- 3 factores a considerar: qualidade dos inertes, qualidade dos ligantes, qualidade da ligação
entre os inertes e o ligante
Argamassas simples – apenas 1 ligante (cal, gesso, cimento): designam-se pelo ligante
Argamassas bastardas – mais do que 1 ligante (gesso + cal; cimento + cal)
Qualidades a exigir
- compacidade – estudos de Feret
- resistência mecânica – problema da maneabilidade (muita água – boa trabalhabilidade e
aderência, má resistência, compacidade e impermeabilidade – solução: colocar mais cimento;
muito cimento – boa resistência, grande fissuração); depende do factor água/cimento
- impermeabilidade – penetração por capilaridade ou pressão; quanto mais compacto menos
impermeável
- trabalhabilidade – chama-se permeabilidade de uma argamassa à facilidade de manuseio,
transporte e colocação em obra; não pode ser quantificada, mas simplesmente avaliada
(ensaio de espalhamento)
- aderência ao suporte
- constância de dimensões durante a presa e o endurecimento – durante a presa e o
endurecimento pode ocorrer: contracção por evaporação da água; expansibilidade devido à
expansibilidade do ligante.
Exemplos
Reboco exterior – 1:5 (cal); 1:1:5 (cal+cimento)
Reboco interior – 1:7 (cal); 1:3:7 (cal+cimento)
Alvenaria de tijolo – 1:6 (cimento)
Alvenaria de pedra – 1:5 (cimento)
Assentamento de manilhas – 1:3 (cimento)
Assentamento de mosaicos – 1:8
Betonilha – 1:3:5
Condições de cura – não se deve rebocar em zonas viradas ao sol no Verão; deve humedecer-
se a superfície se necessário; pode aplicar-se membranas de cura; deve sombrear-se as
empenas; se a evaporação for mais rápida que a retracção de hidratação faz com que a
argamassa perca coesão e se desfaça.
Argamassas bastardas – mais indicadas para deformações dos edifícios porque se adaptam
melhor com a menor fissuração devido à junção da cal ao cimento -> diminuição da contracção
por secagem, aumento da trabalhabilidade, aumento da aderência à superfície (a cal retém a
água da amassadura e reduz a possibilidade de absorção pelo suporte), redução da fendilhação
por retracção, aumento da impermeabilidade efectiva do reboco. Tem menor resistência inicial
mas este facto não é importante.
Adjuvantes – plastificante (permite reduzir a água -> maior tensão de rotura, trabalhabilidade,
impermeabilidade); aceleradores de presa; retardadores de presa; impermeabilizante;
expansivos.
INERTES
Também denominados agregados, são materiais sólidos sem propriedades aglutinantes. São
usados para fazer betões e argamassas, dado serem mais baratos do que os cimentos,
diminuindo o custo da obra. Diminuem as retracções dado que os inertes não diminuem de
volume.
Classificação:
- quanto à dimensão das partículas – agregados finos (areias) < 4mm (peneiro nº4); agregados
grossos (britas e godos) > 4mm
- quanto à baridade – leve (<2tn/m3); normal (2 a 3tn/m3); pesado (>3tn/m3)
- quanto ao modo de obtenção – britados (artificial) -> britas e areias; naturais –> godos e
areias;
- quanto à origem – sedimentares, eruptivos, metamórficos
· Módulo de elasticidade
Também só pode ser determinado se se conhece a rocha mãe. O ensaio é feito da forma
usual, isto é, durante o ensaio de compressão ou tracção medem-se instantaneamente as
tensões e as extensões. Elabora-se então um gráfico tensões-deformações sendo o valor
da tangente do troço inicial recto correspondente ao módulo de elasticidade (E). Quanto
mais esférica for a partícula melhor ela se auto-arruma -> maior compacidade e maior
resistência mecânica
· Trabalhabilidade
Facilidade com que o material é trabalhado. Quanto mais esférica for a partícula melhor a
trabalhabilidade. Aumento da quantidade de água -> aumento da trabalhabilidade e
diminuição da resistência mecânica
· Análise granulométrica
Depois da resistência mecânica é sem dúvida a composição granulométrica a característica
mais importante, dado condicionar de forma determinante a compacidade do betão
- granulometria – distribuição das percentagens das partículas com determinadas
dimensões
- análise granulométrica – método para a determinação da granulometria
- curva granulométrica – exprime as percentagens de inerte que passam em cada parcela
(Obtenção: a amostra deve ser seca para evitar a agregação dos finos e obturação dos
peneiros; a massa da amostra é função da máxima dimensão; valores a reter: massa retida
em cada peneiro, percentagem retida em cada peneiro; percentagem total que passa
através do peneiro; percentagem total que fica retida no peneiro)
- máxima dimensão de um inerte – Dmax – menor abertura do peneiro onde passam pelo
menos 90% da amostra. Condiciona: a dosagem mínima de ligante, volume de vazios,
distância entre armaduras, espessura de recobrimento, geometria das peças a betonar.
