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Carituio 3 Acuas Ptuviais CONSIDERACOES GERAIS O estudo da precipitagao pluvial visa obter dados para o projeto de meios de coleta e condugdo das éguas de chuva de maneira segura aos cursos de gua, lagos ou oceanos, com o objetivo de evitar inundagoes em edifiea .8¢s, logradouros pablicos ou outras areas. Constitui um capitulo da Engenharia de Recursos Hidricos. O esgo: tamento pluvial é objeto especifico da Hidréulica Urbana ou, como modernamente se diz, da Engenharia de Drenagem Superficial. Esse ramo da Hidréulica evidentemente abrange uma ampla faixa de aplicagio de estudos hidrol6gicos © hidréulicos, que vao desde a obtengiio de dados pluviométricos, o estabelecimento da equagao de previsto das chuvas e o estudo das bacias contribuintes até o dimensionamento e projeto das redes de escoamen- ‘ode éguas pluviais (coletores e galerias) ¢ das estruturas hidréulicas singulares (bueiros, pontilhdes, bocas de Jobo ete.) A abordagem da questo sob essa ampla e profunda visdo ndo é, evidentemente, o escopo do esgotamento de ‘guas pluviais, encarado sob a perspectiva de instalagdes hidrdulicas no sentido em que esta geralmente é tomada que aqui adotamos, No presente capitulo, consideraremos dois casos que se enquadram dentro do mbito das atribui labora projetos de instalacdes. 4) Esgotamento de dguas pluviais de dreas relativamente pequenas e de certo modo isoladas e independentes, ‘como telhados,terragos, patios, reas de estacionamento etc. b) Drenagem superficial de éreas maiores, de média extensdo, como loteamentos, conjuntos habitacionais, com plexos fabris e industriais, onde existem arruamentos particulares ligados ou incorporados ao sistema visrio dda municipatidade, Como jé tivemos oportunidade de assinalar quando do estudo do esgotamento sanitério das construgées, a maio. tia das cidades brasieiras possui o sistema separador absoluto em sua rede publica e, como consequéncia, também © esgotamento separado para as siguas servidas e pluviais, no interior das edificagGes. Neste sistema, que ‘mais aconselhvel e obrigatério por normas e regulamentos, embora em alguns casos menos econdmico, existem redes independentes para os esgotamentos sanitérios e pluviais, disso decorrendo duas vantagens principais decisivas 1) Evitar que, por ocasiio das chuvas fortes, os condutores, trabalhando & sego plena, determinem o sifona- mento dos desconectores e, como consequéncia, permitam o acesso de gases do sistema primério ao interior das habitagdes. 2)Bvitar a diminuigtio da segao de vazao do coletor, com sua eventual obstrugio pela formagiio de depésitos ¢ incrustages nas paredes do coletor. De fato, no sistema unitério, se os coletores de esgotos sanitérios tiverem ue ser projetados e dimensionados, prevendo 0 esgotamento de chuvas fortes, deverlo ter sua sego trans- versal muito aumentada, Por ocasido das épocas mais secas, esta ampla segio serviré apenas para o escoa- mento de esgotos sanitirios com baixa velocidade, permitindo a decantagdo das matérias pesadas ¢ a forma- gio de depésitos aderentes nas paredes dos coletores. 