QUINZENÁRIO INDEPENDENTE AO SERVIÇO DAS COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA

2 a Quinzena de Março de 2010

Ano XXX - No. 1082 Modesto, California
$1.50 / $40.00 Anual

Luso-American Education Foundation

To Foster, Sponsor and

Perpetuate the Portuguese
Culture

Portuguese Youth Day na Universidade da California, Berkeley - o futuro está aqui Pag. 15 a 18

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2 SEGUNDA PÁGINA
EDITORIAL
Morreu o Lusitânia!
Morreu o Sport Clube Lusitânia. Melhor dizendo,
mataram-no. Tinha 88 anos e um historial de relevo no
desporto açoriano.
Enquanto a sua gestão foi baseada no tamanho do seu
ideal e das suas reais possibilidades, tudo correu bem.
Depois apareceram Presidentes com ideias megalómanas,
subsídios daqui e dali, falta de liderança daqueles que não
tinham condições de estar à frente de um clube com aquele
historial e pergaminho.
De lastimar é saber que esses maus gestores, maus líde-
res, maus lusitanistas, continuam a passear-se pelas ruas
de Angra do Heroísmo em vez de estarem na cadeia por
gestão danosa.
Bom, falemos agora de coisas mais alegres e que se podem
controlar. Refiro-me à próxima Conferência sobre o Espí-
rito Santo a realizar em San José em Junho deste ano.
Melhor do que eu, deixem-me partilhar aquilo que saíu da
ultima reunião da Conferência:
Purposes of the Conference:
1. Share the experiences, history and legacy of the Holy constituído por tripa natural, de vaca
Spirit celebrations.
2. Describe the unique characteristics of these societies as
they evolved over the years in their geographical areas.
3. Enable conference participants to participate in a Holy
Ghost Festa in California.
É importante que todas as organizações e empresas espa-
lhadas pela California possam contribuir na medida das
suas possibilidades para ajudar a Conferência nas suas
despesas e para o sucesso da mesma.
josé avila
ULTIMA HORA - talvez o Lusitânia possa ainda viver.
Alheiras
de Tracy
H
oje vou falar-vos de alhei-
ras, mas antes de vos con-
tar a minha relação com
elas, deixem-me oferecer-
vos o que delas se diz no Roteiro
Gastronómico de Portugal.
"A Alheira é um enchido tradicional
fumado, cujos principais ingredien-
tes são a carne e gordura de porco,
a carne de aves (galinha e/ou peru) e
pão de trigo, o azeite e a banha, con-
dimentados com sal, alho e colorau
doce e/ou picante. Podem ainda ser
usados como ingredientes a carne de
animais de caça, a carne de vaca e
o salpicão e/ou o presunto envelhe-
cidos. É um enchido com formato
de ferradura, cilíndrico, sendo o
interior constituído por uma pasta
fina na qual se apercebem pedaços
de carne desfiadas e cujo invólucro é
ou de porco. O uso da menção Pro-
duto Específico obriga a que o en-
chido seja produzida de acordo com
as regras estipuladas no caderno de
especificações, o qual inclui, desig-
nadamente, o processo de produção.
Comercialmente este enchido pode
apresentar-se acondicionado em em-
balagens de cartão, de plástico ou
de PVC, ou de outros materiais pró-
Crónicas do Perrexil
J. B. Castro Avila
prios para entrar em contacto com
géneros alimentícios, em atmosfera
normal, controlada ou em vácuo. A
rotulagem deve cumprir os requisi-
tos da legislação em vigor, mencio-
nando também a menção Produto
Específico. A Alheira de Mirandela
deve ostentar a marca de certificação
aposta pela respectiva entidade cer-
tificadora.
História
Foi inventado pelos judeus como ar-
timanha para escaparem às malhas
da Inquisição.
Como a sua religião os impedia de
comer carne de porco, eram facil-
mente identificáveis pelos seus per-
seguidores pelo facto de não fazerem
nem fumarem os habituais enchidos
de porco.
Assim, substituiram a carne de por-
co por uma imensa variedade de
carnes, que incluíam vitela, coelho,
peru, pato galinha e por vezes per-
diz, envolvidos por uma massa de
pão que lhes conferia consistência.
A receita acabaria por se popula-
rizar entre os cristãos, mas estes
juntavam-lhe a omnipresente carne
de porco. Hoje, as mais afamadas
são as de Mirandela, mas por toda a
Year XXX, Number 1082, March 15th, 2010
15 de Março de 2010
Beira Alta e Trás-os-Montes se fa-
zem alheiras artesanais de excelente
qualidade.
Geralmente são fritas em azeite e
servidas com legumes cozidos.
Mas também podem ser estufadas,
depois de envolvidas em couve lom-
barda."
Eu e as alheiras
Quando fomos para Mafra em 1966
cumprir o serviço militar, o almo-
ço às quartas-feiras eram alheiras,
ovos e muito arroz. Como eu nunca
tinha comido alheiras, fazia troca de
alheiras por ovos. E esta mania de
nunca comer alheiras durou cerca de
cinco anos.
Um dia fomos a Lisboa tirar um cur-
so e num dos almoços apresentaram-
nos alheiras. Pensei que já era adulto
bastante para provar uma das delí-
cias da cozinha portuguesa. E assim
aconteceu, e hoje sou um apaixona-
do por elas.
As alheiras que hoje comemos, são
feitas e vendidas por Fernandes Lin-
guiça, de Tracy e também as podem
comprar no Abilio Liquors, de Fre-
mont e no Rosa Trade Rite Market
em San José.
Experimentem e vão adorar.

Tribuna da Saudade
Ferreira Moreno
G N
aspar Frutuoso afian-
çou que a Ilha da Ma-
deira teria recebido
esse nome “por causa
do muito, espesso e grande arvo-
redo que era coberto”. (Saudades
da Terra, Livro II, edição 1998,
página 20). No que diz respeito
aos Açores, “os arvoredos en-
chem com a sua presença todas
as épocas históricas destas ilhas,
constituindo logo de início apre-
ciável, recurso p’ràs necessida-
des e exigências dos primeiros
povoadores”. (Carreiro da Costa,
Etnologia dos Açores, Volume I,
edição 1989).
Veio-me, pois, à ideia encami-
nhar-me pelos dois volumes do
Adagiário Popular Açoriano, de
Armando Cortes Rodrigues, na
busca de adágios associados com
árvores. Imediatamente surge o
conselho: Chega-te, encosta-te e
senta-te ao pé da boa árvore que
de boa sombra te cobrirá. Segui-
damente lê-se: Figueira, a de meu
pai; vinha, a que eu plante. Igual-
mente, figueira seca, meu filho
que a carreie e meu genro que a
fenda.
Lenha de figueira, muito fumo,
pouca madeira. Lenha de loiro
verde, serre meu genro e fenda
meu filho. Lenha verde, não se
queima, nem se acende. Lenha
vozeira, sinal de ventaneira. Fique
a maçã na macieira, não caia nem
apodreça, que atrás virá quem na
mereça. Pequeno machado derru-
ba grande carvalho.
Nascem paus no mato p’ra se-
rem adorados e outros p’ra serem
queimados. Quem racha lenha,
com cavacos apanha.
No livrinho “Adágios portugue-
ses reduzidos a lugares comuns”
(edição 1923), de António Delica-
do, deparei apenas com: Oliveira,
a de meu avô; figueira, a de meu
pai; e vinha, a que eu puser. An-
Árvores e Adágios
tes moreira que amendoeira. Le-
nha de figueira, rija de fumo, fra-
ca de madeira. Seja tua a figueira,
esteja eu à tua beira. Árvore mui-
tas vezes transporta, nem cresce
nem medra.
Encontrei maior número de adá-
gios na terceira edição de “Nova
recolha de provérbios portugue-
ses e outros lugares-comuns”, de
Fernando Ribeiro de Melo.
Assim, castanheiro p’ra plantar,
deve ir na mão; o carvalho às cos-
tas e o sobreiro no carro. Má é a
COLABORAÇÃO
árvore que só dá fruto a poder do
trato. À sombra da nogueira não
te deites a dormir. Alguma hora a
minha pereira terá pêras.
Não pode o carvalho dar morcela,
nem o ulmeiro dar pêras. Amores
de freira, flores de amendoeira,
cedo vêm e pouco duram.
Faz-se o arrocho dum pau direito,
que dum torto está ele feito. De
tal árvore tal fruta, e de tal acha
tal racha. O figo sabe a figueira
e a figueira quer pé na água e
cabeça ao sol. O maior carvalho
sai duma bolota. Mais cresce a
árvore mais sombra dá. Não bus-
ques o figo na ameixoeira. Não há
madeira sem nó. Não há pancada
de vara que amadureça a azeito-
na. Não há madeira tão verde que
não ateie. O pau mais forte não é
o que dá a casca mais depressa.
Pequeno machado derruba gran-
de sobreiro. Ruim árvore nem o
sol a cresta.
Enquanto zoa a carvalheira não
saias da tua fogueira.
Vou agora preencher o resto des-
ta crónica com adágios extraídos
duma enciclopédia de provérbios
mundiais, escritos em inglês e por
mim adaptados em português.
Árvore caída, sombra falida, le-
nha p’rà lareira. Árvore boa pro-
duz sempre boa fruta, dá abrigo
e ninho a mil passarinhos. Maior
é a queda quanto maior
a árvore é. Árvore apo-
drecida curva-se antes
de cair. A árvore dará
fruta embora lhe atirem
pedras. Uma árvore,
muitas vezes transplan-
tada, não crescerá nem
sobrevirá. De boas ra-
ízes crescem boas ár-
vores. Quando secam
as raízes da árvore,
também secam os seus
ramos.
3
unca se transplanta
uma árvore carregada
de fruta, e não se deve
cortar ou abater a ár-
vore que sombra nos dá. Árvore
nova, dobra; árvore velha, que-
bra. Não crescem as árvores que
rebentam. Aonde cai a árvore, aí
fica. Verga-se a árvore ao nosso
gosto só quando nova é. Árvore
morta não produz orvalho.
Não trepes a uma árvore à procu-
ra de peixe, e não cortes uma ár-
vore p’ra apanhar a fruta. Sobe-
se uma árvore de baixo p’ra cima
e não ao contrário.
Quem sacode uma árvore, saco-
de-se a si próprio. Se quiseres
subir a uma árvore, vê primeiro
se dela podes descer. Se tiveres
subido, não te queiras ver caído.
Respeita a árvore que te dá re-
pouso e sombra. Árvore frutífera
e alta com pedradas é alvejada.
O vento agita a árvore altanei-
ra. Não há árvore que não sinta
a força do vento. São as árvores
mais altas aquelas que mais vento
apanham.
Árvores largas crescem devagar,
caem de repente, dão mais som-
bra e menos fruta. Uma árvore
sozinha não faz nem floresta nem
bosque. Pereira espinhosa não
produz pêssegos. Nenhuma ár-
vore cai com o primeiro golpe do
machado. Pela fruta se conhece
a árvore e não pela sua casca. A
árvore com menos do teu tama-
nho carece de sombra bastante.
Árvores que dão flor nem sempre
dão fruta.
Finalmente, no céu não há árvore
mais alta do que a árvore da pa-
ciência!
4 COMUNIDADE 15 de Março de 2010

Não perca a oportunidade de participar

e discutir o fenómeno Espírito Santo
 COLABORAÇÃO 5

Muito Bons Somos Nós

Complexo de inferioridade
Joel Neto
neto.joel@gmail.com

E
screvo-vos no domingo –
e, como tem acontecido
de há tantos domingos
a esta parte, chove co-
piosamente. Alguns acham gra-
ça: dispensados de mergulhar no
trânsito, põem-se à janela a ver a
chuva cair, como se a sua casa, o
seu ecrã plasma e o seu bacalhau
com natas fossem ameias de uma
fortaleza que nada alguma vez
abalará a um domingo. Para mim,
é um pequeno desastre. Este era o
meu domingo: o domingo em que
se disputava um torneio essencial
para a escolha da selecção que
o meu clube de golfe enviará ao
campeonato nacional do meu es-
calão – e, se é verdade que acabei
por jogar os 18 buracos da or-
dem, persuadindo dois mártires
a caminhar comigo sob a chuva
e a trovoada, também o é que a
prova em si foi cancelada e, bem
vistas as coisas, o meu domingo
se estragou.
Às vezes tento explicar a um in-
créu o que é que, no golfe, chega
para arrancar-me da cama a um
domingo de madrugada e fazer-
me enfrentar o frio, o vento, a
chuva e os trovões para percorrer
oito quilómetros a bater com um
pau numa bola. Quase sempre
se riem. Eu digo-lhes: “O golfe
não é só um desporto, mas uma
filosofia.” Falo-lhes da insana
dificuldade do jogo. Falo-lhes
das páginas que Faulkner e Wo-
dehouse e Updike lhe dedicaram.
Falo-lhes do convívio quase re-
ligioso com outros pacientes da
mesma obsessão. Falo-lhes da
perfeição daquele exercício físi-
co, do equilíbrio mental a que ele
nos desafia, das proezas que nele
conseguimos e dos imensos de-
saires que nele experimentamos.
Riem-se. O golfe é um jogo de
velhos, dizem. Um jogo de ricos.
Um jogo de palermas. E eu, para
não erguer as mãos aos céus e pa-
rafrasear o Cristo: “Perdoa-lhes,
Pai, porque não sabem o que di-
zem”, rio-me com eles.
Portanto, não é de literatura que
me socorrerei para explicar-vos
porque é que a candidatura de
Portugal à organização da Ryder
Cup 2018 é, de facto, um impe-
rativo nacional. Socorro-me de
números. Erguida sobre um in-
vestimento infinitamente menor
do que o necessário (por exem-
plo) para um Europeu de Futebol,
a Ryder Cup pode ter um impacte
directo na nossa economia acima
dos 250 milhões de euros (como
aconteceu em 2006, quando se
realizou na Irlanda) e um impac-
te indirecto que pode ir até mil
vezes esse valor. Trata-se, afinal,
do terceiro maior evento despor-
tivo do mundo em termos televi-
sivos, chegando a 180 países – e
é nesses países que quase 1,5 mil
milhões de espectadores se da-
riam conta do milagre que é, em
Outubro, mês em que se disputa
a prova, haver um país ocidental
repleto de campos de golfe belís-
simos, de hotéis fantásticos, de
praias convidativas e, entretanto,
de sol maravilhoso.
Não será fácil. A candidatura da
Holanda parece frágil, mas a Sué-
cia, a Alemanha e a Espanha têm
tradições competitivas com que
não podemos sequer sonhar. Por
outro lado, tanto na Suécia como
na Alemanha já faz frio em Ou-
tubro, o que poderá fazer pender
a balança para os três candidatos
do Sul: França, Espanha e Portu-
gal. A França é um pretendente
fortíssimo: tem bastante tradição
competitiva, tem experiência or-
ganizativa e tem algum sol. Mas,
se o bom tempo for essencial,
como parece que será, Espanha
e Portugal levam vantagem. Ora,
se ambos têm calor e experiência
organizativa,
Espanha já
foi o palco da
única edição
europeia da
prova dispu-
tada fora das
ilhas britâ-
nicas (1997).
Resta Portu-
gal. Proble-
ma: Portugal
é, com Espa-
nha, candida- seria um sucesso. Mas não. Pre-
to à organização do Mundial de ferimos rir-nos de quem gosta de
futebol desse mesmo 2018 – e em golfe, um jogo com 250 anos de
nenhum caso a Ryder Cup Euro- tradição (e, aliás, inventado pelos
pe permitirá que as competições pobres, ao contrário do futebol).
se cruzem. Preferimos interpor providências
É claro que, se Portugal possuís- cautelares para salvar três pinhei-
se um jogador de topo, era mais ros podres (como aconteceu no
fácil fazer vingar a sua candi- Jamor), obstruindo a construção
datura. É claro que, se Portugal de uma infra-estrutura modelar
tivesse mais do que os 20 mil para a formação de jogadores.
golfistas que tem, poderia muito Preferimos mandar fechar um
mais eficazmente obter esse ma- campo de treinos perfeito (como
jor boost para a sua desgraçada aconteceu nas Amoreiras) só
economia. É claro que, se os por- porque não gostamos de ver os
tugueses acompanhassem aquele ricos brincar. Preferimos exercer
que é agora o desporto em mais o nosso velho ressentimento, a
acentuado processo de globali- nossa velha inveja, a nossa velha
zação, era incomparavelmente ignorância. Somos assim.
mais simples provar que qualquer
prova golfística aqui realizada in NS', 07 de Março de 2010

