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INTRODUCAO: da critica do planejamento urbano a um planejamento urbano critico © planejamento urbano tem sido avo de wis etcas © obje- ees, sobretudo nos dns rina anos, Ere os seus eens podem er encontrados tanto intelectuais de equerda quanto politicos conset= ‘adores, Uma vez que tanto o estilo qunto, especialmente, as motive bes da ertca so mito diferentes en um ¢em outro caso, conve iene separar claramente os dois grupos. Comece-se com a exiea de tesquecds, vi de regra movida por intdectuais de corte marxist 'No comego dos anos 70, a publeagdo de duas obras seminais marco 0 inicio de uma poderosainflsencia do pensamento maraista mo vasto campo dos estudos urbanos:em 1972, questo urbana, de ‘Manuel CASTELLS (19833); um an0 depois, A justia social ea cidade, de David HARVEY (1980)-Conquanto ambos os listos ji ‘oavessem sido precedidos po algunas importantes obras do f6so fo Hensi Lefebvre, notadamente O direlto a cidade (LEFEBVRE, 199; Led. francesa 1968), © pensamento marssta ea cidade (LE- FEBVRE, 1978; 1. ed. francesa 1972) © A revolugio urbana (LEFEBVRE, 1983; 1. ed. francesa 1970) ~cujas idsias, mesm0 $0 frendo algumas objegbes da parte de Harvey e, especialmente, de ‘Casiels, muito vriam influenciar a renovagto critica da pesquisa urbana ~, Castells e Harvey fram rioneirs entre socislogos © 266- _grafosurbanos, respectivamente. Castells e Harvey, nt esteira de vigorosase petinenteserticas cenderegedas ao pensamento conservador nos estus urbanos (spe- “ialmente 8 Escola de Chicago, que floesceu nas dévads de 20 € $30), promoveram uina espécie de “destiatwalizasio™ da snslise da produgiio do espago urbano, Ambos histricizaram os problemas sociais maniestados na cidade, encarando 0 espago urbano como um produto social eos “problems urbanos" como problemas relaciona- {dos com a dinimica das telagdes de produgio e a estrutura de poder ‘na sociedade capitlista, Contrapunham-se, assim, tanto ao idealism 4 Sociologia culturalista quanto ao darwinismo social das socislo- ‘20s urbanos da Escola de Chicago ~ os quaisreduziam os confltos sociais a uma competigio entre individuos, em analogia com a idéias bol6gico-evolucionistas de “luta pela vida” e “sobrevivéneis {do mais fore”, subestimando a existéncia dos condicionamentos impostos plas contradicbes de classe e recusando wa intexpretagao dos conflitos também enguanto lutas de classe. Na esteira da sévia ‘considerasio das classes ¢ das contradigdes e confltos de classe, Castells ¢ Harvey, assim como os demais autores marxistas, rechaga- ram a redugo dos individuos a meres consumidores, tal como oper {a no mbito da Economia Urbana neoclissica, para a qual a socie- dade nada mais seria que um agregado de individuos-consumidore. Tudo isso pode ser visto como um esforgo de desideologizactio do estudo da cidade — no sentido de desnuar 0s limites e as armacithas a ideotogia capitalist, tal como impregnads na Sociologia e na Geografa urbana clisscas 0 qua era finalmente, complementado por tma politizagdo dos estudos urbana, com o exame dos novos ‘movimento sociais, de suas reivindicagOes, de sua dindmica ede seu relacionamemto com o Estado e s partidos politicos. [No que diz respeito a0 planejamento urbano, a Ieitura dos diver- s0s autores marxistas, a despeito das vérias divergéncias que estes ‘mantinham enize sia propdsito de diversos temas! era unifieada nat prometido com algum vies que seu equivalent inglés, embora sa Insane evidente que a sua populrizacio, em um momento em que, nv eseia do empresarialismo, cada vez mais o Estado abre mio de cu papel regulatrio, substtuindo lagamente o planejamento por ‘un imeditismo mereedfilo, ¢sintomatica de wma tendénciaperigo- sa: ade aplicasio da Toya “geeneiat” privada para 0 expago urbe ho, esvaziando a dimensto politica ou subsumindo-a perante uma Ivcionalidade empresrial Seria esse o tecnoeratismo “pés-moder- 0, para mits Ho eharmoso? 