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t | { | HERACLITO DE EFESO As datas do nascimento ¢ da morte de Heréclito séo desco- nkecidas. Sabe-se, porém, que atingiu o acme de sua existéncia na época da 69. Olimpiada, entre 504 ¢ 500 a.C. Isto é suficiente para sitwélo uma geragéo pds Xendfanes, ao qual se opds, ¢ ‘uma geracio antes de Parménides, o seu principal opatitor. De ssa vida, pouco se conhece; supse-se que tenka pertencido a aris- tocracia de Efeso ¢ que seus antepassados foram os fundadores da cidade. Mas parece que! Herddlito abdicou dos seus dircitos de participar do gouerno da cidade. Chamavarn-no de orgulhoro pois despresava seus concidadaos ¢ levava uma vida a parte Cognominado de “obscuro”, relatave que teria depositado 0 seu lio no templo de Artemis, mar ctta'e as muttas lendas que se contam sobre a sua vida, nio tm fundamento histbrico. Aspectos fundamentais da doutrina: 1. A afirmagio da unidade fundamental de todes as coires frags. 10,50, 89, 103. 2. Todas as coisas estio em movimento: frags. 12, 49a, 88. 3. 0 movimento se processa através de contrérios: frags. 8, 10, 23, 98, 51, 52, 53, 54, 62, 65, 67, 76, 80, 88, 126. 4. 0 fogo é gerador do processo ebsmico: frags. 30, 31, 0,90. 5. O Logos & compreendido como inteligéncia divine que governa o real: frags. 1, 2, 16, 30, 32, 41, 64, 67, 93, 94, 102, 108, 122, 113, 14, 115. 6, A sabedoria humana ligase ao Logos: frags. 19, 23, 34, 35, 45, 72, 101, 108, 112, 113, 115, 116. 35 7. O conbecinento sensivel é enganador ¢ deve ser superado pela razdo: frags. 7,9, 78, 10la, 107, 123. Fracnenros 1 — Este Logos, os homens, antes ou depois de 0 haverem ouvido, jamais 0 compreendem. Ainda que tudo acontega con- forme este Logos, parece nao terem experiéncia experimentando- -sc em tais palavras ¢ obras, como eu a¢ exponho, distinguindo € explicando a natureza de cada coisa. Os outros homens ignoram 2 que fazem em estado de vigiia, assim como esquecem o que fazem durante 0 sono. 2—~ Por isso, 0 comum deve ser seguido, Mas, a despeito de 0 Logos ser comum 2 todos, 0 vulgo vive como se cada um tivesse um entendimento particular. 3 — (© Sol tem) a largure de um pé humano. 4 — Se a felicidade consistisse nos prazeres do corpo, deve- slamos proclamar felizes os bois, quando encontram ervilhas para comer. 5 — Em vio procuram purificarse, manchando-se com novo sangue de vitimas, como se, sujos com lama, quisessem lavar-se com lama. E louco seria considerado se alguém 0 descobrisse agindo assim, Dirigem tambéin suas oragdes a estétuas, como se fosse possivel conversar com edificis, ignorando © que si0 os deuses € os herdis, 6 — (0 Sol é) novo todos os dias. 7 — Se todas as coisas se tornassem fumaca, conhecer-s-ia com as narinas 8 — Tudo se faz por contraste; da tuta dos contririos nasce a mais bela harmonia. 9 — Os asnos prefeririam a palha ao ouro. 10 — Correlagies: completo e incompleto, concorde € discorde, harmonia e desarmonia, ¢ de todas as coisas, urn, e de um, todas as coisas 11 — Tudo 0 que rasteja € custodiado pelos golpes (divinos). 12 — Para os que entram nos mesmos rios, correm ovteas € nnovas dguas. Mas também almas so exaladas do timido. 36 13 — (Os porcos) alegram-se na lama (mais do que na Agua limpa 14 — (A quem profetiza Hersclito?) Aos noctivagos, 20s ma- B05, as bacantes, 3s ménades € aos mistas. (A cstes ameaya com © castigo apés a morte, a estes profetiza o fogo). Pois 0 que ‘6s homens chamam mistérios (.:.)- 15 — Nio fossem para Dionisio as pompas organizadas com cantos falicos, seriam 03 atos mais vergonhosos; 0 mesmo é, con- tudo, Hades ¢ Dionisio, pelo qual deliram e festejam as Lenéas. 