Das relações e ralações

Crónicas Terceirenses

entre Graciosa e Terceira

Victor Rui Dores
victor.dores@sapo.pt

A
s ilhas Terceira e Graciosa sem-
pre estiveram profundamente
ligadas por laços históricos,
afectivos, sócio-económicos,
administrativos e culturais. Por isso mes-
mo, são ilhas irmãs e, para qualquer gra-
ciosense, a ilha Terceira é uma referência
incontornável e permanente.
Nas veias de muitos graciosenses corre
sangue terceirense, pois que alguns dos
homens e mulheres que ajudaram a po-
voar a Graciosa vieram precisamente da
ilha de Jesus. E começa logo por haver
aqui algum complexo de Édipo e algumas
questões freudianas dos graciosenses em
relação aos graciosenses… Só que isto é
uma crónica e a psicanálise não é para aqui
chamada.
Terceirenses e graciosenses têm muito em
comum, em termos de tradições, usos e
costumes. Uns e outros são festivos e fes-
teiros, gostam de toiros e são dionisíacos.
Por outro lado, por mais que se seja uma
Região Autónoma, prevalece ainda nos
Açores a lógica do ex-distrito (Angra do
Heroísmo, no caso vertente). E, sendo as-
sim, as ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge
continuam e continuarão a estar próximas
e imbuídas do mesmo espírito, irmanadas
no mesmo destino colectivo.
Por razões profissionais, andei ultimamen-
te a ler o Cancioneiro Geral dos Açores, de
Armando Côrtes-Rodrigues, e decidi re-
colher algumas quadras que, estando dis-
persas no dito Cancioneiro, agora por mim
reunidas e sequenciadas visam perspec-
tivar a ilha Graciosa na sua relação com
a Terceira. Aliás, o folclore graciosense é
detentor de duas modas que são únicas e
originais no contexto da música tradicional
das restantes ilhas: “José” e “Terceira”.
Em síntese, e sobre a matéria em apreço,
avanço aqui três perspectivas: Na flor da sua idade.
Numa primeira perspectiva, temos a ilha
Terceira encarada pelo graciosense que
ainda não saiu da sua ilha e que fala da
Terceira com algum distanciamento, des-
tacando, com alguma ironia, outros costu-
mes e modos de ser:
A Terceira é boa terra
Dá de comer a quem passa
A quem não trouxer dinheiro
Nem água lhe dão de graça.
A Terceira é boa terra
Ninguém o pode negar
Até a gente de lá
É diferente no falar.
Numa segunda perspectiva, temos a Ter-
ceira como a ilha madrasta, a terra ingrata,
pois era para lá que iam os mancebos gra-
ciosenses cumprir o serviço militar, sinó-
nimo de “ir p´ró Castelo” (fortaleza de S. Para o ver num regimento Quem me dera na Terceira
João Baptista, em Angra do Heroísmo). De Amarrado com correias. Naquelas varandas verdes
tal facto se queixavam, em primeiro lugar, E há o sentimento das namoradas Apanhar cravos e rosas
os próprios soldados: que, permanecendo na Graciosa, Alecrim pelas paredes.
lamentavam a longa ausência dos
Quando cheguei à Terceira seus apaixonados que no “Castelo” Quem me dera na Terceira
Fiquei como a noite escura sobreviviam: Antes que fosse no cais
Ai triste Castelo de Angra Então eu diria
És a minha sepultura. Ó Castelo da Terceira Graciosa nunca mais.
Quem te visse derrubado
A Terceira é boa terra Se tu não fosses Castelo Ontem como hoje, a Graciosa não pode
Embora que alguém se zangue Meu bem não era soldado. passar sem a Terceira, nem esta sem aque-
Eu por ela faço guerra la. E se o desenvolvimento de ambas passa
Derramo todo o meu sangue. Terceira, terra ingrata necessariamente pelo turismo, então estas
Terra das ingratidões duas ilhas terão que se unir cada vez mais,
Ecoavam também queixas das mães dos A alegria tens roubado conjugando vontades e interesses e articu-
soldados, que viam os seus filhos partir e A mais de mil corações. lando políticas e estratégias. Sem nunca
ficavam aflitas: descurar o mais importante: os afectos.
Numa terceira e última perspectiva, temos
Ó Terceira, terra ingrata uma já clara identificação do graciosense
Castelo da falsidade com a ilha Terceira, sentindo ele um dese-
Roubas os filhos às mães jo irreprimível de largar amarras e deixar a
sua Graciosa para fixar residência naquela
Uma mãe que cria um filho ilha vizinha e irmã:
Com sangue nas suas veias
6 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2010

Falecimento Livro de Fotografias sobre o

Margareth Helen Soares
Margaret Helen Soares passed away
peacefully surrounded by her family on
March 8, 2010 at Stanford Hospital. She
was born in South San Francisco on Mar-
ch 28, 1951 to her mother, Virginia, her
best friend and quiet confidant, and fa-
ther Jay. Four years later she became a
big sister to her brother Jay, whom she
always admired for his quick wit, humor,
and intelligence. Together they had many
memories of growing up in San Jose. She
attended Mt. Pleasant High School and
San Jose State University, where she later
earned her teaching credential. This led to
a long career in education, and she taught
at St. John Vianney School in San Jose,
as well as twenty-five years at Our Lady
of Fatima School in Los Banos. Her stu-
dents and their families meant the world
to her, and she truly dedicated her life to
instilling a love of learning in each child.
Their creativeness, humor, hugs, and smi-
les always made her happy and brought
great joy to her life.
Although fifty-eight years seems such a
short time to us, she filled each moment
of her life with joy, generosity, and a love
beyond measure that touched countless
people. She dedicated her life to her fa-
mily, and every day we knew we were
loved. She and Larry were married thirty-
six years, and they were truly the best of
partners. They enjoyed so many memo-
ries together, and supported each other
through the best moments of life and the
challenges they faced, always looking
forward to new adventures and time with
their family. They supported each other’s
interests, and recently they created a be-
autiful garden at their home in Pacific
Grove. She loved to sit there for hours,
reading and meeting new friends as they
walked past, admiring her flowers. Many
things will remind us of her, but no doubt
when we see a beautiful new bloom, or a
butterfly resting on a leaf we will think of
her. She had a stone in her garden, which
she bought as a memorial for her mother
Espírito Santo de Jackson Nichols
words: “A Mother’s Love is for all Sea-
sons”. We know that her love will sustain
her family in each new season through the
years.
She was so proud of her daughter and
son. She jumped at any chance to help
them, from the small moments, to those
that will stand out forever. It was a spe-
cial time in planning Jenny and Tim’s
wedding in Monterey, and she couldn’t
wait to wear all of her USC gear and visit
her son John at college. She would relish
in the daily moments of parenthood too;
from checking John’s term papers to liste-
ning and advising when Jenny would call
so often with questions about parenting.
She loved without condition, and all those
who knew her felt special. She shined in
the presence of others, and loved hearing
their stories and sharing her own.
Margaret had a profoundly positive impact
on her many friends. She loved to share
moments with “the girls” and treasured
their stories, advice, and friendship. She
truly loved and cared for others, and her
thoughtfulness and generous spirit brou-
ght such happiness to the world. She often
sent a card just because she was thinking
of a friend, or wanted to offer a word of
encouragement, or let us know us how
much we meant to her. So often she would
pick up a little treat for her grandchildren,
and the kids would light up to receive so-
mething in the mail, or talk with her on
the phone, and most especially to pick her
up at the airport. She continued to be a
teacher even after retirement, and Erin
soaked up everything grandma taught
her, whether gardening, baking, or their
special trips to the Monterey Bay Aqua-
rium together.
She is preceded in death by her mother,
Virginia Smith and her father, John Wi-
chtendahl. She is survived by her brother
Jay, beloved husband Larry, children
John and Jenny, son-in-law Tim, and her
grandchildren Erin and Jack, whom she
showered with unconditional love. She
was their shining star, and will never be
forgotten. She never failed to make those Como se pode ler neste livro de 80 pá- California State University, Hayward, e
around her feel treasured and unique, and ginas, do fotógrafo free-lancer Jackson precisava das fotografias para ilustrar a
our treasured wife, mother, sister, teacher, Nichols, todas as fotografias, a preto e sua tese.
and friend will be in our hearts forever. branco, foram tiradas durante as festas do É um livro para amantes das nossas Fes-
Sunday evening the Rosary was held at Espírito Santo que ocurrerram entre os tas e o preto e branco dá-lhe um toque de
St. Joseph's Catholic Church at 6 pm. The anos de 1990 e 2009 no Norte e Centro da realismo e de uma outra profundidade ar-
funeral Mass was Monday March 10th.
California. tística.
O autor começou a fotografar as Festas Vale a pena a sua compra.
Tribuna Portuguesa envia sentidas condo-
a pedido de sua esposa que é Portugue-
lências a toda a família Soares.
sa, quando ela estava a completar o seu Os interessados na sua compra podem con-
Mestrado em Antropologioa Cultural na tactar jackson.nichols@comcast.net

O Tribuna dos Leitores

whom she loved so much, and on it are the

A Foto da Quinzena Caro director

Benjamin e Olívia Silveira no Aniversário do Grupo
Infelizmente vou seguir o mesmo caminho
Folclórico Tempos de Outrora, em San José de muitos outros que por aqui tem passa-
do e dado a opinião sobre a direcção que
este jornal tem tomado nos últimos tem-
pos. Vocês parecem mais interessados em
dar opiniões políticas do que divulgar a
cultura e as noticias da nossa comunidade.
Vejo o sr. Borges atacar a cadeia Fox News
que por acaso é a única cadeia de noticiário
que presenta as noticias de ambos os lados.
Vejamos o caso do major Hasan, um belo
exemplo. Por isso quero pedir o anulamen-
to da minha assinatura do "vosso" jornal.
Jornal esse que deixou de servir a nossa
comunidade e passou a servir as ideias e
política da extrema esquerda - sei que
devido á censura praticada por este jornal,
que não vão publicar esta carta, como não
publicaram a carta de 2 de Novembro que
vos tinha enviado.
Nota do editor:
Os "muitos outros" são sómente 2, incluin-
do o Sr. José Pereira.
Em sete anos só nos lembramos de duas
desistências devido a discordâncias políti-
cas, por isso achamos que o uso de "muitos
outros" é super excessivo.
Chamar este jornal comunitário de "ex-
trema esquerda" é desconhecer o espectro
político de qualquer país.
No respeitante ao vosso email (não carta,
como diz) de 2 de Novembro, entendi ser
sómente uma opinião a que não foi pedida
publicação.

José Pereira
San José, Califórnia

Rasgos d’Alma
Luciano Cardoso
lucianoac@comcast.net
C
inco décadas e pique
à superfície da Terra,
quer eu queira quer
não, já me convidam
a olhar para trás com uma certa
melancolia mimoseando recorda-
ções que ficaram para sempre. De
olhos humedecidos, surpreendo-
me, de quando em vez, a revi-
rar com estranha inquietude no
acuculado baú das memórias que
não se apagam.
Cada qual afaga as suas. Umas
fazem-nos rir. Outras dão para
chorar. As melhores, a meu ver,
nem uma coisa nem outra. São as
raras reminescências colectivas
de momentos únicos que quase
se exprimem num fôlego e rema-
tam numa palavra. Às vezes, nem
são precisas quaisquer palavras.
Basta apenas que o retrato não se
tenha estragado.
A imagem ainda está bem clara
na retina de todos aqueles que lá
estiveram. Os que lá nao pude-
ram estar, por sua vez, recordam
com agrado o radiofónico relato
duma cabeçada feliz, um golo
magnífico, que marcou com rego-
zijante euforia toda uma geração
e fez vibrar de entusiasmo a ilha
inteira. Doida pelos seus toiros e
toiradas, a formosa ilha Tercei-
ra devotou em tempos idos uma
especial afeição ao seu futebol e
aos seus futebolistas de eleição.
Alguns fizeram história.
Foi o caso do popular Jorge Lau-
reano. Jogava no Angrense. A ve-
neranda colectividade da Rua de
São João, agora com oito brilhan-
tes décadas de notável actividade
desportiva no seu distinto palma-
rés, merece-nos muito mais do
que uma simples crónica. Esta,
no entanto, não passa duma sin-
gela homenagem que lhe fica
muitíssimo bem.
Quase sempre à sombra do seu
eterno rival da Rua da Sé (S.C.
Lusitânia), o S.C. Angrense sou-
be grangear ao longo do seu rico
historial pergaminhos únicos de
orgulho incontornável.
Por vezes, não é a espetacular
vitória na taça ou o celebrado
triunfo no campeonato que aca-
bam por nos ficar propriamente
na memória. Às vezes, basta-nos
um golo memorável para nos en-
cher as medidas a valer.
Se fosse hoje, aquele soberbo go-
laço do Laureano tinha-lhe vali-
do uma fortuna.
A tarde estava magnífica para a
prática do futebol. O vélhinho
Municipal de Angra, com o impo-
nente Castelo à espreita, rebenta-
va pelas costuras. Impressionan-
te moldura humana preparava-se
para receber em grande o ilustre
visitante que se deslocava de Lis-
boa para cumprir em estranho
arranjo de encarnado compadrio
aquela desnivelada eliminatória
da Taça de Portugal. Era o todo
poderoso Benfica. Trazia a equi-
pa de luxo, com Simões, Eusébio,
Calado, Cavem e companhia.
Impunham respeito e, a sério, até
metiam medo.
O Angrense, porem, não se inti-
mida. Joga em casa e conta com o
“Tractor”, o “Patachão” e, tá cla-
ro, o atrevido Laureano, sempre
COLABORAÇÃO 7
Golo Nostálgico
pronto a fazer
das suas. Toda
a gente está ali
para ver o glo-
rioso Benfica
passear a sua
classe e nin-
guem se atreve
sequer a pensar
que o modesto
Angrense se
possa acercar
com grande
perigo das con-
sagradas redes
adversár ias.
Toda a gente,
não é bem as-
engasga-se. A ilha pasma. O país, final já pouco importava. A festa
sim. O matreiro do Laureano,
incrédulo, rende-se à fibra golea- estava feita. Em si, aquela fantás-
reles rato temido no interior das
dora do primoroso dianteiro local tica cabeçada representava uma
áreas açorianas, bem lá no fundo,
que se atrevera a empatar a par- vitória fenomenal e ficaria para
a jogar no seu pelado, sonha em
tida. sempre retratada a preto e branco
poder marcar.
O fulminante bicampeão euro- na coloridinha história do aguer-
No entanto, mal o árbitro apita, e
peu, acabava de sofrer um cho- rido futebol local.
sem grande surpresa, é o Eusébio
cante golo dos filiados amadores Um momento giro. Um golo nos-
quem marca primeiro. O Benfica
da minúscula Terceira. O jogo talgico. Uma recordação a perpe-
festeja. O Angrense encolhe-se.
nem ia a meio mas o resultado tuar.
A cabazada teme-se. O descala-
bro adivinha-se. Ninguem, mes-
mo ninguem arrisca adivinhar o
surpreendente recorte técnico da
magistral jogada a seguir: o des-
carado Laureano, dando largas a
sua ousada fantasia, esquiva-se
pela esquerda e agiganta-se no ar,
saltando mais alto do que todos,
com o marcante oportunismo que
lhe é peculiar, remata de cabeça
à entrada da área, fazendo com
belo efeito um golão de se lhe
tirar o chapéu. Os companheiros
abraçam-no. O
público deli-
ra. O relatador
8 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2010

Quando o fim Do Vale à Montanha

The Undiscovered se aproxima Sergio Pereira

Island
sergiopereiradvm@hotmail.com

O
Resenha sobre o romance luso-americano The Undiscovered Island, artigo desta edição que muitos dos casos terminais confortáveis e de boa saude, isto
publicado recentemente pelo Center for Portuguese Studies & Culture concentra-se numa não são olhados de uma forma inclui boa nutrição, vacinação
da U-MASS Dartmouth (Portuguese in the Americas Series, 411pp., realidade que para directa e objectiva, mas sim de adequada e de rotina conforto
$25). O autor, Darrell Kastin é descendente de açorianos pelo lado todos nós é dificil. uma forma por vezes egoista e etc. Contudo se tiver que me
materno e natural do sul da Califórnia. Quando falamos de casos termi- descuidada. O que quero dizer deparar com alguma das situ-
nais nos nossos animais sendo com isto é que muitos dos donos ações que referi, irei tomar a
(Esta resenha foi publicada em inglês no periódico Easy Reader, Cali- eles domésticos, de estimacão destes animais acham correcto decisão que for mais adequada
fornia, 13 de Agosto, 2009) ou de produção, há que avaliar prolongar o sofrimento dos seus para o animal. A vida dos ani-
a situação de uma forma objec- animais para que eles assim pos- mais como a nossa é um ciclo,
“Que leitura excelente!” – Gregory Rabassa* tiva e tendo sempre em atenção sam fazer parte de suas vidas por nascem e morrem. Tenham sem-
mais algum tempo. Sei também pre em consideração o bem estar
o melhor para esses mesmos
Com estas palavras, Rabassa conclui o seu comentário sobre este ro- que muitas destas situações são dos vossos animais, e quando for
animais.
mance. Para um verdadeiro céptico, o exagero é tanto uma abomina- resultado do grande afecto que tempo para tomar decisões difí-
Quando falo de casos terminais
ção como um desafio. Mas depois de ter lido The Undiscovered Island nutrem pelos seus animais, o que ceis, procure o seu veterinário e
refiro-me a qualquer doença
(A Ilha Não-Descoberta), este céptico reconhece o facto de ser um dos resulta na decisão de os manter siga os concelhos e indicações
para a qual o tratamento já se te-
raros instantes em que o elogio exagerado foi ainda pequeno. por mais tempo. Nos animais de que este vos der.
nha esgotado. Exemplos destas
Rabassa, há muito admirado pelo seu talento e perspicácia, usou tam- produção temos outra realidade, Se alguém, ao ler este artigo,
são os cancros avançados, insu-
bém a palavra “epopéia” no seu comentário. Depois de uma leitura aqui noto que muitas vezes o so- tiver alguma pergunta sobre o
ficiências renais crónicas e car-
ficamos a ver que o uso desta palavra não foi nem descuido nem de- frimento prolongado de animais que aqui escrevi ou sobre algum
díacas etc. Nestes casos termi-
lusão. Na verdade quero que fique registado que fui dos primeiros a com doenças terminais é resul- caso em particular posso sempre
nais também tenho que incluir
reconhecer este livro como uma obra seminal da literatura do século tado de descuido. Muitas vezes tentar aconselhar ou dar a minha
qualquer trauma ou acidente que
XXI. Certamente que irá inspirar inúmeras investigações doutorais, e deparo-me com situações bár- opinião profissional. Para isso
resulte num prógnóstico grave
será revisitado periódicamente pela crítica literária e pelos estudiosos baras onde o animal se encontra usem o seguinte email: sergio-
onde o tratamento seja duvidoso
de línguas. Mais, acho que também deverá ser minado na perpetuida- a sofrer e onde os cuidados para pereiradvm@hotmail.com.
ou mesmo impossível. Exem-
de por professores da Metafísica. minimizar o seu sofrimento não O próximo artigo será sobre o
plos destes casos são os mem-
É um romance-mistério, de pessoa desaparecida no palco dos Açores. existem ou são inadequados. tratamento que é dado aos bovi-
bros partidos em vacas adultas,
As ilhas, elas próprias, actuam proeminantemente no enredo. Os Casos assim podem resultar em nos nas leitarias e o seu impacto
trauma na zona lumbar de cães
Açores, bem como as personagens humanas bem delineadas, compe- processos criminais e multas na guerra aberta que os defenso-
e gatos que resulta em paralisia
lem e recompensam a atenção do leitor. Sebastião do Canto e Castro pesadas para os que não cum- res dos animais lançaram sobre
dos membors anteriores, etc.
desapareceu durante uma estadia nos Açores. A filha, Julia Castro, prem as regras e não respeitam a industria de animais de produ-
Á medida que o tempo vai pas-
chega para o procurar. Mais tarde, António, seu irmão, junta-se à o sofrimento dos animais. ção e a agricultura em geral.
sando e com a experiência que
busca. Também tenho animais domés- Até lá, fiquem bem.
vou adiquirindo com os diver-
Este é o esquema que Kastin utilizou para erguer um “edifício” que é ticos e de estimação. Tento fa-
sos pacientes que vou traba-
tão verdadeira-mente durável como ricamente adornado. O suspense zer o que posso para os manter
lhando, começo a aperceber-me
mantém-se enquanto a busca de Julia pelo pai desaparecido torna-se
cada vez mais complexa e frustrante. Mas, (outra vez “epopéia”), esta
narrativa compartilha a característica das epopéias antigas, de ser

