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PRINCIPIOS DO TRATAMENTO BIOLOGICO DE AGUAS RESIDUARIAS Lagoas de e stabilizacdo MARCOS VON Departamento de Engenharia Sanitaria e Ambiental - DESA SPERLING Universidade Federal de Minas Gerais Os dois volumes iniciais da série centraram-se nos aspectos introdutsrios e fun- fentais do tratamento de esgotos. A partir deste terceiro volume, passam a ser abordados sistemas de tratamento especificos. Os volumes subsequentes enfocarao, cada um, os seguintes sistemas de tratamento: lodos ativados, reatores anaerébios tratamento e disposi¢ao final de lodo de esgotos. O presente volume enfoca o sistema de tratamento de esgotos por lagoas de estabilizacao. Sao descritos os principios basicos ¢ os critérios de dimensionamento dos principais sistemas para remogio da matéria carbonécea (lagoas facultativas; sistema de lagoas anaerébias — lagoas facultativas; lagoas acradas facultativas; sis- tema de lagoas aeradas de mistura completa — lagoas de decantagao) e para remo- ‘cdo dos organismos patogénicos (lagoas de maturagio). Apés tal, so descritos os principais aspectos construtivos, e dadas as diretrizes para a manutencfio e operagaio dos sistemas. Em consonaneia com a prépria simplicidade conceitual do proceso de tratamento por lagoas, o volume adota uma abordagem de apresentagio de informagées de uma forma direta e simplificada, para cada um dos sistemas descritos. Para cada sistema, apresenta-se um exemplo completo de dimensionamento, objetivando se obter as gran- des dimensdes das unidades para alocagio no terreno, bem como uma estimativa das caracteristicas do efluente a ser langado no corpo receptor. Como em todos os volumes desta série, nao ha grande preocupagio com o detalhamento dos projetos, para o qual ha outras referéncias disponiveis, além de catélogos de fabricantes. Por se tratar de uma série, este yolume pressupde uma continuidade temdtica com os dois volumes que 0 precederam. No entanto, procurou-se dar uma certa auto-suficiéncia, de forma a reduzir o mimero de consultas cruzadas aos demais volumes. Retomando um comentario do prefacio do primeiro volume, deve-se encarar a presente série apenas como uma contribuicao, dentro de um esforco mais amplo, que deve ser abragado por todos nés, de implantar no pafs uma infra-estrutura sani- taria que permita a melhoria das condigées ambientais e da qualidade de vida nossa populagao. O autor considera como totalmente bem-vindos quaisquer coment tes para a melhoria deste volume, ou de qualquer dos outros vol 4 Finalmente, gostaria de agradecer a todos aqueles que con! seguem contribuindo para a realizagao desta série. Em tel i decimento a todos que se motivaram, juntamente 0 f aos livros. Em termos institucionais, as entidades : bilizagao do empreendimento: Departamento. selho Nacional de Desenvolyims SUMARIO CAPITULO 1 Introdugio CAPITULO 2 Lagoas facultativas . INTRODUCAO . DESCRICAO DO PROCESSO . AINFLUENCIA DAS ALGAS . AINFLUENCIA DAS CONDICOES AMBIENTAIS .. . CRITERIOS DE PROJETO..... ESTIMATIVA DA CONCENTRACAO EFLUENTE DE DBO. 2.6.1. A influéncia do regime hidraulico 2.6.2. DBO efluente soltivel e particulada 2.6.3. A remogio de DBO segundo o modelo de mistura completa 2.6.4. A remogiio de DBO segundo o regime hidréulico de fluxo dis ARRANIOS DE LAGOAS.... . ACUMULO DE LODO .. . CARACTERISTICAS DE OPERACAO. . POLIMENTO DE EFLUENTES DE LAGOAS . EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO Capitulo 3 Sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultativas 3.1. INTRODUCAO.. 3.2. DESCRICAO DO PROCESSO 3.3. CRITERIOS DE PROJETO PARA AS LAGOAS ANAEROBIAS ...01.0 3.4. ESTIMATIVA DA CONCENTRAGAO EFLUENTE DE DBO DALAGOA. ANAEROBIA ... 66 3.5. DIMENSIONAMENTO DAS LAGOAS FACULTATIVAS APOS LAGOAS ANAEROBIAS .... 68 — a 41. 4.2. 43. 44, 45. 4.6. 47. 48. 4.9. 5.1. 5.2. Bis 5.4. aa. 5.6. 5.7, 5.8. 6.1 6.2. 6.3. . ACUMULO DE LODO NAS LAGOAS ANAEROBIAS.. . EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ... CAPITULO 4 Lagoas acradas facultativas INTRODUCAO... DESCRIGAO DO PROCESSO CRITERIOS DE PROJETO .... ESTIMATIVA DA CONCENTRACAO EFLUENTE DE DBO REQUISITOS DE OXIGENIO SISTEMA DE AERACAO...... REQUISITOS ENERGETICOS ACUMULO DE LODO .. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ..... CAPITULO 5 Sistema de lagoas aeradas de mistura completa seguidas de lagoas de decantagio INTRODUCAO... DESCRIGAO DO PROCESSO .. CRITERIOS DE PROJETO DAS LAGOAS AERADAS .. ESTIMATIVA DA CONCENTRACAO DE DBO EFLUENTE DA LAGOA AERADA.. REQUISITOS DE OXIGENIO NA LAGOA AERADA REQUISITOS ENERGETICOS NA LAGOA AERADA..... DIMENSIONAMENTO DA LAGOA DE DECANTAGAO EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO ... CAPITULO 6 & Remogiio de organismos patogénicos INTRODUGAO..... DESCRIGAO DO PROCESSO ... ESTIMATIVA DA CONCENTRACAO EFLUENTE DE COLIFORMES 6.3.1. A influéncia do regime hidrdulico ...... zi Os regimes hidréulicos idealizados 6.3.3. O regime hidrdulico de fluxo disperso ... 6.3.4. O coeficiente de decaimento de coliformes Ky, segundo o regime de fluxo disperso 12 6.3.5. O coeficiente de decaimento bacteriano Ky, segundo o regime de mistura completa 1 6.3.6. Resumo dos coeficientes de decaimento bacteriano Ky, 118 6.4. REQUISITOS DE QUALIDADE PARA O EFLUENTE .. 118 6.5. CRITERIOS DE PROJETO PARA A REMOCAO DE COLIFORMES ... 122 6.6. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO 6.7, REMOCAO DE OVOS DE HELMINTO! 135 CAPITULO 7 Remogio de nutrientes 7.1. REMOGAO DE NITROGENIO. 7.2. REMOCAO DE FOSFORO.. CAPITULO 8 Lagoas de estabilizacao como pés-tratamento de efluentes de reatores anaer6bios LAGOAS DE ESTABILIZAGAO COMO POS-TRATAMENTO DE EFLUENTES DE REATORES ANAEROBIOS.. CAPITULO 9 Acraciio do efluente em escadas ou quedas d“4gua AERACAO DO EFLUENTE EM ESCADAS OU QUEDAS D’AGUA...... CAPITULO 10 Aspectos construtivos 10.1, INTRODUGAO.. 10.2. LOCACAO DAS LAGOAS. 10.3. DESMATAMENTO, LIMPEZA E ESCAVACAO DO TERRENO 10.4. TALUDES ........0.0 10.5. FUNDO DAS LAGOAS 10.6. DISPOSITIVOS DE ENTRADA 10.7. DISPOSITIVOS DE SAIDA..... CAPITULO 11 Manutenciio e operagao 11.1. INTRODUGAO.. 11.2. EQUIPE DE TRABALHO...... 11.3. INSPECAO, COLETAS E MEDICOES 11.4. INICIO DE OPERAGAO...... 11.4.1, Carregamento das lagoas Inicio de operagao de lagoas anaerdbias . Inicio de operaciio de lagoas facultativas _ Inicio de operagao de lagoas em sistemas em série 11.5. PROBLEMAS OPERACIONAIS ...... CAPITULO 12 Gerenciamento do lodo de lagoas de estabilizagio 12.1, PRELIMINARES 12.2. CARACTERISTICAS E DISTRIBLIGAO DO LODO NAS LAGOAS DE ESTABILIZAGAO... fe REMOGAO DO LODO DAS LAGOAS DE ESTABILIZACAO Ra Informagdes sobre o volume de lodo a ser removido Técnicas aplicdveis na remogio do odo. Remogao de lodos com desativagiio temporaria da lagoa Remocio de lodos com manutengéo da lagoa em funcionamento. Vantagens e desvantagens das técnicas apresentadas ... REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS .... CAPITULO 1 Introducao sistemas de lagoas de estabilizacao constituem-se na forma mais simples tratamento dos esgotos. Hé diversas variantes dos sistemas de lagoas de {io, com diferentes niveis de simplicidade operacional requisitos de Area. guintes os sistemas de lagoas abordados no presente texto: facultativas ia de lagoas anaerébias seguidas por lagoas facultativas aeradas facultativas 1a de lagoas aeradas de mistura completa seguidas por lagoas de decantagéio N destas lagoas, cujo principal objetivo é a remogdio da matéria carbondcea, m-se também as lagoas de maturagao, direcionadas & remocio de organis- da outras variantes do sistema de lagoas, tal como listado no Volume 1 da Série. No entanto, no presente texto, so analisadas em maior detalhe ape- goas citadas acima. ira geral, as lagoas de estabilizagiio s’o bastante indicadas para regides quente e paises em desenvolvimento, devido aos seguintes aspectos: nte disponibilidade de area em um grande numero de localidades avordvel (temperatura e insolagio elevadas) 0 simples ‘idade de poucos ou nenhum equipamento jjadro 1.1 apresenta uma descrigdo sucinta dos principais sistemas de lagoas . Os respectivos fluxogramas encontram-se nas Figuras 1.1 ¢ jadro 1.2 apresenta uma comparacao entre as principais caracteristicas dos de lagoas analisados. Com relagio & remogao de organismos patogénicos hente ditos, uma série de lagoas, incluindo lagoas de maturagdo, é capaz de eguintes eficiéncias de remogao (Mara et al, 1992): até 6 unidades logaritmicas (99,9999%) 4 unidades logaritmicas (99,99%) © Quadro 1.3 apresenta um balango de vantagens € desvantagens de cada siste- ma de lagoas. © Quadro 1.4 lista os principais parametros utilizados nos projetos de lagoas, os quais encontram-se detalhados no restante do texto. Quadro 1.1. Descrigdo sucinta dos principais sistemas de lagoas de estabilizacio tema Descrigao Lagoa A DBO soltivel ¢ finamente particulada é estabiizada aerobiamente por bactérias facuitativa cispersas no meio liquido, ao passo que a DBO suspensa tende a sedimentar, sendo cconvertida anaerobiemente por bactérias no fundo da lagoa. O oxigénio requerido pelas bactérias aerobias ¢ fornecid pelas algas, através da olossintese. Lagoa ADBO é em torno de 60 a 70% removida na lagoa anaerdbia (mais profunda e com anaerébia- menor volume), enquanto a DBO remanescente é removida na lagoa facultativa. O Jaga _ sistema ocupa uma Area inferior ao de uma lagoa facuttativa Unica. facultative Lagoa aerada Os mecanismos de remogao da DBO sao similares aos de uma lagoa facultativa. No facultativa —entanto, 0 oxigénio é fornecido por aeradores mecanicos, ao invés de através da fotossintese, Como a lagoa é também facultativa, uma grande parte dos sélidos do asgote ¢ da biomassa sedimenta, sendo decomposta anaerobiamente no fundo. Lagoa aerada A energia introduzida por unidade de volume da lagoa é elevada, 0 que faz com que os ‘de mistura_sélidos (principalmente a biomassa) permanegam dispersos no meio liquido, ou em completa mistura completa. A decorrente maior concentragao de bactérias no meio liquido fagoa de aumenta a eficiéncia do sistema na remogao da DBO, o que permite que a lagoa tenha decantagao um volume inferior ao de uma lagoa aerada facultativa, No entanto, o efluente contém elevados teores de séiidos (bactérias), que necessitam ser removidos antes do langamento no corpe receptor. Alagoa de decantacgo a jusante proporciona concigses para esta remogao. 0 lado da lagoa de decantagao deve ser removido em periodos de poucos anos. Lagoa de 0 objetivo principal da lagoa de maturacdo 6 a remogéo de organismos patogénicos. Nas, maturagéo \agoas de maturagdo predorinam condigées ambientais adversas para bactérias patogénicas, como raciagao ultravioieta, elevado pH, elevado OD, temperatura mais baixa que a do corpo humano, falta de nutriantes @ predagao por outros organismos. Ovos de helmintos e cistos de protozoairios tendem a sedimentar. As lagoas de maturagao constituem um pés-tratamento de processos que objetivem a remogao da DBO, sendo usualmente projetadas como uma série de lagoas, ou como uma lagoa nica com divisées por chicanas. A eficiéncia na remogao de coliformes é elevadissima. 12 Lagoas de estabilizacao SISTEMAS DE LAGOAS DE ESTABILIZAGAO LAGOA FACULTATIVA RECEPTOR GRADE peARelA DEVAZAD SS y & fe ah LAGOA ANAEROBIA - LAGOA FACULTATIVA cor, eso ae ORME DEAR, BEVEAD LAGOAANAEROBIA —_LAGOAFACULTATIVA’ LAGOA AERADA FACULTATIVA _— cu, wR (aan IER GRADE paren DE VA yo a bia LAGOA AERADA DE MISTURA COMPLETA - LAGOA DE DECANTAGAO LAGDRAERADADE — Lagoape —-RECEFTOR noche MSTURACOMPLET — nREREAERO Sa ona GRADE pe AREA of = Fig. L1. Fluxogramas dos principais sistemas de lagoas de estabilizagtio para a remogao da DBO Introdugéio 1B Quadro 1.3. Balango de vantagens e desvantagens dos sistemas de lagoas de estabilizagdo LAGOA ANAEROBIA - LAGOA FAGULTATIVA - LAGOAS DE MATURAGAO Vantagens Desvantagens * Satisfat6ria eficiéncia na remogao de DBO # Razodvel eficiéncia na remogao de atégenos * Construcdo, operactio e manutengéio simples ‘+ Reduzidos custos de implantagao operacao * Aus@ncia de equipamentos mecanicos + Requisitos energéticos praticamente nulos « Satisfatéria resisténcia a variagdes de carga ‘* Remogao de lodo necasséria apenas apés periodos superiores a 20 anos © Elevados requisites de area * Dificuldade em setisfazer padres de langamento resiritivos ‘* Asimplicidads operacional pode trazer © descaso na manutengéo (crescimento de vegetacéo) Possivel necessidade de remocao de algas do efluente para o cumprimento de padroes rigorosos '* Performance variavel com as condigdes climaticas (temperatura e insolagao) + Possibilidade do crescimento de insetos * Idem tagoas facultativas ‘¢ Requisitos de area inferiores aos das lagoas facultativas Gnicas ‘Idem lagoas facultativas ** Possibilidade de maus odores na lagoa anaerdbia ‘= Necessidade de um afastamento razodvel &s residéncias circunvizinhas * Necessidade de remogao continua ou periédica (intervalo de alguns anos) do odo da lagoa anaerébia * Construgao, operagao e manuteng&o relativamente simples + Requisilos de area inferiores aos sistemas de lagoas facultativas e anaerébio- facultativas * Maior independéncia das condigdes climaticas que os sistemas de lagoas facuitativas e anaerdbio-acultativas « Salisfat6ria resisténcia a variacoes de carga + Recuzidas possiblidades de maus odores « Introdugao de equipamentos * Ligeiro aumento no nivel de sofisticagéo ‘ Requisitos de drea ainda elevados * Requisitos de energia relativamente elevados * Baixa eficiéncia na remogéo de coliformes: # Necessidade de remocéo continua ou periddica (intervalo de alguns anos) do Todo ** Idem lagoas aeradas facultativas ‘* Menores requisitos de Area de todos os sistemas de lagoas ‘Idem lagoas aeradas facultativas {excecdo: requisitos de area) * Preenchimento répido da lagoa de decantagao com 0 lado (2 a 5 anos) ‘* Necessidade de remogao continua ou petiédica (2 a 5 anos) do lodo ‘+ Idem sistema de lagoas precedente * Elovada eficiéncia na remagao de atogenos| * Razodvel eficiéncia na remogao de nulrientes: * Idem sistema de lagoas precedente © Requisitos de area bastante elevados , convo Sitema i. th RECEPTOR i Lacon, LAGOA, i Nae ure aNAERCBn nbn“ Lcons oc pOLMENTO HATURACAO) SERIE ee a 0 EE aa { ie, iss ig. 1.2. Floxograma de um sistema de lagous (anaerdbia-facultativa) seguida por lagoas de maturagdo P i ‘Sistema Quadro 1.2. Caracterfsticas dos principais sistemas de lagoas para a remogao da DBO ais anaerébia ‘tem geral item especitica Sistema de lagoas: ee Facultativa Anaerébia- ‘Aerada ‘Aerada de facuttativa fecultativa facultativa mist. completa - decantagao Eficiéncia DBO (%) 75-85 75-85 75-85 75-85 ; DQO (%) 65 - 80 66 - 80 65-80 65 - 80 ec 88 (%) 70-80 70-80 70-80 80-87 aiaiva Aménia (%) <50 <50 <30 <30 Nitrogénio (%) <60 <60 <30 <30 Fésforo (%) <35 <35 <35 <36 Coliformes (%) 90-99 90-99 90-99 90-99 Requisitos ‘rea (rmt/hab) 20-40 75-30 025-05 02-04 Poténcia (W/hab) 20 = 1,2-2,0 18-25 aon Custos Implantagao (R$/hab) 40-60 30-75 50 - 90 50-90 ooo Operagao (RS/hab.ano) 2,0—4,0 2,0-4,0 5,0-9,0 5,0-9,0 peracade. ‘Obs: outros dados comparativos estao apresentados no Volume 1 ra i: Data: 1° semestre 2002 (US$ 1,00 = RS 2,5) fapeeee decaniacao Lagoa — lagoa de maturagao Introducao 14 Lagoas de estabilizagdo 15 Deve-se destacar ainda que as lagoas podem funcionar como pés-tratamento de efluentes de reatores anaerdbios, tipo UASB (reatores anaerdbios de manta de lodo e de fluxo ascendente). Quando se objetiva uma certa melhoria na qualidade do efluente e mais a remogao de organismos patogénicos (lagoas de polimento — ver s sfio bem similares aos listados no Quadro 1.4 para as lagoas de maturagéio. Caso se adotem lagoas aeradas como pés-tratamento, 0 tempo Figura 1.3), os paramet em funco do aporte de uma menor carga organica REATOR UASB - LAGOAS DE POLIMENTO LAGOAS DE POLIMENTO (MATURAGAO) EM SERIE g 5 3 2 g 586 zs 3 = 2a = 2 ge Il ‘S G2 A og gg a8 a eo Sa EE > es Us £3 DISPOSIGAO FINAL ge BS 33 38 es Fig. 1.3. Reatores UASB seguidos por lagoas de polimento. (e1ajdwioo vimspu ep oundes ojed sepruasaidar wag ovs ove sepeammarys svo8e]) au9s ura seofey ered 9 opmmasarde 1opeA coRdeINIEUL ap svode] wyed (wyaldwoo wanystWs) yf aUEIO1}e05 (P) €-] :Seo8e] ¢ ap stew ap an9s eUN ap voRE] EpED UIE GFT O a1 {QT < torn pjnjgo ro sepeateatys ogSemIeUI ap SvOTE] wa qT OLSELax (2) epuianbas eioupioya ep 2 ode] vp orewIOy Op oBSUTY 9 oESRIMEW ap LOSE] MUN Wo OESUDIAP ap odwiar CO (@) ‘ovSeueaap ap svo8e wo opoy ap ojnt oF Op wanBUTsa TR 1x9} OW FINUALIOT 3A (P) (a) eaniney = gy “(cn) oyuotntadutos = J onxa} a4 ssonauresed sop omammeneiaq, Casip oxny) 9 eameradunay 805 201 z - LOY £o-¥0 = e0-70 = (..2) (2602) (-d81p oxny) Sy 1109 ‘weDEp J209 wr - 104 : jajGiwoo ySIw) 9 eIMBIedWIY J909 (o)z'-9'0 5 = o's-v'0 z (9,02) Cdiwoo s1w) 81 ‘Woo “weDep 809 = (2) = 20'0 - £0°0 900-00 yO'O- FOO (ouerqeu/, W) po] @p onuINoe Sp exeL : * vez o> - - (,Wuim) eougiod op epepisuaq - - vEewb zb-s0 - - (/42:59106%08%) 70 9p solpau soysinboy 7 é s'o-e'0 yo-eo ro-e'0 s (ss6wAoga5w) auanye epemoied Osa €'0- £00 - - 7 0-200 (62877) p oesiedsip ep ovewON s0-¥0 - - - (2 Z=9/7) p oesiadsip ap oxownny Lib-e'0 = * = =87) p ogsiedaip ap o1oWiNN * {osuedsip oxny) 6 BinjexedWIe} "}80, a : 5 1.02) (osvedsip oxny) OBC "We! 1 4209 : seo ‘SET ‘880° - SO'L . div0 SIL) 9 BiNyeXedL JOD = * gb-Ob 0-90 ov'o-sz'0 = (2,02) (ey@tduioo sity) OWT "WEI JOD. @ = ze vez vez eer qensn (esnBrejojuewludwios) @7 OBbEIay zi-8'0 ov-o'e ov-sz ov-sz ozs os-o8 ) H SPepIpUTYoug - 7 = 2 - Se'0-01'0 —(P',w#OBAH>) 47 eoMeuuNjon ogdeoIde ep exe] = 3 = - ose - 004 7 (P'eyFoadSy) °7 lejyiedns opSeoyde ep exe), @ a y-% OL-S Sp-Sb 9-6 J oeduajep ap oduiay_ ‘omeinjell ——ogeEp — BjaduIoo Ems Lop __Semeynoe] __—_Senpeynowy__SelaguewuIe apseoiey _spseoGey _—sepeiee stor} —_sepeieseofe] —_—_seote1 seo8e] ojeloid ep oneurereg opse: .quase ap svode] sep orafod ap sonourgzed smedioug “pT oapend, 17 Introdugao Lagoas de estabilizacao & CAPITULO 2 2. Lagoas facultativas 2.1, INTRODUGAO As lagoas facultativas sfio a variante mais simples dos sistemas de lagoas de estabilizagio. Basicamente, 0 processo consiste na retengiio dos esgotos por um perfodo de tempo longo o suficiente para que os processos naturais de estabilizagio da matéria organica se desenvolvam. As principais vantagens e desvantagens das lagoas facultativas esto associadas, portanto, A predominncia dos fendmenos na- turais. As vantagens relacionam-se & grande simplicidade ¢ a confiabilidade da opera- io. Os processos naturais sao confidveis: nao ha equipamentos que possam estra- gar ou esquemas especiais requeridos. No entanto, a natureza é lenta, necessitando de longos tempos de detengao para que as reages se completem, o que implica em grandes requisitos de érea. A atividade biolégica é grandemente afetada pela tempe- ratura, principalmente nas condigdes naturais das lagoas. Desta forma, as lagoas de estabilizago sio mais apropriadas onde a terra é barata, 0 clima favordvel, e se deseja ter um método de tratamento que nao requeira equipamentos ou uma capaci- tagdio especial dos operadores (Arceivala, 1981). Os custos das lagoas de estabilizagiio sio bastante competitivos, desde que os custos do terreno ou a necessidade de movimentos de terra no sejam excessivos. A construgdo é simples, envolvendo principalmente movimento de terra, € os custos operacionais siio bem baixos, em comparacao com outros métodos de tratamento. A eficiéncia do sistema é usualmente satisfatéria, podendo chegar a niveis comparé- veis 4 da maior parte dos tratamentos secundarios. LAGOA FACULTATIVA RESTOR yeDigno Lacoa rnovuranva 2 Fig. 2.1. Lagoa facultativa Lagoas facultativas 19 terminologia freqiientemente adotada para lagoas relaciona-se 4 sua posi- ‘série de unidades de tratamento: primeira lagoa da série — lagoa facultativa que recebe esgoto segunda lagoa da série ~ recebe efluente de uma outra lagoa a ntante, usualmente uma lagoa anaerdbia | Lagoas tercidrias, quaterndrias etc: ocupam a terceira, quarta etc posigdes na série — stio usualmente lagoas de maturagéo 2.2, DESCRICAO DO PROCESSO O esgoto afluente entra em uma extremidade da lagoa e sai na extremidade opos- ta. Ao longo desse percurso, que demora varios dias, uma série de mecanismos con- tribui para a purificacdo dos esgotos. Estes mecanismos ocorrem nas trés zonas das lagoas, denominadas: zona anaerébia, zona aerdbia e zona facultativa. ‘A matéria organica em suspensiio (DBO particulada) tende a sedimentar, vindo a constituir o lodo de fundo (zona anaerdbia). Este lodo sofre o processo de decom- posicdo por microrganismos anaerdbios, sendo convertido lentamente em gas car- bonico, égua, metano e outros. Apés um certo periodo de tempo, apenas a frago inerte (nao biodegradavel) permanece na camada de fundo. O gis sulfidrico gerado ndo causa problemas de mau cheiro, pelo fato de ser oxidado, por processos quimi- cos e bioquimicos, na camada aerébia superior. A matéria organica dissolvida (DBO soliivel), conjuntamente com a matéria or gfnica em suspenso de pequenas dimensdes (DBO finamente particulada) no se- dimenta, permanecendo dispersa na massa liquida. Na camada mais superficial, tem- se a zona aerObia. Nesta zona, a matéria organica 6 oxidada por meio da respiragao aerdbia, Hi a necessidade da presenca de oxigénio, o qual & suprido ao meio pela fotossintese realizada pelas algas. Tem-se, assim, um perfeito equilibrio entre 0 con- sumo e a produgao de oxigénio e gas carbénico: bactérias —> respiragao: * consumo de oxigénio * producio de g4s carbénico algas —> fotossintese: + produgao de oxigénio * consumo de gas carbénico Deve-se destacar que as reagGes de fotossintese (produgao de matéria orgénica) e respiracdo (oxidagio da matéria organica) sio similares, apenas com diregdes opostas: 20 Lagoas de estabilizagao * Fotosstntese: CO, + HO + Energia > Matéria organica + O2 * Respiracao: Matéria organica + O) > CO, + H;0 + Bnergia LAGOA FACULTATIVA Fig. 2.2, Esquema simplificado do funcionamento de uma lagoa facultativa Para a ocorréncia da fotossintese é necessiria uma fonte de energia luminosa, neste caso representada pelo sol. Por esta razdo, locais com elevada radiagao solar & baixa nebulosidade sio bastante propicios & implantaco de lagoas facultativas. A fotossfntese, por depender da energia solar, é mais elevada proximo a supertt- cie da lagoa. A medida em que se aprofunda na lagoa, a penetracio da luz. € menor, © que ocasiona a predomindncia do consumo de oxigénio (respiragdo) sobre a sua produgio (fotossintese), com a eventual auséncia de oxigénio dissolvido a partir de uma certa profundidade. Ademais, a fotossintese s6 ocorre durante o dia, fazendo com que durante a noite possa prevalecer a auséncia de oxigénio. Devido a estes fatos, é essencial que haja diversos grupos de bactérias, responsiiveis pela estabil- zagio da matéria organica, que possam sobreviver e proliferar, tanto na presenca, Lagoas facultativas a quanto na auséncia de oxigénio. Na auséncia de oxigénio livre, sao utilizados ou- tros receptores de elétrons, como nitratos (condigdes andxicas) e sulfatos e CO> (condigdes anaerébias). Esta zona, onde pode ocorrer a presenga ou a auséncia de oxigénio, € denominada zona facultativa. Esta condigao também da 0 nome as lago- as (lagoas facultativas). Como comentado, 0 processo de lagoas facultativas é essencialmente natural, nao necessitando de nenhum equipamento. Por esta raziio, a estabilizagiio da maté- ria orginica se processa em taxas mais lentas, implicando na necessidade de um elevado perfodo de detengao na lagoa (usualmente superior a 20 dias). A fotossinte- se, para que seja efetiva, necessita de uma elevada drea de exposigdo para o melhor aproveitamento da energia solar pelas algas, desta forma implicando na necessidade de grandes unidades. Em decorréncia, a érea total requerida pelas lagoas facultati- vas é a maior dentre todos os processos de tratamento dos esgotos (excluindo-se os processos de disposicaio sobre o solo). Por outro lado, o fato de ser um processo totalmente natural est4 associado a uma maior simplicidade operacional, fator de fundamental importincia em nosso meio. Oefluente de uma lagoa facultativa possi (CETESB, 1989): * cor verde devida as algas * elevado teor de oxigénio dissolvido « s6lidos em suspensao, embora praticamente estes nao sejam sedimentaveis (as algas praticamente niio sedimentam no teste do cone Imhoff) 's seguintes caracteristicas principais 2.3. A INFLUENCIA DAS ALGAS Numa lagoa de estabilizacdio facultativa, as algas desempenham um papel fun- damental. A sua concentragdo € mais elevada do que a de bactérias, fazendo com que © liquido na superficie da lagoa seja predominantemente verde. Em termos de sOlidos em suspensiio secos, a concentragdo é usualmente inferior a 200 mg/l, embo- ra em termos de ntimeros elas possam atingir contagens na faixa de 10* a 106 orga- nismos por ml (Arceivala, 1981). A presenga de algas é usualmente medida na forma de clorofila a, pigmento apresentado por todos os vegetais, e principal parametro para a quantificacaio da biomassa algal (Kénig, 2000). As concentragées de clorofila a.em lagoas facultativas dependem da carga aplicada ¢ da temperatura, mas usual- mente se situam na faixa de 500 a 2000 mg/l (Mara et al, 1992). Grupos de algas de importancia encontrados nas lagoas de estabilizacdo so (Mara et al, 1992; Silva Jr. e Sasson, 1993; Jordao e Pessoa, 1995): * Algas verdes (cloroficeas). Tais algas conferem a lagoa a cor esverdeada predo- minante. Os principais géneros so as Chlamydomonas, Euglenas ¢ Chlorellas. Os dois primeiros géneros so normalmente os primeiros a aparecer na lagoa, tendendo a ser dominantes nos perfodos frios, e possuindo flagelos, 0 que Ihes confere a capacidade de locomogao (otimizagao da posigiio com relag&o a inci- déncia da luz e temperatura). 22 Lagoas de estabilizagéo * Cianobactérias (anteriormente denominadas de algas cianoficeas, ou algas ver- de-azuladas). Em realidade, estes organismos apresentam caracteristicas de bacté- rias e de algas, estando atualmente classificados como bactérias. As cianobactéri- as no apresentam organelas de locomogio como cilios, flagelos ou pseudépodes, mas podem se deslocar por deslizamento. Os requisitos de nutrientes sao bastante reduzidos: as cianobactérias podem proliferar em qualquer ambiente onde haja apenas CO», No, agua, alguns minerais e luz, Estes organismos sio tipicos de situagdes com baixos valores de pH e pouco nutriente nos esgotos. Nestas condi- Ges, as algas verdes nao encontram ambiente favordvel, ou servem de alimento a outros organismos, como protozodrios, conduzindo ao desenvolvimento das cia- nobactérias, Entre os principais géneros, pode-se citar: Oscillatoria, Phormidium, Anacystis e Anabaena. Outros tipos que podem ser encontrados siio as algas dos filos Euglenophyta, Bacyllariophyta e Chrysophyta (Kénig, 2000; Mara et al, 1992). As espécies predo- minantes variam de local para local, ¢, ainda, com a posigdo na série de lagoas (lagoas facultativas e lagoas de maturagao). As algas fazem a fotossintese durante as horas do dia sujeitas & radiagaio lumino- sa. Neste periodo, elas produzem a matéria organica necesséria para sua sobrevivén- cia, convertendo a energia luminosa em energia quimica condensada na forma de alimento, Durante as 24 horas do dia elas respiram, oxidando a matéria organica produzida, e liberando a energia para crescimento, reprodugio, locomogio e outros. O balango entre produgao (fotossfntese) e consumo (respiragiio) de oxigénio favore- ce amplamente o primeiro. De fato, as algas podem produzir cerca de 15 vezes mais oxigénio do que consomem (Abdel-Razik, 1991), conduzindo a um saldo positivo no sistema. Devido a necessidade de energia luminosa, a maior quantidade de algas situa-se proximo a superficie da lagoa, local de alta produgdio de oxigénio. A medida em que se aprofunda na lagoa, a energia luminosa diminui, reduzindo, em decorréncia, a concentraciio de algas. Na camada superficial, a menos de 50 cm, situa-se a faixa de maior intensidade luminosa, com o restante da lagoa praticamente escura. Ha um ponto ao longo da profundidade da lagoa em que a produgao de oxigénio pelas algas se iguala ao consumo de oxigénio pelas préprias algas e pelos microrga- nismos decompositores. Este ponto é denominado de oxipausa (ver Figura 2.3 Lagoas facultativas 23 ALGAS, ENERGIA LUMINOSA E OXIGENIO EM FUNGAO DA PROFUNDIDADE, PROFUN- IADE Fig. 2.3. Algas, energia luminosa e oxigénio em uma lagoa facultativa (secao transversal) Acima da oxipausa predominam condigdes aerébias, enquanto abaixo desta, pre- valecem as condigdes andxicas ou anaerdbias. O nivel da oxipausa varia durante as 24 horas do dia, em funco da variabilidade da fotossintese durante este perfodo. A noite, a oxipausa se eleva na lagoa, ao passo que durante o dia ela se aprofunda, A profundidade da zona aer6bia, além de variar ao longo do dia, varia também com as condigdes de carga da lagoa, Lagoas com uma maior carga de DBO tendem a possuir uma maior camada anaerébia, que pode ser praticamente total durante a noite. A Figura 2.4 ilustra esquematicamente a influéncia das condigées de carga na espessura da camada aerébia. PROFUNDIDADE DA ZONA AEROBIA EM FUNGAO DA CARGA DE DBO dia noite Superficie dia noite da lagoa arobi aerdbia zona anaersbia Fundo da lagoa Baixacarga —_Elevada carga de DBO de DBO Fig. 24. Influéncia da carga aplicada & lagoa e da hora do dia na espessura das camadas aerobias ¢ anaerdbias (adaptado de Arceivala, 1981) 24 Lagoas de estabilizagdo O pH na lagoa também varia ao longo da profundidade e ao longo do dia, O pH depende da fotossintese e da respiragao, através da seguinte relagio: * Fotossintese: - Consumo de CO> - O fon bicarbonato (HCO;) do esgoto tende a se converter a OH - O pH se eleva * Respiragao: ~ Produgao de CO2 - 0 fon bicarbonato (HCO;) do esgoto tende a se converter a H* - O pH se reduz, Durante o dia, nas