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Ce. -ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DDE ENGENHARIA E AMBIENTAL Associagao Brasileira de Mecca dos Solos e Engenharia Geotécnica Niicleo Regional Sao Paulo Mesa Redonda: Sondagens - Método, Procedimentos e Qualidade Patrocinio $Fundsolo Sao Paulo Margo/ 2011 ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA E AMBIENTAL ‘Av. Prof, Almeida Prado, 632 — IPT (Prédio 59) 0508-901 - Sao Paulo - SP Tel.: (11) 3767-4361 - Telefax: (11) 3719-0861 - E-mail:abge@ipt.br - Home Page: httovww.abge.com. br DIRETORIA - GESTAO 2009/2011 Presidente: Fernando Facciolla Kertzman Vice-Presidente: Gerson Salviano de Almeida Filho Diretora Socrotaria: Katia Canil Diretor Financeiro: Luiz Fernando D'Agostino Diretor de Eventos: Elisabele Nascimento Rocha Diretor de Comunicagao: Marcelo Fischer Gramani CONSELHO DELIBERATIVO Elaine Cristina de Castro, Elisabete Nascimento Rocha, Fabio Canzian da Silva, Fabricio Araujo Mirandola, Fernando Facciolla Kertzman, Femando Ximenes T. Salomao, Gerson Almeida Salviano Filho, ivan José Delatim, Katia Canil, Leonardo Andrade de Souza, Luiz Antonio P. de Souza, Luiz Fernando D'Agostino, Marcelo Fischer Gramani, Newton Moreira de Souza, Selma Simoes de Castro. NUCLEO RIO DE JANEIRO Presidente: Nelson Meirim Coutinho - Vice-President: Antonio Queiroz Diretor Secretario: Eusébio José Gil - Diretor Financeiro: Cléudio P. Amaral End.: Av. Rio Branco, 124 / 16° andar — Centro - 20040-916 - Rio de Janeiro - RJ Tel : (21) 3878-7878 Presidente - Tel.: (21) 2587-7598 Diretor Financeiro E-mail: nelsonmeirim@geobureau.com.br NUCLEO MINAS GERAIS. Presidente: Maria Giovana Parizzi - Secretario: Frederico Garcia Sobreira Tesoureiro: Luis de Almeida Prado Bacellar - Diretor de Eventos: Leonardo Andrade de Souza End.: Univ. Fed. de Ouro Preto - Depto. Geologia - 35400-000 - Ouro PretolMG Fone: (31) 3559. 1600 r 237 Fax: (31) 3559.1606 — E-mail: sobreira@degeo.ufop br REPRESENTANTES REGIONAIS UF [E-mail ROBERTO FERES AC __ |r feres@uol.com.br HELIENE FERREIRA DA SILVA AL__ |helionets@gmail.com JOSE DUARTE ALECRIM AM | jalecrim@ufam.edu.br CARLOS HENRIQUE DEA.C.MEDEIROS [BA _|chmedeiros@terra.com.br FRANCISCO SAID GONGALVES CE | pesquisagoo@yahoo.com.br NORIS COSTA DINIZ DF __|norisdiniz@gmail.com JOAO LUIZ ARMELIN GO__|armelin@furnas.com.br MOACYR ADRIANO AUGUSTO JUNIOR MA__|moacyraugusto@ig.com.br ‘ARNALDO YOSO SAKAMOTO Ms __|arnaldosakamoto@gmail.com KURT JOAO ALBRECHT MT __|kurt@cpd.ufmt.br ‘CLAUDIO FABIAN SZLAFSZTEIN PA _|iosslo@ufpa.br MARTA LUZIA DE SOUZA PR__|misouza@uem.br LUIZ GILBERTO DALL'IGNA RO__|igdalligna@brturbo.com.br CEZAR AUGUSTO BURKERT BASTOS RS __|cezarbastos@furg.br CANDIDO BORDEAUX REGO NETO SC |candidobordeaux@uol.com.br JOCELIO CABRAL MENDONCA TO __|jocelio@sigongonharia.ong.br Apresentagao A Associago Brasileira de Geologia de Engenharia e Ambiental — ABGE juntamente com a Associagao Brasileira de Mecdnica dos Solos e Engenharia Geotécnica - ABMS promoveram no dia 31 de marco de 2011 a Mesa Redonda: Sondagens - Método, Procedimentos e Qualidade com o intuito de fomentar a discussdo sobre a pratica da atividade no Brasil. Desde que a perfuragao a seco foi introduzida, em 1939, pelo Eng. Odair Grillo, entao chefe da secdo de Solos e Fundagées do Instituto de Pesquisas Tecnolégicas do Estado de Sao Paulo (IPT), os servigos de sondagens foram iniciados no Brasil. Como o caminho até a padronizacéo levou 30 anos, podemos dizer que os procedimentos e métodos praticados ja estao bastante consolidados no meio técnico brasileiro. Essa dbvia constatagéo convoca o meio técnico a uma reflexdo: como esta a qualidade dos servigos de sondagens praticados no mercado brasileiro? Por estar desenvolvendo atividades em empresa de projetos de barragens, tenho tido contato com um niimero significativo de empresas de diversas partes do Brasil e pude observar que a qualidade dos servigos executados tem ficado aquém do preconizado por elas, que admitem estar executando seus servigos de acordo com as normas vigentes, No entanto, ao receber 0 produto final, observa-se que ha uma ndo-conformidade reinante Podemos tentar entender as razdes para explicar o injustificdvel. De meados da década de 80 até o final da década de 90, houve uma grande queda nos servigos de investigagdes no Brasil, reflexo, principalmente, da falta de investimentos em infraestrutura. Com isso, houve um grande enxugamento de empresas de projetos e prestadoras de servicos e, consequentemente, uma grande perda de profissionais qualificados, incluindo geélogos, técnicos de geologia e geotecnia, encarregados de sondagens e sondadores. Com a retomada do aquecimento no setor, as empresas estdo fazendo o que podem para atender a demanda. Mesmo assim, os investimentos em equipamentos e pessoal qualificado no acompanham o ritmo dos trabalhos imposto pelo mercado. Essa reclamagao nao é recente. O Eng. Moacyr Menezes, no 3° SEFE (Seminario de Engenharia de Fundagdes Especiais e Geotecnia), realizado Sao Paulo, em 1996, apresentou um trabalho cujo tema aborda o assunto em questéo, ou seja, a falta de qualidade nos servicos de sondagens executados no Brasil. HA 14 anos, ele j dizia que: *(...) nos limos anos, a qualidade dos servicos vinha caindo vertiginosamente (..)". Como concluséo, apresentou ao meio técnico uma proposicao com 29 procedimentos para contratagéo de sondagens de simples reconhecimento. O que se observa é que a constatagao feita por Menezes ha mais de uma década ainda persiste. © momento € oportuno para discutirmos o assunto na tentativa de encontrarmos uma solugéo que garanta que os servigos de sondagens voltem a ter a confiabilidade que necessitamos para desenvolver nossos projetos. Geél. Ivan José Delatim Programagao 75:30h | Abertura: Femando Facciolla Kertzman — Presidente ABGE Marcos Massao Futai — Presidente ABMS - NRSP 76:00h | Palestra: GEOFISICA & SONDAGENS. Otavio Coaracy Brasil Gandolfo — Geofisico - IPT 16:30h | Palestra: Perfilagem Otica. Geel, Carlos Goncalves - Fundsolo 17:00 | Palestra: O Programa de Formagao de Sondadores do MEC e seu Impacto na Qualidade dos Trabalhos Wilson Conciani — Pro Reitor de Pesquisa e Inovacao IFB 17:30h | Palestra: A Qualidade dos Servigos de Sondagens Executadas no Brasil — van José Delatim — Geélogo - Intertechne Consultores SA T8:00h | IntervengSes de convidados especiais e pré-inscritos do plenario, 78:30h | Encerramento 19:00h | Confratemizagao GEOFISICA & SONDAGENS Geofisico Otavio Coaracy Brasil Gandolfo - IPT gandolfo@ipt.br A geofisica geralmente precede uma campanha de sondagens. Embora esta seja uma seqliéncia esperada nas etapas de investigagao em uma obra, isto nem sempre ocorre. A geofisica, atuando preliminarmente em um projeto de engenharia, tem o papel de orientar a locagéo e auxiliar 0 planejamento das sondagens que seréo realizadas na rea a ser investigada. De posse das informacées de sondagens realizadas posteriormente, pode haver uma re-interpretagdo dos dados, ou mesmo um ajuste em fungao dos dados diretos até entao inexistentes. Pode acontecer das sondagens serem efetuadas simultaneamente aos levantamentos geofisicos, Neste caso, as informagées advindas destas, seréo muito titeis para a