Lançamento do livro
eclipsada pelo modo como é redigida.
Kastin está atento à interacção do mito e da realidade; das lendas e
do peso misterioso que tem a genealogia. Ele é sensível aos efeitos
que os fenómenos naturais inconcebíveis podem ter sobre a imagina-

"Dos Vulcões dos Açores"

ção. E está aberto ao uso da alucinação como um meio de percepção.
Mais, ele mostra reconhecer o poder que tem a Poesia para iluminar,
motivar e também inebriar. (Um luminoso incidente é a apresentação
de extasiante Poesia Portuguesa). Os poemas actuam como se fossem
glândulas adrenais activas no corpo do texto.
Além do mais, observações, reflexões e divinações sobre os Açores,
por várias figuras históricas e literárias dos últimos 700 anos, servem
para enfocar e dar energia à narrativa, agindo como preâmbulos às
aparições. Finalmente, um componente fascinante do livro é a des-
coberta que Julia faz, em várias ocasiões, de fragmentos da escrita
do pai. Ela examina-os minuciosamente buscando pistas para o seu
paradeiro. Este leitor, por si gostaria de saber muito mais sobre a obra
deste enigmático e secreto mago. Um romance subsequente?
J.B. Kennedy, Easy Reader
* Tradutor das obras de Saramago e de García Márquez entre outros.
Nota do tradutor: O romance encontra-se à venda através da internet
pela Amazon.com e pela distribuidora Small Press Distribution. Mais
informações na página do autor www.darrellkastin.com ou da editora
www.portstudies.umassd.edu
A Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta vatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores,
Delgada, o Observatório Vulcanológico e Geotér- Vítor Hugo Forjaz, é o responsável pela coordena-
mico dos Açores e a editora Publiçor organizam ção desta obra composta por 160 páginas. Este es-
o lançamento do livro Dos Vulcões dos Açores / pecialista defende que o livro que irá ser lançado
From the Azores Volcanoes, da autoria de Victor pretende divulgar o papel da vulcanologia como
Hugo Forjaz, Zilda T. M. França, Jorge M. Tava- uma área muito importante da ciência dos Açores,
res, Luís Miguel Almeida e José António Rodri- uma vez que faz parte da sociedade açoriana, sob
gues, no próximo dia 4 de Março, pelas 18h00, no vários pontos de vista, não podendo ser dissociada
Auditório da Biblioteca, o qual será apresentado da história deste povo.
pelo Prof. Doutor António Manuel B. Machado
Pires. Estará patente ao público uma Mostra Bibliográ-
fica e Documental alusiva à temática do livro a
Antes do encerramento da sessão será exibida lançar, bem como materiais do Vulcão dos Cape-
uma curta-metragem da RTP-Açores, realizada linhos.
pelo jornalista José Serra, intitulada História de
um Vulcão (Capelinhos).
GaCS/SF/BPARPD
Esta obra de cariz científico, acompanhada de
um DVD e em versão bilingue, conta a história
dos Açores do ponto de vista vulcanológico e é a
primeira de uma série temática organizada pela
Publiçor. A história das raízes e evolução destas
ilhas açorianas ao longo dos séculos é relatada
através dos textos do livro, dos modernos mapas
e de uma selecção fotográfica que ficou a cargo de
José António Rodrigues.

O vulcanólogo e presidente da Direcção do Obser-


Sabor Tropical
Elen de Moraes
elendemoraes_rj@globo.com
P
elo dia internacional
da mulher, deduzo que
muitas receberam telefo-
nemas, cartões, e-mails,
flores e até presentes, com votos
de “muitas felicidades” e “para-
béns” pela data. Grande parte das
feministas torce o nariz e afirma
serem machistas tais demonstra-
ções. Procuro respostas que me
surpreendam, satisfatoriamente,
e me dêem o significado desse
cumprimento e chego à conclu-
são que elas são desencontradas
e que cada pessoa tem a sua pró-
pria explicação ou rejeição.
Quanto a mim, acho que a feli-
cidade, em questão, está em ser
lembrada, quer seja no dia dos
nossos anos, no dia das mães, no
dia dos namorados ou no dia da
mulher e, aqui, tanto faz se pelas
justas reivindicações femininas
por melhores salários, pela igual-
dade de direitos no trabalho, na
sociedade, etc., ou ser festejada,
simplesmente, só por ser mulher.
Penso que bem pior seria se nin-
guém desse importância ao acon-
tecimento e o dia passasse como
outro qualquer.
Há mulheres que não gostam des-
se dia, abominam a sua criação e
acham-no dispensável por acre-
ditarem que acirra muito mais a
discriminação contra a mulher
do que traz maiores benefícios.
Outras temem que ele se torne,
num futuro bem próximo, uma
boa desculpa para o comércio
faturar mais alto e há, ainda, as
que o rejeitam sob o pretexto de
que dia da mulher são os 365 dias
do ano.
Todas têm lá as suas razões: tanto
devemos festejá-lo, como ter em
mente que ele significa que a luta
é contínua. E não devemos nos
esquecer que há menos de um
século não tínhamos o direito ao
voto; que durante muitos séculos
COLABORAÇÃO 9
Simplesmente Mulher!
fomos consideradas úteis só para amada e nesse gesto leio todas não quero e não vou separar uma da outra.
procriar; que muitas mulheres as palavras ditas sem palavras e
abdicam da vida, dos estudos, não me perco em considerações
de uma carreira, para trabalhar e se elas me foram ofertadas des- Simplesmente mulher.
sustentar os filhos, quando aban- necessariamente ou carentes de Elen de Moraes
donada e sem assistência do ma- sentido, no dia em que se come-
rido ou do namorado; que ainda mora o dia da mulher.
Podes não ser a esposa mais perfeita,
hoje há mães que educam a me- Não empunho armas nessa
nina para ser submissa e o meni- “guerra dos sexos” e há algum A amante felina, bela e charmosa,
no para mandar; que a violência tempo decidi não levar em conta Namorada na medida... E gostosa!
dentro do lar, contra a mulher, é o preconceito e a crítica, femini- Fêmea sensual que ao seu homem deleita...
uma realidade da qual nem sem- na ou masculina, de quem vê um Podes não ter perfil que se receita
pre se consegue fugir e elas são ato nobre de deferência e carinho, Para ser mãe ou avó amorosa,
espancadas, assassinadas, sem aqui, no caso, as flores e os “pa- A irmã presente, a amiga preciosa,
que haja consideráveis modifica- rabéns”, com a força das aparên- Podes não ser filha que se sujeita...
ções nas leis que punem os agres- cias, com olhos racionais ou com Que importa?! És valiosa obra de arte!
sores e assassinos (no Brsil). as frias lentes da indiferença. Eu Jóia invulgar que todos querem ter,
Sabemos que homens e mulheres mesma resolvi passar por cima
Rara flor que muitos querem colher...
são diferentes e essa diferença se da minha própria resistência para
acentua à medida que os pais se abordar um tema tão delicado e
mostrem mais ou menos conser- colocar-me feminista sem radica- Anjo guardião que está em toda a parte,
vadores. Como somos produtos lismos, ao exigir meus direitos de Luz que a estrada de todos alumia.
do meio onde vivemos, é claro cidadã e sem, no entanto, renun- Simplesmente Mulher... E poesia!
que a educação recebida nos mos- ciar à minha condição feminina
tra a forma de ver o mundo. Por de mulher e mãe, pois não posso,
isso, já disse e repito que está em
nossas mãos mudar esse conceito
machista de ver a mulher como
ser frágil e inferior, de pouca in-
teligência.
Não diminui o valor da nossa
luta, tampouco a desmerece,
nem nos faz omissas em relação
à violência contra a mulher, se
aceitarmos os parabéns pelo nos-
so dia, os votos de felicidades ou
um belo buquê de rosas verme-
lhas, embora haja feministas que
nos aconselham a não recebê-las,
para não desvirtuar o sentido das
comemorações.
Sei perfeitamente que os homens
não as mandam por causa das
nossas vitórias ou derrotas nas
lutas pelos nossos direitos, pelas
nossas reivindicações ou pela de-
sigualdade que há entre homens e
mulheres e, sim, por delicadeza,
pela data em si, por nos valorizar
e pela mulher que somos. Con-
fesso que as flores me fazem sen-
tir mais feminina, delicada, so-
nhadora, importante, admirada,
10 COLABORAÇÃO 15 de Março de 2010

Reflexos do Dia–a–Dia
Diniz Borges
d.borges@comcast.net
N
o dia 18 de Feverei- mundo, as televisões e as pró-
ro de 2010, Joseph prias entidades governamentais,
Andrew Stack, de 53 recusaram etiquetá-la como: um
anos de idade, ateou acto de terrorismo. O jornal New
fogo à sua própria casa, dirigiu- York Times, numa análise feita
se a um pequeno aeródromo na ao evento, insiste em que apesar
cidade onde vivia, Austin, no es- da recusa oficial e pela parte de
tado de Texas, entrou numa avio- alguns órgãos da comunicação,
neta, que alguns minutos depois este horrível incidente, tem todas
de descolar, despenhou contra as nuances clássicas da definição
um edifício de sete andares onde oficial do que é um acto de terro-
Há Terroristas e
há terroristas!
de violência contra o ocidente,
ou ainda mais especificamente,
contra os Estados Unidos. Daí a
confusão e a dúvida que domina-
ram as notícias e as análises na
comunicação social sobre se um
homem que executou um clássico
acto de terrorismo deveria ser ou
não chamado um terrorista. Mas
como insistiu a Fox News, "este
não é, no sentido mais abrangente
da porque as mesmas estão a pro-
vocar violência no mundo árabe,
essa pessoa é qualificada como
um terrorista que merece ser
assassinada. Quando as forças
militares americanas invadem e
ocupam um país muçulmano e
os seus residentes muçulmanos
que não concordam com a inva-
são atacam as forças invasoras,
também são classificados como
mais do que claro que a palavra
terrorista está despejada de qual-
quer verdadeiro sentido e tem
apenas um único propósito: o
demonismo dos muçulmanos.
Daí que não se pode subestimar
a importância semântica deste
termo porque como se sabe, o
terrorismo, e o termo terrorista
em particular, têm sido parte in-
tegrante do discurso e do debate

estão instalados os serviços das
finanças daquela região, o IRS.
Fê-lo, segundo escreveu num blo-
gue publicado na Internet, para
protestar contra a carga fiscal
americana. O seu manifesto de
suicídio, está repleto de elemen-
tos anti-governativos contidos no
novo "Tea Party"(movimento da
extrema direita americana) assim
como alguns princípios da ex-
trema-esquerda populista. Tudo
isto entrelaçado com o raciocínio
de que só a violência poderá pro-
testar contra as injustiças gover-
namentais: "Finalmente, estou
pronto para acabar com esta lou-
cura", escreveu Stack, que acres-
centa: "Bom, 'homem do fraque',
vamos tentar algo diferente; fica
com a pouca carne que me resta e
dorme bem". Mas este não é um
acto de terrorismo!
Logo que a notícia circulou o
rismo. Houve até quem comen-
tasse que não é um acto de ter-
rorismo porque o perpetrador foi
"um cidadão americano." Aliás,
na Fox News um analista disse
que talvez pudesse ser visto como
um acto de terrorismo, mas não
"terrorismo com o T maiúsculo."
Perguntem às vitimas e às famí-
lias dos que pareceram se a letra
maiúscula faz alguma diferença.
Toda a discussão e a fuga ao ter-
mo, vem-nos mostrar, ainda mais
uma vez, que Terrorismo é simul-
taneamente a palavra mais exígua
e mais manipulada no léxico po-
lítico norte-americano. O termo
tem cada vez menos relação com
a natureza do acto e cada vez
mais com a identidade do actor,
particularmente com a sua identi-
dade religiosa. O termo está cada
vez mais circunscrito a um mu-
çulmano que incremente um acto
da palavra, aquilo que nós enten-
demos como um acto de terroris-
mo...um acto de terrorismo com
T maiúsculo." Claro que é mais
do que óbvio a insinuação de que
quem comete um acto de terro-
rismo com "T maiúsculo" nunca
poderá chamar-se Joseph Stack.
Em claro contraste com a rejei-
ção colectiva de classificar Stack
como um terrorista, está a faci-
lidade com que se cataloga todo
e qualquer acto de violência de
extremistas muçulmanos como
puro terrorismo. Quando um
americano muçulmano assaltou
uma base militar que estava pres-
tes a enviar mais soldados para a
guerra, foi, imediatamente, e sem
qualquer contestação, apelidado
de terrorista. Quando um ame-
ricano de origem muçulmana diz
que a violência contra as forças
militares americanas é justifica-
N
terroristas. político nos Estados Unidos. Fo-
ão deixa de ser inte- ram, desde o 11 de Setembro de
ressante que quando 2001, e durante os últimos sete
um muçulmano as- anos da administração de Geor-
salta alvos militares, ge W. Bush, os termos que jus-
mesmo em zonas de guerra, e tificaram algumas das maiores
mesmo no seus próprio país, é, atrocidades políticas e humanas
imediatamente, cognominado de dos últimos tempos, desde as in-
Terrorista. Porém, quando um vasões à tortura, desde a suspen-
homem que não é árabe, nem são de algumas liberdades cívi-
cas à instalação de comissões e
muçulmano, despenha um avião
tribunais militares.
contra um edifício do governo
Há que ter a coragem de se abolir
federal para tentar avançar as
o termo porque, como facilmen-
suas crenças políticas não é um
te se entende, está a ser usado
terrorista. Nem quando cristãos
com dois pesos e duas medidas.
protestam contra as clínicas que
E toda a gente perde com tal du-
praticam abortos e acabam por as-
plicidade.
sassinar médicos ou enfermeiros,
esses também não são terroristas.
Nem tão pouco quando as forças
armadas dos aliados matam 14
civis inocentes, como aconteceu
recentemente no Afeganistão. É

São Roque - exemplo de hu-

Memorandum
João-Luís de Medeiros
jlmedeiros@aol.com mildade com cara de gente
Em memória de sócio-religioso que seduziu o coração e a um dos mais antigos centros universitários samente, há uma outra localidade italiana
Raul A. Medeiros mente do jovem Roque, filho do governa- da europa (1220). Mais tarde, a história re- onde a memória do santo continua acesa:
(... valente soldado do Cristianismo) dor da cidade de Montpellier, cuja esposa gista a presença académica de humanistas refiro-me a Casamassima, ali mesmo no

