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| Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | Areleitura do contrato de trabalho Luiz Marcelo Gois* Introdugao Para que um ramo do direito seja considerado uma disciplina auténoma, ele precisa possuir regras préprias, além de principios que o diferenciem dos demas. 0 Direito do Trabalho, sem duivida, é uma disciplina autdnoma, eis que dotado de normas préprias, positivadas ou nao, e principios que o identificam e diferenciam, dos quais se destaca mais fortemente o principio da protecdo ao trabalhador hipossuficiente. ‘No entanto, o fato de ser uma disciplina auténoma nao torna o Direito do Trabalho isolado dos demais. Ao contrério, a interdisciplinaridade € uma forte caracteristica desse ramo do direito. Isto se verifica, de inicio, a partir da simples constatagio de que o pi diploma a reger as relagées in Consolidacdo e no um Cédigo. 'A Consolidagio das Leis do Trabalho (CLT) ~ como o nome jé sugere — unifica e sistematiza normas existentes a respeito de um certo ramo do direito, in casu, 0 Direito do Trabalho, J6 0s Cédigos tratam de forma completa certa discplina, com pretenso de esgotamento de seus temas, Nesta linha, no raro trazem em seu contedido um livro denominado “Parte Geral’, onde identficam os seus destinatérios e delimitam a forma de aplicagao e os esquemas de interpretacio das normas que slo expostas na sequéncia do Cédigo. 0 Direito do Trabalho, assim, embora seja disciplina auténoma no direito brasileiro, nfo escapa de dialogar com os demais ramos, especialmente pelo fato de a CLT nfo funcionar como um Cédigo e, por isso, no esgotar os temas necessarios ao estudo da disciplina trabathista. No particular, ela expressamente reconhece a existéncia de lacunas e lista, em seu artigo 88, as formas pelas quais as mesmas devem ser integradas. Chama especial tengo a forma como o seu pardgrafo Unico evoca o “direito comum” para funcionar como fonte supletiva das lacunas trabalhistas. Vé-se, portanto, que o Direito Civil (ou, simplesmente, 0 “direito comum”) & fonte subsidiéria a0 estudo da disciplina labora € nele que o Direito do Trabalho busca os conceitos de maioridade, relagio juridica, obrigacbes, proposta, condicdo, termo, rescis#o etc. Seu estudo mostra-se ~ mais do que util - necessario, para a compreensao do Direito do Trabalho de forma mais completa e abrangente, cipal iduais e coletivas de trabalho em nosso pais é uma " professor de Direito do Trabalho da Fundagio Geto Vargas. Mestre em Direito do Trabalho pela Pontificia Universidade Catdica de So Paul, Especalsta em Dirito Civil-Constitucional pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Secretério do instituto Brasileiro de Direito Social Cesarino Junior. Advogado no Rio de Janeiro ‘associado a Barbosa, Missnich & Aragio, evista do Tribunal Regional do Tabatha da 38 Regido 63 | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | Este artigo propde-se, assim, a estudar como os institutos presentes no Direito Civil atual contribuem para a interpretacdo e aplicacao do Direito do Trabalho, diante da perspectiva interdisciplinar dentro da qual este ramo do direito encontra-se inserido, Nao € intencao deste texto dissecar 0 Direito Civil e estudé-lo, instituto por Instituto. Ao contrério, proporemos um estudo estritamente focado no Direito do Trabalho, pingando, aqui e ali, as principals contribuigbes do Direito Civil para tal disciplina. Neste momento, cuidaremos de ressaltar as contribuigbes mais evidentes para a compreensao da disciplina contratual, com especial foco no contrato de trabalho, sob a dtica do que reputamos a mais importante influéncia do direito comum para esta parte da seara trabalhista: os principios da fungdo social e da boa-fé objetiva. 1, O Contrato de Trabalho E fato que 0 contrato de trabalho encontra seus alicerces conceituais no Cédigo Civil, por forca do art. 88, pardgrafo tinico, da CLT. A teoria geral dos contratos do Direito Civil aplica-se integralmente na formacao e desenvolvimento do contrato de trabalho. Assim é que os artigos 421 seguintes do Cédigo Civil, em boa medida, encontram aplicagao no Direito do Trabalho. Com efeito, as regras de que a proposta de contrato obriga 0 proponente (art. 427) e as hipdteses de caducidade e aceitacSo da proposta (artigos 428 2 433) so totalmente aplicaveis a disciplina contratual trabalhista No entanto, mais interessam para o estudo aqui proposto as regras gerais, préprias da disciplina contratual, constantes dos artigos 421 a 424 do Cédigo Civil. Eles encerram proposig®es que permeiam toda a interpretacao e aplicacdo do contrato de trabalho. ‘Tome-se como exemplo 0 art. 424 do Cédigo Civil, que & pouco divulgado, ‘mas corriqueiramente aplicado nos corredores da Justica do Trabalho, ainda que de forma intuitiva. Ele prevé que, nos contratos de adesdo, sdo nulas as cldusulas que estipulem rentincia a direitos resultantes da natureza do negécio. ‘Trata-se nada mais do que a regra de que o trabalhador, por ser parte hipossuficiente no contrato de trabalho (cuja natureza se assemelha aos contratos de adesio), ndo pode renunciar aos direitos que adquire por forca da relagao de emprego. © mesmo ocorre com o transporte do art. 423 do Cédigo Civil ~ dispositive que trata das regras de interpretacdo dos contratos de adesio em favor dos hipossuficientes - para o Direito do Trabalho. Ele prevé que “quando houver no contrato de adesdo cléusulas ambiguas ou contraditérias, dever-se-4 adotar a interpretacéo mais favoravel ao aderente”. Tal dispositivo traduz literalmente aquilo que Pla Rodriguez definia como a regra do in dubio, pro operario (1996, p. 43-53). Mas as influéncias mais importantes do Direito Civil no estudo do contrato de trabalho encontram-se presentes nos artigos. 421 e 422 do Cédigo Civil. Trata-se da consagracao dos principios da fungdo social do contrato e da boa-fé objetiva na formacao, aplicacao e interpretagao do contrato de trabalho. 64. evista do Tibumnal Regional do Trabalho da 1 Regio | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Cri de 2002 | | Doutrinas | 2. 