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Mauser coro ‘Vocé lutou na frente da guerra civil O inimigo ndo encontrou fraqueza alguma em vocé [Nés nao haviamos encontrado fraqueza alguma em voce. ‘Agora vo? mesmo é uma fraqueza Que o inimigo nao pode encontrar em nés. ‘Voo# aplicou a morte na cidade de Witebsk ‘Aos inimigos da revoligdo, por nosso encargo Sabendo que 0 pio de cada dia da revolugio Na cidade de Witebsk como em outras cidades £.a morte de seus inimigos, sabendo que ainda recisamos arrancar a relva para que o verde permaneca [Ns 0s matamos com a sua mio. ‘Mas certa manha-na cidade de Witebsk Vocé mesmo matou com asta mao Nao 0s nossos inimigos, nao de acordo com a instrugio E agora precisa ser morto, voot mesmo é agora um inimigo. CCumpra a sua tarefa no posto derradeiro ‘Onde a revolugao te colocou De onde nao haverd de sair sobre seus proprios pés No paredao, que havera de ser o seu iltimo Assim como cumpriu sua outra tarefa Sabendo que o pao de cada dia'da revoluséo Na cidade de Witebsk como em outras cidades Ea morte de seus inimigos, sabendo ainda que Precisamos arrancar a relva para que o verde permaneca. A ‘Cumpri a minha missao. coRO ‘Cumpra agora a sua derradeira, A Eu matei pela revolucio. coRO Morra agora por ela. A Cometi um erro. coro Vocd € 0 erro. 7 : Sou um ser humano, <2" coro Oque éissod A Nao quero morrer. coo Nés nao estamos perguntando se voce quer morrer. O paredao as suas costas é a sua iltima muralha As suas costas. A revolugio ndo precisa mais de voce Ela precisa da sua morte. Mas antes de ‘dizer SIM ao NAO que foi sentenciado contra vocé, Nao terminou a sua tarefa. Diante dos fuzis da revolugao que precisa da sua morte Aprenda essa iltima ligio. E sua iitima licio & Voce, que esta af no paredao, é 0 seu e 0 nosso inimigo. A i Nas prisdes descle Omsk a Odessa ine inscrito no corpo o texto Lido debaixo dos bancos de escolas ¢ nas latrinas: PROLETARIOS DE TODO O MUNDO, UNL-VOS Com punho e coronha, com taco e pontapé Ao filko do pequeno-burgués com samovar proprio Preparado para uma carteira eclesistica Sobre as tébuas do assoalho gastas pelos joelhos diante do icone. ‘Mas eu escapei em tempo desse buraco de partida. -/ Em assembléias, manifestagdes e greves Espezinhado por cossacos bem ortodoxos ‘Torturado sem animo por indolentes funciondrios Nada eu aprendi sobre a vida depois da morte prendi a matar nos profongados & Contra 0 cerco, na époce do matar ou morzer Diziamos: quem nao quer matar, também nao deve comer Correr enfiar a baioneta no corpo de um inimigo Num cadete, oficial ou camponés que nada entendeu Diziamos: esse é um trabalho como outro qualquer Esmigalhar cranios e dar tiros./C'co #3 ALCOREE Mas certa manha na cidade de Witebsk Com 0 estrondo cercano da batalha, a revolugio Com o beneplicito do partido me encarregou a tarefa “" ° ‘De assumir 0 tribunal da revolugao * Na cidade de Witebsk, que aplica a morte ‘Aos inimigos da revolugdo na cidade de Witebsk. / coro Vocé lutou na frente da guerra civil O inimigo ndo encontrou fraqueza alguma em voc’ Nés nao haviamos encontrado fraqueza alguma em voct. Deixe a frente de guerra e ocupe o posto Onde a revolucao te necessita de agora em diante. Alé que ela precise de vocé num outre gar. Conduza a nossa batalha as nossas custas, ‘Aos inimigos da revolugio, aplique a morte. AICORO} Eeuestava de acordo com a tarefa Sabendo que o pao de cada dia da revolugao Ea morte de seus inimigos, sabendo que ainda Precisamos arrancar a relva para que o verde permanega. De acordo estava eu com essa tarefa Da qual a revolugao me havia encarregado Com o beneplicito do partido no rumor da batalha. E esse matar era um matar