T
ivemos boa sorte, Raul: assim que
nossa saudosa tia Terezinha “par-
teira” aplicava a meiga ‘palmada’
para nos facilitar a entrada no re-
creio travesso do mundo dos vivos, a nossa
freguesia ficava com mais um herdeiro ao
era muito atreita ao sentimento da humil-
dade cristã.
Naquele tempo (estamos a imaginar, por
volta de 1370) havia grandes epidemias a
dizimar a população europeia. O jovem
Roque não vivia preocupado com a sua
própria protecção física, pelo que acabou
de renome oriundos daquele centro, nome-
adamente, Francesco Petrarca, François
Rabelais, Paul Valéry... (imagino que algus
dos eventuais leitores tenham tido acesso
às palavras de Rabelais, proferidas nos
derramentos momentos de vida: “ ... vou
partir em busca dum grande Talvez!” )
sul, no “calcanhar” da península italiana...
Para visitar São Roque (micaelense) e
apreciar a benigna rusticidade da imagem
venerada pela simplicidade sócio-religiosa
da comunidade local, bastaria um passeio
familiar pela avenida litoral recentemente
inaugurada (que um dia há-de ser “Aveni-

património das suas tradições multicente-
nárias. Mais tarde, ao atingirmos a idade
do “uso da razão”, o grupo da catequese
crescia, as coroações tinham mais um “an-
jinho” a desfilar ao lado da coroa; e, já em
plena adolescência, o cortejo processional
em honra de São Roque podia contar com
mais uma presença disfarçada pela opa
vermelha que emprestada uniformidade
social à desigualdade consuetudinária dos
participantes.
Até começos da década de 60, o saudoso ti
Jaquim Dias era o cavalheiro que cuidava
do “banho geral” às imagens alojadas na
igreja paroquial (à excepção daquela ain-
da hoje consagrada à Senhora de Fátima,
encimada por uma coroa doirada, oferta
da família de sô Hermanino de Sousa). A
imagem de São Roque, mais difícil de ma-
nejar devido à rústica imponência da sua
estatura, era tratada com genuina devo-
ção pela equipa encarregada da tarefa de
proteger as cores originais, sem magoar o
cãozinho, leal companheiro durante a cur-
ta vida do santo...
Mas, afinal, quem foi São Roque? Sabe-
mos pouco, para além de que a sua vida
continua a ser uma vénia humana à Perfei-
ção. Somos informados de que os italianos
são muito devotos de S. Rocco; na escócia,
chamam-lhe St. Rollock; em latin, o seu
nome aparece escrito Rochus... Não vamos
gastar o vosso tempo com exercícios de
‘comparative linguistics’. O que interessa
é aderir à aprendizagem do “chamamento”
contaminado pela lepra e outras mazelas
endémicas da época medieval. Na sua
azáfama de acudir aos doentes e ajudar fa-
mílias carecidas, consta que aconteceram
fenómenos depressa associados com pa-
recenças de milagres, cujas ressonâncias
santimoniais começaram a ser ventiladas,
com compreensível emotividade, pelas po-
pulações rurais franco-italianas...
Considero não ser oportuno poluir a fé dos
admiradores de S. Roque com as conclu-
sões do recente simpósio (2004) realizado
em Pádua, no qual o investigador belga
Pierre Bolle defende a tese de que são Ro-
que (1348-1376) veio reforçar o eco espiri-
tual que já vinha em trânsito na memória
colectiva popular (1295-1327). Prefiro op-
tar pelas fontes históricas que atestam que
são Roque morreu aos 28 anos, em 1376
(Voghera, Itália), após cinco anos de ca-
tiveiro. O seu corpo terá sido identificado
devido à marca duma cruz vermelha gra-
vada no lado esquerdo do peito.
Para além da autenticidade história dos fac-
tos alusivos à vida e morte do jovem- santo
francês, o que mais interessa apreciar é a
longevidade e a intensidade da credibili-
dade do seu exemplo de vida. Conviria tal-
vez proporcionar aos paroquianos de são
Roque um panorama simplificado de Mon-
tpellier, berço natal do “nosso” São Ro-
que, já lá vão cerca de sete séculos. Poucos
anos após o reconhecimento papal da in-
dependência do reino de Portugal (1143), a
cidade francesa de Montpellier viria a ser
M
da Prior do Crato”!), que vai do canto dos
as vamos adiante. Afinal, Prestes até à prainha do Poço Velho, onde
que dom especial (divino?) antigamente a rapaziada local começava
terá sido conferido ao exem- a nadar antes de saber andar. Pela minha
plo de São Roque para o parte, espero este ano estreitar as 6.000
transformar numa referência multicultural milhas da distância que nos separa...
celebrada nas mais remotas parcelas do
planeta, tais como França, Itália, Espanha, PS - ... no olhar saudoso da familia Medei-
Escócia, Estados Unidos, Canadá, Brasil, ros, a procissão do próximo 15 de Agosto
vai parecer mais curta pela ausência eter-
Filipinas... sem esquecer Portugal e res-
na do nosso irmãol. Diria que o reencontro
pectivas regiões autónomas dos Açores e
do Raul com são Roque não vai ser difícil:
da Madeira?
o santo tem uma cruz vermelha no lado
Não sei. Mas desde rapaz trago no peito
esquerdo do peito e uma ferida histórica
um pressentimento muito “tocante” que
no joelho; o Raul partiu com a alma intei-
me fala da valentia sócio-religiosa de um
ra, embora a sua perna e ferida ficassem
jovem herdeiro, filho único, que optou por
atrás... na ânsia de partir mas ficar à mesa
colocar o bem-comum à frente do próprio
da boa-memória da Amizade...
bem-estar. São Roque não foi teólogo aca-
démico ou um geógrafo-jesuita interessa-
do no estudo das auto-estradas do céu; São
Roque não distribuiu a sua fortuna pelos
pobres para ser idolatrado como líder co-
munitário; nem sequer suspeitou que o seu
corpo haveria de ser um dia transladado
para Veneza (1485)... onde ainda pode ser
venerado num túmulo de vidro, numa igre-
ja daquela cidade italiana. Numa palavra,
S.Roque foi um humanista cristão. Curio-
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Temas de Agropecuária
Egídio Almeida
egidioisilda@charter.net
As iniciativas mais antigas so-
bre os programas da Agrope-
cuária foram um mapa geral
da indústria que ainda hoje
nos dão razões para meditar.
C
om a recém-formada
"Dairy Industry Advi-
sory Committee", do
Secretario da Agricul-
tura no horizonte, faz-nos pensar
na "National Commission on Dai-
ry Policy" estabelecida pela pro-
posta Lei da Agricultura de 1985.
Este grupo de 18 personalidades
ligados à industria de lacticínios,
reuniram-se por sete meses con-
secutivos em Washington D.C.,
escutaram 250 testemunhas em
10 audiências em volta da Nação
e criaram uma declaração final
com 158 páginas.
Nós não podemos afirmar cate-
góricamente que esta comissão
desenhou um novo rumo para a
industria de lacticínios, mas por
certo levaram a sua missão mui-
to a sério. Eis alguns dos pontos
ainda hoje visíveis.
A comissão recomendou que
a indústria teria que procurar
um caminho com orientação no
mercado, de oferta e procura, o
que não é surpreendente. O Pre-
sidente Reagan estava na Casa
Branca e John Blok era o Secre-
tário da Agricultura, no entanto
esta Comissão reconheceu que
Aniversário da Banda
Portuguesa de San José
Homenagem de despedida a dois grandes músicos - Gil Nunes e Gilberto Nunes
Banda Portuguesa de San José com o Mestre Joe Amaral. Ler mais na página 19
os mercados nem sempre dão o
devido valor aos produtores, e
recomendaram que os preços mí-
nimos fossem levantados usando
uma fórmula económica, tendo
em conta entre outros factores, o
custo de produção e o poder de
compra do consumidor.
Ainda mais recomendaram uma
plataforma pronta para acção
sempre que a produção excedesse
a demanda o equivalente de 1.7%
ou mais. Não esquecer que estas
recomendações foram imediata-
mente após o famosíssimo "1985
whole herd buyout" financiado
pela industria, com a participarão
do Governo Federal.
Controles dos custos de produção
seriam pagos pelos produtores, e
haveria custos adicio-
nais para processar e
comercializar exces-
sos de leite para man-
ter o preço mínimo
de $10.33 cwt, que é
económicamente su-
perior ao presente, 25
E
anos mais tarde.
sta comis-
são viu ain-
da a neces-
sidade de
abreviar o processo
de audiências nas Or-
dens Federais, e ain-
da outras recomenda-
ções de teor idêntico,
com a finalidade de
COLABORAÇÃO 11
Ainda hoje persistem
problemas de há 25 anos
criar um clima económico no
Grande Noite
qual as famílias agrícolas pudes-
sem sobreviver económicamente
e moralmente, recomendando
de Fados
ainda que o Governo Federal não
utilizasse o tamanho dos negó-
cios individuais como guia de
classificação para implementar
os seus programas.
Muitas destas recomendações fo-
ram rápidamente esquecidas ou
precáriamente implementadas, e
para muitos os problemas de há
Anita Guerreiro
e Chico Avila
25 anos persistem e infelizmen-
te os baixos preços do leite tam-
bém.
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12 COLABORAÇÃO
Perspectivas
Fernando M. Soares Silva
fmssilva@yahoo.com
N
a sua quase totalidade, as
muitas e diversas invenções,
descobertas, e inovações que,
através dos séculos, têm ocor-
rido em esferas de especial importância e
interesse para a Humanidade, --- tais como
o vasto mundo das ciências, os complexos
industriais e tecnológicos, as arrojadas
criações da arquitectura e da engenharia,
os eficientes e dinâmicos sistemas sociais
e económicos, e outras áreas relevantes à
contínua afirmação do espírito e da dig-
nidade humana,---, todas elas, têm sido
o resultado dos cumulativos esforços, da
inspiração, da férrea persistência e da in-
teligente determinação de muitos seres hu-
manos que não hesitaram em sonhar por
um mundo melhor e por uma Humanidade
mais progressiva.
A invenção da RÁDIO, ou radiotelefonia
como era então conhecida, não foi obra
de um feliz acaso, ou o feito notável de só
um ser humano. Na realidade, ela baseou-
se em duas invenções anteriores, isto é,
no advento do TEÉGRAFOA (inventado
em 1837 por Samuel F. B. Morse (1791-
1872), e no invento do TELEFONE (cria-
do em 1876 por Alexander Graham Bell,
(1847-1922). Estas três grandes descober-
tas fundamentaram-se na descoberta e no
desenvolvimento das “ondas electromag-
néticas”.
A Rádio evoluiu, desenvolveu-se e atingiu
proporções anteriormente inimagináveis,
podendo actualmente transmitir e receber
uma quase infinidade de sons e comunica-
ções de toda a espécie.
O conceito de “ondas electromagnéticas”
e a sua ampliada aplicação a novas tec-
nologias de manifesta utilidade humana,
expandiu o mundo de telecomunicações e
as próprias tecnologias de rádio- comuni-
cação através do universo.
Como ilustração destes pontos, bastará
salientar que estações e aparelhos de rá-
dio, microondas, telemóveis, aparelhos de
controlo remoto, bem como estações tele-
visivas e televisores, e até mesmo muitos
brinquedos para crianças (de quase todas
as idades...) operam mercê de ondas elec-
tromagnéticas,.
ESPECIFICAMENTE, O QUE
É A RÁDIO?
O termo “rádio” foi usado para significar
transmissão sem fios. Derivada da pala-
vra “radiocondutor” cunhada pelo fisicista
francês Édouard Brandy, em 1897, a desig-
nação “rádio” foi popularizada mais tarde,
em 1944, pelo publicista Waldo Warre.
Etimologicamente, a palavra “rádio” é,
na realidade, proveniente do vocábulo la-
tino “radius”, cujo significado primário é
“raio”, (como em “raio de luz”. ou o “raio”
de uma roda de bicicleta).
Eventualmente, a Marinha dos EUA adop-
tou o termo Radio que se tornou comum
com as primeiras emissões comerciais ra-
diofónicas na década de 1920.
O significado de “rádio” é muito mais
amplo e complexo do que, simplesmente,
“aparelho de sons radiofónicos, ou sistema
de emissão e transmissão de sons, utilizan-
do as propriedades das ondas hertzianas”.
Segundo “Dictionary of Electronics” de
Rudolf F, Graf (1974), “Rádio” é transmis-
são (e recepção) do sinais mediante a mo-
dulação de ondas electromagnéticas em
“frequências” abaixo de luzes visíveis. As
radiações electromagnéticas são emitidas
por meio de oscilantes campos electro-
magnéticos que “passam” pelo ar e através
do vácuo espacial.
Quem inventou a Rádio?
A informação a emitir é transportada por
modulações ou mudanças sistemáticas nas
ondas radiadas, isto é, especificadas am-
plitudes, frequências ou fases. Quando as
ondas radiadas passam por um condutor
eléctrico, os campos oscilantes, ou modu-
lações, induzem uma corrente alternada
no condutor, a qual é detectada e transfor-
mada em sons ou outros sinais consoante
a informação.
O âmbito das radiofrequências é variável e
estende-se desde poucas dezenas de hertz
até 300 gigahertz. Mas há tipos de radia-
ção electromagnética com radiofrequên-
cias superiores; entre estes incluem-se as
microondas, as ondas infravermelhas, as
ondas ultravioletas, os raio-X, e os raios
gama.
EVOLUÇÃO DE OBJECTIVOS
E PROCESSOS RADIAIS
A industria da rádio e os processos de im-
plementação dos seus numerosos, diversos
e sempre crescentes objectivos têm evo-
luído muito ao longo da sua existência de
mais de 100 anos. Enorme é a variedade
dos processos e métodos actualmente uti-
lizados nos diferentes e altamente sofisti-
cados meios e sistemas de informação e
comunicação espalhados por todo o mun-
do.
Basicamente, um sistema radial inclui
um transmissor que contém uma fonte de
energia eléctrica produtora de corrente
alternada de especificada modulação ou
frequência. O sistema de modulação do
transmissor transforma a energia produ-
zida e imprime-lhe um específico sinal,
tal como simplesmente ligar ou desligar o
transmissor, ou estabelecer a desejada am-
plitude, frequência ou fase, ou uma combi-
nação destes sinais.
O transmissor emite então a modula-
da energia eléctrica a uma sintonizada e
ressonante antena que, imediatamente,
converte as alternantes ou alternadas cor-
rentes em ondas electromagnéticas. Estas
então atravessam e difundem-se no es-
pecificado espaço quer directamente ou
mediante percursos alterados por reflexão,
refracção, ou difracção.
A intensidade das ondas electromagnéticas
pode ser diminuída por dispersões geomé-
tricas, sendo também a energia reduzida ou
parcialmente absorvida por intervenientes
obstáculos ou mediums. Geralmente, ru-
ídos ou intervenientes sons derivados de
causas naturais ou artificiais (tais como os
provenientes de outros transmissores e de
outros aparelhos) podem interferir com si-
nais electromagnéticos, alterando-os. Se a
magnitude do ruído é considerável, o sinal
emitido poderá ficar indiscernível, limi-
tando assim a sua progressão e o alcance
ulterior da comunicação..
Os antigos sistemas da rádio dependiam
exclusivamente da energia colectada pela
antena para produzirem sinais para o ope-
rador. Mas a radio evoluiu e tornou-se
msid prática após a invenção de dispositi-
vos electrónicos tais como o transistor que
tornou possivel amplificar sinais fracos ou
quase imperceptíveis. Os transistores fo-
ram introduzidos em 1960 pela corpora-
ção SONY.
Actualmente, sistemas radiais são usados
em muitas e variadas aplicações desde
walkie-talkies para crianças até ao contro-
lo de veículos espaciais, bem como para
uma vasta profusão de sistemas de radio-
difusão, e muitas outras coisas.
CONJUGAÇÃO DOS
ESFORÇOS DE MUITOS
O âmbito inicial da “rádio” evoluiu e cres-
ceu em paralelo com a profusão de con-
tínuas inovações e com o enorme desen-
volvimento verificado nas várias áreas da
radiodifusão, isto é, na formulação e na
experimentação das ondas electromag-
néticas; no desenvolvimento técnico das
comunicações “wireless” (“sem fios”); e
nas fases de implementação comercial da
radiocomunicação.
Varios foram os inovadores e os funda-
mentais obreiros da concretização dos
sonhos de mais e melhor no mundo das
radiocomunicações. Inventores, inova-
dores, engenheiros e empresários, todos
eles contribuíram para a expansão e para
o prodigioso desenvolvimento da indústria
de radiocomunicações através do mundo.
A primeira definição da “radio” ultrapas-
sou os seus exíguos limites originais e o
seu significado tem aumentado pratica-
mente desde o seu início, quando a inven-
ção não transmitia sons ou comunicações
verbais, mas estava limitada à função de
“telegrafia sem fios”, que perdurou duran-
te várias décadas.
Como já se salientou aqui, a invenção da
“rádio” não foi o resultado da inspiração e
dos esforços de uma só pessoa, mas, sim,
a conjugação e a culminação dos estudos
e das experiências de vários cientistas, que
individualmente se dedicaram à inovação
de diversas áreas e aspectos da radiação
electromagnética e das ondas radiais, es-
pecialmente durante o findar do século
XIX e na aurora do século XX.
Muitos foram os pioneiros e inovadores
das novas ciências radiais. Para esclareci-
mento do leitor, segue-se agora uma lista
dos que, de uma forma ou outra, são con-
siderados mais basilares e têm recebido
maior notoriedade através dos anos.
J
AMES CLERK MAXWELL
--- (1831-1879) --- Também conhe-
cido pelas suas inovadoras teorias
fisicistas, e pelos seus conceitos de
gases e de mecânicas quânticas, este cien-
tista escocês, pioneiro das ciências elec-
tromagnéticas, celebrizou-se, sobretudo
durante a década de 1860, pelos suas “pro-
féticas” conjecturas e previsões do que se
tornaria o fundamento de todas as pesqui-
sas e estudos em radiodifusão, isto é, que
as ondas electromagnéticas poderiam ser
manipuladas e convertidas em meios de
transmissão de sons.
MAHON LOOMIS --- (1826-1886) ---
Quase 10 ano mais tarde, embora não liga-
do directamente à radiodifusão, este cien-
tista e dentista anglo-norte-americano, foi
o primeiro a transmitir a primeira mensa-
gem telegráfica “sem fios” , demonstran-
do e provando assim a validade da teoria
15 de Março de 2010
do uso de ondas electromagnéticas como
meio de transmissão de informação, con-
forme James Clerk Maxwell havia previs-
to. Assim mais um passo gigantesco se deu
na implementação e no avanço da radiodi-
fusão. Pouco após este evento, a telegrafia
“sem fios” começou a ser substituída por
comunicações orais transmitidas pela rá-
dio.
DAVID EDWARD HUGHES --- ( 1831-
1900) -- Na década de 1870, outro grande
passo foi dado em radiotecnologia com as
invenções deste cientista e filósofo, natu-
ral de Londres, Inglaterra, e reconhecido
co-inventor do “carbon” microfonico, es-
sencial para o desenvolvimento do telefo-
ne. David Edward Hughes também criou o
primeiro sistema de transmissão por indu-
ção. Esta nova técnica permitiu a recepção
e a transmissão do código Morse mediante
a utilização do que mais tarde seria cha-
mado ondas hertzianas.
THOMAS EDISON --- (1847-1931) ---
Este famoso cientista norte-americano, um
dos mais prolíficos e importantes invento-
res do século XIX, --- inventor da lâmpada
eléctrica incandescente, e de grandes ino-
vações em fotografia, e em filmologia,---
começou a fazer experiências, na década
de 1880, com um magnete vibrante como
transmissor e receptor de transmissões in-
dutivas segundo as técnicas de Hughes.
Após uns anos de varias tentativas, as suas
experiências foram frutíferas quando, fi-
nalmente, ele conseguiu instalar um semá-
foro “wireless” numa estação ferroviária.
Note-se que vários desses e outros expe-
rimentos de Edison foram formulados por
sofisticados peritos empregados e por ele
agrupados nos seus laboratórios de Menlo
Park, na Califórnia.
Notam os historiadores (“Edison, his life
and inventions” --- Frank Lewis Dyer,
Thomas Commerford Martin) que Edison
lhes deu pleno crédito pelos seus planos e
inovações, tendo sido as respectivas paten-
tes registadas nos nomes desses dedicados
cientistas.
TEMISTOCLE CALZECCHI ONESTI
--- (1853- 1922) --- Este fisicista e inventor,
nascido em Lapedona, na Itália, demons-
trou, numa série de experimentos realiza-
dos desde 1884 até 1886, que filamentos
de aço contidos num tubo apropriada-
mente insulado podem ser condutores de
correntes eléctricas sob a acção de ondas
electromagnéticas. Esta descoberta foi de
grande importância nas subsequentes ex-
periências de vários cientistas, tais como
Guglielmo Marconi.
(conclui na nossa próxima edição)
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14 PATROCINADORES 15 de Março de 2010
 COMUNIDADE 15