- módulo de finura – soma das percentagens totais que ficam retidas em cada peneiro, da
série normal, dividida por 100. A série normal começa abaixo do peneiro de 0,149m e
estende-se segundo uma progressão geométrica de razão 2 até à máxima dimensão do
inerte. Quanto maior o módulo de finura, maior será o agregado.
O módulo de finura indica a dimensão média correspondente ao peneiro cujo nº de série é
igual ao módulo de finura.
Tipos de granulometria – contínua (inertes de todas as dimensões); descontínua
(constituída apenas por inertes de determinada dimensão). Máxima compacidade -> Maior
resistência.
· Índice volumétrico
A forma das partículas influi de forma acentuada sobre as propriedades do betão
(trabalhabilidade, ângulo de atrito interno, compacidade, etc). A caracterização
geométrica faz-se com a determinação da espessura (E), largura (L) e comprimento (C).
Partículas achatadas E/L<0,5; Partículas alongadas C/L>1,5. As partículas deste tipo tem
pequena esfericidade -> maior atrito na arrumação.
Índice volumétrico=volume real da pedra/volume da esfera envolvente.
Ideal -> material esférico e rugoso -> maior arrumação e aderência.
· Ligação inerte-ligante
- uma má ligação diminui a resistência mecânica do betão
- menor irregularidade das partículas -> menor aderência inerte-ligante pois há menor
atrito entre eles -> o inerte britado tem melhor aderência que o inerte rolado.
Características que influenciam a ligação: irregularidade, porosidade (maior porosidade ->
maior tendência para puxar a água para o seu interior e com ela vem também o cimento)
BETÃO
Definição – material formado por uma mistura de cimento, agregados finos e grossos e água,
podendo conter adjuvantes e ultra finos.
Água de amassadura – todas as águas potáveis podem ser utilizadas na amassadura do betão.
A ãgua de amassadura influi nas propriedades do betão através das suas substâncias:
dissolvidas (afectam as resistências mecânicas e química do betão e das armaduras), em
suspensão (afecta a compacidade e especialmente o crescimento cristalino dos produtos de
hidratação do cimento
Substâncias em suspensão
- normalmente são a argila e sílica
- a argila poderá obturar os poros capilares do cimento endurecido contribuindo para o
aumento da compacidade (isto em pequenas quantidades).
- a presença de maiores quantidades impede a cristalização dos produtos de reacção do
cimento com a água diminuindo a coesão
Substâncias em solução
- iões que alteram as reacções de hidratação do cimento (presa e endurecimento)
- iões que podem levar a expansões a longo prazo que põem em risco a estabilidade do sólido
- iões capazes de promover a corrosão e as armaduras
Influência de pH
- o HCl e o H2SO4 são excelentes retardadores de presa do cimento
- no caso de cimentos com elevado teor de escória, uma água com pH=4 pode ter uma acidez
tal que impeça mesmo a hidratação da escória
- a alcalinidade da água é geralmente conferida pelos carbonatos e bicarbonatos alcalinos que
pequena proporção retardam a presa, mas em proporção superior a 0,2% aceleram-na,
reduzindo por isso tensão de rotura final
Adjuvantes
- se bem que por vezes, o emprego de adjuvantes seja uma necessidade, é conveniente insistir
sobre o facto de que a primeira condição para o seu emprego adequado é fabricar
correctamente o betão. Não se deve supor que a incorporação do adjuvante possa corrigir o
betão mal fabricado
Efeitos:
- expõe-se uma área superficial do cimento à hidratação que progride portanto a uma
velocidade mais elevada -> aumento da tensão de rotura, comparando com a de uma betão
com a mesma relação A/C mas sem adjuvante
- diminui-se a água de amassadura, quando se pretende manter a trabalhabilidade
- a adesão das moléculas de adjuvante retarda o contacto dos grãos de cimento com a água ->
retarda a presa
Introdutores de ar
O betão endurecido contem vazios que são provenientes quer de ar natural (introduzido
aquando da amassadura) e que não foi possível expulsar durante a vibração e a compactação,
quer de evaporação de parte da água de amassadura, porque apenas 20% ou 30% desta é
necessária para a hidratação do cimento.