diferente Eera um trabalho como outro nenhum, coro O seu trabalho comega hoje. Quem o fazia antes de voce Precisa ser morto antes de amanha, ele mesmo um inimigo. A[CORO} Por que ee, B Diante do meu revélver trés camponeses Inimigos da revolugio por ignoréncia As suas costas as maos, presas por cordas, Maos calejadas de tanto trabalhar. Minha mao presa ao revélver com o encargo da revolucao: ‘Meu revélver apontado para as stias nucas. Os inimigos dela so os meus inimigos, isso eu sei Mas esses que estio diante de mim, com o rosto para a pedreira Eles nao sabem isso, e eu que sei Nao tenho qualquer outra ligio para a sua ignorancia Sendo a bala. Eu administrei a morte O revélver, minha terceira mao ‘Aos inimigos da revolugao na cidade de Witebsk Sabendo que o pio de cada dia da revolugio £.a morte dos seus inimigos, sabendo que ainda Precisamos arrancar a relva para que o verde permanega Sabendo que pela minha méo mata a revolugio. Ja ndo sei isso, nao posso mais mata. Retiro a minha mao dessa tarefa Da qual a revolugio me encarregou [Em certa mani na cidade de Witebsk Com o beneplicito do partido no clamor da batalha. Corto as cordas Das maos de nosso inimigos, maos marcadas Pelos vestigios do trabalho, como meus semelhantes, ‘Afirmo; os seus inimigos sio 05 n0ssos inimigos. * ‘Afirmo: voltem para o seu trabalho. ‘CORO [0S INTERPRETES DOS TRES CAMPONESES] E eles voltaram para 0 seu trabalho ‘Trés inimigos da revolugio, sem nada terem aprendido. ‘Quando ele retirou a sua mao da tarefa Da qual a revolucio o havia encarregado Em certa manha na cidade de Witebsk Com 0 beneplécito do partido no barulho da batalha Essa mao née era mais uma mao em nossa gamganta./ ‘Ora, a sua mao nao é a sua mao Assim como a minha mao nao é minha mao Antes da revolugao ter vencido definitivamente ‘Na cidade de Witebsk como em outras cidades. (Ora, a ignorancia pode matar Assim como 0 aco e a febre podem matar ‘Mas o saber no basta, a ignorancia precisa e Desaparecer completamente, e nao basta o matar No entanto, matar é E precisa ser aprendido para poder acabar Pois o natural nao é natural ‘Mas precisamos arrancar a relva E precisamos voritar 0 pao Até a revolugao ter vencido para sempre Na cidade de Witebsk como em outras cidades Para que a relva permanega verde e a forne acabe. ‘Quem se determina a si mesmo como sua propriedade £ um inimigo da revolugdo, como outros inimigos Pois 0 nosso semelhante nao é nosso semelhante Ends ndo somos nossos semelhantes, a propria revolucio Nao é coerente consigo mesma, mas 0 inimigo, co: Unhas e dentes, baioneta e metralhadora Inscreve em sta imagem viva os seus tragos medonhos E suas feridas cicatrizam em nosso rosto. 3 Para que matar e para que morrer Seo prego da revolugio é a revolugao E aqueles a serem libertados sio o prego da libertaczo, A Isso e outras coisas ele gritou contra o rumor da batalha ‘Que havia crescido e crescia ainda mais. Havia milhares de maos em nossa garganta Contra a diivida quanto & revoluglo, no havia Nenhum outro remédio senao a morte do cético. { #) E eu nio tinha olhos para as suas maos Quando estava diante de meu revolver, de rosto virado para a pedreira Se elas estavam ou nao arruinadas pelo trabalho Estavam, sim, bem amarradas com ordas Eo matamos com a minha mao Sabendo que o pio de cada dia da revolugso Ea morte de seus inimigos, sabendo que ainda ‘Temos que arrancar a relva para que o verde fique. Eu sabia isso, matando outros na manha seguinte E novamente outros na terceira maha E cles nao tinham maos e nao tinham rosto ‘Mas apenas 0 olho com que et 0s mirava. Ea boca com que eu Ihes falava Era o revélver, a minha palavra era a bala Naoesqueci quando