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Sa? ARTIGO TECNICO y Norma Regulamentadora (NR)-15, da Portaria n. 3.214, de 8. 6.1978, do Ministério do Trabalho (atual Ministério do Trabalho e Emprego): UM POUCO DE SUA HISTORIA E CONSIDERACOES DO GRUPO QUE A ELABOROU PARTE | 1. ANTECEDENTES Em 1977, 0 Congtesso Nacional editou a Lei n. 6.514, alterando todo 0 Capitulo V, do Titulo 1, da CLT, que trata da Seguranca, Higiene © Medicina do Trabalho. Uma das modificagoes importantes foi a introdugao na CLT da exigéncia de adocao de limites de tolerancia para os agentes ambientais. 0 Engenheiro Civil Arnaldo Prieto, a época ocupante do cargo de Ministro do ‘Trabalho, determinou que a Fundacentro elaborasse um projeto de Portaria para regulamentar essa lei. Deu-the ampla liberdade para que se introduzisse nesse novo instrumento legal 0 que de melhor existisse na area de higiene, seguranca e saude ‘ocupacional (01. Eduardo Gabriel Saad, renomado jurista na area do Direito do Trabalho, 3 época Superintendente da Fundacentro, ideali- zou a estrutura da Portaria, que the deu perenidade até a pre sente data. Em vez de fazer apenas mais uma Portaria Ministe- rial, que posteriormente seria revisada e substituida por outras mais recentes, propés a criagao de um arcabouco juridico na frea de seguranca, higiene e medicina do trabalho, composto ‘de Normas Regulamentadoras, cada uma delas regulamentan- do uma Secao do Capitulo V, do Titulo, da CLT, que trata dessa materia, Assim, surgiu a Portaria n. 3214, publicada em 08 de junho de 1978 (DOU 06/07/78 -Suplemento), ‘Antes da edigdo da Portaria n. 2.214/78, as normas de segu- ranga, higiene e medicina do trabalho estavam dispersas em intimeros atos administrativos do Ministério do Trabalho, oque dificultava seu estudo e aplicacao. Essas normas encontravam- se distribuidas em diversos instrumentos legais, sem nenhuma tnidade técnica ¢ juridica, As empresas, 05 trabalhadores © os proprios 6igaos de fiscalizacdo enfrentavam dificuldades para Cumprir e fazer cumprir as exigéncias de uma legislagao tao ssem unidade e ja ultrapassada, O dispositive legal mais abran- ‘gente na drea de higiene ocupacional existente anteriormente 3 Portaria n. 3.214/78 era a Portaria n.491, de 16 de fevereiro de 11965, que dispunha sobre as atividades c operacdes insalubres. Outros instrumentos tratavam das outras questdes relaciona-~ das 8 seguranga ¢ medicina do trabalho. A estrutura de segu- ranga, higiene @ medicina do trabalho dentro das empresas regulada pela Portaria n. 3237, de 27 de julho de 1972, que jé estabelecia a obrigatoriedade dos servicos especializados e da CPA, afim de promover a protecdo da saide dos trabalhadores, sendoa precursora das NR-4 e NR. Com a publicagio da Portaria n, 3214/78, passou-se a ter uma Linica referéncia na area de prevencao de acidentes e doencas ‘ocupacionais, o que certamente permitiu um avanco na prote- (G0 do trabalhador, pais ndo ha mais o isco de ter textos legais: sparsos, perdidos, no cumpridos ¢ no fiscalizados. Toda a "wages Ccypocenas Certfcados iterates do grape tenico qu eabareao MEAS 6 José Manuel 0.Gana Soto Irene F. Souza Duarte Saad? ‘Eduardo Giampaoli* ‘Mirio Luiz Fantazzini* materia juridica esta concentrada em tima tinica normatizagao legal, da mesma forma que é feito nos cédigos ou na propria CLT, com uma estrutura que permite uma atualizacao dentro do seu proprio corpo. Com este artigo, pretendemas trazer um pouco da histéria des sa to importante Portaria e, em especial, de sua NR-25, que E diretamente relacionada 3 Higiene Ocupacional, para poder mos entender melhor sua origem, ajudando, dessa forma, a pensar no seu futuro, Na épocs da elaboracao desse projeto de Portaria, a Fundacen- tro contava com poucos técnicos, a maioria deles lotados em sua sede em So Paulo, Sua estrutura era constituida de cinco divisdes técnicas (Divisdo de Higiene do Trabalho, Divisio de Se- suranga do Trabalho, Divisio de Medicina do Trabalho, Divisio de Assisténcta a Agricultura e Divisao de Ensinc), além da area administrativa Coube aos tecnicos das Divisbes de Higiene, de Seguranca, de Medicina e da Agricultura a elaboracao da minuta da Por- ‘aria, revolucionando todo o texto legal anteriormente exis: tente. Contando apenas com 19 técnicos nessas quatro areas, 4 Fundacentro conseguiu, em apenas dois meses de trabalho iintenso, redigit toda a base da legisiac3o que perdura até hoje. Esses profissionais, jovens idealists, dedicados & novel ciéncia que comecava a despertar no Brasil, buscaram o que havia de melhor no mundo daquela época para Incluilo na legislac30, brasileira, obviamente com a preocupacio de fazer as devidas adaptacdes 3 nossa realidade, Antes do encaminhamento para (0 Ministério do Trabalho, 0 contetido técnico final passou pela revisdo juridica de losé Eduardo Duarte Saad, Procurador do Mi nistério Piblico do Trabalho, em Sao Paulo. ‘0 Ministro do Trabalho Arnaldo Prieto, o Presidente da Funda centro, Engenheito Civil Dr. Jorge Duprat Figueiredo, que apos seu falecimento precoce, veio a dar o nome a essa Instituiga0, & © Superintendente Dr. Eduardo Gabriel Saad, envolvidos unica exclusivamente com a protecio da sate dos trabalhadores, entrode uma economia fortee dindmica, apoiaram totalmen- te o grupo técnica para que inclufsse na regulamentacao da Lei 1. 