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Aviso aos navegantes Ua Giraldo da Siva Augusto “Toda intervengo no campo da saide pablica se dé a partie {de uma pré-concepséo, gue tem uma teora por detrés. A tear ‘que funda uma concepeao davera estar sempre explicteds erm todos 0s projetos e arbes de Interesse coletiv, pole faclitara 2 Interpretacéo, a compreenso e 2 explicacto dos fenomenos Sobre os quais se deseja atuar. Por esta razlo, este artigo nida= se marcando a concepgao que nortela © penser © agi da sade ho teritério de desenvalviments humane, © Santarista cuida da sade da: populacso, portanto 2 ‘imensdo de sua apSo dcoletiva Waar os problemas de sade no cxletvo significa ver o homer, como alia Felix Guattan (1981), fem diferentes ecologies: na etologia dele com # naturesa, dele ‘com o outro e dele consiga mesmo em summa: 2 sodedade como resultado de suas relagdes com a notureza e eabemos que 8 salde de um povo é uma expressdo dessas relagBes, © Sanitarista € aquele profssional que cidade sadde fem todos 05 nivels. de prevencio, Isto é, na. promogéo, na Drotecio e na recuperacto da sauce da populagao. Pars tanto cle hecessariamente tem que articular 0 nivel individual coletvo {do processo saide-docnca no teritrio ond vivem e trabalham {2 pessoas. Ao tratar a dimensa9 coletiva, certamente, Ihe & ‘equerigo integra o ambiente para uma compreensS0 process0 Estamos empregando aqul termo Sanitarsta com uma ‘ompreensao mas ampliada para todos os profisionals que tua na rede pablica que culda da saude da populagso, e que foram ‘capactados para manejar os instrumentes de plaejomento, de ‘eStBo, de andlse ede vigiinaa Ga sade 1 Sanitarista, portanto, para 0 exercicio de sua fungHo, fecessita de uma’ compreensde complexa dos fenémenos (geradores de nocividades ambientais, para que possa etuar na Integraliéade dos problemas obter niveis de prevengao mais 19 _adequates e, assim, promover @ proteger com maior efetvidade {= sade dos grupos populaconais sob seus culdados, ‘ho. assumir ‘a" responsabiidade Ge ‘cuidar da. sadde coletiva, é fundamental compreender de qual populacio, de que ‘ambiente, de que processos produtivos ede que desenvolvimento Se esta tratando. Reconnecemos. que esto presentes em sus pratea cotiiona as dimensoes espacial e histonca, ambas Interdependentes e que precisam ser abordadas de forma Intearad, “x compreensio de que as pessoas ocupam 0 espaso geogréfco. de maneira dindmica eso az candies socials, condmicas,cullurals pallicas das comunidades que constroem fs tertérios e que orlentam todo @ seU processo socal € Um Fequisitoelementar para oolhar do Santarsta sobre a realdade fm que atua. A Sadde Coletiva & o campo de conhecimento que busca embasar as agdes do Santarsta sabre a complewidade das Felagées socloambientais que candiionam made de adoecer © ‘morrer das populacses no tetera, biologie de cade ser humano fia assim subsumida esse contexto, mas esta presente © responde aos estimUlos do ambiente, que € sovalmente construido e historcamente ‘determinado. O processo sadde'doenga pois, 2 expressdo esse compiexo ‘sistema de shtuagdes e condicionantes, que foram as populagses mals ou menos vulnerdvels aos processos se produgao e de consumo que geram riscos ambientas. Estes testo associados a uma dindmica de exposigso condicionade Bs Inecessidades e propdsitos que a reprodugao socal coloca dentro Gos sistemas soclas (SAMAJA, 2000). ‘Quands falamosdeterrtério estamos entendendo espace fisico, cupado e transformado pelo ser numano (SANTOS, 1992). (0 territono é conformado, pols, por processos socials, poltcos, cultura etecnalogicns ‘© papel do. profissional de saide & como dissemes acima, 0 de zelar pela satide da populagdo nseriéa no contexto {temntonal, conectando 0 local @ 9 global. Os problemas. de Saude coletiva, objeto da acdo do Santarsta, so expressoes Ge crises sdcio-emblentas, As imbricadas relagbes, de alerentes ‘escalas temporais e espacials, ue compdem 0 sistema de ocd ‘wansformadera do Santarista exigem para sua atuagao um olhar Integrado dessa complexidade. 20 A missfo principal do Santarsta é, pols, no 8mbito da police publica, gerenclar ages em artculge com outros stores Evsegmentos sociats, para agit nas relacbes de causaidade que onformam os determinantes socials da sade, antecedendo-se 208 efeitos danosos propieiados pelas apbes antrépicas sobre 0 ‘spaco geografice, Pars fazer prevencio & preciso compreender fs processor em jogo, encontrar as estratégias que garantam a ‘ator efetvidede das agbes para o aleance da qualidade de vida eda sauce, "A melhor estratégia para a efetividade de seu trabalho é ‘aquela que consegue mudat os condcionantes nocivos & sade {que esto presentes nos processos socoamblentals. Por esta ‘aa, dlante desses contextos, 0 profisional Santarsta tem ‘gue apreender a complexidade do Sistema em que atua. NBO S6 3 partir de uma visdo tecnico-centiea estabelecida como “normal, verdad” (que, em