interpretagao dos dados e no refinamento do modelo geofisico final Pode também ocorrer uma ampla campanha de sondagem sem previséo alguma de se utilizar a geofisica no estudo da area, Neste caso, quando a geofisica é solicitada, geraimente é para elucidacao de algum tipo de problema, em local de alguma complexidade geolégica ou com o aparecimento de algum imprevisto. Independentemente do caso, é altamente recomendada a utilizacao integrada das informagdes de sondagens mecanicas com os resultados de um levantamento geofisico. Primeiro, porque a informagao da sondagem, embora precisa e direta, ¢ pontual, Por outro lado, apesar da geofisica fornecer uma informagéo com menor preciso (por ser um método indireto), sera capaz de investigar um maior volume do macigo e em seu estado natural (0 que & muito importante quando se deseja a obtencdo de parametros deste) ou ainda auxiliaré na identificagao de possiveis zonas de anomalia nao detectadas pelas sondagens Portanto, geofisica e sondagens devem sempre se complementar (KEAREY et al., 2009). A Figura 1 mostra uma belissima segao de radar (GPR) da literatura, ilustrando 0 perfeito casamento de um bom dado geofisico com as informacdes advindas de furos de sondagens. 400 600 800 +160 ELEVATION ( EE} very FINE SAND CD caver sur LES seorock Figura 1 - Integracdo de um excelente dado geofisico (GPR) com as informagées de duas sondagens (DAVIS & ANNAN, 1989). Os meétodos geofisicos comumente empregados na engenharia e na 6 geotecnia, séo 0s métodos sismicos, elétricos e, eventualmente, o GPR. Sdo estes ‘os métodos que geralmente fornecem os melhores resultados e que podem ser diretamente correlacionados com as informagées advindas das sondagens mecanicas e informagées diretas (percussao, rotativa, trado, pogos e trincheiras) Dentre os métodos sismicos, a sismica de refracao ¢ a mais utilizada nos projetos de engenharia e geotecnia. A sismica de reflexo rasa, embora ainda nao tenha uma larga utilizacdo, vem gradativamente consolidando-se ano apés ano Um método relativamente novo e ainda pouco empregado em nosso pais é 0 MASW (Multi Channel Analysis of Surface Waves) que, como o préprio nome ja diz, emprega eventos sismicos conhecidos como “ondas superficiais’ e ndo as “ondas de corpo" utilizadas na refragéo e reflexdo - onda P (compressional) e onda S (cisalhante). © MASW 6 uma evolugao do método SASW (Spectral Analysis of Surface Waves). Por meio da andlise das ondas superficiais e de refinadas técnicas de processamento dos dados, sao obtidas informagées da variagao da velocidade da onda cisalhante (Vs) com a profundidade. A utilizagao de Vs na engenharia civil € uma pratica que vem crescendo, apesar de algumas dificuldades operacionais relacionadas a geragdo e identificagao das ondas cisalhantes O ensaio crosshole permite a determinagao tanto de Vp (velocidade da onda compressional) como de Vs no macigo compreendido entre dois ou trés furos, devidamente preparados para o ensaio e relativamente proximos entre si. E, portanto, um ensaio localizado, geralmente efetuado em areas onde sero implantadas estruturas vibratérias, quando ha a necessidade de conhecimento (para fins de projeto) dos pardmetros elasticos dinamicos do macigo sobre o qual a estrutura estara assentada (por exemplo, em projetos de funda¢ao de aerogeradores usados para geracdo energia elétrica a partir de energia edlica) Alguns ensaios sismicos podem ser realizados quando disponiveis apenas um furo de sondagem, como por exemplo, o downhole e 0 uphole (CORDEIRO et al. 1984). Estas técnicas sao teoricamente mais precisas para determinagéo em profundidade de espessuras e velocidades de propagacdo das ondas P e S (DOURADO, 1984). A eletrorresistividade, particularmente a técnica do caminhamento elétrico, tem grande aplicagéo na engenharia, sendo comumente empregada em conjunto com 0 metodo sismico. O método responde a um parametro geofisico (resistividade elétrica ou seu inverso, a condutividade elétrica) que possui uma étima correlagao com a com a presenga ou nao de 4gua no macigo terroso/rochoso. Atualmente, técnicas mais modermas de processamento dos dados possibilitam a obtengdo de modelos que podem ser mais bem correlacionados com a geologia do local investigado. O GPR encontra aplicagées restritas em engenharia geotécnica devido ao seu baixo poder de alcance em profundidade. Os solos geralmente apresentam valores de resistividade n&o muito elevados 0 que atenua fortemente as ondas de radar, dificultando a sua penetragdo em profundidade. A utilizagao de mais de um método geofisico na investigagao é altamente recomendada. Em geral, a utilizagdo conjunta dos métodos sismicos com a eletrorresistividade fornece resultados satisfatérios na maioria das situagdes, podendo ser complementada por um terceiro método geofisico (potencial espontaneo, GPR, magnetometria), dependendo do tipo de problema a ser solucionado. Uma série de bons textos didaticos pode ser obtida no site do Instituto de 4 Geociéncias e Ciéncias Exatas da UNESP - Departamento de Geologia Aplicada (http://www. re.unesp. br/iace/aplicada/), descrevendo os diversos métodos geofisicos de forma bastante didatica (figuras animadas, exemplos, etc) e em diversas bibliografias da area de geofisica (GRIFFITHS & KING, 1983; PARASNIS, 1997; KEAREY et al., 2009) REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS KEAREY, P., BROOKS, M., HILLI, I. 2009, Geofisica de exploragéo, Oficina de Textos, 438p CORDEIRO et al. 1984. A técnica de “up-hole” como auxilio na definicao de estratos geotécnicos. Anais do 4° Congresso Brasileiro de Geologia de Engenharia. V.3 DAVIS, J. L., ANNAN, A. P. 1989. Ground-penetrating radar for high-resolution mapping of soil and rock stratigraphy. Geophysical Prospecting, v.37, n.5, p.531-551 DOURADO, J. C. 1984. A utilizagéo da sismica na determinacéo de parametros elasticos de macigos rochosos e terrosos “in situ”. Publicagées de artigos técnicos da ABGE, n.8. Sao Paulo, 12p. GRIFFITHS, D. H. & KING, R. F. Applied geophysics for geologists & engineers. The elements of geophysical prospecting, 3ed. Pergamon Press, 1983. 230p. IGCE-UNESP-- Departamento de Geologia Aplicada http://www. re.unesp. br/igce/aplicada/ PARASNIS, D. S. Principles of applied geophysics. 5ed. London: Chapman and Hall, 1997. 