0 principio da funcdo social e o contrato de trabalho 2.1. A fungao social 0 direito de propriedade sempre esteve presente nas Constituigées do Brasil, ligando esse conceito, mesmo que camufladamente, a uma funcdo social. Foi com a Lei n® 4.504, de 30 de novembro de 1964 ~ 0 Estatuto da Terra ~ que pela primeira vez, de forma expressa, se atrelou o direito de propriedade & sua func3o social em nosso ordenamento. Ele definia a fungo social a partir de quatro principios: a) produtividade; b) observaco da leglslacdo trabalhista; c) preservacso ambiental e d) garantia da saide daqueles que trabalham na terra. A propriedade rural que ndo observasse 0s quatro principios, simultaneamente, seria objeto de desapropriago por interesse social. A partir dessa primeira delimitaco ideolégica 0 principio da funcao social comesou, ainda que timidamente, a se desenvolver em nosso pais, tendo encontrado ‘espaco para penetrar de modo mais marcante no cotidiano das relagSes privadas apés a redemocratiza¢io acorrida em 1988, Assim & que a Constituigo Federal (CF) faz referéncia & fungao social em mais, de uma oportunidade. Destacam-se, por sua relevancia, as previsies constantes dos artigos 5®, XXII, e 170, Ill, que qualificam a fungao social da propriedade simultaneamente ‘como direito fundamental e como base da ordem econ6mica, ‘A fungSo social da propriedade ecoa nos principais institutos afeitos ao conceito de “propriedade”: o contrato ~ entendido como modo de transferéncia de propriedade e de patriménio ~ e a empresa ~ entendida como concentragao de propriedade e meio de ‘geracdo de patriménio, Em 4mbito infraconstitucional, o principio da fung3o social da propriedade pode ‘ser encontrado, ainda que de forma difusa, no Cédigo Civil de 2002, especificamente no pardgrafo primeiro de seu art, 1.228, que impoe a0 proprietério o uso responsdvel de seu patriménio. Igualmente no Cédigo Civil esta consagrada a incidéncia dos ditames de funcéo social 3 disciplina contratual, quando o seu art. 421 determina que a “liberdade de contratar seré exercida em razio e nos limites da funcio social do contrato”. Tal dispositivo legal é reforcado pelo pardgrafo Unico do art. 2.035, que alude também a fungao social da propriedade. Finalmente, a fun¢io social da empresa encontra alicerce legal na Lel das Sociedades Andnimas (Lei n® 6.404, de 15 de dezembro de 1976), quando seu art. 116, pardgrafo Unico, impBe ao acionista controlador o dever de usar seu poder “cam o fim de fazer a companhia realizar seu objeto e cumprir sua fungdo social (.1", e, ainda, quando seu art, 154 exige que o administrador faca a empresa satisfazer “as exigéncias do bem piiblico e da funglo social da empresa’. Portanto, esté fora de qualquer duvida que a fungSo social, como corolério do ideal solidarista adotado pela Carta de 1988, ¢ também um dos objetivos a serem. alcancados por todo 0 ordenamento, do qual, logicamente, o Direito do Trabalho constitu parte organica © principio da fungdo social €, de fato, extremamente importante para a compreensio da disciplina trabalhista. Ele encerra em si o conceito de que nada ~ seja 0 wo 65 Revista do Telbunal Regional do Trabalho a | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | contrato, a propriedade, a empresa ou mesmo o trabalho — pode ser merecedor de tutela do ordenamento se no cumprir certo papel, que consiste em contribuir para 0 beneficio da coletividade. Desse modo, ele impde a substituicéo de uma postura ego-ista por outra mais nobre, altro-ista. ‘Afuncionalizacio da propriedade exige a compreensdo de que o fato de alguém ser proprietario ~ seja de bens iméveis, de melos de produgdo ou de empreendimentos ‘econémicos ~ 0 torna devedor de satisfacdo para com a coletividade. Assim, a “raz da prdpria tutela da apropriacdo privada dos bens” (PERLINGIERI, 2008, p. 942) passa a ser a funcionalizagao desses mesmos bens, de modo que o uso da propriedade e da empresa ~ entendida como concentraco de propriedade - desvinculado de qualquer propésito, passa a ser encarado como abuso (ab-uso) e, como tal, pode retirar do seu detentor a protecio conferida pelo ordenamento & propriedade privada Com efeito, a propriedade, a empresa e 0 trabalho nao mais podem ser entendidos atomisticamente. Ao contréro, a existéncia de lagos socials firmes entre os atores privados na sociedade brasileira contemporénea impde o reconhecimento de que qualquer relacdo patrimonial mantida entre dois individuos em seu seio traz implicacdes para todos. Por isto, passa a ser necessério 0 uso responsével de propriedade, do contrato e da empresa, com a preocupacio do reflexo desse uso nos terceiros que fazem parte da coletividade. Como assevera Pietro Perlingieri (2002, p. 19), os atos de autonomia passam a ser “dirigidos & realizagéo de interesses e fungdes que merecem tutela e que sio socialmente titeis’, Assim, [..] em um sistema inspirado na solidariedade politica, econdmice € Social e 20 ppleno desenvolvimento da pessoa |. 0 conteudo da fungo social assume um papel de tipo promacional, no sentido de ue @ disciplina das formas de propriedade e as suas interpretades, deveriam ser atuadas para garantir e para promover os valores sobre (0 quais se funda o ordenamento. (2002, p. 226) Nesse sentido, “os legitimos interesses individuais” do titular da propriedade passam 2 merecer tutela somente “na medida em que sejam interesses socialmente relevantes” (TEPEDINO, 2003, p. 31), diante da constatagdo de que o direito comum imp3e 0 deslocamento da propriedade privada para uma perspectiva solidarista e ética’ 2.2. Relevancia da funglo social no émbito trabalhista A relevancia dessa concepgio de funcSo social para o Direito do Trabalho & imensa’. A comecar pela definicSo de empregador prevista no art, 2° da CLT. * Facchini Neto (2003, p. 54) aponta para 2 mudanca de feiglo de todo o direto prvado a partir da sua funcionaizagao. Para o autor, odieito privado “perdeu suas antgascaracersticas de um dietoindvidualista © ‘materialist para tornar-4e mals solidi etic [.". ara uma abrangente visio sobre tems, vide Cassar, 2007 . 210-221, 66 evista do Teounal Regional do Trabalno da 1 Resi | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | De acordo com este dispositive, o empregador é 0 detentor dos meios de producdo. Por deté-los e organizé-los, ele assume os riscos do empreendimento, dentro da l6gica da alteridade, adquirindo, em paralelo, o poder de dirigi-lo de acordo com seus designios. Contudo, a penetracdo no Direito do Trabalho dos preceitos acima descritos exige a compreenso de que, sendo o empregador o “proprietario” do empreendimento, ele passa a ter a efetiva obrigacio de utilizé-lo em conformidade com a sua fungdo social. Socializa-se, assim, a finalidade da empresa, entendida sob 0 Angulo fempregaticio, Essa constatagdo faz nascer, também aqui, a concluséo de que o empregador, pelo simples fato de existi,, tem outros compromissos que nao simplesmente a geracdo de lucros para si préprio. elo contrério. Para cumprir com sua fun¢do social ~ Le., fazer 0 uso responsével, tio e socialmente relevante de seu empreendimento ~ 0 empregador deve, fem primeiro lugar, gerar 0 maximo de empregos possivel. Além disso, ele tem um ‘ompromisso com a qualificagdo e com o aprimoramento daqueles que Ihe disponibilizam servigos. ‘Assim € que, dentro dessa nova perspectiva, a empresa estaré atingindo sua funcdo social tanto mais quanto maiores forem as melhorias que ela consiga agregar & Vida dos trabalhadores por ela empregados. Nao se trata apenas de compartilhar lucros e resultados e abrir horizontes para uma gestdo compartilhada, conforme proposta do art. 78, X1, da ConstituicSo*, Isto € apenas 0 comeco. O investimento em educacdo dos trabalhadores, a concessao de servicos médicos e odontolégicos, 0 respeito aos horarios de lazer e a garantia da seguranga dos empregados s8o caminhos para 0 cumprimento dessa funcao social 2.3. A funcionalizac3o do contrato de trabalho ‘Além de redefinir a postura do empregador no contexto trabalhista contemporaneo, o principio da func&o social apresenta-se igualmente relevante na sua dimenséo contratual, tendo nosso Cédigo Civil, no art. 421, imposto aos contratantes a obrigacdo de guardar observancia a esse preceito quando do exercicio da liberdade de contratar. Na verdade, a funcdo social do contrato possui contornos semelhantes aos da fungdo social da propriedade’, porque, conforme ja exposto, a circulagio de riquezas por ‘para uma analise moderna acerca da paticipagio dos trabalhadores na gestio como dimensio da func¥o socal dda empresa, vide Almelda, 2005, p.