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A Musica A Miisica € possivelmente a expresso cultural mais primitiva de todos os povos. Antes do estudo das linguas ou mesmo do aperfeigoamento da fala, a miisica (sons emiti- dos artesanalmente) foi servindo, ao longo dos milénios, para identificar 0 povo de cada regido. Ainda hoje, embora com significado diferente, quem nao se lembra de Lisboa a0 ouvir cantar o seu tipico fado acompanhado a guitarra e a viola, assim como 0 fado de Coimbra com uma expressio completamente diferente, 0 corridinho do Algarve, 0 vira do Minho, os pauliteiros de Miranda, a gaita-de-foles tipica da Galiza e das terras raianas, as arrastadas ¢ dolentes modas do folclore alentejano, o bailinho da Madeira, etc, etc. Através da musica, especialmente a misica popular, consegue-se expressar toda a cultu- ra de um povo, que € de uma riqueza extrema: basta lembrarmos os canta desgarradas tipicas do Alto Minho, acompanhadas a concertina: como que formulando per- untas através do canto, conseguimos assistir a excertos de um livro de poemas, ao desven: dar de uma historia, e, as mais das vezes, a fabulosa capacidade de improvis executantes... Enfim, muito agradavelmente 0 nosso povo exprime, através do canto e da iuisica, os seus vastos conhecimentos culturais, Estas expressdes de arte, muito populares e carregadas de malicia e liberdade, servem também para criticar a politica, as boas € més acgdes de cada cidadao, e ainda, em tempos que ja Id vao, serviam para incomodar a censura, chegando mesmo a serém proibidos por esta imensos trabalhos e perseguidos e presos os seus autores. Através da miisica, muitas vezes aquilo que se diz a cantar, parecendo uma brincadeira, € para levar muito a sério, porque a mtisica é a raiz de toda a cultura de um povo. Vamos entio comecar, devagar, devagarinho, apresentando este nosso primeiro livro de cangdes populares, profusamente ilustrado, em parte dedicado as criancas, mas também para os adultos, pois a miisica e as cangdes devem ser partilhadas por todos ¢ é obrigacio dos mais velhos ensinar os mais novos. A nossa miisica tem sido, nos tiltimos tempos, pouco ensinada, pouco divulgada em favor dda miisica estrangeira. A nossa identidade fica assim mais pobre, por culpa inteiramente nossa. A musica é portadora também de uma mais-valia quando desenvolvida e estudada, nas- cendo dela a danca artistica, assim como os famosos canticos nas nossas igrejas, a miisica sacra, ¢ ainda as nossas maravilhosas orquestras, cujo acordes parecem tocar dentro do nosso cor A pedagogia da dana e do canto deve ser devidamente administrada is nossas criangas, para que estas tenham uma educacio saudivel com a alegria que a miisica proporciona. A misica vale a penal res ao desafio € sagiio dos seus do. Augusto Pinto 3 Livro de Canoes ig Livro de Cangdes fonn es e Infantis Populares e Infantis A caminho de Viseu> . Amachadinha ... A oliveira da serra As pombinhas da Catrina ... Atirei o pau ao gato ... Eu fui ao Jardim Celeste Josezito, ja te tenho dito Lagarto pintado ........ 14 vai uma, l4 vao duas .. Meninas vamos ao vira Na loja do mestre André O balao do Joao ... O Rosa, arredonda a sa Os olhos da al Papagaio louro Que linda falua Tia Anica de Lo A moleirinha As trés galinhas O ciranda Ora bate, O regadinho O senhor do Senhora D. Ani Alecrim .... Barca bela Cancao de embalar Eu sou o coelhinho Frei Joao Joana, come a papa Menino d’oiro Na quinta do Tio Manel . O chapéu de trés bicos O rama, 6 que linda rama ... Tao-balalao Todos os patinhos Verdes sao os campos A chuva Andorinha Arre burrinho . Brilha, brilha, la no Céu Era uma vez um rei ..... Laranjinha ............ Meu lirio roxo do campo . O cuco na floresta ....... Oh Susana ...... Olha a bola Manel O nosso galo O pido a O pretinho Barnabé . San Macaio Entrai pastores . Toca o sino pequenino . Natal dos simples . Eu vi um sapo Sete e sete ei) A galinha mais 0 pato 122 Dez e dez 124 Trinta dias 226: A caminho de Viseu In—do eu, indo ou, A cami nho de Vi_sey, En—con—tei 0 meu a——mor, Ar Jesus que [4 vou eu. Or ns, uz, tz; Ora zis, ths, tras, che. ga, O-raar-re_da | pra tas, A caminho de Viseu Indo eu, indo eu, 1) is A caminho de Viseu, Encontrei o meu amor x . (bis) Ai, Jesus, que 1a vou eu! Ora zus, truz, truz] Ora zas, tras, tra: Ora chega, chega, chegal Ora arreda 1a p’ra tras! st 0 a A machadinh. n——a meu pat. toda escother 0 ma—cha—di_nha lé pro meio da a hei_—de ir sada Eu A machadinha A machadinha Ab, ah, ah, minha machadinha wis) Quem te pos a mao, sabendo que és minha? (vis) Sabendo que és minha, também eu sou tua. bid Salta machadinha 14 p’r6 meio da rua. (is) Quem fe pds a mao La p’ro meio da rua nao hei-de eu saltar. (bis) ' Eu hei-de ir a roda escolher o meu par. (is) ‘O meu par ja eu sei quem é, (vis £ um rapazinho chamado José. (bis) sabendo que és minha umado José, chamado Joao, (bis)

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