429p. Perfilagem Otica Fundsolo Introdug&o Os diversos métodos de perfilagem como: resistividade elétrica, raios gama, métodos sismicos (cross hole, down hole, up hole), etc. so utilizados 4 muito tempo em investigagdes de pogos, principalmente em setores de petréleo, hidrogeologia, mineragdo e geotecnia. O método de perfilagem ética surge como uma das mais novas ferramentas neste seguimento, com uma grande gama de aplicagées. Definic&o A perfilagem ética ou televisamento de furos consiste em um método de investigagao, em que se obtém imagem continua, colorida em 360° de paredes de furos de sondagem convencional ou perfuragdes com métodos destrutivos (sem recuperacdo de amostras) Equipamento © equipamento utilizadotrata-se de uma ferramenta, constituida principalmente por uma camera com um espelho convexo, ligada a um cabo de ago especial que envia informagées a uma central acoplada ao computador. Este sistema fornece imagens de “fatias” em 360°, que sdo “empilhadas’ formando a imagem completa da parede do furo © aparetho é equipado por um sistema de trés magnetémetros e trés gravimetros, além de um contador de profundidades. Com isso a ferramenta fornece dados complementares de diregdo e inclinagao dos furos. Guincho com cabo de aco para dados Camera utilizada na Perfilagem Aplicagdes Este método tem diversas aplicagdes, como: -Investigagdes geolégico-geotécnicas em furos de sondage; -Verificagdo de integridade de colunas; -Verificagao de vazamentos ou danos em revestimentos de pogos; -Analises estruturais para geotecnia e mineragao; a -Observago de vazios em estruturas geolégicas; eal -Entre outras, : Estrutura geolégica na aquisi¢ao de dados Perfuragéo A perfuragdo dos furos para execugao da perfilagem otica podera ser realizada através de sondagens convencionais, com recuperagdo de amostras, ou por métodos destrutivos, contanto que se garanta a integridade das paredes, para que nao haja qualquer tipo de obstrugao para a ferramenta, Perfuracao roto-percussiva para Perfilagem Interpretag&o dos Dados A interpretagao dos dados é realizada por softwares de tiltima geracdo. Estes softwares permitem a obtengdo de dados estruturais como, por exemplo, de diregéo e mergulho, a partir de indicagdes de fraturas, acamamentos, descontinuidades, intrusées, etc. Podemos ainda obter dimensées de camadas, preenchimento e abertura de fraturas ou vazios. Interpretagao estrutural Resultados Obtidos A. partir da aplicagao deste _método juntamente com a interpretagao dos dados podemos obter os seguintes produtos: -Imagem em 2D das paredes dos furos; -Imagem em 3D das paredes dos furos (testemunho virtual); -Indicagao das fraturas com suas atitudes; -Descrigdo visual das paredes, podendo ser indicadas mudangas litolégicas; -Inclinagao e diregao do furo perfilado; -Desvio do furo; -Ete. Imagem obtida com Perfilagem de ir F ' Testemunho convencional i Vantagens e Limitagées Este método traz a grande vantagem do tempo de execugdo, em relagéo com as sondagens convencionais. Outro grande ganho com esse equipamento é a preciso dos dados estruturais, como diregao e mergulho, além da diregdo, inclinagao e desvio dos. furos. Como a perfilagem tem como objeto de trabalho a imagem, pode ser limitante para a utilizagdo deste método, furos que estéo abaixo do N.A., com agua turva ou lama e nao houver a possibilidade de limpeza, com a “lavagem” do furo ou a utilizagao de floculantes. Para estes casos a FUNDSOLO, esté em processo de importagéo de uma nova ferramenta, que se utiliza das propriedades actisticas, para a perfilagem em Aguas turvas ou lama. Conclusées Este método nao veio para substituir totalmente as sondagens convencionais e sim para complementé-la e acelerar grandes investigagées, ou seja, em areas em que se possui o conhecimento dos aspectos geolégico-geotécnicos locais, podemos aplicd-lo para diminuir o tempo de gastos com investigagdes O importante ¢ sempre trabalhar com critérios técnicos, para que a informagao obtida seja a mais confidvel possivel, j4 que se trata de um método que envolve grande tecnologia e necessita de treinamentos especiais para aquisigao e principalmente interpretagao dos dados. A formagao de sondadores - experiéncia do IFB Wilson Conciani, Professor, Eng. Civil, Dr. em Geotecnia, Reitor do Instituto Federal de Educagéo, Ciéncia e Tecnologia de Brasilia - FB. wilson.conciani@ifb.edu.br Carlos Medeiros, Eng. Civil, Doutorando da UNB, Diretor Técnico da EMBRE. Secretario Geral da Associacao Brasileira de Mecanica dos Solos e Engenharia Geotécnica - ABMS, carlos.medeiros@embre.com.br Sénia Costa, Professora, Design Industrial, Dra. em Educagéo, Coordenadora do Programa CERTIFIC da Secretaria de Educagdo Profissional e Tecnolégica do MEC. sonia.costa@mec.gov.br Patricia Rodrigues Amorim, Técnica em Assuntos Educacionais, Especialista, Coordenadora Pedagégica, Instituto Federal de Educagao, Ciéncia e Tecnologia de Brasilia - IFB, campus Samambaia. patricia.amorim@ifb.edu. br. RESUMO Este artigo tem o propésito de relatar a experiéncia de formagao profissional inicial de sondadores de solos, desenvolvida no Instituto Federal de Brasilia - IFB, Campus Samambaia. © trabalho se deu de modo a atender a demanda da sociedade por qualificacdo profissional para a area de construcdo civil. Para tanto, 0 IFB reuniu-se com a Associagao Brasileira de Mecanica dos Solos e Engenharia Geotécnica e definiu um perfil profissional. A partir deste perfil foi montado um curso com duragao de 210 h. O curso reuniu um publico heterogéneo, constituido de trabalhadores experientes atuando como sondadores, ajudantes, pessoas que nunca souberam desta profissdo, dentre outras. Deste esforco, obtiveram-se dois resultados: a capacitagao técnica de um grupo de trabalhadores e a sua ascensdo enquanto pessoas. Atualmente o piloto de formagao de sondadores encontra-se na fase de expansdo para todo o pais, através da Rede Federal de Educagao Profissional e Tecnolégica. Palavras chave: Sondagens; Educagao Profissional; Formagao Inicial e Continuada; Qualificagao Profissional; Estratégias de Formag4o Profissional; Educagéo de Jovens e Aduttos. INTRODUGAO © mundo do trabalho demanda por profissionais qualificados tecnicamente para a execugao das mais diversas atividades possiveis. Na area geotécnica este desafio é particularmente maior, haja vista a falta de escolas de formacdo de profissionais do nivel operacional. O Catalogo Brasileiro de Ocupagées (CBO) define © sondador como um profissional que desempennha tarefas de prospeccao de solos, rochas e cuja formacdo se dé em servigo, Para o Ministério do Trabalho este profissional nao carece de formacao técnica ou de qualificagao profissional Uma parte importante desta demanda aparece nos pedidos de associagées 13, de trabalhadores e patronais feitas diretamente ao Ministério da Educagao (MEC) ou a0 Ministerio do Trabalho e Emprego (MTE). Para atender estas demandas o governo federal, através do MTE, criou um programa de qualificagao financiado pelo Fundo de Amparo aos Trabalhadores (FAT). Este programa exige que as qualificagdes sejam feitas segundo competéncias basicas e especificas. Estes cursos com duragao minima de 40 a 80 h ndo supriram toda a demanda do mundo do trabalho e desarticulado, na sua execugao, dos setores produtivos. Entretanto, a observagao cotidiana mostra que as praticas de sondagem variam muito em fungdo do ramo da atividade final (construgdo civil, mineragdo, meio ambiente, ...) para qual 0 servigo é realizado e da regiéo onde o profissional ou empresa atua e atende firmas onde ele trabalha. Isto é, cada um faz como acha que deve ser. Por conta dessa diversidade de praticas, ha um frequente desencontro na apreciagdo e interpretagdo dos resultados. Mesmo atividades simples como a identificagao dos solos sofrem muitas influéncias regionais e pessoais. O uso da antiga NBR 7250 (ABNT, 1984) , hoje incorporada pela NBR 6184 (ABNT, 1996) é quase que desconhecido no meio destes profissionais. Alguns profissionais clasificados e contratados nas firmas como sondadores so, de fato, encarregados de sondagens tipo SPT. Muitos destes sondadores se quer sabem de outra técnica de sondagem a nao ser 0 SPT ou o