horas de maxima atividade fotossintética, o pH pode atingir valores em torno de 10. Nestas condigées de elevado pH, podem ocorrer os seguin- tes fendmenos: * Conversio da aménia ionizada (NHy*) a aménia livre (NH), a qual é téxica, mas tende a se liberar para a atmosfera (remogio de nutrientes) * Precipitagao dos fosfatos (remogao de nutrientes) * Conversio do sulfeto (HS) causador de mau cheiro a bissulfeto (HS-) inodoro 2.4, A INFLUENCIA DAS CONDICOES AMBIENTAIS As principais condig6es ambientais em uma lagoa de estabilizagiio sio a radia- cdo solar, temperatura e 0 vento, as quais sio comentadas no Quadro 2.1 (Jordao e Pessoa, 1995). Quadro 2.1. Influéncia dos principais fatores ambientais externos Fator influénoia Radlacao solar + Velocidade de fotossintese Temperatura + Velocidade de fotossintese * Taxa de decomposicao bacteriana + Solubilidade e transferéncia de gases + Condigdes de mistura Vento + Condigdes de mistura + Reaeragaio atmostérica (*) (#) mecanismo de menor importéncia no balango de OD A influéncia da temperatura e da radiagao solar na velocidade de fotossintese pode ser vista esquematicamente na Figura 2.5. Lagoas facultativas 25 \VELOGIDADE DE FOTOSSINTESE EM FUNCAO DA TEMPERATURA E DA RADIAGAO SOI \Velocidade de fotossintese (gis) Intensidade da radiagao luminosa (calim2.d) Fig. 2.5. Influéncia da temperatura e da radiagao Iuminosa na velocidade de fotossintese (adaptado de Jordao e Pessoa, 1995) a) Mistura ¢ estratificacio térmica ‘A mistura em uma lagoa de estabilizagio ocorre principalmente através dos se- guintes mecanismos: vento e diferencial de temperatura. A mistura € importante no desempenho da lagoa devido aos seguintes aspectos benéficos (Silva e Mara, 1979): * Minimizagao da ocorréncia de curtos-circuitos hidraulicos * Minimizacdio da ocorréncia de zonas estagnadas + Homogeneizacio da distribuigio no sentido vertical da DBO, algas e oxigénio Transporte para a zona fotica superficial das algas no motoras que tendem a sedimentar ‘Transporte para as camadas mais profundas do oxigénio produzido pela fotossin- tese na zona fotica Para maximizar a influéncia do vento, a lagoa néio deverd ser cercada por obsté- culos naturais ou artificiais que obstruam o acesso do vento. Da mesma forma, a lagoa nao deveré ter um contorno muito irregular, que dificulte a homogeneizacao das dreas mais periféricas com o corpo principal da lagoa. A lagoa esta ainda sujeita A estratificagdo térmica, na qual a camada superior (quente) nao se mistura com a inferior (fria). A medida em que se aprofunda na lagoa, hd um ponto em que hé um grande decréscimo na temperatura, acompanhado por um elevado acréscimo de densidade ¢ viscosidade. Este ponto é denominado termoclina. Ocorrem, assim, duas camadas distintas: a superficial (densidade me- nor) ¢ a do fundo (densidade maior), as quais nao se misturam (ver Figura 2.6). O comportamento das algas € influenciado pela estratificacdo, da seguinte forma: * As algas ndo motoras sedimentam, atingindo a zona escura da lagoa, deixando de produzir oxigénio, e implicando, pelo contrério, no consumo deste. 26 Lagoas de estabilizagdo + As algas motoras tendem a fugir da camada mais superficial (30 a 50 cm) de elevada temperatura (eventualmente 35°C), formando uma densa camada de al- gas, a qual dificulta a penetraeao da energia solar. Devido a estes aspectos, em lagoas estratificadas hé uma baixa presenga de algas na zona fética, o que reduz a produgao de oxigénio do sistema e, em conseqiléncia, a sua capacidade de estabilizar a matéria orginica. Em locais com pouco ou nenhum vento na superficie da lagoa, esta permanece estratificada. A estratificago pode ser quebrada por meio de um mecanismo de mistura natu- ral, denominado inversao térmica (ver Figura 2.6). Em lagos tropicais estratifica- dos, a inversiio térmica pode ocorrer no periodo frio (inverno). Além disso, em lagos de pequena profundidade, como as lagoas de estabilizagao, a mistura pode ocorrer uma vez. por dia, de acordo com a seguinte seqiiéncia ( Silva e Mara, 1979): * Inicio da manhd, com vento, Mistura completa. A temperatura € uniforme ao lon- go da profundidade. * Meio da manhé, com sol, sem vento. Aumento da temperatura na camada superfi- cial (acima da termoclina). A temperatura no fundo (abaixo da termoclina) varia pouco, sendo influenciada pela temperatura do solo. Estratificagao. * Inicio da noite, sem vento. A camada acima da termoclina perde calor mais rapida- mente do que a camada de fundo. Caso as temperaturas das camadas se aproxi- mem, ocorre a mistura. * Noite, com vento, O vento auxilia na mistura das camada afunda, e a inferior se eleva. . A camada superior DINAMICA DE ESTRATIFICACAO E MISTURA DE LAGOAS LAGOA COM ESTRATIFICAGAO TERMICA, (periodos mais quentes) TEMPERATURA on at == Sy anf) ms sty / temocline Sai a, LAGOA COM MISTURA - INVERSAO TERMICA (entrada do period frio) TEMPERATURA op altura attura* |_| _ mana aoc o Fig. 2.6. Estratificagdo e mistura em uma lagoa Lagoas facultativas 27 A Figura 2.7 mostra resultados experimentais (valores médios) de temperatura em uma lagoa piloto rasa (1,0 m de profundidade, com chicanas, relagio compri- mento/largura = 32), situada no Sudeste do Brasil (Itabira - MG). As medigdes fo- ram feitas nas profundidades de 0,2 m, 0,6 me 1,0 m abaixo do NA, ¢ ao longo do percurso do Iiquido na lagoa. A figura retrata dados do verio, no horario das 10 h, mostrando claramente a estratificagdo (temperaturas mais elevadas nas menores pro- fundidades, ou seja, mais préximo ao NA). Jé as 23 h, também no verdo, a lagoa apresenta-se em total mistura, Os dados do inverno nao estio apresentados, mas indicaram mistura total, tanto na manha, quanto na noite. ‘Temperatura Diurna (10 h) no Verao - Médias por Ponto e Profundidade o °) Ponto da Lagoa Temperatura Noturna (23 h) no Verao - Médias por Ponto e Profundidade © ¢) Ponto da Lagoa Fig. 2.7. Perfil longitudinal de temperatura em uma lagoa piloto com chicanas, em horérios diumo ¢ notumo, Medigées nas profundidades de 0,20m, 0,60m ¢ 1,00 m abaixo do NA. Profundidade da lagoa: 1,00 m. 28 Lagoas de estabilizagao Kelner e Pires (1998,1999) apresentam um modelo matemitico para a estimati- va da estratificagdio térmica em lagoas de estabilizacdo, e ressaltam que esta conduz a uma perda do volume wtil da lagoa, e que o volume da camada superior pode ser insuficiente para a ocorréncia das reagdes bioquimicas desejadas. b) Relago entre temperatura do ar e do liquide Em varios dimensionamentos, normalmente se considera a temperatura média do liquido no més mais frio. Yanez (1993) e Brito et al (2000) apresentam dados de correlagées entre temperatura do ar e do liquido, em duas lagoas no Brasil, duas no Peru e uma na Jordania. As tegressGes sfio apresentadas na Figura 2.8. A figura apresenta também a reta dos valores médios, calculada pelo autor, cuja equacio é: Tagua = 12,7 + 0,54xT @Q. CORRELAGOES ENTRE TEMPERATURA DO ARE DA AGUA Tagua (oc) 25.0 Tar (oC) Fig. 2.8 Retas de melhor ajuste em regressdes entre temperatura da gua e do ar em cinco lagoas. Dados de Yanez (1993) e Brito et al (2000). Curva média calculada pelo autor, Aplicando-se a Equacéo 2.1 para distintos valores da temperatura do ar, tem-se os valores da temperatura da Agua apresentados no Quadro 2.2. Os valores obtidos na faixa de 20 a 30 °C estdo de acordo com o comentério de Mara et al (1997), de que a temperatura da lagoa € cerca de 2 a 3 °C mais quente do que a temperatura do ar no periodo frio, ocorrendo o inverso no perfodo quente. Uma interpretagao adici- onal dos dados de Yanez (1993) permite concluir que a temperatura na superficie da lagoa é de 1a 5 °C mais elevada do que a temperatura média, com as maiores dife- rengas ocorrendo no periodo quente. Lagoas facultativas 29 Quadro 2.2. Temperatura da dgua na lagoa, em fungdo da temperatura do ar fas Temperatura do ar “Temperatura do liquide média (°C) E eo) 15 20.8 20 23,5 25 26,2 30 28.9 35 31,6 Estimativa da temperatura do liquide usando a Equagio 2.1 2.5. CRITERIOS DE PROJETO Os principais parametros de projeto das lagoas facultativas sao: * Taxa de aplicagdo superficial * Profundidade * Tempo de detengao * Geometria (relacdo comprimento / largura) Taxa de aplicacao superficial. O critério da taxa de aplicacdo superficial (car- ga orgdnica por unidade de drea) é o principal item de projeto, ¢ baseia-se na neces- sidade de se ter uma determinada area de exposico & luz solar na lagoa, para que o processo de fotossintese ocorra. O objetivo de se garantir a fotossintese e, indireta- mente, 0 crescimento de algas, é o de se ter uma produgio de oxigénio suficiente para suprir a demanda de oxigénio. Assim, o critério da taxa de aplicagio superficial & baseado na necessidade de oxigénio para a estabilizagdio da matéria organica. A taxa de aplicagao superficial relaciona-se, portanto, 2 atividade das algas e ao balan- 0 entre produgiio ¢ consumo de oxigénio. Profundidade. A profundidade tem influéncia em aspectos fisicos, biolégicos e hidrodinamicos da lagoa. Apés a. obtengio do valor da rea superficial (através da adocdo de um valor para a taxa de aplicagio superficial) e da adogao da profundida- de, obtém-se 0 volume da lagoa. ‘Tempo de detencao. O tempo de detencdo nao é um pardmetro direto de projeto, mas um pardmetro de verificagao (resultante da determinagao do volume da lagoa). © ctitério do tempo de deteneao diz respeito ao tempo necessario para que os mi- crorganismos procedam a estabilizagéio da matéria organica no reator (lagoa). O tempo de detengao relaciona-se, portanto, & atividade das bactérias. Geometria da lagoa, A relagdo comprimento/largura (L/B) é um outro impor- tante critério, por influenciar o regime hidréulico da lagoa, o qual pode ser projetado para se aproximar a condigdes de fluxo em pistiio ou mistura completa. Os pardmetros de projeto so basicamente empiricos. Para a taxa de aplicagdo superficial, existem alguns modelos matemiaticos que permitem projetar as lagoas facultativas com base em métodos conceituais, como produgiio de algas em fungao 30 Lagoas de estabilizagéio da radiagao solar, produgao de oxigénio por unidade de massa de alga ¢ outros, No entanto, tais métodos fogem ao escopo do presente texto, de abordagem essencial- mente simplificada. Além disso, os métodos empiticos tém sido tradicionalmente utilizados, baseados na experiéncia adquirida em diversas regides do mundo, a) Taxa de aplicagao superficial A firea requerida para a lagoa é calculada em fungo da taxa de aplicagio super- ficial Ls. A taxa € expressa em termos da carga de DBO (L, expressa em kgDBOs/d) que pode ser tratada por unidade de drea da lagoa (A, expressa em ha) A=LA, (2.2) rea requerida para a lagoa (ha) carga de DBO total (solivel + particulada) afluente (kgDBOs/d) Ly = taxa de aplicago superficial (kgDBOs/ha.d) A taxa a ser adotada varia com a temperatura local, latitude, exposigdo solar, altitude © outros. Locais com clima e insolagdo extremamente favordveis, como 0 nordeste do Brasil, permitem a adogio de taxas bem elevadas, eventualmente supe- riores a 300 kgDBOs/ha.d, 0 que implica em menores éreas superficiais da lagoa. Por outro lado, locais de clima temperado requerem taxas de aplicagao inferiores a 100 kgDBOs/ha.d. Em nosso meio, tem-se adotado taxas variando de: * Regides com inverno quente e elevada insolagao: L, = 240 a 350 kgDBOs/ha.d * Regiées com invemo e insolagdo moderados: _L, = 120 a 240 kgDBOs/ha.d + Regides com inyerno frio e baixa insolagio: L, = 100.a 180 kgDBOs/ha.d Ha diversas equagdes empiricas disponiveis na literatura internacional, correla- cionando a taxa de aplicago superficial L, e a temperatura T. Apresenta-se a seguir uma equagio proposta por Mara (1997) que, segundo ele, possui aplicabilidade glo- bal. A equagao utiliza a temperatura média do ar no més mais frio. A justificativa de se utilizar a temperatura média do ar é que, no periodo frio, esté-se a favor da seguranga, ja que a temperatura da 4gua estard um pouco mais elevada. A selec’io do periodo frio & que este é 0 mais critico, no funcionamento da lagoa, em termos das velocidades das reagGes bioqufmicas. Nos dimensionamentos de lagoas facultativas constantes deste livro, adota-se a temperatura média do liquido no més mais frio (para efeito de célculo das taxas de remogdo de DBO), mas assume-se, para efeito da estimativa da taxa de aplicagdo superficial, este posicionamento a favor da seguran- ¢a proposto por Mara (considerar a temperatura do ar igual & temperatura do liqui- do). O Item 2.4.b discute a relagio entre a temperatura da Agua e do ar. Lagoas facultativas 31 25) 50 x (1,107 - 0,002xT) onde: = A aplicagiio da Equagio 2.3 conduz aos 2,9. Apesar da equacio condi temperaturas (acima de 25°C), recomenda-se ae, (2.3) temperatura média do ar no més mais frio (CC) valores de Ly apresentados na Figura uzir a valores bastante elevados quando se tém altas para efeito de projeto, a carga maxima admissivel seja de 350 kgDBO/ha.d. ‘Taxa de aplicagdo superficial em fungao da ‘temperatura Ls (kgDBO/ha.4) 4) 16 | 18 tes 152 19° 217 Fig, 2: (segundo Equacio 2.3, de Mara, 1997) Para a utilis média do ar em julho obtidos do site do equacao a estes dados resulta na dondados, e limitados ao yalor maximo de 3: mostrado que, no nordeste do podem ser um pouco superiores amaz6nica, devido a grande pluvios aplicagio deva ser um pouco menor Naturalmente que a ul sativa inicial da taxa de aplicagio superficial. Como ¢ @ncias locais, bem como outras evidéncias outros valores, deve-se sempre Valores da taxa de aplicago superficial em fune 20 22 24 | 26 950 | 250 263 291 981 350 | T (oC) Jo da temperatura média do ar no més mais fio io da Equagdo 2.3 no Brasil, pode-se usar 08 dados de temperatura INMET (www:inmet.gov-br). A aplicacao da Figura 2.10. Os valores de L, sao apresentados arre- 50 kgDBOs/ha.d. A experiéncia local tem. Brasil, em fungio da grande radiagdo solar, 0s valores aoe da figura. Também ¢ provavel que, ma regio jdlade e menor tempo de exposieo solar, a taxa de do que a estimada simplesmente pela temperatura. tilizagao de uma formula empfrica é apenas pafa uma esti- omentado, caso haja experi- climatoldgicas, que sugiram a adogdo de evar em consideragio estas especificidades a0 se cetecionar o valor de Ls. O referido site do INMET apresent dados e mapas de precipitagdio, evaporagdo, insolagdo e outros, OS quais podem ser titeis na avaliacio de fatores regionais, além da simples temperatura. 