Portuguese Youth Day in Berkeley

Os Professores de Português Dinis Borges (Tulare) e José Luís da Silva

(San José) até prometeram comer cravos se o Dia da Juventude fosse
um sucesso. E foi. Cantou-se "Grândola Vila Morena", de José Afonso
e "O Povo Unido Nunca Mais Será Vencido".
Teve uma certa piada celebrar numa Universidade Americana o 25
de Abril um mês e meio antes da data mais importante do Portugal
Moderno. Dançou-se também modas folclóricas das nossas Ilhas, com
os Grupos das Escolas de Tulare e de San José
16 COMUNIDADE
Estes sete alunos de Português da Universidade da California, Berkeley, recitaram poesia
portuguesa depois do almoço de Sábado.
O Cônsul de Portugal António Costa Moura e Esposa Sónia, ofereceram uma Recepção na
Sexta-feira, dia 12 de Março, a todos os participantes da Conferência da Lusa-American
Education Foundation e a outras pessoas de relevo na nossa Comunidade.
As palestras sobre a implementação da República em Portugal foram sempres seguidas
com muita atenção, porque o tema foi mesmo fascinante.
15 de Março de 2010
O Dia da Juventude começou com uma visita ao Campus da Universidade da Califor-
nia, Berkeley.
Cerca do meio-dia celebrou-se o 25 de Abril com canções alusivas e depois dançou-se
folclore das nossas Ilhas.
A seguir ao almoço, os jovens estudantes visitaram a Exposição Comemorativa dos
100 anos da República Portuguesas na Biblioteca Bancroft.
Seguiu-se o "Enrollment & Financial Aid Workshop", acabando o dia com encontros
dos Clubes Portugueses presentes em Berkeley. Foi um dia importante para todos.
Material escolar apresentado no "Portuguese Teachers' Workshop"
 COMUNIDADE 17

Conferencistas: o sucesso da República

Richard Herr, Universidade da California, Berkeley Susana Goulart Costa, Universidade dos Açores Pedro Tavares de Almeida, Universidade Nova de Lisboa

Stanley Payne, Universidade de Wisconsin Douglas Wheeler, Universidade de New Hampshire Rui Feijó, Universidade Aberta, Lisboa

Maria Inácia Rezola, Universidade Nova de Lisboa António Costa Pinto, Instituto de Ciências Sociais, Lisboa Manuel Aguiar, Directora da Associação das Mulheres
Emigrantes

Deolinda Adao, Universidade da California, Berkeley Luís Campos e Cunha, Universidade Nova de Lisboa Miguel Glatzer, Universidade de Massachussetts-Dartmouth

Na nossa próxima edição, publicaremos as fotos de outros conferencistas, todos eles residentes na California. Também faremos uma análise desta Conferência.
18 COMUNIDADE 15 de Março de 2010

Em Berkeley aprendeu-se
a História da República

Donald Warrin, Universidade da California, Berkeley: "Portuguese Oral Um dos paineis da Exposição Comemorativa da implementação da República
History Project. Joanna Câmara a ser entrevistada. Interessante projecto em Portugal

Matt Kondolf, Universidade da California, Berkeley

Dana Redford, Portuguese Studies Program, Universidade
da California, Berkeley
A Lusa American Education Foundation homenageou Candace Slater e Charles B. Faulhaber pelos seus importantes
contributos à Língua e preservação da Cultura Portuguesa. Além dos homenageados reconhecem-se Manuel Betten-
court (Co-Chair da Conferência) ), Richard Herr (Co-Chair da Conferência sobre o Centenário da República Portugue-
sa), José Luis da Silva (Chairman da Lusa
American Education Foundation e Deolin-
da Adão (Co-Chair da Conferência)

Diniz Borges foi o galardoado com o "Language and Cultural Award" da Lusa-American Education Foun-
dation e que foi entregue por Rodrigo Oliveira, Sub-Secretário dos Assuntos Europeus do Governo Regional
dos Açores. À direita - Mário Soares, o ausente, presente. Enviou um vídeo de saudação à Fundação.
 COLABORAÇÃO 19

Coisas da Vida POSSO Agua Viva

Maria das Dores Beirão um carinho Filomena Rocha
winesao@gmail.com muito especial filomenarocha@sbcglobal.net

É Aniversário da Banda
sempre com grande expec-
tativa que recebo a nossa
Tribuna. Primeiro folheio,
passo os olhos pelos tí-
tulos, vejo as fotografias, volto ao
to do serão. A resposta veio pronta,
decidida e generosa. Para nós tem
sido uma das experiências mais gra-
tificantes. Apesar dos compromissos
próprios da idade, das ocupações
“Tempos de Outrora”, que celebrou
o seu décimo sexto aniversário. É es-
pantoso a presença de tantos jovens,
cheios de boa vontade e disciplina,
que anos após anos,aprendem, cres-
de San José

princípio e começo a leitura. Uma
das coisas que me dá mais satisfação
é a presença da nossa juventude nas
diversas actividades culturais, desde
as populares danças do carnaval, às
festas solenes, às actividades aca-
démicas, às filarmónicas, enfim a
todas estas causas que mantêm os
jovens interessados participantes.
Se é verdade que a juventude é entu-
siasta e generosa, não posso deixar
de pensar com muita admiração nos
responsáveis dos clubes, das organi-
zacões, das escolas e colégios, que
apoiam e encorajam os mais novos.
Embora haja algum desânimo quan-
to à falta de mais participação dos
nossos jovens, o certo é que cente-
nas deles, estão dando vida, alegria
e talento por todas as comunidades
portuguesas desta California.
Com a proximidade do aniversário
da POSSO, foi decidido pedir ajuda
a alguns jovens para o entertenimen-
profissionais e académicas, lá es-
tão à hora marcada para os ensaios,
cheios de talento, alegria e camara-
dagem. Pena é a distância que nos
separa deles, e que por isso reduz a
frequência das nossas idas a S. José,
mas não impede o progresso devido
à boa vontade desta gente linda, que
com muitos outros, serão as forças
vivas dos acontecimentos do futuro.
Há muito, temos pela POSSO um ca-
rinho muito especial, pelos enormes
serviços que presta e uma população
cuja faixa etária está cada vez mais
fragilizada, carente e limitada, por
isso tem sido um acto de amor a nos-
sa humilde participação, ao que este
ano se junta o orgulho de estar com
estes jovens, que por sua vez tam-
bem merecem todo o apoio e carinho
da comunidade.
E ainda com os olhos na juventude,
na cultura e na tradição, fomos no
dia 6 jantar com o grupo folclórico
cem e participam num dos melhores
grupos do género, na diáspora por-
tuguesa. Tudo isto está certamente
na força e coesão dos responsáveis.
E agora para terminar, não posso
deixar de mencionar a alegria, o
orgulho que nos deu, ver o “nosso”
Henrique Cordeiro, o senhor de uma
das vozes mais bonitas do fado, que
encheu as salas da comunidade com
a alegria dos Ibéricos, que nos can-
tinhos de fado encantou tanta gente,
e que com vigor e dignidade parti-
cipou com os colegas do Tempo de
Outrora na distribuição do saboroso
jantar. Foi muito bom ver-te Henri-
que. Na viagem a caminho de Napa,
recordamos a tua maravilhosa voz,
alguns dos teus fados, e com afecto
e nostalgia cantarolamos...
“ Belos Tempos”.
Até à volta
D
esde o primeiro dia deste mês se tem cumpri-
do o Adágio: “Março, marçagão, de manhã
focinho de cão, à tarde sol de verão”. Não sei
porque se há-de ofender o cão, quando muitos
humanos que conheço conseguem ter uma cara mais feia
que a do cão. Mas enfim, são ditados, palavras do povo,
no seu antigo entendimento e expressão; talvez porque al-
guém teve má experiência com algum que não se deixou
levar por abusos e devolveu-lhes um daqueles focinhos
com os dentes de fora… E todos nós sabemos que nem
sempre os portugueses deram bons tratos ao seu mais fiel
amigo. Ainda hoje é comum ouvir-se dizer: Cães e ga-
tos… É na rua! Felizmente que hoje em dia algumas men-
talidades estão mudadas; já se ouve falar da fundação de
canis, já se fala de adopção, de gente dócil para com os
animais, para além de apenas dar um osso a roer ao pobre
animal que vigia a casa dia e noite, de um dono que nem
consideração lhe tem. É possível, porém, que desde que o
nosso cão-de-água foi habitar a Casa Branca, uma maior
sensibilidade possa nascer no hábito dos nossos compa-
triotas, nem que seja para ser “chic”. Por mim, quanto
mais tenho conhecido certas pessoas, mais amizade e res-
peito tenho pelos meus gatos, que me fazem companhia,
que olham para mim com tristeza quando estou triste e

A Língua e Cultura Portuguesas em são capazes de me lamber o rosto num gesto de conforto
que não encontro nos falsos amigos que ainda se riem das

destaque no Ensino Secundário Americano

As escolas secundárias da
cidade de Tulare acabam
de celebrar, de 1 a 7 de
Março, a semana dedica-
da à difusão das línguas
estrangeiras. Durante cin-
co dias os alunos tiveram
oportunidade de aprender
algo sobre várias línguas
e em destaque, mais uma
vez, a língua portuguesa
e desta feita seguintes os
países e regiões lusófonas:
Portugal, Brasil, Angola,
Cabo Verde e a Região
Autónoma dos Açores.
Todos os dias houve uma
celebração que culminou
com uma grande assem-
bleia onde se celebraram
DUAS LÍNGUAS (Portu-
guês e Espanhol) e MUI-
TAS CULTURAS. A é uma celebração especial
celebração foi no auditó-
rio da escola secundária
de Tulare e contou com a
participação de mais de
900 alunos que aprendem
português e espanhol na
escola Tulare Union High
School. Houve música,
poesia, informação sobre
o benefício da aprendiza-
gem de línguas e danças
tradicionais.
Segundo Diniz Borges, Di-
rector do Departamento de
Línguas Mundiais e Pro-
fessor de Português, esta
que motiva os alunos para
a aprendizagem de línguas
e alerta-os para as várias
culturas que compõem a
língua portuguesa. Para
além da Celebração da
Semana de línguas estran-
geiras, o curso de língua e
cultura portuguesas, com
a colaboração da asso-
ciação estudantil SOPAS
(Society of Portuguese-
American Students) pro-
move a semana de cultura
açoriana e o festival da
juventude portuguesa em
Outubro e em breve, de 19
a 25 de Abril a Semana da
Herança Portuguesa onde
se destaca os contributos
dos portugueses e luso-
americanos para o estado
da Califórnia e celebra-se
o 25 de Abril e a moderni-
dade de Portugal.
minhas desventuras. Palavra que sim, e até me orgulho
de ter sido salvadora de alguns, que tiveram a pouca sorte
de não terem nascido entre gente de meigos sentimentos.
Não é em vão que dizem os provérbios: “A criança e o
gatinho vão para quem lhe faz o miminho”; “Bem se lam-
be o gato depois de farto”; “De noite, todos os gatos são
pardos”; “Enquanto o gato anda pelo telhado, anda o rato
pelo sobrado”; “Gato escaldado, de água fria tem medo”;
“O cão e o gato não comem no mesmo prato”; “Quanto
mais gatos, mais ratos”. E quando alguma coisa não mui-
to clara acontece, também costumamos dizer com des-
confiança: “Aqui há gato encerrado”, ou ainda se alguma
maldade tiver sido descoberta, diz-se que foi “gato escon-
dido com o rabo de fora”. Mas, “O melhor é não pisar o
rabo do gato”, que o mesmo é dizer que cada ser vivo tem
o direito de ser respeitado no seu habitat, tal como “fraco
é o cão que não pega em osso”.
E seria muito bom que todos se dessem bem, cada um no
seu mundo, qual sinfonia… Como a que ouvi no dia do
Trigésimo Nono Aniversário da Banda de São José, uma
festa excelente na sua Sede, onde os bons apreciadores de
música tiveram ocasião de escutar belíssimos intérpretes,
tanto das Filarmónicas North Bay, Santa Clara, União
Popular, Nova Aliança e jóvens expoentes desta arte para
o ouvido, como o pequeno-grande trompetista Daniel
Santos, entre muitos outros e o retirar de Gil Nunes e Gil-
berto Nunes que ao longo de todos estes anos deram o
seu contributo à Banda de San José, dirigida com orgulho
e saber pelo Mestre Joe Amaral. Foi uma festa digna de
registo que nem o mau estado do tempo conseguiu impe-
dir o seu sucesso. Parabens à Direcção, colaboradores, a
todos os músicos e muitos anos de celebração!

Cantando e tocando música popular portuguesa

1600 Colorado Avenue

Ver Dinis Borges entre os seus alunos, vestido de Matador
de Toiros foi algo único na Semana dedicada às Línguas Turlock, CA 95382
Estrangeiras na California Telefone 209-634-9069
20 COLABORAÇÃO
Ao Sabor do Vento
José Raposo
raposo5@comcast.net
E
ra eu ainda criança quando, uma
vez, durante o que chamavam a
explicação do Evangelho, o pa-
dre diz:
- Uma mulher boa é um anjo, mas, uma
mulher má é um monstro da iniquidade.
Na altura, não prestei atenção a essas pa-
lavras, no entanto, nunca me esqueci de-
las e, uma vez que outra, ao lembrar-me
das mesmas é que realizei quão machista,
menos próprio e que falta de respeito para
com a mulher foi dizer tal coisa. Há seres
humanos que cometem monstruosidades e
acontece tanto ao homem como à mulher.
Para mim a mulher ocupa um lugar único
em qualquer parte que esteja e considero-a
a obra-prima da natureza. O homem, regra
geral, talvez pela superioridade física, é
que colocou a mulher sempre em segundo
plano. Até a Bíblia, inspirada ou não pelo
Espírito Santo, prova isso.
É muitas vezes a inferioridade de alguns
homens, a sua mediocridade, a sua inve-
ja e ciúme, amoroso ou não, que faz com
que eles se enalteçam e vangloriem para,
de uma forma ou de outra, espezinhar a
mulher. E são, muitas vezes, a feminili-
dade de certas mulheres, o seu pacifismo,
ternura, dedicação e amor, que faz com
que certos homens tirem vantagem dessas
virtudes à quais, devido à sua incompreen-
são, chamam fraquezas.
15 de Março de 2010
O poder, a força e a
inteligência de uma Mulher
A mulher, por natureza, presta-se a certos sobre a cidade de Nova York. mente não a todos.
serviços e faz coisas que homem algum O grito havia sido lançado nessa grande Pena é que a comercialização tenha trans-
jamais poderá fazer. Houve e haverá na cidade mas, em outras cidades e em outras formado o dia internacional da mulher,
história dos povos e das nações, mulheres partes do mundo, desde a Dinamarca onde num dia em que se compra cartões, flo-
que foram e serão capazes de fazer frente se realizou a primeira conferência do dia res e outras prendas, que fazem com que
a quem quer que seja. internacional da mulher, em 1910, à Rússia o verdadeiro significado do dia se tenha
Às obrigações de esposa, mãe, cozinhei- onde a greve das operárias contra a fome e ofuscado.
ra, enfermeira, etc., etc., eram tarefas que, contra o Czar Nicolau II foi o rastilho para De uma forma ou de outra, tolo é o homem
normalmente, competia à mulher fazer, e a revolução de Fevereiro. As mulheres que ignora o poder, a força e a inteligência
isso porque assim o homem o determinou. uniram-se, fizeram-se ouvir, protestaram, de uma mulher.
Juntaram-se uma outra quantidade de pro- abriram os olhos a certos homens. Infeliz-
fissões onde a mulher supera o homem,
na habilidade, destreza, perfeição e inte-
ligência.
Foi o homem que qualificou a mulher
como sendo o sexo fraco o que eu discordo
plenamente. Fracos são os homens que ao
verem um rosto bonito, um rabo de saias,
umas pernas esbeltas ou uns seios volup-
tuosos, perdem por completo as estribei-
ras e cometem os maiores disparates. Foi
por causa da fraqueza de certos homens
que governos foram derrubados, nações
foram vencidas, exércitos destroçados e
muitas causas perdidas.
Em 1857, no dia 8 de Março, em Nova
Iorque, as mulheres trabalhadoras das fá-
bricas têxteis protestaram contra as con-
dições de trabalho e a má remuneração.
Os protestos continuaram a surgir todos
os anos, sendo digno de nota o protesto de
1908 em que 15000 mulheres marcharam
 TECNOLOGIA 21