208 Copitulo Trés 3.2 ESGOTAMENTO DE AGUAS PLUVIAIS DE PEQUENAS AREAS uas Pluviais. A instalagao de esgotam E regido pela NBR 10844:1989 da ABNT — Instalagbes Prediais de de 4guas pluviais em prédios de qualquer porte, patios e teas limitadas pode abranger dois casos: (0s elementos que constituem a rede de esgotos pluviais em questo acham-se acima da galeria do log ro piblico ou da sarjeta e, nesse caso, por gravidade, as sguas sio conduzidas até esses locais, = Os elementos referidos encontram-se em cota inferior 3 do coletor ou do pogo de visita publica, Tom gua até uma caixa de passagem, de onde, necessério construir um poco de éguas pluviais e bombear a 4 gravidade, possa escoar até a galeria publica Consideraremos 0 primeiro caso. AAs dguas de telhados, terragos, dreas ¢ terrenos so conduzidas por escoamento natural por coletor da via piiblica, caso este exista, para a sareta ou, ainda, para alguma vala, canal ou curso d’gua que préximo do local a A Fig. 3.1 mostra como se ‘nhamento da fachada se acha no passeio. No caso, ccobertura e permitindo seu despejo nas caixas de areia CA-1 € CA-2, de onde ¢ feito o langamento numa cif xecuta, em muitos casos, 0 esgotamento das éguas pluviais de um prédio caja & remos dois condutores AP-1 © AP-2 ralo na sarjeta 'A NBR 10844 se refere apenas a éguas pluviais em coberturas e demais dreas associadas do edifico, tas terragos, pitios, quintais e similares. Nao se apliea a casos onde as vazbes de projeto e as earactrisica di exijam a utiliza io de bocas de lobo e galerias. ae Dien da colina A Fic. 3.1 Esquema de ligoréode prediais de Sguas pluviais nent Aguas Pluviais 209 1 Estimativa da Precipitagéo Pluvial No caso que estamos considerando, procura-se simplificar a questao do estabelecimento da intensidade da chu: va, que deverd ser prevista para o dimensionamento de calhas e condutores. Para de teamentos, devem ser feitas consideragdes que conduzam a uma maior exatido no projeto, o que faremos opor tunamente. Com base em dados pluvioméitricos locais, procura-se conhecer as chamadas chuvas eriticas, isto €, as de pe- ‘quena durago mas de grande intensidade. A experienc te, as chuvas de curta duragao so de grande intensidade e, a0 con trério, as chuvas prolongadas sao de menor intensidade. Como ralos, calhas ¢ condutores recebem essa precipitagio, evem ser dimensionados para as chuvas intensas, de modo que, integralmente e em espago de tempo muito pe- queno, as éguas sejam drenadas, evitando que ocorram alagamentos, transbordamentos ¢ iniltragées. AA precipitagao é expressa por sua intensidade, a qual é medida em milimetros de altura d'dgua por hora ine, além de se considerar a infiltragdo de parte da égua pe lo solo nao pavimentado, ha que se levar em conta que decorre certo tempo para que as diguas che bocas de lobo. tem mostrado que, normal No caso de grandes sreas, como veremos mais ad Calhas e Canaletas Nos telhados empregam-se calhas que, conforme o detalhe arquiteténico, podem ser de cobre, cimento-amianto, PVC rigido, chapa galvanizada, fiberglass e concreto. Em areas e pitios, recorre-se, as vezes, a canaletas abertas ‘ou recobertas com grelhas, tampas de conereto armado ou ferro fundido, AAs curvas, derivagdes, bocais, esquaudros e luvas sfo fabricados geralmente no proprio local da obra. A fixagio 6 feta com bragadeiras de ferro ou ago. 1] Dimensionamento das calhas Podemos calcular as calhas por meio de frmulas da hidréulica de canais, ou usar tabelas e abacos que, evidente- mente, foram calculados por f6rmulas a partir de hipsteses quanto & precipitagao pluvial. }das equasées cléssicas de hidréulica de canais O calculo pode ser realizado com as equagdes de continuidade Q = S- Ve de Chezy V = ade Manning-Strickler YR-T, ou entao com eQ=K-S G1) V = velocidade de escoamento, em m + s R= raio hidrdulico = razao entre a drea molhada e o perimetro mothado alt = declividade, em mim = ‘comprimer n= coeficiente de rugosidade, considerado como igual