6.514/77, 0 que se julgava de maior relevancia técnica, sem rnenhuma restric0 ou objecdo, quer do ponto de vista politico ‘ou das repercussdes economicas que Isso acaretaria as empre~ ‘sas Talatitude trouxe grande motivacio para a equipe de tec nicos envolvidos. qualidade e relevancia do trabalho realizado foram reconhe cidas oficialmente pelo Senhor Ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, que, apés a publicagao da Portaria, encaminhou ao Su: perintendente da Fundacentro, Eduardo Gabriel Saad, um agra- ‘Revita ABHO /setenbro 2010 decimento manuscrite contende seus expressos cumprimentos ‘8 todos os que nela trabalnaram. Esse cumprimento oficial, por determinacao do Senhor Superintendente, foi registrado. no prontuatio funcional de cada umm dos profssionais ervolvidos, na elaboragio da Portarian, 3214. De inicio, a Portaria n. 3214/78 era integrada por 28 Normas, Regulamentadoras, comumente chamadas de NRs. Cada Nor- ima Regulamentadora faz o detalhamento de um tema previsto no Capitulo V, do Titulo ,da CLT.ANR-28, que trata da fiscaliza (ocdessas NR, foi elaborada por servidores do proprio Ministé- io do Trabalho, Hoje a Portariajé conta com 33 Nosmmas Regula~ mentadoras. “| Coube & Divisio de Hiiene f : } dotiabaho, da Fundacentr, | eguiamentar a porte dessa \ | taut ‘de Porter que 32 | | felaconava com a Higene | eo trabalho | A época, tal ivsi0 era | integrada pelos seguintes + | HiglenistasOcupaconis | Jost manvel Osvaldo Gana | Soto, Irene Ferreira de \ | Souza Duarte Saad, Leia | | Nadim Zigan, Eduardo i | Giampsol, Mario Luiz | Fantzzin, e Marcos | Domingos da iva, Desses | partcparam atvamente 7 da ABHO Hiplenstas hoje Ocupacionais Certificados. ‘Apds uma analise cuidadosa ecriteriosa dos artigos da CLT die tamente relacionados com a Higiene Ocupactonal, o grupo en volvido na regulamentacio dessa matéria optou por usar uma Unica Norma Regulamentadora para abardar todos os agentes, ambientais: a conhecida NR-15, Assim, em lugar de criar diver sas NRs, uma para cada agente ambiental, foram c x05 90 corpo da NR-15, de made que: doce forma especifca e independent 0 grupo era liderado pelo Higieni CChefe da Divisda de Higiene do Trabalho ¢ atval Presidente d ABHO, que diva um ince oime & sua jovem equips trabalho, Segundo seu p it, assim forarn conduz ARTIGO TECNICO '15.44.4. Cabe a DRT,com: provda 0 insolubridade por laudo do Engenheiro (ou Médico do Trabalho to Mo (otual MTE}: 9) notficara empresa, 2s- tipulondo prazo para a do possvel; {fixar adicional devido ‘20s empregados ex- ‘Ao examinaro texto cria- do originalmente, ficava muito claro que a insa~ lubridade seria elimina- da com 0 tempo, pois as empresas, a0 serem fi calizadas pelo Ministério do Trabalho, seria obri gadas a adotar todas as medidas de controle para proteger seus trabalhadores,eliminando ou, no minimo, neu tralizando 0s riscos ambientais. Noentanta,oMinistériodo Trabalhoeémprego,em 1992,aIterou 2 redaco desse iter, sem nenhuma consulta a Fundacentro, deixando, em primeira plano, a fixacio do adicional de Insalubridade, e nao a sua eliminaco ou neutralizacao, como se pode ver de sua redaco vigente até os dias de hoje: 154.1. Cabe d autoridede regional competente em matéria de sequranga e saide do trabalhador, comprovada a insal bridade por laudo técnico de engenheiro de seguranca do tro: baihno ou médice do trabaiha, devidemente habiltado, Fxar adicional devido aos empregades expostos d insalubridade quando impraticeve su 1a¢da ow neutralizacéo 2, ALGUNS ASPECTOS TECNICOS INTERESSANTES DOS ANEXOS DA NR-15 -xoosi¢do e concentracae ou iniensidacle desse agente, Os es- tabalhacor ce ARTIGO TECNICO Fundacentro naquela época. Assim, nada mais logico do que Utlizé-los na legistacao brasileira A.ACGIH® publica seus limites com base nos estudos feitos por ‘seus Comités no ano anterior. Antigamente as propostas de dogo de limites e a Nota de Alteracdes Pretendidas para os anos seguintes eram apresentadas para aprovacao dos mem- bros na Assembleia Geral daquela Associacao, durante a Con- feréncia e Exposicio Anual de Higiene Industrial, que ocorre anualmente, em geral no més de malo, nos Estados Unidos, ¢, 8s vezes no Canada. As proposi¢des aprovadas eram, entzo, ppublicadas no livro de TW*s e BEI®s, que ficava disponivel para © piiblico em setembro/outubro de cada ano, Essa sistematica operacional da Associa¢do permanece até a presente data, 56 que hoje a aprovacao € feta apenas por seu corpo diretivo, & ‘ndo mais pela Assembleia Geral. Com isso, a partir dessa alte racio de pracedimento, olivro passou a ser disponibilizado a0 pablico ber antes, geraimente no inicio do segundo trimestre doano, (0s TLY®s utilizados como base foram os disponibilizados no li- vro da ACGIH® de 1976. €, estabeleceu-se como diretriz que 05 limites da NR-15 deveriam ser revisados a cada dols anos, para evitar que ficassem defasados das pesquisas cientificas desen- volvidas no perfodo. (0s limites adotados pela ACGIH® levavam em conta a jornada de trabalho de 40 horas/semana, Contudo, de 1978 atéa edicao. {da Constituigio de 1988, a jomada normal no Brasil era de 48 horas/semana. Diante desse fato, houve a necessidade da re- ‘dugio de tas limites, 2 fim de adequé-los a jormada existente ‘em nosso pais naquele periodo. Utilizou-se para essa reducao 0 critério de Brief & Scala, que ja era iidicado pela ACGIH® para so em jornadas diferentes de 40 horas semanais. Isso gerou uma reducdo nos limites estabelecidos pela ACGIM® de 22%. Assim, por exemplo, para otolueno que possuia na épo- ca um TLV® de 100 ppm na ACGIH®, a NR-25 indicou um limite de 78 ppm. Isso apenas para garantir sua adequacao & jornada de trabalho brasileira, Por esse motivo, algumas pessoas no muito familiarizadas com “Limites de Exposicao” diziam que o Brasil queria ser mais rigoroso que os Estados Unidos, esque- cendo-se de que a ACGIH® utilizava para oclculo dos seus limi- tesa jornada semarial de 40 horas. AApenas os limites que tinham por base a jornada dia, como (05 de ruldo, eos limites de agentes quimicos com efeito iritan- te sobre o organismo nao sofreram nenhuma redugio, pois in: dependiam da jornada semana. Outta grande preocupagio do grupo técnico dizia respeito @ possibilidade de avaliagao dos agentes ambientais para os quiais fossem estabelecidos limites. 