eles gritavam Quando o meu revolver os jogava na pedreita Inimigos da revolugao para outros inimigos Besse era um trabalho como outro qualquer... Eu sabia que quando se dispara contra um ser humano Dele escorre sangue como de todos os animais Os mortos pouco diferem E esse pouco ndo por muito tempo. Mas o homem nao é um anim: Na manha do sétimo dia eu vi os seus rostos Nas suas costas as maos amarradas com corda ‘Com os rastros dos seus diferentes trabalhos Enquanto esperavam, rosto voltado para a pedreira, Pela morte saindo do meu revélver, ea dtivida Tomava lugar entre 0 dedo e o gatilho, sobrecarregado Com os mortos de sete manhas a minha nica Que carrega 0 jugo da revolucio Para que sejam quebrados todos os jugos E minha mao, que esta presa ao revélver Com a tarefa da revolucio que me foi encarregada CCerta manha na cidade de Witebsk Com o beneplcito do partido no barulho da batalha Para administrar a morte aos seus inimigos Para que a matanga se acabe, e eu dava a voz de comando Nessa manha como na primeira manha MORTE AOS INIMIGOS DA REVOLUCAO E administrei a morte, mas a minha voz dava A ordem como se ndo fosse minha voz Eminha mao aplicava a morte Como se nao fosse minha mio Eo matar era um matar diferente E era um trabalho como outro nenkium Eno fim do dia ex olhei o meu rosto 10 ‘Que me mirava ndo com os meus olhos LA no espelho de parede, varias vezes rebentado No bombardeio da cidade varias vezes conquistada E A noite eu ja no era um ser humano, sob o peso Dos mortos de sete manhas O meu sexo, o revélver, que administra a morte Acs inimigos da revolugio, de rosto para a pedreira. AlCono| Por que eu? Livrem-se da tarefa Para a qual sou fraco demais. coro Por que para voce. A Eu combati na frente da guerra civil inimigo nao encontrou fraqueza alguma em rim ‘Vocts nao encontraram fraqueza alguma em mim Agora eu mesmo sou uma fraqueza Que o inimigo nao pode encontrar em nés. Administrei a morte na cidade de Witebsk ‘Aos inimigos da revolugio na cidade de Witebsk Sabendo que o pao de cada dia da revolugio Ea morte de seus inimigos, sabendo que ainda Precisamos arrancar a relva para que permanega 0 verde. Eu nao esqueci isso na terceira manha E também néo na sétima. Matar e mais matar E talvez um de cada trés nao fosse culpado, esse Que est diante do revélver, de rosto para a pedreira. 1 coro Nessa Tuta que nao teré fim Na cidade de Witebsk como em outras cidades Seja com a nossa vitéria ou © nosso naufrégio ‘Cada um de nés executa com duas débeis m O trabalho de duas mil maos, maos destrocadas.” ‘Maos amarradas com cordas e correntes, maos Decepadas, maos em nossa garganta. ‘Temos mil maos postas em nossa garganta ‘Cada mao em nossa garganta, ou de acordo com a origem Se ela esté calejada ou nao estd calejada Se é a miséria que a faz baixar em volta do nosso pescogo ~ Tgnorancia sobre as rafzes da miséria Ou se é 0 temor diante da revolugao que ela arranca Junto com as raizes. Como pretende ser diferente de nés ‘Ou alguém especial, se vocé consiste numa fraqueza. 7 Esse que diz eu com a sua boca é um outro e nao voc’. Antes da revolugao vencer definitivamente Na cidade de Witebsk como em outras cidades ‘oct nao seré propriedade sua. Com a sua mao Mata a revolucgo. Com todas as mos ‘Com que a revolugio mata, mata vocé também. A sua fraqueza 6 a nossa fraqueza. A sua consciéncia é a lacuna em seu consciente. ‘Que é uma lacuna em nossa frente de luta. Quem é voct? A Um soldado da revolucao. R coRo Quer portanto Que a revolugio o dispense da sua missa0 Para a qual voce é fraco demais e que precisa ser ‘Cumprida por um outro qualquer. A{CORO} Nao./ Ea matanga continuava, rosto para a pedreira. Na manha