32 Lagoas de estabilizagao TEMPERATURAS MEDIAS NO ME: s ETAXAS DE APLIGAGAO SUPERFICIAL (eagundo equagie de Mara) A 2427 0¢ _ 380 a 380 kaDBO/ha.6 Ton oD... P m4) tBaztoc = er F220.0270 kgDbOmnad i |r j 24.24.00 270 330 kgDBOthad warroc — 20 8.270 kgDBOMed 18a 1800 Te troazzoxgosomaa {| 1241506 ZL AY mand tadtones ae 1201500 x 9.1200 120a170kgDBOmad — [90.4 120 kgDBOMha.d Fonte: INMET (médias de 1931 a 1990) Fig. 2.10, Taxas de aplicagai ra So da temperatura mé fs as de aplicagio superticiais no Bi pe dia do ar no més mais ir sil, em fungo da temperat ‘io, tendo por base a equago de Mara (Gquagao 3) 7 ‘ nemesis Nao hé um valor méximo absoluto de area, a parti si , rare : aut di i ae ese inviel No Brasil, hd um acd de ec eee iD ha Na Argentina © A in ha sistemas com mais de 300 ha. A desejabiidad d 7 an ee aento mais compactos, no caso de se necessitar de rate Teghis, dpente epsencsimants das condiges locais, da topografia, da songs Soe eee rte do Projeto de Norma para Lagoas (1991) teeta que @ rea de uma lagoe facultativa ndo seja superior a 15 ha, Nesta: sige, f em um maior numero de lagoas. ee b) Profundidade Como visto, a zona i sto, a zona aerdbia da lagoa facul jg como : agoa facultativa depende da di lapatiee a a atividade fotossintética. A intensidade da Th ines cate se 7 f le a se extinguir exponenci i sta penetns ao epectaea ead ponencialmente & medida que pengede a Cte on Tal fenémeno ocorre mesmo na Agua esata torn fm agile nantc reson a eon tucbidex da fia 8 pitptia condentracto de : as s . pit lamente a luz se extingue. Abaixo de uma cad vrohnilinte ae oe ° i iente é impréprio para o crescimento de algas. ae ‘om base nos critéri r , nos critérios de drea e volume discutidos acima, a profundidade H d , lade H da Lagoas facultativas 33 Jagoa é um compromisso entre o volume requerido V ¢ a drea requerida A, conside- rando-se que H=V/A. No entanto, outros aspectos influem na selecao da profundi- dade da lagoa (Arceivala, 1981), como listado no Quadro 2.3. Quadro 2.3. Aspectos relacionados & profundidade da lagoa Profundidatie Aspacto Rasa ‘As lagoas rasas, com protundidades inferiores a 1,0 m, podem se comportar como totalmente aerébias. © Aarea requerida é bem elevada, de forma a cumprir com o requisito do tempo de detencéo. * Apenetragsio da luz ao longo da profundidade 6 praticamente total (a energla luminosa tende a se extinguir com a profundidade, mesmo em aguas limpidas). * — Aprodugao de algas é maximizada e o pH é usualmente elevado (devido a fotossintese), acarretanco a precipitagao do fostatos © a dessorgao de aménia (romogao de nuttientes), '® Devido & baixa profundidade, pode haver o desenvolvimento de uma vegetacao emergente, potencial abrigo para larvas de mosquitos (lagoas com profundidade fem tomo de 0,60 m ou menos). © As lagoas rases S40 mais afeiadas pelas variagdes da temperatura ambiente a0 longo do dia, podendo atingir condigdes anaerdbias em periodos quentes (aumenio da taxa de decomposigéo da matéria organica ¢ maior influéncia da _ Tessolubilizagao de subprodutos da decomposigao anaerdbla no lodo de fundo). Profunda —* — Lagoas com profundidades mais elevadas possibilitam um maior tempo de detengdo para a estabilizacdo da matéria organica. © Aperformance da lagoa é mais estavel ¢ menos afetada petas condigdes ambien- {ais, produzindo um efluente com uma qualidade mais uniforme ao longo do ano. ‘© H&.um maior volume de armazenamento do lodo. * Acamada inferior permanece em condigdes anaerdbias, nas quais a taxa de remogao da DBO e de mortandade de patégenos é mais reduzida, © Addecomposigao anaorébia obviamente néio consome o oxigénio dissolvido no ‘meio, Assim, no célculo do balango de OD, pode-se levar em consideragéo a fracdo da matéria organica sujeita & decomposigéo anaerébia, Usuaimente, por uma questo de seguranca, considera-se a DBO total afluente como vindo a exercer a demanda de oxigénio, ¢ para tanto a produgao fotossintética nas camadas superiores deve ser suficiente, © Os subprodutos da decomposigao anaerdbia sido liberados para as camadas superiores, exercendo ainda alguma domanda de oxigénio. Os riscos de mau cheiro so reduzidos, pelo fato da camada aerSbia oxidar quimica © bioquimicamente o gés sulfidrico gerado na decomposigao anaersbia. * Alagoas mais profundas pormitem a expansao futura para a incluso de aeradores, transformando-se em lagoas aeradas. Em conclusio, 0 conhecimento dispontvel € ainda limitado para se otimizar a profundidade da lagoa, de forma a obter o maior ntimero de beneficios. A faixa de profundidades a serem adotadas no projeto situa-se entre 1,5 a 3,0 m, embora a seguinte faixa seja mais usual: H=15ma20m uM Lagoas de estabilizagéo ¢) Tempo de detencaio O tempo de detencio da lagoa esta associado ao volume ¢ & vazio de projeto: t=V/Q (2.4) onde: t tempo de detengio (d) V_ = volume da lagoa (m*) Q = vazio média afluente (m°/d) A vazao média é a média entre a vazao afluente e a vaziio efluente. A vazio efluente corresponde & vazio afluente menos as perdas mais ganhos: Qunsia = (Qa ~ Qen)/2 (2.5) Qen = Quit + QAprecipitagdo ~ Qevaporagio ~ Qintttagio (2.6) Na maior parte das vezes os componentes adicionais na Equagio 2.6 podem ser desprezados. Por exemplo, em um local onde a precipitaciio anual média seja 1000 mm/ano € a evaporagao seja 2000 mm/ano, a vazio afluente seja 3.000 m3/d (1.095.000 mano) e a dea superficial da lagoa seja 48.000 m? (vaziio e area do Exemplo 2.3), tem-se (desprezando a infiltracio): Qen = 1.095.000 m%/ano + 1,0 m/ano x 48.000 m? — 2,0 m/ano x 48.000 m 1.095.000 + 48.000 — 96.000 = 1.047.000 m3/ano Neste caso, a perda anual € de apenas 4,4% da vazio afluente. No entanto, de- pendendo das circunstancias, em determinados meses secos poderd niio haver preci- pitacdo, a0 mesmo tempo em que se tem uma apreciavel evaporagao. Nestes casos, 0 balango hidrico poderd ser afetado, e a perda (ou eventual ganho, numa situacio oposta) pode ser mais significativa, tempo de detengao requerido para a oxidagao da matéria organica varia com as condig6es locais, notadamente a temperatura. Em lagoas facultativas primarias tratando esgotos domésticos tem-se, usualmente, tempos de detengdo variando t=15a45 dias Lagoas facultativas 35 Os menores tempos de detengiio ocorrem em regides em que a temperatura do liquido 6 mais elevada, alcancando-se com isso uma reduciio no volume requerido para a lagoa. Além disso, 0 tempo de detengiio requerido & fung&io da cinética da remogio da DBO e do regime hidraulico da lagoa (ver Item 2.6.1). Em locais com esgotos concentrados (baixa vaziio per capita de esgotos e alta concentragiio de DBO), ‘© tempo de detengao tende a ser elevado. No caso de Aguas residudrias altamente concentradas, 0 tempo de detengao é usualmente muito maior, uma vez que a area (e, indiretamente, o volume) foi calcu- Jada com base na carga organica, ¢ néio em vaziio (a qual é comparativamente baixa, para uma dada carga de DBO). O fator determinante, no caso de efluentes industri- ais, continua sendo a taxa de aplicacao organica. Os critérios de taxa de aplicagdo superficial e de tempo de detengdo so comple- mentares, ou seja, a Area e o volume obtidos devem ser coerentes. O tempo de deten- go pode ser utilizado de uma das seguintes duas formas: * Adotar t como um pardmetro explicito de projeto. Apés ter sido adotado t, calcu- la-se V (V =t.Q). Como a rea A jé foi determinada com base no critério da taxa de aplicagao, pode-se calcular H (H = V/A), e verificar se este encontra-se dentro da faixa apresentada no Item b. + Adotar um valor para a profundidade H, segundo os critérios do Item b. Tendo-se He A, calcula-se 0 volume V (V=A.H) e, em decorréncia, 0 tempo de detengao t (t= V/Q). Com o valor de t, estima-se a concentragio efluente de DBO (ver Item 2.6). Caso a concentragdio efluente nao satisfaca os requisitos, deve-se aumentar o volume, ou seja, 0 tempo de detengiio. O segundo critério € mais pratico, por adotar valores objetivos para a area super- ficial e a profundidade. O Exemplo 2.3 mostra a interpretagao conjunta destes dois critérios. d) Geometria da lagoa (relaciio.comprimento / largura) Como discutido no Item 2.6.1 a seguir, o regime hidrdulico de fluxo em pistao é © mais eficiente em termos de remogio de compostos que seguem a cinética de primeira ordem, como a matéria organica. No entanto, o regime de mistura completa é mais indicado quando se tem despejos sujeitos a uma grande variabilidade de cargas ¢ & presenga de compostos téxicos, pelo fato do reator de mistura completa prover uma imediata diluicdo do afluente no corpo d’Agua. Os sistemas de fluxo em pisto estao também sujeitos a uma elevada demanda de oxigénio préximo a entrada na lagoa, em virtude de se ter o esgoto bruto, sem diluigdo no corpo do reator, Neste local poderiio ocorrer condigSes anaerébias. Por esta tiltima razio, tem-se que: 36 Lagoas de estabilizagéo * lagoas facultativas primdrias: usualmente n&o sao projetadas aproximando-se de reatores de fluxo em pistio (elevada relago comprimento/largura) com a introdugiio de chicanas * lagoas de maturagao ou de polimento, apés reatores UASB: ap6s a remogao prévia de grande parte da matéria organica, h4 menos preocupagées com sobre- carga nos trechos iniciais, e as lagoas podem ser alongadas ou com chicanas. O projeto das lagoas poderd fazer um aproveitamento do terreno disponivel ¢ da sua topografia para se obter a relagio mais adequada do comprimento/largura (L/B). Sistemas com L/B elevado tendem ao fluxo em pistdo, enquanto lagoas com L/B proximo a 1,0 (lagoas quadradas) tendem ao regime de mistura completa. Mais fre- qiientemente, a relagdo L/B das lagoas facultativas se situa na seguinte faixa (EPA, 1983; Abdel-Razik, 1991): Relacaio comprimento / largura (L/B) = 2 a 4 2.6. ESTIMATIVA DA CONCENTRACAO EFLUENTE DE DBO. 2.6.1. A influéncia do regime hidraulico A remogio da DBO processa-se segundo uma reagéto de primeira ordem (na qual a taxa de reagao é diretamente proporcional & concentragiio do substrato). Nestas con- dig6es, o regime hidréulico do reator (lagoa) influencia a eficiéncia do Muito embora a cinética da remogao da DBO seja a mesma nos diferentes regi- mes hidréulicos, a concentragao efluente de DBO varia. Segundo a cinética de pri- meira ordem, a taxa de remocdo de DBO é tanto mais elevada quanto maior for a concentrag’io de DBO no meio. Este aspecto tem grande implicagio na performance do reator, como visto a segui + Reatores de fluxo em pistiio. Em reatores nos quais se tem uma maior concentra- ¢o de DBO (por exemplo, préximo & entrada), a taxa de remogio serd mais eleva- da neste ponto. Tal 0 caso, por exemplo, dos reatores de fluxo em pistdo, predo- minantemente longitudinais (a concentragdo proximo A entrada do reator é dife- rente da concentracao na safda). * Reatores de mistura completa. Reatores que, através de uma homogeneizagio em todo o tanque, possibilitam uma imediata dispersao do poluente, fazendo com que a sua concentragao seja logo igualada A baixa concentragao efluente, apresen- tam uma menor eficiéncia na remogao da DBO. Este é 0 caso dos reatores de mistura completa, predominantemente quadrados (a concentragao no reator, pré- ximo a entrada, é igual A concentracao na safda). Estes dois tipos de reatores idealizados caracterizam os limites, dentro dos quais, na pratica, todos os reatores se enquadram. No tratamento de esgotos por lagoas de estabilizacdo podem-se destacar os modelos hidréulicos descritos no Quadro 2.4, Lagoas facultativas 37 Quadro 2.4. Caracterfsticas dos modelos hidrdulicos mais freqiientemente utilizados no di mensionamento ¢ avaliagao de desempenho das lagoas de estabilizagio Modelo Esquema do Reator Caracteristicas Hidrautico ‘As particulas de fluido entram continuamente em uma extremidade do tanque, passam através do mesmo € sé0 descarregadas na outra extremidade, na mesma seguéncia em que entraram. O fluxo se processa como lum émbolo, sem misturas longitudinais. As particulas mantém a sua identidade © permanecem no tanque por tum period igual ao tempo de detengae hidréulico. Este tipo de fluxo 6 reproduzido em tanques longos, com uma elevada relagdo comprimento/largura, na qual a dispersao longitudinal é minima, Estes reatores sao ‘também denominados tubulares. Os reatores de fluxo em pistdo sao reatores idealizados, uma vez que 6 bastante dificil se obter na pratica a auséncia total de disperséo longitudinal ‘As particulas que entram no tanque sao imadiatamente ddispersas em todo 0 corpo do reator. O fluxo de entrada saida é continuo. As particulas deixam o tanque em roporgéo a sua distibuigo estatistica. A mistura completa pode ser obtida em tanques circulares ou ‘quadrados se 0 contatido do tanque for continua e tuniformemente distribuldo. Os reatores de mistura completa so reatores idealizados, jd que é difcil de se obter na prética uma dispersao total em todo o volume. do teator. (Os reatores de mistura completa em série sao usados Reatores ara modelar o regime hidréulico que existe entre os de Ey 5 Tegimes ideais de fluxo em pistao e mistura completa. Se istura TEE TERE Seto for composta de uma unidade apenas, osistoma completa reproduz um reator de mistura completa. Se 0 sistema em série apresentar um numero infinito de reatores em série, 0 ‘luxo em pistéo 6 reproduzido. O fluxo de entrada e saida 6 continuo, Unidades em série sdo também comumente encontradas em lagoas de estabilizacao & de maturagéo. O fuxo disperso ou arbitrario é obtido em um sistema qualquer com um grau de mistura intermediario entre os dois extremos de fluxo em pistéo © mistura completa, Na realidade, a maior parte dos reatores apresenta fluxo disperso. Devido & maior diculdade na sua modelagem, ‘80 frequentemente feitas aproximagdes para um dos ‘modelos hidréulicos ideals. O fluxo de entrada e saida é continuo. Fluxo em pistio Mistura completa Fluxo disperse A eficiéncia do sistema na remogio de poluentes modelados pela reaciio de pri- meira ordem (ex: DBO e coliformes) segue a ordem apresentada abaixo: = lagoa de fluxo em pistéo maior eficiéncia - série de lagoas de mistura completa g * lagoa tinice mi: » 1g ica de mistura completa meHORehGencia. 38 Lagoas de estabilizacao regime de fluxo disperso nio foi enquadrado no esquema acima, por poder representar bem reatores que se aproximam, tanto de fluxo em pistiio, quanto de mistura completa (ver Item 2.6.4). A Figura 2.1] ilustra 0 comportamento da concentragiio de DBO em lagoas se~ gundo os regimes de fluxo em pistio e mistura completa, assumindo-se uma reagio de remog%o de primeira ordem. Um maior detalhamento deste importante t6pico pode ser encontrado no Capitulo 2 do Volume 2 da presente série, REMOCAO DA DBO SEGUNDO UMA REAGAO DE PRIMEIRA ORDEM ESTADO ESTACIONARIO FLUXO EM PISTAO r Se Se i Se , Concentragao afluente Concentracao efluente Concentracao ao ao longo do tempo a0 longo do tempo longo do reator (em um dado tempo) x a so |_—___ so | se80.0°K : = , ‘empo ‘dtncia MISTURA COMPLETA ae $9, se se|—S29-» Concentragao afluente Concentragao efluente Concentragéo ao ao longo do tempo. ‘ao longo do tempo longo do reator (em um dado tempo) a rs Pe so 80 Se=Sol(14K1) Sol se — se __ > > Cc > ‘eno ‘ope dtstncta Fig. 2.11. Remogo da DBO segundo a cinética de primeira ordem em reatores de fluxo em pistio € mistura completa (Sy = concentrago de DBO total afluente; § = concentragdo de DBO sokivel em um determinado ponto ou tempo; S, = concentragio de DBO solivel efluente; t = tempo; d = horizontal de percurso ao longo do reator; v = velocidade horizontal) Lagoas facultativas 0 Quadro 2.5 apresenta as férmulas para a determinagiio da concentragiio eflu- ite de DBO soltivel nos diversos regimes hidrdulicos. Quadro 2.5. Formulas para o célculo da concentragdo efluente $ (DBO soliivel) Eqquana Formula da Concentragao de OBOs |) 4 ico Soliivel Efiuente (8) Fluxo em pistéo s=Sye™* So Mistura completa _ 2s, = (1 célula) a aad age Si Mistura compteta ‘_— (os lute . 