0 Brasil nao contava com ‘tecnologia em equipamentos de medicdo nem em metodolo- glas analiticas para amostras ambientais de agentes quimicos ‘em concentracies em nivel de ppm. € as dificuldades de impor- taco naquela época eram Imensas, Assim, apesar de a ACGIH® ter naquele momento TLVs® para mais de 500 (quinhtentas) substancias quimicas ¢ sete agen- tes fisicos, foram estabelecidos limites de tolerancla para os agentes ambientais que pelo menos a Fundacentro pudesse avaliar. Muitas das Normas Regulamentadoras (NRs) da Portaria 1. 3214/78 foram posteriormente atualizadas, com base na evolucia dos conhecimentos eda ciéncia.nfelizmente,aNR-15 sofreu apenas algumas alterages pontuais, que ndo coibiram, contudo, (e continuam, atualmente, a nao coibir) a exposicao ‘ocupacional a condicSes laborais inadmissiveis e inaceitaveis, cientificamente, prejudicando, com isso, a satide dos trabalha- dores. ANR-15 6 composta de uma parte geral,introdutéria, com con- siderages que se aplicam a todos os agentes ambientais, e por {Anexos voltados para a regulamentacao especifica dos agentes fisicos (Anexos 1 a 10), agentes quimicos (Anexos 11 a 13) € agentes bioldgicos (Anexo 14). Na parte introdutoria da NR-15, vale destacar o conceito de Li mite de Tolerancia, que, por razdes de estrutura legal, ndo pode ser colocado com Sua definisdo técnica tradicional. nicialmen: te, 0 grupo havia colocado a definicao técnica, estabelecendo {que sua observancia nao causaria dano a satide da maioria dos trabalhadores. No entanto, 20 passar pela revisao final no Mi- nistério do Trabalho, 2 area juridica daquele 61gao informou que do texto no poderia constar “a maioria’, pois a lei deveria ser taxativa. Outro problema nessa definicSo decorre da inclusio dos niveis minimos de iluminamento, Naquela época, a iluminacao era diretamente tratada pela Higlene Ocupacional. &, apesar dos niveis de iluminamento inferiores a0s recomendados no ‘causarem necessariamente danos diretos 4 satide, muito contribuiam para a ocorréncia de acidentes do trabalho. (Os ambientes de trabalho na década de 70/80 apresentavam, de forma geral, iluminacdo totalmente deficiente. E como era ‘facil realizar a carrecdo da iluminagao, entendeu-se que, se es: tivesse incluida no conceito da NR-15, a0 se constatarer niveis, aabaixo dos recomendados, seria obtigatoria a adogao de medi- das de controle, o que colaboraria para a preservacao da vida dos trabalhadores. E dai surgiu na definicao dos limites de tolerancia a expresso cancentracio ou intensidade maxima ou minima". 0 conceit de intensidade ‘minima’ era restrito aos niveis deilurninamento, Apresentamos, a seguir, 0s critérios utilizados no estabeleci- mento das principals Ariexos da NR-25. 2.1 AGENTES FISICOS (ANEXOS 1 A 10) Assim como os TLVs® da ACGIH® foram utilizados para a defini- {20 dos limites de tolerdncia de agentes quimicos que vieram 2 compor a NR-15 da Portaria n. 3.214/1978, também serviram como uma das bases para estabelecer os limites de tolerancia para a exposiga0 ocupacional a agentes fisicos. 2.1.1. Anexo 1 - Ruido Continuo ou Intermitente 05 limites de tolerancia adotados para a exposicao ocupacional 20 tuido continuo e intermitente foram gerados a partir dos clitetios estabelecidos na publicacdo dos T1V®s da ACGIH® de 1976. 0 quadro de limites de tolerancia para ruido continuo e intermitente, constante do Anexo N® 1 da NR-15, foi construido a partir do detalhamento da tabela constante da referida publicagdo, tanscrita a seguir, uma vez que nela se definiam ‘xposigbes ddrias maximas permissiveis para valores de nveis de ruido intervalos de 5 decibels. Revita ABHO / Setembro 2010, ve itableg “Theeshold Lat Valves ‘ uration perday | Sound eve! Hous | dBA 16 | ‘0 ars pat ‘ 2 tes i | aye F is 205 aa 230 as oot eComS E importante observar que a tabela da ACGIM® estabelecia I- mites a partir de 80 dB(A). A proposta original para os limites de tolerancia a serem adotados para a exposicdo ocupacional a0 ruido continuo ou intermitente, apresentada pelo grupo de trabalho que elaborou o texto da NR-15, também continha um quadro de limites que propunha valores a partir de 80 d8(A) No entanto, nia época, a avaliacao jurdica do texto, pelo Minis- trio do Trabalho, considerou que a referéncia na tabela a expo- sicdes didrias superiores a oito horas entraria em confito com © preceito legal que estabelecia que a jornada de trabalho no deveria exceder oito horas, essa forma, s6 poderiam ser estabelecidos limites de expo sicdo didria que fossem inferiores ou no maximo iguais a oito horas. Em funcao disso, os valores de tempos maximos de ex- posicao diaria permissiveis para exposicao a niveis de ruido inferiores a 85 d8(A) foram simplesmente excluidos da tabela originalmente proposta ARTIGO TECNICO Embora, na época, tal fato_possa ter sido juridicamente Justifcavel, prejudica a avaliagao da exposicao ocupacional 20 tuido sob ponto de vista técnico, pois exclui da caracterizacao da exposicio a contribuicao das exposides a niveis de ruido de ‘80 dB(A) e 205 demais valores acima deste e abaixo de 85 dB(A). Merece ser destacado que essa exclusdo, em, muitos casos, implica resultados significativamente inferiores aos que seriam obtidos se computadas as exposigdes a partir de 80 dB(A), quando se consideram os efeitos combinados da exposicao a ruido de diferentes niveis - assunto tratado mais adiante neste artigo © quadro com limite’ de tolerancia para 1 intermitente e os demais elementos do critério constante do anexo 1 da NR-1S ficou conforme transcricio apresentada no quadro abaixo. Conforme ja mencionado, o quadro de limites foi obtido a partir do detathamento da tabela constante dos TLvs® da ACGIH® de 1976, que apenas estabelecia maximas exposicdes didrias para niveis variando a intervalos de 5 d8(A). © grupo de trabalho decidiu estabelecer valores intermediarios, visando a conferir maior qualidade & caracterizagao da exposigao ocupacional, principalmente para determinar os efeitos combinados das exposicoes a varios niveis. Por outro lado, buscou evitar a inclusao de segundos ou a presenca de valores de tempos proximos entre s mas sempre mantendo a preocupagdo de buscar um tratamento dos dados obtidos que incluisse uma margem de seguranga na caractertizagao do risco, lembrando que para os valores encontrados de nivel de ruido intermedigrio deverd ser considerada-a maxima exposicio daria permissive relativa ao nivel imediatamente mais elevado. 