1.2, Urbanismo, urban design e planejamento urbano Em pats com um larg tradgo e uma cultura de planejamen lo consobidada,o planejamento urbano 6, de ato, um campo que con ion 8 mais diferentes profssonas. Nele colaboram no apenas nquietos, mas também cientstas socials de diferentes formagbes, ise alo neo, ps tad po “emesis” ow inion? enepeei, espealopor HARVEY (589) Fonuuwo mo cst de vagy un ue ers ls os os 710 Hi ase canseado pr ora best tis os ieee pres a compt meartan t aavesimenos. destacando-se 0s gefgrabs, sem contar a colaboraco prestada por specialists em Dizeto Urbano! No Brasil, porém, ainda comam as pessoas imaginarem que planejadoresurbanos so sempre arquite- ts. E sintomitio, por exemplo, que o livro Manire de penser urbanisme, de Charles-Edouard Jeanneret, mais conhecido como Le Corbusier, principal figura do urbanisme modems, tenba sido publicado no Brasil sob tulo Planejamento urbana (ef. LECOR- [BUSTFR, 1984). Fae um duplnenencn, pi no apenasos ar {etos (ou, mais paticularmente, arquiteos-urbanistas) constituer to-somente um dos véris gropos de profissionas potencialmente Tigados 20 planejamento urbuno, mas, além disso, devido sua fo- ‘magio, paticam uma modlidade espectfica de planejamento urbs- no, Urbanisno e planejamento urbano nfo Sto, poranto, sintimos, rem oprimeizoesgota segundo. Infelizmente, mesmo planejadores ‘comprometidos com um pensamento socialmente entico, quando rquitetos,costumam, no Basil, confundi a8 dus coisas. 2 Diversamente do planejamento urbano em geral, © Urbanismo pertence, de fato de direito,essencialmente, 2 tadigfo do saber rguitetnico. Le Corbusier exprimiu contundentemente @ ponto de vista mais comm dos arquitetos sobre oassunto: (© urbaista nada mais € que o arquitto.O primero organi 10s espaos arquiteturas, xa o lugar ea destinagdo dos cont entes consruidos, ig todas coisas no fempo eno espago por meio de uma rede de citculagbes. E 0 outro, © arquitto, ainda ‘que imeressado numa simples habitapio e, nesta habitagdo, ‘numa mera coz, também consti continents, era espagos, decide sobre circulagbes. No plano do at criativ, 80 um $6.0 arquteto eo wbanista, (LE CORBUSIER, 1984:14) Reape Dito Urbano pets a Dito Urtandticn uma ve ue, ‘emo je de, Unis ¢ uo sc un seeajun ete do camp do aspen uno saben ese ado au fe ato pois em CU. uy Ge slp, ole ie ings ade Dio Agron, fmssin de Dit Agri. 1B Bocam pr exerpn de MARICATO 204) en des puss ( anguiteto-urbansta, devido sua formagfo, que Ihe oferece ‘ros conhecimentosténicos bastatt espeificos, desenvolve urna petspectiva, um olbardistnto daguele do cfentisia social. Dene ‘uta diferengas, uma qu sala aos cos €aquea referent &impor- tincia da dimensto eséica:enquanto 0 cients social tenders, a Ila com o espago urbana, a mobili o seu conhecimento a propo sito das telagBes e dos pracessos sons (dimensoeseeondmica,pol- tia ¢ cultura e dos codisionsmentosespaciais para extra propo sigoes a respeito de caminhosvéldos de mudanga social o arquitto, legitimamente, poder derramar lz sobre aspertosfuncionas eesté- cos. Be wm modo geal assuntos eooermentes ao tragadoe forma de ogradourospablics ¢conjuntosespaciasinr-urbanos em gerat (volumettia,relaionaments funcioxl e estéico de um objeto geo- trio como sew enforno et), bem.como ao mobilriourbano, so rincjpamente da algada dos arqiteos; so ees que possuem a for- ‘magi aeadémica eo treinumento profssional apropriados: uma sen- sibiidade estéica agugada e culivada € uma bagagem t&nica acet- ‘ada funsionalidade do ragados ebjetos geogritios. Isso no sig- nites que os plangjadores que no sejam arquitetos nfo precisem cultivar a sensibilidadeesttica ou aprender a racioinarconsideran- do a funcionalidade dos objeto geograticos ou formas espacais Tampouco es © autor a supers que o othararquitténico possa ou da