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DIARIO DE CLASSE
Gracas a Deus existe um pouco de
heterossexualidade no Direito"
11 de abril de 2015, 8h01
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Por André Karam Trindade e Alexandre Morais da Rosa
Gragas a Deus existe um pouco de
heterossexualidade no Direito”.
Obviamente que essas palavras nao
sao nossas. Elas teriam sido
proferidas pelo professor doutor José
Marcos Rodrigues Vieira, que
também é desembargador do
Tribunal de Justiga de Minas Gerais.
O lamentavel episédio ocorreu no dia
23 de margo deste ano, em uma sala
de aula da Faculdade de Direito e
Ciéncias do Estado da Universidade
Federal de Minas Gerais, conforme requerimento de instauragao de
processo administrativo disciplinar protocolado na Reitoria. 0 caso é grave
no somente em face do potencial ato discriminatério que deveré ser
apurado, como, também, pelos desdobramentos institucionais relativos &
transparéncia dos processos administrativos.
Muito embora os fatos jd tenham sido noticiados pela imprensa nacional,
acreditamos ser importante dar-lhes maior visibilidade, sobretudo &
comunidade académica. E, como se sabe, este Didrio de Classe é 0 espaco
apropriado para se discutir questdes relativas a educagao juridica,
Tudo teria comegado quando, ao ministrar a disciplina de Processo Civil I
para os alunos do quinto periodo, o professor José Marcos Rodrigues Vieira
adentrou no tema das unides homoafetivas, em razio de um exemplo acerca
do “segredo de Justica”, e teria declarado: “Gracas @ Deus existe um pouco de
heterossexualidade no Direito”.
Segundo os alunos presentes, além de proferir a sentenca acima, o professor
teria iniciado um tipo de discurso criticando todo tipo de manifestagaio
publica de amor ou carinho entre casais do mesmo sexo, tendo usado como
plataforma argumentativa uma cena exibida recentemente em uma novela,
na qual houve um beijo entre as atrizes Fernanda Montenegro e Nathalia
Timberg, que interpretam um casal de lésbicas. Nos termos do requerimento
apresentado a reitoria da universidade, a critica teria se mostrado, na
verdade, como uma condenagdo odiosa da prética de tais atos.
Indignados com aquilo que entenderam ser um ato de preconceito por parte
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CConlur-"Gragas a Deus existe um pouco deheterossexualdade no Direto™
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4an2015: CConlur- "Gragas a Deus existe um pouco deheterossenualidade no Direito™
do professor, diversos alunos teriam se retirado da sala de aula,
manifestando sua reprovagao e discordancia com relagio as consideracdes
do docente. Ato continuo, o professor teria iniciado um novo ataque, agora
dirigido aqueles que se fizeram ausentes, chamando-os de “vagabundos” por
no se interessarem pelo contetido que hes ensinava em aula.
Entio, uma das alunas que presenciou os fatos teria compartilhado no
Facebook sua indignagdo pessoal. Tal postagem haveria chegado a0
conhecimento do professor, que, na aula seguinte, teria se vitimizado,
destacando que a autora da postagem estaria sujeita as repercussdes legais
do caso, Ainda nos termos da representacdo, a aluna, intimidada pela
autoridade do professor, abandonow a sala chorando, diante da
possibilidade de ser processada,
0 problema chegou até o diretor da faculdade de Direito e de Ciéncias do
Estado, professor doutor Fernando Gonzaga Jayme, que teria assumido a
defesa de seu colega, propondo uma reunido para que a aluna se retratasse
e, desse modo, evitasse qualquer repercussao legal do ocorrido.
Ainda na mesma semana, a coordenadora do Colegiado do Curso de Direito
acolheu requerimento do representante de turma e agendou uma reunido
com os alunos, juntamente com o diretor e vice-diretor da unidade. Todavia,
para a surpresa dos alunos envolvidos, a reuniéo convocada para 0
auditdrio teria sido efetivamente realizada na sala da direcao, a portas
fechadas, impedindo-se 0 acesso de todos os discentes. Na ocasio, os alunos
que participaram da reuniao optaram por gravar as conversagdes como
forma de provar aquilo que efetivamente ocorrera nesta reuniao secreta.
Consta que, dessa gravacdo, é possivel perceber que, apds os alunos
relatarem o ocorrido e requererem o afastamento do professor, a
coordenadora informou que o professor ndo aceitaria deixar a turma e
pediu que os alunos dessem abertura ao didlogo. O diretor, por sua ve7, teria
invocado o “direito consuetudinario do Departamento de Direito Civil” para
justificar que “os professores mais velhos podem escolher suas turmas ¢
acompanhé-las”, Além disso, teria encampado expressamente a defesa do
professor, duvidando que houvesse, de fato, algum contetido homofébico €
tampouco a intencdo de discriminar, pois “nao é a primeira vez que ele esta
dando aula pra alguém que seja homosexual”.