a 0,012 para calhas de material liso K = 60,000 $= frea molhada (m?) ov canaletas de seo semicircular Considerando a calha semicircular de raio r trabalhando a sego plena, o aio hidréulico R é dado por Com o valor de r se calcula o raio hidrulico R. Tendo-se r e conhecendo-se 0 coeficiente de rugosidade n ¢ a eclividade J, determina-se a velocidade V. Pela equaciio de continuidade Q = S - V se obtém a v Q EXEMPLO (Qual aérea que poderi ser esgotada por uma calha semicircular de 15 em de diimetro, sendo a declividade da calha de ual a 0,013 ea precpitagao de 0,042 Usim*? r= 0,190m +2 = 0,075 m T= 1% =001 (Q = 0,042 vss? = 0,000042 m/e Raio hideéulico: R=" = 0,0375 m IR Ji _ Yo037S* x 0.01 : ),0862 ms n 0.013 3,14 X 0,075" x 0,0862 =0,000761 m*-s Calhas ou canaletas de seo retangular EXEMPLO- Sejam b = 200 mm, 1 = 1%, Q = 0,042 Usimn?, a = 145 mm en = 0,02 Calha de s0¢d0 rotangulor. 0,145) = 0,490 m 0 perimetro molhado é 0,200 0,145 Raio hidréulico: R 0,059 x 20% 143) Velocidade calculada pela formula de Manning Co Aguas Pluvicis 211 1322 Vain sez de I ="1%,tivéssemos uma declvidade de 0,5%, obtetamos 1510.07 ‘0,02 = 0,200 X 0,145 X0,53 = 0,015 m5 =900 vinin 015 0,000042 v =357 Deve-se, portanto, tomar cuidado ao usar tabelas onde niio est indicada a declividade das calhas, pois, como se sabe € se vé pelo exemplo anterior, as descargas e us ireas drenadas variam com a declividade Demonstra-se que a segao retangular mais favordvel ao escoamento ocorte quando a base é 0 dobro da altura da ‘gua no canal, isto & para b = 2a. Condutores de Aguas Pluviais Costuma-se desig tas as caixas de res, quando de dimetro pequeno, um coletor piblico, uma galeria de ar por condutores os tubos que conduzem as 4 ia, a partir de onde as, as pluviais dos telhados, terragos e éreas aber 1uas so conduzidas ao local de langamento por coletores. Esses coleto- 30 chamados de condutores de iguas pluviais. O local de langamento pode ser iguas pluviais, uma caixa de ralo na via piblica, um canal ou rio, Verticais © condutor vertical pode ser ligado, na sua extremidade superior, diretamente a uma calha (caso de telhados), ou receber um ralo quando se trata de terragos ou calhas largas, onde se receia a obstrugdio do condutor por folhas, papéis, trapos e detrtos diversos. O.condutor normalmente nio é nem deve ser calculado como um encanamento a seco plena, ¢ 0 formato dos ralos e suas grelhas determinam uma perda de carga de entrada que s6 experimentalmente pode ser deter minada. Por essa razio se justifica o emprego de tabelas consagradas pelo uso e os bons resultados obtidos em fungdo dos dimetros dos condutores verticais, jd levando em conta as consequéncias da obstrugio da gre- Tha dos ralos. Pode-se usar a Tabela 3.1, que permite o dimensionamento dos condutores verticais, cana — Fo. 3.3 Calhe pore telhade, | 212. Copitulo Trés TABELA 3.1 Dimensionamento dos condutores verticais ‘Area méxima de cobertura esgotado por um condutor de 6guas pluvics (m') | Digmetro do, 7 pol) Dedlvidade 0.5% % 2% % e 32 6 oe 144 199, 28 5 1 255 334 502 6 778 390 557 780 8 548 808 Nos 816 | 10 s10 1412 1807 2824 Condutores Horizontais Os condutores de terragos, reas abertas, patios etc, io denominados horizontais, quando sua declividade é peat na. Em geral, sio dimensionados para trabalhar coar com velocidade aconselhvel, vencendo a perda de c usando a férmula de Mam Podemos calcular a érea méxima di to ple 3.2.4 Ralos Nos locais onde se pretende esgotar éguas pluviais usam-se ralos que coletam a gua de dreas cobertas ou de calli