Comcast lanca Xfinity, uma nova Marca de

Tecnologia e Produtos
Esta nova marca significa mais Alta De-
finição (HD), mais rapidez, mais opções
e mais controle para os clientes
PHILADELPHIA, PA – 12 de fevereiro
de 2010 – Comcast Corporation (Nasdaq:
CMCSA, CMCSK), uma das maiores pro-
vedoras de produtos e serviços de entrete-
nimento, informações e comunicações do
país, anunciou hoje o lançamento do XFI-
NITY, uma nova marca da sua plataforma
de tecnologia, produtos e serviços. XFI-
NITY destaca o compromisso da Comcast
em inovar, evoluir e proporcionar o maior
número de opções e possibilidades. O lan-
çamento completo incluirá uma abrangen-
te reformulação da marca através dos pro-
dutos TV XFINITY, Telefone XFINITY e
Internet XFINITY.
A partir de 12 de fevereiro, iniciou-se o
lançamento em mercados selecionados in-
cluindo-se Chicago, Portland, Seattle, Bal-
timore, localidades ao norte e sul de New
Jersey, na área metropolitana da Grande
Philadelphia e locais significativos da área
de San Francisco Bay. Os clientes atuais e
futuros da Comcast podem acessar XFI-
NITY.com para conhecer a disponibilida-
de dos produtos, serviços e ofertas do XFI-
NITY. A entrada dos produtos acontecerá
gradualmente em inúmeras comunidades
em todo o país quando os serviços passa-
rão a ser totalmente digitais. Os clientes
podem inscrever-se no website e receber
um e-mail de alerta assim que o XFINITY
estiver disponível em suas localidades.
Tenha certeza de que poderá aproveitar
dos mesmos preços, da mesma progra-
mação excepcional e das mesmas ofer-
tas internacionais da Comcast, com uma
qualidade ainda melhor e ilimitadas novas
opções. Não haverá um aumento de pre-
ço decorrente da introdução da tecnologia
XFINITY e todas as assinaturas e servi-
ços Comcast continuarão a vigorar.
XFINITY aprimora radicalmente a expe-
riência de nossos clientes, através do au-
mento da velocidade da Internet para 100
Mbps, da expansão das opções do Video
On Demand e da introdução do entreteni-
mento online “a qualquer hora, em qual-
quer lugar” com a FANCAST XFINITY
TV. Oferecemos:
-Aumento da velocidade de banda larga
para 100 Mbps ou mais.
-Mais 100 Canais de Alta Definição (HD),
elevando o número de opções de HD para
acima de 3.000 e continuando a oferecer
a melhor qualidade disponível de imagem
HD.
-Mais opções de Video On Demand, ele-
vando o número para 20.000 ou mais.
-FANCAST XFINITY TV, com milhares
de filmes, shows de primeira linha e outros
conteúdos disponíveis online, em casa ou
onde você estiver.
-Novos recursos convergidos que permi-
tem que a TV, o telefone e a Internet fun-
cionem integradamente através de manei-
ras inovadoras, incluindo:
oTelefones sem fio HomePoint aprimora-
dos.
-Identificador Universal de Chamadas
(Universal Caller ID) (funcionando em
nossos serviços de TV, telefone e Inter-
net).
-Aplicativos para celular que permitem
acesso aos serviços Comcast onde você
estiver (on the go).
-Aplicativos para televisão que proporcio-
nam ao cliente a opção de fazer compras
através do controle remoto e também de
participar em votações e levantamentos de
opinião pública em seus programas favo-
ritos.
Novos processos e tecnologias de retaguar-
da (back-end) garantem o mais alto nível
de serviço de atendimento ao cliente, in-
cluindo dispositivos de melhor qualidade à
disposição de técnicos de campo, opções
de pagamento e acesso ao gerenciamento
online e kit de instalação fácil e simples
para rede doméstica (home networking),
vídeo digital e telefone.
Sobre a Comcast Corporation
A Comcast Corporation (Nasdaq: CMC-
SA, CMCSK) (www.comcast.com) é uma
das maiores provedoras de produtos e ser-
viços de entretenimento, informações e
comunicações do país. Com 23.8 milhões
de clientes de serviços por cabo, 15.7 mi-
lhões de clientes de serviços de Internet de
alta velocidade e 7.4 milhões de clientes do
Comcast Digital Voice, a Comcast dedica-
se principalmente ao desenvolvimento,
gerenciamento e operação de sistemas de
cabo e ao suprimento de conteúdo de pro-
gramação.
As redes de conteúdo e investimentos da
Comcast incluem E! Entertainment Te-
levision, Style Network, Golf Channel,
VERSUS, G4, PBS KIDS Sprout, TV One,
dez redes dedicadas aos esportes e opera-
das pelo Comcast Sports Group e Com-
cast Interactive Media, que desenvolvem
e operam os negócios da área de Internet
da Comcast, inclusive Comcast.net (www.
comcast.net). Além disso, a Comcast é tam-
bém proprietária majoritária da Comcast-
Spectacor, cujos maiores investimentos
incluem o Philadelphia Flyers, time de ho-
ckey da NHL (National Hockey League),
o Philadelphia 76ers, time de basquetebol
da NBA (National Baskteball Association)
e dois grandes estádios usados para várias
finalidades em Philadelphia.

Please join us in celebrating
POSSO’s 34th anniversary of ser-
vice to the community
Saturday, March 27, 2010
IES Hall
1401 East Santa Clara Street
San Jose, California 95116
6:00 pm – No Host Cocktails
7:00 pm – Dinner
Menu: Roasted New York Sirloin Strings: Joe Bettencourt, David and Julia Borba,
Steak and Salmon
Dessert and wine included
9:00 pm – Variety Show: “Voices and Strings”
Arranged by Helio Beirão, performing with some
of the most talented artists of our community
Presented by Maria das Dores Beirão
Voices: David Garcia, Lorraine Jacinto, Shana Leal,
Crystal Mendes, Joe Ribeiro, Sylvia Soares
Steve Lemos, Chris Martins, Cipriano Martins,
Eric Moules
Dance and Poetry: Mirelle Leal Sound: Nelson
Ponta-Garça
Please RSVP by March 18th Donation: $50
For more information, please call POSSO
at 408-293-0877

Cães de Fila
para Venda
P'ra uma casa guardar,
não há nada como um cão
só precisa ele ladrar
para fugir o ladrão.

Para mais informações contactar António Carvalho

559-351-2181
22 DESPORTO 15 de Março de 2010

LIGA SAGRES
Leão endiabrado aplica chapa 3

A
vassalador e en-
diabrado são os
adjectivos que me-
lhor qualificam a
entrada dos leões, esta noite
em Alvalade, onde bateram
o Vitória de Guimarães por
3-1, em jogo da 23ª jornada da
Liga de futebol.
O leão renasceu, disso não há
dúvida. Nos três últimos en-
contros para a Liga, o Spor-
ting apontou 10 golos e hoje
segurou o quarto lugar, quan-
do o disputava com o adversá-
rio directo.
Numa casa cheia, com 35 007
espectadores, onde também
se celebrava o Dia da Mulher,
com Alvalade pintada de cor-
de-rosa, Grimi, Liedson e Sa-
leiro “arrumaram” a questão
em 20 minutos. Valdomiro,
aos 67’, fez o tento dos vima-
ranenses, numa altura em que
o Sporting baixou o ritmo de
jogo.
O primeiro golo dos leões
surgiu aos sete minutos. Mi-
guel Veloso, na direita, bateu
o pontapé livre e Grimi subiu
mais alto que a defesa vimara-
nense para inaugurar o marca-
dor. No entanto, o jogador do
Sporting estava em posição
irregular.
A dominar por completo, não
demorou muito para Alvalade
voltar a gritar golo. Num erro
defensivo crasso de Gustavo,
Liedson, aos nove, ga-
nhou a bola no meio cam-
po para fazer um golo de
bandeira e aumentar a
sua conta pessoal para
11 golos e igualando o
benfiquista Saviola no
terceiro lugar da lista de
melhores marcadores.
Os comandados de Pau-
lo Sérgio reagiram aos
11 minutos com um
cruzamento impecável
de Desmartes , mas Rui
Miguel falhou a emenda
à boca da baliza. Como
quem não marca sofre,
decorria o minuto 12
quando Saleiro, num ex-
celente trabalho, passou
por Nilson e rematou para nenhum sofrido e o Sporting A dois minutos do fim, foi o
de duas vitórias categóricas so- poste que salvou o Sporting.
o fundo das redes, mas o árbi-
tro invalidou o lance por fora bre FC Porto (3-0) e Belenen- Num livre à entrada da área,
ses (4-0, poker de Liedson) e depois de falta de Saleiro, An-
jogo. O avançado estava em
posição regular. com a baliza intacta. drézinho viu os dedos de Rui
No entanto, a dinâmica apre- Patrício, e depois o poste, im-
Não tardou muito para que o
camisola 9 leonino fizesse o sentada por ambas esta noite pedirem o 3-2.
não demonstrou tais seme- Carlos Carvalhal sofre, no en-
“gosto ao pé”, desta feita num
golo validado. Liedson flectiu lhanças. O Sporting só baixou tanto um revés, já que Miguel
o ritmo na segunda parte, o Veloso e João Moutinho viram
bem para o meio, abriu para
Saleiro na esquerda e o avan- que poderia ter custado caro o quinto amarelo e não vão à
aos pupilos de Carlos Carva- Madeira, no final do mês, para
çado assinalou outro golo de se
“tirar o chapéu”. lhal, até aí com uma exibição o encontro com o Marítimo, da
imaculada. Aos 67’, Valdomi- 24ª jornada.
As duas equipas apresentavam-
se para este jogo com estatísti- ro conseguiu bater um invicto
Rui Patrício. Inês Henriques in
cas muito semelhantes: ambos
os guarda-redes estavam há Ao minuto 80, Rui Patrício fez SapoDesporto
uma defesa incompleta, a bola
391 minutos sem sofrer golos,
o Vitória de Guimarães vinha sobrou para Douglas, que num
pontapé de bicicleta obrigou o
de três vitórias consecutivas,
com cinco golos marcados e guardião à defesa da noite.

Benfica cada vez mais

perto de ser Campeão

O
Benfica manteve a liderança iso-
lada com três pontos de vanta-
gem sobre o Sporting de Braga,
ao vencer na Madeira o Nacional,
por 1-0, enquanto o Sporting ganhou folga
do quarto lugar ao +vencer, 3-1, o Vitória
de Guimarães.
A 23ª terceira ronda da Liga de futebol ficou
marcada pelo triunfo dos quatro primeiros,
pelo que nada mudou na frente, quando na
próxima ronda se defrontam os dois primei-
ros no estádio da Luz.
Três minutos depois de falhar uma grande
penalidade, Óscar Cardoso (64 m) concluiu
um contra-ataque com emenda fácil na pe-
quena área e permitiu ao
Benfica responder da melhor forma à pres-
são colocada na véspera pelo Sporting de
Braga, que tinha ganho, 1-0, ao Rio Ave.
O Sporting também continua na senda dos
bons resultados e hoje, mais eficaz do que
exuberante, consolidou o quarto lugar ao
vencer o seu mais directo perseguidor, um
esbanjador Vitória de Guimarães, que agora
ficou a cinco pontos.
Grimi (08), Liedson (09) e Saleiro (20) fize-
ram os golos dos "lesões", de nada valendo
aos minhotos o escasso tento de Valdomiro LÍDER DO FUTEBOL
(67).
A União de Leiria, sexta classificada, tam-
bém perdeu, 1-1, com a Naval, sábado, e fi- AGORA PODE VER A LIGA
cou a oito pontos do conjunto de Alvalade.
O terceiro posto também continua a parecer ESPANHOLA NO ESPN
miragem para a equipa de Carlos Carvalhal, LIGA PORTUGUESA
pois o FC Porto venceu sábado, 2-1, na vi-
sita à Académica e persiste com 12 pontos
NA RTP E SPT NO PACOTE
de avanço sobre os "leões", mas com oito de LUSO $24.99
atraso para os bracarenses.
No fundo da tabela, o Leixões, penúltimo,
RTP $4.00+100 CANAIS TURBO BRONZE $19.99 AO MÊS
deu um passo atrás na luta pela permanên-
cia, ao ser derrotado em casa pelo seu rival
Especial válido por 12 meses
mais directo, o Vitória de Setúbal, por 2-1, Instalamos de 1 a 4 Tv’s com contrato de 2 anos
ficando agora a cinco pontos da salvação.
João Paulo (25) ainda adiantou o conjun-
ANTENA ESPECIAL SÓ PARA A RTP E RADIO E
to de Matosinhos, mas Sandro (41) e Keita CANÇÃO NOVA
(79) consumaram a reviravolta que permitiu COMPRE A ANTENA E NÃO PAGA NADA POR MÊS
igualar o Olhanense (13ª), penalizada com
derrota caseira, 1-3, frente ao Belenenses,
LIGUE AGORA MESMO PARA LUCIANO COSTA
último classificado e que não vencia há mais 1-559-435-1276 CELL 1-559-347-8257
de meio ano.
Falamos Português
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 PATROCINADORES 23