05 caleulos para a determinacao da maxima exposicao didria para cada nivel de ruido adotado no quadro do Anexo 1 foi fei- to utilizando a se- 5 Anexo 1 guinte expressio LIMITES DE TOLERANCIA PARA RUIDO CONTINUO OU INTERMITENTE matematica: | Nivetoe RUiDo MAXIMA EXPOSICAO DIARIA. | 1, Entende-se por Ruido Continuo ou | doa) PERNMISSIVEL Intermiterte, para os ins de aplicacao de | 8 2 Shores Limits de Toleranca, oruido que ndo seja oz & 7 horas tui de impacto, a7 | Ghoras ee = shone 2 OF he de ude continuo ou | |. intermitente dever ser medidos em Sen: ® [ps ahoase3ominuts |: Sebel 6) com Instrument de nivel T= mdxima expos | ee | de pressdo sonora operando no crculto 0 dlaria permit 2 fo csaRease30 minutos | ra 7 ion de compensacio"A’ eciruitoderesposta da, em horas i oa: dsciganance so aiitor lenta (SLOW) As leturas evem serfeltas Nv rivelde pressdo o4 | ahora e15 minutos prGximas a0 owide do trabalhator sonora, em dB(A) | ati 3. 05 tempos de exposigao aos niveis de 36 1 hora eas minutos tuido no devem exceder of limites de 98 5 8 ahowe AS minutos tolerancafxados no Quadro deste anexo. 300 Thora 4. Para ds valores encontrados de nivel de 102 t 45 minutos |” tuidointermeditio, serdconsderada oe 35 minutos | a mdxima exposigae didria pecmissivel : 305 | 30 minutos, telativa a0. nivel imediatamente mais 05 valores constan 106 25 minutos levis tes do. quadro co 08 j 5. Nao € permitida exposicio a niveis de ANEX0 2 sao arre- no tuido acima de 115 d8(A) para individues dondamentos da a ominvtos jue n30estejam adequadamente queles obtidos por 4 , st ne ‘minutos | dieguer melo dessa expres- us i 7 minutos, sao matematica esta ABH / Stem 2010 Sy ‘Também foi extraido dos TWVs* da ACGIH® de 1976 o critério a ser seguido quando ocorre exposicao a niveis variados de ruido, adotado no Anexo 1 da NR-15, transcrito a seguir. Se durante a jormada de trabalho ocorrerem dois ou mais periodos de exposicéo a ruido de diferentes niveis, dever ser Considerados os seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das sequintes frarBes. exceder a unidade, a exposicdo estard acima do limite de to lerdncia, [Na equacio acima, C, indica o tempo total que o trabalhador fica exposto a um nivel de ruido especificoe’, indica a maxima exposicao diaria permissivel a esse nivel, conforme definido no Quadro constante do Anexo 1 da NR-15 ja apresentado. Deve-se ressaltar que nese critério de combinac3o de exposicao a diversos nivels, esta embutido 0 conceito de dose de exposicao, pois naquela época jé tinhamos clara consciéncia dda importancia da dosimetria na adequada caracterizacio da ‘expasiczo ocupacional ao ruido. Diante dessa realidade, naturalmente surge a pergunta: por que nao foi adotada a dosimetria como critério e pardmetro para limite, por ocasiao da elaboragao da Portaria n.3.214/78? Para esclarecer essa questo, é importante entender a abran- Béncia de um texto legal de Ambito federal e resgatar a re dade técnica da época. Quando o governo federal estabelece a ‘obrigatoriedade do cumprimento de um documento legal, este se aplica a todoo territério nacional e devem ser possiveis tanto sua implementagio como fiscalizaco em todo. pais. Ha mais de 30 anos, dosimetro de rufdo era uma raridade no Brasil. N3o era comum, mesmo para as empresas de grande porte, dispor de dosimetros para a avallacdo da exposiczo ‘ocupacional ao ruido. A propria Fundacentro ainda nao contava com esses equipamentos. Naquela época, as Delegacias Regionais do Trabalho — DRTS, {atuamente denominadas Superintendéncias Regionais do Trabalho Emprego - SRTES), 61gaos do Ministério do Trabalho responsaveis pela fiscalizacao das condicdes de trabalho, dispu- ‘ham apenas de alguns equipamentos de medica, entre eles lum medidor de nivel de pressao sonora que fazia apenas as de- ‘nominadas leituras instantaneas dos nivels de ruido, mas ndo ‘inh 0s recursos para a determinacao da dose de exposicio 20 ruido. Nos anos 70, era comum os fiscais das DRTs inspeciona- rem as empresas e efetuarem medigdes, emitindo notificacdes nos casos de identificagao do descumprimento de alguma e» ‘géncia estabelecida pelo texto legal Deve ainda ficarregistrado que, antes da Portaria n. 3214/78, 0 ‘tema “atividades e operagBes insalubres” era legalmente trata: do pela Portaria n, 491, de 16 de fevereiro de 1965, do Ministé- rio do Trabalho e Previdencia Social. Com rela¢a0 & exposic020 ruido, essa Portaria simplesmente estabelecia, como insalubres, as atividades ou operacées que implicavam exposigBes a niveis de ruido iguais ou maiores que 85 d8(B) em recintos fechados eiguais ou maiores que 90 dB(C} em ambientes aoar livre. Esse iterio, além de estar desatualizado em relacao aos conceitos ‘t€cnicos ja predominantes na época, em ambito mundial, n30 contemplava a relevancia dos tempos de exposicao e dos efel ARTIGO TECNICO ‘tos combinados, quando o profissional é submetido a diferen- tes niveis de ruido durante