$73-579. * esse sentido & que Bitell (2000, p. 229-270) sugere que “A funcJo social da empresa no novo milénio, atribuindo pesos diferentes e proporcionas 3s focas das proprias organizagdes empresa... devera migrar ‘ara um conceto de responsablicade social". O autor lembra que “As empresa, em especial as grandes, ém assumido fungBes assistenciis para com seus funciondros, formando fundos de prevdéncias, planos de ‘aposentadoria, fomentando a formagio profissonal de seus associados,albergando algumas 63s fungdes que, ‘originalamente,seriam do Estado” (p. 270), *Zenni e Oliveira (2009, p. 83) defender que “varam do principio da funcio social da propriedade as nogSes de responsabildade social das empresas, e © decantado principio da fun¢30 social dos contratos,revelando-se 0 contrate de trabalho, no pacto de exelénca social. Revista do Tuna Regional do Trabalho da 1®Regiso. 67 | Grandes Temas - Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | atos inter vivos no Brasil somente se da através da disciplina contratual. Portanto, & somente com o contrato que a propriedade se transmite, Ora, se a propriedade, enquanto detida por determinada pessoa, deve guardar observancia & sua funcéo social, naturalmente ela também necessitard tomé-la em conta quando for transferida. Sendo 0 contrato 0 veiculo por meio do qual a propriedade circula, ele impde aos contratantes 0 dever “de atender ~ ao lado dos prdprios interesses individuals perseguidos pelo regulamento contratual - a interesses extracontratuais socialmente relevantes, dignos de tutela juridica, que se relacionam com contrato ou do por ele atingidos” (TEPEDINO, 2003, p. 31). Portanto, tanto o empregador como o trabalhador precisam exercer a liberdade de contratar tendo em mente também os efeitos que o contrato de trabalho causaré na coletividade, o que os reine em torno de um Unico projeto social (PERLINGIERI, 2008, p. 943). Suas cléusulas devem abster-se de prejudicar terceiros’. Dentro do possivel, os préprios trabalhadores também tém o dever de contribuir, através de seu trabalho, para a ‘melhoria das condigdes da sociedade em que esto inseridos®, 3. O principio da boa-fé objetiva e o contrato de trabalho 3.1. A boa-fé objetiva A doutrina civilista remete a inspirago do principio da boa-fé objetiva ao §242 do Cédigo Civil alemao editado em 1900 (Birgerliches Gesetzbuch), 0 qual impbe aos contratantes um dever de agir em conformidade com Treu und Glauben’, que, em linhas ‘erais, poderia ser traduzido como a obrigagdo de proceder com lealdade e confianca. De acordo com a definicdo proposta por Célia Slawinski (2002, p. 14-15), "a boa- {6 objetiva deve ser encarada como uma regra de conduta, ou seja, um dever de agir de acordo com determinados padrées socialmente recomendados, de correcdo, lisura, honestidade, para [..] nao frustrar a confianga legitima da outra parte”. Ela obriga as artes envolvidas em situacSes juridicas subjetivas a, razodvel e equilibradamente, onderar os interesses alheios e se comportar com honestidade e lealdade na celebracao, na execucdo e na extingdo dos negécios juridicos”. ” be acordo com a lio de Pereira (2003, p. 14), “em nome do principo da fungSo social do contrato se pode, ‘vg. evitar a insergdo de cléusulas que venham Injustificadamente a prejudearterceiras mesmo em raz30 do interesse maior da coletividade” "0 traboiho ndo & uma necessdode econémice, mas uma necessidade moral. Ao conceito de trabalho ‘econdmico tem que substiturse 0 de trabalho funeéo-secial.Direl mals fund biolégco construtor. (.] Ad conceitelimitaisimo, epoista e socialmente danoso, de trabalho wero, ¢ preciso substtir 0 conceito de trabatho-dever e de trabolho-missBo. ito & um encaminhamento 20 altruism, nfo um altruism sentimental © esordenado mas priico e ponderado,cujas vantagenss30calevladas.” (UBALDI, 2007, p. 387-258) * ara (1996, p. 26) remete 2 Trev und Glouben germanica 20s juramentos de honratpicamente medievais, © "A boa-fé-ealdade se refere 8 conduta da pessoa que considers cumprir realmente com 0 seu dever Pressupée uma posicSo de honestidade e honrader no comércioJurdico, porquanto contém Implicita a plena ‘onscigncia de no enganar, nSo prejudicar, nem causar danos. Mais anda: implica 2 conviegio de que as transagdes s¥0 cumprias normalmente, sem trapacas, sem abusos, nem desvituamentos"(PLA RODRIGUEZ, 1996, p. 273) 6B _ evista do Tribunal Regional do Trabalho da 1" Regtio | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Chil de 2002 | | Doutrinas | Conforme ensina Gustavo Tepedino (2006, p. 20), “o que o ordenamento juridico visa com 0 principio da boa-fé objetiva ¢ assegurar que as partes colaboraréo mutuamente para a consecuco dos fins comuns perseguidos com o contrato”, 0 principio da boa-fé objetiva, portanto, encerra uma clausula aberta de tutela do comportamento individual. Ela obriga a todos que atuem de maneira honesta, proba, reta, respeitosa, transparente, leal e com consideracao pela outra parte’. A concretizac3o dessas prestagées comportamentais, no entanto, dependerd do caso pratico com o qual a pessoa deparar no trafico social cotidiano. 