seguinte um camponés diante de meu revélvet Como antes dele o seu semelhante em outras manhiis Como antes de mim 0 meu semelhante diante de outros revélveres, Suor frio na nuca: denunciou quatro combatentes da revolucso A nosso inimigo e seu inimigo Suor frio na nuica, ao éstar parado diante de outros revélveres. O seu semelhante foi morto Eo meu semelhante, por dois mil anos ‘Com roda forca torniquete garrote chicote galés Por alguém que 6 semelhante ao meu inimiga, que € o seu inimigo E 0 meu revolver agora apontado para asua muca Eu roda tomniquete forca garrote chicote galés Eu diante do meu revélver rosto para a pedreira Eu meu revélver apontado para a minha nuca Sabendo que pela minha mao mata a revolucio Destruindo roda forca toriquete chicote garrote galés E nao sabendo isso, diante do meu revélver um ser humano Eentre mio e revélver, dedo e gatilho Eu lacuna em minha consciéncia, em nossa frente le batalha, coRO Sua tarefa ndo é malar seres humanos, mas matar B Inimigos. Pois 0 ser humano é desconhecido, Sabemos que matar é um trabalho Mas 0 ser humano é mais que o seu trabalho, Enquanto a revolugéo ndo triunfar definitivamente Na cidade de Witebsk como em outras cidades N&o saberemos o que é isso, Pois ele € 0 nosso trabalho incognitS Atris das méscaras, aquele que esta enterrado na lama Da sua histéria, aquele verdadeiro desconhecido porbaixo da lepra O ser vivo dentro das petrificagdes Pois a revolucio rebenta as suas méscaras,liquida A.sua lepra, lava a sua imagem da empedernida merda Da sua historia, o homem com unhas e Dentes, baioneta e metralhadora Emergindo da cadeia das estirpes oo ue Rebentando 0 seu sangrento cordao umbilical Xe OE No raio do verdadeito inicio reconhecendo asi mesmo — Uns reconhecendo 08 outros segundo a sua diferenga peeh Com a raiz desenterra do ser humano o humano ser, 22 © (O que conta & 0 exemplo, a morte nada importa, lL. 7 a? A Mas no clamor da batalla, que havia crescido Ecrescia ainda mais, estava eu com as maos ensanguéntadas Eu soldado e baioneta da revolucso E procurava com a minha voz por uma certeza. [CORO] O morticinio cessaré quando a revolugio tiver triunfado. A revolugio ha de triunfar, Quanto tempo ainda ——— 4 VU coro Voc sabe o que nés sabemos, néssabemos e que vod sabe. Oua revolugio vence ou o ser humano deixar de ser E desapareceré numa crescente humanidade.. A Eeu ouvia minha voz dizer ‘Nessa manhd como em outras manhas MORTE AOS INIMIGOS DA REVOLUGAQ e eu o via ‘Aquele que eu era eu a matar uma coisa qualquer de carne sangue E de outra matéria, nao perguntando por culpa ox inocéncia Nem pelo nome, nem se era inimigo (Ou nao era, essa coisa qualquer nao se mexia mais Mas ele que era eu nao parava de matar isso Ele dizia: / {CORO} Deitei abaixo a minha canga (Os mortos jé nao me pesam na minha nuca Um homem é uma coisa em que se atira ‘Até que o ser humano emerja das ruinas doser hummano, // E quando ele tinha atirado e voltado a atirar Na came ensangtientada, atravessando a pele explodindo E voltado a atrar nos osss estihagados, cle ‘Avangou com os pés contra o cadver. AICORO} Carrego sob as botas aquilo que mate Dango em cima dos meus mortos em passo marcial Nao basta matar aquilo que tem de morrer Para que a revolugio venga e a matanga acabe Mas isso nao deverd exstr nuica mais, nem um pouco E deverd desaparecer da face da terra Para os que virdo, uma mesa limpa e posta. 