sua jornada de trabalho, Portanto, em 1978, a publicagao da Portaria.n. 3.214, mesmo ‘com as limitagoes impostas em seu texto, devido as restrigoes de carater técnico ainda presentes naquele ano, significou, na » utilizou-se 0 medidor B&K 2204, um excelente instrumento {um dos methores j fabricados pela empresa) que contava om todos os recursos necessérios; » utilzou-se um corpo de impacto, que era uma ampola de ago para gas pentano usada para calibraco dos explosime- tros MSA mod. 2A (evidentemente, vazia), que caia sobre uma base de Zamac tipica de laboratorio, gerando o ruido de impacto. Dezenas de vezes caiu a ampola de aco ém queda livre, sempre dda mesma altura, sobre a base, ¢ izeram-se as medicées nos dois critérios Verificou-se uma diferenca consistente de 10 dB. Essa consis- téncia se mostrou aceitavel, eo limite “tupiniquim’ fol definido como 120 d8(C).0 Anexo 2 dew as duas opgées de mediczo. esta ABHO / Setembro a aw? Nunca se soube de quanto se utilizou cada modalidade de li- mite. Mas 0 tempo passa, e um dia, Eng? Jeff Forbes, Gerente ‘Técnico da B&K do Brasil, com mais de 30 anos de atuacao na 4rea, comentou para um dos integrantes do grupo que o$ limi- tes de impacto da legislac3o brasileira eram consistentemente equivalentes, segundo medigées de campo que ele realizou ou acompanhou. Para a equipe de elaboracio, tomar conhecimento desse dado representou, ao mesmo tempo, alivio e reconhecimento afi- ral, havia a certeza de que a coisa funcionava bem em labora ‘ério, com uma ampola de aco sobre uma base de Zamac, mas finalmente se soube que também funcionava bem em campo, com outros tipos de impacto! E continua funcionandol COutra providéncia que se tomou foi definir 0 conceito de ruido de impacto. A definicio proposta também fei original, pois rndo havia nenhuma disponivel: ruidos com picos de energia acastica de duracio menor que um segundo, a intervalos ‘maiores que um segundo, Outta constatacéo feliz que 0 tempo trouxe: muitos anos depois, a ACGIH® apresentou uma definigao de ruido de impacto semelhante. Sera que andarem lendo as nossas NRS??? 2.2.3 Anexo 3 ~Calor Anteriormente & Portaria n. 3.214/78, 0 calor era objeto de regulamentaro na Portaria n. 491/65, Apesar de estabelecer {que 0s trabalhos eram realizados em locais com calor excessivo, proveniente de fontes artificiais, o critério utilizado era o da ‘Temperatura Efetiva, que no € voltado para a prevencao da sobrecarga térmica pela exposigdo ao calor. Tem por objetivo avaliar apenas © conforto tétmico dos trabalhadores, sem Considerar eventuais fontes de calor radiante existentes © a atividadeexercida, Esse ndiceconsiderasomenteatemperatura, a velocidade e a umidade do ar. Trata-se, portanto, de um {indice voltado para atividades de escritétlo ou de trabalhos de carater intelectual, que normalmente nao envolvem esforgo fisico nem sao feitos em ambientes com presenca significativa de calor radiante. Dessa forma, nao contemplava a maioria das atividades ocupacionais com exposicao a calor, nas quais © calor radiante e a carga metabdlica sio fatores de grande significancia ‘A Fundacento usava para a ‘avaliacdo das condigées de exposic3o a sobrecarga térmica 0 indice de Sobrecarga Térmica de Belding & Hatch - IST, que até hoje constitui um critério excelente, pois, além de avaliar a sobrecarga térmica a que ‘esta exposto o trabalhador, oferece ferramentas para avaliar as medidas de controle mais adequadas para a situagao em estudo. No entanto, esse indice apresenta dificuldades quando se pretende estudar situacdes combinadas de exposicao cocupacional Ele pode ser determinado com a utilizagao de um conjunto de formulas mateméticas que sio relativamente complexas. ‘Também pode ser obtido por meio de um conjunto de dbacos integrados, mas, nesse caso, pode trazer diferentes resultados finais, decorrentes de pequenos desvios no tracado de suas linhas. CO indice jé adotado naquela época pela ACGIH® para calor era ‘0 IBUTG — indice de Bulbo Umido Termometro de Globo ~ que leva em consideragao todos os pardmetros que interferem na 2 ARTIGO TECNICO sobrecarga térmica, écalculado por meio de férmulas simples €é muito versatil para o estudo de exposicdes combinadas en~ volvendo varias situagées térmicas e diversos valores de taxas metabdlicas, Essas caracteristicas foram determinantes para ‘consideré-lo como o mais adequado as finalidades do texto legal Como 0s higienistas da Fundacentro nao tinham experiencias anteriores na utliza¢io desse indice, efetuaram uma série de avaliagdes ambientais, utilizando os dois critéros, IST e 1BUTG, para testar a representatividade e reprodutividade do indice adotado pela associacao americana. (0s estudos realizados foram satisfatorios, e decidiu-se pela i clusao do IBUTG no Anexo 3 da NR-15. {As principais alteracdes ocorridas nesse indice na ACGIH®, no decorter de mais de 30 anos, s4o: a) 0 estabelecimento de li tes de acao, usados para o gerenciamento das exposigdes a ca lor, que também serve de parametro para a exposicao de pes- s0as nao aclimatadas; b) a reduc3o dos limites decorrente dos fatores de ajuste de roupas para o tipo de vestimenta utilizada, [A Norma de Higiene Ocupacional para Avaliac3o da Exposic0 ‘cupacional 20 Calor - NHO 06 da Fundacentro, além de atualizar os limites, traz um maior detalhamento das taxas metabolicas por atividades exercidas, facilitando a estimativa desse fator da sobrecarga térmica tao importante, 2.1.4 Anexo 4 lluminagao Na analise do conceito de limite de tolerancia uilizado na parte introdutoria da NR-15, 3 feita neste artigo, mostrou-se ajustif- cativa tilizada para a inclusao da lluminaczo na NR-15. Como ja fot dito, © principal objetivo era obrigar as empresas a adotar medidas para manter 0s niveis de iluminamento dentro dos padrdes tecomendados, Os niveis estabelecidos no Anexo 4 tiveram por base aqueles de~ finidos na Norma Técnica da ABNT, NB 57, que posteriormente foi substituida pela NBR 5413, norma registrada pelo INMETRO. ssa estratégia gerou excelentes resultados, pois gracas @ faci lidade de controle, muitas empresas passaram a se preocupar ‘em corrigir as condigdes existentes. Posteriormente, com 0 maior desenvolvimento da ergonomia tem nosso pais, o tema foi transferido para 2 NR-17, como deta- Ihado a seg Em 1990, © Ministério do Trabalho e da Previdéncia Social = MITPS, por meio da Portaria n. 3.751, de 23 de novembro de 1990, publicada no Diario Oficial da Unido de 26 de novembro do mesmo ano, entre outras alteracbes, incluiu na NR 17 0 subitem 17.5.3, transcrito a seguir. 