trado. O boletim de campo entregue ao pessoal de escritério para compilagao dos dados e formalizacao do relatério, com frequéncia apresenta descrigdes dispares e incongruentes. Em muitos casos a leitura destes boletins de campo é um exercicio de adivinhagao. Por tudo isto é, comum ao profissional geotécnico, engenheiro ou gedlogo, enfrentar problemas na interpretacdo dos resultados de sondagem. Em alguns casos a experiéncia pregressa diz a descrigao dos solos pouco aderente a formagao em andlise. Em outros casos 0 uso das informagées contidas no relatério de sondagens leva a erros crassos de interpretagdo. Por outro lado, 0 nao uso de padrées nacionais unificados leva dificuldades concretas de confiabilidade. Em que pese a declaragao de adogao das normas técnicas explicitas nos relatorios Belincanta (1998) e Cavalcante (2003) j@ apontavam para as principais falhas operacionais que ocorrem nas sondagens brasileiras do tipo SPT. Claro esta que a atividade de sondagem é penosa e portanto aceita ou procurada principalmente pelas pessoas de baixa escolaridade. Estas pessoas que abandonaram a escola ou concluiram seus estudos basicos em condigdes precarias no conseguem, de fato, interpretar o que leem ou escrever 0 que pensam ou vem. © objetivo deste trabalho 6, relatar uma experiéncia de qualificagao profissional e obter contribuigdes para a sua adequacdo e expansao. CERTFIC Uma das demandas mais frequentes do mundo do trabalho ¢ a certificago de profissionais. Esta certificagao visa mostrar que o trabalhador tem um conjunto de conhecimento técnicos e atitudes profissionais que asseguram a qualidade dos servigos, a redugo de acidentes e doencas ocupacionais e a maior produtividade. Estas cerfificagdes séo caras e exigem longas preparagdes. Em geral sdo inacessiveis aos trabalhadores e restritivas as empresas. Com 0 intuito de superar estas limitagdes de acesso e certificar um grande numero de profissionais, a lei 11.892 de 2008, deu aos Institutos Federais de Educacéo, Ciéncia e Tecnologia (IF) a atribuigao de certificar os profissionais. Para 14 dar curso a esta lei, os Ministérios da Educagao e do Trabalho e Emprego criaram o programa CERTIFIC (BRASIL, 2009) © objetivo do programa CERTIFIC € reconhecer saberes adquiridos pelo trabalhador no mundo do trabalho ou em cursos livres. Estes saberes sdo reconhecidos em um conjunto de avaliagées que vai desde uma entrevista para avaliar a experiéncia profissional até as provas tedrico-praticas em cada ocupagao Mais que reconhecer saberes, o programa indica as necessidades de formagao do trabalhador de forma a complementar a sua experiéncia. Este complemento pode ser de escolarizagéo, de procedimentos técnicos, de satide e seguranca ‘ocupacionais e até de qualidade ambiental. Para por este programa de certificagéo em andamento foram realizados diversos pilotos espalhados pelo Brasil. As areas iniciais foram pesca, construgao civil, industria eletromecdnica e turismo e hospitalidade. Na area de construcdo civil, por acordo e solicitagéo da ABMS foram preparados perfis de sondadores e laboratorista de solos para um piloto de certificagao. A necessidade do piloto seria de verificar a aderéncia do perfil, as estratégias de avaliagao e de formagao, No caso do piloto de sondadores foi desenvolvido em Brasilia, pelo IFB com base em um curso ministrado em Cuiaba pelo IFMT, no ano de 2003. FORMAGAO DE SONDADORES Para 0 piloto foram divulgadas as iniciativa através do Sindicato da Industria da Construgao Civil do Distrito Federal- SINDUSCON-DF, da ABMS-NRCO; do Sindicato dos Trabalhadores na Industria da Construgao e do Mobilidrio de Brasilia, dos postos do Sistema Nacional de Emprego (SINE) no Distrito Federal e de radios comunitarias. Cerca de 70 pessoas se inscreveram, Estas pessoas ouviram uma palestra explicitando o perfil do trabalhador, a forma de cerlificagdo e a formagao necessaria. Apés este momento as pessoas que se inscreveram sem a devida compreensdo do trabalho abandonaram suas inscrigées e procedeu-se um sorteio para formar a fila de atendimento, Foram atendidas 40 pessoas neste primeiro grupo. Nenhum dos profissionais experimentados quis se submeter a certificagao por entenderem que 0 curso os levaria a uma melhor formagao. Isto é, todos os sorteados frequentaram o curso de forma que nao houve necessidade de um programa complementar individualizado. Cerca de metade dos alunos que frequentaram o curso jé atuavam na area de sondagem mas a chance de conseguir um certificado que comprovasse essa fungao os estimulou a voltar para sala de aula. No inicio do curso foi realizado um diagnéstico com os alunos a fim de verificar 0 nivel de conhecimento que possuem Nesse diagnéstico verificou-se que a turma, em nivel de conhecimento e também de idade, era muito heterogénea, sendo que existiam alunos semialfabetizados, alunos com ensino médio concluso, outros que tinham nivel superior completo e a alunos cursando 0 mestrado. perfil de competéncias' do sondador foi assim descrito: obter as dimensdes e arranjos da obra no projeto; planejar a execugdo dos servigos; calcular a quantidade de materiais necessarios para a execugdo dos servigos; manter o local de trabalho limpo e organizado; adotar postura preventiva em relagao a questées de satide e prevencdo de acidentes; coletar amostras amolgadas para identificagao do 1 A legislagio edueacional brasileira define competéncia como a reunido de saber e fazer com a atitude cortcta, (BRASIL, 1999). Este conceito foi usado na legislagdo como forma de descrever as diversas atividades que constituem a esséncia de uma profissdo. O conjunto de competéncias definido como o perfil do trabalhador 1s solo; identificar as amostras de solo; executar sondagens a trado; executar sondagens trado; executar sondagens tipo SPT; executar sondagens rotativas; executar ensaios de infltragdo; coletar amostras indeformadas (BRASIL, 2009) Para cada uma destas competéncias ou atividades profissionais foram desenvolvidos conjuntos de contextos e saberes, partindo da pratica profissional. Os critérios de avaliagao para cada atividade foram estabelecidos previamente de modo a deixar claro para todos - estudantes e professores - 0 que seria necessdrio para receber 0 certificado. Para estas aulas e avaliagdes foram usados conjuntos de sondagens de varias empresas do Distrito Federal © curso reuniu aulas de levantamento topogréfico expedito, operagdes matematicas basicas, cdlculo de areas e volumes, escalas, interpretagao de projetos de obras e cartas topograficas, leitura e interpretacdo de textos, seguranga e higiene do trabalho, ginastica laboral, artes, sistema internacional de unidades, legislagao trabalhista e ambiental, preparagao de propostas de trabalho, planejamento das operagdes de campo, manuteng&o de equipamentos de sondagem e técnicas de sondagem. Este ultimo item incluiu 0 conceito de solos e rochas, técnicas de identificago de solos, técnicas de amostragem, distribuigdo dos furos e sondagem, eficdcia e energia de ensaios dinamicos e fatores que interferem nos resultados. As normas técnicas da ABNT sempre foram empregadas como forma de preparagao de roteiros de trabalho no campo e aferido de equipamentos. DESENVOLVIMENTO DO CURRICULO curso de