14K4)0 (ces co” _ a a oR) tae!™4 Fluxo disperso aa tape’ — (ayer : 1+4 So concentragao de DBO total afluente (mg/l) S = concentrago de DBO soliivel efluente (mg/l) K_ = coeficiente de remogio de DBO (a7!) t tempo de detengfio total (d) n= niimero de lagoas em série (-) d= ntimero de dispersio (dimensional) 2.6.2. DBO efluente soliivel e particulada Deve-se notar que, no Quadro 2.5, § é a DBO efluente solivel. A DBO afluente S, € admitida como a DBO total (soltivel + particulada), devido ao fato dos sélidos em suspensio organicos, responsdveis pela DBO particulada, serem convertidos em sdlidos dissolvidos, através de enzimas langadas ao meio pelas proprias bactérias. As bactérias assimilam, portanto, a DBO soltivel original dos esgotos (assimilacaio répida) ¢ a DBO particulada (aps conversfio a DBO soltivel). Assim, em principio, toda a DBO (soltivel + particulada) estaria disponivel para as bactérias. No entanto, a DBO total do efluente é causada por duas fontes: (a) DBO remanescente do esgo- to bruto apés tratamento (DBO soltivel) e (b) DBO causada pelos s6lidos em sus- pensio no efluente (DBO particulada). Os s6lidos em suspensao no efluente das Iagoas facultativas so predominantemente algas, que poderio ou nao exercer algu- 40 Lagoas de estabilizagdo ma demanda de oxigénio no corpo receptor, dependendo das suas condigbes de so- brevivéncia no mesmo. Os seguintes comentérios podem ser feitos (Arceivala, 1981; Abdel-Razik, 1991; Mara et al, 1997): * Caso as algas morram, a estabilizagdo da fracio orgénica de sua massa celular consumiré oxigénio. Se as algas forem consumidas pelo zooplancton e entrarem na cadeia alimentar, pode ser vantajoso, no caso de se ter uma ambiente mais produtivo, por exemplo, para piscicultura. Se as algas continuarem a se multiplicar, elas poderio causar 0 efeito benéfico de produgio de oxigénio. As algas realizam tanto fotossintese quanto respirag%o, mas a quantidade de oxigénio produzido pela fotossintese durante as horas do dia com luz solar é da ordem de 15 vezes mais que a consumida pela respiragdo durante as 24 horas do dia. Caso 0 efluente seja usado para irrigagio, as algas podem ser também benéficas. As cianobactérias contribuem para a fixagdio do nitrogénio, ¢ outras algas, quando mortas, liberam lentamente nutrientes, posteriormente utilizados pelas plantas, além de aumentarem a matéria orginica no solo, aumentando sua capacidade de retengdio de agua. No entanto, concentragdes excessivas de algas podem afetar a porosidade do solo. Segundo Mara (1995), os sélidos em suspensdo de lagoas facultativas sio em torno de 60 a 90% algas. Cada 1 mg de algas gera uma DBOs em torno de 0,45 mg. Desta forma, 1 mg/l de sélidos em suspensao no efluente & capaz de gerar uma DBOs (no teste da DBO, e nfo necessariamente no corpo receptor) na faixa de 0,6x0,45 ~ 0,3 mg/l a 0,9x0.45 ~ 0,4 mg/l. 1 mg SS/l = 0,3 a 0,4 mgDBOs/I Dados de monitoramento em algumas lagoas na regidio Sudeste do Brasil condu- ziram aos seguintes valores, expressos em termos de DQO: 1 mg SS/ = 1,0 a 1,5 mgDQO/ Devido a incerteza quanto a estes aspectos relacionados a sobrevivéncia das algas, uma abordagem pritica pode ser a de se desconsiderar a DBO das algas, ou dos s6lidos em suspensio, no efluente das lagoas facultativas. Assim, a DBO efluente das lagoas facultativas pode ser considerada como sendo apenas a DBO soliivel. De fato, a Comunidade Européia estabeleceu, em 1991, os seguintes padroes para efluentes de lagoas de estabilizaciio (Council of the European Com- munities, 1991): Lagoas facultativas 41 s soltivel (filtrada) < 25 mg/l 1 soliivel (filtrada) < 125 mg/l Solidos em suspensdo < 150 mg/l A legislacao da maior parte dos paises, incluindo o Brasil, nao faz distingao entre formas de DBO, considerando como padrio de langamento os valores de DBO total, A concentragiio de SS no efluente de lagoas facultativas usualmente atende o ‘padriio estabelecido pela Comunidade Européia, embora possa haver eventuais pe- tfodos com valores superiores ao estipulado. Infelizmente nao hé nenhum modelo matematico que permita a previsao, com confiabilidade, da concentragao de sélidos em suspenso no efluente da lagoa, dada sua grande variabilidade temporal em funcao das condigées ambientais, Em termos de projeto, para a estimativa da DBO particulada, pode-se assumir uma determinada concentragiio de $8, na faixa de: SS efluente = 60 a 100 mg/l 2.6.3. A remogéio de DBO segundo 0 modelo de mistura completa Como a relagéio comprimento / largura (L/B) usualmente empregada em lagoas facultativas primérias é da ordem de 2 a 4, tem-se que regime hidrdulico encontra- do na realidade é 0 de fluxo disperso (ver Item 2.6.4). No entanto, tem sido mais freqiientemente adotado nos dimensionamentos de lagoas facultativas 0 modelo de mistura completa (para uma ou mais células), devido as seguintes razdes: * Os célculos com o modelo de mistura completa séo os mais simples. * As lagoas facultativas nao sfio especialmente alongadas, nao se afastando excessi- vamente de um reator de mistura completa * A maior parte dos coeficientes de remogiio de DBO dispontveis na literatura so para mistura completa. O valor do coeficiente de remogiio de DBO (K) foi obtido por diversos pesquisa- dores em varias lagoas existentes em fungao da DBO de entrada e de safda e do tempo de detengao. O valor de K é sempre calculado em fungio do modelo hidréu- lico assumido. Em decorréncia, os valores de K reportados na literatura est&o asso- ciados ao regime hidriulico, devendo tal fato ser levado em consideragao quando da selegao do valor a ser adotado para 0 projeto de uma nova lagoa. Como comentado, a maior parte dos autores assume o regime de mistura completa, mas esta hipdtese nem sempre é explicitada ao se apresentar os valores de K. Ao se obter 0 valor de K tendo por base dados experimentais, deve-se sempre reportar a temperatura, vazao e as principais relagdes geométricas da lagoa (profundidade, comprimento e largura), além do modelo hidrdulico assumido nos calculos. Um outro ponto a ser lembrado é 42 Lagoas de estabilizagiio que, ao se calcular o valor de K, os seguintes valores de DBO devem ser considera dos: (a) DBO afluente: DBO total; (b) DBO efluente: DBO soltivel. Para o caso mais freqiiente do dimensionamento segundo o modelo de mistura completa, tem-se a seguinte faixa de valores usualmente utilizados para dimensio- namento (Silva e Mara, 1979; Arceivala, 1981; EPA, 1983; von Sperling, 2001): Lagoa, K (20°C) Lagoas primdrias (recebendo esgoto bruto) 0,30 20,40 d-1 Lagoas secundérias (recebendo efluente de uma lagoa ou reator) 0,25 0,32 4-1 Von Sperling (2001), analisando a remogio de DBO em 10 lagoas de estabiliza- cio primérias e secundérias no Sudeste do Brasil, encontrou os seguintes valores médios: lagoas primétias: K = 0,40 d"! (4 dados); lagoas secundarias: K = 0,27 d! (6 dados); todas as lagoas: K = 0,32 d*! (10 dados). O valor de K igual a 0,25 d* (para DQ6O) foi encontrado pelo autor e colaboradores em uma lagoa facultativa tratando 0 efluente de um reator UASB. E natural que o coeficiente de remogao de DBO seja mais elevado em lagoas facultativas primérias, j4 que 0 esgoto bruto contém matéria organica de degradagao mais facil. J4 0 efluente de lagoas anaer6bias ou reatores anaerdbios possui matéria organica de degradaciio mais lenta, uma vez que a fragdo de degradagao mais fécil foi removida nestes reatores. Em decorréncia, as lagoas facultativas secundarias, lagoas de maturagéio ou lagoas de polimento devem ter valores de K mais reduzidos. Para diferentes temperaturas, 0 valor de K pode ser corrigido através da seguinte equagio: Kr = Kzy. 0 F (2.7) onde: Kr = coeficiente de remocdio da DBO em uma temperatura do Iiquido T qualquer (d"') Ky9 = coeficiente de remogao da DBO na temperatura do liquido de 20°C (4) 0 coeficiente de temperatura (-). Deve-se notar que diferentes valores de @ siio propostos na literatura. Para K=0,35, 100 18 06-14 02+ 0,07 - 0,28 25 O7-13 02+ 0,10 - 0,30 Yanez (E9.2.13) - : 1,0 0,24-0.46 0,-0.2 von Sperting (Eq.2.14) : - 1,0 0,25-05 01-02 Limites de utilizagio da equago de Agunwamba, neste quadro: t = 20 a 40 d; L £300 m; T = 20°C Em cada coluna, para cada faixa de relagées L/B, 0 menor valor de d corresponde ao maior valor de L/B Uma comparagao adicional entre os quatro métodos de estimativa do Ntimero de Dispersio foi efetuado por von Sperling (2002). Uma série de 1000 conjuntos inde- pendentes de dados fisicos, gerados aleatoriamente, foi utilizada para se comparar os valores de d resultantes dos quatro métodos. Em cada um dos 1000 conjuntos, os dados de entrada variaram aleatoriamente, cobrindo a maior parte das situagoes en- contradas na pritica, As faixas de variagao foram: (a) relagZio comprimento/largura: L/B = 1 a 16; (b) comprimento da lagoa: L = 20 a 300 m; (c) profundidade da lagoa: H = 1,0 a 3,0 m; (d) tempo de detengao hidréulica: t = 3 a 40 d; (v) temperatura do liquido: T = 15 a 25 °C. 48 Lagoas de estabilizagdo A Figura 2.12 mostra a matriz de correlagao dos 1000 resultados do Ntimero de Dispersio obtidos, segundo os quatro métodos. Pela figura, observa-se claramente que: (a) os modelos de von Sperling e Yanez conduzem a praticamente os mesmos resultados, em toda a faixa de valores de d; (b) 0 modelo de Agunwamba gera resul- tados préximos aos de von Sperling e Yanez, especialmente para menores valores de d; (c) o modelo de Polprasert gera valores bem distintos dos trés outros modelos, especialmente na metade superior dos valores de d, segundo von Sperling e Yanez, em toda a faixa de d, segundo o modelo de Agunwamba. MATRIZ DE CORRELAGAO NUMEROS DE DISPERSAO, SEGUNDO QUATRO DIFERENTES METODOS i | SPERLING ‘AGUNAM . . POLPAAS = | | Fig. 2.12. Grafico da matriz. de correlacao dos 1000 valores de d, gerados segundo os modelos de von Sperling, Yanez, Agunwamba et al e Polprasert ¢ Batharai c) Relagao entre os coeficientes de remogiio para diferentes regimes hidrulicos Com relagiio ao coeficiente de remogao K, a principio, o seu valor deveria ser 0 mesmo, tanto para o regime de mistura completa, quanto para o regime de fluxo disperso. No entanto, em lagoas existentes, na maioria das vezes o valor de K é estimado assumindo-se o modelo de mistura completa, conhecendo-se as concen- tragdes de DBO na entrada (S,) e na saida (S) e 0 tempo de detengao (t). Através de rearranjo da equagio de $ para a mistura completa (Quadro 2.5), pode-se obter 0 valor de K. Neste caso, © valor de K superestimado, pois, na realidade, o regime hidréulico nao é a mistura completa ideal, mas o fluxo disperso. Mesmo para uma lagoa quadrada, o mimero de dispersio d é igual a 1,0 (segundo Yanez e von Sper- ling - Equacées 2.13 e 2.14), afastando-se bastante dos valores mais elevados que caracterizariam a mistura completa ideal. Lagoas facultativas 49 © Quadro 2.9 apresenta a correspondéncia entre os valores de K calculados s lo os dois regimes hidréulicos (mistura completa e fluxo disperso), para diferen- valores de d (ou da relaco L/B) e do par adimensional K.t (para fluxo disperso). exemplo, numa lagoa com relagio L/B ~ 2 (d= 0,5), tempo de detencdo t = 27 d, (fluxo disperso) = 0,15 d-!, tem-se: K.t = 27x0,15 =4. A relacdo K (mistura com- pleta) / K (fluxo disperso) é, segundo o Quadro 2.8, para K.t= 4 ed=0,5, igual a 2,21. Isto quer dizer que, caso 0 coeficiente K fosse determinado nesta lagoa assu- ‘mindo-se mistura completa, obter-se-ia um valor de K = 2,21x0,15 = 0,33 d!. Os valores de K citados na literatura para 0 regime de mistura completa situam-se entre 0,25 e 0,40 dc"! (ver Ttem 2.6.3), ou seja, prdximos ao valor de 0,33 d! obtido neste exemplo. No entanto, caso a lagoa tivesse outras relagdes geométricas € outro tempo de detengio, a conversio dos coeficientes poderia conduzir a valores bem diferen- tes. Quadro 2.9. Relaco entre os coeficientes de remogao K obtidos no regime de mistura com- pleta e no regime de fluxo disperso, para diferentes valores de K.t (fluxo disperso) e do ntime- ro de dispersao d : Kt Ralagao K (mistura completa) /K (fluxo disperso) | {flixo disperso) d=1,0 5 d=02 d=0,1 uB~1 UB =2 UB=4 Le = 10 0 7,00 4,00 4,00 4,00 1 114 1,23 4,40 4,52 2 129 1,82 1,95 2,92 3 1,46 1,88 2,68 3,55 4 1,64 2.24 3,66 5,39 5 1,83 2.65 4,95 8,18 6 2,04 3,15 6.62 12,28 7 227 3,73 881 18,21 8 2.53 4,38 11,60 26,81 9 279 5.14 15,16 39,11 10 3,08 6.01 19,66 86,50 d) Eficiéncia de remogao Com os valores de de K (fluxo disperso) pode-se estimar a eficiéncia da lagoa na remogiio de DBO, segundo as férmulas apresentadas no Quadro 2.5, para reatores de fluxo disperso. Nestas equagdes, quando se tem d=0, a formula produz resultados praticamente iguais aos da equaco para fluxo em pistio. Similarmente, quando d=ee ou, em termos priiticos, bem alto, os resultados so bem préximos aos da mis- tura completa. Na férmula do fluxo disperso, 0 segundo termo do denominador pode ser desprezado, por ser usualmente bem baixo. O Exemplo 2.2 ilustra um cél- culo para uma lagoa de relagdes dimensionais convencionais. 50 Lagoas de estabilizagdo Para se visualizar estes conceitos, a Figura 2.13 plota o produto adimensional K.t versus a eficiéncia de remogao da DBO, baseada em rearranjo de grafico classi- co de Thirumurty (1969). EFICIENCIA DE REMOGAO DA DBO REATOR DE FLUXO DISPERSO |ENCIA (%) i Fig, 2.13, Remogo de um composto segundo uma reagiio de primeira ordem (ex: DBO), para os print pais regimes hidréulicos Exemplo 2.2 Calcular a concentragdo de DBO soltivel efluente (S) segundo 0 modelo de {fluxo disperso, para uma lagoa com os seguintes dados: DBO afluente S, = 300 mg/t Coeficiente de remogdo: K = 0,15 d'! (adotado, dentro da faixa média do Quadro 2.6) Tempo de detencdo: t = 30d Geometria da lagoa: L/B = 2 Solugdo: a) Estimativa do Nimero de Disperséio d Lagoas facultativas 51 Considerando-se a relagéo L/B ser igual a 2, 0 niimero de dispersdo situa-se entre 0,4 € 0,5, segundo as formulas de Agunwamba et al e de Yanez (ver equagées 2.12 a 2.14). Adotar, no presente exemplo, o valor de 0,4. b) Célculo da concentragao efluente Segundo as formulas expressas no Quadro 2.5 para reatores de fluxo disper- so: a=V1+4K.td = 1+ 4x0,15x30x0,4 = 2,86 dae!” =300. 4x2,86.0"9 —=ayre™™ (1+ 2,86)?.6? 5 — (1 2,86)8 ¢ EOS Observa-se que este valor é intermedidrio entre os obtidos no Exemplo 2.1 para uma célula de mistura completa (S=10 mg/l) e 2 células em série ( me). As mesmas consideragoes efetuadas acima sobre a conversdo dos coeficien- tes K (fluxo disperso) para K (mistura completa) poderiam ter sido efetua- das. ¢) Calculo da eficiéncia na remogéo da DBO E=100.