geral, é aquela que Interessa 20s poderes fecondmicas e polticas dominantes), mas, fundarentalmente ‘eve exereer a crica necessiria para Contestarcertasverdades” construir novasperspectivas de compreens8o 60. processo Sade-doenga, segundo um paradigm Muitas vezes contra hegemnico, Precisa ie mais alem! Entrannarse na sociedade € concer a integralidade co sistema que Ine dé significado e © ‘ontorma. (0 Sanitarita tem que estar preparado para o embate de iceias, para mediar negociagies e emir lz tacico-centfca, Deve valer-se da autordade de defensor da saide publica, que Inplica, também um papel normative e reguledor. Em tudo Isto ‘ent 9 4ua subjatividade, que de nevtro nao tem nada, mas que pot isto mesmo tem uma enorme cimensso étca. ‘compreensio dos problemas sobre 0s quaisatua desde sua raz como se origin, como se estrutUra, quas $80 os métodos e como fe valde o conhecimento necessaro 8 sua compreensso e2 = por lima stleadlante dos canfitos de interesse que conformam 0 Seu {aticiano profasional Por esta raz30 9 pratica do Sanitarista nao pode prescindir do apoio da flosofa Para isto, ele tem que ser dotado de um “oho Interdsciplinar Be acordo com CAmara © Tombelin (2003), no processo de produgSo do conhecimento, 0 uso do instrumental denice clentiica € confrontado com as sentimentes e com as 2 outras formas de saber e de andar na vida dos sujltos © das Sociedades que dBo sentido e explicam suas agéese elas. Sf0 fencontros.geradores, cradores. de oportunidades, que fazer hascer a novidade ou @ céncia redefinida, onde outros saberes $80 integrados. Este processo, por conseguinte, no élnear, mas complexo « istérieo, que se da de forma recursiva (como numa espial) Incorporande contradicdes eantagonismos (MORIN, 1973), 0 que ‘demanda reflexao etrabaiho coneretos de varias geracoes. ‘Area da Salige do Trabalhodor e Ambiental que emergem no, selo da Sade Coletva brasielra tem como antecedentes 2 histéria da lute dos trabathadres, da Medicina Socal Latino “Americana e do Movimento Ambientalista Mundial, Amesls nova, 8 Ssailde ambiental, nasce como uma “questo eco-s6csanieéra® ‘2tém em sua arqueciogia, no carmpo da Saude Publica, as acbes de controle de endemias (vetorais « infectacontagiosss), de Saneamento basic, de viglncias saniéria, epidemiolagica de Saude dos trabelnadores Uma diiculdade nas trajetérias das agées em sade do trabalhador © ambiental @ 0 ato do sadde publica brasiera ser Drisionera de uma. abordagem oriunda de teoria mono causal fu quando muito alicercada no modelo de Level-Clark, onde as elementos agente etloiigico, haspedeiro e ambiente nfo se Giterenciam dentro do sistema, colocando-se num mesmo nivel hierarquico, © ambiente camo um elemento extemo ao sistema (LIEBER, 1998), os processos produtvos eos pastes de consumo niéo so considerados como Interdependentes na geracao. de nocividades para a sade. ‘A intervengso em Saéde Publica, embore ocora no fespago “exstencial-de- processes sociale” que’ tomam forma onereta no tersténo, Ignore. as dindmicas os contextos, tratando os fenémenes como relagdes lineares de tipo causa: fetta. A intemalizcs0 do ambiente no sistema de ntervenso & uma possibiidade que permite @ entrada da divereos campos ‘do conhecimento essencais para rever a ago do sanitarsta para ‘além de uma ap8o normativa reste. A ecologa profund por ‘exempla, uma disciplina fundamental para pensar @a(80 sobre oterntério. Em sintese, 2 saide precisa ser entendlide coma um proceso determinado por uma rege complexa e articlods de 2 condcionantes de ordem histo, Soll, bitbica e pslatiea ue se dspdem ese organizam ‘no tapaso geoaranic, em Aiferentes ves, com esiturae dnc prtcares, tendo ‘0 plan cole inchiual (SANA, 2000). ‘© ambiente &'0 resuitado storia da interago da gia ia natyeza eda glen ea sociedad no tortor, Pore Scapa a ‘Suge’ ecotogia prec erie suas elages com a producto a tecnologia. A opica da producio e ume epics do socedede {ve se apropia do naturesa em Benefco dos diferentes grupos fumenoe “Sgic do ambiente integra por sua vez as outasi6icas siterenciadas: 2 cn natures, presente noe fixes energetics Ge atavessam a bosera ea pica onropocentrics das tcnias (Choi; TAMBELLINE, 2003), Let (1999) eslrece ue “tanto se explore naturess como também o home Gos tabsha; cantamina-se ©. 9 como” tombe > {hatacer dando continents conerarse @ ‘So won sets, como tambien 0 frbahagor rs Geom © objetivo deste texto no é © de simplesmente relatar ‘experiencias vivides no exeriio da funcio de Sonitarsta ou ‘de cescrever fotos resultados, mas de buscar realzar’ um ‘ensaio teérica a portir de minha praxis, 20 colocar a visSo © ‘9s caminhos escolnides. para o enfrentaments de algumas robleméticas de saude publica, Outro objetivo & demonstrar 0 Uso do estudo epidemiolégico no contexto social fundamental para oenfrentamento de problematicas complexas. "Ri SOE gue nebo coms roma andes 2

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