1175.2 Em todos os lacais de trabalho deve haver iuminagdo ‘adequada, natural ou artificial, geral ou suplementar, opro- priada d natureza da atividade 1753.1 A iluminagdo geral deve ser uniformemente distribuida e difuso. 175.3.2 ilurninacdo geral ou suplementar deve ser projeta dda e instalada de forma a evitar ofuscamento, relexos inco- ‘mados, sombros e contrastes excessivos 1175.3.3 Os niveis minimos de lluminamento a serem obser- vvados nos locais de trabalho sao 0s valores de ilumindncias estabelecidos na NBR 5413, norma brasileira registrada no INMMETRO. 175.34 A medigdo dos nivels de luminamento previstos no evita ABHO / Sates 2020, subltem 17.5.3.3 deve ser felta no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, stlzando-se de luximetro com fo- (océlula corrigida para a sensibilidade do alho humana e em funcio de dingulo de incidéncia, 17.5.3.5 Quando ndo puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem 17.5.3.4, este sera um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centimetros) do piso. ‘A mesma Portaria estabeleceu que os empregadores teriam 90 dias para se adaptar 4s novas exigencias introduzidas pela NR17, contados a partir da publicacao do novo texto da Norma, sendo que, uma vez esgotado o prazo de 90 dias, ficariam automatica- ‘mente revogados o subitem 15.12, 0 Anexo n. 4 @ 0 item 4 do ‘Quadro de Graus de Insalubridade, todos da Norma Regulamen: tadora n® 15, nserida na Portaria MTb/GMY/n. 3214/78. Pode-se observar que no processo de transferéncia do tema ilu: rminacdo da NR-25 para a NR-17, eliminou-se o carater de insalu- bridade que era conferido a esse agente; além disso, ocorreram algumas otimizacdes quanto a abordagem técnica, destacando: se a adogdo da NBR 5413, da ABNT, uma revisio melhorada da NB 57 que embasou o Anexo 4 da Portaria n. 3214/78, ea espe: cificagao das principais caracteristicas que o luximetro deve pos- suir para poder ser utilizado na avaliaca0 da luminagao. 2.2.5 Anexo 5 ~Radiagées lonizantes Para o estudo e tratamento das questdes relacionadas as radiacbes.ionizantes, 0 Brasil dispde de uma Instituig3o especialmente destinada a €sse fim, a ComissBo Nacional de Energia Nuclear = CNEN, Ttata:se de uma avtarquia federal criada er 10 de outubro de 1956 e vinculada ao Ministério de Ciéncia e Tecnologia. Como ‘61g20 superior de planejamento, orientagao, supervisao e fs calzacio, estabelece normas e regulamentos em radioprote lve licencia, iscaliza e contola a atvidade nuclear no Bras ACNEN desenvolve ainda pesquisas na utilzacao de téenicas rnucleares er benefico da sociedade. A ea de Radioprotecso e Seguranca Nuclear da CNEN visa 3 seguranca dos trabalhadores que lidam com radiagBes ionizantes, da populacao em geral e do meio ambiente. Com esse objetivo, entre outras atribuigdes, atua no estabelecimento de normas e regulamentos e na fiscalizagao das condicses de protecao radiologica de trabalhadores nas instalagSes nucleares e radiatvas Assim, 0 grupo de trabalho adotou o seguinte texto para o Anexo 5 “Nas ativdades ou operagées onde trabalhadoresficam expostos a radiagées ionizantes, os limits de tolerncia sdo 0s constantes da Resolucdo CNEN-06/73: NORMAS BASICAS DE PROTECAO RADIOLOGICA’ Optou-se por essa redacao poisa referida resolucio era amplae suficiente para estabelecer os limites a serem adotados no am- bito da NR-5. Em junho de 1988, essa Resolucio CNEN-06/73 fol revogada pela Resolucao CNEN n® 12/88, que aprovou, em cariter expe: Fimental, a Norma CNEN -NE 3.01: “Diretrizes Basicas de Radio- protesio™ A pattir dessa data estabeleceu-se uma incoeréncia legal entre 4 a ARTIGO TECNICO © que dispunha a NR-AS @ 0s novos critéris fxados pela CNEN. Essa questo s6 fol corrigida com a publicagao da Portarian.04, de 11 de abril de 1994 do Ministerio do Trabalho, que alterou 0 texto do Anexo 5 the deu a nova redacio, transcita a seguir ‘Nas otividades ou operacdes onde trabalhadores possamn ser expostos a radiagdesionizontes, 05 limites de tolerancia, 5 princpios, as obrigagdes € controles bésicos para a pprotecao co homem e do seu meio ambiente contra possiveis efeitos indevidos causados pela radiagdo ionizante, sao os constantes. da Norma CNEN-NE-3.01: “Diretrizes Basicas de Radioprotecio’, de julho de 1988, aprovada, em caréter experimental, pela Resoluco CNEN n. 12/88, ou daquela que venha a substitutta, Cabe observa, neste momento, na nova redacio dada a0 Anexo 5a inclusio de texto “ou daquela que venha a substitu-a’ Nesse aspecto, importante relembrar, conforme jé comentado neste artigo, que, por ocasiao da elaboracao da Portarian. 3214, ‘em 1978, havia o entendimento de que o conteuido técnico de toda a Portaria seria revisado e atualizado a cada dols anos, ou ‘mesmo antes, se necessario. 