ccanaletas ¢ sarjetas, permitindo sua entrada em condutores e coletores. O ralo compreende duas partes — grelha, que é o ralo propriamente dito. Caixa de Ralo Para terragos e calhas de telhados usa-se caixa de ferro fundido contendo duas partes: uma que liga a0 tubo da coluna de queda de fguas pluviais e outra que se sobrepie e se ajusta a prim indo uma superficie entualmente venhal centre ambas, conforme o tipo de impermeabilizacao. A ligagio das duas peyas se dé s nica que, além de facilitar 0 encaixe, permite um escoamento melhor para a infiltra estacionamento ou grandes pitios, a caixa de ralo 6 de alvenaria de tijolo macigo revestido de argamassa dels ua que Se entre o ralo e a impermeabilizagdo do terrago. Quando se trata de esgotamento de 0 forte AF Ve-se qu mostra uma caixa de ralo para via piblica ou rua particular com ralo de ferro fundido do tipo pes 1-se, dando lugar a incomveri tes de ordem sanitéria, Em algumas municipalidades, porém, e em zonas altamente urbanizadas, é usada acai » fundo da caixa. Nod ‘a caixa ndo possibilita a coleta de a alo também como éaixa de areia, ¢, portanto, a saida do coletor se faz 60 em acima d existe uma boca de lobo, que & uma abertura no meio-fio por onde a xa, Neste caso a caixa ndo contém ralo, mas tampao de ferro fundido. indicado tamente na ce mais comum fazer-se boca de lobo com um ralo colocado na sarjeta (Fig. 3.5) ou no passeio, debaixo de ui tampa que pode ser de concreto (Fig. 3.7) ou de ferro fundido (Fig. 3.6). Quando se usam boca de lobo eral dimensies da caixa sio maiores ¢ esta se estende sob o passeio. ‘de lobo, o chanfro no meio-fio é substitufdo por uma placa de ferro fundido nas Em alguns tipos de bo do meio-fio (Fig. 3.5). AF 1. A entrada da igua faz-se porutl ‘mostra umn tipo de boca de lobo com grelha e tampa de coneret 10 meio-fio ou no anel de apoio da tampa. © projetista da infraestrutura de um loteamento deverd levar em conta que a declividade minima dos lograt ros deve ser de 0,3% ({r€s por mil). Sao aceitiveis logradouros com trechos em patamar, sendo obrigatério, nll trechos, que as sarjetas sejam projetadas com 60 em de largura e langadas com greide ondulante, com a “gol i oy Fic. 3.4 Caixa de rolo para aguas plvics. Fo. 3.5. Caixa de ralo como coixa 214 Copitul Trés Fic. 3.6 Grelha para bace de lobo de ferro fundido, 216 Copitulo Trés =—— Nivel da rua om patamar Boca de labo Meloso alo Ccabea de ralo L cotetor ‘axa de ralo com boca de lo petho) do meio-fio variando, em cada 15,00 m de extensio, de 0. (pontos com 0,17 m de m para 0,17 m, Nos pontos baixos das “gola”), devem ser projetados ralos com bocas de lobo (Fig. 3.8 Grelhas As grethas sobrepéem-se & caixa e visam impedir 0 acesso de corpos estranhos ao condutor. Existem doi grelhas planas e as hemisféricas. Grelhas Planas Siio usadas em sarjetas, éreas de estacionamento de vefculos e tetragos, onde possa haver movimentasio gy As prethas de caixa de ralo ou para bueiro, quando nas sarjetas de ruas, sio de ferro fundido pesado, usa também as de concreto. Para drenay elhas de ferro fundido de 10 em X 10 em, 15 em x I % 20 em, 30 em X 30 cm, 40 m X 40 em ete, podendo-se encomendar ds fundigbes grethas em out sm de pequenas éreas, empregam-se gi Grelhas Hemisféricas [As grelhas hemisféricas, também chamadas de “cogumelo” ou “abacaxi” (pelo que suas formas suger uusadas de preferéncia nos te elhados e dreas abertas de edificios, por prop narem maior seco de escoamento e reterem papéis,trapos ¢ detritos sem ficarem totalmente recobertas, ob do a passagem da igua, A Fig, 3.9 mostra virios tipos de ralos “a 1g0s, nas calhas de concreto de -axi", alm de alguns tipos de ralos planos. Costuma-se fazer a caixa de ralo com dimensdes tais que a gretha tena uma dea de oriffcios irea do condutor ao qual o ralo serve. 