simplesmenteignorar conhecimentos oriundos das ciéncias soviais, de ordemn socil-picol6gin, politica, econmica,histrica te, Mas 0 fat, « gual no se pode ignorar,é que as formagbes e as sensibilidades dos arqittos (uj ientidade aproxima-es, em parts, hs engenbarase,parcialmete, das artes pists) e dos cientistas Ihunanos e seins so ¢ permaneexo diferentes ~0 que nlo quer ‘izer que Saja incompativeis. "Nas himas 8s dBcadas, arquttos de matiz“pés-moderno” ou, oto menos, nfo-modemistas, descantentes como fato de que orétu- lo Uibanisino associow-se excesivamente ao movimento modernise ta, rrostads com o despaseidengico da expressio plangjamen- {o ubano juno a alguns cdeuls inelectais,posseram aadotar outa ‘expresso, urbr design, para.aquala expresso portuguesa Desenho 58 a Urbano no constitu um equivalents pefeto (Yer DEL RIO, 199). Deveras, as tentativas dos urban designers de acta temas como tragado urn e percepeio ambiental, sbrindo-se pata as conti ‘es de algumas das cigacias soca (noadamente Antropologi, Geogratia e Psicologia Soca), consttuem esfrgo simatic e lou- ‘viel, qual vem frutficando desde o taba pioeiros de Kevin Lynch (LYNCH, 1980: ver, também, sua obra-prima: LYNCH, 1984) e Amos Rapoport (RAPOPORT, 1978). Sem embargo, sobre a sc fonda mpemesoto de une ex rs men pnano a epin: cao em eee @ er ansaang ene contr on conn o¥ pane matars eon india ecole? 8 po deinen As pope enc un oon tonya shen psin mesa com msg moc da es dag 2.2. Desenvolvimento urbano Discusses sobre planejamento e gestio urbane, de um lado, € sole teoraeestragias de desenvolvimento, por outro, tm se dado, via de eogra, como se elas pudestem ser separadas (uma das raras ‘eegées,enbora parcial erelatva & John Friedmann [ver FRIED- MANN, 1987, que deu contibuigtestericas importantes nos dois ‘campos, embora sua reflex sobre planejamento seja mais geal © rio espeifiamente sobre o urbano, uma ver que ele sempre esteve tas liga &escala regional). No entato, sa fnaidade time do planejamento e da gesto 6 superao de problemas, especialmente fatoes de injustiga socal e a mehoria da qualidade de via, ambos leveriam ser vst como pertencendo ao amplo dominio ds etraté- sis de desenvolvimento, a0 lado de estratégias de desenvolvimento ional, nacional ete. Planejamentoe gest urbanos, vistos Por ess ‘ica de eideia socal, nada mais sto que estratéias de desenvolvi- teito urbano,alimentadas por pesquisa sotal bisica, tanto terica ‘quanto empiric (u se, diagnos). Notadament a partir de uma penpectiva sienitica do planejamento eda gestiourbanos,discus- os conceituaseteieas que tém sido travadas no imbito da teri- io sole desenvolvimento so fundamentas. Quando se tata de formularpoitcas péblicas e estatégias de mudanga socal tomas inypescindfvel mobiliar os conhecimentos aportados plas véras ‘neias soca inclusive sobre a temstiea do desenvolvimento ext ‘scalassupalocais. Vale a pone ressalar, en passant, que, a partir do momento em ‘qe se assume que a inalidade do planejamento e da gestio urbanos ¢ contribu para & mudanga socal posiiva, e que o planejamento & i earatéia de desenvolvimento séco-espaial, a modifiagio de ‘uw habito ental requentemente bastante arrigado se impie: nBo é Jvoiveleutivar um campo como “teora do planejamento” que iio Fojncomo um subconjunto de uma reflexao trea sobre a sociedade tis eseificamente, sobre a mudanga socal. Neste vo, como 1 outs raballhos do autor, a teorizagHo sobre 0 desenvolvimento clo-espacial, em gerale mais partcularmente wbano, eontextuai- s2s.ciso somo cpt os gems essen do ae: et So ap ade as pp io etalase contador pteplnen om ue eget oe Ghavon dona pr svar pes armen so com sem ites ae melddccna use coca heen dine omentum ota Stra Stine por pees masse ries pte “alas pmanos pve diese te {> plas sn apres de emerald to ma alse mu sc emo sng css rma om um it wnat ete pl ‘ccs cnt on gr ego’ pte st ae tet gc cot