(So-SY/SO = 100x(300-22)/300 = 93% O mesmo valor poderia ter sido obtido através da Figura 2.13, para d = 0,4 e K.t = 0,15x30 = 4,5. As eficiéncias calculadas baseiam-se somente na DBO solivel efluente, e ndo levam em consideragéo a DBO particulada, também presente no efluen- te da lagoa. 52 Lagoas de estabilizagéio 2.7. ARRANJOS DE LAGOAS Como visto, 0 sistema de lagoas facultativas pode ser projetado para ter mais de uma lagoa, 0 que confere uma maior flexibilidade operacional. Ao se analisar a diviséo em um maior mimero de unidades, deve-se levar em consideragio os se- guintes aspecto: * Células em série. Um sistema de lagoas em série, com um determinado tempo de detengao total, possui uma maior eficiéncia do que uma lagoa Unica, com 0 mes- mo tempo de detengao total. A implicagio de tal é que, para uma mesma qualidade do efluente, pode-se ter uma menor 4rea ocupada com um sistema de lagoas em série. * Células em paralelo. Em principio, um sistema de lagoas em paralelo possui a mesma eficiéncia que uma lagoa tinica. No entanto, o sistema possui uma maior flexibilidade e garantia, no caso de se ter de interromper o fluxo para uma lagoa, devido a algum problema ou eventual manutengdo (embora deva ser rara). Desta forma, o funcionamento do sistema nao seré interrompido. + Sobrecarga orgdnica na primeira célula. Caso haja lagoas em série, deve-se levar em consideragio o fato de que a primeira célula iré trabalhar sobrecarregada, por receber toda a carga afluente, com a possibilidade de se ter condigdes de anaerobi- ose. O projeto deverd avaliar o balango de oxigénio nesta célula (produgiio e con- sumo), ou verificar se a taxa de aplicagao superficial nao € excessiva na primeira célula, Para contornar tal situagio, células de diferentes tamanhos podem ser ado- tadas, com a primeira unidade possuindo a maior Area. No entanto, as unidades subsequentes poderiam ser consideradas como sendo mais lagoas de maturagiio, do que lagoas facultativas propriamente ditas. Este aspecto de sobrecarga € bas- tante importante em lagoas primérias (que recebem esgoto bruto), ¢ fregitente- mente restringe a utilizagdo de lagoas facultativas em Lagoas em série sao mais utilizadas para a remogo de pat6genos, nas quais nao deveria haver proble- mas de sobrecarga na primeira lagoa da série. * Divisdes internas. A subdivisdo de uma tinica Jagoa em um maior mimero de lago- as implica na necessidade de taludes intermediarios. + Fluxo em pistdo. Teoricamente, um mimero infinito de células em série corres- ponde ao fluxo em pisto, o qual seria o sistema mais eficiente na remogio da DBO. Assim, ao invés de se ter um elevado ntimero de lagoas em série, pode-se ter uma lagoa com um percurso predominantemente longitudinal, conseguido atra- vés de uma série de curvas em U ou chicanas, formando um zig-zag. Neste caso, deve-se levar em consideragdo os aspectos mencionados acima, relativos & sobre- carga no trecho inicial, ¢ & necessidade de taludes (ou divisdes intemnas, como paredes ou lonas). O fluxo em pistio € mais utilizado para o polimento do efluen- te, como em lagoas de maturacdo, nas quais nao hd preocupagao com sobrecarga no trecho inicial da lagoa, Para lagoas facultativas, Yanez (1993) sugere uma rela- do comprimento/largura de no maximo 8:1. No entanto, acredita-se que relagdes ultativas 53 Lagoas fe nores, da ordem de 2 a4 podem ser mais seguras do ponto de vista da sobrecar- orgiinica. 2.8. ACUMULO DE LODO © lodo acumulado no fundo da lagoa € resultado dos s6lidos em Jot0 bruto, incluindo areia, mais microrganismos (bactérias ¢ algas) sedimenta- , A fragdo organica do lodo € estabilizada anaerobiamente, sendo convertida em ua e gases. Em assim sendo, o volume acumulado é inferior ao volume sedimen- lo, A taxa de actimulo média de lodo em lagoas facultativas é da ordem de apenas 0,03 a 0,08 m°hab.ano (Arceivala, 1981), Silva (1993) e Gongalves (1999) apresen- tam valores de clevagio média da camada de lodo em tomo de 1 a 3 em/ano. Como conseqiiéncia desta baixa taxa de actimulo, a ocupagio de volume da lagoa é baixa. A menos que a lagoa esteja com uma alta carga, 0 lodo se acumularé por diversos anos, sem necessidade de qualquer remocio. Do Jodo acumulado, uma menor fragio é representada pela areia. Apesar disso, considera-se necesséria a remogao da areia, j4 que esta tende a se concentrar prxi- mo as entradas, ¢ na primeira célula de um sistema em série. Isto enfatiza a necessi- dade de um bom tratamento preliminar do esgoto. A digestao anaerébia do lodo de fundo pode gerar subprodutos sohiveis nio estabilizados os quais, ao serem reintroduzidos na massa Ifquida superior, so res- ponsdyeis por uma nova carga de DBO. Tal ocorre em maior taxa nos periodos mais quentes. Assim, os meses de vero podem nao ser necessariamente os meses de melhor desempenho da lagoa (Abdel-Razik, 1991). O impacto deste fendmeno sera maior ou menor, dependendo da magnitude da carga de DBO reintroduzida, compa- rada A carga de DBO afluente. 2.9. CARACTERISTICAS DE OPERACAO. A interpretagdio da cor predominante na lagoa pode esclarecer sobre as condi- Ges de seu funcionamento (ver Quadro 2.10). Alguns destes aspectos siio revistos no Item 10, relativo a manutengao e operacao. 54 Lagoas de estabilizagao Quadro 2.10. Vinculagao entre a cor da lagoa e a caracteristica de funcionamento Cor da lagoa interpretacao Verde escura e * Presenga pouico importante de outros microrganismos no efluente parciaimente + Altos valores de pH e OD iransparente + Lagoa em boas condigées Verde * _Crescimento de rotiferos ,protozoérrios ou crustaceos, que se alimentam das algas, amarelada ou —_podendo causar a sua destruigéio em poucos dias ‘excessivamenie » Caso as condigées persistam, haveré decréscimo do OD e eventual mau cheiro clara ‘Acinzentada +» Sobrecarga de matéria organica e/ou tempo de detencae curto ‘+ Fetmentagao na camada de lodo incompleta + Alagoa deve ser posta fora de operacao Verde feitosa + A lagoa esté em processo de autofloculagao, decorrente da elevagao do pH @ da temperatura + Precipitagdo de hidréxidos de magnésio e de calcio, arrastando consigo algas © outros microrganismos Excessiva proliferagaio de cianobactérias * Atloracao de certas espécies forma natas que se decompéem faciimente, provocando a exalagfo de maus odores, reduzindo a penotragao da luz e, em conseqiiéncia, diminuindo a produgao de oxigénio ‘Marron Sobrecarga de matéria organica avermethada + Presenga de bactérias folossintéticas oxidantes de sulfeto (requerem laze sulfetos, utilizam CO, como receptor de elétron, nao produzem oxigénio @ nao contribuem para a remogao de DBO) ‘Azul esverdeada Fonte: Arceivala (1981); CETESB (1989) 2.10. POLIMENTO DE EFLUENTES DE LAGOAS Ha varias possfveis formas de se melhorar a qualidade do efluente de lagoas, visando principalmente uma remogiio dos sélidos em suspensao (algas) efluentes, citando-se, entre outros: (a) filtros de areia intermitentes, (b) filtros de pedra, (c) micropeneiras, (d) lagoas com macréfitas flutuantes, (e) aplicagdio em solos com gramineas, (f) banhados construfdos, (g) processos de coagulacao e clarificago, (h) flotagao e (i) biofiltros aerados (EPA, 1983; WPCF, 1990; Mara et al, 1992; Oliveira e Goncalves, 1995; Gonealves et al, 2000; Crites e Tehobanoglous, 2000). A incluso de qualquer um destes processos deve naturalmente encontrar uma justificativa do pono de vista das necessidades do corpo receptor (¢ niio apenas para resguardar padroes de langamento), por implicar na elevacéio dos custos e da com- plexidade do tratamento. Qs sistemas de pés-tratamento encontram uma maior aplicabilidade para a me- Ihoria do efluente de lagoas ja existentes. Possivelmente, em novos projetos, caso haja a necessidade de um efluente de elevadissima qualidade em termos de DBO/ DQO e nutrientes, outros sistemas de tratamento mais eficientes devam ser adotados desde o inicio, ao invés da combinagio de lagoas facultativas com pés-tratamento, Alguns processos de remocao de algas so discutidos a seguir. Lagoas facultativas 55 Filtros de pedra. Filtros de pedra consistem de leitos porosos de pedra submer- S08, nos quais as algas sedimentam, & medida que a dgua flui através do leito, As algas se decompdem, liberando nutrientes que sao utilizados pelas bactérias que erescem na superficie do filtro. Além da remogao das algas, pode ocorrer também a nitrificagao. O desempenho depende da taxa de aplicacaio, temperatura e tamanho e forma das pedras. Taxas de aplicagao situam-se na ordem de 1,0 m} de efluente por m} de filtro de pedra por dia, As pedras possuem dimensées de cerca de 50a 200 mm = valores maiores reduzem a area de exposig&o superficial, ao passo que valores menores podem conduzir a entupimentos. A altura do leito é em torno de 1,5 a 2,0 m efluente das lagoas deve ser introduzido abaixo da camada superficial para evitar problemas de odores. O conjunto pode situar-se dentro da lagoa, Os custos siio bai- Xos ¢ a operagio simples, estando associada a remogio periédica do himus acumu- lado (Mara et al, 1992). As principais desvantagens esto associadas a possivel ge- tagdo de maus odores e ao fato de que a vida ttil e os procedimentos de limpeza nao esto ainda totalmente estabelecidos (WPCF, 1990; Crites e Tchobanoglous, 2000). Filtros intermitentes de areia. Os filtros intermitentes de areia so algo simila- res aos filtros lentos, operados de forma intermitente. O efluente é disposto periodi- camente na superficie do leito filtrante. Os s6lidos em suspensao e a matéria organi- ca so retidos nos primeiros 5 a 8 cm. Apés colmatagao, a camada superficial de areia é removida. A camada do leito tem uma espessura de cerca de 0,5 a 1,0 m, com uma areia de tamanho efetivo entre 0,2 ¢ 0,3 mm. A taxa de aplicacao hidréulica situa-se entre 0,2 a 0,6 m¥/m?.d, com os menores valores associados a efluentes com teores de SS superiores a 50 mg/l e perfodos frios (Crites e Tchobanoglous, 2000). Macréfitas flutuantes. Com relagiio a macréfitas flutuantes, a utilizacdo de la- goas com aguapés (Eichhornia crassipes) tem sido objeto de consideravel polémi- ca, aguapés, por serem vegetais, so seres autétrofos, ou seja, nao utilizam a matéria orgnica do esgoto. No entanto, o seu sistema radicular permite o desenvol- vimento de uma biomassa capaz de estabilizar parte da matéria organica, além de adsorver outros poluentes, como metais pesados. O sistema radicular contribui ain- da para uma maior sedimentagao dos sélidos em suspensio. Embora nao haja um consenso sobre 0 assunto, a maior parte das pessoas enyolvidas diretamente com a operacao destas lagoas comenta que os problemas suplantam os beneficios. Os agua- pés crescem bastante rapido, e é necessdria uma infra-estrutura de remogéio dos agua- pés compativel com a sua taxa de crescimento, de forma a impedir que as plantas mortas se dirijam para o fundo da lagoa, onde, ao sofrerem conversio anaerdbia, possibilitam a ressolubilizagao dos poluentes removidos. Uma macrofita de manejo mais simples, devido ao seu menor tamanho, é a len- tilha d’4gua (Lemna sp.). A lentilha se desenvolve na superficie da lagoa, diminuin- do a penetragao da energia luminosa, o que reduz a taxa de crescimento das algas. Em decorréncia, o efluente sai mais clarificado, Lagoas com lentilhas d’égua devem situar-se no final da série de lagoas, ja que sua eficiéncia é menor do que uma lagoa de maturagdo na remogao de coliformes, mas geram um efluente com menor teor de 56 Lagoas de estabilizagao SS. As lentilhas podem ser coletadas e servir de alimento para peixes em uma outra lagoa, especificamente para esta finalidade. Remogiio fisico-quimica. A remogao de S$ por coagulagdo/floculacdo pode ser feita de forma simples locando-se as unidades dentro da propria lagoa. Gongalves et al (2000) inseriram um tanque de mistura (t=1 min), uma unidade de floculagao granular (t=7 min) e um decantador laminar (taxa de aplicagio hidréulica = 70 m°/ m?.d) dentro de uma lagoa facultativa. O coagulante que produziu melhores resulta- dos foi o cloreto férrico, com uma dosagem de 80 mg/l. Boas remogdes de SS (73%), DQO (58%) ¢ fésforo (83%) foram aleangadas. O lodo era recirculado para a lagoa anaerdbia, nao tendo sido observada alterago em seu desempenho. 2.11. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO Exemplo 2.3 Dimensionar uma lagoa facultativa, com base nos seguintes dados: Populagéo = 20.000 hab Vazdoo afluente: Q = 3.000 m/d DBO afluente: S, = 350 mg Temperatura: T = 23 °C (liquido no més mais frio) Solueao: a) Célculo da carga afluente de DBOs 1000 g/kg carga = concentragio x vazdio= = 1.050 kg/d b) Adogéo da taxa de aplicagdo superficial L, = 220 kgDBOgha.d (adotada — ver Item 2.5.a) ¢) Céleulo da area requerida = b _ 1050 ks/d 4 ga = 48.000 m? L, 220kg/had 4d) Adogéo de um valor para a profundidade H = 1,80 m (adotado) Lagoas facultativas 57 58 e) Calculo do volume resultanie V= AH = 48.000 m?. 1,80 m = 86.400 m* A) Caileulo do tempo de detencao resultante 3 ee =28,8d 000 mid g) Adogdo de um valor para o coeficiente de remogiio de DBO (K) * Regime de mistura completa, a 20°C (ver Item 2.6.3) K=0,35d! * Correcéo para a temperatura de 23 °C: Adotando um valor para o coeficiente de temperatura @ = 1,05: Kr = Kyo. 0'T?0) = 0,35. 1,052) = 0,41 d! h) Estimativa da DBO soliivel efluente Utilizando-se 0 modelo de mistura completa (admitindo-se uma célula néo predominantemente longitudinal), tem-se: §5 350 T+Kt 1+0,41x28,8 =27 mg/l Nota: caso houvesse sido adotado 0 modelo de fluxo disperso, com as di- mensées L, Be H determinadas no Item m, conjuntamente com as equagdes do Item 2.6 (Quadro 2.5, Equages 2.12, 2.13 ou 2.14, K=0,15 4! para 20°C, = 1,035), ter-se-ia: * d= 0,35 (segundo Eq. 2.12), d = 0,37 (segundo Eq. 2.13) ou d=0,40 (se- gundo Eq. 2.14) © $= 23 mg/l i) Estimativa da DBO particulada efluente Admitindo-se uma concentragdo de SS efluente igual a 80 mg/l, e conside- rando-se que cada | mgSS/ implica numa DBOs em torno de 0,35 mg/l (ver Item 2.6.2), tem-se: Lagoas de estabilizagiio DBOsparticulada = 0,35 mgDBOs/mgSS x 80 mgSS/ = 28 mgDBOS/ Deve-se lembrar que a DBO particulada é detectada no teste da DBO, mas poderd néio ser exercida no corpo receptor, dependendo das condigées de sobrevivéncia das algas. (j) DBO total efluente DBO total efluente = DBO solivel + DBO particulada DBO total efluente = 27 + 28 = 55 mg/l 1) Cdlculo da eficiéncia na remogdo da DBO —.100 = 84% m) Dimensées da lagoa As dimensdes da lagoa sao fungao do terreno e da topografia locais. Para o efeito deste exemplo, serdo adotados valores inespecificos. Caso sejam adotadas 2 lagoas em paralelo e uma relagdo comprimento/ largura (L/B) igual a 2,5 em cada lagoa, ter-se-d: Area de 1 lagoa = 48.000/2 = 24.000 m? A=LB= BP B).B = 24.000 m? = 2,5.B? > B = [AAL/B)]95 = (24.000/2,5)°5 = 98,0 m L = (L/B) x B = 2,5.B = 2,5x98,0 m = 245,0m + Comprimento: L = 245,0m * Largura: B= 98,0 m n) Area total requerida para todo o sistema A Grea total requerida para a lagoa, incluindo os taludes, urbanizagdo, vias internas, laboratério, estacionamento e outras dreas de influéncia, é cerca de 25% a 33% maior do que a drea liquida calculada a meia altura (Arcei- vala, 1981). Assim, Lagoas facultativas 59 ; ; =1,3x48.000m? = 62.400m* (6,2ha) 62.400 m? 20.000 hab 3,1 m/hab 0) Acumulacdo de lodo Acumulagao anual = 0,05m’/hab .20.000 hab = 1.000 m*/ano Espessura em I ano: 1,000 m*/ano .1 ano ¥ = 0,021 m/ano = 2,1 cm/ano 48.000m*° Espessura = Espessura em 20 anos de operacdo: Espessura: 2,1 cm/ano x 20 anos = 42 cm em 20 anos Apés 20 anos de operagéo, 0 lodo ocupa apenas 23% (=0,42m/1,80m) da profundidade itil das lagoas. p) Arranjo do sistema LAGOAS FACULTATIVAS. 