3.2.5 Pogos de Visita (PV) (0s pogos de visita devem estar localizados ites partes da rede de 4 nas cabeceiras dos coletores: nas mudangas de diregio; = nas mudangas de declividades; nas mudangas de se nas mudangas de material = na confluéncia de coletores — 10s alinhamentos retos em intervalos ndo superiores a 60 m. A Fig, 3.10 mostra um poco de visita de alvenaria, e a Fig. 3.11, um pogo de visita de anéis de concret moldados, 219 220. Copitulo Trés 3.3 ESGOTAMENTO DE AGUAS PLUVIAIS DE AREAS DE MEDIA EXTENSAO Como jd dissemos, um projeto de drenagem de dguas pluviais, dentro dos limites das atribuigSes das install amentos. Nesses casos, € obrigatério ‘ompreende- pode abranger éreas com grupamentos de edificagdes ou loi do projeto e da planilha de célculo dos coletores ao 6rga0 compet ddrenagem de uma pequena cidade j4 ¢ da compe mente, 0 que adiante sera exposto, encontre também aplicagio em projetos de certa amplitude. Podemos dividir a apreciagio deste inte da municipalida éncia do saneamento basico urbano, se bem que, fundam ema em cinco partes, que Si a) Chuva a considerar no projeto de drenagem. b) Escoamento da chuva no terreno. ©) Calcul hidrulico dos coletores. 4) Preparo da planilha. ©) Elaborago do projeto de dren Vejamos esses diversos aspectos da questio. 3.3.1 Chuva a Considerar no Projeto de Drenagem E sabido que a precipitagdo das chuvas ocorre de um modo aleatério, influenciada por diversas sua vez, dependem também de outras variveis aleat6rias. Portanto, no hi outro recurso sendo recorrer ao m vatisveis qu estatistico para se proceder ao seu estudo, Consideremos entio ns conceitos fundamen eralmente em milimetros, da chuva precipitada 0 ‘em um recipiente cilindrico de eixo vertical (pluviGmetro. gua precipitada por unidade de drea horizontal a na unidade de tempo, isto €, 0 ques 1») Altura pluviométrica € a medida vertical sm tempo se considere (minuto, hora, dia, més, ano ser expressa em volume de 2) Intensidade ou “veloci entre a altura pluviome formagées necessérias, al ade de precipitacdo” & a altura precipita a ea duragio considerada, E expressa em milimetros por hora. Efetuando as uns a exprimem e pluviométrica num intervalo de tempo ¢ este 3°) Frequéncia n éa indicagio do nimero de vezes que uma chuva de mesma intensidade ocorre num cert po (por exemplo, em um ano). S sha, Exprime-se também como o quociente entre al 1a determinagiio resulta da anslise das estatfsticas de chuvas. Os pluviémetros instalados numa localidade fornecem dados que mostram que chuvas com determinadas ca terfsticas tém frequeéncias especificas de ocorréncia Admitamos, para efeito de raciocinio, que numa certa localidade foram realizadas medigoes durante 50 ano {quais permitiram organizar a Tabela 3.2. Nesta se acha indicado, na primeira coluna, o nimero de vezes que ti tensidade de chuva, apontada na segunda coluna, ocorreu com uma’duragio de 10 minutos. TABELA 3.2 Frequéncia @ intensidade da chuva para um periodo de 50 anos IN de vezes em 50 ans (m) Intensidode (mm/h) Frequéncia: mde veres cada ono 1 1620 002 2 48,5 0,04 3 127.2 0,06 4 1216 0.08 5 118.4 10 as chuvas de intensidade ig Se considerarmos agora o intervato médio de tempo que poderd decorrer entre (ou maior que a considerada, teremmos 0 que se denomina tempo de