3.2. A boa-fé objetiva no contrato de trabalho As consequéncias da infusdo da boa-fé objetiva as relagdes contratuais trabalhistas so indmeras, somente sendo possivel estudé-las, como lembra Anténio Monteiro Fernandes, em cardter exemplifcativo (2008, p. 236). De inicio, o dever de agir com transparéncia e lealdade exige que as partes se desarmem de artimanhas para no obterem vantagens indevidas umas sobre as outras No lugar do antagonismo adotado como premissa nas tratativas contratuais preliminares, passa a vigorar uma verdadelra tutela de confianga. Assim, na fase que antecede a celebracao do contrato de trabalho, as partes passam a dever uma a outra a necesséria transparéncia a respeito dos elementos que circundardo a relacdo de emprego futura e que serviréo como base sobre a qual sera construido 0 contrato de trabalho. Desse modo, a boa-fé objetiva faz com que o contrato de trabalho j4 projete uma eficdcia antes mesmo de ser celebrodo (eficacia pré- contratval). Esse dever de probidade decorrente do principio em questo modifica também, necessariamente, a postura das partes uma frente & outra no curso do contrato. Isto porque, sem a compreensio da irradiacio da boa-fé objetiva para 0 seu interior, © contrato de trabalho era entendido simplesmente como um elo entre empregadores e empregados. Cada um deles tinha interesses antagénicos que tensionavam 0 contrato e geravam obrigacBes igualmente contraditérias (trabalhar, do lado do empregado, versus fornecer o trabalho e pagar 0 saldrio, do lado do empregador) O inadimplemento dessas obrigagdes dava ensejo a violacdo contratual e, possivelmente, seria considerado causa para a resoluc3o justificada da relacdo de emprego. ‘Agora, um contrato de trabalho revitalizado pela influéncia da boa-é objetiva faz com que as obrigaces contratuais sejam polarizadas. De acordo com Clévis do Couto e Silva (2006, p. 168), elas passam a ser entendidas a partir de um “conceito finalistico”, ou seja, dirigem-se, “sempre, ao adimplemento ou a satisfagao”"’. Em outras palavras, as obrigagdes nascem para serem cumpridas pelas partes. Dai ser possivel dizer que a boa-fé objetiva exige do empregador e do empregado o abandono da posi¢do de passividade que ‘ecupam no Direito do Trabalho tradicional ~ onde cada um espera, de bracos cruzados, ragjo (1996, p. 35) credita a Orlando Gomes a liso de que "as parts (..]tém de proceder como pessoas corretas, ue no prejudicam, conscienteevoluntariamente, a quem quer que ej". Especiticamente no tocante &searatrabalhista, vide, no mesmo sentido, radjo (1996, p. 31-2). ta do Tuna Regional do Trabalho da 18 Regis 6) | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Cuil de 2002 | | Doutrinas | que © outro cumpra sua parte no contrato de trabalho ~ dando lugar & proatividade reciproca, impondo-se aos contratantes auxilio a contraparte para que esta encontre meios de adimplir suas obrigacdes. ‘A concepgio segundo a qual as partes possuem obrigacdes antagénicas é, assim, substitulda pela visio de convergéncia de interesses entre empregador € empregado. contrato de trabalho passa a conjugar uma unica e central finalidade: 0 adimplemento das obrigacées. O empregador deve contribuir para que 0 servico seja entregue completo e bem feito; 0 trabalhador deve dar meios para que o empregador Consiga transmiti-Ihe os servicos a serem realizados e deve auxilig-lo para que este tenha condigdes de pagar seu salério ao final do més. Neste ponto, ndo hé como deixar de aludir ao art. 12, 1V, da Constituiglo Federal ~ que estabelece, como fundamento da nossa Repiibica, em igual patamar de importincia, a “livre iniciaiva” (capital) e 0 “valor social do trabalho” (trabalho) — para constatar ser justamente este 0 espirito perseguido pela ordem juridica brasileira: a hharmonizagio entre capital e trabalho, sem que haja uma necesséria prevaléncia de um sobre o outro. Finalmente, 2 apreensdo da boa-é objetiva pelo Direito do Trabalho impbe 20s contratantes a preocupacdo com a preservac3o do equilibrio econdmico-financeiro das prestagdes contratuais (art. 480, Cédigo Civil). Tal assunto terd maior incidéncia no ambito do Direito Coletive do Trabalho do que propriamente no do Direito Individual, uma vez que é principalmente neste segmento que se travam as discuss6es a respelto de reajustes remuneratérios e fixacdo de patamares salariais profissionas. Sem embargo, é possivel vislumbrar alguma incidéncia prética da exigéncia de eequilbrio econdmico contratual quando uma situacdo de onerosidade excessiva se mostra presente no decorrer da relacdo de emprego. € 0 caso, por exemplo, de inesperadas crises ‘econémicas que exljam a revisio de alguns beneficios concedidos aos trabalhadores ou de calamidades que impossibilitem 0 trabalhador de comparecer a0 trabalho temporariamente™. A titulo de sintese, pode-se afirmar que o principio da boa-fé manda os agentes se desarmarem. Atuarem com a finalidade de atingir 0 consenso. Formularem pretensées razodvels e factivels. Proporcionarem meios para que as obrigagdes sejam cumpridas. ‘Agirem com transparéncia e deixarem sempre aberta a possibilidade de um didlogo futuro, em caso de alteragbes nas condicBes estruturals que criem uma situac3o de ‘onerosidade excessiva para qualquer das partes”. Negreirs define o equilbr econdmico do contrato como sendo “a vedacto a que as prestagdes contratuals expressem um desequlibvio rele injustiiavel entre as vantagens obtidas por um e por outro contratantes, OU, fem outraspalavas, a vedagSo a que se desconsdere o sialagma contratual em seu perfil funcional” (2002, p, 185-156). ° alerandre Agra Belmonte dé o seguinte exemplo de possibidade de revsio do contrato de trabalho como forma de evitar onerosidade excesiva: “a intredugdo do novo maquinéro destinado a modernizareviabllar continuidade da empresa, permitindo 0 fabrica de peras em 1/3 do tempo gasto anteriormente”. Segundo 0 autor, "é possivelarevisto do prezo untirie de ineidénca do salério por peya” (2008, p. 418) ® Para aprofundamento, vide, por todos, Martins Costa (5.4). 70 evista do Tribunal Regional | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | 3.2.1. Deveres anexos: a eficdcia pré-contratual, contratual e pés-contratual da relacdo. de emprego Como se vé, a infusdo dos preceitos de boa-fé objetiva no contrato de trabalho faz com que a “postura” adotada por cada uma das partes da relacio de emprego desloque-se de elemento incidental aquela relacdo ao seu cerne. Adquire o comportamento das_mesmas um caréter de centralidade no novo estudo da contratualidade trabalhista Nesse contexto, impde-se a trabalhador e empresa um verdadeiro “dever de consideragao para com o alter” (SILVA, 2006, p. 33). Com efeito, Caio Mario da Silva Pereira ja afirmava que “o agente deve fazer o que estiver a0 seu alcance para colaborar para que a outra parte obtenha o resultado previsto no contrato" (2003, p. 21) Transportado para as relacdes juridicas obrigacionais, o principio da boa-fé objetiva possul relevante papel na criagdo de deveres aos contratantes, cuja observancia prescinde de diplomas normativos ou disposigBes contratuais especficas™. € que, como fa representacao de um dtomo onde existem elétrons gravitando em volta de um nucleo, em torno da obrigacdo principal assumida por cada parte do contrato gravitam automaticamente iniimeros outros deveres de cuidado, de informacio, de ajuda e de compreensio que precisam ser observados pelos agentes envolvidos em negécios juridicos. Tratam-se dos chamados deveres anexos ou obrigacdes acesséras, que, mesmo sem terem sido expressamente pactuados pelas partes, jé se encontram presentes antes da celebracdo do negécio juridico (art. 422, Cédigo Civil) e perduram para além de seu ‘término, independentemente da vontade das partes”. Nesta medida, & possivelidentificar uma projec8o da eficicia