'No entanto, ao longo dos anos, com as grandes alteragies tos critérios e procedimentos adotados no Brasil para revisao e alte- ragio desses textos legais, ficou inviabilizada, ou no minima di ficultada, uma aco de modernizacao sistematica do conteudo técnico da Portaria n, 3214/78, justificando a incluso do texto “daquela que venha substitui-la", quando da citagao de alguma norma técnica, 2.1.6 Anexo 6 ~ Trabalhos sob presses hiperbiricas Como a Fundacentro nao tinha conhecimentos praticos sobre trabalhos em condigdes hiperbaricas, Toi convidado o Dr. Ivan Jorge Ribeiro a colaborar na elaborac3o do Anexo, uma vez que ‘era uma das pessoas mais experientes na drea, pols como Chefe do Setor de Seguranca, Higiene e Medicina do Trabalho da “Construgdes e Comercio Camargo Correa S.A era responsive! pela obra do MetrO de Sio Paulo, onde se realizavam a perfuragdo e a construcao de tineis sob ar comprimido, Colaborando com este artigo o Dr. Ivan forneceu as seguintes informacdes sobre a origem do Anexo 6. 0s trabaihos se iniciaram em 1973 e, @ época, era mandatéria a utilizagao de tabelas de descompressao constantes da legislacéo brasileira -Portaria 73 de 02/05/1959 do Ministério da indistria e Comercio. Essas tabelas, emitidas com base em tabelas francesas de 1911, achavam-se bastante defasadas em relagdo aos conhecimentas imodernas, tendo sido responsiveis pela alta incidéncia de casos de Doenga Descompressiva (0.0) na Obra da Ponte Rio-Niterdi {no periodo de junho/1971 a agosto/1972, foram observados 1226 casos de D.D. nos trabalhadores de tubulio pneumdtico, totalizanda 45.000 descompressses). Comesses dados em mios, solicitou-se e obteve-se autorizacso dos. érgios competentes do Ministério do Trabalho para utilizar um novo esquema de tabelas de descompressao que estava em uso desde 1970 em obras de ttineis e tubuldes na Inglaterra e Estados Unidos. Fram as Tabelas de Blackpool e as do Washington State Code, respectivamente, que serviram de base para as que hoje constam da nossa NR. Revista ABHO /setenbro 2020, B & a ARTIGO TECNICO Com 0 uso das novas tabelas, a incidéncia de Doenga Descom- pressiva entre os trabalhadores dos tineis do trecho Norte-Sul do ‘Metré em Sdo Paulo no periodo de 1973 a 1974 foi de apenas 10 (dez) casos em 59.284 descompressoes. (© Anexo 6 softeu atualiza¢do em 1983, sendo inclusive seu titulo alterado de “Trabalho sob Presses Hiperbéricas” para “Trabalho sob Condigdes Hiperbaricas’ 2.1.7 - Anexos 7, 8,9€10 ‘Anexo 7 — Radiacées no lonizantes; Anexo 8 — VibragBes; ‘Anexo 9 ~ Frio; Anexo 10 Umidade Na elaboragio dos Anexos 7, 8€ 90 grupo de trabalho entendeu que para possibilitar estabelecimento de crtérios especificos e Linicos para todo o territério nacional haveria a necessidade de estudos mais prolongados, alem de prover 0 Brasil, ou pelo me- nos a Fundacentro e as DRI (atuais SRTES), dos equipamentos, tecnologia e metodologia adequados. ‘Assim, na ocasido, decidiu-se que a caracterizagao da insalubri- dade seria feita “em decorréncia de laudo de inspecao realiza- dda no local de trabalho’, sendo que, apos dois anos, dentro da revisdo prevista, fariarnos alteragGes baseadas nos estudos que teriamos realizado e nas novas condigdes disponiveis. (0 Anexo 7, que trata das Radiagoes Nao lonizantes, foi limitado as micro-ondas, ultravioletae laser. Fol excluida a luz negra no espectio ultravioleta e nao foi considerada a parte espectral de ondas mais longa (radiofrequéncia). Quanto 20 Anexo 8, que trata das vibragoes, assim que os instrumentos de medigao de vibrac3o chegaram a Fundacentro, fem 1983, a SSMT promoveu sua revisio, adatando como limites aqueles definidos pela Organizacao Internacional para a Normalizagao— ISO, em suas normas ISO 2361 ¢ ISO/DIS 5349, ou suas substitutas, pois havia uma grande quantidade de {questoes judiciaisindefinidas sobre vibraes, (© Anexo 10 $6 foi incluido na NR-15 porque ja constava da antiga Portaria n. 491. 2.1.8 Agentes Quimicos Na regulamentaco dos agentes quimicos, verificou-se que 0 melhor seria fazer essa normatidacao em trés Anexos,enaoem apenas um. ‘Assim, foram incluidos no Anexo 11 todos os agentes quimicos {que pudessem ser avaliados por meio de tubos colorimétricos, uma vez que na época, no Brasil, noe dispunhaem larga escala de laborat6rios com metodologia desenvolvida para andlise de amostras a0 nivel de ppm. As empresas que efetuavam amostragem para posterior andlise laboratorial utlizavam-se, ‘na maioria das vezes, de laboratrios do exterior. No Anexo 12 foram incluidos a silica cristalizada eo asbesto, eno ‘Anexo 13 foram mantidas todas as atividades ou operacées com ‘05 agentes quimicas relacionados na antiga Portaria n. 491/68, cujos limites de tolerancia nao puderam ser colocados de forma explicita no Anexo 11. 2.2.8.1 Anexo 11. ~ Agentes Quimicos com Limites de Tolerancia [A seguir, algumas das caracteristicas do Anexo 11 Como ja explicado no inicio deste artigo, os limites utilizados como base foram 05 TIVS® e BEIs® da ACGIH® de 1976, dispo- nibilzados 20 paiblico no titimo trimestre de 1977, ja com a Aadequacio, por meio do critério Brief & Scala, para a jornada brasileira, que na época era de 48 horas semanais. ‘redugao dos limites fol efetuada apenas paras limites média ponderada, sendo que para os limites valor teto se mantiveram ‘0 mesmos valores estabelecidos pela ACGIH®. Devido as difculdades analticas existentes naquele periodo fol feita uma anilise de todos os limites fxados na ACGIH®, sele- cionando-se apenas os agents quimicos que pudessem ser ava- liados por meio de tubos colorimétricos das marcas disponivels para importacao no Brasl—Driieger € MSA. Algumas substancias podiam ser avaliadas por tubos de qualquer uma dessas duas fnatcas, e outros apenas por uma delas. 