recorréncia (T) ou tempo de repetigdo. Ci se vé, o tempo de recorréncia é o inverso da frequéncia, No caso que estamos considerando, os tempos de re réncia T foram, respectivamente, de 50 so = 50 anos 50 = 3 = 16,7 anos 50 = 4 = 12,5 anos 50 + 5 = 10anos Ee Aquos Pluviois 221 Assim, por exemplo, no perfodo de 50 anos de observagio de chuvas, considerando que a precipitagao de 148,5 mm/h nio deva ser excedida mais que duas vezes, temos: « 2 ' 50 _ A fiequéncia én =< = 0,04 e o tempo de recoméncia T 25 anos. Cabe enfatizar que, se futuramente num dado local se mantiverem as condigd rante 0 periodo de observacdo, a precipitagio de duragio consid lidade de ser igualada ou excedida WT vezes em n anos. O tempo de recorréncia, também denominado tempo de retorno, geralmente € definido como o niimero médio deanos em que, para a mesma duragdo de precipitagio, uma determinada intensidade pluviométrica sera igualada ou ultrapassada apenas uma vez cas existentes du 1 e de tempo de recorréneia T teré a probabi- do Precpitagéo Estudos de Hidrologia, com base em dados estatiticos e no Calculo das Probabilidades, permitiram o estabelci mento de uma equagio geral das chuvas intensas ou frmulas de intensidade-frequéncia duragdo, que é Kor (r+ 0) onde: i = imensidade de precipitagao (mm/h) T = perfodo de recorréncia ou intervalo (anos) 1 = duragao da precipitagio (min) Kabc parimetros relativos as unidades empregadas e préprias do regime pluviomeétrico local. A maneira de determinar esses quatro parimetros € apresentada em trabalhos especializados, alguns dos quais mencionados na bibliografia deste capitulo, Para as condigdes que se verificam, por exemplo, na drea metropolitana de Sao Paulo, o Prof, Paulo Wilken de- terminou os pardmetros ¢ a férmula aplicével & 3462,7 - 7%" 2X6 an (r+ 22) (r+ 10) j= 9-7 66 (my Para éreas de terracos,telhados e patios, pode-se adotar a duragio da chuva intensa, = 5 minutos. 0 Eng* Otto Pfafstetter publicou um trabalho sob o titulo Chuvas Intensas no Brasil, no qual, com base em da- dos pluviométricos em 98 postos espalhados no Brasil e utilizando o Célculo das Probabilidades que conduz A equagio geral mencionada, elaborou gréficos onde sio representadas, para as 98 localidadles, curvas da de- endéncia entre a precipitagao (mm) e o tempo de recorréneia (anos) para chuvas de 5, 15, 20 minutos e le 2 horas Para caleular a vazio Q(1 - s~!) apés um tempo de precipitaglo de # (minutos), numa érea A (im?) com precipi tag de intensidade i (mm/h), considerando um tempo de recorréncia T (anos) e um coeficiente de permeabilidade C= 0,75, podemos usar a formula 3,7 = 02778 222 Copitlo és o.278 % 0,75 X 155 X 1,000 = 32,295 3.3.2. Escoamento da Chuva no Terreno é 0s ralos, Uma parte & absorvida pelo Nem toda a dgua de precipitagio escoa pela superficie do terreno ‘em fungao de sua permeabilidade, reduzindo, assim, o deffivio que escoa para jusante. Em célculos simpli dessa natureza, despreza-se 0 efeito da evaporagiio e considera-se apenas 0 efeito da infiltragdo sobre @ que escoa (defldvio). ‘Conforme o terreno ¢ 0 projeto de urbanizacdo, pode-se classificar a impermeabilidade das éreas drenads buindo as mesmas um coeficiente de impermeabilizacdo r, equivalente ao coeficiente C da formula 3. temos para 0 coeficiemte de impermeabilicagdo ou imp rmeabilidade: Zona de loteamentos e de complexos industriais com pavimentagio: r Zona de loteamentos com edificios e casas com terrenos e fabricas com r= 0,60, 77 __ Para ache esonda, em pier ga determina ena ser esp i dividindo-a em Seas