do contrato de trabalho em trés momentos distintos: antes da contratacdo (eficacia pré-contratual), durante o seu curso (eficécia contratual) e apés o seu encerramento (eficdcia pés- contratual)® A primeira modalidade ~ eficdcia pré-contratual ~ é o resultado da irradiac3o de deveres de retiddo e probidade que as partes precisam ter em conta, embora ainda ndo ‘tenham formalizado a relaco de emprego™. Assim, por exemplo, no proceso de selecio de pessoal, j4 se projetam obrigagdes oponiveis 's partes, de retidéo e transparéncia, impondo-se, de um lado, 20 empregador, o dever de informar ao candidato as tarefas a serem executadas, os “ Segundo Tepedino (2006, p. 18), a boa-é abjetiva possul, ainda, outras dua fungBes: servi como cdnone interpetativo-integrativo dos nepécios juries e funcionar como norma de lmitae30 20 exercicio de direitos subjetivos. " "Como normas de ciagdo de deveres jurdicos, a boa-é dé origem 20s chamados “deveres laterals”, também ‘onhecidos como acesséios, ou ainda secundiros, em razBo de no se referirem deta e primordialmente 20 ‘objeto central da obrigagdo. Ao se exigir que os contratantes, quer na concusio, quer na prépriaexecuco do contrat, “guardem 0s principos da probidade e boa-fé", 0 CC, multo mais do que apenas exigir um devergeral 4e nio prejudicar,autoriza a lmposigo de uma série de deveres de conduta mutuamente exigves entre os pntratantese que independem da vontade de um e de outro" (TEPEDINO, 2006, p. 19} ® Sobre apré-eficicia a pos-ficcia do contrato de trabalho, vide Gos, 2003, p. 43-44, ° Em posigdo contriia, Alice Monteiro de Barros (2008, p. 510) entende que os deverespré-contratuals deivam alee nio propriamente do contrato ainda no formalzado. Revista do Tribunal Regional do Teabatho da 1° Regis: 7. | Grandes Temas - Os 20 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Cwil de 2002 | | Doutrinas | principals desafios de cada uma delas, a forma de remuneracdo e os demais beneficios ‘oferecidos para 0 cargo etc. E que, “apesar de o contrato ainda ndo ter sido concluido, durante a negociagao as partes devem agir com lealdade e boa-fé" (BARROS, 2006, p. 622). 0 candidato, por seu turno, tem o dever de esclarecer ao futuro empregador sua ‘eal qualificacao profissional e ressalvar eventuais restrigdes que tenha com rela¢o aos servicos inerentes ao cargo que pretende ocupar™. Enesse momento pré-contratual que se forma a chamada base do contrato de trabalho, assim entendidas as premissas sobre as quals as partes se fundam para a celebracio da avenga, Caso qualquer uma delas seja induzida pela outra em erro, 0 nnegécio juridico “contrato de trabalho” se perfaz com o vicio de consentimento do erro” {artigos 138 e seguintes do Cédigo Civil), o que o torna passivel de anulacdo™, caso venha 2 tona que um dos contratantes feriu o dever de lealdade e transparéncia no momento do proceso seletivo. Note-se: 0 contrato de trabalho devers, neste caso, ser anulado - € no rescindido. As partes deverdo ser restabelecidas 20 status quo ante”, nfo havendo que se falar em verbas rescisérias, uma vez que o desfazimento do contrato nao se configura a partir de uma dendincia de uma das partes”. ‘Ainda na fase pré-contratual, o dever de boa-fé Impde que as partes respeitem seus comportamentos concludentes. Nesse sentido, a promessa de contratacdo do fempregado tem o condao de gerar-Ine legitima expectativa na assinatura de seu contrato de trabalho (art. 427, Cédigo Civil). Caso a empresa decida retratar-se endo admitir 0 trabathador, deveré responder pelos danos acarretados - patrimoniais™ e ® “0 emprogador deve informar corretamente sobre o funcionamento do maquindrio no qual trabalharé © cempregado, ou prestar 0 einamento necessiio para a operagSo, Por outro lado, o empregado deve esclarecer {3 empresa plenamente acerca de sua experiéci laborale de sua aptido para desempenho de determinadas fungBes, ou para © manejo de determinado equipamento” (ARAUIO, 1996, p. 251), 7 Nesse sentido se posiciona Araujo: “quem contesta indevidamente 2 perguntas que o empresirio esd autorizado a formular, pode softer as consequencias de seu ato, incusve aalegacSo de ero quanto & pessoa.” (p. 247) 2°70 ero essencial quanto & |] qualidade da pessoa do trabalhador pode levar& anulaglo do contrato ..)" {peuMONTE, 2004, ® Naturalmente, quando nos referimos ao status quo ante, no ignoramos a impossiblidade pritica de se devolve 20 trabalhador 2 forca de trabalho alienada e o tempo empenhado em favor da empresa. Por este ‘motivo, da mesma forma que no hé meios deo rabalhador receber de volta 0 suoralenado, no hi como dele se ete que resttua & empresa os salris recebids, sob pena de enriquecimento sem causa do empregador {grtgos 884 e seguintes do Codigo Ci. * Note-se que ¢ comum a0s autores de Direto do Trabalho atribuir-e & culpa in contrahendo 0 fundamento para a responsabilzacio por danes pré-contratuas (nesse sentido, por exemplo, Martinez, 2007, p. 453). Trata ‘se, a nosso ver, de equivoco, devendo o fundamenta de tal responsablizacdo ser creitado 3 volacdo de deveres contratuas derivados da eficicia vinculante do principio da boa féobjetiva * doutrina € undnime a0 admitir que no Concelto de danos patrimoniais ncuem-se nio s6 os preuizos cfetivamente experimentados pelo candidato (como cursos de preparacio, compra de roupas e uniformes, ‘mudancas de domicilo et.) como também os eros cessantes decorrentes dando aceltacao de eventuals outras ropostas de trabalho ou do pedido de demissdo de seu emprego anterior. Vide, a respeit, Francisco Rossa de ‘Araujo, 1996, p. 253 e Alice Monteiro de Barros, 2006, p. 522. ‘72 evista do Tonal Regional do Trabalho da 1 Resto | Grandes Temas - Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | ‘extrapatrimoniais ~ pela defraudac3o da conflanca incutida no candidato™. Todavia, nto cabe a este a possibilidade de pleitear que 0 Poder Judiciério supra a vontade do ‘empregador e constitua 0 vinculo empregaticio entre as partes, jé que “uma ver iniciado o processo de contrata¢So, ¢ lito ao empregador rompé-lo antes mesmo da entrada em atividade do futuro empregado” (ARAUJO, 1996, p. 241) dada a natureza personalissima dda avenca contratual trabalhsta””. No que tange & eficécia pré-contratual do contrato de trabalho, vale registrar, or derradeiro, que o Judicdrio Trabalhista vem se mostrando sensivel a essa dimenso a boa-fé objetiva. Tome-se como exemplo a decisso proferida pelo Ministro Alexandre ‘Agra Belmonte, que condenou uma empresa que deixou de contratar determinado candidato a indenizé-lo pelos danos sofridos em virtude do pedido de demissio de seu temprego, motivado na justa expectativa de ser contratado apés a conclusdo de processo seletivo: Indenizagdo por danos moras. Pré-contrato de trabalho. Frustracdo na contratagdo. 1. 