Assine o Tribuna Portuguesa e fique a par

do que se passa na nossa Comunidade
24 TAUROMAQUIA
Rui Fernandes
O elemento fundamental da
Festa é o TOIRO
Esta conversa com o ca-
valeiro de alternativa Rui
Fernandes aconteceu em
Outubro, depois da Feira
de Thornton, mas só agora
foi possível transcrevê-la.
Como é que te tornaste cavalei-
ro?
Há sempre aqueles que contam,
que quando éramos pequeni-
nos, queríamos ser toureiros. Na
minha casa nunca tinha havido
nenhuma relação com o toureio
a cavalo, havia sim sem dúvida
alguma, duas pessoas aficiona-
das que era o meu avô e o meu
pai, que adoravam ver corridas
de toiros. O meu pai por coin-
cidência ou não, conheceu um
grupo de amigos, alguns deles
eram bandarilheiros e meu pai
como era um grande aficionado
do toureio a cavalo, tinha sempre
um ou dois cavalos em casa e eu
fui acostumado desde pequenino
a ir às corridas. O meu pai sendo
amigo com essas pessoas sabia as
dificuldades que era fazer uma
carreira de cavaleiro profissional
e mais a mais viver dela, pois era
uma coisa quase que impossível
e sabendo que não tinha posses
para me poder dar as coisas, se
calhar como eu desejaria. Meu
pai fez um picadeiro lá em casa
para o Carlos Pinto que era um
dos melhores ginetes. A seguir ao
Carlos Pinto esteve na minha casa
o D. José de Ataíde, que a esse já
o apanhei tinha eu os meus 8 ou 9
anos, com o qual eu tive algumas
aulas de equitação, a seguir ao
D. José veio o Afonsinho Cortes
que é irmão do José Manuel Cor-
tes, que ia ali, montar os cavalos.
Também o Gustavo Zenkl tinha
lá os seus cavalos.
Eu continuava a montar e sempre
a dizer que queria ser cavaleiro,
mas meu pai não me fazia caso
nenhum. Um dia surgiu uma
garraiada, lá na minha terra, na
Charneca da Caparica, no qual
o senhor que organizou, per-
guntou-me se eu queria tourear.
Para mim foi uma loucura, mas
eu nunca tinha posto um ferro
na tourinha, quanto mais numa
bezerra ou numa vaca. Tentámos
dar a volta ao meu pai para me
deixar tourear essa garraiada.
Meu pai disse que sim uns oito
dias antes. Eu tinha um fato cur-
to de ir à feira da Golegã desde
miúdo e então comecei a tourear
duas, três bezerras em casa, mas
tinha dificuldade de pôr ferros na
tourinha. Lá chegou o dia e como
todas as coisas às primeiras cor-
rem sempre bem e tudo correu
bem e toda a gente ficou satisfeita
e diziam que eu tinha muito jei-
to. Meu pai sempre a dizer das
dificuldades que isto tinha, não
achou muita graça à situação,
mas foi deixando andar. Comecei
logo muito cedo a ser eu a pôr os
meus cavalos a tourear e depois
vendia-os aos meus colegas com
os quais hoje toureio, Rui Salva-
dor, Paulo Caetano, Moura. Bas-
tinhas.
Fui andando pouco a pouco, ti-
rei a prova de praticante. O meu
pai tinha uma relação muito boa
com o Ricardo Chibanga, que
tinha uma praça desmontável,
que ainda hoje tem e organiza-
va umas corridas no Norte e foi
-me pondo nessas corridas como
cavaleiro praticante, as coisas
foram surgindo, correndo bem e
eu ainda nessa altura continua-
va a vender os cavalos que tinha
na minha quadra, para poder me
manter e ir arranjando melhores
condições de trabalho. Num dia
no principio de uma temporada,
surgiu uma novilhada para ir a
Vila Franca com seis novilhei-
ros, a qual ninguém queria abrir
praça a seis novilheiros, porque
é extremamente cruel nós irmos
tourear a cavalo e haver mais pu-
blico do toureio a pé, mas como
pagavam as despesas, o meu pai
foi logo de acordo. Fui e tive a
sorte de estar a ver essa corrida
o Virgilio Palma Fialho que dava
a Corrida da Rádio Renascença,
que era a corrida mais importante
que havia no calendário taurino
português e as coisas correram
extremamente bem e contrata-
ram-me para a corrida da Rádio
Renascença e daí para a frente
nunca mais parei. Sem estar bem
preparado para aqueles compro-
missos, as coisas surgiam e eu
correspondia.Chamaram-me para
ir um dia a Espanha, nunca tinha
morto um toiro na minha vida e
ganhei o prémio do melhor reje-
neador desse dia. Hoje estou mui-
to contente com a minha carreira
e lógicamente que o apoio de meu
pai foi fundamental e os conheci-
mentos que ele tinha de grande
aficionado ao cavalo, do dom que
ele tinha em me dizer para esco-
lher este ou aquele cavalo.
Como é que foste recebido pelos
teus colegas com os quais tou-
reias hoje?
Sempre fui um toureiro polémi-
co, não sei se era da forma como
andava ou da maneira como eu
sempre quis tourear, mas Graças
a Deus dou-me bem com todos os
meus colegas, como eles me res-
peitam também a mim e viram
que tudo aquilo que consegui,
foi conseguido por mim e com
grande mérito e sinto-me mui-
to orgulhoso. Sou o único por-
tuguês que até aos dias de hoje
abriu as Portas do Príncipe em
Sevilha, já cortei uma orelha na
Praça México e em Madrid, por
onde tenho passado, tenho conse-
guido sempre triunfar. Sabemos
que para manter esta profissão
que é extremamente difícil, por
vezes há altos e baixos, a nível de
montadas, a nível de nós mesmo,
como pessoas. Temos que criar
condições para podermos disfru-
tar desta vida e mais tarde poder
sustentar uma família. É muito
complicado, pois há poucos tou-
reiros a fazerem isso por muita
pena nossa, como e lógico, mas
Graças a Deus tenho-me manti-
do e ainda quero alcançar muito
mais coisas e tenho ainda muito
mais para dar. Sou ainda muito
jovem, sou um trabalhador nato,
onde quer que vou dou sempre a
cara e ainda tenho muito para al-
cançar e quero chegar muito mais
alto.
Que benefícios é que te trouxe a
ida para Espanha?
Por incrível que pareça, Portu-
gal é considerado a pátria do
toureio a cavalo e a verdade é
que todas as figuras que houve
a nível mundial do toureio a ca-
valo tiveram sempre que ir be-
ber água a Portugal. Espanha é
muito maior que Portugal, tem
uma dimensão a nível de corridas
enorme e quando se quer tourear
cinquenta a sessenta corridas ao
ano e chegar a outros voos mais
altos temos que caminhar para
Espanha. Lógicamente que adoro
tourear no meu País que é Portu-
gal, mas as corridas em Espanha
têm um significado diferente, a
aficion também é diferente, mas
fundamental para uma carreira
ser mais bem conseguida e poder
viver dela, temos que caminhar a
Espanha e eu gosto muito de tou-
rear em Espanha.
Só interessa ir a Espanha se es-
tiver ao nível dos melhores do
Pais vizinho, não é verdade?
Eu até aos dias de hoje sempre
andei nos altos circuitos, houve
uns anos que toureei mais cor-
ridas de primeira do que outras.
Sou um profissional que já optou
por tourear em Portugal e não em
Espanha mas houve tempo que
preferi tourear mais em Espanha
do que em Portugal. Isto é uma
profissão como outra qualquer,
lógicamente temos que disfrutar
dela para que o publico também
disfrute. Estamos a dar a nossa
magia lá dentro da praça e sem
essa magia é difícil ter triunfos, ir
a Espanha, à Califórnia, ao Méxi-
co, à Colômbia ou Equador, por
onde ja toureei.
Mesmo com a crise que está pas-
sando, Portugal a nível de corri-
das foi um êxito em 2009, apesar
deste ano eu não ter chegado a
acordo com a empresa do Campo
Pequeno, todas as corridas lá tou-
readas tiveram sempre excelentes
casas. Em todas as corridas que
toureei e algumas que fui ver,
sempre houve casas muito boas
a nível de público. Foi extraordi-
naria esta época em Portugal, e é
sinal que está bem viva.
Como é que vês este apareci-
mento de toiros de 680 Kg e
710Kg? Que interesse é que tem
estes toiros para a festa brava?
Penso, como se costuma dizer,
que isto são borradas que as pes-
soas gostam de fazer. Já me ca-
lhou a mim ter que tourear toiros
muito pesados.
O elemento fundamental da fes-
ta é o toiro e não podemos abrir
mão desse ingrediente que é tão
fundamental para que haja es-
pectáculo, alegria, tristeza, triun-
fo, fracasso. Dependemos todos
muito do toiro e um toiro com
Quarto Tércio
José Ávila
josebavila@gmail.com
680Kg o que é que o aficionado
em si pode ganhar com isso. Um
toiro grande é muito difícil que
tenha a mesma mobilidade do
que um toiro mais pequeno, pois
não pode galopar da mesma ma-
neira e um toiro que não galopa
é extremamente difícil tourear.
Um toiro que galopa é um toiro
que obedece, que dá para lidar,
dá para templar. O toiro tem que
fundamentalmente galopar e um
toiro com 680Kg tem muita difi-
culdade em fazer isso.
Qual a tua impressão da Cali-
fornia e qual é a evolução que
vês desde a primeira vez que
toureaste cá?
A primeira vez que vim à Cali-
fornia foi em 2001, esta é a quar-
ta vez que estou entre vocês. A
verdade seja dita, aqui as pessoas
cada vez entendem mais e torna-
se para nós, cada vez mais com-
plicado. Recordo-me que quando
vim cá a primeira vez, era chegar
aqui e pôr os ferros o melhor pos-
sível e as pessoas ficavam todas
contentes, batiam palmas, mas
agora já não é bem assim. Já nos
exigem muito, mais a uns do que
a outros, pois chegar aqui e com
os cavalos que não são nossos e
em cinco ou seis dias, fazer o que
levamos anos a fazer com os nos-
sos, torna-se complicado. Saber
que aqui não se picam os toiros
é outra dificuldade. O ano pas-
sado e este ano, tive a sorte ou a
felicidade de deparar com alguns
cavalos aqui em casa do Jorge
Martins e seus irmãos, a qual
estou muito grato a eles da ma-
neira como me receberam na sua
casa, que foi extraordinária e tive
a sorte de me adaptar bem aos ca-
valos. As corridas correram-me
bastante bem, a de Sábado não
foi um êxito, porque não havia
condições para mim e para os
cavalos podermos disfrutar den-
tro da praça e podermos andar
de outra maneira com os toiros.
Por vezes o toiro sai mais compli-
cado ou menos complicado, mas
somos profissionais e temos que
estar preparados para essas difi-
culdades com esse tipo de toiro
para podemos sempre dar a cara.
Na Segunda-feira bastante cedo,
estava eu na praça de toiros para
ver se o piso estava em condições
15 de Março de 2010
para a noite. Conforme me esti-
ve a preparar, a empresa devia-se
ter preparado para dar melhores
condições aos toureiros, não é
no dia da corrida, sabendo o que
choveu que se pode arranjar o
piso da praça.
Pensas vir à California mais
vezes?
Estou sempre disposto a vir à Ca-
lifornia, sempre que os empresá-
rios o desejarem. Para já fiz ami-
zades aqui na California. Graças
a Deus por todos os sítios que
tenho passado tenho amizades e
sinto-me bastante bem aqui a tou-
rear. O público comprendeu que
eu sempre me esforcei ao máxi-
mo e gostaram. Sempre que quei-
ram que o Rui Fernandes venha à
California, desde que me dêem as
condições desejadas para que eu
me sinta bem, para poder dar um
bom espectáculo, vou estar cá as
vezes que quizerem.
Nos últimos anos houve muitos
investimentos em cavalos na
California. O que é que pensas
disso?
As coisas por cá vão evoluindo e
isso é que é bom e penso que vo-
cês aqui quanto mais unidos pos-
sam estar, melhor, a união faz a
força e cada qual diz a sua ideia e
ao fim chega-se a uma conclusão
democráticamente para o bem da
festa. O Paulo Ferreira a montar
os cavalos do Jorge Martins tem
sido uma peça fundamental, pois
os cavalos durante o ano estão
em forma, ele tem os cavalos bem
montados. Quando chegamos cá
ele pode dizer-nos qual é o géne-
ro de cada um, e isso ajuda-nos
muito. As coisas evoluiram, an-
tigamente chegava-se aqui e os
donos dos cavalos que eram uns
apaixonados pelos seus cava-
los, todos eram extraordinários.
Era lógico de se compreender e
os cavalos eram sempre bons e
serviam para tudo. Hoje em dia
como já falam mais com os pro-
fissionais e apercebem-se que já
não é bem assim. Outro dia falan-
do com o Jorge Martins disse-lhe
que ele tem uma excelente qua-
dra, mas não pode parar, tem que
continuar, o trabalho tem que se-
guir da mesma maneira, de novas
montadas, de novos reforços.
É como uma equipa de futebol.
PT- Como é que te defines quan-
to ao teu estilo?
É muito subjectivo. Por exemplo
definir o estilo do Moura, sabe-
mos que o Moura é que trouxe
o temple para as praças. Mas o
Moura, aos anos que já toureia,
toureia de todo o feitio e então
como definir o estilo do Mou-
ra, ele já toureou por câmbios
por fora, e quanto a mim o meu
estilo que até à data tenho mar-
cado sempre é o toureio frontal.
Sempre que posso e sempre que
as condições se propiciam prati-
co o toureio frontal. A partir daí
dou largas à minha imaginação,
aquilo que levo dentro de mim,
improvisar e poder dar recortes
nos toiros e poder andar de lado.
Fui eu que trouxe para as praças a
Sorte de Gaiola a quiebro, fui eu
que trouxe a Lambada. Sou novo
mas já trouxe algumas sortes no-
vas.
PATROCINADORES 25
26 ARTES & LETRAS
Onésimo Almeida
H
avia antigamente, mas já muito
antigamente, no milénio pas-
sado, uma virtude (em caso
de dúvida, consultar a palavra
no Google) chamada humildade, paren-
te de outra quase-irmã, a modéstia, que
por vezes se revestia de conotações com
indumentária. Modesto podia significar
decente. E havia ainda outro parentesco
semântico a implicar pobreza. No entanto,
é da primeira que me apetece escrever hoje
pois estou nostálgico de estórias sobre vir-
tudes dos antepassados.
Fui educado por eles a ponto de recorrer a
pseudónimo nos meus escritos juvenis por
ser imodesto usar o próprio nome. Nun-
ca ouvira falar de Walt Whitman nem do
seu I celebrate myself, and sing myself,
epítome da autocelebração, nos antípodas
do que me ensinavam. Se calhar não vivia
longe do mundo da freirinha que dizia a
outra: Sou muito mais humilde do que a
irmã. Costumava contar uma estória de
Charles De Gaulle (como vêem hoje estou
para dinossauros) de que nunca soube a
tirada final pois quem ma contou tinha-a
incompleta. Já tentei junto de muitos fran-
cófonos na esperança de que algum a co-
nhecesse, mas até hoje sem êxito. Era as-
sim: o Presidente foi confessar-se e o padre
lembrou-lhe que se esquecera de referir o
seu grande pecado - o orgulho. Em pe-
nitência, impunha-se uma oferta na caixa
das esmolas. De Gaulle cumpriu, acompa-
nhando o óbulo de uma mensagem : Du
Grand De Gaulle au Petit Jésus. Vendo o
envelope, o sacerdote foi todo bons modos
admoestar Mr. le Président que, contrito,
substituiu: Du Premier de la France à la
2.ème personne de la Trinité. (Avisei que
me faltava a terceira parte, certamente a
mais desbragada. Uma pena! Será que o
leitor conhece? Se sim, conte-me!)
Eram múltiplas as estórias de De Gaulle a
glosar o mesmo tema: Ele a rezar: Sagrado
Coração de Jesus, tem confiança em mim!
(datadíssima esta!). Ou ainda: a mulher, no
seu primeiro encontro com ele inteiramen-
te desfardado, exclamando: Mon Dieu! E o
general: Na intimidade trata-me por tu.
Churchill, nada perito em modéstia, não
perdoava abusos nesse capítulo e deixou-
nos aquela pérola a propósito de Clement
Atlee, líder do Partido Trabalhista: Um
homem modesto com muitos motivos para
isso, boca provavelmente conhecida de
Golda Meir, retraída mas incisiva, baixi-
nha porém dona de altivez, que desferiu
contra já não recordo qual alvo: Não seja
Quase o grau zero
humilde, você não tem esta-
tura para isso! Pelo menos eu
já conhecia ambas quando
há tempos um gabarolas de
fazer De Gaulle humilde, me
admitiu em conversa: Como
sabe, eu sou um pouco orgu-
lhoso. Desprevenido, saiu-me
sem dar tempo para o supe-
rego reprimir: Não seja tão
modesto!
Hoje, todavia, essa piadas
perderam a força. Estamos
rodeados de gente que faria
enriquecer o descobridor de
uma magnífica receita para
ganhar dinheiro facilmente:
comprar as pessoas pelo pre-
ço que valem e vendê-las pelo
que elas pensam que valem.
Nalguns casos o lucro seria
parco, reconheçamos. Não
há muito tempo, Terence
Rafferty abria assim uma
recensão ao romance de um
autor que todos conhecemos:
A voz na terceira pessoa no
novo romance de X tem um
tom altissonante e uma auto-
convicção a rondar o ponti-
fício, uma caprichosa deter-
minação que o próprio Deus
invejaria. No caso, porém,
em reacção, o autor bem po-
deria ter repetido a desculpa
do outro: Como ser humilde
quando se é grande como eu
sou?
O leitor deve estar a interro-
gar-se sobre o porquê deste
tema para crónica. Vou des-
vendá-lo: Sinto-me hoje par-
ticularmente humilde. Esta
manhã arribou-me no Goo-
gle um aviso. Alguém pare-
ce ter encomendado o meu
livro De Marx a Darwin. A
desconfiança das ideologias
via um serviço internacional
de vendas pela Internet. A
vendedora tornou públicas as
estatísticas, assim me infor-
mando do meu grau de popu-
laridade: 1 em 3 807 590.
Aí está uma notícia capaz de
confirmar no seu lugar até o
ego mais humilde. Se bem
entendo, em três milhões oi-
tocentas mil e tal requisições
de livros uma destinava-se
ao meu. É obra!!!
15 de Março de 2010
Apenas
Duas
Palavras
Diniz Borges
d.borges@comcast.net
Já aqui escrevi sobre a crónica e a sua
rica tradição na literatura de língua por-
tuguesa. Escrevi, e repito-o sem qual-
quer dúvida, que um dos meus cronistas
predilectos da língua portuguesa (e te-
nho tido a oportunidade e a felicidade de
ler muitos) é Onésimo Teotónio Almei-
da. Daí que esta Maré Cheia tem, ainda
mais uma vez (e esperamos que se repi-
ta, muitas vezes), a grata oportunidade
de publicar mais uma crónica do distinto
catedrático, exímio contador de histórias
e amigo Onésimo Almeida. Uma cróni-
ca que é uma autêntica delícia.
E por último deixo-vos nestas duas pala-
vras (desta feita muito mais do que duas)
uma citação de Artur de Távola do Bra-
sil, parte duma pesquisa sobre a cónica
que ando tentando fazer para um texto
que quero alinhavar um dia destes e que
sintetiza o que é de facto a crónica. Vai
na ortografia brasileira.
É o samba da literatura. É ao mesmo
tempo, a poesia, o ensaio, a crítica, o re-
gistro histórico, o factual, o apontamen-
to, a filosofia, o flagrante, o miniconto,
o retrato, o testemunho, a opinião, o
depoimento, a análise, a interpretação,
o humor. Tudo isso ela contém, a poliva-
lente. Direta a simples como um samba.
Profunda como a sinfonia.
É compacta, rápida, direta, aguda, pe-
netrante, instantânea (dissolve-se com
o uso diário), biodegradável, sumindo
sem poluir ou denegrir, oxalá perfume,
saudade e algum brilho de vida no sor-
riso ou na lágrima do leitor.
A literatura do jornal. O jornalismo da
literatura. É a pausa de subjetividade,
ao lado da objetividade da informação
do restante do jornal. Um instante de
reflexão, diante da opinião peremptória
do editorial.
É tímida e perseverante. Não se enga-
lana com os grandes edifícios da lite-
ratura, mas pode conter alguns de seus
melhores momentos. Não se enfeita com
os altos sistemas de pensamento, mas
pode conter a filosofia do cotidiano e da
vida que passa. Não se empavona com a
erudição dos tratados, mas pode trazer
agudeza de percepção dos bons ensaios.
Para ser boa, não deve ser mastigada.
Deve dissolver-se na boca do leitor,
deixando um sabor de vivência comum.
Deve parecer que já estava escrita há
muito tempo na sensibilidade de quem a
lê e foi apenas lembrada ou ativada pelo
escritor/jornalista que lhe deu forma.
Deve ser rápida como a percepção e de-
morada como a recordação. Verdadeira
como um poente e esperançosa como a
aurora. Irreverente como um carioca.
Suave como pele de mulher amada e ir-
ritada como uma criança com fome.
Terna como a amamentação e insegura
como toda primeira vez. Religiosa como
a portadora do mistério e agnóstica
como um livre pensador. A crônica nos
obriga à síntese, à capacidade de con-
densar emoções em parágrafos-barra-
gem. Faz-nos prosseguir, mesmo quan-
do nos sentimos repetitivos. É, pois, a
expressão jornalístico-literária da ne-
cessidade de não desistir de ser e sentir.
A crônica é o samba da literatura.
abraços
diniz
 PATROCINADORES 27

P.O.S.S.O. & ROSIE’S

TOURS
PASSEIO A IDAHO PARA A FESTA
DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
Dias 21 de Maio até 2 de Junho 2010
13 dias e 12 noites.
Preço: Para duas pessoas num quarto, $1,585.00 cada uma.
Para uma pessoa só num quarto $1,900.00
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Transporte no autocarro, acomodação, 12 pequenos almoços,
3 jantares, 1 almoço.