comtbuintes qe sero drenadas em cada recho por um cole q a servi rea em questo, Na Fig. 3.12, ocoletorrecebe 4guas pluvais das reas A,B,C Ser langando-as num rio. Temos quatro pogos de visita no eoletoreralos a ele lgados,afastados um do ou Ass méximo 30m, O PVE! somente receberd as éguas da Srea A. Na B, considera-sea som I SS freas Ae B para descarga no coletor no PV-2. Na area C, agua drenada€ a que caiem L 3 ‘Se ocoletortver 80cm de difmetro on menos, ligaso do coetor da caixa der cau | ‘leita num pogo de vista (Fg. 3.14), Para coletor com mas de 80cm de diet, Niue] Gao de wm olor em our ou numa galeria pode sere dtetamene sem PV Fe. i Determinagéo do Coeficiente de Distribuigéo n das Chuvas “Movs i Se a rea drenada for inferior aha, adta-se m = 1. Para reas mores gual 20 im yi da dren expresa em ha, elevado ao expoente 0,15, iso é want ee | 3 Entio, para uma érea de 10ha,n = 10-5 = 0,708 RR Tempo de concentragdo, t, & 6 tempo que decorre desde o inicio da chuva, até que til | como a jungio de dua parcelas {das nos pontos mais distantes para atingirem o primeito ralo, representado por 1. bém definido como “o tempo, em minutos, que leva uma hipotética gota d’égua para afastado da bacia até o ponto de concentracdo, que, no caso, é 0 primeio Fi, 3.12_ Divisdo de um terreno em 610 de contribuigao. ponto mai a montant ) Tempo de percurso, ,& 0 tempo de escoamento dentro das galerias, desde o primeito ralo até a sego do letor que se considera. No nosso eileulo, nfo ser levado em conta, de modo que, em vez de f, = f,~ fp se apenas co se faz por Em certos casos, quando se leva em conta o tempo de concentragao f, até o primeiro PV e a capta de ralos, soma-se ao 1,0 tempo de entrada, que, para simplifica, 3s vezes é adotado como igual a 5 minutos E preferivel, entretanto, procurar em tabelas ou calcular 0 tempo de concentragio. Para rea urbanizada ou urbanizével, com divisor de dguas a uma distincia méxima de 60 m, pode-se ws Tabela 3.3 para uma primeira ideia do tempo de concentragio. reno dos ‘arga atrie sim, das: sub: eink eD, > no: AB leve (5). rh fio Aguas Plovicis 223 TABELA 3.3. Tempo de concentrasio t, (min) Widuees: Deelvidade da sorjeto <% 1 Areas densomente constvidos 10min 7 mi 2 ‘reas residenciois 12 min 10 min 3 Parque, ordins, campos 15 min 12min Quando, a montante do primeiro pogo, houver pequena bacia a drenar, convém calcular o tempo de concent 40 pelo chamado método racional empregando a formula 16-L = G9 (100-5) 1, = tempo de concentrago em minutos, L, = caminho percorrido por uma hipotétic: 4a linha que une os pontos mais ba = porcent imal, da drea da acia coberta de vey 5 = declividade média do caminho L,, desprezando as pequenas quedas a prumo em meios-fios € outros. de chuva expresso em km, ao longo do talvegue, isto & = 400m = 040 km = 025 (25% da érea cobertade vegetagio) = 003 declividade média pra 0 tempo de concentragio: 16 x 0,40 72 6.99 po ** Gas ~02%0.50)- (100 xo03)™ L0ix tempo de concentragio seri, pos, de aproximadamente 7 minutos. ‘Média des Chuvas para a Frequéncia de 10 Anos Considerando um tempo de recorréncia de 10 anos, como ¢ usual, e utilizando a curva intensidade-duragiio-fre ‘quéncia para o posto pluviométrico do Jardim Botinico, teremos ‘onde, como vimos, fhuva, considerada como i, = intensidade médi duragio 10 tempo de concentracZo, igual a 7 minutos. Noe -mplo que estamos seguindo, fazendo ¢ = 7 minutos, obteremos, _1750 aor = 152 mmvhora (7 +20) 224. Copiti Escolha do Coeficiente de Runoff (“Escoamento Superficial” ou “coeficiente de