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Abstract
To argue the relevance of modelling and simulation in building of mathematic thought and
the teaching/learning of Mathematics in elemantary school, employing MS-Excel and MS-
Paintbrush.
Key-words: Mathematic modelling, simulation, informatic on education
Apresentação
1
Artigo escrito como forma de avaliação parcial da disciplina Modelagem Matemática, no Curso de Mestrado
em Ensino de Ciências e Matemáticas do NPADC/UFPA/2003.
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Entendemos mais apropriado empregar a expressão “modelação”, posto que se tratar de um processo
matemático, em lugar de “modelagem”, que é a forma mais corrente e aceita no Brasil, no entanto faremos
uso dos dois termos.
procedimentos necessários para a elaboração de modelos matemáticos; para isso existem os
excelentes trabalhos de Rodney C. Bassanezi e de Maria Sallet Biembengut3.
Recomendamos que, de início, o professor se familiarize como estes trabalhos, mas se já
possuir suficientes conhecimentos sobre o assunto pode passar direto para o trabalho no
computador; contudo é mister que planeje as atividade no Paintbrush e/ou Excel com
cuidado e atenção aos detalhes.
Introdução
3
Veja em Referências Bibliográficas.
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Dicionário Aurélio Escolar da Língua Portuguesa. Nova Fronteira, 1ª ed. RJ. 1988.
força humana? Para responder a isso a ciência cria modelos, tenta reproduzir, contudo estas
e outras tantas obras construídas a milhares de anos continuam sendo um mistério.
Na falta de um modelo mais adequado, aceitamos o modelo que nos parece mais
plausível. René Descartes, no século XVII, tentou entender o Universo e a natureza dos
sistemas orgânicos através da analogia desses com máquinas. Naquela época, o mecanismo
de mais alta tecnológia conhecido e que representava a concepção que o homem tinha de
precisão e perfeição era o relógio. Assim, Descartes usou o modelo mecânico (os
complicados mecanismos de relojoaria), estabelecendo um conjunto de regras que
governavam o funcionamento do todo e de suas partes para explicar o comportamento de
planetas e satélites, bem como o funcionamento dos organismos biológicos. Ainda hoje
mantemos algumas dessas analogias cartesianas: comparamos o coração com uma bomba
hidráulica; consideramos o organismo vivo como um motor térmico que recebe o
combustível (alimento) e o converte em energia, que vai gerar movimento (ação muscular)
etc.
Estamos, pois, sempre buscando compreender os fenômenos que nos cercam através
de comparações, de analogias com sistemas cujos padrões já sejam conhecidos e cujas leis
e regras sejam dominadas. A partir daí elaboramos cenários onde vamos analisar o
comportamento do modelo ante variações determinadas e estabelecemos as relações com o
comportamento do sistema real; construímos protótipos ou modelos prototípicos para testar
nossas hipóteses, e nesse processo fazemos inferências, deduzimos, aprendemos...
(...) modelos podem ser visto como um novo mundo construído para
representar fatos/eventos/objetos/processos que acontecem no nosso
mundo ou num mundo imaginário. Normalmente tais modelos são mais
simples que o ‘mundo a ser modelado’ e na maioria dos casos
interagimos com esses modelos com o claro objetivo de melhor
compreender o mundo modelado. (Sampaio, p.7)
E foi traçando relações de analogia entre causa e efeito que deu seu primeiro passo
em direção ao progresso científico e tecnológico; é assim, criando modelos, testando-os,
analisando e comparando os resultados que a ciência trabalha e evolui. A modelagem, vem
a ser, então, o ato de construir tais modelos. Biembengut & Hein apresentam a modelagem
como “um processo que emerge da própria razão e participa da nossa vida como forma de
constituição e de expressão do conhecimento.” (2002, p.11)
A verificação da aplicabilidade de uma determinada lei ou princípio num dado
sistema denominamos de simulação. Um sistema de modelagem pode ser utilizado tanto
para criar modelos, quanto simulações. A diferença entre modelo e simulação é que no
primeiro temos a estrutura que arremeda a realidade e sobre a qual se assentam as teorias
que buscamos comprovar; no segundo vemos o resultado obtido a partir do emprego do
modelo. Um bom exemplo do que acabamos de expor está na tecnologia dos fabricantes de
aviões, navios e similares. Estes costumam construir réplicas (modelos ou protótipos) em
escala para serem testadas em um túnel de vento ou em uma piscina onde reproduzem as
condições (simulação) a que estarão submetidos seus produtos reais.