15 | | | coro ‘Ouvimos seu bramire vimos 0 que ele tinha feito Nao por nossa incumbéncia, e ele nao parava de bramar Com a voz do homem que devora o homem. Soubemos entdo que o seu trabalho o havia consumido Ea sua época havia pasado eo levado embora Um inimigo da revolucio como outros inimigos E nao como outros, mas também 0 seu préprio inimigo Sabendo que o pao de cada dia da revolugio Ea morte de seus inimigos, sabendo que ainda Precisamos arrancar a relva para que o verde permanesa. Mas ele tinha deitado fora a sua canga ‘Que teria de ser carregada até a revolugio triunfar Nas suas costas os mortos nao Ihe pesavam mais (Os mortos impertinentes até que a revolugio vena No entanto a sua carga era a sua presa Portanto a revolugio néo tinha mais lugar para ele E ele mesmo ja ndo tinha mais lugar para si Sendo em frente 20s canos dos fuzis da revolucio. A Nao antes de me terem retirado do meu trabalho E terem tirado da minha mao o revélver E os meus dedos ainda se curvam como se curvam em volta da arma Diferente de mim mesmo, vi o que eu havia feito Es6 depois de me levarem embora ouvi A minha voz e de novo o barulho da batalha Que havia crescido e continuava a crescer. ‘A(CORO} A mim no entanto os meus semelhantes conduaem agora ao paredio 16 tv E eu que entendo isso nao 0 entendo Por quel _ coro. Voct sabe o que nds sabemos, nés sabemos 0 que voc? sabe. O seu trabalho foi sangrentd e como nenhum outro No entanto precisa ser feito como outro trabalho qualquer Por um ou por outro alguém. A Eu fiz o meu trabalho. Vejam a minha méo. coro Nés vemos que a sua mio est ensangitentada. A Como naot! E mais ruidoso que o barulho da batalha foi o silencio Na cidade de Witebsk por um instante E esse instante foi mais longo que a minha vida. at (Sou'um ser humano, E ser humano ndo é maquina. Matar e matar, sempre a mesma coisa depois de cada morte Eu nao podia, Déem-me'o descanso da méquina coro Sé depois de a revolugio ter vencido para sempre Na cidade de Witebsk e em outras cidades Vamos conseguir saber o que é isso, um ser humano. A Fu quero saber isso aqui e agora. Eu pergunto Nessa manha na cidade de Witebsk Com as botas cheias de sangue em meu iltimo percurso v7 a eS | Esse que é conduzido para morrer, que ndo tem tempo Com o meu iiltimo félego aqui e agora Eu pergunto a revolugéo onde est o humano ser. CORO ‘Voct pergunta cedo demais, Nés no podemos te ajudar. E a sua pergunta nao ajuda a revolugio. Qua o barulho da batalha. A Eu sé tenho uma época para viver. Por trés do rumor da batalha como negra neve Aguarda-meo siléncio. coro | 4, Yoo! morre apenas uma morte Mas a revolugio morre varias mortes “Apenas uma morte voct pode morrer A revolucio tem muitas épocas, nenhuma Em demasia. O ser humano é mais que o seu trabalho Sendo ndo hé de ser. Voce ja nao é. Pois 0 seu trabalho te consumiu ‘O sangue com que manchou a sua mao Quando ela era uma mao da revolugso Precisa ser lavado com o seu proprio sangue Pelo nome da revolugio, que precisa de toda mao No entanto no mais da sua mao. A Eu matei Por encargo de vocés. | : ‘Voce tem que desaparecer da face da terra. 18 coro Endo por encargo nosso. Entre 0 dedo e o gatilho, 0 instante A época era sua e era nossa, Entre a mao e o revélver ‘O espaco: era o seit posto na frente da batalha da revolucio Mas quando a sua voz ¢ 0 revélver se tomaram uma dinica coisa E voo® se identificou com o seu trabalho E jé nao tinha mais consciéncia dele Que precisa ser feito aqui e agora Para que nao mais precisasse ser feito por ninguém O seu posto foi uma brecha em nossa frente E para voce ndo havia mais lugar em nossa frente de batalha. Terrivel é 0 habito, mortal ou vulgar Com muitas raizes habita em nés 0 passado Que precisa ser arrancado-com as raizes todas Em nossa fraqueza ressuscitam 0s mortos ‘Que sempre de novo precisam ser enterrados Nés mesmos precisamos renunciar cada qual a si préprio yen Mas nao devemos renunciar uns aos outros. Voc é aquele um e voc’ é aquele outro Aquele que vocé dilacerou sob sua bota Aquele que te dilacerou sob a sua bota ‘Vocé renunciou a si, um ao outro: Mas a revolugio nao renuncia a voe8. Aprenda a morrer. O que voc? aprender, aumentaré a nossa experiéncia, _Morra aprendendo, Nao renuncie & revoluca. A Eu me recuso. Eu nao aceito a minha morte, A minha vida me pertence. 