0 diretor teria insistido numa solugao “dialogada”. Para ele, seria uma
ingenuidade acreditar que uma sindicancia pudesse produzir qualquer
efeito. No requerimento, seus subscritores afirmam que é possivel ouvir
durante a gravagao (que instrui devidamente o pedido formulado) o diretor
afirmar: “se eu quisesse, poderia até manipular essa comissao”. Na mesma
linha, 0 vice-diretor também teria tentado dissuadir 0s alunos, reforgando a
ideia de que a instauragdo de um procedimento administrative seria
ineficaz, pois 0 resultado nao “passaria de uma adverténcia”.
Reitere-se: tudo isso foi gravado pelos estudantes e acostado ao
requerimento de instauragdo de processo administrativo, subscrito pelo
Centro Académico Afonso Pena (CAAP) e pelo Centro Académico do Curso de
Ciéncias do Estado (CACE), além de seis docentes da UFMG, a fim de que
sejam apurados os fatos denunciados e aplicadas as penalidades cabiveis,
afastando-se cautelarmente os investigados de seus respetivos cargos e
fungées,
Nos tiltimos dias, diversas instituigdes e organizacies, entre elas 0 Conselho
Nacional de Direito Humanos (CNDH) e a Comisso de Diversidade Sexual da
OAB-MG, emitiram notas de repiidio, requerendo a reitoria da UFMG a
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apuragio dos fatos e, se confirmados, a punicao dos envolvidos.
Esta serd uma boa oportunidade para discutirmos aquilo que se entende por
“liberdade de cétedra”. £ possivel compactuar com discursos
discriminatérios na sala de aula? A liberdade de expresso pode constituir
um ato atentatério a dignidade humana e aos direitos fundamentais? Estas
sio algumas das questdes que procuraremos responder na préxima semana.
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Anuiré Karam Trindade ¢ doutor em Direito, professor do Programa de Pés-Graduagao em
Direite da IMED e advogado,
Alexandre Morais da Rosa 6 uiz em Santa Catarina, doutor em Direito pela UFPR e
professor de Processo Penal na UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) ena Univali
(Universidade do Vale do Itajad,
Revista Consultor Jurfdico, 11 de abril de 2015, 8hO1
POR ei
Penney
COMENTARIOS DE LEITORES
9.comentarios
FOI INDICADO PELA OAB EM 2009 1H!
daniel (Outros - Administrativa)
11 de abril de 2015, ashi,
foi indicado pela OAB em 2009 para ser DESEMBARGADOR no T]MG It!
Ou sea € cria da OAB 1! hummmmmm
CADAUMA...
José Advogado (Outros)
11 de abril de 2015, 14h15,
Pelos comentarios do comentaria abaixo, em nome da “liberdade expressto’ (ou de
“cdtedra” no caso), tudo esta liberado! Desde que, evidentemente, tal “liberdade” seja
para diseriminar, oprimir, achincalhar gruposiminorias historicamente indefesas,
porque, como alguém gue néo vé problemas na IMPUNIDADE de milicosassassinos ¢
torturadores (basta ver seus comentérios em textos a respeito), o CERTO ¢ 0 JUSTO si0
conceitos bem Muidos e relatives,
Confesso que, embora nao sejam minhas éreas, gosto da antropologia eda psicologia...e
re apraz pensar sobre os papéls que as pessoas poderiam ocupar ao longo da Histéria
treio que nao acharia estranho se oreferido comentaristaestivesse confortével entre
aqueles que, no Coliseu, divertiam-se com o suplicio dos cristdos, ou, na dade Mé«ia, ja
como bom “cristo, como espectador dos castigos infligidos aos “inféis” pela Inquisicto
seus Torquemadas, ou, ainda, entre os entusiastas dos “bons meninos" da SS ha poucas
{écadas atrés... porque, nessassituagSes, vitimas no houve: exist apenas o exercicio
do direito de manifestacio de pensamento (ea sua colocagio em prética). 0 resto &
A“TOLERANCIA" DOS "TOLERANTES*.
Diogo Duarte Valverde (Advogado Associade a Escrito)
11 de abril de 2015, 13n54
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34an2015: CConlur-"Gragas a Deus existe um pouco deheterossexualdade no Direto™
‘Também acho interessante a Snsia por punigo que possuem certas pessoas einstituigdes
como aquelas citadas pelo articulista, De acordo com esses democratas, para que um
procedimento seja legitimo, é preciso que o resultado sejafavordvel as suas pretensdes.
Ou seja,na sua concepedo de "democracia’, caso o professor ndo sea punido, os
pprocedimentas administratives da faculdade sto automaticamenteilegitimos. Quezem
tum "show tral’, um julgamento no qual apenas um resultado é possivele os
procedimentos sio um melo de satistazer a formalidade “burguesa”.Alguns vao ainda
mais além e exiger sangdes penais, Sao mesmo pessoas muito “tolerantes", nfo? Nessa
concepgdo, até Kim Jong-un é um democrata exemplar.
Vertodos comentarios _Comentar
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