16 — Quem se poderd esconder da (luz) que nunca se deita? 17 — Muitos nfo entender estas coisas,. mesmo as encon: trando em seu caminho, ¢ néo as entendem quando cnsinados; mas pensam saber. 18 — Se nio tiveres esperanga, nio encontraris 0 inespersdo, oir nfo ¢ encontradigo e € inaeestive. 19 — Homens que nio sabem nem excutar nem falar: 20 — (Heréclito. parece considerar © nascimento uma infe- licidade ao dizer:) Desde que nascerim querem viver e softer sua sorte mortal — ou antes descansar —, ¢ deixam filhos para haver outras sortes mortais. 21 — Motto é tudo 9 que nds vemos zeordados; sonho, tudo © que vemos dormindo, 22 —~ Os que procuram ouro, cavam em muita terra e pouco encontram. 23 — Nio houvesse isto (a injustiga) ignorariam o préprio nome de justiga. 24 — Deuses © homens honram, os cafdos em combate. 2 — Quanto maior for a morte, maiores os destinos. 25 — O homem, na noite, acende a si mesmo uma luz, quan: do a lua dos seus olhos se apaga. Vivo, toca na morte, quando adormecido; acordado, toca os que dormem. 27 — O que aguarda os homens apis a morte, no € nem © que esperam nem o que imaginam, 28 — Apenas probabilidade € © que o mais estimado co nnhece e guards. Mas a Justiga saberd ocuparse dos que tr mam memtiras ¢ de seus testemunhos. 29 — Uma coisa preferem os melhores a tudo: a gléria cterna &s coisas pereciveis; mas a massa empanturrase como 0 gado. 30 — Este mundo, igual para todos, nenhum dos deuses € nenhum dos homens o fez; sempre foi, € ¢ seri um fogo eter- namente vive, acendendose e apagando.se conforme a medi 31 — As transformagbes do fogo: primeiro o mar; a me- tade do mar é terra, a outra metade um yento quente, A terra diluise em mar, e esta recebe a sua medida segundo a mesma Ici tal como era antes de se tornar terra 32 =O Uno, 0 Gnico sibio, recusa ¢ accita ser chamado pelo nome de Zeus. 33 — Lei é também obedecer A vontade de wm sé. 34 — Também quando ouvem nfo compreendem, slo como mudos. Justifiam 0 provérbio: presentes, estio ausentes. 35 — De muites coisas devem homens amantes da sabe doria estar avisados. 36 — Para as almas, morrer ¢ transformar-se em gua; para a dgua, morrer & transformarse em terra. Da terre, conttdo, formase a Sgua, ¢ da dgua 2 alma 37 — Porcos banham-se na lama, péssaros no pé ¢ na cinza. 38 — (Tales, segundo alguns), foi 0 primeiro a pesquisar os astros... (Também Herdclito © Demécrito sio disto texe ‘munhas). 39 — Em Priene vivew Bias, filho de Teutanes, euja fama € maior que a dos outros. 40 —A_ polimatia nfo instrui a inteligencia. Nao fosse assim, teria instruido Hesiods e Pitégoras, Xendfanes ¢ Hecateu. 41 — $6 uma coisa € sébia: conhecer 0 pensamento que governa tudo através de tudo. 42 —- Homero deveria, ser expulso dos jogos publicos ¢ ser castigado. Também Arquiloco. 43 — Melhor apagar a desmedida que um incéndio. 44 —O povo deve lutar por sua lei como pelas muralhas. 45 — Mesmo percorrendo todos os caminhos, jamais encon- tearks 06 limites da alma, tio profundo é'o seu Logos. 8 46 — (Chamava a) presungio, doenga sagrada, (¢ a vista, engenadora), 47 — Nio devemos julgar apressadamente as grandes coisas, 48 — 0 arco tem por nome a vida, ¢ por obra a morte, 49 — Um vale aos meus olhos dez mil, se é 0 melhor. 49a — Descemos ¢ no descemos not mesmos ros; somos € nido somos. 50 — (Herdclito afirma a unidade de todas as coisas; do se parado ¢ do nio separado, do gerado e do nao gerado, do mortal ¢ 0 imortal, da palavra_ (logos) ¢ do eterno, do aie do filhe, de Deus ¢ da justiga). 