pa oto fname dit a ‘rath Caserta nerd Sen em er ds, ast ses mao ape pe ttm ecm penta) ome pee Em qs pow Aguas ern a opi oun jd ae impo ees rg cons, Nd oe on ca erin hems et de sina pa opm scale ms items o pansies nmin indo pn tnd crate ea sie oad as pe Algom oe mat ee ot csv de phasor eo bran emo sear evapo uments una dia Come tam, preteen, CANPBELL « FANSTEIN 18, em verde amar do cone tae ns ese profi se oe coms mots terion c tan so dena oma Dru ilps Con farms ceoper uncle CHa) fe pode on guess como ume ara cine img embracing ppt Seton Sterna tachna ors me aac mci rain pe sexta alu us dor pao pater Icio de plans tem zo Caps Seacga ‘Para se coneeber um genuina desenvolvimento sdcio-spacial mt da cidade, far-se mister livrar-se do frdo do senso comum quanto fv significado da expresso “desenvolvimento urban Conforme foi jd discuido em trabalho anteior (SOUZA, 1998), “deseavolvi- ‘meno urbano” & uma expresso que, muitas veoes, recobre simples sent, no discus do dia-tdia de politicos, administadores do pbtio em geal expansia ea complexifeasao do tec wrbano, tej tansformando em ambientes construfdos ambientes outrora intacados ou pouco madificadas pelo homem, sea, também, des tiuindo ambientes consruidos detrirados ou simplesmeate anigos para que déem lugar a constugies mais novas. © que ninguém se erpunta€ sobre a sense de quaiicw sutecipadamente de “deven- ‘olvimento urbana” processoscuas positividade conveniénca, sob (Angulo social mais amplo (0 que ineli consideragbes exoldpies), sao muito comumente duvidosas. O que acontece que a linguagem ‘indir € modelada por una ideologia modermizante que € versio tutana da ideologia do “desenvolvimento” capitalista em geral desenvolver € dominar a natureza, fazer ereser, “modernizar™ Nos ses de Lingua inglesa, esse comprometimento da linguagem ordi hiria com a deologia captalista moderizante €levado a0 paronis- tno, de vez que no apenas “desenvolver um solo” significa nele ‘onstrirenisas, desnatualizd-1o, mas as préprias consrugBes $10 ‘Shamadas de “desenvolvimentos” (developments). Embora 8 tipo de emprego possa soar um pouco estranho a ouvids luséfonos, ele no fundo, que una versio ampliada ds dstrglo funda- nada mais ‘nent, gualment presente no senso comum no Brasil ‘Como entendes, entio,altermaivae eriieamente 0 desenvolvi- ‘nent urbano? Para sistematizar, pode-seassumir que 0 deseavolvi- vento urban, 0 qual €0 objetivo fundamental do planejamento e da fst urbanos, deixase definir com a ajuda de dois objeivosdevt- Yvulos: & melhoria da qualidade de vida ¢ 0 aumento da justiga jowlal, Tense, aqui, nada mais que uma especificacto, para 0 unbienteurbano, do quadro conceitual construido em um nivel de nai abstr no subeaptuo anterior. 'h luz da preoeupasio com o planejamento e a gestio urbanos, B 7 !ambos 0s objetvos, aumento de justiga sociale melhor da qualida- ‘de de vid, podem ser compreendidos como objetivos intrinsecumen: te relevantes, pois claramente dizer respeito a fins e lo somente a ‘meios. O mesmo se apica, evidentemente, ao objetivo fundamental do plancjamentoe da gestio urbanos, que é 0 priprio desenve mento urbano. Em comparagio com os objtivos intrinsecamente relevantes, metas como eficigncia eeondnica, avano téenco etec- nolégico e outras nio devem ser vistas como fins em si mesmos, de lum pont de vista social abrangentee erticos a rigor, tetas, aqui, «em tim instncia, de meias a servigo de objetivos mals elevados. [Esses objtivos merecem ser entendidos, potanto, como simples objetvos instrumentals, por mas importantes que seam No que tange & operacionalizacto, a parametrizagso do desen volvimento urbano ser una simples especificagio do que se esta- ‘beleceu para o desenvolvimento sGeio-espacial em geral O que cabe fazer, agora, 6 complement ligeiramente o que se escreveu no sub- capitulo procedente A autonomia é trata como o parimetro subordinador, a0 