Formagdo Inicial e Continuada (FIC) de sondador de solos nao foi baseado em um ensino tradicional, onde ha apenas transmisséo de informacées para que 0 aluno memorize, desvalorizando a compreensao e 0 raciocinio que este possui. O ato de ensinar esta ligado ao ato de aprender, o professor nunca sabe de tudo e em se tratando de qualificagdo profissional, 0 professor tem muito mais a aprender do que a ensinar. Freire (1981) dizia que ninguém ensina nada a ninguém, mas as pessoas também nao aprendem sozinhas. "Os homens se educam entre si mediados pelo mundo", escreveu. Isso implica um principio fundamental para Freire: 0 de que o aluno, alfabetizado ou nao, chega escola levando uma cultura que nao é melhor nem pior do que a do professor. Em sala de aula, os dois lados aprendem juntos, um com o outro. Um grande desafio foi o de nivelar a turma, pois o resultado do levantamento de uma avaliagdo diagnéstica realizada no inicio das aulas demonstrou que cerca de 28% da turma era semialfabetizada, Algumas atividades se fizeram necessarias, entao aumentou-se o numero de aulas de leitura e interpretacdo de texto, com isso houve um contato maior da professora, que ministrou as aulas, com os alunos. Isso fez com que detectasse que oito desses semialfabetizados, identificados no levantamento inicial, tinham muita dificuldade de leitura. Desses oito estudantes dois realmente eram analfabetos. A descoberta destas dificuldades deu-se quando os professores apresentaram textos técnicos simples aos estudantes de modo que eles fizessem uma leitura interpretagéo no grupo. Ao observar que somente alguns estudantes faziam a leitura, em voz alta para os demais, os docentes passaram a pedir que outros lessem. Neste ato, colegas de grupo procuravam acobertar a dificuldade do companheiro lendo em voz baixa para que ele repetisse. Para resolver essas dificuldades foram ministradas aulas de alfabetizagao de adultos, partindo sempre do contexto no qual estavam inseridos. Foram também realizadas agdes de elevagéo da autoestima com toda a turma para que se 16 descobrissem agentes da sociedade, mais que meros expectadores sujeitos das vontades de outrem. Outra alteragao de forma realizada foi na questdo da satide do trabalhador. Nesta componente curricular estavam previstas aulas de ginastica laboral para auxiliar no processo de uso do corpo para produgao do trabalho sem danificd-lo, Em lugar disto, foram desenvolvidas aulas de danga. Estas aulas desenvolveram atividades de consciéncia e dominio corporal. Contudo, a ideia de dangar somente entre homens fez com que eles tivessem que superar suas proprias historias enquanto seres do género masculino. Mas ainda fez com que tivessem que interagir mais, Esta interagdo se deu hora pela via jocosa, ora pela via do apoio No decorrer dessas aulas foi possivel observar uma boa interagdo entre os alunos, de modo a se tratarem com educacdo e respeito. Foi trabalhada também a postura correta de cada um como, por exemplo, o modo correto de se abaixar, de pegar um peso, desenvolvendo assim atitudes capazes de evitar doencas relacionadas ao trabalho de cada um. Um outro aspecto importante decorrente destas aulas foi a unio do grupo, pois a turma estava subdividida e com muita competitividade entre estudantes vinculados a empresas diferentes. Ministrou-se também aulas de empreendedorismo a fim de se desenvolver a iniciativa, persisténcia, comprometimento, planejamento e autoconfianga. Mas a pratica pedagégica nao se restringiu apenas a sala de aula, pois os alunos precisavam se sentir realmente inseridos dentro da sociedade e para isso foram realizados passeios, visitas técnicas, confratemizacées, além de aulas praticas. Era possivel perceber a participagéo e 0 entusiasmo de todos, um momento fora de sala, em locais onde muitos deles nunca haviam entrado, talvez por falta de tempo ou por sentirem fora daquela realidade. No decorrer do curso, mesmo havendo aulas de segunda a sdbado, observou-se a assiduidade de mais de 85% do ntimero de alunos, o que demonstra que 0 ensino ocorria de forma significativa e tinha muito a contribuir para pratica de cada um. RESULTADOS Ao final deste curso os docentes confirmaram que a estratégia de buscar uma linguagem que se adapte ao saber do estudante, reconhecer os saberes que eles trazem, e avaliar os estudantes com o intuito de conhecer a sua evolugao dos estudantes em relacdo ao perfil profissional melhoram muito a qualidade do trabalho educacional. Os docentes observaram que a flexibilizagéo dos contetidos e seu sequenciamento traz grandes beneficios ao proceso ensino-aprendizagem De outro lado, os estudantes mantem-se motivados para o estudo e estao sempre prontos a buscar mais conhecimento. A sua insergao na sociedade mudou de ator desconhecido para agente ativo no processo. Do ponto de vista trabalhista, 0s que estavam desempregados obtiveram contratos e os que j4 estavam empregados foram promovidos ou tiveram melhorias salariais. Isto vale inclusive para os graduados. Um dado importante sobre este curso é 0 da eficiéncia em colocagao. Todos 08 estudantes que entraram no curso sem conhecimento ou experiéncias anteriores sairam do curso empregados. Os ajudantes foram promovidos a sondadores. Esta evolugao no aspecto empregabilidade gera a motivacao para que o curso continue Contudo, o fator mais importante na avaliagdo desta iniciativa foi a mudanga de comportamento humano. Os estudantes se tornaram mais participativos no 17 trabalho e nas questées sociais, mostraram mudanca real de comportamento humano com atitudes simples para os profissionais graduados que sdo rarissimos nas classes de menor renda. Dentre estes comportamentos pode-se citar: levar a familia ao museu de artes, enviar flores para esposa no aniversario de casamento e apresentar-se publicamente em um espetaculo de dana. Estas alteracdes na trajetéria de comportamento social dos trabalhadores sdo apenas evidéncias de sua melhoria na qualidade de vida NOTAS FINAIS Como seria de se esperar a melhoria de qualidade dos servigos implica em aumento de salarios. Também observou-se uma mobilidade de profissionais entre as empresas do Distrito Federal. A qualificagao do trabalhador resultou em melhoria de qualidade dos servigos e em aumento de custos. A ABMS estuda a cerlificagado de empresas de sondagem 0 que distinguiras empresas que investem em qualidade das demais, permitindo uma recuperagao do investimento e a melhoria de qualidade dos servigos Uma vez avaliado este piloto foram promovidas as adequagées necessérias © programa nacional de certificagao foi langado oficialmente em setembro de 2010 O desafio para este momento esta na expansdo deste trabalho para todo o Brasil. Para tanto, o MEC prepara a formagao de professores em massa e busca parceiros entre entidades profissionais para aconselhar, orientar, compor material didatico, ceder equipamentos para aulas praticas. A participagéo do setor produtivo considerada fundamental neste processo. REFERENCIAS BRASIL. Programa CERTIFIC. Brasilia: Ministério da — Educago. Www,mec.gov.br/educacaoprofissional/certific. 