Uma das vantagens de introduzir ar é aumentar a resistência do betão aos ciclos de
gelo/degelo. Um efeito secundário é a redução da capilaridade, o que diminui a
permeabilidade
Efeitos:
O ar introduzido desempenha simultaneamente o papel de um fluido e de um inerte:
- diminui a água de amassadura
- melhora a reologia do betão fresco
- diminui a tensão de rotura
- a capilaridade do betão com ar introduzido é inferior, melhorando a impermeabilidade
Trabalhabilidade de um betão
Maior ou menor facilidade com que um betão é transportado, colocado, adensado e acabado e
a maior ou menor facilidade com que se desagrega ou segrega durante estas operações
Medição da trabalhabilidade
- Ensaios de penetração – ex. agulha
- Ensaios de queda
- Ensaios de escoamento
- Ensaios de amassadura
- Ensaios de abaixamento
- Ensaios de compactação
- Ensaios de deformação
Actualmente existem dois métodos que pela sua simplicidade são praticamente adoptados em
todos os estaleiros – Método Vêbê (para betão que deve ser vibrado), Método de Abrams
(para betão mais mole, menos próprio para ser vibrado)
Controlo de qualidade
O controlo de qualidade faz-se ao betão fresco como também ao betão endurecido
· Betão fresco
· Betão endurecido
- resistência à compressão
- os betões podem ser produzidos em: obra (inconveniente de não ter controlo) ou em centrais
industriais
- Transporte – nos camiões os depósitos estão sempre a rodar para haver uma mistura
- Colocação:
- bombagem – maior fluidez -> maior facilidade de bombagem (o aumento da fluidez
consegue-se por: aumento de água, aumento da relação A/C, aumento dos finos, adjuvantes)
- projecção – via seca (mangueiras distintas para o cimento e a água), via húmida (na
mesma mangueira projecta-se o cimento+água)
Vibração do betão
- Finalidade – fazer sair o ar, compactar o betão arrumando-o, tornar o betão mais resistente
- A vibração não deve ser pouca nem muita -> segregação (efeito da separação do betão, ou
seja, separação dos grossos (por baixo) e dos finos (por cima))
- O vibrador deve ser retirado lentamente e a trabalhar
- A compactação pode ser manual (apiloamento), mecânica (interior, exterior de superfície)
- Não utilizar nem martelos nem ferros para a vibração
- Vibração
- frequência – o número de impulsos ou de pequenos golpes a que se submete a
mistura de betão num minuto
- intensidade – máxima deslocação da superfície vibrante entre dois impulsos
consecutivos
- Alta frequência (pouca energia) – move os finos que actuam como lubrificantes e que
facilitam o arrumo
- Média frequência (energia média) – move os inertes médios
- Baixa frequência (muita energia) – move os inertes mais pesados
Equipamentos de vibração:
- Régua vibradora – régua composta por um chassis metálico, em cima do qual se instala um
motor vibrador (grandes superfícies de betão e pavimentos em geral)
- Mesa vibradora – plataforma metálica, reforçada com perfis metálicos, suportada por quatro
ou mais apoios com amortecedores, debaixo da qual se aplicam mais vibradores (estaleiros de
pré-fabricação)
- Talocha vibradora – placa de aço mais ou menos reforçada, com dispositivo para fixação do
motor vibrador. Utiliza-se na vibração superficial para alisar e compactar superfícies
normalmente já vibradas.
Retracção do betão
- Razão – os componentes hidratados têm maior volume que os componentes anidros. Com a
diminuição da quantidade de água aumentam as tensões sólido-sólido com a consequente
contracção. Peças esbeltas com grande superfície específica, retraem mais que as peças
compactas
Cura do betão
Consiste essencialmente em garantir que a água de amassadura não se liberte
Processos de cura:
- regar (manter molhada/saturada a superfície do betão) – baixa a temperatura à superfície do
betão; é benéfico no sentido em que, no caso de se dar o aquecimento do betão, além de
haver libertação da água, haveria também fissuração resultado da retracção (arrefecimento)
- membrana de cura – aplicada na superfície do betão e impermeável; impede a libertação do
vapor de água (água de amassadura)
C20/25 – vivendas
C25/30 – edifícios de pequeno porte
C30/37 – edifícios de médio a grande porte
C35/45 – pontes
Cilindro – tem o inconveniente de ter que se rectificar a superfície por onde o cilindro foi
betonado (tornar a superfície paralela à base) para se efectuar o ensaio à compressão
Cubo – não são necessárias rectificações; tem o inconveniente do efeito de confinamento ser
maior que no cilindro, o que induz variações nos resultados obtidos (a resistência o cubo é
maior que no cilindro)
Betões leves
- estrutural (18Kn/m3) – passadiços de pontes
- de enchimento (8 a 10Kn/m3) – cobertura de pisos de casas-de-banho
Efeito de parede
Nas superfícies que fazem o limite entre o betão e as faces do molde ou das
armaduras, dá-se uma atracção de partículas finas. Assim, as partículas finas abandonam a
massa interior do betão para se dirigirem a essas superfícies. A este acontecimento chama-se
efeito de parede. Este efeito provoca alterações na compacidade do betão, criando espaços
vazios na mistura. Por esta razão é necessária uma maior quantidade de mistura de betão,
para que os espaços vazios sejam ocupados. Este efeito depende da área da superfície em
questão (quanto maior for a área, mas betão será necessário)