passo ‘que justiga sociale qualidade de vida s4o consderados pardmetros subordinados, Assim, ao mesmo tempo em que se pode entender 0 ‘desenvolvimento urbano como objetivo fundamental eintrinseca- ‘mente relevante do planejamento e da gestio wrbanos, mas justiga sociale uma melhor qulidade de vida, que so s doi grandes obje- tivosintrinseeamenterelevantes derivados daquele objetivo funda- ‘ental, sio de um ponto de vista operaiona, parsmetros subordina- {os ao parimetro essencial do desenvolvimento urbano ~a autono- ‘mia individual ecotetiva. Conforme se grifou no subcapitulo precedente justiga social e ‘qualidade de vida so constructos muito abstats, que precsam ser ttatatos como parimetros subordinados gras, a setem complemen {ados por purdmettos subordinados particulaes ¢, em um nivel de ‘méxima concrete, por adaptagses singularizamtes dos parimetros pariculares. Os exemplos de parimetros subordinados paniculares associae os justiga socal sugerdos no Subcapitlo 2.1, possuem, em part, umaleance bastante geal (com o grande desigualdade socioscond- ‘nica, o gra de oportunidade para paricipacdo cidad direta em pro- ‘cessos decisrios relevantes ¢ outros), emborao nivel de segreeaio residencal tena sido dretamente insprado pelo ambiente urbano. (0s parimeiros subordinados partculares ussociados 3 qualidade de vida, que so aquelesreatvos 2 slisfago individual no que se referee sade, a educago ete, demandam, em principio, apenas plcasio specifies ac mo citadin para serem considerados pare metros de desenvolvimento urbano. As particuaridades do meto ‘urban cm matéia de densidade populaciona, requéneia de intrs- ‘es, formas espacaise divrsidade e complexidade das relasbes ‘oxi, no entanto, sugerem a convenincia de uma reflexto volta cspecificamente para o ambiente citano, Diversos estudos, com tnatizesdiversos a refletivm condicionamentos diseiplinare eideo- vicos patculres,tém sido oferecidos a propésito do tema da qu Tidade de vida urbana. Ruiner MADERTHANER (1995), pati de ‘uma perspectiva comparaivamente mas itegradora que o usual (© ‘qe parece ser comum na chamada Psicologia Ambiental), oferece ‘ua zflexdo de amplitude e plastividade apreciéveis, em que sto iMcatficados dez conjuntos de necessiades (Bedénisse), cada um ‘eaverrando diversos aspects espesTieos (ncelaspete). Cada umn ths diferentes necessidades deve ser satisfeita em um ou varios omios de uso e fruigio” (eadugao livee de Nurcungsbereiche): Jubitagdo, cabalho, creulago, divers, consuino e elminagao de Jisotesduos (corespondenda a uma adaptagdo ertia das famosas ungbes bésicas” consagradas pelo Urbanismo modernista). Um quo singtico, extratdo por Madertaner de um trabalho anterior ‘vem c0-autoria,&espevalmente cil como um ponto de referencia ‘como um balizamento para os estudose debates em torn da def higlo-de parfmetros de qualidade de vida; a figura 1 6 reproduzy Jieiramente adaptadoe simpiica. Fig rime [iecoenutr Seam oee Es aes ese ZAerprarao | tron palpate ange | cla neste som a = Seen a AEBS, | cass, eranmeno, ao mol a Se ‘cond do ots do ano asia pod, om feo, one acoso dened parintos brads a ures preompl el eee ein el de po ‘gdo atmosférica, mu to apse int ess 0 spo rede ms ale a parle gua ste stapes siglo so eves tree dosemeter ‘expectativas dos cidadios, Assi é = im como & pout par ops. orem um el declevaa tat toe assay Disc dunce pu desea continent emp sme omal is tes eat congun a se tear alse ule cena ni as necessiades concretas de tal ou qual grupo em lugar ds pes prios interessados, da mesma forma oanaista, no obstants ee poder tc deveravangar uma reflexo aproximativa sobre os pametros do ‘senvolvimento, nio deve pretender especifcar pormenorizada- mente 0 eonteido dos parimetosvslidos para cada stuago conere ta. Una vez que cada escala se pode associar um certo grau de sin pularidade ou sea, de “uneidade” (qualidade do que ¢dnico € nto fe repo), as adaplages sngularizanes mio se referem soments um nvel micrlocal, nem se distingiem dos parimetros pariculares pla escala geogtfia que abrangem, Os parimetros subordinados turticulares so desdobramentas dos parimetos gerais,com fito de tornd-los operacionas,o mesmo se aplicando as singulaizagbes ex ‘elago aos parimetos particuares dos quai so adapagbes:s6 que, este caso, 0 detllsimento io se det em um nivel de especifea- {to ainda rlaivamenteabstrato.como aquele que reside em parime- ‘vos paticulares como grau de desigualdade socioeconémica © gra dle oportunidade para partipagao cidadd dire em processos deci- sdriosrelevantes, ou ainda nivel de desidade resdencial enfvel de poluigzo aimosférica ~ todos passveis de serem imaginados ¢ esbo- ‘dos pelos priprios pesquisadores, anda que venham a ser subme- tidos, de alguim modo e em algum momento, a0 crivo do debate pblico. As adaptagies singularizants e as escalas de avaliags0 ota com base nels, diversamente,devemn refletr os valores © ts pereepgBes da eoletividades envolvidas na deliberegao de intr~ ‘venges séciovespaciais, valores © percepgdes esses que conteio © {elletiro, aida que em distnts escalas (do bairto “x at uma dada ‘ide como um todo), singularidades. © momento de discussto sae péblica de elementos para constrogo de adaptaptes singe Iorizanes é, ais, também o momento em que 0 coateudo dos pro= ios parimetros parteulazes que a elas esto Tigados como suportes Jogicos em um plano mas abstato ~ contedo esse hipoteticamente oposto, iniealment, por um pesquisador ou especialista em plane- Jumento ~poderd ser objeto de modificasioe retiicagto. ‘Mealia cfiticamente sobre as condigoes mais geras da mudan- social positiva,chegando «uma discuss Iida e iuminadora sor agi qu cama dearest ear Ie bros gee ptt patel pane do ques pa deve ep do inn eet. De apart ute ina ai) eect ovat afsen singles dene utes corso, tsacal sto comets cesar explo comienda nea dsr leno ends m seep so ‘special on ung eum moments pts), Fads palit Dino deve er un tl sa, conga aj a ie sence om ssa de pe avis um sty de interven gar no mone igre ete, ces smo imide ns ea do objvsma «do eifcmosten odc 8 tina aara sub fre gs, on eo cao, de a rept dade nao conte on i.e cs de propos toe. vert icmdve era in plato cs pts eel ‘ae ior ltr nena deve er une ope i, vendo cats omer amo ppl ew tos tae pipe evetlment ales par cone hers enuresis pot ttm gas um) mas jai od contr antiga ot, mo esto de Mage om um rcp gu nectar sun, Impondoa de cima pra ato (SOUZA, 200 89) Porta Ino mitment ue nu ante de pps, om ua hp de plinmet ug en qe cogin dela Deyn pii ci o prines se coon tf cla lc culpa in, Dor baanent«deenpera pl de psn dex ‘ets raed lara cou debts ees Peps eos esenamse od cmos doce Pons dvi evetlnene dlrs em mao opto Mair Af gba deeper cen moder berpilegos ese mio nen > pod de eee ese fed dein dese aeons le cian ee iss ter sun liberdade prservada para se promunciar to eica & tivremeate quanto qualquer outro individuo, AXé que pont o expert poder, mesmo informal ¢suilment,induair a formagto dos feos lleios ea forma de deliberagio de sous concidadzes, € um problema insolivel aprioristiarnente: somente com o amadureeimento ertco- polico da coletvidadee sobre a hase de uma postura eticamente con- sistene por parte dos intelectusisfeientistes € poss(vel miniizar 0 risco de manipula da vontade coletiva,rseo esse, contudo, ue — diga-seclaramente~ james sex interamente ciminado, ‘Aborde-se, agora, o problema da mensuragio. possiveledese- jvel eonsruir esalas para medirasparimetros? Sim, ¢ tanto possf- ‘el quanto desejvel, ow mesmo nevesrio, construir escalas de ava- hago, Essas sero, entretanto,o mais ds Vezes simples esals ori- ris, em que se estabelece que uma dada categoria represen uma ‘quanidade ou intensidade maior de alguma coisa em compuraga0 ‘om as categoria inferiores, mas