0 contrato de trabalho, nos termos do v. acérddo da e. 28 Turma desta Corte Superior, “no impoe obrgagées nem produz efeitos apenas enquanto vigente formalmente. A responsabildade civil do empregador ndo esta lmitada a0 periodo contratual, mas igualmente alcanca as fases pré e pds-contratual” (Acérdao da lavra do Min. José simpliciano Fontes de F. Fernandes no Processo n# TST-AR-141,900-27.2000.15,0034). 2. Da letura do acérdSo do e. Tribunal de origem se conclui que irefutével a Intengdo da reclamada em celebrar 0 contrato, bem como 0 Tompimento injustifcado das negociagbes. Essa constatacio. sobressa da ocorrénca dos seguintesftos: entrega de documentos, Inclusive a CTPS, exames médicos complementares de admisso; teste pritco de diresSo, escrito, psicotécnico, além de exames médicos; treinamento, que foi minstrado entre os dias 7 e 12 de agosto de 2010; 0 efetivo pesido de demisséo do reclamante da empresa em que trabalhava naquela ocasio (Taxi Lotagdo Estrela Azul Ltda); por fim, a nio celebracéo do contrato com a empresa recorrida. 3. Dentro desse context ftco, observe-se que nBo se tratou de mera possiblidade de preenchimento de vage, mas de % "As partes nio devem reciprocamente criar no esprto 2 convicgdo de que o contrato seri celebrado @, depois, de modo injustificado, romperem a negocagso. Pode 0 empregado deixar um bom emprego anterior ‘ara assumir, com fundada expectativa, novo emprego, mediante promessas de outro empregador. Poders, nessa hipétes, pleitear a reparacio do dano. Também devem guardar siglo sobre tudo quanto ouviram nas preliminares contratuas, sempre que a divulgagdo de tals elementos prejudique os parceras das negociagdes.” (ARAWLO, 1996, p. 253), apesar de Alice Monteiro de Barros concordar que no ¢ possvel impor a0 empregador a contratagio do candidato, a autora lembra que “as negociacdes preliminares ou 0 pré-contrato nio se confundem com 0 contrato prebminar”. Embora a frustracdo das primeiras ndo dé ensejo 3 execucto especiia da obrigacSo de fazer, “J conclude o contrato preliminar e desde que ndo conste cl4usula de arrependimento, qualquer das partes terd 0 direlto de exig a celebrarlo do contrato definitive, conferindo prazo @ outra parte para que o efetive. Esgotado 0 prazo, poderd 0 juz, a pedido do interessado, conferr cardter definitno 20 contrato elimina, salvo se a isto se opuser a natureza da obigago (at 463 468 do Codigo Cl.” (2006, p. 489-490) Revita do Tbunal Regional do Trabalho a 1° Reels: 7B | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | - efetiva intengo de contratar. £, segundo o Cédigo Civil de 2002, 0 Estado nfo deve assegurar somente o cumprimento da livre manifestagdo da vontade das partes, mas também regrar 0 comportamento dos negociantes pelo principio da bos fé objetiva, Impondo aos contratantes 0 dever de honestidade, informacio, lealdade e confianca, visando com isso @ manutencéo do equilibrio contratual. 5. 0 caso se revela tipico de responsabilidade pré~ contratual que se verifiea, conforme ligdo de Caio Mario, citado por Pinho Pedrelra, “quando uma pessoa entabula negociagSes com outra, induzindo-a a preparar-se para contratar e depois, Injustificadamente, delxa de celebrar a avenca” (in A Reporacdo do Dane Moral no Direito do Trabalho, LTR-2004, p. 36). E acrescenta 0 ‘eminente juslaboralista baiano, com arrimo no magistério de Miriam Russo Terayama, acrescenta: “a desisténcia injustifcada de contratar pelo empregador pode causar prejuizo aquele que porventura no ‘concretiza ou mesmo desprezando oferta de igual nivel ou de maior cconveniéncia” (op. cit, p. 37). 6 Diante disso, entendo que restou configurada a conduta licita da empresa recorridae, consequentemente, 0 alegado dano moral. Recurso de revista conhecido por divergénciajurisprudencial e provido, no tépico. (TST - 38 Turma - Rel. Min, Alexandre Agra Belmonte - RR-141- '57.2011.5.23.0008; . em 22/5/2033, DEIT 24/5/2013). Uma ver celebrado 0 contrato de trabalho, um emaranhado ainda maior de deveres anexos € criado para as partes a0 lado daquelas obrigacées classicamente reconhecidas como principais, que seriam, para o empregador, os deveres de fornecer 0 trabalho e de pagar os salérios, e, para o empregado, o dever de trabalhar™., Trata-se, neste ponto, da projeco da boa-fé objetiva na eficdcia contratual trabalhista. ‘Assim & que em torno da obrigacéo patronal de pagar saldrios, encontra-se, por exemplo, a vedacio de disponibilizar o dinheiro ao empregado em local longinquo ou de dificil acesso, ainda que na data pactuada para o pagamento. Também € imposto a0 empregador o dever de discriminar as verbas que esto sendo pagas ao empregado tirarihe dividas, prestando informacSes sobre eventuals valores discrepantes do habitual. Por outro lado e considerando que a boa-fé objetiva exige dos contratantes uma postura ativa na direco do adimplemento das obrigacSes laborais, compete a0 empregado nao se recusar injustificadamente a receber o salério e assinar 0 respectivo recibo. Ele também esté obrigado a fornecer seus dados bancérios em caso de ter sido convencionado 0 depésito em sua conta-corrente e também tem o dever de abster-se de dificultar que o pagamento se opere. Do mesmo modo no contiato de emprego onde as obrigacBes prncpas so trabalho (empregado) e salto lempcegador. Em torne delas, econsiderando o trato sucessivo das prestagbes,estariam obrigag6es acesserias ‘como informagBes esclarecimentas sobre a fungio a ser desompenhada, impossibildade de concorréncia desleal, deveres de cooperacio e ausilio, entre outros. (..| Havers, entio, uma obrigasS0 principal, possivelmente, obrigacdes acessbrias gravitando em torn da obrigacdo principal” (ARAWO, 1996, p. 32) TA Revista do Tibunal Regional do Trabalho da 1* Regio. | Grandes Temas -0s 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cdigo Civil de 2002 | | Doutrinas | Veja-se: nada disso esta escrito em lei ou no contrato, Sdo deveres que emanam simplesmente da obrigagdo imposta as partes de agir com probidade, como consequéncia do principio da boa-fé objetiva. Deveres anexos, que circundam a obrigacao. principal de pagar salarios. No que se refere ao dever de fomecer trabalho, néo basta 8 empresa designar servigos a serem realizados pelo empregado. Estes devem, em primeiro lugar, estar dentro. de contornos de licitude. Devem, igualmente, estar dentro da base contratual construida ‘nas tratativas preliminares e das possibilidades fisicas, intelectuais e profissionais do obreiro. Cabe ainda ao empregador treinar e esclarecer 0 trabalhador sobre a forma como. © servico deve ser realizado. Gravita, finalmente, em torno da obrigacéo de fornecer trabalho, o dever de franquear uniformes e equipamentos de seguranca, bem como o de reservacao do local de trabalho contra riscos ambientais™. Paralelamente, nasce para o empregado a obrigacdo de conservar esses equipamentos e demais instrumentos de trabalho contra deterioragées. O obreiro também se obriga, como decorréncia dos preceitos de boa-fé objetiva, a expor ao empregador 0s