Nessas experiências conduzidas com maquetes ou miniaturas em escala, o tempo
transcorre sem produzir alterações no comportamento do próprio modelo, e nesse caso
dizemos que este sistema trabalha com um modelo estático. Um sistema de modelagem é
considerado dinâmico quando tende a evoluir com o decorrer do tempo, isto é, quando
estabelece relações matemáticas entre quantidades físicas e o tempo, considerado como
uma variável independente. É o caso de modelos que envolvem sistemas orgânicos e
relações do homem com a natureza e com a sociedade. Sampaio ( op.cit. p.3) cita como
exemplo de modelo dinâmico o comportamento dos sistemas econômicos de um país,
posto que está submetido a pontos de vista políticos.
Do ponto de vista da psicologia da Educação Matemática, a modelagem
pode desenvolver nos alunos a compreensão do significado, estrutura e
função de conceitos matemáticos; desenvolver a competência para
construir abordagens matemáticas para problemas e situações de atividade
matemática enquanto prática cultural. (2002, p.19)
Ao considerarem a modelagem matemática como uma competência ou habilidade
central para o desenvolvimento do pensamento cientifico ativo e duradouro, Bredeweg e
Forbus apontam para um papel importante e significativo da modelagem, que é habilitar os
estudantes a desenvolverem suas próprias teorias; realizar projeções/predições em situações
concretas tendo por base dados numéricos, etc. Daí que o processo de construção de
modelos pode vir a ser uma eficiente ferramenta pedagógica para o professor interessado
em renovar sua prática de sala de aula se, de um lado, ele tiver coragem para assumir suas
limitações e optar pelo caminho da pesquisa7 e, de outro, os estudantes estiverem
conscientes que estão trabalhando com aproximações do real e teorizando sobre
representações (D’Ambrosio, 1993); ou seja, deve ficar bem entendido que o que se tem em
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Cf. in: http://www.swi.psy.uva.nl/usr/bert/pdf/aimag2003b.pdf. Qualitative Modeling in Education. Bert
Bredeweg e Ken Forbus.
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Nos referimos ao novo perfil do profissional em educação - o professor-pesquisador - e a pesquisa como
estratégia de conhecimento e como prática pedagógica, tendo em vista a interação aluno e objeto de estudo e a
transformação da sala de aula em um ambiente onde deve acontecer situações de aprendizagem.
mãos num trabalho de modelagem matemática é uma visão ou descrição parcial da
realidade, mas que nem por isso pode ser desprezada.
Convém não esquecer que o processo de modelagem matemática começa sempre
com uma situação real, um problema do cotidiano, para depois buscar na Matemática as
ferramentas que podem ser empregadas para a resolução desse problema, e que num
trabalho de modelagem matemática valorizase mais as descobertas feitas pelo aluno
durante o processo de resolução do desafio proposto (o que em verdade constitui um
elaborado processo de pesquisa) e nesse processo o aluno não apenas extrai reflexões
analíticas significativas como também percebe que as intrínsecas relações entre teoria e
prática constituem o arcabouço sobre o qual constrói seus conhecimentos.
A questão da modelagem matemática no ensino fundamental pode ser abordada sob
várias perspectivas, com especial destaque para a construção de conhecimento; o
desenvolvimento de um raciocínio abstrato, necessário ao aprendizado da Matemática; a
explicitação e refinamento das representações mentais sobre um conhecimento; a
elaboração de estratégias para o enfrentamento de situações do cotidiano; a percepção do
mundo a partir de uma visão de dinâmica de sistemas e, tópico fundamental, a abertura das
portas da Filosofia e desta para a compreensão de um mundo maior e totalmente integrado.