sem que sejapossvel espe ear © (0, exatamente,umnaintensidade ou quantidade & maine que ale indiretumente (© quant uta sso deriva do fato de que, a nll se pr {que as vezes pode ser irvolevante e mesmo induzir equfvocos), fendmenes como poder e segregagi, que so constructs comple- os no admitem quantficagdo em um sentido estrito. Sea como for, escelas poderto ser consruidas, evidentemente de diferentes tnuneiras. Eventualmente atficios quanttativos de compatibiliza- (uo © apoio & deeisdo poderdo ser tentados, como a aribuigto de pesos € nots pelos propos informantes no contexto de eaquetes| jppulares ou mesanismes paricipativosdiretos, com o fito ds orien- tara implementagGo de poticas pubicase estratéias de desenvol viento: a popalaglo, uma vez tendo sido definidos es parimetros de deseavolvimento (por exemplo, sere gayi residencal) € ours ele nenios de balizamento (como & quantdade de pessoas a serem aten- das eav uma dada subscea), poderé detalhar, uxiiada plas ten ‘i indieadore a partir dos parimetos (como, por exemplo, grat de ‘oeneia de infaestrutusa), especiticando, em Segui, eatorins no de cada parimetro (por exemplo, graus ou faixas de caréncia); ‘unio ponderada dos esos atribuidos aos indcadores ds nots das categorias servra para orienturtomadas de decisto no que tange A distribuigho dos recursos disponives. (Algo dessa natureza€ feito no Ambito de experiéncias de orgamento participative, como ser ‘examinado no Subcapiulo 112. da Parte lL) A mensurugio, portanto,seja com base em escalas ondinais ‘mensurago larisino sens), Sea, mais ramen, com base em ‘sca mais poderosas,darse- no plano das parimetrs subordin os parculares ou das adapagiessingulatizantes, Estes pardmetios| rio lugar a indicadoros,elaboredoe para fssrom face &objlivon bem determinados. Nao se ata, de todo modo, de uma eonstngio _sptovstiea de ndicadrespretersamente univers (como enda per cupia, nice de Desenvolvimento Humana e ote tanto); a cons- trugio de indicadores devers, bem ao contério, se dart prime ‘quanto possivel da relidade dos conextosvalortivos dos grupos soviais especiicns envolvidas.” ‘Trt mpi aeoes doar even Sagi pers esa de nein 80 Se comin os hs rps conta por etl SOUZA 920) e SOUZA (U0) ea 2c te i i ent can oe mast ome cna coos ales a expecaes e cle ‘one agi pks css so ae . 3, Planejamento e gestao urbanos: nem “neutros”, nem necessariamente conservadores! Vale a pena complementar algumas consieragtesj tesidas na Inirodusio a respeito do pretenso cater conservador do plane mento FE obvio que propostas especifcas e experigneias concretas de plinejamento e gestio urbanes jamais slo “neutas” A sociedade hog uma massa homogsnea indiferencida,esociedades capitals as nals espeificamente, se apresertam dvidias em classes (que se Uifeeneiam em fango do lugar que ocupars na esfera da produgio), js relages sem parte contradirias ede antagonsmo estat ‘al. Aém da mas, grupos Soca diversos, que ve formant ¢ entram ‘uno em atrto entre si dovido a questbes muito variadas, como modo de vida, etiaet., complementam o panorama complexo © toi de ih de tense conlitoslatentes e maifetos que earac- lose as sociedad capitalists contempocineas. Diane diso, intr ‘ones de planejamento e mecanismos de gesto, sam protagoni los pelo Estado ou por agentes da Sociedade civil precsam ser serio uz de uma tia de relagbes em que aexisténci de eon- Nios de interested ganadores eperdedores, dominant e domi- dss um ingredient sempre presente. Como poderiam o planja- Incnio ea pesto set “neutros", em se tratando de uma sociedade nrc por desiguldadesestraturais? ‘jase, claramente sem suberigos: nfo ha conhecimento, 6 wlio particutarmente no caso do conhecimento elaborado sobre a le, que mo seja expresso do priticas sociais. NUo se quer vr, com ss, que todo conbecimento sobre a sociedad seja produ

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