eventuais problemas dos quais venha a tomar conhecimento na execucao do servico e outros acontecimentos que possam afetar a produtividade da empresa”. Por seu turno, a obrigacdo de trabalhar exigida do trabalhador, além de abarcar 05 deveres acessérios acima citados, também Ihe impde o dever de se dedicar com afinco 8s atividades desempenhadas™. Durante 0 curso do contrato de trabalho, o principio da boa-fé objetiva também aconselha que o trabalhador se abstenha de divulgar informacbes adquiridas no curso de seu contrato e de executar tarefas que representem concorréncia a0 empreendimento empresarial, bem como de aliciar ou infiuenciar outros empregados a adotarem comportamentos que possam violar a confianca existente entre as partes. Demais disso, o art. 482 da CLT jé exemplifica inimeras outras obrigacdes acessérias a0 dever de trabalhar, como € 0 caso de respeito as ordens patronais, obrigacdo de prestar servigos assiduamente, apresentar-se para o servico com um minimo de cuidados com aparéncia e asseio pessoal etc. Finalmente, em uma terceira vertente, a boa-fé objetiva faz com que o contrato de trabalho projete seu espectro para um momento posterior a0 seu término™, sendo Possivel se falar na sua pés-eficdcia. Trata-se, também aqui, da irradiaclo de deveres ® Zenni e Oliveira (2009, p. 38), somam a esse rol exemplifiativo de deveres anexos 0 dever de manter 9 Integridade psiquica do empregado,evitando oasséaio mora. ® Fernandes, parfraseando Boldt, lembra que o trabalhador deve, em principio, “abster-se de qualquer acco contrria aos interesses do empregador’, mas que “o dever de lealdade tem igualmente um conteido postive, ‘Assim, deve o trabalhador tomar todas as dsposigdes necessrias (por exemplo, informar um superior herdrauico, alerar os bomberos, 2 poli, etc.) quando constata uma ameaca de prejuio ou qualquer ‘erturbacso da exploragio, ou quando vé terceros, em particular outros trabalhadores, ocasionar danas (2008, p. 235; rife no origina) Entre nds, Arai confirma essa tendéncia 20 afrmar "[.] compreendido dentro do dever de fidelidade est 2 cbrigacdo de dar conhecimento imediato ao empregadar de problemas técncos que ocorram na execucto do trabalho" (1996, p. 262) * Quanto a0 tema, Araijo alerta que “o trabathador deve laborar com assiduidade e eficiéncia dentro da sua ‘apacidade profissonal” (1996, p. 257), além de “cooperar com ointeresse objetivo da empresa” (p- 261). * Nas palavras de Alice Monteiro de Barros, “a conduta ila praticada pelo empregador e capaz de gerar compensagio por dano moral poderd ocorerna fate p-contratual” (2006, p. 623). Revista do Tebunal Regional do Trabalho da 18 Regito 75 | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | anexos s brigades decorrentes do vinculo empregati ‘automaticamente com a sua exting3o™. Tome-se a titulo de exemplo a obrigacao que as partes assumem de guardar respeito uma a outra, abstendo-se de tecer comentarios desabonadores das respectivas condutas apds a extingdo do contrato. igualmente, o empregado tem a obrigacdo de continuar a manter o necessario sigilo com relacdo as informacées confidenciais que ‘tenha obtido por forca do cargo ocupado na empresa™. Por seu turno, 0 antigo empregador deve efetuar o pagamento da eventual remunerago diferida que venha a se tornar devida apés o término da relacdo de emprego (como ocorre nos casos em que a distribuicdo de lucros e resultados acontece em data posterior a resciso contratual). No mesmo sentido, ele ndo pode se recusar a fornecer cartas de recomendacao quando no tenha uma justificativa objetiva para tanto, deve devolver todos os pertences pessoais do empregado, e, ainda, remeter-the a correspondéncia em seu nome que eventualmente seja recebida no local de trabalho apos © fim do vinculo de emprego. Finalmente, em certas circunstncias e observados alguns limites juridicos ~ os quais deixamos de expor neste estudo por representar tema que merece apreciacdo propria — cremos ser possivel incluir como exemplo de eficacia pés-contratual trabalhista a obrigacao de nao concorréncia. que no cessam 3.2.2. Non venire contra factum proprium Outra importante consequéncia do transporte do tecido axiolégico da boa-fé ‘objetiva para o Direito do Trabalho ¢ a proibigéo as partes de adocio de comportamentos, contraditérios, representada pela maxima nemo potest venire contra factum proprium™. Ora, © contrato de trabalho é, por esséncia, um negécio juridico de trato sucessivo. Ele se renova e se reafirma com 0 passar do tempo. Diante dessa caracteristica, conjugada com o principio da primazia da realidade consagrado em doutrina, & natural que as condigdes de trabalho, com o passar do tempo, acabem sofrendo algumas alteragbes™. N3o hd necessidade de que as partes consintam expressamente com essas modificagdes através de “micronovagbes” contratuais. Basta que as mudancas sejam implementadas e praticadas para que passem a valer ~ desde que, é claro, sejam respeitados os limites do art. 468 da CLT. A habitualidade na repeticso dessas novas “Tu a particularidade mais importante de algumas das obrigagBes anexas € a de ainda perdurarem, mesmo ‘depois do adimplemento da obrigagdo principal” (SIVA, 2006, p. 92). > empregado deve manter segredo relatvamente 3 exploracdo negécios do empresri.[.] Essa obrigaso ‘nose extingue com 0 contrato,perdurando mesmo apds sua extingio” (ARAWLO, 1996, p. 262). a regra do non venire contro factum proprium @ ereditada 2 obra de Franz Wieacker. Ao lado dela, 0 ‘autor traz outros brocardos que exteriorizam maximas de conduta étic-juridcas decorrentes do principio a boa-fe objetiva. S80 els: dolo agit qui petit quod statim redditurs est, ty quogue e incite ogere {ARAWO, 1996, p. 37. * Tome-se, por exemple, da ateracdo de uniformes, da mocificacio do mobitério de trabalho, troca de ‘equipamentos, aumento salar, alteracdo no horéio de trabalho etc. 76 sevista do Trbumnal Regional do Trabavo da 1 Regio | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e 0 Novo Cédigo Cwil de 2002 | [ Doutrinas | condiges faz com que elas se incorporem ao contrato de trabalho e nfo mais possam ser suprimidas em prejuizo ao obreiro Essa aderéncia contratual encontra justificativa nos preceitos de boa-fé objetiva. 