2009. acessado em 18 de margo de 2011. Belincanta, A . Tese de doutorado apresentada a Escola de Engenharia de Sao Carlos - USP em 1998. Cavalcante, E. H. Tese de doutorado apresentada ao Departamento de geotecnia da COPPE-RJ. 2003 A Qualidade dos Servicos de Sondagens Executados no Brasil Gel Ivan José Delatim 1, Introducao Desde quando foi introduzida a perfuragdo a seco pelo Eng. Odair Grillo, em 1939, entéo chefe da secdo de Solos e Fundagées do Instituto de Pesquisas Tecnologicas do Estado de So Paulo — IPT, deu-se inicio aos servigos de sondagens no Brasil. O caminho até a padronizagao levou 30 anos, portanto, podemos dizer que os procedimentos e meétodos praticados a pelo menos 40 anos estdo bastante consolidados no meio técnico brasileiro. Esta obvia constatagdéo convoca o meio técnico a uma reflexdo: Como esta a qualidade dos servigos de sondagens praticados no mercado brasileiro? © presente trabalho tem como objetivo principal fazer uma refiexdo quanto a qualidade dos servigos de investigagdes executados no mercado brasileiro, mais especificamente as sondagens a percussao, rotativa e mista 2. Avaliagao dos Servicos de Sondagens - Processos O fato de estar desenvolvendo atividades em empresa de projetos de barragens me permite 0 contato com um numero significativo de empresas de sondagem de diversas partes do Brasil e, dessa forma, tenho observado que a qualidade dos servigos executados tem ficado aquém do preconizado por elas, que admitem estar executando seus servigos de acordo com as normas vigentes, mas ao receber o produto final observa-se que ha uma ndo-conformidade reinante. Podemos tentar entender as razées para justificar o injustificavel. De meados da década de 80 até o final da década de 90 houve uma grande queda nos servigos de investigagdes no Brasil, reflexo, principalmente, da falta de investimentos em infra- estrutura. Também ocorreu um grande enxugamento de empresas de projetos e prestadora de servicos e consequentemente perda de profissionais qualificados, incluindo aqui, gedlogos, técnicos de geologia e geotecnia, encarregados de sondagens e sondadores. Com a retomada do aquecimento no setor, na ultima década, as empresas de sondagem dizem estar fazendo o que podem para atender a demanda. Mesmo assim os investimentos em equipamentos e pessoal qualificado nao acompanham o ritmo de trabalho imposto pelo marcado, seja pela propria escassez de equipamentos disponiveis para aquisicdo ou pela inexperiéncia das novas empresas que surgiram na empolgagao do aquecimento do mercado. No entanto, essa reclamagao nao é recente. O Eng. Moacyr Menezes no 3° SEFE (Seminario de Engenharia de Fundagdes Especiais e Geotecnia), realizado em S4o Paulo, em 1996, apresentou um trabalho o qual aborda o assunto em questao, ou seja, a falta de qualidade nos servigos de sondagens executados no Brasil, e jd dizia ha quinze anos que: “... nos ultimos anos a qualidade dos servigos vinha caindo vertiginosamente...”. Como conclusdo apresentou ao meio técnico uma proposicao com vinte e nove procedimentos para contratacéo de sondagens de simples reconhecimento. O que se observa é que a constatagdo feita por Meneses ha mais 19 de uma década ainda persiste. De maneira geral, pode-se dizer que 0 bom desempenho de uma campanha de campo deve passar por um processo que englobam: equipamento adequado + pessoal treinado e qualificado + fiscalizacao. Entao 0 questionamento que fazemos é: O que fazer para reverter este processo e garantir exceléncia na qualidade dos servicos executados? Aiguns fatores podem ser apontados como responsdveis pela queda na qualidade dos servigos executados e consequentemente dos resultados apresentados - Falta de equipamento adequado, - Falta de pessoal qual icado, - Falta de treinamento da equipe de campo, - Falta de Fiscalizagéo Sabemos que os servigos de sondagens, séo executados por pessoal com baixo nivel de escolaridade e sem treinamento adequado. A técnica de execucdo é repassada pelos préprios sondadores, normalmente para aquele ajudante que se mostra mais interessado e, como néo ha uma interface norma-pratica, os procedimentos executivos vo sendo abreviados. A qualificagéo do pessoal deve ser considerada prioridade e deve passar por um treinamento que compreende: * Conhecimento das Normas e seus procedimentos; relagdo de equipamentos utilizados no processo executivo, incluindo seus nomes mais populares; ‘* Conhecimento dos Boletins de campo utizados pela empresa, onde deverao ser anotados todos os dados de campo obtidos durante a execugao da sondagem; * Valorizagao do trabalho do profissional. Mostrar @ equipe a importancia do trabalho que estao executando, definindo o papel de cada profissional no processo. As sondagens como sao executadas, seguem procedimentos que estéo na pratica ha pelo menos 50 anos. Se tomarmos como exemplo a sondagem a percussao, pela forma como é executada, podemos dizer que se trata de um processo artesanal Sua verso mais moderna esta no equipamento sobre um chassi de caminhdo, cujo amostrador € cravado por um martelo mecdnico acionado automaticamente, cujo uso é limitado pelas condig6es de acesso do local Os equipamentos utilizados nas sondagens rotativas também softeram modestas modificages, mas o que mais se observa nas empresas s40 equipamentos antigos sendo utilizados a mais de 30 anos. © trabalho da fiscalizagao tem por objetivo e responsabilidade garantir que os processos e procedimentos determinados pelas normas estéo sendo obedecidos, entretanto, uma fungdo atualmente inexistente. E de responsabilidade de quem contrata fiscalizar. ou seja, o cliente, que na impossibilidade técnica de faze-lo deve providenciar alguém ou empresas especializadas para faze-la. ‘S6 para exemplificar, o que pensar sobre a seguinte situagao? Dois ajudantes puxam por uma corda um peso de 65Kg, segura a uma altura de 75cm e soltam (em queda livre). Repetem isso sucessivas vezes até que 0 amostrador penetre os 45cm no solo. O operador (sondador) ou mesmo um 20 outro ajudante, anota o numero de golpes necessérios para cravar o amostrador em cada estagio de 15. cm. Pergunto: + € possivel confiar nesse levantamento de peso na altura correta por sucessivas vezes? * Alguém que ja assistiu a essa operaco, ja vira alguém da equipe anotando 0s golpes 4 medida em que vao sendo aplicados? * Alguém de vocés ja anotou esses golpes e depois foi conferir com o valor anotado no boletim de sondagem? Outros fatores podem ser questionados quanto a execugao das sondagens: * Asondagem foi executada a seco até atingir 0 N.A.? * Ao atingir 0 N.A. foi observada a sua estabilizagao (30 minutos, no minimo, de acordo com a Norma)? * Ao entrar com a lavagem é feito a circulagéo de agua para eliminagdo do material solto durante 0 processo de alargamento do furo, até a proxima cota de ensaio? * Ao descer o amostrador para o préximo ensaio, a composigao desce livremente? Ou houve algum obstaculo que tenha dificultado a descida? (ja presenciei sondador “ajudar’ o amostrador atingir a cota de ensaio com a ajuda de um grifo) ‘* Apés 0 ensaio do SPT, a amostra coletada foi devidamente identificada e acondicionada em lugar seguro? +O sondador anota de forma legivel e com precisdo, todos os dados no boletim de campo? O sondador tem conhecimento de todas as informagées contidas no boletim? * Ao final da jomada de trabalho, é feito o esgotamento do furo com “baldinho”? © Aoiniciar o dia de trabalho, foi anotado o NA, antes de qualquer procedimento de avango da sondagem? Em sondagens rotativas: * O equipamento de perfuragao e coleta de testemunho (barrilete) ¢ adequado ao tipo de rocha que esta sendo amostrada? * Como é feito o controle da profundidade do furo? * Como é feito 0 acondicionamento dos testemunhos nas caixas, estéo identificadas? (O sondador ao retirar 0 testemunho do barrilete coloca-o em uma calha ou diretamente nas caixas?) + A equipe sabe “ler as vazées dos hidrémetros utilizados nos EPA? Os hidrémetros sao aferidos antes do inicio de cada ensaio? E nos ensaios de infiltragao, escrevem com clareza se a vazao é em cm, mi ou litro? * OQ sondador sabe calcular a pressdo maxima do EPA? Qual critério ¢ passado para ele? Uma vez concluida a sondagem: * Quem executa a identificagao das amostras? Gedlogo, técnico de geologia, engenheiro ou estagidrio? 