245m > 98m Lagoa 1 > 98m one 60 Lagoas de estabilizagéio Capitulo 3 Sistema de lagoas anaerébias seguidas por lagoas facultativas 3.1. INTRODUCAO As lagoas anaerdébias constituem-se em uma forma alternativa de tratamento, onde a existéncia de condigoes esiritamente anaerobias € essencial. Tal é aleangado através do langamento de uma grande carga de DBO por unidade de volume da lagoa, fazendo com que a taxa de consumo de oxigénio seja varias vezes superior & taxa de produgdo. No balango de oxigénio, a producio pela fotossintese e pela rea- eragdo atmosféricas so, neste caso, despreziveis. As lagoas anaerdbias tém sido utilizadas para o tratamento de esgotos domésti- cos e despejos industriais predominantemente orgdnicos, com altos teores de DBO, como matadouros, laticinios, bebidas etc. A conversio da matéria orginica em condigdes anaerdbias é lenta, pelo fato das bactérias anaerdbias se reproduzirem numa vagarosa taxa. Isto, por seu lado, é ad- vindo de que as reagdes anaerébias geram menos energia do que as reagdes aerdbias de estabilizaciio da matéria organica, A temperatura do meio tem uma grande influ- ancia nas taxas de reprodugdo da biomassa e conversio do substrato, 0 que faz com que regides de clima quente se tornem propicios a este tipo de lagoas. As lagoas anaerdbias so usualmente profundas, da ordem de 3 m a5 m. A pro- fundidade é importante, no sentido de reduzir a possibilidade da penetragao do oxi- génio produzido na superficie para as demais camadas. Pelo fato das lagoas serem mais profundas, a area requerida é correspondentemente menor. As lagoas anaerdbias nfo requerem qualquer equipamento especial e t¢m um consumo de energia praticamente desprezivel (para uma eventual elevatéria do es- goto bruto ou de recirculaco do efluente final). A eficiéncia de remogio de DBO nas lagoas anaerébias é usualmente da ordem de 50% a 70%. A DBO efluente é ainda elevada, implicando na necessidade de uma unidade posterior de tratamento. As unidades mais utilizadas sao as lagoas faculta- tivas, compondo o sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultativas, também denominadas de sistema austratiano (Fig. 3.1). A remogio de DBO na lagoa anaerdbia proporciona uma substancial economia de érea para a lagoa facultativa, fazendo com que 0 requisito de érea total (lagoa anaerdbia + facultativa) seja em tomo de 45 a 70% do requisito de uma lagoa facultativa tnica. Sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultativas 61 A existéncia de uma etapa anaerdbia em um reator aberto é sempre uma causa de preocupacdio, devido a possibilidade da gerago de maus odores. Caso o sistema esteja bem equilibrado, a geragfo de mau cheiro no deve ocorrer, mas eventuais problemas operacionais podem conduzir & liberagio de gas sulfidrico (HS), respon- sdvel por odores fétidos. Caso a concentracio de sulfato no afluente seja inferior a 300 mg/, haverd uma produgio de sulfetos que nao deve ser problematica (em con- digdes anaerdbias, o sulfato é reduzido a sulfeto). Adicionalmente, caso o pH na lagoa esteja préximo 2 neutralidade, a maior parte dos sulfetos estard presente na forma do ion bissulfeto (HS"), que nio gera odores (Mara et al, 1992). Esgotos com baixos valores de pH (advindos de efluentes industriais, Aguas de abastecimento brandas, com baixa alcalinidade, elevada acidez e sem corregdo de pH) podem indu- zir a problemas de maus odores. Por essas raz6es, o sistema australiano é normal- mente localizado onde é possfvel haver um grande afastamento das residéncias (du- rante todo o horizonte de operacio das lagoas). LAGOA ANAEROBIA - LAGOA FACULTATIVA, EER CAMA MEDICA 1, ora AR, BEY LAGOAANAEROBIA LAGOA FACULTATIVA, — .— Sin oe. a TLL v v (eal ‘ 20 Stila Fig. 3.1. Sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultativas 3.2. DESCRICAO DO PROCESSO De forma simplificada, a conversio anaerébia se desenvolve em duas etapas: * liquefacao ¢ formagao de acidos (através das bactérias acidogénicas) * formagao de metano (através das bactérias metanogénicas) Na primeira fase no hé remogdo de DBO, apenas a conversio da matéria orga- nica a outras formas (moléculas mais simples e depois dcidos). E na segunda etapa que a DBO é removida, com a matéria organica (dcidos produzidos na primeira etapa) sendo convertida a metano, gas carb6nico e Agua, principalmente. O carbono orginico € removido do meio liquido pelo fato do metano (CH,) escapar para a atmosfera. As bactérias metanogénicas so bastante sensiveis as condigdes ambientais. Caso sua taxa de reprodugio se reduza, haverd o actimulo dos dcidos formados na primei- ra etapa, com as seguintes conseqiiénci * interrupeao da remogéio da DBO * geragdo de maus odores, pois os dcidos so extremamente fétidos. 62 Lagoas de estabilizagao E fundamental, portanto, que se tenha o adequado equilibrio entre as duas comuni- dades de bactérias, garantindo a consecugio de ambas as etapas. Para 0 adequado desenvolvimento das bactérias metanogénicas deve-se ter as seguintes condigées: * auséncia de oxigénio dissolvido (as bactérias metanogénicas siio anaerdbias es- tritas, no sobrevivendo na presenga de oxigénio dissolvido) * temperatura do Liquido adequada (acima de 15°C) + pH adequado (préximo ou superior a 7) A atividade anaer6bia afeta a natureza dos sdlidos, de tal forma que, na lagoa facultativa, eles apresentam uma menor tendéncia a fermentagao e flutuagdo, além de se decomporem mais facilmente. 3.3. CRITERIOS DE PROJETO PARA AS LAGOAS ANAEROBIAS Os principais parametros de projeto das lagoas anaerdbias so: + Taxa de aplicagao volumétrica * Tempo de detengao * Profundidade * Geometria (relagdo comprimento / largura) O critério da taxa de aplicacao volumétrica é 0 mais importante, sendo estabele- cido em fungao da necessidade de um determinado volume da lagoa anaerébia para a conversao da carga de DBO aplicada. O critério do tempo de detengao baseia-se no tempo necessério para a reproducdo das bactérias anaerdbias a) Taxa de aplicagao volumétrica A taxa de aplicaco volumétrica L,, principal pardmetro de projeto das lagoas anaerdbias, é fungao da temperatura. Locais mais quentes permitem uma maior taxa (menor volume). A consideragio da carga volumétrica é importante, pois certos des- pejos, como os industriais, podem variar bastante a relagdo entre a vazao e a concen- trago de DBO (carga = concentragio x vazio). Assim, apenas o critério do tempo de detengdo € insuficiente. Mara (1997) propée a relagdo entre as taxas de aplicagéio volumétricas e a tem- peratura apresentadas no Quadro 3.1 e na Figura 3.2. Os valores apresentados sao de taxas admissiveis, e o projetista poderd desejar ficar a favor da seguranga, adotando taxas menores, Sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultalivas 63 39 spayponnonf svoSvy 10d sopmsas svigosaun spo8v) ap muiatsis Te O/A=) rap orour od oppgo 9 aueyfnsar vor[nysprYy ORSUoI9p op oduro} o *(7) LOL -gumnjoa opSvarde op exe) wu aseq tos voFey vp aumfoa o operNsed 10) as sody “spigo4an a svauvimanf ‘sorqosavuD S205)Puod aijua ap}1280 opuapod opu ‘spp.usa spIqosapUD svosH} owoy epUo}oUNf ap wig! spiqo.apun spo8py SY “seatugTouRIoU seLIgIOLG se ved PeIL] 9 OLUQBIXo op vd -uasaid 8 siod ‘[aayfosaput 9 oysy “BANeIINORy LOFe] BUN oLIOD s]UOUHTBUOISLDO .e]I0d -oo 98 eLIopod viqosoBUL LORE] vB ‘seIp g B soroIadns oRSuDep op sodura) tO ode] vp puny o vuvd epenuo ep o¥sieAUod sajduuis v Wd ‘se10po 9p ogSeiod vu opdnpar 2 oyuadwiosep op eyOYjaUT vUM UTBIAAN ‘seUOIoRIado seUO] -oid wmearjuasaide anb ‘steuorsrpen serqoraeue seose7] “essewi01g — votuysio eLaeut omwjUOd OF OpeUoIDefan “eIoURLOdUT [eUOWEpUNY 2p oJadse WM OpUBZILINO “eIqoI9 -BUE BSSLUIOIG & UIOS OJATTP OFIUOD Wa} ‘LOSY] BU Ie.NUD OF ‘aUANTL 010389 G ‘Opoy ap mueUL op OIggJevUE Jor WIN v seLUTKOIde 9s OpuMOsng ‘soquOd soLPA WHO ~vOsE] vp opuny ojd aywanye op ovSingunstp wun op sgavaye sepEdwino sos wopod $905 ~[puod seIsF] ‘o10Fso-RsseLIOIg OFFI OUTHUF tN OpHURI efos Ose 9 ‘opejuoUINE as wssod vsseurorg up ovduajar op oduzo} 0 osvo ‘opedunore 10s apod orsy “vip 1 ]UAUIPENIUDAS “9 SIP Z ap OLUIO) Wo ered ‘seIqoIoEUE SBOE] SU OBSUDIOP op SodUIo} iP OS Op auasar vIoUgpual eu YY onb ‘oyERIUE OU “TRORISap as-anoqT “soptoP Sop ORsIaAUOD ¥ apEpInUTUOS sep ered soruggouM}eut stuipiong svonod soavy ap OTe] Ofad ‘sazopo snewt op oydvso3 Wood ‘o1ou OU SOproY ap ojnuINse o vEIEs eIoUgNbasuos y ‘voTUgSoULjoUT v 9 voTUaoproe ase] v anu ota -98ap OP dAvIT STeUL OJDadsv O BIIO.LIOIO “T]ZNPad as vIQOJOLUL LOSE] Bp BIOUgIOTJO BP W9TY “[PApIso BURLING OVSendod wun op oRdUSINUELE v JaAIssod BLAS OBU ‘S905 1puod seySaNy °(Sod{Ro]OIg sozO RY) eIUDT 9 end v ‘oRSnpoadas ap exe) vUdoud ens y sonrodns fas (soortnpapty ses01e) LOSE] UP aUAN]Je 0 Woo svorugSoUrIEW seLIAIOeG Sep epres ap exe) e anb «011090 propod ‘seIp O*E F SoLOLIEJUL sodut9) WD “(opol ep ppeureo up venOe o}UONYE Op epETUD WIOD) sTeUOTOUDAUOD seiqgssEUE svORE] SCN, so mu! PO'ORPO'E=3 exrey aquinas vu as-vnus aruaUpeLUIOU vor AYIPIY OpSuA.ap ap odutoy o “SOSTSPUOP SOIOSTS veg ogduajop ap oduuay, (q svIqoroeUR OWOD altoWT|Par WauOLoUNy svose] sv nb InUETeS v vULIOJ ap ‘edvjo wurowud eu sepeyurjdusr opues seode} svonod no wun seuade woo “seiqos opseryiquisa ap svo8vT 9 -ovur svo8e] sreu! no sep wis oRSeUR[duN & as-rpIArp a1tEssaxaqUT Jas apod “exTeq, fos jeroquy vdieo v ose. “oRSeiodo op o1osut 0 apsap ojaford ap soLMHIO sov oWOUTIP -uare 0 enbyLAA 9s anb ojumyoduut 9 ‘oxofoud ap aquoztioy op wy 2 o1DFuT axjue ‘o[d. -wiaxa sod ‘ajuanyje eS1vo vp ozdeniva opuvsd eumn wio} as stenb seu sagSeoyide wy “pOLNQUINJOA oySvoHTde op BKEI UP O 9 JOPIUyOP OLIN -L9 0 ‘siemnsnpur soquanye emg “soquie v JozeysHes ‘Jeayssod oyuenb ou ‘opuodop ‘(eotnguinjoa wxe} 9 oRSUD}Op op odwo}) SoLISIED sIOp so anud ossfuosduo9 WN 9 wIggroUR Lose] v ved OpmopL J9s v [PUY DUINIOA o ‘soaNspUIOp SOIOSSe BIE (P's Ga3y) voRNgUMNIOA oRSeoyde ap exe) = “7 (pSOMAasY) (epenonsed + foanfos) wuanye TeI01 CGC ap eB = (ctu) vosey v eaed optionbar auinfoa = A, sopuo (re) “WIEA sopSenbo vjad opngo 9 optionbar auinjoa Q. (¢ ospend>) emepy ap soupitio opundos sounpUIN|OA OLSvayde ap wxE W ANU OBSEIO *7'E BML seode wo yaaysstuupr ‘eanyasoduuray v 2 seiqoront (90) eameseduioy, oe 92 cz st o ° s (-ewyoed6) _ Sas ™ vo vinjerodusey ep ogsuns wie eoNeuNjon ogdeo|ide ep EXEL, (2661) BE oP opeidepe ia 560 we OL'0 + 1L0'0 $2808 010 - 120'0 og BOL woaasy) dL = lenjaeupe Bofiguinjon opdeayde op exe) + ouy sjew s9ui ou Je op pa vamesadu vp opSuny “seiqorovue seo] op opafoud vied sraasssupe vorngumyon ogseayde op soxvy, “TE OM = tempo de detengdo (d) = volume da lagoa (m°) = vazio média afluente (m°/d) A profundidade das lagoas anaerébias é clevadi condigdes anaerdbias, evitando que a lagoa trabil ide, quanto mais profunda a lagoa, melhor. No enta a ser mais caras, Valores usualmente adotados en | H=3,5ma5,0m Quando nao houver remogiio prévia da areia, a lagon | de profundidade adicional de pelo menos 0,5 m, junto a en pelo menos 25% da drea da lagoa (Projeto de Norma pari L to, acredita-se firmemente que a incluso de unidades de por minimizarem problemas de actimulo de areias préximo € por serem de operagio bastante simples. 4) Geometria (relagio comprimento / largura) As lagoas anaer6bias variam entre quadradas ou levemente relagSes comprimento / largura (L/B) tipicas entre: Relagdo comprimento / largura (L/B) = 1 a3 DBO DA LAGOA ANAEROBIA Nao ha ainda modelos matematicos conceituais de utilizacdo ge possibilitem uma estimativa da concentragao efluente de DBO das la as. Por este motivo, estas lagoas tém sido dimensionadas princi critérios empiricos. Mara (1997) propde as eficiéncias de remogao de cao da temperatura apresentadas no Quadro 3.2 e ilustradas na Figura 3 Lagoas de estabilicacdo dia do ar no mas mais fio - T(°C) Eficléncla de rem 10.825 27 +20 > 25 70 Temperatura (oC) Fig. 3.3. Relagio entre a eficieneia de remocio de DBO em lagoas anaerSbias ¢ a temperatura, segundo, critérios de Mara (Quadro 3.2) Uma vez estimada a eficiéncia de remogio (E), calcula-se a concentragio eflu- ente (DBOeq) da lagoa anaerébia utilizando-se as formulas: E = (S,-DBO,n).100/S, (3) DBOea = Sp (1 - E/100) GA) onde: Sp = concentragiio de DBO total afluente (mg/l) DBO, = concentragio de DBO total efluente (mg/l) E =ficiéncia de remogao (%) Nesta abordagem empirica, a DBO efluente considerada é a DBO total, diferen- temente dos célculos das lagoas facultativas, nos quais se fracionava a DBO efluen- te em termos da DBO solivel e da DBO particulada. Sistema de lagoas anaerébias seguidas por lagoas facultativas 67 3.5. DIMENSIONAMENTO DAS LAGOAS FACULTATIVAS APOS LAGOAS ANAEROBIAS As lagoas facultativas secundérias podem ser dimensionadas segundo os mesmos critérios de taxa de aplicagdo superficial descritos no Item 2.5. O tempo de detengao sultante sera agora menor, devido a prévia remogdo da DBO na lagoa anaerobia. Para o dimensionamento segundo a taxa de aplicagdo superficial, tem-se que a “concentracdo e a carga de DBO afluentes a lagoa facultativa sto as mesmas efluen- tes da lagoa anaerébia, Hé evidéncias de que a taxa de aplicagao superficial nas lagoas facultativas secundarias poderia ser um pouco superior & adotada para lagoas primérias. No entanto, para efeito de projeto, € melhor posicionar-se a favor da se- guranga e considerar ambas iguais (Mara et al, 1992). Em lagoas facultativas secundarias hd maior flexibilidade com relagiio 4 geome- tria da lagoa, podendo ser adotadas lagoas mais alongadas, uma vez que os proble- mas de sobrecarga no trecho inicial da lagoa so reduzidos devido a remogio prévia "de grande parte da DBO na lagoa anaerébia. A estimativa da concentragéo de DBO efluente da lagoa facultativa pode ser efetuada segundo a metodologia descrita no Item 2.6. O coeficiente de remogéio K 4 neste caso um pouco menor, devido A matéria orginica de estabilizago mais il ter sido removida na lagoa anaerGbia. O remanescente da matéria orgdnica 6 de degradagio mais dificil, implicando em taxas de estabilizagaio mais lentas, No Item 2.6.3, sugeriram-se os seguintes valores de K para lagoas facultativas secundarias, segundo 0 modelo de mistura completa: K 25 a 0,32 (20 °C, lagoas facultativas secundérias, modelo de mistura completa) 3.6. ACUMULO DE LODO NAS LAGOAS ANAEROBIAS As consideragées aqui sao similares as efetuadas no caso das lagoas facultativas (Item 2.8). A taxa de actimulo é da ordem de 0,03 a 0,10 m*/hab.ano (Mendonga, 1990; Gongalves, 2000), sendo a faixa inferior mais usual em regides de clima quente. Outros dados disponiveis so de taxas de actimulo de 2 a 8 cm/ano (Silva, 1993; CETESB, 1989; Gongalves, 2000). Estes valores de elevacdo anual da camada de lodo correspondem a taxas de acumulagao inferiores a 0,03 m*/hab.ano. A problemitica do lodo em lagoas anaerdbias é distinta das lagoas facultativas. Nestas, o sistema pode operar durante varios anos, eventualmente durante todo o perfodo de projeto, sem necessitar de remogao do lodo (caso haja um bom sistema de desarenagao no tratamento preliminar), No entanto, devido ao menor volume das lagoas anaerdbias, 0 actimulo de lodo se faz sentir mais rapidamente, trazendo a necessidade de um adequado planejamento relacionado ao gerenciamento do lodo (ver Capitulo 12). As lagoas anaerdbias devem ser limpas segundo uma das seguin- tes estratégias: 68 Lagoas de estabilizagao ' t f t + quando a camada de lodo atingir aproximadamente 1/3 da altura vitil + remogiio de um certo volume anualmente, em um determinado més, de forma a incluir a etapa de limpeza de uma forma sistemdtica na estratégia operacional da lagoa Caso a remogio nao seja por esyaziamento e secagem na lagoa, ndo se deve remover o lodo todo, pois, desta forma, perder-se-ia a biomassa, fazendo com que a lagoa anaerdbia tivesse de iniciar a partida novamente. 