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YELLOWSTONE PARK - WYOMING/MONTANA
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SIGHTSEEING TOUR OF BLACK HILLS - SOUTH DAKOTA
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MT. RUSHMORE, CRAZY HORSE, CUSTER STATE PARK
AND MUCH MORE - SOUTH DAKOTA
MINI TOUR OF DENVER, COLORADO
PASS THROUGH ROCKY MOUNTAINS
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HOOVER DAM, ETHEL M. CHOCOLATES - LAS VEGAS
SHOW IN LAS VEGAS
Para mais informações favor contactar a P.O.S.S.O. pelo telefone (408) 293-0877
28 ENGLISH SECTION 15 de Março de 2010
serving the portuguese–american communities since 1979 • engLish section

Ideiafix
portuguese
Miguel Valle Ávila
miguelavila@tribunaportuguesa.com

Economy of scale in education Superintendent Escobar to retire

T L
ivingston Union School me realize you can do anything if built as soon as higher student
he State of California spends almost $8,800 dollars per stu- District Superintendent you set your mind to it,” Escobar enrollment warrants its cons-
dent per academic year, according to the California Depart- Henry Escobar’s office said. “His is the model I picked truction. Until then, the district
ment of Education latest data (from 2008-2009). In 2006- features lean trappings, for myself -- to help children who has leased the land on which the
2007, California ranked first in teacher salaries, had only 3/4 more meager than you’d expect, come from disadvantaged homes. new school will be built to a swe-
of the administrators compared to the national average, ran 5,764 ele- given it’s been his office for 16 My only regret is that he died be- et potato grower. Money from
mentary schools for 3,027,561 students and 149,862.8 full-time equi- years. Pictures of local school- fore I became a superintendent.” that lease is used to help fund the
valent teachers (a student-teacher ratio of 20.2 in elementary school). children and his grandchildren, Escobar said he believes the district’s Superintendent’s Lite-
The state expenditures are broken down as following: 32% transfers a few favorite books, a model of power to positively influence racy Program, an effort Escobar
between agencies, 29% instruction, 17% instruction-related services a sailing craft, a calendar and a children’s lives rests with clas- began which, among other contri-
(e.g., local school administration, supervision, libraries, etc.), 9% ge- computer monitor are about all sroom teachers. “That’s where butions, provides gift certificates
neral administration (e.g., district, superintendent, Board, etc.), 9% that’s in plain view. On his desk the rubber meets the road,” he to Barnes & Noble where chil-
pupil services (e.g., counseling, psychological services, health, trans- rest a blotter, a phone, a little rack said. “It’s not about the progra- dren can buy books for themsel-
portation, food), 4% facilities and maintenance, and 3% other services filled with business cards and the ms -- it’s about the practitioners. ves. The program also funds bus
(e.g. ancillary, community, enterprise). one item he says characterizes In this district we have teachers transportation for field trips to
From the latest available data (2008-2009), California spent $8,736 his time at the district’s helm -- a and teacher supporters. You don’t the bookstore and pays for books
per student per school. Among the local Silicon Valley elementary small card in a modest frame on need fancy programs, you need that are given away to students
school districts, Saratoga Union Elementary spent $10,521, Santa Cla- which is written, “All decisions good people -- people who truly and parents attending open hou-
ra Unified $9,410, Sunnyvale Elementary $9,275, Alum Rock Union made in this office are made on care for kids. “We can give them ses and back-to-school nights.
Elementary $9,128, Campbell Union Elementary $8,544, and Cuper- behalf of students.” Escobar, 60, the technical skills, but after 38 Escobar’s work helping children
tino $7,697. announced last week he’ll resign years I’ve realized I cannot teach has extended beyond the district’s
One would assume that California would be at the top among all Ame- as district superintendent June a teacher to love kids.” Students classrooms and into the Livings-
rican states in education. In 2009, the Adequate Yearly Progress under 30. He said that framed sentence at Livingston’s Yamato Colony ton community. “His reputation
the federal No Child Left Behind Act ranked California as RED, whi- is going with him when he packs Elementary School were the first in the community is very positi-
ch means that student performance and participation did not meet the his belongings. “It’s been my mot- in the district to surpass the 800 ve,” Sousa said. John Mucci, the
Annual Measurable Objectives. According to a 2009 report, Califor- to from day one,” he explained. “I mark on the state’s Academic city’s recreation director from
nia ranked 49th out of 50 states in adults with high school education have never made a decision that I 1992-99, said Escobar and the
(it was 1st or 2nd between 1977 and 1987) and 13th out of 50 states in didn’t think was in the best inte- district’s school board members
adults with a college education (1st or 2nd from 1977 to 1987). There rest of kids. I have always held to offered district-owned facilities
is something very wrong with this scenario. that, and I’m most proud of it.” as venues for local talent shows,
An independent Silicon Valley private Catholic school (K-8), not asso- Escobar began his career in edu- dances for schoolchildren and si-
ciated with a parish or the Diocese of San José, charges $9,900 per stu- cation as a fifth-grade teacher at milar events free of charge. “He’s
dent per academic year for elementary school. Enrollment is over 200 Selma Herndon School in Livin- been a great community leader,”
students and growing at 30 to 40% per year since 2005. The expenses gston after graduating from CSU Mucci said. “It’s hard to descri-
are very similar to those of the state-funded public schools -- teacher Stanislaus in 1972. He spent the be how much easier he made my
and administrator salaries (slightly higher than in the public schools), next five years in the classroom, job.” Livingston’s interim Poli-
insurance, building and facility leases, outsourced custodial services, save a one-year break when he ce Chief Sharon Silva, who has
etc., etc., etc. It does not offer cafeteria service (it outsources it to a helped design and implement a been with the police department
third-party catering service) or student transportation (these expenses Title VII Federal Demonstration for 18 years, said Escobar’s sup-
actually account for only about 1% in the public school budgets). The Project (the Livingston Area Mul- port for various drug prevention
student-teacher ratio is mantained below 20. ticultural Project), the first bilin- events the department supports,
Some people say you can’t compare public with private elementary gual project in Merced County, such as Red Ribbon Week, has
schools. Well, let’s see: he said. He served as director of been immeasurable. “Anytime
state and federal programs for we needed help, he was always
Elementary School Public School/ Private School/ the school district for two years there,” Silva said. “It’s going to
Comparison Taxpayer Pays User Pays and in 1979 became principal of be a big loss for the city when he
Annual cost/student $7,697-$10,521 $9,900 Campus Park Elementary School. leaves.” Escobar said, he’s “proud
Student/teacher ratio 20.6 <20 In 1986, he took over as principal we’ve made a collaborative cul-
Performance Index. Scores from
of Livingston Junior High Scho- ture where everybody works to-
Teacher salaries $$$ $$$$ other schools are nearing that
ol and was promoted to assistant gether for the education of their
Teacher benefits $$$ $$ mark. Escobar credits a district-
superintendent of instruction and children.” Merced County Office
wide buy-in to the Success for
Teacher education/ ? 1/3 have advanced personnel in 1989. He was hired of Education Superintendent Lee
All program he implemented
credentials university degrees to the district’s top job in 1994. Andersen has known Escobar for
10 years ago as the main reason
Teacher diversity **** **** “Henry is a believer -- in our kids many years and has served with
for gains in standardized test
and the people in this communi- him and other local superinten-
Student diversity **** **** scores. “I’m surrounded by the
ty,” said Livingston Middle Scho- dents on the Merced County Ad-
Curriculum variety ** **** best leadership team, and I’m
ol Principal Filomena Sousa, who ministrative Council. Escobar is
so proud of our teachers,” he
Curriculum focus Test score focused Integral forma- has worked with Escobar since a past chairman of that council.
said. “The district has become a
tion (intellectual, she began her career in education “He’s done a great job leading
magnet for some of the best te-
character, spiritual, as a third-grade teacher at Cam- his district, both in terms of im-
achers there are.” On Escobar’s
apostolic) pus Park while Escobar was prin- proving education programs and
watch, the school district built
Food/nutrition costs ~0% of budget, 35% 0% of budget, cipal there. “His legacy will be he keeping the district on sound fi-
Livingston Middle School, a $20
receive free/reduced students bring their always believed our kids deserve nancial footing,” said Andersen,
million project, and opened two
price meal own or order online anything we can do for them and who has announced his own re-
child development centers. The
more. He’s been someone who’s tirement this year. Escobar isn’t
Nutritional value * **** middle school was built without
fought for kids.” Most of the stu- planning to retire when he leaves
Parent involvement * **** a local bond by using part of the
dents enrolled in the Livingston his post in June. Instead he will
district’s reserve fund, certifi-
Student success School-dependent Top 15% nationally district come from immigrant, be investing his time building a
cates of participation and state
rates on SAT 10; 100% non-English-speaking, econo- company he recently founded,
bond proceeds. “We are probably
of graduates ac- mically disadvantaged homes. Escobar Group LLC, which will
the most fiscally sound district
cepted into private Those backgrounds are similar provide leadership, professional
in the state,” Escobar said. The
high school of their to Escobar’s, who immigrated development and mentoring ser-
Livingston district is one of few
choice to this country from the Azores vices. “This is simply a transi-
statewide that hasn’t been forced
when he was 10. He spoke no En- tion,” he said. “Change for me is
to trim programs or staff during
Then a question begs to be asked: why do we accept lower educational glish when he enrolled in fourth energizing.” But about his time at
the economic downturn. In fact,
standards and success rates from our public schools for almost the grade at a school in Hopeton. His the helm of the Livingston district
the district has added both. “He’s
same cost as an independent private school? experiences in grammar school Escobar said, “I’ve been blessed.
leaving the district in incredibly
I’m not one to propose or support the use of vouchers, but in an eco- classrooms, and the many years All I can say is thank you. It’s
good condition both financially
nomy of scale such as the California public educational system, why of mentoring and encouragement been an honor to serve this com-
and with regard to student achie-
aren’t the taxpayers benefiting from that economy of scale? he received from Kenneth Finlay- munity.” On behalf of students.
vement levels,” Sousa said. “He’s
son, then a sixth-grade teacher in
leaving it in much better condi-
Sources: www.cde.ca.gov, www.edsource.org, www.ed-data.org the El Nido school district, have By KIM YANCEY
tion than he found it.” Another kyancey@losbanosenterprise.com
influenced Escobar’s career in
elementary school is ready to be Courtesy of Merced Sun-Star
education. “He (Finlayson) made
ENGLISH SECTION 29
30 ENGLISH SECTION
California Chronicles
Ferreira Moreno
Terceiros & Passos
G
rowing up in the Azores Islan-
ds, before coming to Califor-
nia more than half a century
ago, I recall that the Lenten
season (a period of forty days previous to
Easter Sunday) was observed with much
reverence and a spirit of penance. In me-
mory of Christ's sufferings, we were not
even allowed to play or listen to music,
and all musical instruments were simply
off 1imits for both young and old.
With the imposition of the ashes, on Ash
Wednesday, the rigorous observance of
the laws of fast and abstinence came into
effect. However, it is not the purpose of
this chronicle to dwell on old penitential
rites and customs. I would rather describe
the traditional processions which, at the
time, took place in the Azores Islands.
In contrast to the more festive corteges and
cheerful parades of the Summer months,
the Lenten processions lacked pomposity
and seemed to be engulfed in sadness. On
the other hand, a series of andores (woo-
den platforms), carried on men's shoulders
and displaying saints' statues, conveyed a
sense of piety and compassion.
In my hometown of Ribeira Grande on
São Miguel Island, the Terceiros proces-
sion departed from and returned to the
São Francisco Church, popularly known
as Friars' Church, adjacent to the Hospi-
tal, headquartered in a former Franciscan
convent building. It is noteworthy to point
out that after the discovery and set-
t1ement of the Azores lsIands in the 1400's,
the Franciscans established themselves on
the islands and built their convents.
That is why the people of Ribeira Grande
gave the name of Igreja dos Frades (Friars'
Church) to the church originally dedica-
ted to St. Francis.
As for the name Terceiros, we must re-
member that St. Francis of Assisi (1181-
1226), in addition to being the founder of
the religious order known as the Order of
Friars Minor (O.F.M.), was also the co-
founder, with St. Clare of Assisi (l194-
1253) of a second
religious order geared exclusively for
women, taking the name of Poor Ladies,
which later changed to Poor Clares (Cla-
rissas in Portuguese), as they are still kno-
wn today.
Under the leadership of Francis, a third
group was organized, comprising lay
people, who wished to share in the goals
and ideals of the Franciscans, but living at
home without taking the religious vows.
The group received the name of Tertiaries
(Terceiros in Portuguese), or members
of the Third Order, now called Secular
Franciscans.
Just for the sake of clarification, it should
be included here that both the Order of
Friars Minor Conventual and Order of
CAVALHEIRO
Cavalheiro de 40 anos, residente na Cos-
ta Leste, pretende conhecer Senhora até
aos 35 anos para efeitos de casamento.
Por favor telefone para O. Oliveira
978-667-0576
15 de Março de 2010
Friars Minor Capuchin derived from the
original Order of Friars Minor established
by Francis of Assisi.
In my hometown of Ribeira Grande, it
was the Irmandade (Brotherhood) of Ter-
ceiros that
was in charge of promoting the above-
cited procession of penance, as well as
the celebration of the feast days in honor
of St. Francis and St. Isabel (1271-1336),
Queen of Portugal, who belonged to the
Third Order and entered the Poor Clares'
convent in Coimbra, when she became a
widow.
Another Lenten cortege called the Passos
procession displayed more solemnity and
a sense of mystic wonder. While church
bells chimed mournfully, the procession
moved slowly outdoors, accompanied
by two rows of men wearing purple sle-
eveless garments (opas). Even though it
was not allowed to decorate windows
and balconies, the streets were carpeted
with greens, and the little chapels known
as PASSOS, because they displayed pa-
nels depicting various steps (passos) of
Christ's journey to Calvary, or Stations of
the Cross, were profusely decorated with
a great variety of flowers and greens.
The cortege, with a platform holding a
statue of Jesus carrying the cross, stopped
at each of those Passos (chapels). Then a
choir would sing the Stabat Mater, follo-
wed by another Latin chant performed
by the Três Marias, three young girls in
Jewish costumes representing Mary Clo-
pas, Mary Magdalene and Mary Mother
of Jesus, together with Veronica, identi-
fied in Tradition as the womam who wi-
ped clean the bloody face of Jesus on the
Via
Dolorosa. At the end of the Marias' chant,
Veronica climbed to a chair and displayed
the shroud, where Jesus' Bloody face was
imprinted.
It was at Adro das Freiras (Nuns' chur-
chyard, site of an extinct nunnery) where
stood the Passo which my family was in
charge of, and the one chosen for the En-
contro (encounter).
After the Tres Marias' repertoire, another
cortege appeared with the platform car-
rying the statue of Our Lady of the Sole-
dade, also known as Lady of Sorrows and
Tears, which would stop and stand a short
distance from Our Lord's platform, as a
reenactment of the historic encounter of
Mother and Son referred to in the gospel
narrative.
It was a scene packed with much tender-
ness and emotion which, to this day, still
lingers on among the memories of my
childhood in the Azores Islands, where I
grew up sharing a whole treasure of the
most precious traditions!
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 COMUNIDADE 31

16° Aniversário do G F Tempos de Outrora

Aspecto do Salão do I.E.S. de San José, na noite do 16° Aniversário do Grupo Folclórico Tempos de Outrora

Os jovens que receberam Bolsas de Estudo: John Manuel Diniz, Jorge Silva Ferreira,
As "cantadoras" dos Tempos de Outrora Jason Anthony Santos, Kevin Gomes Lemos

No palco do I.E.S. os tocadores e cantadores do Grupo Tempos de Outrora Vitor Santos, dos Amigos da Terceira, cantou a Saudade

Desta cozinha e das mãos desta gente saíu um excelente jantar de Sopas, Cozido e Alcatra

Qualquer enciclopédia dirá que "Folclore culturais que nasceram e se desenvolve-

é um género de cultura de origem popu-
lar, constituído pelos costumes e tradi-
ções populares transmitidos de geração
em geração. Todos os povos possuem suas
tradições, crendices e superstições, que
se transmitem através de lendas, contos,
provérbios, canções, danças, artesanato,
jogos, religiosidade, brincadeiras infantis,
mitos, idiomas e dialetos característicos,
adivinhações, festas e outras actividades
ram com o povo".
E é esta cultura popular que os Tempos de
Outrora e tantos outros grupos espalha-
dos pela California, nos recordam todos
os meses, nas suas actuações nos nossos
salões de festas ou nos terreiros das nos-
sas cidades. Maioritáriamente constitui-
dos por jovens já nascidos aqui, o que é
sempre uma mais valia.
32 ÚLTIMA PÁGINA 15 de Março de 2010