21 * Qual o procedimento que a empresa adota para montagem dos perfis individuais (ou Logs)? + Apés a elaboragao dos perfis individuais (ou Logs), os dados apresentados so conferidos com os resultados apresentados nos boletins de campo e com a planilha de classificagao, antes de ser encaminhados para o cliente? * © Relatério final, composto de texto e perfis, apresenta todos os dados preconizados nas Normas Brasileiras ou recomendada pela ABGE, em seu boletim N° 3? Esses questionamentos séo fundamentais para que possamos garantir uma boa qualidade nos servigos de sondagens. O resultado final de uma campanha de investigagao é apresentado na forma de um relatério, composto de texto explicativo com os processes utilizados e pelos perfis individuais, ou Logs como também s&o conhecidos. Atualmente, para a apresentagao dos perfis individuais, ha uma variedade de programas desenvolvidos somente para este fim. Além desses programas especificos, os Logs podem também serem gerados em outros aplicativos como o Autocad, Core! Draw, Excel e Word. 3. Avaliagéo de qualidade dos resultados apresentados por empresas de sondagem: A avaliagao da qualidade dos produtos apresentados pelas empresas de sondagem foi realizada com base na anélise de 20 perfis individuais de sondagens, extraidos dos relatérios emitidos por 16 empresas de nove estados brasileiros, das regides sul, sudeste, centro oeste e nordeste. Nestes 20 exemplos foram identificados pelo menos 10 formatagdes diferentes para a apresentacdo dos perfis individuais no tamanho A3 e 6 no tamanho A4 A figura 1. apresenta uma planilha elaborada a partir dos dados que devem estar presente nos perfis individuais de sondagem e que constam na norma NBR 6484/2001 e o Boletim N° 3 da ABGE. Ao todo sao 34 itens, cuja responsabilidade dos resultados esta dividida entre a equipe de campo e o corpo tecnico especializado da empresa - 44% dos dados apresentados sdo extraidos dos boletins de campo - de responsabilidade da equipe de campo (sondador e ajudantes) - 41% dos dados sao de responsabilidade do profissional qualificado para o servigo, que analisa as amostras e ensaios (gedlogo ou técnico de geologia) - 15% sao de responsabilidade do gestor do contrato. Dos 20 perfis de sondagem avaliados para este trabalho, constatou-se que: - Em todos os perfis avaliados foi constatado no conformidade com as normas vigentes. - Em média as empresas deixam de informar ao cliente 20% dos dados necessdrios a interpretagao da sondagem. - Pelo menos seis das empresas avaliadas, ou seja, 30%, apresentaram seus resultados, faltando entre 35% a 50% dos dados. - Entre os dados mais omitidos estao: * Cota e coordenadas © Tabela e/ou leituras do NA 22 + Posig&o das amostras coletadas na sondagem a percussao ‘* Ensaio de lavagem por tempo + Indicagdo das profundidades das manobras (sondagem rotativa) ‘+ Motivo da paralisagao da sondagem. + Identificagao das anomalias apresentadas Os problemas nao se resumem apenas nos dados faltantes, podemos incluir aqui a falta de precisdo, clareza e critério aos resultados de SPT, na classificagdo dos solos e rochas e nos resultados dos ensaios de permeabilidade. A seguir abordaremos alguns aspectos que julgamos pertinentes a respeito dos dados omitidos bem como da responsabilidade de obtencdo de cada dado. 1- Cotas e coordenadas: Normaimente € de responsabilidade da contratante, que deve efetuar a locacéo no campo para a execugao e depois a locagdo definitiva. A empreiteira deve entregar os perfis com a locagdo definitiva de campo, caso contrdrio, a sondagem perde sua fungdo uma vez que nao tem enderego certo. 2. Tabela de Leitura de NA: Durante a execugdo de uma sondagem a leitura do NA é de extrema importancia Assim como verificar a ocorréncia de “niveis empoleirados”, também denominado de lengol suspenso, muito comum na bacia sedimentar de So Paulo, E muito comum nos perfis de sondagens rotativas e mistas, cuja execugao demora por cerca de quatro dias em média, a apresentagao de um Unico NA. Isto significa que nao houve verificagao didria do mesmo, conforme solicita a Norma. Nos ensaios de infiltragao e EPA, observa-se que ha uma dificuldade por parte dos sondadores em saber qual N.A. deve ser adotado no ensaio. A Norma diz que ao iniciar os trabalhos, deve-se medir a profundidade do N.A. no furo, sendo assim é esta leitura que devera ser utilizado em todos os ensaios executados naquele dia. Isto porque a utilizagéo constante de agua para o avanco da sondagem mascara a profundidade real do N.A. A leitura do N.A. 24 horas apés 0 término da sondagem, indicado pela Norma, nao é obedecido por nenhuma empresa. Dai a necessidade de verificar sempre o primeiro N.A. encontrado. 3- Posicao das amostras coletadas: Na sondagem a percussdo coleta-se uma amostra de solo a cada metro ensaiado. Pode ocorrer que 0 solo ndo seja recuperado, ou por ndo possuir coesao e ser muito fofo (caso das areias) ou muito resistente, sem penetracao suficiente do amostrado. Nesses casos a Norma recomenda a coleta de “amostra lavada’, que nada mais é que o material que vem pela bica de lavagem Nos perfis individuais de sondagem a percussdo (ou mista) a coleta de amostra a cada metro é apresentada de forma grdfica (quadrada ou circular), cuja posigao no perfil deve estar em escala, ou seja, a figura representa 0 inicio e término da cravagéo do amostrador padrdo e consequentemente o numero da amostra coletada, ou seja, amostra n? 1, significa que foi a amostra retirada do amostrador para 0 trecho de 1,00 a 1,45m e assim sucessivamente. A no recuperagéo da amostra deve ser representada por uma simbologia grafica especifica que identifique a anomalia ocorrida no trecho. Que pode ser: “Nao recuperada” ou “Amostra lavada’. Esta informa¢ao no boletim de campo é de responsabilidade do sondado e no perfil do pessoal técnico. A maioria dos perfis atualmente no mercado nao apresentam mais este dado, apresentam apenas 0 tipo litolégico do trecho sem qualquer indicacao do tipo de coleta executada. 