8 sibio que os que ouviram, nio a mim mas at minhas palavras (logos), reconhegam que todas as coisee slo um, crannies ne compreendem como, separandose, podem hat- monizar-se: harmonia de forgas contrétias, como 0 aro ea lita, 52 — 0 tempo é uma crianga que brinca, movendo as pedras do jogo para ld e para cé; governo de crianga, 33 — A guerra é 0 pai de todas as coisas € de todas o rei; de uns fez deuses, de outees, homens; de uns, excravos, de outros homens livees, 54 — A harmonia invistvel € mais forte que a vislvel 55 — Prefiro tudo aquilo que se pode ver, ouvie e entender. 56 — Os homens se enganam no conhecimento das coisas vi. sfveis, como Homero, 0 mais sibio dos helenos. Pois também Aquele enganavam os jovens, quando catavam piolhos ¢ diziam tudo 0 que vimos ¢ pegamos, nés abandonamos; tudo 6 que nio vimos nem pegamos, levamos conosco, 57 — A maioria tem por mestre Hesiodo. Estio convictos ser © que mais sabe — ele, que ném sabia distinguir o dia da noite. “Pois € uma e-a mesma coisa 58 — (Bem ¢ mal sio uma ¢ a mesma coisa). Os médicos cortam, queimam, (torturam de todos os modos os doentes, exi- gem) um salério, ainda que nada merecam, fazendo(lhes) vm bern semelhante (3 doenga), 59 — O caminho da espiral sem fim & reto € curvo, € um © 0 mesmo. B 60 —O caminho para baixo € 0 caminho para cima é um ¢9 mesmo. 61 — O mar: a gua mais pura ¢ a mais abomindvel: 20s pel- nes, pouivel e saudivel; aos homens, impotivel e prejudicial G2 — Imortais, morais; mortals, imorais. A vida destes ¢ a morte daqueles € a vida daqueles a morte déstes, “63 —-Diante dele (Deus), levantam-se, ¢ despertam vigias dos vivos € dos mortos. 64 —O relimpago governa 0 universo. 65 — (Fogo:) cartncia ¢ abundincie 6 — Pois tudo 0 fogo, aproximando-se, julgaré (¢ con- denard). 7 _- Deus & dia € noite, inverno e verio, guerra ¢ pa, abun: dancin © fome, Mat toma formas variadas, assim como 9 fog0, Guano, misturado com esseacas, oma @ tome segundo @ PEt fume de cada uma delas. ‘Ja — Assim como a aranha, instalada no centro de sua teia, vente quando uma mosca rompe algum fio (da tcia) © por tein seme AMipidamente, quase afta pelo ompirento do oy ie o'tlima do homem, ferids alguma parte do corpo, apres: aa a aa ade, quase inéignada pela Jesio do corpo, 20 qual teatl ligada firme e harmoniosamente 20 (Dizia. que 2s opiniges dos homens séo) jogos de criangas 71 — (Devemos lembrar.nos também do heme) que es quece para onde leva 0 caminho. Ta Sobre 0 Logos: com 0 qual éstio em constante relagio (¢ que governa todas 25 coisas), esto em desacordo, ¢ 25 coins Goa taebateam todos os dias Thes parccem estranhss. 73 — Nio se deve agir nem falar como os que dormem- 35 = Os adormecidos, (chama Hetil, ero eu) pert rios ¢ colaboradores nos acontecimentos do cosmos. 36 O fogo vive a moric da terra ¢ 0 at vive a morte do fogos a dgua vive a morte do ar € 2 cerra a da SBus: +7 rTornarse Gimidas, para as almas, é prazer od more (© prazer Consine no inicio da vida. E em outro loger iz.) 0 Nés vivemos a morte delas (das almas) € elas vivem 2 nossa morte. 78 — O espirito do homem no tem conhecimentos, mas © ivino tem. 79 —O homem € infantil frente 3 divindade, assim como 3a crianga frente a0. homem. 80 — E necessério saber que a guerra é 0 comum; ¢ a justica, discérdias € que tudo acontece segundo discérdia e necessidade. 81 — Pichgoras ancestral dos charlaties, 82 —O mais belo simio é feio comparado a0 homem. 83 —O mais sibio dos homens, comparado a Deus, parecer. -sed a um simio, em sabedoria, heleza e tado o resto. Sfa — Movendo-se, descansa (0 fogo exéreo do corpo hue mano). S4b — E cansativo servir ¢ obedecer aos mesmos (serhores). 