0 tecnicamente mais correto seria falar simplesmente na tutela da confianca e na vedagdo ds partes de adogdio de comportamento contraditério. ‘A imposiggo aos contratantes do dever de respeito e confianca reciproca pressupde que eles nao devem utilizar artimanhas para confundir a outra parte. Dever, a0 contrério, ser sempre transparentes e probos umn com 0 outro, Assim, se determinado comportamento benéfico ao empregado e ndo previsto no contrato ~ ou mesmo nele previsto de forma diversa ~ comeca a ser praticado por um dos contratantes e é tolerado pelo outro, é natural que essa outra parte, com o passar do tempo, crie uma fundada expectativa de que a contraparte continue a praticé-lo. Deixar de adotar 0 comportamento em questo, depois de habitualmente repetido, importard frustrar a legitima confianca depositada na retidao da sus conduta”. ‘titulo de exemplo, pode-se citar 0 caso de um empregado que ¢ contratado para uma jornada de 8 horas diérias. A partir de dado momento o empregador comega a texigir o trabalho de apenas 6 horas por dia. Essa conduta é repetida a0 longo de 12 meses, até que, no inicio do 13° més, o empregado recebe uma adverténcia por ter encerrado seu turno na 6# hora de trabalho. Ora, 0 trabalhador viu nese momento frustrada sua legitima expectativa de continuar com a jornada de 6 horas. empregador fez nascer essa expectativa com a repetic3o prolongada de seu comportamento, ainda que, originalmente, as partes tivessem pactuado de forma diversa. A base do contrato alterou-se, no podendo ser novamente modificada abruptamente, .e., nlo pode mais o empregador querer valer-se de uma prerrogativa contratual (previsio de jornada de 8 horas por dia) que, embora realmente tenha sido avencada, deixou de ser praticada por forca de sua propria conduta. Como se vé, a imposigio de boa-fé aos contratantes gera um comando de non venire contra factum proprium (no agir contraditoriamente a0 seu préprio comportamento). No exemplo acima, o trabalhador nao pratica qualquer falta a0 sair do trabalho apés a 6® hora, justamente porque, na hipdtese, o empregador, a0 aplicar a adverténcia, esté agindo contra factum proprium. Embora 0 non venire tenha encontrado grande espaco no Direito Civil, também na drea trabalhista a adogéo desse principio é recorrente, ainda que de modo intuitivo. © que se vé, 0 mais das vezes, 6 o mesmo ser confundido pela doutrina com 0 conceito de hhabitualidade. Tome-se como exemplo a Sumula n® 291 do TST, que determina que o trabalhador seja indenizado em caso de supresséo de horas extras prestadas habitualmente por mais de um ano. Ora, neste caso, o fundamento para a indenizaglo 20 empregado nao € outro senio a frustraco de sua legitima expectativa de continuar a receber 0 adicional de horas extras, decorrente da atitude desavisada patronal de suprimir «0 individuo tem a obrigagbo de ar coerentemente com relarlo a todos os seus atos, sob pena de quebrar os Drineipos de segurangae confanca ns relages jurdicas. (ARALO, 1996, p. 38) Revista do Wivunal Regional do Trabalho da 1? Regis 77 | Grandes Temas - Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | © trabalho extraordinario, A habitualidade, aqui, é apenas um dado empirico, do mundo dos fatos, que nao gera direito algum. O que faz com que a empresa no possa abruptamente suprimir 0 labor extraordindrio € 0 principio da boa-fé objetiva, desdobrado no comando nemo potest venire contra factum proprium™. Por fim, nate-se que a regra do non venire contra factum proprium também se aplica ao empregado, como, por exemplo, na hipétese da secretéria que decide espontaneamente servir cafezinhos na sala de reunigo de seus chefes. A repeticdo dessa tarefa ao longo do tempo, ainda que esteja originalmente no contexto das atividades a serem por ela desempenhadas, passa a ser inserida no conceito de “condi¢do pessoal” a ue se refere o art. 456, paragrafo nico, da CLT e, assim, passa a poder ser exigivel pelo lempregador como consequéncia do contrato de trabalho, ante a proibico de adocdo de comportamento contraditério imposta a obreira, Conclusao De tudo que se expds até o momento, a conclusdo a que se chega é que a releitura do contrato de trabalho sob a ética do direito comum confere a disciplina trabalhista a possibllidade no s6 de se mostrar mais consentanea & unidade do ordenamento brasileiro, mas, principalmente, de se modernizar sem a necessidade de ‘uma reforma legislativa profunda. E a partir desse percurso que 0 contrato de trabalho se alarga temporal e materialmente. Percebe-se que seus efeitos ja comecam a ser produzidos antes de sua formalizagao e que eles se irradiam para além de seu término. E, em toda a sua duracéo, a partes por ele conectadas passam a ter o interesse convergente no adimplemento, sendo certo que, nessa nova perspectiva, é possivel perceber a existéncia de deveres acessérios as obrigacées principais do contrato de trabalho, que, embora nao pactuados expressamente, sio exigivels das partes. As influéncias do direito comum sao as mals evidentes e importantes para a disciplina trabalhista. Nossa inteng3o com este texto nao foi esgoté-las, mas, antes, convidar 0 estudioso do Direito do Trabalho para uma visdo mais panoramica do direito, Vendo 0 Direito do Trabalho com essa lente de foco aumentado, seré possivel perceber que ha indmeros outros campos da disciplina onde o direito comum é apreensivel. Fica 0 convite para o exercicio de identificé-los e reinterpreta-los. Bibliografia ALMEIDA, Renato Rua de. A teoria da empresa e a regulagio da relago de emprego no contexto da empresa. Revista LTr, Sao Paulo, v. 69, n. 5, p. 577-580, maio, 2005. ‘ARAWJO, Francisco Rossal de. A boa-fé no contrato de emprego. So Paulo: LTr, 1996, * No entanto, idéntico raciocinio inexpicavelmente debou de ser aplcado pelo TST na OrientagSo Jurispradencialn’ 159, tendo Tribunal entendido ser uma faculdade do empregadorvoltar a pagar salirios no ‘quinto dia util do més subsequente 20 vencio, quando este, por ibealidade, vinha efetuando tal pagamento fem data anterioc. Tratase, 2 90880 ver, de um equivoco daquele Tribunal, cuja corregio é uma tendéncia ‘natural, a partir da absorgSo da cultura da boa-¢ objetiva ne Direito do Trabalho brasileiro, 7B revista do Tuna Regional do Trabalho da 1 | Grandes Temas -Os 10 anos da EC 45/04 e o Novo Cédigo Civil de 2002 | | Doutrinas | BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 2, ed. S80 Paulo: LTr, 2006. 4. ed. rev. atual. $80 Paulo: LTr, 2008. BELMONTE, Alexandre Agra. Instituigdes Civis no Direito do Trabalho. Rio de Janeiro: Renovar, 2004 BITELL!, Marco Alberto Sant’ Anna. Da funcio social para a responsabilidade da empresa. In: VIANA, Rui Geraldo Camargo; NERY, Rosa Maria de Andrade (coord.). Temas otuais de Direito Civil na Constituigdio Federal. S30 Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. CCASSAR, Vélia Bomfim, Direito do Trabalho. Niterdi: Impetus, 2007. FACCHINI NETO, Eugénio. Reflexdes histérico-evolutivas sobre a constitucionalizagso do direito privado. In: SARLET, Ingo Wolfgang (Org.). Constituicdo, direitos fundamentals e direito privado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003, FERNANDES, Anténio Monteiro. Direito do Trabalho. 13. ed. Coimbra: Almedina, 2008. GOIS, Luiz Marcelo. A eficécia do contrato de trabalho a luz do novo Cédigo Civil. Revista Sintese Trabolhista. Porto Alegre: v. 14, n. 168, p. 40-45, jun. 2003. MARTINEZ, Pedro Romano. Direito do Trabalho. 4. Ed. Coimbra: Almedina, 2007. MARTINS-COSTA, Judith. A boa-fé no direito privado. 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