4- Lavagem por tempo: Este procedimento confere a sondagem a percussdo impenetrabilidade ao processo, que pode ser entendido como possivel “topo de rocha’. Lembrando que deve ser analisado com certo cuidado e restri¢éo, dependendo do tipo litologico envolvido. Deve ser executado sempre que a sondagem nao atingir a profundidade solicitada pela programacao. Nas sondagens mistas é fundamental para garantir com maior acerto 0 topo de rocha Dificilmente se encontrara nos perfis este ensaio. Na maioria das sondagens, quando os valores de SPT registram solos duros ou muito compactos, ja entram direto com o proceso rotativo e o que se verifica, muitas vezes, so trechos extensos de solos de alteragdo de rocha, sem medida de resisténcia e consequentemente sem coleta de amostra do trecho atravessado, que dificulta em muito a identificagao do tipo de solo que esta sendo atravessado. 5- Identificacao das profundidades das manobras. Atualmente a maioria dos perfis nao apresenta esses dados. Como nem sempre 40 apresentados os boletins de campo, cabe recorrer ao trecho do perfil responsavel pela apresentagao da porcentagem de recuperagao das amostras, mas quando um grande trecho tem, por exemplo, 100% de recuperagao nao tem como identificd-los. Outra forma é recorrer as fotos dos testemunhos de sondagens que nem sempre apresentam as manobras legiveis A falta da indicagao da profundidade das manobras dificulta a identificagao das profundidades de outros pardmetros importantes na interpretagao da sondagem como 0 grau de alteragao, coeréncia, fraturamento e RQD ou IQR, s6 para citar esses. Esta falta de informagao somada a falta de escala dos desenhos obriga-nos a Tecorrer a métodos geométricos, nem sempre confidveis, para identificar as profundidades dos trechos mais criticos das sondagens. 6- Motivo de paralisacao da sondage Vamos imaginar que chegou a suas maos somente o perfil da sondagem de uma determinada rea em estudo, possivelmente o texto do relatério, fotos e etc, ficaram pelo caminho, em mesas de outros profissionais que ja fizeram uso dele. Verifica-se que nao ha uma indicagdo se quer sobre o motivo da paralisagao da mesma. Algo do tipo: “paralisagao da sondagem conforme solicitagao do Cliente”, “paralisagdo da sondagem solicitada pela projetista’, “impenetravel a lavagem ”, “Impenetravel ao amostrador padrao”, “paralisada devido a presenca . "paralisagao devido a presenga de matacao’, ete 24 E comum nos perfis a indicagdo “profundidade final = 19,60m", que nao significa nada, uma vez que na coluna de profundidades ja existe esta informagao. Dos 20 perfis analisados apenas dois apresentaram o motivo da paralisagao da sondagem 7- Identificagao de anomalias observadas: Durante a execugéo de uma sondagem podem ocorrer varios problemas que afetam diretamente a continuidade da investigagao, ou alteram o processo de perfuragao para garantir a continuidade da mesma, Dentre as ocorréncias mais comuns podem-se destacar os seguintes: - Quebra de equipamento e falta de pegas de reposigao (afeta o cronograma) = Indicacao do tipo de amostragem executada, quando essa ndo foi possivel ser feita de acordo com a norma - Dificuldade ou impossibilidade de executar ensaios de SPT. - Problemas ocorridos durante a execugao de ensaios de infiltragao e/ou ensaios de perda d’agua - EPA, - Quebra mec&nica nos testemunhos de sondagem - Odor referente a possivel contaminagao do solo, = Indicar os valores de SPT, cuja penetragao tenha sido superior ou inferior aos 45 cm. Se so dos primeiros 15 cm iniciais do amostrador, ou referentes a penetracao total do amostras. - Perda de testemunho de rocha em trechos efetivamente sdos Enfim, deve-se informar qualquer problema que represente nao conformidade e que seja relevante para interpretagao dos resultados apresentados. Outros aspectos ligados diretamente a apresentacdo dos resultados merecem ser comentados 8- Classificacao/ldentificagao do material amostrado: Este dado, presente nos perfis individuais, merece um comentario a parte, devido a diversidade e nao conformidade que se apresentam. A classificagao tactil-visual apresentada nos perfis de sondagem, para o trecho em solo, nem sempre seguem os critérios estabelecidos pela Norma, que indica Granulometria + Compacidade / Consisténcia + cor Nao hd uma uniformidade neste quesito, cada empresa adota uma forma de apresentar que, muitas vezes, em nada contribui para uma identificagdo e determinagao de parametros geotécnicos para o trecho em estudo. Ou séo sucintos demais, como “solo argiloso, marrom” ou prolixos demais, com “ARE/A MEDIA E GROSSA, SILTOSA, ARGILOSA, DE COLORAGAO VARIEGADA, PREDOMINANDO TONALIDADE AMARELA (AMOSTRA LAVADA), MUITO COMPACTA. SEDIMENTO/SOLO RESIDUAL” A classificagao tactil-visual deve apresentar 0 comportamento do solo e nao somente uma quantificagdo granulométrica Um outro agravante relacionado a descricéo de testemunhos de sondagens é a falta de comprometimento das empresas de sondagem com o contexto geolégico em que estdo trabalhando, sendo que muitas vezes nao ha visita do gedlogo da empresa de sondagens ao local dos trabalhos e a descrigéo do testemunho ocorre no galpao da empresa. Este procedimento se reflete em descrigdes equivocadas a respeito da litologia e tipo de depésito inconsolidado, e que muitas vezes nao representam coeréncia alguma com o contexto geolégico em estudo 9- Especificagées técnicas, prazo para execugao dos servicos e aceite do cliente: As especificagdes técnicas — ETs — nem sempre sao seguidas. E muito comum a equipe de campo nao estar familiarizada com as solicitagdes impressas na ETs, emitidas pelas projetistas, o que acaba gerando trabalhos incompletos ou fora do estabelecido. Também a falta de comprometimento com o prazo estabelecido para a campanha, comprometendo o andamento do projeto. Ao término da campanha 0 empreiteiro emiti o relatério final para o cliente, que 0 recebe, certo de que todas os procedimentos e solicitagdes foram atendidas, mas ao analisd-lo observa-se que ha nao conformidade nos resultados. 4. Conclusao Diante do exposto acima concluimos que ha muito que resgatar para que possamos atingir um nivel satisfatério de qualidade aos servigos de sondagens. Por hora o que podemos dizer é que ‘* 0 padrao de qualidade das sondagens tem demonstrado que esté aquém do esperado e preconizado pelas Normas vigentes, ou seja, as Normas nao esto sendo respeitadas. + A queda no padréo de qualidade decorre de trés fatores principais: © Falta de mao de obra qualificada — falta de treinamento © Falta de um controle de qualidade por parte de quem executa © Falta de fiscalizagao por parte de quem contrata os servigos + Ha uma freqiiente falta de comprometimento das empresas de sondagem com 0 contexto geolégico do local onde estao sendo realizadas as investigagées, refletindo em descrigses equivocadas tanto dos solos quanto dos testemunhos de sondagem. * A conseqliéncia ébvia de todos esses fatores é¢ a no confiabilidade nos resultados e/ou nas informagées fornecidas, redundando em ricos e/ou énus para os projetos elaborados a partir dessas sondagens. ‘pm ou opdeuuoj aed ou opeweseide oped FRR “wd ou sopmuorsude “ogseusoy opea[ ET] wvons0x1 (0%) sepinjonug sedinba sep ope ygesuodsoy ada PRISE HT TOSET TBugoS wp mB LF ole abu sz SUEY a aT oe SOUR eapeaTIE seapona ap sorooutan ap oot 01 ep OF599] SATB sop HUBS wPHLONeGl Iz 0 nS op optendo ap odun 9 soaswse oe sueBepuog ep sien ul syed Sou sopejuasaidy sopelinsay sop opSelleny - LenB 9

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