85 — Lutar contra os desejos é dificil. Pois 0 que exige, compra da alma. 86 — (Grande parte do divino) subtraie 20 conhecimento, por fata de confor 87 — Um homem tolo assustase a cada palavra. 83 — Em nds, manifesta-se sempre uma e a mesma coisa: vida ¢ morte, vigilia e sono, juventude e velhice. Pois a mudanga de um dé o outro ¢ reciprocamente. 89 — Para aqueles que estéo em estado de vigilia, hé um ‘mundo tinico e comium, 90 — O fogo se transforma em todas as coisas ¢ todas as coisas se ttansformam em fogo, assim como se trocam as méca dorias por ouro ¢ 0 ouro por mercadosias. 91 — Nao se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dis persa-se © retine-se; avanga € se retira 92 — A Sibila, que, com boca delirante, pronuntia palavras dsperas, secas ¢ sem artificios, (fazendo.as ressoar durante mil anos). Pois q’Deus 2 inspira, 93 — O senhor, evjo ordculo esté em Delfos, nio fala nem esconde: ele indica 94 — 0 Sol nfo ulrapassaré os seus limites; se isto acon- tecer, as Erineas, auxiliares da Justica, saberio descobri-l. a 95 — Melhor € dissimular sua ignorfncia, (Isto € dificil no desenfreio ¢ ao beber). 96 _— Os cadaveres deveriam ser langados fora como estrame, 97 — Os cies Jadram Aqueles que 0 conhecer. 98 — As almas aspiram o aroma no Hades. 99 — Nio houvesse 0 Sol, seria noite, a despeito das demais esteelas. 100 — (...) © tempo proprio, que waz todas as coisas, 101 — Eu me procure} a mim proprio. asics ‘hos s30 testemunhos mais agudos que os ou vidos. 102 — Para Deus tudo & belo ¢ bom ¢ justa; os homens, contudo, julgam umas coisas injustas ¢ outras justas. 103, Na circunferéncia, 0 principio e 0 fim se confundem. Jot — Qual € 0 seu espirito ou 0 seu entendimento? Acre ditam nos cantores de rua ¢ seu mestre € a massa, pois isto nfo fabem: “A maioria € ma € poucos so os bons.” 105 — (Herdclito censura Hesiodo por considerar uns dias bons e outros maus). Por ignorar que 2 natureza de cada dia € uma ¢ a mesma. 107 — Maus testernanhos para os homens sio os olhos ¢ os ‘uvidos, se suas almas sio, bérbaras 108 — De quantos ouvi as palayras, nenhum chegou 2 com- preender que 2 sabcdoria distinta de todas as coisas. 110 — Nao seria melhor para os homens, se Ihes acontecesse tudo o que descjam. TL A doenga torna a saide agradavel; © mal, o bem; a fome, a saciedade; a fadiga, 0 Tepouse. 112 — © bem pensar é a mais alta virtude; © a sabedoria consiste em dizer a verdade ¢ em agir conforme a natureza, ou- vindo 2 sua vo7, E 113 — O pensamento € comum a todos. 114 — Or que falam com inteligéncia devem apoiarse sobre ‘c comum a todos, como uma cidade sobre as suas leis, ¢ mesino aeeaa ia: Pois todas as leis humanas mutrem-se de uma Gnica Teeiieina,, Esta domina, tanto quanto quer; basta 2 todos (¢ & tudo) ¢ ainda os ulerapassa 2 15 ~ A alma pertence o Logos, que se aumenta a si préprio. 116 — A todos os homens € permitido © conhecimente de si mesmos ¢ 0 pensamento corret, 117 — © homem ébrio titubeia e se deixa conduzit por uma ‘rianga, sem saber para onde vai; pois timida estd a sue alin M8 — Brilho seco: alma mais sbia © melhor 19 — O cardter é 0 destino (daimon) de cada homem. 120 — ‘Términos da aurora e da noite: a Ursa e, 20 lado posto & Ursa, 0 Guardiao do Zeus, resplandecente 121 — Os efésis deveriam todos enforcar-se, ¢ suas criancas deveriam abandonar 2 cidade, pois expulsaram a Hermodoro: mais valoroso dentre eles, dizendo: “Ninguém dentre nos deve Ser © mais valoroso; sendo, (que viva) em outro lugar e com outros.” chars 123 — A slaturdba “ama esconder-se. 124 — A mais bela harmonia eésmica € semelhante a um monte de coisas atiradas, 125 — Mesmo uma bebida se decompée, se niu for agitad W5a — Que vossa riqueza, efésios, jamais se esgoter pars ‘que se manifeste a vossa maldade. 