19 coRO O nada é sua propriedade. ‘A{CORO} Eu nao quero morrer. Eu me jogo no cho. Eu me agarro firme na terra com todas as minhas maos Com unhas e dentes et me prendo a essa terra ‘Que eu nao quero abandonar. Eu grit. coro Nés sabemos que morrer é um trabalho. (O seu: medio te pertence, A[CORO| O que vern depois da mort. CORO IAI Ele ainda perguntava e j levantava do cho No mais gritando, e nds Ihe respondemos: Vocé sabe 0 que nés sabemos, nés sabemos 0 que vod’ sabe. Ea sua pergunta nao ajuda a revolugio. Se a vida for uma resposta talvez ela possa Ser permitida, Mas a revolugio precisa Do seu SIM a sua morte. E ele nao mais perguntou Mas foi até 0 paredao e dew a voz de comando Sabendo que o pio de cada dia da revolugio Ea morte de seus inimigos, sabendo que ainda Precisamos arrancar a relva para que o verde permanega. AICORO} MORTE AOS INIMIGOS DA REVOLUCAO. 20 Nota ‘Mauser, escrita em 1970, como terceira pera de uma sétie ex: perimental, sendo a primeira Philoktet(Flocteto)¢ asegun- dda Der Horater (O Horaciano), pressupse/critica a teria e a pris da pea diditica de Brecht. Mauser, variagio sobre uum tema do romance de Cholokov, Der stille Don ( Dom silencioso) nao é uma pega de repertéri: 0 caso extreme, ni0 ‘objeto, mas exemplo, no qual se demonstra continuum da snormalidade a ser rompido: a morte, cuja transtiguragio na lragédia ou eepressio na comédia constituem o fundamento do teatro dos individuos, uma fungio da vida cansiderada ‘como produglo, um trabalho entre outros, oganizade pelo coletivoe organizando ocoletivo, Para que alguna coisasurja é preciso que alguma coisa desapareca A primeira configa- rio da espenanca é 0 medo A primeira manifstacio do nove é horror. A representagio para um pcblico é possivel quando se possibilta a0 piblico controlar a encenacio pelo texto €o texto pela encenagio, por meio da leita do texto do coro ou do texto do primeira aor (A), ot do texto do co- ro através de um grupo de espectadores edo textodo primei- roator através de um grupo de espectadores, quando aquilo quendo deve ser lido no texto édisfargad, ou outros proces- 08; quando a reacao do piblico € controlada através da as- sicronia entre texto eencenagio, ndo-identidade de quem fa- laede quem representa. A distribuigio da texto proposta & ‘um esquema varive,o tipo eo grau das variantes, uma de- cisio politica que variaré de caso para caso, Exemplos de va- riantes possiveis: o coro poe a dsposigio do primero ator, para determinadas partes do text, um interpret do primet + ator (A 1}; todos os elementos do coro, sucesi ‘multaneamente,representam o primeiro ator. O primeiro ator ‘encarrega-se de determinadas partes do cora, enquanto AT ‘ representa. Nenhum ator pode substtuir outro continua- mente. Asexperiéncias s6sio transmissiveis de modo colti -v0. Oexercicio da capacidade (individual) de fazer experin- cia € uma fungio da encenagao. O segunda papel (B),é re presentado por um membro do coro, que depois de ser mor- to retoma oseu lugar no coro, Recursos teatrais 35 deve ser ttilizados abertamente; elementos de eenario, partes do uarda-roupa, mascaras,produtos cosméticos ete, ficam no palco, A cidade de Witebsk localza-se em todos os lugares ‘onde a revolugiofoie ser obrigada a matar os seus inimigos. 2

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