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36 Revista Regional
Lucas Varin viverá seu
primeiro Natal na França:
a Torre Eiffel ganha uma
iluminação diferente nesta
época e a Champs Elysées
fica impecável, começando
do Arco do Triunfo e
seguindo até o rio Sena
>>
ria deixar de ser, a época ideal para um belo banquete. O jovem ficaram. O chef conta que conhece o sobrinho recém-nascido apenas por
nos conta detalhes da ceia francesa, em que são servidas aves de fotos e, embora a internet seja uma grande aliada nessa hora, não tem jeito:
diversos tipos recheadas com legumes, frutas secas e especiarias; com esse clima de final de ano, a saudade aperta ainda mais.
Revista Regional 37
REPÓRTER REGIONAL
Jeitinho brasileiro
Mas tem gente que encontra um jeitinho para tornar
esse processo mais fácil. Quando o marido recebeu uma
proposta “irrecusável” para ser transferido para a Tai-
lândia, a advogada por formação e blogueira Renata C.
– ela prefere ser identificada dessa forma, pois alega que
o pseudônimo é seu “charme” – não teve dúvidas: con-
vidou a mãe e a irmã para lhe acompanhar no primeiro
mês. Renata, que tem três crianças pequenas, conta que
a família está muito feliz na nova terra.
Os segredos para uma adaptação tão satisfatória
num curto período de tempo – a mudança foi em abril
deste ano – ela faz questão de compartilhar. “Meus
filhos foram educados para o mundo e sempre viajaram
conosco: dormir em ambientes diferentes não lhes causa
estranheza. O mais importante é que o casal tenha um
forte laço; ‘nós apertados’, eu diria. Caso contrário é comum que
as esposas se sintam solitárias e entrem em depressão”, alerta
Renata, que mantém o blog “Uma Esposa Expatriada” (www.
umaesposaexpatriada.blogspot.com) para fazer novos amigos e
trocar experiências.
Com uma população predominantemente budista, não são
muitas às referências ao Natal. Mesmo assim, elas existem. No
início de novembro, durante um
passeio pelo maior e mais bonito Renata C. está na Tailândia,
shopping da cidade, com seis que por ter uma população
andares, a expatriada constatou predominantemente budista,
que apenas uma loja estrangeira não possui muitas referências
vendia alguns objetos de decoração ao Natal. Mesmo assim, elas
natalina – conforme a vendedora existem, principalmente nos
lhe informou, a clientela é compos- shoppings. Em 2008, Renata
ta por turistas – e um restaurante contratou um Papai Noel para
(japonês, diga-se de passagem) alegrar sua família
ostentava objetos decorados, com
algumas luzinhas... Perto do fim
do mês, no entanto, foram coloca-
dos enfeites e uma árvore gigantes-
ca na porta.
Quando foi convidada a
participar desta matéria, ela fez
uma espécie de pesquisa informal
com os tailandeses. Dentre todas Nome completo, idade e profissão:
as pessoas a quem perguntou, Renata C.; advogada e blogueira
apenas uma tinha algum conheci- País / região em que vive atualmente:
mento sobre o Natal. Esta é uma Tailândia, Ásia
das razões – a idade das crianças
também influenciou – pelas quais Renata e seus
Há quantos Natais está fora do Brasil?
filhos virão ao Brasil passar as festas. Foi uma decisão Desde abril de 2009
para
difícil, pois o marido não poderá acompanhá-los. Natal para mim é... “um bom momento
refletir acerca do que fizemos e de com o
Algum tempo antes de deixarem o país, no ano
passado, a família viveu um momento mágico, vivemos até ali...”
quando contratou o Papai Noel “de verdade” (olhos
azuis, velhinho, com barba e cabelos brancos), para ir
ao condomínio. “Ele estava atrasado; desci e fiquei esperando no portão,
debaixo de chuva. Quando passou um carro com um Papai Noel, eu gritei
feito uma louca achando que o bom velhinho estava perdido, mas não era
o meu... Depois o homem chegou e foi um sucesso”, relembra, aos risos.
38 Revista Regional
Ligia Moro vive hoje
na Nova Zelândia:
“Nós, brasileiros, nos
reunimos na véspera
e convidamos
as pessoas mais
próximas para
celebrar o Natal
conosco, sempre
com mesa farta e
muita alegria”
>>
alta – e uma coroa de papel, para ser usada até o final da ceia, pois eles
acreditam que todos são reis e rainhas nesse dia especial.
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REPÓRTER REGIONAL
Sabor oriental
Para finalizar essa nossa rápida volta
ao mundo, vamos aterrissar no Japão, onde
vive a nossa última personagem, a jornalis-
ta, fotógrafa e escritora Rosemeire Nakamu-
ra, que foi trabalhar no país para conseguir
a quantia necessária para custear uma
cirurgia pela qual precisava se submeter.
Depois de sete meses, ela conseguiu voltar
para realizar a operação e buscar o filho de
um ano, que havia ficado com a irmã.
A jornalista conta que sempre quis
morar em outro país; “não apenas passear e
sim provar o sabor”, participar das tradições
locais e vivenciar a cultura. O Japão tem
paisagens exuberantes e é uma terra em que as estações do ano são bem um pouco para que eles entendam o signifi-
acentuadas. “Adoro fotografar a natureza e postar essas imagens no meu cado”, opina.
blog (www.nihonterradosolnascente.blogspot.com). Um lugar onde não Rose lembra com carinho do último Nome completo, idade e profissão:
existem filas, as ruas são limpas e os parques bem tratados”, explica. Natal que passou com seus pais, há dez anos Rosemeire Nakamura, 40; jornalista,
Ao contrário das nações ocidentais, para as quais o nascimento de (ambos já faleceram): “Fiz todos os pratos fotógrafa e escritora
Cristo é cercado de simbolismos, no Japão o Natal é apenas uma data co- que eles gostavam. Estávamos muito felizes; País / região em que vive atualmente:
mercial, festejada discretamente. Nas escolas as crianças fazem trabalhos conversamos e rimos muito. Mas, de certa
escolares voltados para o tema. Alguns parques se enfeitam com luzes e os
Ota shi, Japão
forma, todos foram marcantes, até mesmo
shoppings ostentam a figura do Papai Noel, mas a grande maioria vê o 25 aquele que passei no avião vindo para o Há quantos Natais está fora do Brasil?
de dezembro como um dia comum. Japão, com meu filho. Meu coração estava Seis
Para eles, a comemoração mais importante do calendário é o ano cheio de esperança e eu tinha a certeza de Natal para mim é...
novo (oshougatsu). Não há reuniões familiares, tão pouco mudanças na que os dias que viriam me reservavam bons “tempo de paz e reflexão”
rotina de trabalho, pois não é considerado feriado. “Cumprimentamos momentos”. De fato, é o que todos, nessa
nossos colegas brasileiros com mais entusiasmo, mas é um dia normal. época ou em todas as outras, buscamos: dias
Devido às diferenças culturais e religiosas, acredito que ainda vai demorar melhores para sempre.
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