126 — O frio torna-se quente, 6 quente frio, 0 imido seco € 0 s¢¢0 timido, Doxocnaris 1 — A. sua obra tem por objeto, de uma maneira geral, a natureza: divide-se em tres livros, que tratam do Universo, ‘do Estado ¢ da Religido. * (Diag. Laert. IX, 5). 2 — Eis as suas teorias. Tudo foi feito pelo fago ¢ tudo se issipa no fogo. Tudo estd submetido 20 destino. Eo movi. ‘mento determina toda a harmonia do mundo. ‘Tudo esté chelo de expiritos ¢ de deménios. Falou de todas as coisas que contém o,mundo ¢ disse que 0 Sol tem exatamente o tamanho que ge We. Ele disse ainda: “Mesmo percorrendo todos os caminhes, j sais encontrards os limites da alma, tao profundo ¢ 0 seu Logon A crenga € para ele uma doenga sagrada e 2 visio uma menira, Por vezes, em seu livro, exprime-se de maneira tao clara ¢ lumi, Rosa, que mesmo 0 espirito mais obscuro pode compreendé-lo facilmente e seguir o argumento de seu espitito. A concisio ¢ a riqueza de sua palavea sio inimitéveis. 8 Eis como expe suas teorias em cada parte de seu livra, | O fogo fui elemento © tado se faz peas ransformasées do fomo, Oe por rarelagio, quer por condensacio. Contudo, nada exPice se Pificiente elareza: assim diz que tudo se faz pela eporcie Spm iCgrios, € que o todo fiui como um tio. O Universo, sei ado le, ¢ limitado, ¢ hi s6 um cosmes, aasido de fope ¢ altars 20 fogo apes certs pevfodos,etrmamentc, 0 des tino que assim quer. Entre os contritios, 2 Tuta que leva 3 formagio do mundo, chamnse, guerra © derentendimento; ¢ 2 combust, chamase cart dia paz. O movimento para cima c para baixo forma coimndo da seguinte maneira: 0 fogo, condensando-, torna-se Higuido, fazendovse 4gua; 2 dg, condensando-se, = transonme ta terva, ¢ este € 0 movimento para baixo., Por outro lade, em se errtnvevso, a terra se funde € se torna gua, ¢ delz se forma serie ces, pois relaciona quase tudo 3 evaporacio do mar,” E veo ce fazo movimento para cima. Hid, portanto, evapora Goer vindss da terra e do mar, das quais mas sao claras © poral Sees vin gbscuras. © fogo tira 4 sua substincia das primeiras, 2 {gua das segundas, Quanto a0 que circunda (0 at), cle H46 Plea 2 sua natuteza, Diz, contudo, haves alvéolos 1 abobada Peetava virados para nés.. Nestes alvéolos reinem-se a5 emi: Siaydesclaas, formando assim as luzes que so 28 esac, luz asec] é a mais brilhante e a mais quente. Com efeito, os euros do Sol cio anaie distantes da Terra, ¢ isto torna o sca brilho asto® tag ec imenos quente; 2 Lua, enfim, esth demasiado v6 menos, Nerca para poder encontrarse em um lugat puro. Ao Amaro do Sol, situado emt lugar brilhante € puro, em ume SGadiacia A nossa medida, Por isto, € mais quente ¢ tem mais diarpec jcipses do Sol € da Lua se produzem quando os areesos eatdo.voltados para cima, As fases mensais) da Lua sae canseqhneia de um pequeno movimento de seu alvéolo sobre prdpria, O dia, a pol, os meses, a8 estas os 4508) Mf Sore ventos, ee, s80 produto dos diferentes tipos de, eve fporagio. Asim, uma evaporacio brilhants, acts, 99 circulo do Bora “tia, evaporaqto contriia, « note, O calor nascido Se luz produ o verdo, e a uinidade, nascida das trevas ¢ acer": da Piven, “Heraclvo dd as eausas de todos os outros fend, vxeros por razaes semelhantes. No explica, contudo, 2 natureza “ da Terra, assim como nio explica os alvéolos, Estas eram as suas teorias. (Diog. Laert. 1X, 7-11). 3—O Sol € um fogo inteligente, vinde do mar. (Act. HL, 20, 16). 