos para completar 0 grafico. A Figura 9.8 mostra um grifico de corregao preparado dessa maneira. Esse gréfico é empregado para corrigir qualquer ponto de fusdo determinado com o referido termometro. Cada termometro exige a propria curva de calibragio. Uma lista de substancias padrao adequadas para a calibracao de termé- metros é fornecida na Tabela 9.1. Naturalmente, as substancias padrao devem ser puras, para que as corregdes sejam validas. Ficuna 9.7. m Vedagdo de um tubo para uma substancia que sublima, Técwica 9m Constantes fisicas dos sélidos: 0 ponto de fusio 107 250 Tormémetro A 200. 150 100: Leitura do termémetro (0) eo) 50 100 180 200 230 ‘Tomperatura comigiaa Fiouna 9.8 m Uma curva de calibragio de termémetro Taseta 9.1 m Padres de ponto de tusdo Composto Ponto de fusio (°C) Gelo (agua sblida-liquida) 0 Acetanilida us Benzamida 128 Ureia 132 Acido sucefnico 189 Acido 3,5-dinitrobenzoico 205 Das rf 4. Duas substancias, A e B, tém o mesmo ponto de fusdo. Como € possivel determinar se so a mesma substancia, sem utilizar nenhuma forma de espectroscopia? Explique com detalhes. 2. Utilizando a Figura 9.5, determine qual curva de aquecimento seria mais apropriada para uma substancia com um ponto de fusio de aproximadamente 150 °C. 3. Quais etapas vocé pode seguir para determinar o ponto de fusdo de uma substancia que sublima antes de fundir?

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