550 resultow na adoga0 delimites para menos de 150 substancias, emibora a ACGIH? en: tio jd estabelecesse limits para mais de 300 agentes quimicos Como as medicées por esse método s30 de curta duragao, ¢ muitos dos limites eram média ponderada, exigiv'se que, para {as substancias com limites média ponderada, fossem feitas,no ‘minimo, 30 medicdes, om intervaios de 20 minutos entre elas, para tentar minimizar a falta da amostragem continua. Des $2 forma, exigia-se que a amostragem envolvesse uma parte maior da jornada de trabalho (pelo menos 200 minutos, sto, tim pouco mais de 3 horas) evitando-se 0 risco de tomada de decisdes com base em apenas uma amostragem instantanea. Para a época, iso js representave um grande avanco. adicional de nsalubridade deconformidade coma Lein.6:514/77 pode ser de grau maximo, médio ou minimo, cada um deles org rando umm percentual, respecivamente, de 40,20 ou 10% sobre © salrio minim fra preciso estabelecer um critéio para defnir em que gvau determinada substanca deveria ser enquadrada na NRAS. & coo fl denticar a gravidade dos efeitos, com base na literatura disponivel. Naquela época, um dos livros. mals. conceituados fem termes de apresentagio das cractristcas das substincias Guimicaseseusefeltos sabre oorganismoera Dangerous roperties oflndustral Matera, dering Sax.€ fo nessa obra que a equipe se baseou paraestabelecer 0 grau de risco que as substancias podiam ‘oferecer satide dos trabalhadores. (5 limites da ACGIH® sio revisados anualmente. Entretanto, passados mais de 30 anos, o Anexo 11 da NR-15, ainda nao Softeu revisdo, a néo ser para dois agentes quimicos: a) 0 bbenzeno, que em 1995 foi transferido para o Anexo 13, que trata os agentes quimicos de forma qualitativa, com um Valor ‘Técnico de Referéncia de 1 ppm para empresas em geral,e de 25 ppm para empresas sidevirgicas; e b) € 0 negro de fumo, transferido do Anexo 13 para o Anéxo 11, para o qual foi estabelecido um limite Para verificar a defasagem dos limites atualmente existentes fem nossa legislacao, foi feita uma comparaco dos limites vigertes na Portaria n. 3.214/78 e os adotados pela ACGIH® em 2010. Os resultados s30 estarrecedores: ha virias substancias com limites mais de 100 vezesacima daqueles que hoje seam reco- rmendados, mais da metade dos limites esta desatualizada que é ainda pior, a NR-1S, estabelece deforma expiicita que 0 limite de tolerancia éa concentracio ou intensidade maxima ‘ou minima, celacionada com a natureza eo tempo de exposicao ao agente, que nfo causard dano a satide do trabalhador duran- 4 evista ABHO /Setertro 2010 F Gee 2 te a sua vida laboral”(grifo nosso). [sso em 1978 correspondia a uma verdade, pois os limites constantes da nossa legislac3o eram aqueles que a ciéncia entendia serem adequados para a proterio da satide da maioria dos trabalhadores. Hoje, porém, Os limites legais, queestaoduas, trés, dez, em vezes maiores do que agueles que os estudos consideram seguros, representam, na verdade, uma grande ameaca & vida e satide dos homens {que dedicam sua vida a0 desenvolvimento de nossa nacao, isso talvez se volte contra 0 proprio Poder Piblico, pois este poderd vir ser responsabilizado pelos danos causados por sua ‘Apenas para avaliar a defasagem do atual Anexo 11, apresenta- se a seguir um grafico que demonstra que mais de 50% dos lim tes atuals esto defasados com os TIVs" adotados pela ACGIH® para 2020. aii 52,3% Ls macres cneus Ts 47,7% Grifico 1—Comparacao entre os limites da NR-15, Anexo 11 € 05 TIVs® adotados pela ACGIH® em 2010 ARTIGO TECNICO 0 grafico 1 mostra que 52,3% dos limites previstos na NRAS ‘estao acima dos TL¥s® da ACGIH® 2010. J4 0 grafico 2 demons: tra que, 2% esto acima de 100 vezes, 11% entre 30 © 99 vezes, 16% entre 10.3 30 vezes e 24% acima de trés vezes € 28% siode luma a t@s vezes maiores que esses limites internacionalmente aceitos para a protesio da satide dos trabalhadores expostos. Apenas menos da metade dos limites constantes do Anexo 11 atende a recomendagdes atuais. 17 001 a3 vezes aioe que o TLV 28% LT mais de 100 veres »- = UT menor que omy 2% Ur 03. 10 vexes maior que 0 TW 8% UTde 1030 vexes maior que 0 TLY 3% U7 4030 a 99 vezes maior que 0 TLV 11% u Ly 46% Gréfico 2 indicagao da defasagem dos Limites de Tolerancia do Anexo 11 da NR5 com 0s T1Vs adotados pela ACGIH® em 2010 ELE Ka ARTIGO TECNICO Essa comparacgo no decorrer de trés décadas evidencia que os estudos cientifcos desenvolvidos exigiram a reducao dos valo- res adotados para mais de 50% dos limites analisados. Iss0 demonstra 0 quanto é verdadeira a assertiva e recomen- ddag3o utlizada por todos os bons profissionals higienisias no sentido de que as concentracdes ambientals deve ser manti- das, sempre, o mais baixo que a tecnologia permitir Essa deve sera nossa meta, 2.1.8.2 Anexo 12 ~ Posiras Minerais (silica e Asbesto) ‘A Fundacentto ja desenvolvia na época da elaboracao da pro: posta da NR-15 varios trabalhos relacionados a exposicao a sili- ‘ca, que era um risco de grande importancia ocupacional e esta va presente em inumeras atividades industriais. AACGIH® ainda no adotava um limite com base na massa de quartzo (mg/m*) como adota atualmente. A recomendacao era ‘obter o LEO, por meio de formulas aplicadas & poeira respiravel 3 poeira total contendo quartzo. Essas férmulas foram ade~ ‘quadas para a jornada brasileira de até 48 horas, segundo Brief Scala, e foram publicadas na NR-15, respectivamente, como: fia tierra 451042 ° %SIO,+3 AACGIH®, naquela época, também indicava um limite baseado nna contagem de particulas ao microscépio no “campo brilhan: te’, método muito usado nas décadas de SO a 60, que incluia ‘a coleta de amostras em melo liquido utilizando impactadores (impinger) de vidros com agua bidestilada e filtrada por filttos ccerdmicos adequados para eliminar 0 maximo de particulas. ‘As amostras coletadas eram repassadas para células de vidro

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