3.7. EXEMPLO DE DIMENSIONAMENTO- Exemplo 3.1 Dimensionar um sistema de lagoa anaerdbia - lagoa facultativa com os mes- mos dados do Exemplo 2.3, ou seja: Populagdo = 20.000 hab Vazdo afluente = 3.000 m'/d S, = 350 mg 23 °C (liquido) Solugaio: a) Carga afluente de DBO Pelo Exemplo 2.3: L = 1.050 kgDBOs/d Dimensionameni jaerobia b) Adogéio da taxa de aplicagdo volumétrica Ly L, = 0,15 kgDBO/n3.d Este é um valor conservador (ver Item 2.3.a). No entanto, valores superiores conduziriam a um menor volume da lagoa e, em decorréncia, a um baixo tempo de detengdo (ver item d abaixo) ¢) Caleulo do volume requerido a 1,050 kgDBO/d volume=——©##2@_ sy =_b = _LOSOKSPEON 7.000 m3 carga volumetrica Ly 0,15kgDBO/m?.d 69 Sistema de lagoas anaerobias seguidas por lagoas facultativas 70 d) Verificagao do tempo de detengao V__7.000m* Q- 3.000ma 3d OKI Lagoas com este baixo tempo de detencdo devem ter a entrada do efluente pelo fundo, em contato com 0 lodo sedimentado. e) Determinacao da area requerida e dimensées Profundidade H = 4,5 m (adotada) . Volume Vv __ 7.000m? a =————_—_ - =t= tM 2 profundidade i i ee Adotar 2 lagoas Area de cada lagoa: 1.556m?/2 = 778 m? Posstveis dimensdes de cada lagoa: 34 m x 23 m #) Concentragéo de DBO efluente Eficiéncia de remogdo da DBO: E=60% (ver Item 2.4) DBO cp = (1-E/100).8, = (1 — 60/100) x 350 = 0,4x350 = 140 mg/l O efluente da lagoa anaerdbia é 0 afluente & lagoa facultativa. : g) Actimulo de lodo na lagoa anaerébia Adotando-se uma taxa de aciimulo de 0,04 m‘/hab.ano (ver Item 2.6), tem-se: Acumulagao anual = 0,04 m°/hab . ano x 20.000 hab = 800 m°/ano Espessura da camada de lodo em I ano: acumulacao anual x tempo 7 espessura = “UMM acdo anual x tempo mano .Lano _ _ rea da lagoa =0,51 m/ano= =5lcm/ano Lagoas de estabilizacao Esta taxa de actimulo anual, expressa em cm/ano, é superior aos valores citados no Item 3.6, provavelmente devido ao fato da lagoa, no presente exemplo, ser profunda e com baixo tempo de detencdo (menor drea superfi- cial para espathamento do lodo). Tempo para se atingir 1/3 da altura ttil das lagoas: Elevacao anual 0,51 m/ano Tempo = =2,9 anos O volume de lodo acumulado ao longo deste perfodo corresponde a 1/3 do volume titil das lagoas, ou seja, 7.000m'/3 = 2.333 m3 de todo. O lodo deverd ser removido aproximadamente a cada 3 anos (volume de 2.333 m?) ou, anualmente (remogao de 800 in’), Dimensionamento da lagoa facultativa h) Carga afluente & lagoa facultativa A carga efluente da lagoa anaerobia é a carga afluente @ lagoa facultativa. Com a eficiéncia de remogdo de 60% na lagoa anaerdbia, a carga afluente a lagoa facultativa é: _ (100-E).Ly _ (100-60).1.050 a) = 420kg DBO/d 100 100 ke L i) Adogdo da taxa de aplicagdo superficial L, = 220 kgDBO/ha.d (igual & adotada no Exemplo 2.3) j) Area requerida 420 kgDBO/d =1,9ha (19.000m?) 220 kgDBO/ha.d ol L, Adotar 2 lagoas Area de cada lagoa: 19.000m?/2 = 9.500 m? Posstveis dimensées de cada lagoa: L = 155 me B = 62 m (relagéo L/B = 2,5) Sistema de lagoas anaerébias seguidas por lagoas facultativas n 72 1) Adogao de um valor para a profundidade H = 1,80 m (adotado) 1m) Calculo do volume resultante V-=A.H =19.000 n? x 1,80. m = 34.200 mi n) Célculo do tempo de detengao resultante V _ 34.200m* m =11,4d Q 3.000m/d 0) Adogao de um valor para o coeficiente de remogdo de DBO (K) + Regime de mistura completa, a 20 °C: K = 0,27 d! (adotado — ver Item 3.5) * Corregao para a temperatura de 23 °C: Kr = Kz. 0'F0) = 0,27 x 105752) = 0,31 4! p) Estimativa da DBO solivel efluente Utilizando-se 0 modelo de mistura completa, jd que a lagoa ndo é predomi- nantemente longitudinal (relagao comprimento/largura de 2,5), tem-se: So 140 —So_-__1# _i4 eke rosin me q) Extimativa da DBO particulada efluente ‘Admitindo-se uma concentracao de SS efluente igual a 80 mg/l, e conside- rando-se que cada I mgSS/ implica numa DBOs em torno de 0,35 mg/l (ver Item 2.6.2), tem-se? DBOs particulada = 0,35 mgDBOs/mgSS x 80 mgDBOs/| = 28 mgDBOs/L Deve-se lembrar que a DBO particulada é detectada no teste da DBO, mas poderd néo ser exercida no corpo receptor, dependendo das condigdes de sobrevivencia das algas. Lagoas de estabilizagao 1) DBO total efluente DBO total efluente = DBO soliivel + DBO particulada DBO efluente = 31 + 28 = 59 mg/l 5) Céileulo da eficiéncia total do sistema de lagoa anaerdbia-lagoa faeilta- iva na remogdo da DBO oe = Si = DBO.) 99 — 350-59 , 199 =83% 350 1) Area titil total (lagoas anaerébia + facultativa) Area titil total = 0,16 ha + 1,9 ha = 2,1 ha u) Area total requerida A drea total é da ordem de 25% a 33% superior @ area til requerida. Assim, a drea total ocupada pelo sistema de lagoas ¢ estruturas auxiliares é de: Area total = 1,3 x 2,1 = 2,7 ha 27000 m* > =1,4m*/hab 20.000 hab Area per capita = Com as lagoa facultativas primérias (Exemplo 2.3), a drea total requerida {foi de 6,2 ha. Hd, portanto, uma substancial economia de drea (56%). O tempo de detencdo total no presente exemplo é de 13,7 d (= 2,3 + 114), bastante inferior ao de uma lagoa facultativa tinica (28,8 m). Deve-se lembrar que estes requisitos de drea aplicam-se ao presente exem- plo, o qual esta associado a uma temperatura relativamente elevada do It- quido, 0 que permite elevadas taxas de aplicagdo e eficiéncias de remogao. Em aplicagées em locais mais frios, a drea requerida serd, naturalmente, maior. Sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultativas 3 14 jo do sistema SISTEMA DE LAGOAS ANAEROBIAS - LAGOAS FACULTATIVAS I | > ee Lagoa Lagoas de estabilizagao CAPITULO 4 Lagoas aeradas facultativ: 4.1. INTRODUGAO A lagoa aerada facultativa (Figura 4.1) é utilizada quando se deseja ter um siste- ma predominantemente aerdbio, ¢ de dimensdes mais reduzidas que as lagoas facul- tativas ou o sistema de lagoas anaerdbias seguidas por lagoas facultativas. A principal diferenga com relaco & lagoa facultativa convencional é quanto & forma de suprimento de oxigénio, Enquanto na lagoa facultativa 0 oxigénio é advin- do da fotossintese, no caso da lagoa aerada facultativa o oxigénio é obtido principal- mente através de aeradores. Devido a introducdo de mecanizagdo, as lagoas aeradas so menos simples em termos de manutengo e operaciio, comparadas com as lagoas facultativas conven- cionais. A reducao dos requisitos de area € conseguida, portanto, com uma certa elevacao no nfvel de operagao, além da introdugao do consumo de energia elétrica. As lagoas facultativas convencionais sobrecarregadas e sem dea para expansio podem ser convertidas a lagoas aeradas facultativas, através da inclusio de aerado- res. E interessante, no entanto, prever esta possibilidade desde 0 periodo de projeto, como parte da etapalizagio da estagiio, para que possa ser selecionada uma profun- didade que seja compativel como os futuros equipamentos de aeragiio e colocadas placas protetoras de concreto no fundo, abaixo dos aeradores. LAGOA AERADA FACULTATIVA ORO RECEPTOR ANY | CAMA MEDI LAGOA AERADA FACULTATIVA GRADE SAN, BEVARAS fa eS Fig. 4.1. Lagoa aerada facultativa Lagoas aeradas facultativas 5 4.2. DESCRICAO DO PROCESSO ‘Alagoa € denominada facultativa pelo fato do nivel de -energia oe aeradores ser suficiente apenas para a oxigenagiio, mas nA para zante oss i i (biomassa e s6lidos em suspensio do esgoto bruto) dispersos = a oe at ta forma, os sdlidos tendem a sedimentar ¢ paraer at a al a osta anaerobiamente. Apenas a so) r ; sr cot mt noes he decomposigio aerbia. Portanto, em termos da distribuicao cn bios cay a agoa se comporta como uma lagoa facultative convencional. Os aeradores mecinicos mais comumente utilizados em lagoas aerat ° ae dades de eixo vertical que, ao rodarem em alta velocidade, causam 7 gran ae re Thonamento na 4gua. Este sath re oe oie sctin — mosfético na massa Ifquida, onde ele se dissolve. Com isto, consegu pseuuniisor introdugdo de oxigenio, comparada 3 lagoa facultativa convencionsh peomiindd 8 sicdo da matéria organica se dé mais rapidamente. Em decorréncia, Oe eae deat do esgoto na lagoa pode ser menor (da ordem de 5 a 10 dias), ou seja, 0 requisito de érea é bem inferior. 4.3. CRITERIOS DE PROJETO dimensionamento das lagoas aera comeing < simi aa Loerie i respeito 4 cinética da remo \ quis a real axa de pics supericas), pelo fro do rozesso independ da fotossintese. Alguns critérios de projeto sao especificos para o sistema de eo, sendo descritos nos itens 4.5 ¢ 4.6. Pepa ‘Os seguintes critérios devem ser levados em consideracio: * tempo de detencdo + profundidade a) Tempo de detengiio ye ser adotado de forma a permitir uma remogao satisfa- de detengao de I 4 dao i nética de remogdo descrita no Item 4.4.2. De maneira t6ria da DBO, segundo a ci geral, adotam-se valores variando de: t=5al0d b) Profundidade A profundidade da lagoa deve ser selecionada de Forma a satisfazer os seguintes critérios: Lagoas de estabilizagdo 16 (een = irs nae + compatibilidade com o sistema de aeragao + necessidade de uma camada aerdbia de aproximadamente 2 m para oxidar os ga~ ses da decomposicao anaerdbia do lodo de fundo Usualmente, adotam-se valores da profundidade H na faixa de: H=2,5a4,0m 4.4, ESTIMATIVA DA CONCENTRACAO EFLUENTE DE DBO A estimativa da concentracao efluente de DBO segue um procedimento similar a0 utilizado para as lagoas facultativas (Item 2.6). A influéncia do regime hidréulico da lagoa deve ser também levado em consideragdo, embora se considere, na maioria dos projetos, as formulas correspondentes ao regime de mistura completa. As f6r- mulas para a estimativa do Ntimero de Dispersio d, apresentadas no Item 2.6, nao devem ser empregadas aqui, pois sao espectficas para lagoas facultativas sem aera- go. De forma similar as lagoas facultativas, 0 efluente das lagoas aeradas facultati- vas 6 constituido de matéria orgdnica dissolvida (DBO soltivel) ¢ matéria orgdnica em suspensiio (DBO particulada). No entanto, a DBO particulada no é mais asso- ciada predominantemente as algas. DBO: = DBO.) + DBO pat 4.) onde: DBO we BOs total do efluente (mg/l) DBO = — DBOs soltivel do efluente (mg/l) DBOpen= DBOs particulada do efluente (mg/l) A matéria orgdnica em suspensdo é representada principalmente pelas proprias bactérias responsdveis pela estabilizagiio da matéria organica. Apesar da lagoa aerada facultativa permitir a sedimentago dos s6lidos, nem todos se sedimentam. O proto- plasma das bactérias 6 constitufdo, em grande parte, por matéria organica, a qual exerce uma demanda de oxigénio no corpo receptor e no teste da DBO. No caso das lagoas de estabilizacio facultativas (sem aeracio), os sélidos do efluente sito consti- tuidos principalmente por algas, as quais contribuem até para a produgo de oxigé- nio no corpo receptor. Por esta razio, a DBO do efluente das /agoas facultativas sem aeragdo 6 considerado, em algumas legislagdes, como sendo principalmente DBO soliivel. J4 no caso das lagoas aeradas (¢ dos demais processos de tratamento de esgotos, a exceciio das lagoas facultativas sem aeragio), deve-se considerar | DBO. relacionada 4 fragdo orgdnica dos sélidos em suspensaio (DBO particulada), Lagoas aeradas facultativas "7 a) DBO sohivel efluente ‘Aestimativa da DBO soltivel efluente ¢ feita utilizando-se as mesmas férmulas apresentadas para as lagoas facultativas, as quais so fungi do regime hidréulico assumido para 0 reator (Item 2.6). (© valor do coeficiente de remogao K é, no caso das lagoas acradas facultativas, mais elevado. Valores tfpicos para o regime de mistura completa situam-se na faixa de (Arceivala, 1981): K=0,6a08d4 Este valor é para uma temperatura do Ifquido de 20°C. Para outras temperaturas, pode-se utilizar a Equagao 2.3, com @ =1,035. Com relagdo ao valor de S, a ser uliizado nas equagdes do Quadro 2.4 e para 0 dimensionamento do sistema de aeragiio, deve-se levar em consideragao os seguin- tes aspectos. A lagoa facultativa permite a sedimentagao da matéria organica parti- culada do esgoto bruto, a qual sofre 0 processo de decomposi¢o anaerdbia no Jodo de fundo. O valor da DBO afluente (S,) a sofrer estabilizagao aerdbia é, desta for- ‘ma, inferior ao valor total do esgoto bruto. O valor de So a ser adotado nos calculos: depende da atividade anaerébia, a qual é fungdo da temperatura do liquido. Desta forma, em nosso meio, as seguintes duas condigdes podem ocorrer com relagao a matéria organica no lodo (Arceivala, 1981): + Decomposigao anaerdbia com hidrélise acidificagdo, mas sem metanogenese S, = 100% da DBO total afluente Clima: frio Comentario: hé regides com perfodos frios em que a etapa de metanogénese (real mente responsével pela remogiio da DBO) no ocorre totalmente, implicando na liberagao de subprodutos intermediérios da decomposigiio, os quais exercem uma demanda de oxigénio na camada aerbia. Desta forma, a DBO a requerer estabiliza- cho aetdbia pode ser considerada como sendo igual a So. + Decomposigiio anaerdbia com hidrélise, acidificagdo e metanogénese So = 40 a 70% da DBO total afluente Clima: quente Comentario: em condigdes em que a temperatura do Mquido é suficientemente ele- vada (> 15°C), a conversio anaerdbia € completa, incluindo todas as etapas. Pelo fato de uma parcela da DBO ser estabilizada anaerobiamente no fundo, o valor de So 18 Lagoas de estabilizagdo considerado para a estimativa da DBO efluente ¢ dos r i equisitos de oxigenagii apenas uma fragtio da DBO afluente (em torno de 40 a 70%).

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