4 — E Herdelito censura 0 poeta por ter dito: "Cesse a dis. cérdia entre os deuses € entre os homens!” Pois no poderia hhayer harmonia na misica se ado houvesse sons graves e agudos, assim como no poderia haver animais sem o macho € a fémea, 5 quais sio contririos. (Arist, Eudem. Eth. VII, 1, 12352 25) 5 — Hericlito liga, conforme os estdicos, 2 nossa razio com a razdo divina, que rege © modera as coisas deste mundo: devido 8 sua unido insepardvel chega a conhecer as decisdes da razio uni versal ¢ enquanto dotmem as almas, anuncia-Ihes, com a ajuda dos sentidos, 0 futuro. Disto surgem as imagens de lugares des. conhecidos, ¢ figuras de homens, tanto vivos como mortos. Fala também do emprego das adivinhagées e diz. dignos homens terem sido admocstados pelas forgas divinas. (Calcid. c. 251) 6 — Contase ter dito Herdclito a estranhos que 0 queria visitar € espantaram-se 20 vélo aquecer-se junto 20 Fogo podeis entrar, aqui também moram deusts. (Arist, De part. anim. 1, 5, 45a 17), 7 — Hericlito diz que © fogo periddico ¢ eterno (é Deus) © destino € a Ici universal (Logos), e forma as coisas em conse aqiéncia do movimento dos contrérios. Tudo cbedece a0 destino, ¢ ele € idéntico & necessidade, (Act. I, 7, 22) 8 — Herdclito “diz, que a alma do mundo € a exalagio de sua umidade; a alma dos seres vivos vem da exalagio exterior ¢ de sua pripria, sendo homogénea (a alma do mundo). (Act IV, 3, 12) , 9 — (Herdclito diz. ser a alma imortal), pois apds sua sepa- ragio do corpo volta 3 alma universal, 20 homogéneo. (Aet. IV, 7,2). 10 — Herdclito explica a alma como uma centelha da subs tincia estelar. (Mactob. S. Seip. 14, 19). 11 — Admitindo que o homem é dotado de duss possibilida- es para o conhecimento da verdade, a percepgio sensivel ¢ a ra Zio, afirmava Heréclito, assim como 0s fisicos anteriormente cita- dos, serem duvidosos os conhecimentos adquiridos pela percepcio sensivel; considerava a razio, por outra lado, como critétio da ver cade Refuta a percepgio sensivel a0 dizer: “Mis testemunhas 45 para os homens sio os olhos € os ouvides se suas almas st0 barbaras", 0 que € como se tivesse dito: “So as almas bérbaras ‘que confiam na percepczo sensivel, desprovida de razio.” Explica a tazio como critério da verdade, mas ndo qualquer razdo indife- rentemente, e sim 2 comum e divina, Elucido o que com isto quer dizer. Pois este fildsofo sustenta que é dotado de razio ¢ apto de ppensamento o que nos cerca (...). Esta razao divina, conforme 'Herdclito, nds a aspiramos, tornando-nos assim aptos. 20. pensa- mento, inconscientemente quando dormimos, conscientemente quando acordados. Pois, fechando-se as aberturas de nossos érgios sensfveis durante 0 sono, desliga-se o espfrito em nés de sua relagio com 0 que nos cerca; 56 permancce a relagio através do respirar, como uma espécie de raiz. Assim, devido a esta Separagio, perde (0 expirito) a forga do pensamento, que antes possula. ‘Durante a vigilia, a0 contrério, estende-se novamente através das aberturas de no:sos drggos sensiveis, como por uma janela, para fora, entrando em relagio com 0 que nos cerca € Feassumindo sua possibilidade de pensamento, Da mesma forma como 0 carv3o se transforma em brasa quando aproximado do fogo, ¢ apage-se quando dele afastado, assim também a parte daquilo que nos cerca, residente como héspede em n0s808 corpos, perde quase sua racionalidade, em conseqiéncia da separacio; fas tornase semelhante 3 razio universal, pela relacio estabele- cida através da maioria das aberturas (de nossos degios sensiveis). Esta razio comum ¢ diving, pela participagio da qual nos cor- snamos racionais, conforme Heraclito, é 0

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