Deflivio”) aden, qu repreentaremos pel traf depende da natureza © das as da cia a de nade ea Tabela 3.4, ou pela rma de Fant, que apesenaremos a aire da boos cfd de divi ov de rn En ; , Deflivio o E km Sto Paulo se usa geralment o valor f= 0,60 para zomas urbana suburban Céleulo do Deflivio Local Q 3.3.3 Cal Yor numérico de conversio de unidad EXEMPLO Suponhamos que a rea a drenar seja de 2 ha, o terreno constituido de dreas descampadas e a intensidade média das chi P a i P seja de 150 mm/h, Vejamos qual a descarga ou deflivio Q. Assim, temos: 0,20 (Tabela 3.4) 130 mm/h Q= 2.78 x 2x 0,20 x 150 x 0,90 = 150s Ciiculo do Coeficiente de Deflivio pelo Critério de Fantoli Aquos Pluviois 225 = 0,80, para dreas de zonas centrais das cidades, loteamentos ¢ complexos industriais = 0460, para zona residencial, urbana, ou loteamentos com grandes reas de terra ou gr = 0,40, para zona suburbana = 0,25, para zona rural Para r = 0,80 temos ‘m= 0,058 r= 0,60 emos m= 0,043 r= 040 temos 0,029 0.28 temos opis Por exemplo, para i, = 150 mm/h = 0,60 (zona residencial urbana, loteamentos) 1, = tempo de concentragiio = 5 minutos 4, Xt. = 150% 5 = 750 .0 Escoar Para o primeiro pogo de visita a montante, 0 deflivio a escoar é 0 proprio deflivio local, isto é, 0 da bacia cuja €langada no pogo. A partir dai, soma-se 0 defldvio local com 0 defllivio a escoar vindo do trecho anterior, Calcul Hidraulico dos Coletores © levantamento topogrifico ¢ o projeto de urbanizagao fornecem os greides, isto tose das dreas a drenar, elementos indispenséveis para o projeto da drenag Para se as declividades dos armamen- em de Aguas pluviais, er uma primeira ideia da declividade a ser considerada ao colctor, cumpre levar em conta que acima dele deve haver uma camada de protegio, isto é, de recobrimento, o que limita a profundidade do coletor no terre no. Em si ‘se a cota do ponto onde o coletor ira desaguar: nivel d'égua no rio, canal e, eventualmente, um PY, Mede-se o comprimento Imagina-se, por exemplo, que o primeiro trecho do coletor tenha 40 em de didmetro e que o coletorird receben= do contribuigdes de ralos (ou de outros coletores), de modo que, ao chegar no final, ter, digamos, 80 em (ao ser calculado, esse didmeteo poderd ser alterado). Seria conveniente que a geratriz inferior do coletor no langamento fieasse acima do njvel da gua a jusante, o que nem sempre ¢ possivel, pois é necessério proporcionar ao coletor luma declividade suficiemte, A declividade média a considerar numa primeira aproximagio ser i=, sendo do desnivel (Fig. 3.13), : No projeto cabe levar em conta 0 -cobrimento do coletor como também o dos pogos de visita Chama-se recobrimento de um poco de visita a distancia vertical entre o nivel do terreno no centro do PV e a {eratriz superior interna do coletor prolongada, virtualmente, até ao referido centro, desprezando-se a espessura do tubo no recobrimento (Fig, 3.14). ‘Num: tee uniforme, As dimens6es da galeria niio devem decrescer na ditego de jusante, mesmo que, com 0 aumento da declivida- de, umn conduto de menores dimensbes tenha capacidade adequada A declividade da galeria, tanto quanto possfvel, deve ser Muitas vezes leria de iguas pluviais temos as condigdes de escos nto como conduto livre, em regime permanen: ual i do terreno, para que se tenha menos escavagio. conveniente usar galeria de menor dimensiio empregando declividade maior que a do terreno, por nico, a despeito da escavagao. Cota teen ome] Fic. 3.19 Determinacdo da declvidade de um coletor.

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