MARICOTA Desacreditar-me por namorar! E no namoram todas as moas?
A diferena est em que umas so mais espertas do que outras. As estouvadas, como tu dizes que eu sou, namoram francamente, enquanto as sonsas vo pela calada. Tu mesma, com este ar de santinha anda, faze-te vermelha! talvez namores, e muito; e se eu no posso assegurar, porque tu no s sincera como eu sou. Desengana-te, no h moa que no namore. A dissimulao de muitas que faz duvidar de suas estrepolias. Apontas-me porventura uma s, que no tenha hora escolhida para chegar janela, ou que no atormente ao pai ou me para ir a este ou quele baile, a esta ou quela festa? (...) Vive na certeza, minha irm, que moas dividem-se em duas classes: sonsas e sinceras... Mas que todas namoram. PENA, Martins. Judas em Sbado de Aleluia. In: Comdias de Martins Pena. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. , p. 87
A FARSA DA BOA PREGUIA Ariano Suassuna
(1960) CLARABELA Ah, o campo! O Serto! Que pureza! / Como tudo isso puro e forte! / Esse cheiro de bosta de boi, que beleza! / A alma da gente fica lavada! / As bolinhas dos cabritos, o canto das juritis, / o coc dos cavalos, o cheiro dos roados. / A gua pura e limpinha / e esse maravilhoso perfume de chinica de galinha! / Ah, a vida pura! Ah, a vida renovada! / E a trombeta dos jumentos, como flica, vibrante e animada! / Ah, o campo! A alma da gente fica lavada! /