A Jovem Mãe

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A JOVEM ME

Vistes a jovem me junto


do bero
Do filho adormecido?
Que lhe importava o resto do
universo?
Tudo o que a mo de Deus nele h
disperso
Via ali resumido.

A guerra vai acesa, o sangue corre


Pelas naes da Terra;
Mas todo esse rumor no bero
morre:
A aumentar o silncio at concorre
Que o gineceu encerra.

Um dia, ao pr do Sol, ela embalava


O bero do inocente.
E, com os olhos nele, se entregava
A sonhos de ventura e olvidava
No porvir o presente.

Por um momento a olhou ele e


sorria:
Mas que sorriso aquele!
A me, que todos os gestos lhe
entendia,
Estranhou-lhe o sorrir, que de
alegria
Ai, no, no era ele.

O seio a palpitar-lhe, e
mansamente
Nos lbios o beijava.

Mas no amoroso sculo,


somente
Recebeu o esprito inocente,
Que a Terra abandonava,

Tendes j visto o mar tranquilo e


unido
Nas praias deslizando,
E depois levantar-se embravecido
Qual o leo, do caador
ferido,
As crinas eriando?

Tendes j visto o vento pela


serra
Gemendo brandamente,
Para depois, em tumultuosa

guerra,
Descer aos vales, devastar a
terra
Assolador, fremente?

Assim a pobre me se ergueu,


os ares
Enchendo com os seus gritos!
Como a fera a rugir entre os
palmares,
Corre a pobre sem tino, os
seus olhares
Volvendo ao Cu aflitos.

Ao v-la, di-la-eis impelida


Por sobre-humana fora.
Nem mais veloz, no bosque

foragida.
Atravs das devesas
perseguida,
Corre a tmida cora.

De repente parou, como


escutando
Uma vaga harmonia.

E um estranho fulgor de vez


em quando
Vinha animar-lhe as faces,
revelando
Inslita alegria.

Volta ao bero do filho

inanimado.
Pra, olha-o, medita.
Depois cingindo-o ao seio
angustiado,
Corre praia do mar, que o
vento irado
Ento revolve e agita.

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