Poderíamos dizer que a matemática é o estilo de pensamento dos dias de
hoje, a linguagem adequada para expressar as reflexões sobre a natureza e
as maneiras de explicação. Isso tem, naturalmente, importantes raízes e
implicações filosóficas. (D’Ambrosio 1996, p.59)
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Cf. http://solaris.niee.ufrgs.br/cursos/tópicos-ie/malice. In A Educação Matemática e as Novas
Tecnologias da Informação e Comunicação, de Maria Alice Gravina.
construir gráficos (difíceis ou impossíveis de serem desenhados manualmente) que
representam a imagem da função/expressão (modelo) matemática desejada. O Modellus, o
MatLab e o Mathematica são exemplos desses ambientes. Outro software gráfico muito
empregado em aulas de Matemática é o Cabri Geométre, específico para a geração de
figuras geométricas planas e no estudo de suas propriedades. E temos ainda o ambiente ou
linguagem Logo, um software que, embora não tenha sido desenvolvido especificamente
para aplicações Matemáticas é bastante utilizado no ensino de geometria e na construção de
conceitos matemáticos, prestando-se de forma excepcional a construção de modelos
matemáticos.
O Logo é uma linguagem de programação concebida sob um paradigma
construcionista piagetiano na década de 1960 por Seymour Papert e Marvin Minsky, do
Massachussets Institute of Tecnology; foi apresentada na década seguinte e atingiu seu
auge nos anos finais do século passado. A Linguagem Logo pode ser usada em diversos
domínios do conhecimento (artes, música, matemática, etc) mas foi desenvolvida para fins
educacionais e está afinada com o paradigma educacional emergente, que reconhece a
interdependência dos atores participantes do processo educativo e da influência do meio na
aprendizagem e na construção de conhecimento. O Logo evoluiu do ambiente DOS para
versões que rodam em ambiente Windows (SuperLogo, MegaLogo), facilitando
sobremaneira seu emprego e aplicação em trabalhos com alunos do Ensino Fundamental,
quanto do Ensino Médio ao Superior, passando pelos cursos de Capacitação ou Formação
de Professores, em nível de pós-graduação.
Além desses e outros softwares para aplicações no ensino da Matemática existem
aqueles que, por suas características e guardadas as devidas proporções, podem ser
trabalhados na transmissão de conteúdos matemáticos. Numa perspectiva de ensino
fundamental existem aplicativos de uso simples e corriqueiro que podem ser utilizados no
processo de modelagem matemática com excelentes resultados. Dentre eles destacamos o
MS-Paint e o MS-Excel. O editor de desenhos da Microsoft está presente em toda máquina
que roda em ambiente Windows, enquanto planilha eletrônica Excel faz parte do pacote de
aplicativos do Office, também da Microsoft. Tomamos esses dois produtos para exemplo e
objeto desse trabalho por serem os mais freqüentes na grande maioria dos computadores
domésticos, por apresentarem facilidade no manuseio de suas ferramentas e,
fundamentalmente, por possibilitar investigações em Matemática com ênfase nos processos
de raciocínio (indutivo, dedutivo, analógico, aritmético, algébrico, proporcional, espacial,
estatístico) e construção do pensamento matemático.
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Cf. sugestões de Biembengut em 1999, pgs. 51 em diante; em 2002, pgs. 31 a 83.
ornamentos como faixa, roseta e mosaicos. A construção de mosaicos segundo a técnica de
M.C. Escher, que empregou esses movimentos nos seus trabalhos, fica enormemente
facilitada com o uso do Paint, conforme podemos observar abaixo.
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A esse respeito recomendamos a excelente coleção “Matemática para todos” de Imenes e Lellis, Ed.
Scipione. Eles tratam do tema Simetria de forma muito inteligente, moderna e com diversos níveis de
aprofundamento, conforme a série.
figuras geométricas. Abaixo apresentamos um resumo dos procedimentos que empregamos
para aplicar essa atividade em turmas de 5ª a 8ª séries.
Considerações finais
Referencias bibliográficas
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Contexto. 2002.
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______________________ Educação Matemática: da teoria à prática. São Paulo. Papirus, 1996.
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Aprendizagem: Algumas Questões Para Reflexão.
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